Movimento apresenta mais de 1 milhão de assinaturas para a União Europeia
por
Thomas Fernandez
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22/09/2025 - 12h

 

O movimento “Stop Killing Game” criado por Ross Scott, do canal Accursed Farms, apresentou em 2025 mais de 1 milhão de assinaturas à União Europeia para exigir medidas que impeçam a remoção e desligamento de jogos digitais. A preservação é definida como um conjunto de ações voltado a manter a integridade de bens, documentos ou pessoas, tendo museus e centros históricos como instituições dedicadas a essa tarefa. 

No campo do entretenimento, os videogames se destacam como a indústria que mais cresce desde a década de 1950. Apesar do seu impacto econômico e cultural, eles recebem atenção limitada em políticas e práticas de preservação, diferente de outras formas de arte, como cinema, televisão e literatura. 

Devido a inacessibilidade de jogos comprados por consumidores, a proposta do movimento é simples, mas poderosa: proteger os consumidores e preservar os videogames, trazendo as práticas recorrentes de empresas que fecham os servidores ou retiram os jogos do mercado digital, apagando não apenas produtos, mas também capítulos de história cultural dos videogames.

Foto do criador do movimento, Stop Killing Games, Ross Scott
Ross Scott, criador do movimento Stop Killing Games.  Foto: REPRODUÇÃO/YOUTUBE Accursed Farms
 

A iniciativa se transformou em “Stop Destroying Videogames”, utilizando a Iniciativa de Cidadania Europeia, uma ferramenta disponível para cidadãos da União Europeia para levarem questões diretamente ao parlamento europeu. A petição foi registrada em junho do ano passado e começou a coletar assinaturas no dia 31 de julho de 2024. No mesmo dia, Scott, soltou um vídeo com o título "Europeans can save gaming!", que compartilha sobre como o movimento pode levar a criação de lei com um número alto de assinaturas e apoiadores. 

Ele destaca que a criação da lei não era uma certeza, entretanto, apontava que existem fatores, como: o alinhamento com outras políticas para consumidores e indefinições jurídicas nas práticas no meio dos games. Esses pontos reforçam que o sucesso está no futuro do movimento. Depois de alcançar 1 milhão de assinantes e realizar uma vistoria -  para desconsiderar menores de idade, duplicidades e pessoas fora da UE - a petição apresentou 97% de validação das assinaturas.

A preocupação é  quando um jogo é removido das lojas digitais ou tem os serviços online desligados, pois deixa de ser acessível para futuras gerações de gamers. Um dos casos mais conhecidos foi do “Project CARS 3”, lançado em 2020. O produto foi retirado de circulação para venda e fecharam os servidores, tornando-se praticamente inacessível. 

O mesmo ocorre com títulos de grandes estúdios como Ubisoft e EA, sendo uma tendência que preocupa colecionadores, consumidores e fãs. Diferente de filmes, livros e músicas, que possuem mais facilidade para sua preservação, os games dependem de vários fatores: chaves digitais, servidores e licenciamento contínuo para existir. Para isso, a preservação não exige somente de vontade cultural, mas também mudanças legais e regulatórias.

No Brasil, esse debate começou a ganhar relevância em 2024, com a aprovação do Marco Legal da Indústria de Jogos Eletrônicos (Lei nº 14.852/2024). Embora a lei tenha o intuito de incentivar o crescimento do setor no país e atrair investidores, ela também abre espaço para a reflexão sobre o ciclo de vida dos jogos e sua preservação como patrimônio cultural. A luta pela proteção e cuidados dos videogames não é apenas dos jogadores nostálgicos, mas também uma questão cultural e de direito de acesso.

O “Stop Killing Games” mostra que, diante da lógica do mercado, há fãs dispostos a lutar para que os jogos não desapareçam.Se no passado os museus se dedicaram a guardar fósseis, manuscritos e obras de arte, o futuro terá que olhar também para os consoles, cartuchos e CDs. Porque, como lembra o movimento, “ao desligar um jogo, não se mata apenas um software, se apaga uma parte da história”.

 

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Profissionais da área relatam dificuldade de valorização, ausência de políticas públicas e dependência do mercado internacional para manter a carreira
por
Fernanda Dias
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18/09/2025 - 12h

A escultura no Brasil ainda é um campo pouco explorado e com inúmeros desafios, como a falta de políticas públicas, a ausência de incentivo cultural e um universo ainda limitado de pessoas dispostas a investir em arte no país. Para manter a profissão viva, muitos artistas recorrem ao mercado internacional e às redes sociais como alternativa de divulgação.

No cenário brasileiro, a escultura não ocupa o mesmo espaço que outras linguagens artísticas, como a música ou as artes visuais mais populares. O escultor Rick Fernandes, que atua na área desde a década de 1990, observa que a profissão ainda carece de reconhecimento cultural. “O brasileiro não tem a mesma tradição que americanos e europeus em colecionar arte. Muitas vezes, as prioridades econômicas acabam afastando o público”, afirma.

Esse distanciamento é agravado pela falta de políticas voltadas à categoria. Projetos de incentivo que poderiam estimular a prática da escultura em escolas ou em comunidades raramente são aprovados. Fernandes relembra tentativas frustradas em 2015 e 2023 de levar oficinas para jovens da periferia e para pessoas com deficiência. “Os incentivos, em sua maioria, estão voltados para música e grandes eventos. Nichos como a escultura ficam esquecidos”, critica.

   Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/


                    Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/

No mercado, outro obstáculo é a dificuldade de concorrer com produtos industrializados ou importados. Segundo Fernandes isso faz que muitos escultores direcionem suas obras ao exterior, onde encontram colecionadores e compradores mais fiéis. O artista calcula que cerca de 80% de suas encomendas vêm de fora do Brasil. Mesmo com a popularização de novas tecnologias, como impressoras 3D, ele destaca que há demanda para trabalhos exclusivos, o que mantém a escultura tradicional relevante.

