Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
por
Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
por
Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Instituto Biológico na vila Mariana conta com um evento anual, a colheita e degustação do café
por
Mayara Pereira
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28/05/2024 - 12h

A cidade de São Paulo teve grande influência da cafeicultura. Em 1850 o país dependia diretamente da produção de café que era exportado e muito bem pago. O estado de SP era considerado rural, porém, no fim do século XIX, sua população aumentou significativamente com a chegada dos imigrantes que buscavam trabalho nos centros urbanos.

A capital paulista passou a receber indústrias e, por volta de 1920, ficou conhecida como o centro industrial mais importante do país. Em 2005 foi instituído o dia Nacional do café, 24 de maio, no calendário de eventos brasileiro. Em comemoração a data, o Instituto Biológico realiza o evento "sabor da colheita", com muita história, shows e degustação. A entrada é gratuita.

Para os interessados em participar da colheita, é necessário se inscrever antecipadamente pelo link oficial 
http://www.biologico.sp.gov.br/page/cafezal-do-instituto-biologico.
 

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Cafezal carregado de grãos dentro do Instituto Biológico, na vila Mariana, zona sul. Foto: Mayara Pereira 
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Amostra para exposição das fases do café- Foto: Mayara Pereira 
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Árvore carregada- pronta para colheita. Foto: Mayara Pereira 
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Grãos maduros- o clima tropical Brasileiro favorece a qualidade do produto. Foto: Mayara Pereira 
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Processo industrial de lavagem e separação dos grãos. Foto: Mayara Pereira 
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Processo de secagem ao sol- Tempo de 8 até 30 dias. Foto: Mayara Pereira 
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Grão torrado em exposição- pronto para moer. Foto: Mayara Pereira 
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Com o café já moído, o café é passado e pronto pra servir. Foto: Mayara Pereira 
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Degustação gratuita de café artesanal, feito na hora. Foto: Mayara Pereira 
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Padroeira dos cafeicultores- Possui missa, capela até festa na cidade Machado-MG. Foto: Mayara Pereira 
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Entrada para o Instituto Biológico de São Paulo- Fundado em 2000. Próximo ao metro vila Mariana. Foto: Mayara Pereira 

 

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No último fim de semana aconteceu um dos maiores eventos da capital paulista
por
Marina Laurentino
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24/05/2024 - 12h

A 19ª edição da Virada Cultural aconteceu neste final de semana, este ano, a Prefeitura continuou com o formato da edição anterior e o evento foi descentralizado. Foram 12 arenas espalhadas pelas zonas norte, sul, centro, leste e oeste. A programação contou com shows, filmes, apresentações teatrais e ocupou não apenas as ruas da capital paulista, como também os museus, Casas de Cultura e Sesc. 

Show do trapper Vulgo FK na arena Itaquera, dia 18/05
Show do trapper Vulgo FK na arena Itaquera, dia 18/05. Foto: Marina Laurentino.
Show do trapper Vulgo FK na arena Itaquera, dia 18/05
Show do trapper Vulgo FK na arena Itaquera, dia 18/05. Foto: Marina Laurentino.
Show do trapper Vulgo FK na arena Itaquera, dia 18/05
Show do trapper Vulgo FK na arena Itaquera, dia 18/05. Foto: Marina Laurentino.
Homenagem para o MC Kevin no show do trapper Vulgo FK na arena Itaquera, dia 18/05
Homenagem para o MC Kevin no show do trapper Vulgo FK na arena Itaquera, dia 18/05. Foto: Marina Laurentino.
Show do rapper Major RD na arena Itaquera, dia 18/05
Show do rapper Major RD na arena Itaquera, dia 18/05. Foto: Marina Laurentino.
Show do rapper Major RD na arena Itaquera, dia 18/05
Show do rapper Major RD na arena Itaquera, dia 18/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da rapper Duquesa na Casa de Cultura Hip Hop Sul, dia 19/05
Show da rapper Duquesa na Casa de Cultura Hip Hop Sul, dia 19/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da rapper Duquesa na Casa de Cultura Hip Hop Sul, dia 19/05
Show da rapper Duquesa na Casa de Cultura Hip Hop Sul, dia 19/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da rapper Duquesa na Casa de Cultura Hip Hop Sul, dia 19/05
Show da rapper Duquesa na Casa de Cultura Hip Hop Sul, dia 19/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da rapper Duquesa na Casa de Cultura Hip Hop Sul, dia 19/05
Show da rapper Duquesa na Casa de Cultura Hip Hop Sul, dia 19/05. Foto: Marina Laurentino.
Show de Ivo Meirelles na arena Parada Inglesa, dia 19/05
Show de Ivo Meirelles na arena Parada Inglesa, dia 19/05. Foto: Marina Laurentino.
Casal no show de Ivo Meirelles na Parada Inglesa, dia 19/05
Casal no show de Ivo Meirelles na Parada Inglesa, dia 19/05. Foto: Marina Laurentino.
Show de Ivo Meirelles na arena Parada Inglesa, dia 19/05
Show de Ivo Meirelles na arena Parada Inglesa, dia 19/05. Foto: Marina Laurentino.
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Palco Itaquera, zona leste. Foto: Marina Laurentino.
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Cannes é o festival responsável por lançar novos filmes para o mundo
por
Annanda Deusdará
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27/05/2024 - 12h

