Novo disco da cantora é o primeiro após grande turnê mundial e promete retomar parceria com Max Martin
por
Luis Henrique Oliveira
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12/08/2025 - 12h

Na madrugada desta terça-feira (12), Taylor Swift anunciou o lançamento de seu 12º álbum de estúdio, intitulado “The Life of a Showgirl”. A revelação veio após o fim de uma contagem regressiva no site oficial da cantora, acabando exatamente às 00h12 no fuso-horário norte americano, 01h12 no horário de Brasília.

Combinado com o anúncio, um  trecho do podcast New Heights Show, apresentado pelos irmãos Travis e Jason Kelce, namorado e cunhado de Swift, mostra a cantora abrindo uma maleta e apresentando seu novo disco. A capa será revelada apenas nesta quarta-feira (13) durante sua participação especial no programa.

A cantora Taylor Swift no podcast New Heights Show, apresentando a capa de seu novo disco, porém borrada.
Taylor Swift faz anúncio de novo álbum em trecho divulgado de podcast. Foto: Instagram/@taylorswift

Taylor sempre deixou pistas antes de comunicar um novo projeto. No trabalho anterior, “The Tortured Poets Department” (2024), ela posava para fotos fazendo o sinal de dois, revelando mais tarde se tratar de um álbum duplo – e dessa vez não foi diferente.

Os rumores de um novo disco correm no mundo Swiftie (fãs da artista) desde o fim da The Eras Tour, quando a cantora apresentou um novo logotipo e passou a usar 12 letras para estender palavras simples (como prolongar o “d” em “god” nos stories do Instagram, por exemplo).

As especulações ganharam força na segunda-feira quando sua equipe de marketing postou nas redes sociais um carrossel de doze fotos suas usando roupas laranjas durante a última turnê, cor inédita dentre as que compõem a paleta dos álbuns anteriores, junto de uma legenda sugestiva: “lembrando de quando ela disse ‘vejo você na próxima era…'”. 

Após o anúncio, outdoors do Spotify foram colocados em Nova York e Nashville - cidade natal de Taylor -  a fim de divulgar uma playlist em conjunto da cantora, intitulada “And, baby, that’s show business for you” (“e, amor, isso é show business para você”, em tradução livre). Todas as músicas que estão presentes no compilado foram produzidas por Max Martin e Shellback, que trabalharam com Swift nos álbuns Red (2012), 1989 (2014) e Reputation (2017), sendo uma possível pista do que esperar do novo projeto.

Outdoor em Nova York com fundo laranja brilhante, no centro está o código para uma playlist exclusiva da cantora Taylor Swift
Playlist traz 22 faixas, presentes nos álbuns Red, 1989 e Reputation. Foto: Reprodução/X/@TSUpdating

“The Life of a Showgirl” será o primeiro disco da cantora após readquirir os direitos de seus seis primeiros discos, vendidos sem seu consentimento quando sua antiga gravadora, Big Machine Records, foi comprada pelo empresário Scooter Braun, em 2019.

Taylor conseguiu recuperar suas masters em maio deste ano, encerrando não só a luta para consegui-las de volta, mas também o projeto de regravação de suas músicas.

O álbum ainda não tem data de lançamento oficial, entretanto a previsão de entrega dos vinis vai para até o dia 13 de outubro.

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Compositor e cantor vivia com sequelas decorrentes de um AVC que sofreu em março de 2017
por
Bianca Novais
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08/08/2025 - 12h

A família de Arlindo Cruz anunciou a morte do compositor, cantor e instrumentista nesta sexta-feira (8), através das redes sociais do artista. Considerado um dos maiores sambistas do país, Arlindo vivia com a saúde debilitada desde março de 2017, devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico.

“Mais do que um artista, Arlindo foi um poeta do samba, um homem de fé, generosidade e alegria, que dedicou sua vida a levar música e amor a todos que cruzaram seu caminho", diz a nota de falecimento. O sambista morreu no hospital Barra D'Or, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

 

 

Arlindo Domingos da Cruz Filho nasceu na capital fluminense em 14 de setembro de 1958, no bairro de Madureira, Zona Norte da cidade. Em homenagem a ele, escreveu uma de suas canções mais conhecidas, “Meu Lugar”, parte do álbum “Hoje tem samba” (2002).