As redes sociais têm sido fundamentais para reduzir a distância entre artistas e público. Plataformas como o Instagram permitem que escultores apresentem seus portfólios, encontrem clientes e troquem experiências em comunidades digitais. “Muitos dos meus contatos surgiram através da rede. É uma vitrine essencial para quem vive da arte”, ressalta o escultor.

Além do mercado e do incentivo, a valorização da escultura ainda depende de uma mudança de percepção social sobre o trabalho manual e artístico. Para Fernandes, investir na formação desde cedo é o caminho. “Campanhas nas escolas de ensino fundamental poderiam fazer a diferença. As crianças têm fome de aprender coisas novas e a escultura poderia ser mais explorada nesse ambiente”, defende.

Apesar das dificuldades, Fernandes garante que nunca pensou em desistir, movido por “amor e diversão”. Além de manter o estúdio, ele atua como professor. Nem todos tiveram a mesma sorte. A artista Júlia Dias, por exemplo, faz esculturas desde 2006, mas até hoje não tem uma base fixa de clientes, vivendo em meio à instabilidade de demandas que atinge grande parte dos escultores.

O campo da escultura se divide em diferentes níveis de atuação. Enquanto alguns artistas trabalham com peças decorativas ou personalizadas para ocasiões como aniversários e eventos, outros produzem obras direcionadas a colecionadores e galerias. Essa variedade mostra como a atividade é ampla, mas também deixa claro que nem tudo recebe o mesmo valor: trabalhos voltados ao mercado de luxo encontram maior reconhecimento e retorno financeiro, enquanto produções mais populares ainda lutam por espaço e estabilidade.

Outro desafio está ligado ao custo e ao acesso a materiais de qualidade. Fernandes explica que utiliza plastilina para modelagem, moldes de silicone para a finalização e resina de poliestone para as peças finais, com acabamento em aerógrafo e pincel. Segundo ele, os materiais nacionais apresentam bom custo-benefício e já não ficam atrás dos importados. Ainda assim, os gastos para manter a produção podem ser elevados, principalmente para quem não conta com retorno constante do mercado.

Apesar de não existirem editais exclusivos para escultores no Brasil, a categoria pode concorrer em programas de incentivo mais amplos voltados às artes visuais e à cultura. Iniciativas como os editais da Funarte (Fundação Nacional de Artes, do governo federal), o ProAC (Programa de Ação Cultural, mantido pelo governo de São Paulo)  e leis de incentivo fiscal possibilitam que projetos de escultura recebam apoio. No entanto, a concorrência é acirrada e a escultura segue como um nicho pouco contemplado, o que reforça a sensação de invisibilidade entre os artistas da área.

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Último final de semana do evento ficou marcado por performances que misturaram passado, presente e futuro
por
Jessica Castro
Vítor Nhoatto
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16/09/2025 - 12h

A segunda edição do festival The Town se despediu de São Paulo com um resultado positivo e bastante barulho. Durante os dias 12, 13 e 14 de setembro, pisaram nos palcos do Autódromo de Interlagos nomes como Backstreet Boys, Mariah Carey, Ivete Sangalo e Katy Perry.

Realizado a cada dois anos em alternância ao irmão consolidado Rock In Rio, é organizado também pela Rock World, da família do empresário Gabriel Medina. Sua primeira realização foi em 2023, em uma aposta de tornar a cidade da música paulista, e preencher o intervalo de um ano do concorrente Lollapalooza.

Mais uma vez em setembro, grandes nomes do cenário nacional e internacional atraíram 420 mil pessoas durante cinco dias divididos em dois finais de semana. O número é menor que o da estreia, com 500 mil espectadores, mas ainda de acordo com a organizadora do evento, o impacto na cidade aumentou. Foram movimentados R$2,2 bilhões, aumento de 21% segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após um primeiro final de semana marcado por uma apresentação imponente do rapper Travis Scott no sábado (6), único dia com ingressos esgotados, e um domingo (7) energético com o rock do Green Day, foi a vez do pop invadir a zona sul da capital. 

Os portões seguiram abrindo ao meio dia, tal qual o serviço de transporte expresso do festival. Além disso, as opções variadas de alimentação, com opções vegetarianas e veganas, banheiros bem sinalizados e muitas ativações dos patrocinadores foram pontos positivos. No entanto, a distância entre o palco secundário (The One) e o principal (Skyline), além da inclinação do terreno no último, continuaram provocando críticas.

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Segundo estudo da FGV, 177 mil litros de chope e 106 mil hambúrgueres foram consumidos nos 5 dias de evento - Foto: Live Marketing News / Reprodução

Sexta-feira (12)

Jason Derulo animou o público na noite de sexta com um espetáculo cheio de energia e coreografias impactantes. Em meio a hits como “Talk Dirty”, “Wiggle” e “Want to Want Me”, o cantor mesclou pop e R&B destacando sua potência vocal, além de entregar muito carisma e sensualidade durante a apresentação.

A noite, aquecida por Derulo, ganhou clima nostálgico com os Backstreet Boys, que transformaram o palco em uma viagem ao auge dos anos 90. Ao som de clássicos como “I Want It That Way” e “As Long As You Love Me”, a plateia virou um grande coral emocionado, enquanto as coreografias reforçavam a identidade da boyband. Três décadas depois, o grupo mostrou que ainda sabe comandar multidões com carisma e sintonia.

Com novo visual, Luísa Sonza enfrentou o frio paulista com um figurino ousado e um show cheio de atitude no Palco The One. Além dos próprios sucessos que a consagraram no pop, a cantora surpreendeu ao incluir releituras de clássicos da música brasileira, indo de “Louras Geladas”, do RPM, a uma homenagem emocionante a Rita Lee com “Amor e Sexo”. A mistura de hits atuais, performances coreografadas e referências à MPB agitou a platéia.

