Movimento apresenta mais de 1 milhão de assinaturas para a União Europeia
por
Thomas Fernandez
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22/09/2025 - 12h

 

O movimento “Stop Killing Game” criado por Ross Scott, do canal Accursed Farms, apresentou em 2025 mais de 1 milhão de assinaturas à União Europeia para exigir medidas que impeçam a remoção e desligamento de jogos digitais. A preservação é definida como um conjunto de ações voltado a manter a integridade de bens, documentos ou pessoas, tendo museus e centros históricos como instituições dedicadas a essa tarefa. 

No campo do entretenimento, os videogames se destacam como a indústria que mais cresce desde a década de 1950. Apesar do seu impacto econômico e cultural, eles recebem atenção limitada em políticas e práticas de preservação, diferente de outras formas de arte, como cinema, televisão e literatura. 

Devido a inacessibilidade de jogos comprados por consumidores, a proposta do movimento é simples, mas poderosa: proteger os consumidores e preservar os videogames, trazendo as práticas recorrentes de empresas que fecham os servidores ou retiram os jogos do mercado digital, apagando não apenas produtos, mas também capítulos de história cultural dos videogames.

Foto do criador do movimento, Stop Killing Games, Ross Scott
Ross Scott, criador do movimento Stop Killing Games.  Foto: REPRODUÇÃO/YOUTUBE Accursed Farms
 

A iniciativa se transformou em “Stop Destroying Videogames”, utilizando a Iniciativa de Cidadania Europeia, uma ferramenta disponível para cidadãos da União Europeia para levarem questões diretamente ao parlamento europeu. A petição foi registrada em junho do ano passado e começou a coletar assinaturas no dia 31 de julho de 2024. No mesmo dia, Scott, soltou um vídeo com o título "Europeans can save gaming!", que compartilha sobre como o movimento pode levar a criação de lei com um número alto de assinaturas e apoiadores. 

Ele destaca que a criação da lei não era uma certeza, entretanto, apontava que existem fatores, como: o alinhamento com outras políticas para consumidores e indefinições jurídicas nas práticas no meio dos games. Esses pontos reforçam que o sucesso está no futuro do movimento. Depois de alcançar 1 milhão de assinantes e realizar uma vistoria -  para desconsiderar menores de idade, duplicidades e pessoas fora da UE - a petição apresentou 97% de validação das assinaturas.

A preocupação é  quando um jogo é removido das lojas digitais ou tem os serviços online desligados, pois deixa de ser acessível para futuras gerações de gamers. Um dos casos mais conhecidos foi do “Project CARS 3”, lançado em 2020. O produto foi retirado de circulação para venda e fecharam os servidores, tornando-se praticamente inacessível. 

O mesmo ocorre com títulos de grandes estúdios como Ubisoft e EA, sendo uma tendência que preocupa colecionadores, consumidores e fãs. Diferente de filmes, livros e músicas, que possuem mais facilidade para sua preservação, os games dependem de vários fatores: chaves digitais, servidores e licenciamento contínuo para existir. Para isso, a preservação não exige somente de vontade cultural, mas também mudanças legais e regulatórias.

No Brasil, esse debate começou a ganhar relevância em 2024, com a aprovação do Marco Legal da Indústria de Jogos Eletrônicos (Lei nº 14.852/2024). Embora a lei tenha o intuito de incentivar o crescimento do setor no país e atrair investidores, ela também abre espaço para a reflexão sobre o ciclo de vida dos jogos e sua preservação como patrimônio cultural. A luta pela proteção e cuidados dos videogames não é apenas dos jogadores nostálgicos, mas também uma questão cultural e de direito de acesso.

O “Stop Killing Games” mostra que, diante da lógica do mercado, há fãs dispostos a lutar para que os jogos não desapareçam.Se no passado os museus se dedicaram a guardar fósseis, manuscritos e obras de arte, o futuro terá que olhar também para os consoles, cartuchos e CDs. Porque, como lembra o movimento, “ao desligar um jogo, não se mata apenas um software, se apaga uma parte da história”.