O Festival de Cinema de Cannes acontece anualmente, na cidade que dá nome ao evento, no sul da França. Durante os 12 dias do evento, de 14 a 25 de maio, ele reúne produtores, compradores, distribuidores, atores e diretores, como um encontro de negócios da indústria cinematográfica. 

O evento conta com mostras, homenagens e exposições, sendo a Seleção Oficial de filmes a principal. Dos mais de 50 títulos exibidos no festival, 22 concorrem à Palma de Ouro, premiação de grande notoriedade do próprio festival. Como é o caso do cineasta cearense, Karim Aïnouz, que representa o Brasil com “Motel Destino”, que tem estreia marcada para terça-feira (22/05).

Na 77ª edição, o júri é composto pela Greta Gerwig, diretora de Barbie, como presidente e outros oito nomes de peso do cinema mundial, incluindo: Ebru Ceylan (Sono de Inverno), roteirista e fotógrafa turca; Lily Gladstone (Assassinos da Lua das Flores), atriz norte-americana; Eva Green (Os Luminares), atriz francesa; Nadine Labaki(Perfeitos Desconhecidos), atriz libanesa; Juan Antonio Bayona (Sociedade da Neve), diretor, produtor e roteirista espanhol; Pierfrancesco Favino (Comandante), ator italiano; Kore-Eda Hirokazu (Kaibutsu), diretor japonês; e Omar Sy (Lupin), ator e produtor francês.

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A presidente do júri Greta Gerwig (segunda da esquerda para direita), posa com os membros do júri, na chegada à cerimônia de abertura do festival — Foto: Vianney Le Caer/Invision/AP

 

Os membros terão a tarefa de escolher entre os 22 filmes em competição para atribuir a Palma de Ouro, bem como outros prémios de prestígio - o Grande Prémio, o Prémio do Júri, o Prémio do Realizador, o Prémio do Argumento e os Prémios de Melhor Ator e Melhor Atriz.

Brasil se faz presente 

Nesta edição, sete produções nacionais foram selecionadas para exibição: os longas Motel Destino, A Queda do Céu e Baby. Como curtas: Amarela e A Menina e o Pote. Já como documentário A Casa da Árvore e o clássico restaurado Bye, Bye, Brasil. 

O cineasta brasileiro Flávio Ermírio chega ao Festival de Cannes apresentando A Casa da Árvore, que foi exibido neste domingo (19/5) na oficial Blood Window, plataforma que apresenta filmes latinos de terror, suspense e fantasia. O filme acompanha a história de uma bióloga, que conduz uma pesquisa eticamente questionável. Ela contrata um caseiro para ajudá-la, mas descobre que o homem também esconde alguns segredos. Na trama, a bióloga, então, é levada ao limite para revelar tudo que esconde.

Na Quinzena dos Cineastas, os brasileiros Eryk Rocha e Gabriela Carneiro apresentam o documentário “A queda do céu”, que acompanha a vida de uma aldeia dos yanomami no coração da floresta, onde uma etnia de cerca de 30 mil indígenas vive em seu território, mas regularmente sofre com as invasões de garimpeiros e madeireiros.