E completando a presença de potências nacionais, Pedro Sampaio fez uma apresentação histórica para o público e para si, alegando que gastou milhões para tudo acontecer. A banda Jota Quest acalentou corações nostálgicos, e nomes em ascensão no cenário do funk e rap como Duquesa e Keyblack agitaram a platéia. 

Sábado (13)

No sábado (13), o festival reuniu diferentes gerações da música, com encontros que alternaram festa, emoção e mais nostalgia. Ivete Sangalo levou a energia de um carnaval baiano para o The Town. Colorida, divertida e sempre próxima da multidão, fez do show uma festa ao ar livre, com direito a roda de samba e participação surpresa de ritmistas que incendiaram ainda mais a apresentação. O repertório, que atravessa gerações, transformou a noite em um daqueles encontros em que ninguém consegue ficar parado.

Mais íntimo e afetivo, Lionel Richie trouxe outro clima para a noite fria da cidade da música. Quando sentou ao piano para entoar “Hello”, parecia que o festival inteiro tinha parado para ouvi-lo. A emoção foi tanta que, dois dias depois, o cantor usou as redes sociais para agradecer pelo carinho recebido em São Paulo, declarando que ainda sentia o amor do público brasileiro.

A diva Mariah Carey apostou no glamour e em seu repertório de baladas imortais. A performance, embora marcada por certa distância, encontrou momentos de brilho quando dedicou uma música ao público brasileiro, gesto que foi recebido com emoção. Hits como “Hero” e “We Belong Together” reafirmaram o status da cantora como uma das maiores vozes do pop mundial.

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Vestindo as cores do Brasil, Mariah manteve seu estilo pleno, o que não foi positivo dessa vez - Foto: Ellen Artie

O festival também abriu espaço para outras vozes marcantes. Jessie J emocionou em um show acústico intimista, feito apesar de estar em tratamento contra um câncer de mama — e que acabou sendo o único da cantora na América do Sul após o cancelamento das demais datas na América do Norte e Europa. 

Glória Groove incendiou o público com sua potência performática e visual, enquanto Criolo trouxe poesia afiada e versos de impacto, lembrando a força política do rap. MC Livinho levou o funk a outro patamar e anunciou seu novo projeto de carreira em R&B. Péricles encerrou sua participação em clima caloroso de roda de samba, onde cada espectador parecia parte de um grande encontro entre amigos.

Domingo (14)

Com Joelma, o The Town se transformou em um baile popular de cores, brilhos e danças frenéticas. A cantora revisitou sucessos da época da banda Calypso e apresentou a força de sua carreira solo, mas também abriu espaço para artistas nortistas como Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara. 

O gesto deu visibilidade a uma cena muitas vezes esquecida nos grandes festivais e reforçou sua identidade como representante da cultura amazônica. Com plateia recheada, a artista mostrou que a demanda é alta.

No início da noite, em um horário um pouco melhor que sua última apresentação no Rock In Rio, Ludmilla mobilizou milhares de pessoas no palco secundário. Atravessando hits de sua carreira como “Favela Chegou”, “É Hoje” e sucessos do Numanice, entregou presença de palco e coreografias sensuais. A carioca também surpreendeu a todos com a aparição da cantora estadunidense Victória Monet para a parceria “Cam Girl”.

Sem atrasos, às 20:30, foi a vez então de Camila Cabello levar ao palco o último show da C,XOXO tour. A performance da cubana foi marcada pelo seu carisma e declarações em português como “eu te amo Brasil” e “tenho uma relação muito especial com o Brasil [...] me sinto meio brasileira”. Hits do início de sua carreira solo animaram, como “Bad Kind Of Butterflies” e “Never Be The Same”, além de quase todas as faixas do seu último álbum de 2024, que dá nome à turnê, como “HE KNOWS” e “I LUV IT”. 

A performance potente e animada, que mesclou reggaeton e eletrônica, ainda contou com o funk “Tubarão Te Amo” e uma versão acapella de “Ai Se Eu Te Pego” de Michel Teló. Seguindo, logo após “Señorita”, parceria com o seu ex-namorado, Shawn Mendes, ela cantou “Bam Bam”, brincando com a plateia que aquela canção era para se livrar das pessoas negativas. Vestindo uma camiseta do Brasil e com uma bandeira, encerrou o show de uma hora e meia com “Havana”.

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Com coreografia, grande estrutura metálica e vocais potentes, Camila entregou um show de diva pop - Foto: Taba Querino / Estadão

Para encerrar o festival, Katy Perry trouxe espetáculo em grande escala, mas não deixou faltar momentos de intimidade. A apresentação iniciada pontualmente às 23h15 teve direito a pirotecnias, muitos efeitos especiais e um discurso emocionante da cantora sobre a importância de trazer sua turnê para a América do Sul. 

Em meio a cenários lúdicos, trocas de figurino e um repertório recheado de hits, Katy Perry chamou o fã André Bitencourt ao palco para cantarem juntos “The One That Got Away”, o que levou o público ao delírio. O show integrou a turnê The Lifetimes World Tour, e deixou a impressão de que a artista fez questão de entregar em São Paulo um dos capítulos mais completos dessa jornada.

No último dia, outros públicos foram contemplados também, com o colombiano J Balvin, dono de hits como “Mi Gente”, e uma atmosfera poderosa com IZA de cleópatra ocupando o palco principal no início da tarde. Dennis DJ agitou com funk no palco The One e, completando a proposta do festival de dar espaço a todos os ritmos e artistas, Belo e a Orquestra Sinfônica Heliópolis marcaram presença no palco Quebrada. 

A cidade da música em solo paulista entregou o que prometia, grandes estruturas e um line up potente, mas ainda segue construindo sua identidade e se aperfeiçoando. A terceira edição já foi inclusive confirmada para 2027 pelo prefeito Ricardo Nunes e a vice-presidente da Rock World, Roberta Medina em coletiva na segunda-feira (15).