 

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Profissionais da área relatam dificuldade de valorização, ausência de políticas públicas e dependência do mercado internacional para manter a carreira
por
Fernanda Dias
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18/09/2025 - 12h

A escultura no Brasil ainda é um campo pouco explorado e com inúmeros desafios, como a falta de políticas públicas, a ausência de incentivo cultural e um universo ainda limitado de pessoas dispostas a investir em arte no país. Para manter a profissão viva, muitos artistas recorrem ao mercado internacional e às redes sociais como alternativa de divulgação.

No cenário brasileiro, a escultura não ocupa o mesmo espaço que outras linguagens artísticas, como a música ou as artes visuais mais populares. O escultor Rick Fernandes, que atua na área desde a década de 1990, observa que a profissão ainda carece de reconhecimento cultural. “O brasileiro não tem a mesma tradição que americanos e europeus em colecionar arte. Muitas vezes, as prioridades econômicas acabam afastando o público”, afirma.

Esse distanciamento é agravado pela falta de políticas voltadas à categoria. Projetos de incentivo que poderiam estimular a prática da escultura em escolas ou em comunidades raramente são aprovados. Fernandes relembra tentativas frustradas em 2015 e 2023 de levar oficinas para jovens da periferia e para pessoas com deficiência. “Os incentivos, em sua maioria, estão voltados para música e grandes eventos. Nichos como a escultura ficam esquecidos”, critica.

   Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/


                    Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/

No mercado, outro obstáculo é a dificuldade de concorrer com produtos industrializados ou importados. Segundo Fernandes isso faz que muitos escultores direcionem suas obras ao exterior, onde encontram colecionadores e compradores mais fiéis. O artista calcula que cerca de 80% de suas encomendas vêm de fora do Brasil. Mesmo com a popularização de novas tecnologias, como impressoras 3D, ele destaca que há demanda para trabalhos exclusivos, o que mantém a escultura tradicional relevante.

As redes sociais têm sido fundamentais para reduzir a distância entre artistas e público. Plataformas como o Instagram permitem que escultores apresentem seus portfólios, encontrem clientes e troquem experiências em comunidades digitais. “Muitos dos meus contatos surgiram através da rede. É uma vitrine essencial para quem vive da arte”, ressalta o escultor.

Além do mercado e do incentivo, a valorização da escultura ainda depende de uma mudança de percepção social sobre o trabalho manual e artístico. Para Fernandes, investir na formação desde cedo é o caminho. “Campanhas nas escolas de ensino fundamental poderiam fazer a diferença. As crianças têm fome de aprender coisas novas e a escultura poderia ser mais explorada nesse ambiente”, defende.

Apesar das dificuldades, Fernandes garante que nunca pensou em desistir, movido por “amor e diversão”. Além de manter o estúdio, ele atua como professor. Nem todos tiveram a mesma sorte. A artista Júlia Dias, por exemplo, faz esculturas desde 2006, mas até hoje não tem uma base fixa de clientes, vivendo em meio à instabilidade de demandas que atinge grande parte dos escultores.

O campo da escultura se divide em diferentes níveis de atuação. Enquanto alguns artistas trabalham com peças decorativas ou personalizadas para ocasiões como aniversários e eventos, outros produzem obras direcionadas a colecionadores e galerias. Essa variedade mostra como a atividade é ampla, mas também deixa claro que nem tudo recebe o mesmo valor: trabalhos voltados ao mercado de luxo encontram maior reconhecimento e retorno financeiro, enquanto produções mais populares ainda lutam por espaço e estabilidade.

Outro desafio está ligado ao custo e ao acesso a materiais de qualidade. Fernandes explica que utiliza plastilina para modelagem, moldes de silicone para a finalização e resina de poliestone para as peças finais, com acabamento em aerógrafo e pincel. Segundo ele, os materiais nacionais apresentam bom custo-benefício e já não ficam atrás dos importados. Ainda assim, os gastos para manter a produção podem ser elevados, principalmente para quem não conta com retorno constante do mercado.

Apesar de não existirem editais exclusivos para escultores no Brasil, a categoria pode concorrer em programas de incentivo mais amplos voltados às artes visuais e à cultura. Iniciativas como os editais da Funarte (Fundação Nacional de Artes, do governo federal), o ProAC (Programa de Ação Cultural, mantido pelo governo de São Paulo)  e leis de incentivo fiscal possibilitam que projetos de escultura recebam apoio. No entanto, a concorrência é acirrada e a escultura segue como um nicho pouco contemplado, o que reforça a sensação de invisibilidade entre os artistas da área.

