Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
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Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
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Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Oitavo projeto de estúdio do rapper conta com feats de J. Cole, SZA, 21 Savage, Bad Bunny e muitos outros artistas
por
João Paulo Di Bella Soma
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13/10/2023 - 12h

Lançado em todas as plataformas de streaming às seis da manhã da última sexta-feira (6), o mais novo projeto do rapper Drake, ‘For All The Dogs’, tem 23 faixas e 1h24min de duração. O cantor convidou grandes artistas para colaborar, como 21 Savage, J. Cole, SZA, PARTYNEXTDOOR, Chief Keef, Bad Bunny e Lil Yatchy.

 

Capa do álbum For All The Dogs
Capa do álbum For All The Dogs 
Reprodução: Instagram/@champagnepapi

 

Anunciado cerca de três meses atrás, o disco estava previsto para 22 de setembro. Drake resolveu adiar o projeto para o começo de outubro, por conta dos shows da turnê atual.

 

Alguns dias antes do lançamento, Drake usou o seu perfil no Instagram para falar um pouco sobre o projeto, mostrando a capa do álbum feita por seu filho Adonis Graham, de seis anos, e liberando a faixa Slime You Out, com participação de SZA.

 

‘For All The Dogs’ é um álbum que gera sentimentos mistos. Enquanto o rapper canadense continua a mostrar sua habilidade lírica e produção consistente, o projeto parece carente de inovação.

 

Embora haja faixas cativantes e batidas envolventes, muitas vezes há a impressão que estamos ouvindo uma versão repetitiva de seus trabalhos anteriores. Apesar de misturar diferentes estilos musicais, incluindo não apenas o rap e o trap, mas gêneros como R&B e o Drill Music, Drake não consegue sair de um looping com beats fracos e versos ruins.

 

As letras falam do mesmo assunto em todas as músicas: ostentação, indiretas para artistas rivais, mulheres e relacionamentos que não deram certo, dando a ideia de que o cantor faz músicas apenas para adolescentes.

 

Virginia Beach

 

Com o sample de Wiseman (2012), de Frank Ocean, Virginia Beach é a faixa que abre For All The Dogs. A música explora temas de reflexão, autoconsciência e complexidade dos relacionamentos.

O refrão fala de um sentimento de saudade e insatisfação em uma conexão romântica. No geral, a música transmite uma sensação de nostalgia, saudade de um passado idealizado e uma reflexão sobre as complexidades e limites do amor.

 

Drake ainda enfatiza a necessidade de uma verdadeira conexão emocional e questiona o papel dos bens materiais no relacionamento.

 

Fear of Heights

 

A quarta faixa do álbum fala sobre se sentir inseguro e vulnerável, especialmente quando se trata de ter sucesso. A letra da música aborda as batalhas internas e as incertezas que podem advir de ser famoso e ter grandes objetivos. Drake expressa o medo de perder o contato com suas raízes e uma preocupação com a possibilidade de um declínio em relação ao sucesso que alcançou.

 

A música aborda como pode ser complicado lidar com uma vida onde muitas pessoas sabem quem você é e esperam muito de você.

 

First Person Shooter (feat. J. Cole)

 

‘First Person Shooter’ é a sexta faixa do álbum. Nela, Drake e J. Cole atravessam vários temas intimamente associados às suas carreiras, personalidades públicas e às complexidades da indústria do hip-hop. Ambos os artistas, através de seus versos, apresentam uma análise sobre sua jornada e status atual no rap.

 

Cole diz que ele, Drake e Kendrick Lamar são o “Big Three” do mundo do hip-hop e relaciona sua carreira ao do lendário Mohammed Ali, simbolizando representatividade, reconhecimento, lutas e controvérsias que acompanham a fama. O rapper ainda faz referência à propensão da indústria de provocar rivalidade entre os artistas, sugerindo que palavras e ações são frequentemente distorcidas para criar narrativas de discórdia.

 

Já pela perspectiva de Drake, o cantor ilumina seu estilo de vida rico, mencionando suas experiências com várias mulheres e com carros de luxo. Ele justapõe seu status atual com outros do setor, enfatizando o poder que possui dentro da indústria e nos streamings de música.