 

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Foto de divulgação do filme "A Queda do Céu" - Foto: Festival de Cannes/Divulgação
 

Apesar de ser feito por um americano, Oliver Stone (Nuclear Now), o documentário “Lula”, exibido no domingo (19) na mostra de Sessões Especiais, ainda é relevante para o público brasileiro. A trama traz um retrato íntimo e político do atual presidente Luiz Inácio da Silva, que tem como eixo central a sua prisão, no âmbito da Operação Lava Jato, em 2018, até seu retorno ao poder, em 2022, após 580 dias na cadeia. O filme está concorrendo ao Olho de Ouro, prêmio para filmes do gênero. 

Homenagens

A escolha dos homenageados é feita a partir da relevância que estes tiveram no meio cinematográfico, como a inovação nos roteiros e cenários (George Lucas), nas animações (A Viagem de Chihiro) ou pautas levantadas e espaços conquistados (Meryl Streep), durante sua carreira.Esse ano, os três escolhidos pelo evento foram, a atriz Meryl Streep, o diretot George Lucas e o Studio Ghibli, sendo a primeira vez que Cannes faz uma homenagem coletiva.

 

Meryl Streep (Dama de Ferro), já recebeu 21 indicações ao Oscar e levou três estatuetas para casa. A homenagem ocorre 35 anos depois de seu prêmio como Melhor Atriz por “Um Grito no Escuro”, em 1989, na sua única aparição em Cannes antes dessa edição.

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Meryl Streep no Festival de Cannes 2024
Foto: Stephane Cardinale - Corbis/Corbis via Getty Images

George Lucas (Star Wars) é diretor, roteirista e produtor, foi um dos pioneiros da indústria de efeitos visuais. Com a saga “Star Wars”, imaginou um universo inteiro, e se tornou um marco cultural no mundo todo, também foi um dos criadores de "Indiana Jones”.

O Studio Ghibli (O menino e a Garça), é um estúdio de animações japonesas, fundado há 40 anos por Hayao Miyazaki, Isao Takahata, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma, e se tornou um dos ícones mundiais do cinema de animação.

1° dia (14/05)

O Festival começou com a apresentação dos jurados e uma homenagem à presidente do júri, Greta, com exibição de um clipe com os seus trabalhos na atuação (Frances Há e Mistress America) e direção (Lady Bird, Adoráveis Mulheres e Barbie). Em seguida, Juliette Binoche (O Sabor da Vida), entregou a Palma de Ouro honorária à Meryl Streep e a agradeceu pela visibilidade dada às mulheres durante o meio século de carreira no teatro e na televisão.

Ao final da cerimônia, foi feita a apresentação do filme de abertura do Festival, uma comédia que discute o processo criativo e os bastidores do cinema, “O Segundo Ato”, de Quentin Dupieux. O filme conta a história de uma filha que quer apresentar ao seu pai, o homem por quem está apaixonada, ele por sua vez quer empurrá-la para um amigo. Segundo os personagens que também são atores, o filme que estão interpretando é dirigido e escrito por inteligência artificial, sendo essa uma das várias críticas de Dupieux ao longo da trama.

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Cena de “O Segundo Ato” de Quentin Dupieux - Foto: Cinema de Arte Francesa/Divulgação

2° dia (15/05)

Dando início às mostras que estão competindo pela Palma de Ouro, “Diamante Bruto”, é a estreia da francesa Agathe Riedinger, no qual ela reflete e critica os conceitos de feminilidade na contemporaneidade. O longa fala sobre Liane, jovem que mora com a mãe e a irmã em Fréjus, no sul da França, que é consumida por aspirações de beleza e estrelato.

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Elenco de “Diamante Bruto” de Agathe Riedinger 
Foto: Daniele Venturelli / Getty Imagens

O sueco Magnus von Horn(Suor), exibe "A Garota com a Agulha”, o filme se passa em 1919, onde uma jovem trabalhadora fica desempregada e grávida. Até que ela conhece Dagmar, que dirige uma agência clandestina de adoção. 