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Último final de semana do evento ficou marcado por performances que misturaram passado, presente e futuro
por
Jessica Castro
Vítor Nhoatto
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16/09/2025 - 12h

A segunda edição do festival The Town se despediu de São Paulo com um resultado positivo e bastante barulho. Durante os dias 12, 13 e 14 de setembro, pisaram nos palcos do Autódromo de Interlagos nomes como Backstreet Boys, Mariah Carey, Ivete Sangalo e Katy Perry.

Realizado a cada dois anos em alternância ao irmão consolidado Rock In Rio, é organizado também pela Rock World, da família do empresário Gabriel Medina. Sua primeira realização foi em 2023, em uma aposta de tornar a cidade da música paulista, e preencher o intervalo de um ano do concorrente Lollapalooza.

Mais uma vez em setembro, grandes nomes do cenário nacional e internacional atraíram 420 mil pessoas durante cinco dias divididos em dois finais de semana. O número é menor que o da estreia, com 500 mil espectadores, mas ainda de acordo com a organizadora do evento, o impacto na cidade aumentou. Foram movimentados R$2,2 bilhões, aumento de 21% segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após um primeiro final de semana marcado por uma apresentação imponente do rapper Travis Scott no sábado (6), único dia com ingressos esgotados, e um domingo (7) energético com o rock do Green Day, foi a vez do pop invadir a zona sul da capital. 

Os portões seguiram abrindo ao meio dia, tal qual o serviço de transporte expresso do festival. Além disso, as opções variadas de alimentação, com opções vegetarianas e veganas, banheiros bem sinalizados e muitas ativações dos patrocinadores foram pontos positivos. No entanto, a distância entre o palco secundário (The One) e o principal (Skyline), além da inclinação do terreno no último, continuaram provocando críticas.

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Segundo estudo da FGV, 177 mil litros de chope e 106 mil hambúrgueres foram consumidos nos 5 dias de evento - Foto: Live Marketing News / Reprodução

Sexta-feira (12)

Jason Derulo animou o público na noite de sexta com um espetáculo cheio de energia e coreografias impactantes. Em meio a hits como “Talk Dirty”, “Wiggle” e “Want to Want Me”, o cantor mesclou pop e R&B destacando sua potência vocal, além de entregar muito carisma e sensualidade durante a apresentação.

A noite, aquecida por Derulo, ganhou clima nostálgico com os Backstreet Boys, que transformaram o palco em uma viagem ao auge dos anos 90. Ao som de clássicos como “I Want It That Way” e “As Long As You Love Me”, a plateia virou um grande coral emocionado, enquanto as coreografias reforçavam a identidade da boyband. Três décadas depois, o grupo mostrou que ainda sabe comandar multidões com carisma e sintonia.

Com novo visual, Luísa Sonza enfrentou o frio paulista com um figurino ousado e um show cheio de atitude no Palco The One. Além dos próprios sucessos que a consagraram no pop, a cantora surpreendeu ao incluir releituras de clássicos da música brasileira, indo de “Louras Geladas”, do RPM, a uma homenagem emocionante a Rita Lee com “Amor e Sexo”. A mistura de hits atuais, performances coreografadas e referências à MPB agitou a platéia.

E completando a presença de potências nacionais, Pedro Sampaio fez uma apresentação histórica para o público e para si, alegando que gastou milhões para tudo acontecer. A banda Jota Quest acalentou corações nostálgicos, e nomes em ascensão no cenário do funk e rap como Duquesa e Keyblack agitaram a platéia. 

Sábado (13)

No sábado (13), o festival reuniu diferentes gerações da música, com encontros que alternaram festa, emoção e mais nostalgia. Ivete Sangalo levou a energia de um carnaval baiano para o The Town. Colorida, divertida e sempre próxima da multidão, fez do show uma festa ao ar livre, com direito a roda de samba e participação surpresa de ritmistas que incendiaram ainda mais a apresentação. O repertório, que atravessa gerações, transformou a noite em um daqueles encontros em que ninguém consegue ficar parado.