 

8am in Charlotte

 

A 17a faixa foi a segunda a ser publicada por Drake dois dias antes do lançamento oficial do álbum. Postada em seu próprio Instagram junto de um videoclipe, a música é uma metáfora da jornada de vida do rapper, abordando paternidade, riqueza, sucesso, moralidade e crescimento pessoal, ao mesmo tempo que fala sobre as lutas enfrentadas por seus amigos nos versos.

 

Ele questiona as implicações morais do seu sucesso e remete à inconsistência entre as palavras e ações das pessoas. Drake também menciona sua influência em vários setores e à sua concorrência. Em uma última análise, a faixa mostra a reflexão e evolução de Drake como artista, proporcionando aos ouvintes uma compreensão mais profunda de sua vida e experiências.

 

Confira a lista com as 23 faixas de For All The Dogs:

 

1-Virginia Beach

2-Amen (feat. Teezo Touchdown)

3-Calling For You (feat. 21 Savage)

4-Fear Of Heights

5-Daylight

6-First Person Shooter (feat. J. Cole)

7-IDGAF (feat. Yeat)

8-7969 Santa

9-Slime You Out (feat. SZA)

10-Bahamas Promises

11-Tried Our Best

12-Screw The World – Interlude

13-Drew A Picasso

14-Members Only (feat. PARTYNEXTDOOR)

15-What Would Pluto Do

16-All The Parties (feat. Chief Keef)

17-8am in Charlotte

18-BBL Love – Interlude

19-Gently (feat. Bad Bunny)

20-Rich Baby Daddy (feat. Sexyy Red & SZA)

21-Another Late Night (feat. Lil Yatchy)

22-Away From Home

23-Polar Opposites

 

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Como uma ferramenta considerada inofensiva pode contribuir para diversos distúrbios mentais?
por
Giulia Cicirelli
Marina Gonçalez de Figueiredo
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11/10/2023 - 12h

Desde os primórdios da sociedade as mulheres sofriam com pressões estéticas e sempre tiveram que se adaptar aos padrões impostos pela sociedade. Assim como as mulheres se adaptaram, a sociedade também se adaptou, os padrões ficaram cada vez mais inalcançáveis, afinal a cada década era apresentado um padrão diferente e com isso foram criadas novas formas de se encaixar, roupas, maquiagens, e outras formas de manipulação, como o photoshop. 

Os anos 2000 foram marcados pela magreza excessiva, calças de cintura baixa, tops e croppeds eram as principais peças de roupa da época, que tinham a intenção de valorizar e expor a silhueta extremamente magra das mulheres na época. Já nos anos 2010 essa estética mudou, mulheres com grandes seios, grandes quadris e cinturas finas se tornaram o padrão, fugindo totalmente da estética de 10 anos atrás. “A dismorfia corporal na maioria das vezes é uma idealização da pessoa. Quando não se trata de algo real, a disfunção leva a pessoa a viver em função de um corpo ou uma aparência que ela idealizou”, afirma a psicologa Maria Angélica Peres Camargo. Como as mulheres que se esforçaram tanto para serem extremamente magras vão conseguir se encaixar nesse padrão que não é abraçado de maneira natural? 

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Imagem/ reprodução: Draya Michelle/ Instagram

 

 

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Imagem/ reprodução: Glamour anos 2000.


Em 1990, o Adobe Photoshop, mais conhecido e mais usado software de edição de imagens, foi lançado, e, desde então, outros softwares e aplicativos do tipo se tornaram cada vez mais acessíveis e populares, permitindo que qualquer pessoa consiga editar uma fotografia de maneira fácil e rápida, até mesmo pelo celular. Apesar disso, dar o poder de manipular uma foto para todo e qualquer um trouxe problemas para a sociedade contemporânea, sendo um deles a mudança de características físicas de alguém.