Tocava cavaquinho, banjo e ainda na juventude começou a se apresentar profissionalmente, enquanto estudava teoria musical na escola Flor do Méier. Nesse período, foi apadrinhado musicalmente por Candeia, outro renomado sambista carioca.

Estudou na escola preparatória para Cadetes do Ar aos 15 anos, em Barbacena (MG), mas logo voltou ao Rio. Passou a frequentar a roda de samba do Cacique de Ramos, onde tocou com Jorge Aragão, Beth Carvalho, Ubirany e Almir Guineto. Lá, conheceu Zeca Pagodinho e Sombrinha, que, à época, também eram revelações no mundo do samba.

Escreveu algumas músicas para outros intérpretes - “Lição de Malandragem” (David Correa), “Grande Erro” (Beth Carvalho), “Novo Amor” (Alcione) - antes de entrar no Grupo Fundo de Quintal, em 1981.

 

 

Ganhou notoriedade nacional durante os 12 anos na banda e gravou sucessos como “Só Pra Contrariar”, “O Mapa da Mina” e “Primeira Dama”. Em 1993, seguiu carreira solo e continuou nos holofotes, com várias músicas em parceria com outros gigantes do samba. Entre seus álbuns de maior destaque recente estão “MTV ao Vivo Arlindo Cruz” (2009) e “Batuques do Meu Lugar” (2012).

Sombrinha foi uma de suas parcerias mais frutíferas. Escreveram “O Show Tem Que Continuar” e “Alto Lá", também com Zeca Pagodinho. Com este, assinou a autoria de sucessos atemporais da música brasileira como “Bagaço da Laranja”, “Dor de Amor” e “Camarão que Dorme a Onda Leva".

 

Sombrinha e Arlindo Cruz em apresentação. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Sombrinha e Arlindo Cruz em apresentação. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho cantando juntos. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho cantando juntos. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Arlindo compôs mais de 500 músicas, segundo seu site oficial, incluindo sambas-enredo para escolas de samba do Rio de Janeiro: Grande Rio, Vila Isabel, Leão de Nova Iguaçu e Império Serrano, sua escola de coração e que o homenageou no enredo do carnaval de 2023. Mesmo com a saúde fragilizada, ele participou do desfile no último carro alegórico, com ajuda de amigos e familiares.

Em 2015, ganhou o 26º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Músico de Samba e é reconhecido como um dos responsáveis pela revitalização do gênero nos anos 1980. Seu último lançamento foi ao lado do filho Arlindinho, em 2017, gravado pouco antes de sofrer o AVC.

Arlindo Cruz em carro alegórico da Império Serrano, durante desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no carnaval de 2023. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Arlindo Cruz em carro alegórico da Império Serrano, durante desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no carnaval de 2023. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Ele foi apelidado de “o sambista perfeito” por amigos e admiradores, em referência a uma de suas composições, em parceria com Nei Lopes. O apelido virou o título da biografia do músico, escrita pelo jornalista Marcos Salles e publicada em junho deste ano.

Arlindo Cruz era candomblecista, filho de Xangô, e atuava contra a intolerância religiosa. Ele deixa esposa, Babi Cruz, e três filhos: Arlindinho, Flora e Kauan.

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Banda mineira trouxe show inédito para a capital paulista com mistura de sentimentos e surpresas
por
Giovanna Britto
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06/08/2025 - 12h

No último sábado (02) a banda Lagum se apresentou no Espaço Unimed com a turnê “As cores, as curvas e as dores do mundo”. Com ingressos esgotados, o espetáculo contou com todas as músicas do novo álbum, que dá nome à  apresentação, e com diversos outros hits do grupo, como “Deixa”, “Oi”, “Ninguém me ensinou” e “Bem melhor”.

Banda Lagum no palco do Espaço Unimed
Banda Lagum durante show no Espaço Unimed. Foto: Reprodução/Instagram/@lagum

O quinto disco, lançado em maio de 2025, teve uma recepção calorosa pelos fãs e gerou expectativas em torno da subida de Pedro, Chico, Jorge e Zani ao palco. Cada momento do show condiz com a proposta da nova fase da banda: questionar o mundo moderno, ao mesmo tempo em que aproveita o momento e enxerga a beleza no cotidiano.

Em entrevista à AGEMT, Pedro Calais, o vocalista, comenta sobre a experiência: “A vida é agora, a gente só tem essa chance de viver e não vamos nos privar de fazer uma coisa maneira, de estar com as pessoas que querem o nosso bem e pessoas que queremos o bem, como nossos fãs”.