Mais íntimo e afetivo, Lionel Richie trouxe outro clima para a noite fria da cidade da música. Quando sentou ao piano para entoar “Hello”, parecia que o festival inteiro tinha parado para ouvi-lo. A emoção foi tanta que, dois dias depois, o cantor usou as redes sociais para agradecer pelo carinho recebido em São Paulo, declarando que ainda sentia o amor do público brasileiro.

A diva Mariah Carey apostou no glamour e em seu repertório de baladas imortais. A performance, embora marcada por certa distância, encontrou momentos de brilho quando dedicou uma música ao público brasileiro, gesto que foi recebido com emoção. Hits como “Hero” e “We Belong Together” reafirmaram o status da cantora como uma das maiores vozes do pop mundial.

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Vestindo as cores do Brasil, Mariah manteve seu estilo pleno, o que não foi positivo dessa vez - Foto: Ellen Artie

O festival também abriu espaço para outras vozes marcantes. Jessie J emocionou em um show acústico intimista, feito apesar de estar em tratamento contra um câncer de mama — e que acabou sendo o único da cantora na América do Sul após o cancelamento das demais datas na América do Norte e Europa. 

Glória Groove incendiou o público com sua potência performática e visual, enquanto Criolo trouxe poesia afiada e versos de impacto, lembrando a força política do rap. MC Livinho levou o funk a outro patamar e anunciou seu novo projeto de carreira em R&B. Péricles encerrou sua participação em clima caloroso de roda de samba, onde cada espectador parecia parte de um grande encontro entre amigos.

Domingo (14)

Com Joelma, o The Town se transformou em um baile popular de cores, brilhos e danças frenéticas. A cantora revisitou sucessos da época da banda Calypso e apresentou a força de sua carreira solo, mas também abriu espaço para artistas nortistas como Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara. 

O gesto deu visibilidade a uma cena muitas vezes esquecida nos grandes festivais e reforçou sua identidade como representante da cultura amazônica. Com plateia recheada, a artista mostrou que a demanda é alta.

No início da noite, em um horário um pouco melhor que sua última apresentação no Rock In Rio, Ludmilla mobilizou milhares de pessoas no palco secundário. Atravessando hits de sua carreira como “Favela Chegou”, “É Hoje” e sucessos do Numanice, entregou presença de palco e coreografias sensuais. A carioca também surpreendeu a todos com a aparição da cantora estadunidense Victória Monet para a parceria “Cam Girl”.

Sem atrasos, às 20:30, foi a vez então de Camila Cabello levar ao palco o último show da C,XOXO tour. A performance da cubana foi marcada pelo seu carisma e declarações em português como “eu te amo Brasil” e “tenho uma relação muito especial com o Brasil [...] me sinto meio brasileira”. Hits do início de sua carreira solo animaram, como “Bad Kind Of Butterflies” e “Never Be The Same”, além de quase todas as faixas do seu último álbum de 2024, que dá nome à turnê, como “HE KNOWS” e “I LUV IT”. 

A performance potente e animada, que mesclou reggaeton e eletrônica, ainda contou com o funk “Tubarão Te Amo” e uma versão acapella de “Ai Se Eu Te Pego” de Michel Teló. Seguindo, logo após “Señorita”, parceria com o seu ex-namorado, Shawn Mendes, ela cantou “Bam Bam”, brincando com a plateia que aquela canção era para se livrar das pessoas negativas. Vestindo uma camiseta do Brasil e com uma bandeira, encerrou o show de uma hora e meia com “Havana”.

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Com coreografia, grande estrutura metálica e vocais potentes, Camila entregou um show de diva pop - Foto: Taba Querino / Estadão

Para encerrar o festival, Katy Perry trouxe espetáculo em grande escala, mas não deixou faltar momentos de intimidade. A apresentação iniciada pontualmente às 23h15 teve direito a pirotecnias, muitos efeitos especiais e um discurso emocionante da cantora sobre a importância de trazer sua turnê para a América do Sul. 

Em meio a cenários lúdicos, trocas de figurino e um repertório recheado de hits, Katy Perry chamou o fã André Bitencourt ao palco para cantarem juntos “The One That Got Away”, o que levou o público ao delírio. O show integrou a turnê The Lifetimes World Tour, e deixou a impressão de que a artista fez questão de entregar em São Paulo um dos capítulos mais completos dessa jornada.