Essa mudança (que ficou conhecida como photoshop, devido ao nome do aplicativo da Adobe Systems citado anteriormente) é, na maior parte das vezes, feita em fotos de mulheres, ou por elas mesmas, ou por alguém responsável pela imagem delas, no caso de celebridades. A intenção do photoshop é encaixar essas mulheres o máximo possível no padrão de beleza, mexendo em fotos dos seus rostos e seus corpos para tal. Nesse contexto, as mulheres se sentem mais inseguras e vulneráveis, e se tornam mais suscetíveis a sofrerem com a pressão estética.

Pressão estética é o nome dado à pressão que geralmente uma mulher sofre em relação à sua aparência, e o quanto ela se encaixa no padrão de beleza. Desde a infância, as meninas já são pressionadas a estarem dentro desse padrão, com comentários vindos muitas vezes até mesmo de outras mulheres da família, comparando crianças entre si e fazendo com que elas também se comparem. Quando essas meninas crescem, na adolescência e no início da fase adulta, é quando elas mais sofrem com essa pressão, e, mesmo que isso se abrande com a idade, mais de 90% das mulheres se dizem insatisfeitas com seus próprios corpos. Esses dados são bem justificados quando se analisa como as mulheres se comportam nas redes sociais.

Nas redes sociais, as mulheres têm muito mais chance de se compararem com outras, principalmente com celebridades. Ao postarem fotos editadas pelo photoshop, essas celebridades ajudam a criar um padrão de beleza cada vez mais inalcançável, mas que, mesmo assim, as mulheres buscam atingir incessantemente. Isso cria um círculo vicioso, no qual essas fotos editadas são postadas, impactando outras mulheres, que também alterarão suas aparências e também serão um exemplo negativo. 

Vale ressaltar que todas as mulheres sofrem com a pressão estética, mas mulheres de fato fora do padrão (não-brancas, gordas, com deficiência) são as maiores vítimas dela. Um dos maiores exemplos de celebridades e seu padrão inalcançável: Kim Kardashian remove gordura corporal através do photoshop. 

A pressão estética sobre as mulheres é um fenômeno sociocultural, que acarreta em distúrbios e transtornos psicológicos e físicos, simultaneamente. Os mais comuns são a dismorfia corporal e os transtornos alimentares.

A dismorfia corporal é a visão distorcida que uma mulher tem do seu próprio corpo. O que ela enxerga quando se olha no espelho é completamente diferente de como ela de fato é. Isso a leva a buscar incessantemente mudar as características que ela vê, mas que, na verdade, não estão lá, ou não estão lá tanto quanto ela imagina. Apesar de ser comum a distorção da autopercepção em mulheres, nem todas têm dismorfia corporal, que só pode ser diagnosticada por um psicólogo especialista na área. No Brasil, mais de 150 mil casos são registrados por ano.

Os transtornos alimentares (que podem ser uma das consequências da dismorfia corporal) são hábitos alimentares poucos saudáveis e que, nesse contexto (eles podem também estar relacionados a outras questões), buscam atingir o corpo ideal de muitas mulheres. Comer pouco ou simplesmente não comer, exageradamente se ater às calorias e aos macronutrientes, purgar refeições forçando o vômito em si mesma ou tomando laxantes e se exercitar mais do que o necessário são as principais características desses transtornos alimentares. Os mais conhecidos são: anorexia, quando uma mulher já muito magra come o mínimo possível (idem à dismorfia corporal); e bulimia, quando a mulher purga o que comeu (mais de 2 milhões de casos registrados por ano no Brasil).

Em entrevista para a AGEMT, a psicóloga Angélica, ela ressalta como a mídia tem um grande papel no desenvolvimento destes transtornos, “O que percebemos é que a mídia e as funções tecnológicas contribuem significativamente para o desenvolvimento do transtorno”, muitos acreditam que essas ferramentas e interações sociais sejam inofensivas, mas quando uma mulher interage com um padrão que não é o dela, é onde começam os questionamentos.

Poucas mulheres têm a consciência de que as suas ações promovendo uma imagem irreal e perfeita afeta diretamente a saúde mental de outras que as acompanham, isso ocorre por uma necessidade de validação de si mesma, onde muitas pessoas acham que existe uma figura saudável e segura na realidade não existe ninguém seguro de sua própria imagem. 