3° dia (16/05)

A inglesa Andrea Arnold (Wasp), chega a Cannes com um filme cheio de alegorias animais. “Pássaro” conta sobre Bailey, que vive com seu irmão e seu pai, que os cria sozinho em um alojamento no norte de Kent. Por se revoltar contra a nova união do pai Bailey procura atenção e aventura em outros lugares se aproximando de um estranho que acaba de chegar ao bairro (Bird). 

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Elenco de “Bird” de Andrea Arnold - Foto: Andreas Rertz/ Getty Imagens

Francis Ford Coppola (Virgínia), o americano traz “Megalopolis”, um filme se passa em Nova York, onde uma mulher está dividida entre a lealdade ao pai, que tem uma visão clássica da sociedade, e ao amante, que é mais progressista e pronto para o futuro.

4° dia (17/05)

O Americano Paul Schrader (Fé Corrompida), exibe "Oh, Canada", que fala sobre Leonard Fife, um dos sessenta mil jovens que fugiram para o Canadá para não servirem ao exército na guerra do Vietnã. A história começa anos depois, Leonard é um documentarista que conta a sua história diante das câmeras, refletindo sobre sua vida e a morte.

 

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Elenco de “Oh Canada” de Paul Schrader - Foto: Danielle Venturello/ Getty Imagens

O grego Yorgos Lanthimos (Pobres Criaturas), exibe "Tipos de Gentileza", que é a junção de três histórias curtas: Um homem procura libertar-se do seu caminho predeterminado, um policial questiona o comportamento da sua esposa após um suposto afogamento e a busca de uma mulher para localizar um indivíduo profetizado para se tornar um guia espiritual.

O romeno Emanuel Parvu (Consequências Irreversíveis), estreia em Cannes com “Três quilómetros até o fim do mundo”. O filme fala sobre um homem endividado, que vive em uma vila remota, e acaba de perder o emprego, mas conservador e mantendo o que chama de valores tradicionais, ele fica desesperado quando seu filho é espancado na rua e muda de perspectiva quando descobre que o menino é gay. 

5° dia (18/05)

O diretor chinês, Jia Zhangke (Amor até as cinzas) está em sua sétima passagem pelo festival, neste ano ele traz “Apanhados pela maré”, que conta uma história de amor ao longo de anos, que se mistura com a história da China, começando no ano 2001, até o começo do Covid, onde o filme estabelece o seu fim. A produção também resgata passagens e personagens de outras obras do autor.

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Elenco de “Apanhados pela maré” de Jia Zhangke - Foto: Andreas Rertz/ Getty Imagens

Assim como Jia, o diretor francês Jacques Audiard (Paris, 13° Distrito) faz sua sétima estreia em Cannes com “Emilia Perez”, um musical que conta a história de uma advogada que recebe uma oferta inesperada: ajudar um chefe de cartel a se aposentar e realizar o seu maior sonho, que é se tornar uma mulher. 

6° dia (19/05)

Fora da competição, Kevin Costner (Pacto de Justiça), estreou seu filme “Horizon: Uma Saga Americana Capítulo Um”. O projeto é dividido em quatros filmes, formando uma saga, que serão lançados de forma consecutiva. Contando parte da história dos Estados Unidos, a trama se passa depois da Guerra Civil e foca na colonização do oeste americano. Os dois primeiros sairão esse ano, enquanto ele busca recursos financeiros para gravar os dois próximos.

O russo Kirill Serebrennikov (A Esposa de Tchaikovsky), que está pela quinta vez em Cannes, traz o filme “Limonov - A balada”. A obra conta a história de Eduard Limonov, poeta soviético radical que se tornou um vagabundo em Nova York, uma sensação na França e um anti-herói político na Rússia.

 

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Elenco de “Limonov- A balada” de Kiril Serebrennikov- Foto Victor Boyko/ Getty Imagens
 

Coralie Fargeat (Vingança), chega na competição com o primeiro terror do ano. “A Substância”, conta a história de uma atriz de Hollywood que virou apresentadora de exercícios aeróbicos, mas é demitida de uma rede de TV porque agora é considerada velha demais. Em desespero, ela liga para um número que lhe foi entregue anonimamente e se envolve com um sinistro programa de ficção científica de aprimoramento corporal.