No último dia, outros públicos foram contemplados também, com o colombiano J Balvin, dono de hits como “Mi Gente”, e uma atmosfera poderosa com IZA de cleópatra ocupando o palco principal no início da tarde. Dennis DJ agitou com funk no palco The One e, completando a proposta do festival de dar espaço a todos os ritmos e artistas, Belo e a Orquestra Sinfônica Heliópolis marcaram presença no palco Quebrada. 

A cidade da música em solo paulista entregou o que prometia, grandes estruturas e um line up potente, mas ainda segue construindo sua identidade e se aperfeiçoando. A terceira edição já foi inclusive confirmada para 2027 pelo prefeito Ricardo Nunes e a vice-presidente da Rock World, Roberta Medina em coletiva na segunda-feira (15).

Festival reúne multidões, entrega shows históricos e consagra marco na cena musical brasileira
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
Yasmin Solon
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10/09/2025 - 12h

Com mais de 100 mil pessoas por dia, o The Town estreou no último fim de semana, 6 e 7 de setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Travis Scott encerrou o sábado (6) no palco Skyline com um show eletrizante, enquanto Lauryn Hill emocionava fãs no palco The One ao lado dos filhos YG e Zion Marley. No domingo (7), os destaques ficaram por conta de Green Day e Iggy Pop, além de apresentações de Bad Religion, Capital Inicial e CPM 22.

O festival retoma a programação nos dias 12, 13 e 14 de setembro, com shows de Backstreet Boys, Mariah Carey, Lionel Richie e Katy Perry.

“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil
“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil 
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil 
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil 
Capital Inicial leva o rock nacional ao palco Factory, na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil
Palco Factory, que recebeu o Capital Inicial na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil 
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon

 

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Colombiana ficou conhecida por misturar crítica social, poesia e arte
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
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09/09/2025 - 12h

 

Da Colômbia para o Edifício Pina Luz, Beatriz González ganha uma homenagem em celebração aos seus mais de 60 anos de carreira. Na Pinacoteca de São Paulo, a exposição Beatriz González: a imagem em trânsito reúne mais de 100 trabalhos da artista, produzidos desde a década de 1960.

Beatriz González
Beatriz González trabalha em sua obra 'Telón de la móvil y cambiante naturaleza', de 1978. Foto: Reprodução.

Reconhecida como uma das maiores personalidades da arte latino-americana, a colombiana se destacou ao transformar peças de mobiliário em pinturas. Com a política e cultura de seu país como inspiração, Beatriz combina crítica social e poesia em suas telas, como em Yolanda nos Altares, onde representa agricultores que lutavam pela devolução de suas terras, roubadas por um grupo paramilitar. 

A artista tem sua primeira mostra individual no Brasil espalhada por sete salas da Pinacoteca. A última vez que suas obras foram expostas no Brasil foi em 1971, na 11ª Bienal de São Paulo.

Logo no início da mostra, o público se depara com um espaço dedicado à reprodução e circulação artística na mídia. Um dos trabalhos mais icônicos da artista, Decoración de interiores, marca presença na sala. Uma cortina estampada com o retrato do então presidente da época (1978-1982), Julio César Turbay, questiona o peso da hierarquia presidencial.

Obra
'A Última Mesa'. Foto: Reprodução

 

Do conflito armado colombiano até suas vivências em comunidades indígenas, González extrai registros da imprensa para suas pinceladas. Entre as obras expostas, Los Suicidas del Sisga toma forma a partir de um caso real sobre um duplo suicídio cometido por um casal, refletindo sobre os códigos que vinculam a imagem à crônica policial e sua reprodução nos meios de comunicação de massa. Mais tarde, Beatriz passa a focar na iconografia política colombiana, como a tomada do Palácio da Justiça.

No catálogo, também estão releituras de clássicos contemporâneos. Entre elas, González dá uma nova cara a Mulheres no jardim, de Claude Monet, em Sea culto, siembre árboles regale más libros.

A série Pictogramas particulares encerra a exposição. Nela, a colombiana lança luz sobre a migração forçada, desastres ambientais e a violência nos territórios rurais. A partir de placas de trânsito, a artista representa hipóteses de crise social.

Em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, a mostra conta com curadoria de Pollyana Quintella e Natalia Gutiérrez.