 

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Curtas de Wes Anderson estreiam com aprovação entre 89 e 100 no Rotten Tomatoes
por
Artur Maciel Rodrigues
Maria Eduarda Camargo
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09/10/2023 - 12h

 

(Cenas dos 4 curtas, foto: Instagram/Netflix)

A caricatura dos filmes de Wes Anderson e a famosa ligação do diretor à referências literárias não vem à toa, grande parte de suas obras é inspirada em livros e seus autores. Contudo, nenhum escritor como o controverso Roald Dahl esteve tão presente em suas obras. Dahl é autor de famosos livros infantis como: Matilda, A fantástica fábrica de Chocolate e O Senhor Raposo — que acabou se tornando filme de animação de Wes, lançado em 2009. O autor, nascido em 1916, fez fama ainda nos anos 40 com seus livros, que recentemente viraram polêmica pelo uso de palavras antissemitas que foram retiradas de seus livros pela editora.

Os quatro contos, Poison, The Rat Catcher, The Swan e The Wonderful Story of Henry Sugar, são gravados com os mesmo atores: Ben Kingsley, Benedict Cumberbatch, Dev Patel, Ralph Fienne, Rupert Friend e Richard Ayoade. A trupe britânica atua em diversos papéis nos curtas, e durante  “A incrível história de Henry Sugar” trocam de personagens em minutos. Seu palco são os locais descritos na histórias, incluindo: Um hospital em Calcutá, um cassino em Londres, um posto de gasolina infestado de ratos e uma lagoa, onde reside a gansa em The Swan. 

A influência de Dahl não se mantém apenas nos roteiros, mas na forma como a narração é dirigida: a história é visual e descritiva. Acumulado com esforço para deixar claro que tudo que se vê foi construído, Wes Anderson e Roald Dahl se entrelaçam para trazer à tona uma imersão aos contos do autor. Wes defendeu o autor com relação à edição dos contos: “Compreendo as motivações por trás das críticas aos livros de Dahl, mas não vejo por que alguém deveria alterar a obra de um autor que não está mais entre nós, só para agradar a uma certa sensibilidade”, conta ele durante entrevista no Festival de Veneza.



 

Sobre Wes Anderson

Conhecido por filmes como Grande Hotel Budapeste — pelo qual ganhou o BAFTA de Melhor Roteiro e o Globo de Ouro como Melhor Filme — e animações stop-motion como Fantastic Mr.Fox, Wes Anderson é cineasta, produtor, roteirista e ator. Nascido em Houston, nos EUA, o artista seguiu faculdade de filosofia no Texas, local onde acabou conhecendo Owen Wilson, que mais tarde viria a participar de diversos filmes do diretor.

Conhecido pelo seu estilo de filmagem excêntrico e organizado, Wes Anderson passeia pelo arrojado estético sem perder a linha de um roteiro cativante. O diretor é conhecido pelas filmagens simétricas, uso do plano holandês (filmagem diagonal) e pela famosa “comédia inerte” — em que o diretor brinca com as emoções do público ao trocar o ritmo de cena bruscamente.

"Grand Budapest Hotel", 2014. Ritmo

 

As referências do diretor no mundo animado também não são diferentes, já que Wes leva, por vezes, o estilo stop-motion clássico para seus filmes mais conhecidos, como em Grande Hotel Budapeste, e, mais recente, em cenas-chave de Asteroid City. E o lúdico não para por aí: na paleta de cores também correm tons pastéis e outonais, que a princípio soam presunçosos mas se encaixam muito na excentricidade dos personagens.

Recentemente, o diretor acabou alvo da IA em trends que exploravam seu estilo visual, como a adaptação de Star Wars, que causou reações adversas em internautas: “Uma inteligência artificial nunca será capaz de captar a sinceridade das emoções, expressões e humanidade  ‘pintadas’ na tela por Wes Anderson. Tudo que a IA é capaz é zombar de como uma imagem é estruturada. Não existe compreensão do Mis-Èn-Scene. (Ela) não sente.”