Festival reúne multidões, entrega shows históricos e consagra marco na cena musical brasileira
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
Yasmin Solon
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10/09/2025 - 12h

Com mais de 100 mil pessoas por dia, o The Town estreou no último fim de semana, 6 e 7 de setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Travis Scott encerrou o sábado (6) no palco Skyline com um show eletrizante, enquanto Lauryn Hill emocionava fãs no palco The One ao lado dos filhos YG e Zion Marley. No domingo (7), os destaques ficaram por conta de Green Day e Iggy Pop, além de apresentações de Bad Religion, Capital Inicial e CPM 22.

O festival retoma a programação nos dias 12, 13 e 14 de setembro, com shows de Backstreet Boys, Mariah Carey, Lionel Richie e Katy Perry.

“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil
“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil 
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil 
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil 
Capital Inicial leva o rock nacional ao palco Factory, na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil
Palco Factory, que recebeu o Capital Inicial na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil 
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon

 

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Colombiana ficou conhecida por misturar crítica social, poesia e arte
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
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09/09/2025 - 12h

 

Da Colômbia para o Edifício Pina Luz, Beatriz González ganha uma homenagem em celebração aos seus mais de 60 anos de carreira. Na Pinacoteca de São Paulo, a exposição Beatriz González: a imagem em trânsito reúne mais de 100 trabalhos da artista, produzidos desde a década de 1960.

Beatriz González
Beatriz González trabalha em sua obra 'Telón de la móvil y cambiante naturaleza', de 1978. Foto: Reprodução.

Reconhecida como uma das maiores personalidades da arte latino-americana, a colombiana se destacou ao transformar peças de mobiliário em pinturas. Com a política e cultura de seu país como inspiração, Beatriz combina crítica social e poesia em suas telas, como em Yolanda nos Altares, onde representa agricultores que lutavam pela devolução de suas terras, roubadas por um grupo paramilitar. 

A artista tem sua primeira mostra individual no Brasil espalhada por sete salas da Pinacoteca. A última vez que suas obras foram expostas no Brasil foi em 1971, na 11ª Bienal de São Paulo.

Logo no início da mostra, o público se depara com um espaço dedicado à reprodução e circulação artística na mídia. Um dos trabalhos mais icônicos da artista, Decoración de interiores, marca presença na sala. Uma cortina estampada com o retrato do então presidente da época (1978-1982), Julio César Turbay, questiona o peso da hierarquia presidencial.

Obra
'A Última Mesa'. Foto: Reprodução

 

Do conflito armado colombiano até suas vivências em comunidades indígenas, González extrai registros da imprensa para suas pinceladas. Entre as obras expostas, Los Suicidas del Sisga toma forma a partir de um caso real sobre um duplo suicídio cometido por um casal, refletindo sobre os códigos que vinculam a imagem à crônica policial e sua reprodução nos meios de comunicação de massa. Mais tarde, Beatriz passa a focar na iconografia política colombiana, como a tomada do Palácio da Justiça.

No catálogo, também estão releituras de clássicos contemporâneos. Entre elas, González dá uma nova cara a Mulheres no jardim, de Claude Monet, em Sea culto, siembre árboles regale más libros.

A série Pictogramas particulares encerra a exposição. Nela, a colombiana lança luz sobre a migração forçada, desastres ambientais e a violência nos territórios rurais. A partir de placas de trânsito, a artista representa hipóteses de crise social.

Em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, a mostra conta com curadoria de Pollyana Quintella e Natalia Gutiérrez.

Serviço:

  • Local: edifício Pina Luz
  • Data: de 30 de agosto até 1 de fevereiro de 2026
  • Endereço: Praça da Luz, 2, Bom Retiro, São Paulo — SP
  • Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada). Gratuito aos sábados
  • Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h
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Feira é o maior evento cultural da América Latina e reúne atividades para todas as idades
por
Barbara Ferreira
Nathalia Teixeira
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04/09/2024 - 12h

Começa nesta sexta-feira (6), a 27ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que dura até 15 de setembro. O maior evento cultural da América Latina é voltado para leitores de todas as idades com o intuito de reunir leitores, explorar uma ampla seleção de livros, participar de discussões e interagir com autores.

Realizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e organizado pela RX, o evento reúne nove espaços culturais oficiais, cerca de 150 expositores, editoras, livrarias, distribuidores e mais de mil horas de programação. 

Segundo o site do evento, são mais de 600 autores confirmados, dentre eles: Hayley Kiyoko (autora de “Girls like Girls”), Jeff Kinney (autor de “Diário de Um Banana”), Abby Jimenez (autora de “Para Sempre Seu”) e Junior Rostirola (autor de “Café com Deus Pai”).

A Colômbia é a convidada de honra desta edição, que destaca a rica diversidade cultural e literária da América Latina. O país terá uma comitiva com 17 autores, acadêmicos e chefs e ocupará um estande de 300 m² na feira.

Além de espaços e senhas para autógrafos, a Bienal Internacional do Livro promete uma experiência inesquecível dentro da programação. Confira algumas atividades que farão parte do evento: 

  • BiblioSesc: Com curadoria de Tiago Marchesano e Clivia Ramiro, do Sesc São Paulo, o BiblioSesc (Praça da Palavra e Praça de Histórias) trará conversas, narrações de histórias e performances artísticas.

 

  • Arena Cultural: Um espaço dedicado aos visitantes que oferece a chance de interagir com autores nacionais e internacionais de sucesso, em palestras e conversas exclusivas, sob a curadoria de Diana Passy.

 

  • Cozinhando com Palavras: Liderado pelo chef André Boccato, o curador mais experiente da feira, este espaço conta com mais de 50 eventos e celebra a gastronomia, um elemento central da cultura e identidade brasileiras.

 

  • Espaço Educação: O Espaço Educação busca promover encontros e discutir temas como educação ambiental, inovação e políticas públicas, com a curadoria de Solange Petrosino.