O que esperar da segunda semana do festival?

Durante o decorrer do evento, teremos as exibições dos nove filmes restantes que concorrem à Palma de Ouro, entre eles o brasileiro “Motel Destino” e a muito aguardada cerimônia de premiação, que vai ocorrer no sábado. As obras exibidas na quinta e sexta feira ainda não foram liberadas, e a programação fica assim:

Segunda-feira (20/05) - As Mortalhas (David Cronenberg) e o Aprendiz (Ali Abbasi).

Terça-feira (21/05) - O Partenope (Paolo Sorrentino), Meu Marcelo (Christophe Honoré) e Anora (Sean Baker).

Quarta-feira (22/05) - Grande Passeio (Miguel Gomes) e Motel Destino (Karim Aïnouz)

Quinta e sexta (23 e 24/05) - Ufa, amor (Gilles Lellouche), O Mais Precioso dos Bens (Michel Hazanavicius) e A Semente do Figo Sagrado (Mohammad Rasoulof).

Sábado (25/05) - Anúncio dos filmes vencedores e homenagens ao George Lucas e Studio Ghibli.

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Espetáculo dá aula sobre valorização da cultura brasileira
por
Júlia Takahashi
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20/05/2024 - 12h

“Um país sem cultura, é um país sem identidade”. Essas foram as palavras da atriz Cláudia Raia no encerramento da peça “Tarsila, a Brasileira”. Em cartaz desde o começo do ano, 25 de janeiro, no Teatro Santander, a apresentação, em forma de musical, descreve a vida da artista a partir da sua chegada de Paris a São Paulo, no encontro com os modernistas Anita Malfatti (Keila Bueno), Mário de Andrade (Dennis Pinheiro), Menotti del Picchia (Ivan Parente) e Oswald de Andrade (Jarbas Homem de Mello), artistas que formariam o famoso Grupo dos Cinco.

A peça enaltece a Semana de Arte Moderna e sua influência na sociedade, além de destacar a valorização da cultura brasileira. Em paralelo, conta o íntimo de Tarsila, o romance com Oswald, a ida do casal à Paris, no qual a artista volta ao seu renomado atelier, frequentado pela nata artística parisiense da época, como Pablo Picasso (Renato Bellini), Igor Stravinsky (Guilherme Terra), Jean Cocteau (Ivan Parente e Marcos Lanza), entre outros.
 

Claudia Raia é Tarsila do Amaral em 'Tarsila, a Brasileira'
Claudia Raia como Tarsila do Amaral — Foto: Paschoal Rodriguez 

 

Cláudia Raia brilha interpretando Tarsila, com o poder da sua voz e presença no palco. Traz a seriedade da artista, ao mesmo tempo, toda ambição e aspiração por mudanças que a artista buscava. Em entrevista para o Fantástico, Cláudia Raia conta como foi interpretar a artista: “Eu sou expansiva, alegre para fora. E ela é ao contrário. Eu tive que fazer um trabalho corporal, tirar a bailarina de mim e dançar como se eu não fosse uma bailarina”.

Tarsila viveu até 1973, com 86 anos, e ao mesmo tempo que, no segundo ato, Raia nos faz sentir a dor da traição, da falência, da solidão e principalmente da perda pela morte de familiares e amigos, também nos mostra que a artista vive até hoje com toda a sua grandeza e influência nas artes plásticas. Ao final da peça, Cláudia Raia faz um discurso emocionante sobre a valorização da cultura brasileira, explica resumidamente a Lei Rouanet, e exalta a identidade do Brasil, pelo teatro, a música, as artes plásticas e outros braços da arte.

Como comprar?