O pré-show já exalava a energia do que estava por vir, com uma setlist, que ia de Charlie Brown Jr. até Jão. Com a entrada marcada para às 22:30, o grupo manteve a exaltação do público com “Eterno Agora”, “Dançando no escuro” e “Universo de coisas que desconheço”, a última em parceria com a dupla AnaVitória, presente na plateia para apoiar os amigos. 

Atenciosos, os músicos estavam atentos ao bem-estar do público e parando as canções para pedir ajuda aos socorristas quando necessário. Os momentos de conexão foram compostos de falas com piadas internas entre a fanbase - como a ausência do hit queridinho dos fãs “Fifa” - até ao chá revelação de Chico, baixista, que espera uma menina com a esposa e influenciadora Marina Gomes.

Baixista Chico falando ao microfone enquanto coloca a mão na barriga da sua esposa grávida Marina
Foto: Reprodução/Instagram/@portallagum

 

Pedro também comentou sobre essa relação cada vez mais próxima entre os fãs: “De uma hora pra outra, a gente começou a ser visto como artista, como alguém importante. Essa quebra de mostrar para as pessoas que o que a gente tá fazendo é pela essência, é pelo produto musical em si, vai total de encontro com o nosso conceito. É descer um pouco dessa coisa da cabeça de, ‘pô, tamo querendo fazer isso aqui pra tá aqui em cima’, sabe? Vai bem de encontro com o que a gente tá propondo”.

O momento mais esperado da noite foi com a penúltima música “A cidade”, terceira faixa do novo álbum, que viralizou  no TikTok com pessoas retratando perdas e saudades de entes queridos. A emoção tomou conta do público, que cantava e chorava por todo o Espaço.

Visão ampla do palco, telões e plateia no espaço Unimed
Visão do fundo na plateia com Pedro interagindo no microfone. Foto: AGEMT/Giovanna Britto

 

Algumas canções, como “Tô de olho”, possuem sonoridades diferentes das gravações divulgadas nas plataformas digitais. Isso complementa a sensação de estar presenciando algo especial, pensado com carinho e a dedo.  Esses aspectos reafirmam mais uma vez a intenção do grupo de fazer com que as pessoas se conectem com o agora, vivenciando momentos marcantes e de forma original.

O show, sem dúvida, é uma experiência emocional e musical única. A escolha das performances e timbres é preparada exclusivamente para cada noite e cidade, de forma a impactar e proporcionar um momento sensorial muito mais imersivo. A Lagum volta à cidade de São Paulo no dia 3 de outubro para uma data extra devido à grande procura de ingressos.

Painel fotográfico com a divulgação da turnê "As cores, as curvas e as dores do mundo" e patrocínios do show.
Painel de divulgação da turnê para tirar fotos. Foto: AGEMT/Giovanna Britto

 

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Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
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Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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Artista brasileiro morreu dormindo este sábado em sua casa no Rio de Janeiro.
por
Giovanna Brito
Marcelo Barbosa
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09/04/2024 - 12h

O cartunista, desenhista, escritor e jornalista Ziraldo Alves Pinto faleceu na tarde do último sábado (06/04) aos 91 anos enquanto dormia em sua casa. A confirmação da morte veio por meio de familiares do artista, uma de suas filhas revelou que a causa da morte teria sido uma falência múltipla dos órgãos.

Ziraldo apoiado com o braço direito em uma de suas obras, desenhada em uma parede.
Ziraldo ao lado de uma de suas obras, em 2019. Foto: Reprodução/Instagram/@ziraldooficial 

 

Natural de Minas Gerais, Ziraldo já manifestava seu dom artístico ainda quando criança e chegou até mesmo a publicar seus primeiros desenhos na Folha de Minas. O artista cresceu em Caratinga e se formou em Direito pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), apesar de não ter exercido a profissão. Em 1957, Ziraldo começou a trabalhar na revista ‘O Cruzeiro’, de grande relevância na época. No mesmo ano, Ziraldo concluiu a sua graduação.