 

  • Espaço Infâncias: oferece uma programação interativa, sob orientação de Elisabete da Cruz, que inclui narrações de histórias, conversas com autores e ilustradores, pocket shows e atividades práticas, destacando os 17 ODS como protagonistas para as crianças.

 

  • Espaço Cordel e Repente: Pelo segundo ano consecutivo, Lucinda Marques supervisiona o espaço que celebra a vitalidade da literatura de cordel, com debates, palestras, shows, narrações de histórias e apresentações artísticas relevantes ao tema.

 

  • Papo de Mercado: No Papo de Mercado, a curadora Cassia Carrenho dedica o espaço às reflexões sobre questões de interesse para os profissionais da cadeia do livro, com foco na troca de experiências.

 

  • Salão de Ideias: Leonardo Neto, da CBL, e Clivia Ramiro e Tiago Marchesano, do Sesc SP, dirigem o espaço que reunirá grandes nomes para promover debates sobre questões sociais e culturais de relevância.

A Bienal acontece entre os dias 6 e 15 de setembro de 2024, no Distrito Anhembi, na Av. Olavo Fontoura, 1209 – Santana, São Paulo, local que voltará a sediar a feira após reforma. O evento terá um espaço 15% maior do que a edição anterior, ocupando 75 mil metros quadrados; com o objetivo de evitar superlotação.

Abertura da 22º Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Foto: Reprodução/Agência Brasil/Marcelo Camargo
Abertura da 22º Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Foto: Reprodução/Agência Brasil/Marcelo Camargo

Crianças de 12 anos ou menos, idosos com 60+ e portadores da Credencial Plena do Sesc têm entrada gratuita ao evento. Para os demais visitantes, ao adquirir ingresso antecipado online até o dia 05 de setembro (quinta-feira), é possível receber um cashback (R$15 para ingresso inteiro e R$10 para meia-entrada) para utilizar com os expositores participantes da ação durante o evento. Para resgatá-lo, basta se cadastrar no aplicativo da Zig utilizando o mesmo CPF da compra.

Bienal Internacional do Livro de São Paulo

Quando: 6 a 15 de setembro

Onde: Distrito Anhembi, na Av. Olavo Fontoura, 1209 – Santana, São Paulo

Ingressos: https://feverup.com/m/177232  

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Mês conta com Bienal do Livro, sessões na Cinemateca e mais de dez shows
por
Maria Eduarda Camargo
Victória da Silva
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03/09/2024 - 12h

 

O entretenimento na cidade de São Paulo não para: no mês de setembro a variedade cultural vai de um dos maiores eventos nacionais da literatura até sessões sobre o processo brasileiro de decolonização.

Na área musical, a cidade também não deixa a desejar, com a ocupação do músico Naná Vasconcelos, que ganha homenagem no Itaú Cultural, o Drag Brunch, e os variados shows que trarão alegria para os paulistas. Confira o que a cidade pode oferecer no mês de setembro.

Naná Vasconcelos

O músico pernambucano Naná Vasconcelos será homenageado no Itaú Cultural através de fotografias, documentos, entrevistas, objetos e instrumentos, como seu famoso berimbau, que fazem parte de sua história na música. Tendo performado com artistas como Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Geraldo Azevedo, Itamar Assumpção, o percussionista já foi eleito o melhor do mundo oito vezes pela revista Down Beat, e é considerado uma autoridade na percussão.

Quando: 17 de julho a 27 de outubro; 

Onde: Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149, Bairro Bela Vista, São Paulo, SP);

Ingressos: Entrada gratuita.

 

Drag Brunch

O almoço com Drag Queens é um evento que reúne apresentações como lip syncs (dublagens e interpretações de músicas), moda e comida. O espetáculo é diurno e conta com diversos artistas que performam a arte drag para os convidados durante o almoço.

Quando: 8 e 22 de setembro;

Onde: Bourbon Music Street | Rua dos Chanés, 127 - Moema, São Paulo, SP;

Ingressos: Mesas para 2, 4 ou 6 pessoas entre R$ 150 e R$ 220.

 

Cinemateca

Filme documentário "Canções em Pequim", de Milena Borba
Filme documentário "Canções em Pequim", de Milena Borba. Foto: Divulgação/Cinemateca

A cinemateca traz, logo no começo do mês duas sessões especiais com os longas “Canções em Pequim” e “Nós Somos o Amanhã” (2024), de Lute Steffen. O primeiro, de Milena Loura Barba, é embalado por uma conversa com os professores Francisco Foot e Cecília Mello, e o lançamento de “Minha China Tropical”, livro de Foot.

Quando: “Canções em Pequim” - 5 de setembro, “Nós Somos o Amanhã” - 6 de setembro;

Onde: Sala Grande Otelo (Largo Sen. Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, São Paulo, SP);

Ingressos: Entrada gratuita.

Línguas africanas que fazem o Brasil

A mostra do Museu da Língua Portuguesa, sob curadoria do músico e filósofo Tiganá Santana, traz espaços interativos com palavras e frases de línguas dos habitantes de terras da África Subsaariana, como o iorubá, eve-fom e as do grupo bantu, essenciais na criação do português falado no Brasil atualmente.

Quando: até janeiro de 2025

Onde: Museu da Língua Portuguesa (Praça da Luz, s/nº, Portão 1, São Paulo, SP)

Ingressos: R$12 a 24

J. Cunha: Corpo Tropical

J. Cunha: Corpo Tropical está em exibição na Pinacoteca
J. Cunha: Corpo Tropical está em exibição na Pinacoteca. Foto: Divulgação/Pinacoteca

A Pinacoteca reúne cerca de 300 itens do artista José Antônio Cunha, entre pinturas, desenhos, cartazes, estampas, objetos e documentos. A obra “Códice” é um destaque, por ter sido mostrada em sua integridade em apenas três ocasiões, e a mostra tem curadoria de Renato Menezes.