Dia: até 26 de maio (conferir no site todas as datas disponíveis)

Horários: Quintas-feiras, às 20h; Sextas-feiras, às 20h; Sábados, às 16h e 20h; Domingos, às 16h e 20h

Local: Teatro Santander - Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041

INGRESSOS Internet (com taxa de conveniência): https://bileto.sympla.com.br/event/88581/d/229772

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Na atual Itália de extrema direita a exposição “Foreigners Everywhere” promove uma visão contracultural sobre o estrangeiro
por
Beatriz Yamamoto
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16/05/2024 - 12h

Bienal de Veneza 2024
Entrada da Bienal de Veneza de 2024/ Foto: Matteo de Mayda/CASACOR

A 60ª edição da Bienal de Veneza, que ocorre de 20 de abril a 24 de novembro, destaca-se por suas exposições que reúnem imigrantes, artistas queers, outsiders, autodidatas e indígenas, caracterizados por sua condição de estrangeiros, o que inspira o título "Foreigners everywhere" ("Estrangeiros em todos lugares", em português). No atual momento, a relevância do tema se estende não apenas para a história da Bienal de Veneza, mas também para a sociedade e a cultura italiana. Como também traz uma enorme relevância para o Brasil, que além de abordar o fenômeno contemporâneo da imigração compulsória, tem pela primeira vez a curadoria de um brasileiro, Adriano Pedrosa.

 

Curadoria de Adriano Pedrosa

“O diferente, nessa edição, é a presença de um curador brasileiro, um intelectual que já atuou como artista, inclusive, experimentando a dimensão mais pragmática e política de um pensar sobre arte, reinterpretar sua história e as relações de poder nela implicadas, e sublinhar o papel do Brasil nesse contexto” comenta Rafael Vogt, artista, professor de pós-graduação na Faculdade Belas Artes, curador e ministrante de cursos de arte livres no MASP, na Pinacoteca e no Instituto Tomie Ohtake. Em entrevista à AGEMT, ele compartilha sua experiência como crítico de arte e destaca a importância do Brasil nessa Bienal.

A 60ª edição da Bienal conta com 332 artistas, provenientes majoritariamente de países periféricos, e que vivem ou viveram em situações marginais em decorrência de sua origem, identidade de gênero ou de problemas migratórios. 

Vogt destaca grandes nomes, inclusive estrangeiros, que atuaram no Brasil ou a partir dele: Lina Bo Bardi, Maria Bonomi, Claudia Andujar, Waldemar Cordeiro, Cícero Dias, o Movimento dos Artistas Huni Kuin, Rubem Valentim, entre muitos outros de um grupo que forma, provavelmente, a maior “representação brasileira” já apresentada na Europa.

Adriano Pedrosa, diretor artístico do Museu de Arte de São Paulo (MASP), assume o papel de curador para o principal evento de arte sediado no epicentro cultural europeu. Sua curadoria destaca artistas estreantes de diversas origens. 

 

60 edição: “Estrangeiros em todos os lugares”

O título da mostra, Foreigners everywhere (Estrangeiros em todos os lugares), tem inspiração na obra de Claire Fontaine, um coletivo de artistas parisienses que utiliza o pseudônimo feminino para “explorar como objetos pré-existentes podem assumir novas identidades artísticas”, segundo o Aventura Mall.

Claire Fontaine, Bienal de Veneza
Obra de Claire Fontaine, Foreigners Everywhere, 2004/ Foto: Archives Mennour.

 

A obra é um conjunto de esculturas em neon de diversas cores e em diferentes idiomas, majoritariamente os de nações do Sul Global e de etnias indígenas, as palavras “Foreigners Everywhere”. 

O coletivo Claire Fontaine tem como inspiração Marcel Duchamp e explora a essência do movimento dadaísta: um objeto produzido em massa, disponível comercialmente e utilitário passa a designar uma identidade de gênero e a expressar um discurso político. 

A obra inspirou Adriano Pedrosa a utilizar o nome de um coletivo italiano de base anarquista, Stranieri Ovunque (Estrangeiros em todos os lugares), transformando-o em uma obra de arte que é, ao mesmo tempo, discursiva e única, mas também universal.

Além disso, em sua apresentação, Adriano Pedrosa menciona que a palavra estrangeiro em italiano, em português, em espanhol e em francês é etimologicamente ligada ao termo “estranho”. O mesmo vale para a palavra queer (do inglês), cuja origem também remete à ideia de “estranho”. Ele comenta que já foi estrangeiro em diversos momentos de sua vida, morando fora e viajando. Pedrosa se identifica como queer e evidencia a inclusão de artistas queers, trans e não binários na exposição.