Nos anos 60 lançou a revista em quadrinhos: “A Turma do Saci Pererê”, a primeira feita por um só autor e também publicada em cores no Brasil. Ela foi grande inspiração na obra “Sítio do pica-pau amarelo”, futuro sucesso de Monteiro Lobato. Em 1963, ingressou no Jornal do Brasil, desenvolvendo sua experiência com o jornalismo, para que em 1964 lançasse a revista “O Pasquim”, em que participavam diversos críticos do regime militar. Foi nele que  se tornou um símbolo de luta através de suas charges, onde expressava a opressão política e o estilo de vida da época, por meio do humor e da ironia. Por conta dos posicionamentos expressados no Pasquim, Ziraldo foi preso em sua casa e levado ao Rio de Janeiro no Forte de Copacabana.

Desenho em preto e branco de um homem sorrindo, vestido formalmente e apoiado com o braço direito na margem do desenho, enquanto uma faca corta sua barriga. Escrito no desenho temos a frase "Só doí quando eu rio".
Charge de Ziraldo  retirada de ‘O Pasquim’ Foto: Reprodução/Folha de SP

 

Em 1969, Ziraldo lançou seu primeiro livro infantil “FLICTS”. Em 1980, lançou o livro "O Menino Maluquinho", um dos maiores fenômenos da cultura popular no Brasil. O livro foi adaptado para o teatro, quadrinhos, televisão em 2005, em uma série criada para a TV Brasil, e cinema em 1995, estrelado por Samuel Costa. Suas obras já foram traduzidas para diversos idiomas e publicadas em revistas conhecidas internacionalmente, como, por exemplo, a norte-americana Mad.

O artista também colecionou prêmios importantes como, por exemplo, o Prêmio Jabuti e uma medalha de honra da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Nos últimos tempos, se manteve alinhado à esquerda e filiado a partidos como PCB e PSOL. Mais recentemente, o artista fazia poucas aparições em público devido sua saúde debilitada e suas entrevistas a grandes veículos foram se tornando cada vez mais escassas, contudo, as publicações no seu Instagram ainda eram constantes.

Ziraldo é importante não apenas por suas obras criativas e originais, mas também por seu impacto na literatura infantil brasileira, que atinge diversas gerações, bem como por seu papel como defensor da cultura e da educação. O Brasil perde um de seus maiores nomes, mas seu legado será eterno.

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O título de Janaína Torres e a importância de uma figura feminina e brasileira no cenário internacional
por
Beatriz Yamamoto
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09/04/2024 - 12h
Foto: Paulo Vitale
Foto: Paulo Vitale/80 Chefs

A chef Janaína Torres destaca-se mais uma vez e a gastronomia brasileira continua a atrair atenção global. No ano passado, ela foi premiada como a melhor chef mulher da América Latina pelo The World’s 50 Best Restaurants. Este ano, seu talento a elevou ao título de melhor chef feminina do mundo. O prêmio não apenas celebra a relevância da culinária de Janaína Torres, mas também destaca o crescente reconhecimento internacional da riqueza e diversidade da culinária brasileira e a importância de uma figura feminina no mercado profissional.

Ao contrário do guia Michelin, que só utiliza inspetores técnicos treinados para avaliar critérios como qualidade dos ingredientes, habilidade culinária, personalidade do chef e relação qualidade-preço, o The World's 50 Best Restaurants adota uma abordagem baseada na opinião do público. É composta por um painel diversificado de jurados: proprietários, críticos, chefs, jornalistas e entusiastas de várias partes do mundo. Essa variedade crítica proporciona uma visão abrangente do que há de mais relevante na cena gastronômica mundial. 

A diversidade é uma das características essenciais do ranking, com um equilíbrio de gênero e distribuição igualitária de jurados por região, todos mantidos no anonimato. Além disso, 25% do corpo de jurados é renovado a cada edição para evitar qualquer viés nas votações.

Janaína Torres Rueda é chef e proprietária de restaurantes no centro de São Paulo, junto de Jefferson Rueda. Eles comandam o renomado “A Casa do Porco”, que promove a gastronomia brasileira e destaca o papel do pequeno produtor e da agricultura orgânica, além de demonstrar preocupação com a cadeia produtiva e questões ambientais como as mudanças climáticas e com o que será servido à mesa de forma sustentável e acessível. 

Em sua homenagem ao porco, o estabelecimento desmistifica a carne suína, apresentando-a em diversas preparações, desde torresmo de pancetta até sushi de papada de porco. “A Casa do Porco" é reconhecido como o restaurante brasileiro mais bem colocado entre os 50 melhores do mundo, atualmente na 12ª posição, e ocupa o 4º lugar entre os melhores da América Latina. 