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Está em exibição no Tucarena o espetáculo infantil que discute a educação financeira para crianças
por
Alice Di Biase
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07/10/2023 - 12h

Apresentado pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e com patrocínio do Nubank, estreou no sábado (30) a peça De Onde Vem o Dinheiro. Em curta temporada, do dia 30 de setembro a 22 de outubro, o espetáculo aborda um assunto muitas vezes temido pelas famílias com crianças pequenas: o dinheiro. 

A direção é de Pedro Garrafa, a dramaturgia de Renata Mizrahi e trilha sonora original de Carlos Careqa. O elenco é formado por Lucas Padovan, Iris Yazbek e Rebeca Oliveira. A produção é da WB Produções, de Bruna Dornellas e Wesley Telles, que é conhecida por outros espetáculos como Misery e Três Mulheres Altas - que também passaram pelo Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 

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Mas, afinal, de onde vem o dinheiro? 

“Você acha que dinheiro nasce em árvore?” ou “Na volta a gente compra”, são frases que fazem parte da infância de muitos brasileiros. Mas isso é o suficiente para acabar com a curiosidade insaciável das crianças sobre essa questão? O espetáculo surgiu com o intuito de inserir a educação financeira nas discussões familiares.  

A peça conta a história de dois melhores amigos, Antônio (Tom Tom), que se mudou para Belém recentemente, e Tininha, que mora no Rio de Janeiro, ambos com 8 anos. Eles se falam por chamadas de vídeo todos os dias, mas a vontade de se encontrarem pessoalmente só aumenta. No entanto, ao pedir para a sua mãe que compre passagens para Belém, a menina recebe um balde de água fria. As passagens estão muito caras, e a mãe explica que vai demorar um pouco até que consiga comprá-las.  

A menina não entende qual a razão de não poderem viajar, e ambas as crianças se frustram pois irão continuar sem se encontrar. Os dois pensam em uma solução que faz parte da realidade deles: nos videogames os personagens conseguem moedas rapidamente. Por isso, decidem entrar dentro de um videogame.

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Fonte: divulgação Instagram/ @deondevemodinheiro

A mãe de Tininha, vendo a situação, tem uma ideia genial para que as crianças entendam o que é o dinheiro e como ele funciona. Ela monta em sua casa um cenário de videogame para ensinar às crianças conceitos de educação financeira. Os meninos aprendem a importância de ganhar dinheiro, economizar, focar no que querem e como atingir as suas metas. 

A importância de discutir a saúde financeira 

Em entrevista exclusiva para Agemt, o diretor Pedro Garrafa comenta que percebeu seu próprio receio em falar sobre dinheiro para crianças: “E eu pude perceber que atrás do meu preconceito morava uma razão óbvia, eu também não quero falar sobre dinheiro pra minha criança, né? A gente não fala sobre dinheiro. Então depois disso, quando a gente começou a montar a peça, eu comecei a pensar o quanto é necessário falar”. 

O debate sobre saúde financeira nas escolas vem ganhando força. Em 2021, o Ministério da Educação, em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), desenvolveu o Programa Educação Financeira nas Escolas que, em três anos, pretende capacitar 500.000 professores, do Ensino Fundamental e Médio, em educação financeira para que possam transmitir esse conhecimento para os estudantes. 

Segundo Alceu Gonçalves, administrador de empresas, muitas vezes não existe a percepção de que a educação financeira é um dos pilares que fundamentam o desenvolvimento pleno do ser humano: “Assim como educamos as crianças em diversos aspectos que contribuem para o seu desenvolvimento, temos que ter consciência que é por meio da cultura de planejamento e educação financeira que temos a chance de realizar sonhos e objetivos, e até mesmo garantir o que consideramos o básico, saúde e qualidade de vida, sobretudo na velhice”. 