Serviço:

  • Local: edifício Pina Luz
  • Data: de 30 de agosto até 1 de fevereiro de 2026
  • Endereço: Praça da Luz, 2, Bom Retiro, São Paulo — SP
  • Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada). Gratuito aos sábados
  • Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h
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A conferência literária abre suas portas na sexta-feira, 6 de setembro, e se estende até o dia 15
por
Luane França
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11/09/2024 - 12h
Estátua do logo da Bienal Internacional do Livro situada no evento - Foto: Luane França
Estátua do logo da Bienal Internacional do Livro situada no evento - Foto: Luane França 

 

Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e das autoridades Margareth Menezes, ministra da Cultura; Camilo Santana, ministro da Educação; e Jader Filho, ministro das Cidades, foi dada a largada para a 27ª edição da Bienal Internacional do Livro, na quinta-feira (5). 

O evento começa oficialmente na sexta-feira (6), e vai até 15 de setembro. Localizada no Distrito Anhembi, a Bienal contará com a presença de mais de 700 autores, nacionais e internacionais, em 75 mil metros quadrados. A promessa da Câmara Brasileira do Livro (CBL) para 2024 é atrair cerca de 660 mil visitantes ao longo de sua duração. Além das homenagens e debates literários, a Bienal oferece diversas atividades para o público.

A abertura ressaltou a importância da literatura e o impacto cultural da Bienal.

“É uma maneira de reverenciarmos nossa riqueza criativa”, declara Margareth. “O Brasil real, não o da ficção, nem tampouco o da facção. O Brasil da esperança, do amor, do futuro melhor para o nosso brasileiro. É esse Brasil que estamos construindo.”, completa para a AGEMT, presente na feira.

Sevani Matos, presidente da CBL, ressaltou como os livros podem servir como um farol de inspiração, um instrumento de reflexão e uma ferramenta de liberdade. Ela enfatizou a importância de defender os livros e lançou um chamado aos governantes sobre a necessidade de implementar políticas públicas que promovam o incentivo à leitura, afirmando que investir na literatura é investir no futuro do Brasil.

Outro destaque da edição é o número de livros físicos disponíveis, que totalizam 3,5 milhões. Além disso, a Bienal vai oferecer uma opção de cashback, permitindo que os visitantes utilizem parte do valor dos ingressos para a compra de livros.

A Bienal Internacional do Livro, considerada o maior evento literário da América Latina, homenageia neste ano a Colômbia, com um estande próprio e cerca de 17 autores colombianos. Além disso, a cerimônia contou com a presença de Juan David Correa, ministro da Cultura da Colômbia, e Guillermo Rivera, embaixador colombiano no Brasil.

 

“Menos armas e mais livros”

Cerimônia de abertura da 27º Bienal Internacional do Livro - Foto: Luane França
Cerimônia de abertura da 27º Bienal Internacional do Livro - Foto: Luane França 

 

Ainda na abertura, o presidente Lula e Margareth Menezes assinaram o decreto de nº 12.021/2024, que estabelece a nova Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE). 

Ele prevê a criação de um novo Plano Nacional de Livro e Leitura (PNLL), que será desenvolvido em parceria com a sociedade civil e busca fortalecer a colaboração entre os Ministérios da Cultura e da Educação para ampliar o acesso à leitura em todo o Brasil.

O presidente também anunciou que todas as 6 mil bibliotecas públicas do país receberão um acervo adicional de 600 livros cada. Além disso, os conjuntos habitacionais do programa “Minha Casa Minha Vida” serão equipados com bibliotecas com 500 livros cada. “Nada é mais importante do que ler”, afirmou Lula durante o evento, ressaltando a importância da leitura na formação e desenvolvimento pessoal.

O ministro da Educação, Camilo Santana, autorizou um novo edital para o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) Equidade, além da suplementação de R$ 50 milhões para a compra de acervos literários destinados ao PNLD Educação Infantil.

“Estamos retomando e ampliando o investimento financeiro e o apoio técnico para que, em todo o país, a educação e a cultura ajudem a transformar a vida das crianças, adolescentes, jovens e suas famílias”, declarou.

Como nota final, Lula enfatizou uma mensagem poderosa: “Menos armas e mais livros”, sublinhando o compromisso com a promoção da educação e da cultura como pilares para um futuro melhor.