Quando: até 29 de setembro

Onde: Pina Estação (Largo General Osório, 66, Santa Efigênia, São Paulo, SP)

Ingressos: R$ 17 a R$ 32

Bienal do Livro

A Bienal Internacional do Livro ocorre de 6 a 13 de setembro, e conta com diversos espaços, editoras, leitores, livreiros, autores e editores. Veja mais sobre o evento aqui.

 

Shows

Nesse mês, não só cantores nacionais irão satisfazer o público paulista, mas também diversos artistas internacionais estarão na cidade. Desde o pagode do Péricles até The Weekend, não faltará gênero musical para agradar a galera. Confira os shows:

Setembro tem cenário musical recheado de atrações nacionais e internacionais
Setembro tem cenário musical recheado de atrações nacionais e internacionais. Foto (da esquerda para a direita): Reprodução/ @theweeknd @official_ARTMS Via Instagram/ Erika Goldring Via WireImage/ Canal Mariah Carey Via YouTube/@brookephotoedit Via Instagram/Breno Galtier

Péricles 

Data: 6 de setembro

Local: Befly Hall

Horário: 22h

 

The Weeknd 

Data: 7 de setembro

Local: Estádio do MorumBIS

Abertura dos portões: 16h

Horário: 21h

 

Travis Scott 

Data: 11 de setembro

Local: Allianz Parque

Abertura dos portões: 16h

Horário: 21h

 

Filipe Ret

Data: 14 de setembro

Local: Espaço Unimed

Abertura dos portões: 21h

Horário: 23h

 

ARTMS

Data: 17 de setembro

Local: TerraSP

Horário: 20h

 

Ne-Yo

Data: 19 de setembro

Local: Espaço Unimed

Horário: 21h

 

Mariah Carey 

Data: 20 de setembro

Local: Allianz Parque

Horário: 17h

 

Zé Neto & Cristiano e Diego & Arnaldo

Data: 20 de setembro 

Local: Espaço Unimed

Abertura dos portões: 20h

Horário: 22h

 

Silva

Data: 27 de setembro

Local: Espaço Unimed

Abertura dos portões: 20h

Horário: 22h

 

Niall Horan

Data: 28 de setembro

Local: Parque Ibirapuera

Abertura dos portões: 16h

Horário: 20h

 

Coala Festival

Além dos inúmeros shows, nos dias 6, 7 e 8 de setembro ocorrerá no Memorial da América Latina o Coala Festival, que contará com apresentações de Os Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, O Terno, Planet Hemp, entre outros.

Line-up Coala Festival
Line-up do Coala Festival, que ocorre entre 6 e 8 de setembro no Memorial da América Latina. Foto: @coalafestival/Instagram/Reprodução

 

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Após rumores nas redes sociais, irmãos Gallagher confirmam o ressurgimento histórico da banda com shows em julho de 2025
por
Clara Maia
Beatriz Vasconcelos
|
28/08/2024 - 12h

 

 

Após 15 anos de separação, marcada por conflitos públicos e nos bastidores entre os irmãos Liam e Noel Gallagher, a banda britânica Oasis surpreendeu o mundo ao anunciar seu retorno aos palcos no próximo ano. A notícia foi divulgada na madrugada desta terça-feira (27), em um comunicado nas redes sociais, onde o grupo confirmou uma série de shows para o verão de 2025 no hemisfério norte.

"É isso, está acontecendo!", proclamou o Oasis, despertando uma onda de euforia entre os fãs. A turnê, intitulada "Oasis Live '25", terá início em 4 de julho em Cardiff, no País de Gales, e seguirá para Manchester, cidade natal dos Gallagher, onde estão programadas quatro apresentações.

 

Além disso, a banda fará quatro noites no lendário estádio de Wembley, em Londres, com shows adicionais em Edimburgo e Dublin. A venda de ingressos começará no próximo sábado (31), com a promessa de que outras datas fora da Europa serão anunciadas em breve.

O retorno ocorre em um momento simbólico, 30 anos após o lançamento do primeiro álbum da banda, "Definitely Maybe", que marcou o início da trajetória do Oasis no cenário do “britpop” dos anos 1990. O anúncio veio após semanas de especulações intensificadas por uma série de postagens enigmáticas de Liam Gallagher nas redes sociais, e um vídeo misterioso que gerou um frenesi entre os fãs.

 

A história da banda

Oasis destacou-se nos anos 90 por quebrar paradigmas. Em meio a uma crescente vertente do som Grunge e Rock Glam, a banda retomava o rock clássico dos anos 70 britânico, com inspirações como Rolling Stones e The Beatles.

O primeiro contrato com uma grande gravadora ocorreu em 1994, a Sony Music, já com a grande estreia do single “Supersonic”. Porém, o maior sucesso veio com a música “Live Forever”, que garantiu o quarto lugar na Billboard gerando a primeira platina para a banda, com mais de 600 mil cópias vendidas. Após vários hits, foi lançado o primeiro álbum, “Definitely Maybe”, em 1994.

Com o término da primeira tour, a banda lança o primeiro single “Some Might Say” do segundo álbum que seria responsável pela fama mundial de Oasis, “(What’s Story) Morning Glory?”, no ano de 1995, vendendo 367 mil cópias já na primeira semana e contando com o maior sucesso do grupo, “Wonderwall”.

O declínio do grupo começou em 1997 com o lançamento do terceiro álbum, “Be Here Now”. Em sua semana de estreia foi bem avaliado, entretanto, semanas seguintes a discografia foi altamente criticada por sua alta produção e também pelo comportamento errático dos irmãos Gallagher durante as apresentações.