Janaína também lidera o “Bar da Dona Onça”, localizado no térreo do Edifício Copan, o “Hot Pork”, a “Sorveteria do Centro” e o “Merenda da Cidade”. Sua carreira tem sido marcada pelo apoio a diversas causas sociais. Em parceria com o governo de São Paulo, a chef reformulou o programa de alimentação escolar de São Paulo “Cozinheiros da Educação” ao substituir ingredientes processados por opções frescas e saudáveis, beneficiando a nutrição de 1,8 milhão de crianças em idade escolar.

Durante a pandemia, ela liderou a mobilização de milhares de chefs e trabalhadores, instando o governo a fornecer apoio financeiro, ao mesmo tempo em que sua equipe providenciou alimentação para os necessitados. Assim, pelo incentivo à gastronomia inclusiva, recebeu o Prêmio Ícone dos 50 Melhores Restaurantes da América Latina em 2020. Agora, como a Melhor Chef Feminina do Mundo em 2024, Janaína adiciona o título de "embaixadora internacional" ao seu currículo.

Nos últimos anos, a chef enfrentou várias mudanças significativas. Em 2021, após sua separação com Jefferson Rueda, teve que lidar com o sexismo de pessoas que duvidavam da capacidade do restaurante prosperar sem seu ex-companheiro no comando. No entanto, ela já liderava o restaurante há anos, antes mesmo da separação e o resultado é o sucesso do restaurante evidenciado pelas numerosas premiações que conquistou nos últimos anos. Além disso, Janaína optou por retomar o uso de seu nome de solteira, Torres.

A chef comentou em suas redes sociais que seu desejo é “Inspirar a próxima geração de chefs mulheres e continuar construindo um legado para a gastronomia brasileira ao lado da minha comunidade”.

“Para mim, este prêmio representa uma plataforma importante para dar visibilidade à educação para a alimentação e por meio dela, o que considero essencial para um futuro mais justo no meu país e em todo o mundo”, finalizou Janaína.

 

A consagração de Janaína Torres como a melhor chef feminina do mundo em 2024 não é apenas uma conquista pessoal. Seu talento eleva o prestígio da culinária nacional e destaca a riqueza cultural e a diversidade de sabores que o Brasil tem a oferecer. A importância da gastronomia brasileira para o mundo é um reflexo da sociedade contemporânea, sua ascensão ao topo do cenário gastronômico global é um indicativo do reconhecimento cada vez maior da contribuição das mulheres para a gastronomia.

Janaína é uma inspiração, desafia estereótipos e promove a inclusão e o empoderamento feminino. Sua jornada é um exemplo na gastronomia, não apenas como uma forma de arte e expressão cultural, mas também uma maneira de impactar questões sociais.

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Confira mais curiosidades culturais e naturais sobre o Brasil
por
Júlia Takahashi
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10/04/2024 - 12h

A AGEMT pelo Mundo completa sua viagem pelo Brasil explorando outras três regiões: centro-oeste, sul e sudeste. Veja aqui a primeira parte da matéria. As obras de Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi, a lenda das Cataratas do Iguaçu, os museus e as histórias do Brasil são pincelados ao som de Martinho da Vila em Aquarela Brasileira.

Em continuação na viagem pelo Brasil, o próximo destino é Brasília. A capital foi inaugurada em 1960 e teve participação do renomado arquiteto Oscar Niemeyer em seu projeto. Ela também é contemplada por monumentos de Niemeyer, como o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal, o Palácio da Alvorada e a Catedral Metropolitana.

O Centro-Oeste também é muito procurado pela Chapada dos Veadeiros, conhecida por ser o berço das águas, em Goiás, a 230km da capital, com mais de 2 mil cachoeiras e cânions catalogados. Já o Mato Grosso é muito visitado pelo pantanal e a Chapada dos Guimarães. A cidade de Bonito é o principal ponto turístico do Mato Grosso do Sul.

 

Abismo Anhumas, Bonito - MS / Foto: Caio Vilela
Abismo Anhumas, Bonito - MS / Foto: Caio Vilela

 

O Sul do Brasil é berço de pessoas influentes como Elis Regina, Adriana Calcanhotto e Mário Quintana do Rio Grande do Sul, Cruz e Souza e Anita Garibaldi de Santa Catarina e Cortella, Chitãozinho e Xororó e Alexandre Nero do Paraná. As Cataratas do Iguaçu é o ponto mais visitado dessa região e chama a atenção dos visitantes por suas 275 quedas d'água.

Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio - e o Parque Nacional do Iguaçu, sua beleza é explicada pela lenda indígena de Napi e Tarobá, nas margens do Rio Iguaçu, onde viviam os indígenas caingangues que acreditavam na governança do deus Mboi, filho de Tupã e com corpo característico de serpente. Na tribo, a filha do cacique, Naipi, chamava a atenção por sua beleza exuberante, “que até as águas do rio se acalmavam quando ela estava perto”. Assim, Mboi a consagrou para viver sob seu culto.

Porém, o jovem guerreiro Tarobá se apaixonou pela jovem indígena. Em sua festa de consagração, enquanto todos estavam distraídos, Naipi e Tarobá fugiram em uma canoa pelo rio abaixo, para viver sua história de amor. Mas Mboi percebeu a fuga dos dois e ficou furioso. Ele cortou a mata com o seu corpo de serpente e produziu uma enorme fenda, formando as cataratas.

Pela força das águas formadas, Naipi e Tarobá caíram e desapareceram para sempre. A lenda diz que a indigena se transformou na rocha central e Tarobá na palmeira à beira de um abismo, inclinado sob a garganta do rio.

 

Cataratas do Iguaçu visto de cima/ Fonte: 123 milhas
Cataratas do Iguaçu visto de cima/ Fonte: 123 milhas

 

A região sudeste tem a maior concentração de museus do país: são 1.423, segundo o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Em São Paulo, a cidade que não para, são mais de 500 museus para visitar, sendo a Pinacoteca o mais antigo, localizado no centro da capital metropolitana.

Minas Gerais é muito conhecida pela culinária: o pão de queijo e a pamonha são pratos tradicionais mineiros. Mas o estado tem muita história e paraísos naturais também. Guimarães Rosa deixou sua marca em sua cidade natal, Cordisburgo, que é muito procurada pelos estudiosos da literatura brasileira. Ouro Preto, Ilhotim, São João del Rei, Mariana e Tiradentes são cidades que brilham os olhos dos amantes de história.

No Espírito Santo, é possível encontrar o café mais caro do país, o café Jacu, feito com as fezes da ave e um processo mais trabalhoso do que o tradicional: após o Jacu se alimentar do fruto do café e eliminar na terra, próximo às árvores, o grão é colhido, limpado e reservado manualmente. Após o tempo de descanso, o grão é moído e preparado para consumo.

O Rio de Janeiro continua lindo, com suas praias paradisíacas e o Cristo Redentor sendo o ponto mais visitado do Brasil, considerado umas das 7 maravilhas do mundo moderno. Além disso, o estado abriga o maior estádio do Brasil, o Maracanã, palco do milésimo gol de Pelé em 1969, com o jogo de Santos e Vasco.

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A luta coletiva das mulheres ganha um espaço especial no antigo DEOPS
por
Leticia Falaschi
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09/04/2024 - 12h

O Memorial da Resistência, localizado no centro antigo da cidade de São Paulo, apresenta exposições que ressalvam a memória da repressão violenta da ditadura civil-militar brasileira. Contando com registros escritos, cartas, imagens, obras de arte e depoimentos em vídeo, o espaço se dedica a enaltecer a luta militante e denunciar os horrores do regime.  

O antigo “DEOPS” foi um dos maiores centros de tortura do Estado de São Paulo. A curadoria do museu manteve algumas celas que foram, em partes, restauradas, mas as portas e grades são as mesmas desde a época do regime; as paredes, agora, contam com manifestações manuscritas por autoria dos sobreviventes da tortura, familiares e amigos de pessoas mortas no período. 

O Memorial estreou, recentemente, um andar dedicado ao papel feminino que foi crucial para o fim do regime, além de dar enfoque ao terror da violência sexual absurda e demasiada que as mulheres raptadas pelos militares eram submetidas. “Mulheres em Luta! Arquivos de Memória Política”, com curadoria de Ana Pato, reúne relatos em texto e em audiovisual, que são posicionados de uma maneira que nos aproximam do que foi, realmente, ser uma mulher na luta contra a ditadura. O “Clube da Mães da Zona Sul”, que foi um grande centro de apoio e ação política para as mulheres das periferias de São Paulo durante as décadas de 1970 em diante, ganha um enfoque especial, trazendo à tangência os escassos registros da luta das mulheres periféricas. 