Por fim, a  ministra da Cultura elogiou a parceria entre os Ministérios: “A leitura e a literatura são ferramentas poderosas para promover a transformação, aprimorar o pensamento e emancipar o ser humano na sociedade.”

 

Lágrimas do Mar

A cerimônia também ganhou uma apresentação musical do espetáculo “Lágrimas do Mar”, protagonizado por Arnaldo Antunes e Vitor Araujo. O show, que foi realizado em um cenário visualmente impressionante, apresentou uma performance envolvente com a combinação da voz expressiva de Antunes e a habilidade ao piano de Araujo. A música capturou a atenção do público com sua profundidade e emoção.

 

Espetáculo do cantor Arnaldo Antunes e do pianista Vitor Araújo - Foto: Luane França
Espetáculo do cantor Arnaldo Antunes e do pianista Vitor Araújo - Foto: Luane França

 

Primeiro final de semana

Já no primeiro fim de semana, os ingressos para a Bienal  se esgotaram rapidamente. A superlotação no Distrito Anhembi resultou em longas filas para acessar estandes de editoras, banheiros, bebedouros e áreas de alimentação, juntamente com o calor intenso que dificultava a espera. A AGEMT esteve presente na feira.

 

A expectativa é que pelo menos 660 mil pessoas compareçam à feira em 2024 - Foto: Luane França
A expectativa é que pelo menos 660 mil pessoas compareçam à feira em 2024 - Foto: Luane França 

 

No sábado, o evento enfrentou sérios problemas de trânsito devido ao desfile do dia 7 de setembro, que ocorreu em uma área próxima. Embora a Bienal oferecesse um serviço de transporte gratuito da estação Portuguesa-Tietê até o local do evento, a fila para esse transporte era longa e demandava considerável paciência. Aqueles que optavam por utilizar serviços de transporte por aplicativo, como o Uber, também encontravam dificuldades devido ao congestionamento intenso.

 

Influenciadores literários estimulando a leitura

Uma das mesas em destaque no primeiro sábado foi a “Agentes da Literatura: A Importância dos Influenciadores Literários na Promoção da Leitura", mediada pela escritora Dayane Borges. A discussão contou com a participação de Karine Leôncio, Pedro Pacífico e Paola Aleksandra. A influenciadora Liv Resenhas também estava prevista, mas, devido ao trânsito caótico, não conseguiu chegar a tempo.

O diálogo girou em torno da responsabilidade que os criadores de conteúdo têm como formadores de opinião sobre uma parcela do público leitor. “Existe a possibilidade de tirar a literatura dessa aura intelectual, que vai dizer o que é alta literatura e o que não é, que romances de entretenimento não são legais de ler e, por isso, você não é um bom leitor.” diz Pacífico, que atua como advogado e também é conhecido por Bookster com um projeto de incentivo à leitura.

Ele explicou que esse fenômeno não só afeta a forma como os livros são percebidos, mas também influencia a maneira como os leitores se veem.

Julia Leal, estudante de Direito do Paraná, comenta que a rede social TikTok e as outras redes sociais têm desempenhado um papel crucial em despertar o interesse pela leitura, "Eu me sinto acolhida e é muito bom encontrar pessoas que se identificam com o que eu amo," diz.

A estudante ressalta também como essas plataformas têm ajudado a cultivar o hábito da leitura, criando um ambiente onde as pessoas podem se conectar e compartilhar suas paixões.

Karine, que foi indicada em 2022 pela revista “Toda Teen” como Influenciadora Literária do Ano, conta que, antes, não havia um espaço adequado para essa troca de ideias como existe na internet atualmente. Com a adolescência solitária, procurou refúgio na internet. “Não entendi o impacto que eu poderia ter", relata , sobre o compartilhamento de suas experiências. No entanto, ao se envolver mais ativamente, encontrou amigos leitores na internet e descobriu uma comunidade com interesses semelhantes.

Outro tópico importante abordado foi a questão sobre o número de livros lidos por influenciadores, o que às vezes gera comparações entre seus seguidores. “As redes sociais colocam uma pressão sobre as pessoas, fazendo com que se sintam mal para atingir metas", afirma Pacífico. Uma dica que os comunicadores digitais presentes utilizam para evitar confusões entre seu público é publicar o que acontece em seus bastidores, mostrando suas rotinas e problemas. “Assim, em vez de as pessoas enxergarem apenas um número, elas veem uma rotina", finaliza Paola, produtora de conteúdo e escritora.