Após a prisão de Liam por posse de drogas, Paul Arthurs e Paul McGuigan, guitarrista e baixista respectivamente, saíram da banda. Depois dessas baixas, o grupo recrutou novos membros e lançaram “Standing on the Shoulder of Giants” em 2000, sendo o quarto álbum de estúdio Oasis. Esse novo projeto não obteve tanto sucesso como os três últimos, sem contar a desagradável relação entre os irmãos Gallagher, que fez Noel cancelar sua presença em 27 shows da turnê.

Em 2002, o álbum “Heathen Chemistry” é anunciado, contando com um grande sucesso, o single “Stop crying your heart out“. Porém, esse disco dividiu opiniões entre os fãs e a crítica, considerado por muitos como uma época de crise no pop-rock britânico.

Por fim, “Dig Out Your Soul”, último álbum da banda lançado em 2008, foi marcado pela crise do grupo. Com a saída do baterista em 2004, e pela pouca presença de Noel na produção - por acreditar que as novas obras não comunicavam o que sentia - o disco contou muito com o produtor musical Dave Sardy. Mesmo com a boa recepção crítica, não foi o suficiente para manter o grupo que, no ano seguinte, declarou o seu fim.

A relação conturbada dos irmãos Gallagher

Liam Gallagher e Noel Gallagher, ambos fundadores da banda, são conhecidos por seu relacionamento cheio de polêmicas. Durante a turnê do primeiro álbum, em 1994, vieram a público as brigas que ocorriam nos bastidores do show, até mesmo a informação de que Liam jogou um pandeiro na cabeça do irmão, que se retirou do palco logo em seguida. Já em 1995, Noel bateu no caçula com um taco de críquete depois de ser surpreendido por seus amigos no estúdio de gravação.

Em 28 de agosto de 2009, a banda se desfez nos bastidores do festival Rock en Seine, em Paris, após uma briga entre os irmãos que culminou na destruição de uma guitarra, posteriormente leiloada por 385 mil euros. O anúncio da separação foi feito pela banda Bloc Party diante de um público perplexo, privado de um dos shows mais aguardados do evento.

Na época, Noel expressou sua frustração em uma declaração no site da banda, afirmando que era "impossível continuar trabalhando com Liam por mais um dia". O episódio marcou o fim de uma era para o rock britânico, consolidando o festival parisiense como "amaldiçoado" com grandes shows cancelados, incluindo os de Amy Winehouse nas edições anteriores.

 

Agora, com a reconciliação dos irmãos Gallagher, o cenário musical é preparado para um dos retornos mais aguardados da história do rock. O festival Rock en Seine já manifestou interesse em ser palco deste reencontro histórico. “Seria apoteótico”, declarou Matthieu Ducos, diretor do festival, sonhando com o que seria um dos eventos mais emblemáticos do Oasis.

A notícia do retorno da banda chocou os fãs pelo mundo inteiro, principalmente por causa dos comentários de Noel em uma entrevista para o jornal britânico, Big Issue, em 2019, afirmando que não pensava em voltar a fazer shows com seu irmão. “Saí da banda há 10 anos. Acho que o vi duas vezes nesse tempo, e em ambas as vezes, quase acabamos brigando sem motivo. Não visualizo a manhã que acordo e penso como queria passar dois anos em turnê, brigando ao redor do mundo com Liam” compartilhou o artista.

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A 52ª edição da premiação ainda fez uma homenagem a Silvio Santos; confira os premiados
por
Bárbara More
|
21/08/2024 - 12h

O 52º Festival de Cinema de Gramado aconteceu entre os dias 9 e 17 de agosto. A edição de 2024 da premiação contou com inúmeros momentos marcantes, como a entrega de troféus para produções que encantaram o público e a realização de homenagens a artistas que se destacaram no último ano. O título de grande vencedor da competição ficou com o longa-metragem “Oeste Outra Vez”, do diretor Erico Rassi, que conquistou o Kikito, símbolo e prêmio máximo, de Melhor Filme.

A produção ainda levou para casa os prêmios de Melhor Fotografia e Melhor Ator Coadjuvante, este último concedido a Rodger Rogério por sua atuação como o pistoleiro Jerominho. Outro filme que se destacou foi “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge. A continuação do filme lançado em 2007 foi vencedora nas categorias de Melhor Roteiro, Melhor Direção de Arte, Melhor Trilha Musical e Melhor Ator, conquistado por João Miguel e Nicola Siri. Além disso, recebeu o prêmio Júri Popular.

O título que ganhou o Kikito de Melhor Curta-Metragem foi “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta. O curta também saiu como vencedor nas categorias Melhor Fotografia e Melhor Montagem. Outros destaques do festival foram “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert, que ganhou o prêmio especial do júri; e Fernanda Vianna, que conquistou o troféu de Melhor Atriz por “Cidade; Campo”. 

Cena do filme 'Oeste Outra Vez'
Cena do filme “Oeste Outra Vez” Crédito: Reprodução/Instagram @vietnamfilmes

Para além dos troféus, o festival ainda reservou um momento para homenagear Silvio Santos. Logo no início do último dia da premiação, foi exibida uma imagem do icônico apresentador no telão. Em uma publicação no perfil oficial, o evento escreveu:

"Homenagem ao inigualável Silvio Santos. Um verdadeiro ícone da televisão, cuja carreira inspirou gerações e transformou a comunicação no Brasil. Seu legado de brilho e alegria permanecerá para sempre nos nossos corações".