Foto tirada da amostra das "Clube das Mães da Zona Sul"; Mulheres na manifestação reunidas batendo panelas; Foto: Leticia Falaschi
Foto da amostra "Clube das Mães da Zonam Sul" em manifestação; Foto: Leticia Falaschi

Além desse enquadramento, há um ambiente dedicado à história e memória de Inês Etienne Romeu, a única sobrevivente da casa de tortura clandestina, “Casa da Morte”, localizada Petrópolis, Rio de Janeiro. Há, nesse caso, um olhar muito delicado em relação à perspectiva de gênero e à vulnerabilidade extrema de corpo das presas políticas. A integrante da luta armada e de diversos núcleos de enfrentamento do banho de sangue ditatorial é protagonista de uma amostra que é repleta de imagens, cartas e de escritos oficiais da difícil luta jurídica pela sua liberdade. Para além disso, é realizada a exibição do protesto cinematográfico Inês (1974), de Delphine Seyrig, que engloba conteúdos sensíveis, mas que trazem um abeiramento importante. 

Imagem Inês Romeu, sentada em seu julgamento em 1971
Foto da Amostra dedicada à Inês Etienne Romeu; julgamento de 1971. Foto: Leticia Falaschi
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Confira os destaques da maior feira de arte da América Latina, incluindo a nova exposição de Gabriel Wickbold.
por
Helena Maluf
Gabriela Jacometto
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08/04/2024 - 12h

Durante a primeira semana de abril (3 a 7), o SP-Arte, uma das mais renomadas feiras de arte da América Latina, abriu suas portas para colecionadores, entusiastas e curiosos do mundo da arte.

Realizada anualmente na cidade de São Paulo, Brasil, a feira comemorou nesta edição 20 anos de trajetória no Pavilhão da Bienal e reuniu, mais de 190 expositores, como galeristas, colecionadores, entusiastas da arte e artistas consagrados e emergentes, proporcionando um panorama abrangente e diversificado do cenário artístico contemporâneo.

Com uma curadoria extensa e variada de obras que exploravam diferentes técnicas, estilos e temáticas, incluindo pinturas, esculturas, mobiliários, fotografias e instalações, a SP-Arte contribui significativamente para o fortalecimento do cenário artístico nacional e internacional.

A feira conta com exposições de doze países: Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra, Itália, México, Noruega e Uruguai.

O artista carioca Gabriel Wickbold — que participa da SP-Arte pela sétima vez este ano — revelou para a AGEMT o processo de criação de sua exposição: "Esse ano eu estou apresentando uma série inédita, chamada Maze, que é o labirinto. São fotografias antigas, distorcidas e impressas sob mangueiras de incêndio. Depois eu desmancho e tranço elas pra esconder certas partes e mostrar certas partes".

"Essa série fala sobre a nossa hereditariedade, o que a gente carrega de carga genética, e como a gente traz luz para esses espaços, para poder quebrar os ciclos de repetição da nossa vida", disse ele, sobre sua conexão com o tema.

Gabriel explicou que a série é inédita, e completou: "Está sendo muito legal, porque é bem diferente de tudo que eu já fiz. Um outro suporte, um outro tipo de imagem. E as pessoas estão, assim, impressionadas por eu ter me re-colocado de uma forma tão diferente"

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Obras do artista Gabriel Wickbold feitas com mangueiras de incêndio em exposição na SP-Arte. Foto: @gabrielwickbold via Instagram

Além das obras exibidas, o evento ofereceu uma programação diversa de palestras, debates e programas educacionais, promovendo o diálogo e a troca de ideias no campo da arte. Esse ambiente de troca de conhecimento enriquece ainda mais a experiência dos visitantes e contribui para a construção de um diálogo crítico e enriquecedor.

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Intervenção artística ao vivo.
Foto: Helena Maluf.                                                                                                                                                                                                                                              
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Obra de Rikrit Travanija, feita com jornais em exposição na SP-Arte.  Foto: Gabriela Jacometto                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               
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Obra do artista Alê Jordão exposta na SP-Arte. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

Este ano, o foco recaiu sob a expressão artística como forma de reflexão e diálogo com questões sociais, políticas e ambientais, refletindo a diversidade e a complexidade do mundo atual.

Na vigésima edição da SP- Arte, fica evidente que a arte contemporânea continua a desafiar fronteiras e inspirar novas formas de expressão, consolidando São Paulo como um centro vital para o diálogo artístico global.