Ao ser perguntado sobre o que espera transmitir ao público com a peça, o diretor reforça a importância do teatro infantil como objeto de reflexão mais do que de aprendizado: “É uma peça de teatro, não é um curso. Então, o que eu espero é que o público saia de lá modificado. Eu tenho vontade que as pessoas saiam discutindo de onde vem o dinheiro, e que dinheiro é um meio pra conseguir as coisas e não o fim das coisas. A criança não quer economizar pra ser rica, ela quer visitar um amigo. Eu acho que a coisa mais legal da peça é isso: o dinheiro não é o fim. Dinheiro serve para a gente gastar bem com coisas que vão fazer a gente feliz”, finaliza.  

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A peça estrelada por Denise Fraga conta ao público que mesmo em um país dividido, é possível encontrar empatia naquilo que humaniza
por
Fernanda Travaglini
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06/10/2023 - 12h

Com um jogo de palavras que revela a relação humana com o mundo exterior, 'Eu de você', solo estrelado por Denise Fraga, está em exibição no TUCA, em São Paulo, até 5 de novembro. A temporada tem sessões lotadas. Idealizado pela atriz em conjunto com o diretor e produtor Luiz Villaça e José Maria, respectivamente, 'Eu de Você' é alegre, triste, angustiante e libertador: um retrato fiel de diversas facetas da vida.  

 

Senta que lá vem história 

 

Três paredes brancas são o cenário no qual Fraga incorpora, ato após ato, a vida de diversos brasileiros e brasileiras. A peça foi composta por relatos reais, de cenas da vida de pessoas pertencentes a várias classes sociais, raças, orientações sexuais e idades, enviadas à produção em 2018. “Abrimos uma chamada para histórias”, conta a atriz à Folha de S. Paulo.  

Com muita energia e entrega, Denise Fraga hipnotiza seu público pelas 2 horas de duração. São as expressões faciais, o tom de voz, a música – performada ao vivo pela atriz e banda –  que revelam este tesouro das artes cênicas, em uma produção que dialoga com o público em todos os sentidos: causa identificação, empatia e a atriz entrega carinho, recepção e empatia quando conversa com sua plateia.  

 

'Arte da vida', 'vida da arte' 

 

Em entrevista à Teté Ribeiro, da Folha de S. Paulo, Fraga defende a arte como "mais do que um direito, é saúde mental (...) quem vive com arte vive mais amparado" e diz que "viver é um negócio rico".  

A seleção de enredos, comprova. São histórias reais, coletadas em 2018, que navegam entre temas como burnout, agressões e outros, mais corriqueiros e leves, como as peculiaridades de relacionamentos e memórias de vida dos representados - encenadas com sensibilidade e seriedade, mas sem deixar de lado a leveza.  

Atriz branca, com roupas cinzas e uma baqueta com o corpo inclinado para frente e expressão de alegria e espanto.
Denise em 'Eu de Você'. Imagem: Cacá Bernardes/Reprodução

Eu de você  

 

Mesmo diante de dilemas que podem ser iguais ou semelhantes àqueles vivenciados nos cotidianos de cada telespectador, a experiência emociona e é um exercício de diálogo. Uma peça que fura-bolhas, pois aproxima aquele que a vê um pouco mais da pele alheia, na íntima vivência de ouvir o outro falar de si. Rara oportunidade em uma sociedade marcada pela segmentação e exclusão.  

“Todos os meus preconceitos em dia (risos), é muito tocante ver uma pessoa tida como ´de direita´ e outra ´de esquerda´, lado a lado e ambos emocionados”, conta Denise Fraga à Teté Ribeiro, da Folha de S. Paulo. Levando em conta as tensões históricas e recentes no espectro político, este relato é a pura potência do teatro, e da arte, como importante participante da construção de uma sociedade mais equânime, empática e democrática.    

“O teatro é um pacto coletivo. Eu e você, você e eu, escolhemos estar aqui e entregues a esta experiência. E eu acredito no teatro", clama a atriz ao seu público no início da apresentação.  

Muito além do que falar das artes da cena, este "combinado" revela que diante da alteridade, da divergência, o encontro é possível. Na vida e na arte. Com muita entrega e uma energia de reverência e respeito à existência humana - como só seria possível vir de alguém, também, de igual riqueza interior: um viva à Denise.  

 

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