Confira a lista completa dos vencedores abaixo:

Longas-metragens Brasileiros

Melhor filme - “Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi

Melhor direção - Eliane Caffé, por “Filhos do Mangue”

Melhor ator - João Miguel e Nicola Siri, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor atriz - Fernanda Vianna, por “Cidade; Campo”

Melhor roteiro - Bernardo Rennó, Lusa Silvestre e Marcos Jorge, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor fotografia - André Carvalheira, por “Oeste Outra Vez”

Melhor montagem - Karen Akerman, por “Barba Ensopada de Sangue”

Melhor ator coadjuvante - Rodger Rogério, por “Oeste Outra Vez”

Melhor atriz coadjuvante - Genilda Maria, por “Filhos do Mangue”

Melhor direção de arte - Fabíola Bonofiglio e Massimo Santomarco, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor trilha musical - Giovanni Venosta, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor desenho de som - Beto Ferraz, por “Pasárgada”

Prêmio especial do júri - “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert

Júri popular - “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge

Curtas-metragens Brasileiros

Melhor filme - “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta

Melhor direção - Lucas Abrahão, por “Maputo”

Melhor roteiro - Adriel Nizer, por “A Casa Amarela”

Melhor ator - Wilson Rabelo, por “Ponto e Vírgula”

Melhor atriz - Edvana Carvalho, por “Fenda”

Melhor trilha musical - Liniker, por “Ponto e Vírgula”

Melhor fotografia - Livia Pasqual, por “Pastrana”

Melhor montagem - Bruno Carboni, por “Pastrana”

Melhor direção de arte - Coh Amaral , por “Maputo” 

Melhor desenho de som - Felippe Mussel, por “A Menina e o Pote”

Prêmio especial do júri - “Ponto e Vírgula”, de Thiago Kistenmacher 

Júri popular - “Ana Cecília”, de Julia Regis

Prêmio Canal Brasil de Curtas - “Maputo”, de Lucas Abrahão

Menção honrosa - “Ressaca”, de Pedro Estrada; “Via Sacra”, de João Campos; “Navio”, de Alice Carvalho, Larinha R. Dantas e Vitória Real; “Maputo”, de Lucas Abrahão

Júri da crítica

Melhor filme de Curta-Metragem Brasileiro - “Fenda”, de Lis Paim 

Melhor filme de Longa-Metragem Brasileiro - “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas

Longas-metragens Documentais - Melhor filme - “Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal

Palácio do Kikito - Museu do Festival de Cinema de Gramado - Foto: Bárbara More
Palácio do Kikito - Museu do Festival de Cinema de Gramado - Foto: Bárbara More 

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A forma correta de se referir às produções sul-coreanas é 'k-drama'
por
Bárbara More
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18/08/2024 - 12h

As séries do leste asiático se tornaram um fenômeno global. Ao acessar a página inicial de plataformas de streaming como a Netflix, é fácil notar a presença de diversos títulos sul-coreanos entre os mais assistidos. O termo correto para se referir às séries produzidas na Coreia do Sul é 'k-drama', mas no Brasil, muitas pessoas usam 'doramas', sem saber que essa não é a palavra adequada, já que possui origem japonesa.

Cada país asiático possui sua própria história, cultura e idioma. Usar o mesmo termo para se referir a todas as produções oriundas do continente reforça estereótipos, desconsidera a rica diversidade cultural dessas nações e as trata de maneira homogênea, ignorando suas diversidades. Levando em consideração que a Coreia do Sul foi colônia do Japão entre os anos de 1910 e 1945, tendo sofrido extrema violência e tentativa de apagamento cultural por parte do império, é compreensível que o uso de um termo japonês para se referir a um produto cultural sul-coreano considerado preconceituoso pela comunidade imigrante que reside no Brasil. 

Em outubro de 2023, a Associação Brasileira de Letras decidiu incluir em seu vocabulário o termo 'dorama', definido como uma 'obra audiovisual de ficção em formato de série, produzida no leste e sudeste da Ásia, de gêneros e temas diversos, em geral com elenco local e no idioma do país de origem'. Para complementar, a ABL adicionou um breve texto explicando a origem do termo, que vem da palavra japonesa usada para falar 'drama'.

"Os doramas foram criados no Japão na década de 1950 e se expandiram para outros países asiáticos, adquirindo características e marcas culturais próprias de cada território. Para identificar o país de origem, também são usadas denominações específicas, como, por exemplo, os estrangeirismos da língua inglesa J-drama para os doramas japoneses, K-drama para os coreanos, C-drama para os chineses", escreveu.

Ao tomar conhecimento da notícia, a Associação Brasileira de Coreanos emitiu uma nota de repúdio. Segundo informações do jornal Metrópoles, o comunicado dizia:

"A Associação considera preconceituosa a decisão de generalizar as produções do leste-asiático. Não é certo generalizar expressões culturais. Cada produção tem suas características, peculiaridades e um público específico. Generalizar é confundir as peculiaridades. É como falar que toda comida nordestina é comida baiana".

Imagem de reprodução da série sul-coreana 'Rainha das Lágrimas' - Foto: Reprodução/Netflix
Imagem de reprodução da série sul-coreana 'Rainha das Lágrimas' - Foto: Reprodução/Netflix

Insung Park, coordenador de cooperação com organizações no Brasil no Centro Cultural Coreano, explicou em entrevista à AGEMT, a problemática por trás do termo ‘dorama’.

"Por a Coreia ter passado historicamente um apagamento muito violento dos imperialistas japoneses sobre a Coreia, isso realmente machuca e aflige a gente. Somos uma colônia de coreanos imigrantes que tenta preservar sua cultura e passou por momentos bastante xenofóbicos por falta de entendimento", disse ele.

O coordenador comenta que já existe uma palavra adequada, que é "k-drama", a qual respeita a singularidade dos produtos culturais sul-coreanos. Por isso, não há razão para seguir utilizando a de origem japonesa e continuar com a má prática de generalizar todas as produções asiáticas, se referindo a elas da mesma forma. 

"'Dorama' não faz sentido como definição de séries coreanas, sendo que já temos o termo, que é 'k-drama'. Isso foi modificado pelos japoneses para a definição das séries de origem japonesa. Existe no Brasil um movimento de legitimar a palavra 'dorama' para definir todos os conteúdos asiáticos de uma vez, mas isso, para mim, é um pouco lamentável. Isso apaga as peculiaridades e especificidades da indústria cultural de cada país. Esse movimento está acontecendo no Brasil, mas está errado". 
 

 

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