 

A exposição

Instalada no Pavilhão Central (Giardini) e no Arsenale, a Exposição Internacional é dividida em duas seções: o Núcleo Contemporâneo e o Núcleo Histórico.

A primeira parte, intitulada “Núcleo contemporâneo”, é composta por artistas queers, outsiders, populares e autodidatas que acabam se relacionando por transitar dentro de diferentes sexualidades e gêneros ou operar em círculos e contextos diferentes ou estarem marginalizados no circuito de arte sendo muitas vezes perseguidos e proibidos.

Além disso, conta com forte presença dos indígenas, que como mencionado pelo curador durante sua apresentação, são considerados estrangeiros em sua própria terra. 

Os Estados Unidos, por exemplo, são pela primeira vez representados individualmente por um artista indígena de origem Choctaw-Cherokee, Jeffrey Gibson. A França é representada por Julien Creuzet, um artista negro nativo da colônia martínica, e traz obras de poesia, folclore e esculturas.

O Brasil marca presença neste núcleo com o coletivo Mahku, que representa os artistas indígenas de forma significativa no pavilhão central. O coletivo de arte indígena amazônica conta a história da “kapewë pukeni” (“a ponte do jacaré”) e retrata visões inspiradas em rituais sagrados baseados no consumo de ayahuasca, bebida de efeitos psicoativos.

A segunda parte, intitulada de “Núcleo histórico”, busca reescrever a história do modernismo no mundo, destacando que este movimento não se limita à Europa, e promove uma reflexão crítica sobre as fronteiras globais do modernismo. Essa seção concentra-se principalmente na apresentação de artistas da América Latina, África, Oriente Médio e Ásia que atuaram ao longo do século XX. Suas obras estão inseridas no contexto do modernismo, porém, em grande parte, permanecem desconhecidas no cenário principal da arte moderna e contemporânea. Nomes como Tarsila do Amaral e Frida Kahlo estarão presentes.

O núcleo é composto por três salas distintas: uma é intitulada Portraits, com pinturas, obras em papel e esculturas que exploram a figura humana sobre a crise de auto representação por grande parte da arte do século XX; outra chamada Abstractions,  com 37 artistas, que expressam novas conexões no campo abstrato a arte; e a terceira é dedicada à diáspora artística italiana mundial no século XX. São exibidas obras de 40 artistas italianos da primeira ou segunda geração, exibidos nos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi, cumprindo o duplo papel de homenagem à arquiteta ítalo-brasileira e de assinatura curatorial.

Cavaletes Lina Bobardi
Núcleo Histórico com as obras expostas nos cavaletes de Lina Bo Bardi/ Foto: Marco Zorzanello

 

Arte e Política

A arte nunca é apartada da política. A produção artística reflete o contexto social e cultural, incorporando preocupações políticas, sociais e econômicas. Os artistas usam sua arte para expressar opiniões políticas, desafiar o status quo e promover mudanças sociais, abordando questões como injustiça, desigualdade e direitos humanos. As obras de arte são interpretadas dentro de um contexto político e ideológico, analisadas pelo público e por críticos que buscam significados políticos subjacentes. 

A 60ª edição propõe que o interlocutor alargue o próprio horizonte e problematize a quem recai, de fato, a identidade do estrangeiro. Além disso, levanta questões contemporâneas que dialogam intimamente com a tradição e o legado histórico da Bienal de Veneza.

O crítico Rafael Vogt observa que, embora essa abordagem pareça ampliar o campo da arte para incluir o ativismo, o engajamento pode ser sustentado, ironicamente, por uma mentalidade mais conservadora, centrada ainda na dicotomia tradicional pintura/escultura e em estruturas randomicamente estabelecidas, mais pelo mercado secundário do que por um reflexão sobre as complexidades da cultura contemporânea. 

“A presença dos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi não deixa dúvidas sobre um recuo que coloca o meio mais tradicional e intrinsecamente eurocêntrico e colonial, a pintura, no centro das discussões mais variadas como questões climáticas, causas como a indígena, os movimentos migratórios, questões de gênero e sexualidade. Não que isso ofusque o teor estético da exposição, mas, precede-o, a ideia de que a arte não tem uma função social específica, mas uma relação autônoma com o desenvolvimento histórico de seus meios”, finaliza o professor.