 

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O longa-metragem é baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva e protagonizado por Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello
por
Cecília Mayrink
Giuliana Nardi
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11/09/2024 - 12h

O Festival de Cinema de Veneza, que ocorreu no último domingo (1), foi palco da exibição do filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, trama adaptada do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. O longa-metragem, que estreou  com 90% de aprovação no site especializado em crítica de cinema Rotten Tomatoes, venceu o prêmio de “Melhor Roteiro” e foi ovacionado por 10 minutos ao final da sessão.

Esse é o primeiro filme original Globoplay e conta com a atuação de grandes artistas do cinema nacional,como Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello. A direção é de Walter Salles - conhecido por obras importantes como Central do Brasil (1998) e Cidade de Deus (2002) - e o roteiro de Murilo Hauser e Heitor Lorega.

Ambientado no Rio de Janeiro no início dos anos 1970, o enredo traz uma narrativa profunda e comovente sobre a mãe do autor, Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres em sua juventude e por Fernanda Montenegro na fase madura. Durante anos, ela lutou pela verdade sobre o paradeiro de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, vítima da repressão da ditadura militar.

 

 

A trama se passa quando Rubens, engenheiro civil, político e defensor da democracia, foi preso e, em seguida, desapareceu, após ser torturado por agentes do regime militar brasileiro. 

Assim, Eunice inicia a busca incansável para descobrir o que aconteceu com o seu marido. Em 2014, mais de 40 anos depois, a Comissão Nacional da Verdade finalmente confirmou que Rubens foi assassinado sob tortura em janeiro de 1971.

A produção explora a resistência de Eunice, sua luta pela verdade e o impacto da ditadura sobre sua família. 

A crítica especializada foi unânime em sua aclamação: descrito como "impressionante", o filme já desponta com a possibilidade de representar o Brasil em grandes premiações internacionais, como o Festival Internacional de Cinema de Toronto e o Festival de Cinema de Nova York. O desempenho de Fernanda Torres foi enaltecido e muitos críticos especulam se o filme pode se tornar um candidato ao Oscar, assim como “Central do Brasil”, estrelado por sua mãe, Fernanda Montenegro, foi em 1999.

A obra atualmente lidera o ranking de críticos da revista inglesa “Screen International”, o que aumenta as expectativas para possíveis prêmios. A lista reflete a recepção dos filmes pelos especialistas de veículos como “Le Monde” e “The Hollywood Reporter”. 

No ranking, “Ainda Estou Aqui” está com a média de 3,89 e superou “The Room Next Door”, do renomado cineasta espanhol Pedro Almodóvar, que obteve a nota 3,85. 

O filme também teve repercussão na imprensa internacional. O jornal britânico The Guardian o definiu como “um drama sombrio e sincero sobre os desaparecidos da nação”. Já o estadunidense The Hollywood Reporter destacou a atuação de Fernanda Torres, chamando-a de “modelo de contenção eloquente”. O jornal proporcionou ainda elogios ao diretor, dizendo que esse é um de seus melhores trabalhos.

“Ainda Estou Aqui” não possui data de estreia confirmada no Brasil. Contudo, há expectativas que o lançamento aconteça após a temporada de festivais de filmes, podendo chegar aos cinemas apenas em 2025, e logo em seguida, no streaming da Rede Globo.

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O cantor e ex-integrante do grupo One Direction retorna ao Brasil pela segunda vez em carreira solo
por
Giuliana Nardi
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10/09/2024 - 12h

O cantor Niall Horan já está com sua passagem comprada para o Brasil em 2024. Neste mês, o artista volta ao país para duas apresentações como parte da sua atual turnê “The Show: Live On Tour”, no dia 28 de setembro, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, e no dia 29 de setembro, na Farmasi Arena, no Rio de Janeiro.

Atualmente, Horan possui três álbuns em sua discografia, sendo o mais recente "The Show", lançado em julho do ano passado e composto por 10 faixas, incluindo o single "Heaven" com mais de 240 mil streams no Spotify.

A nova turnê, planejada para promover este lançamento, conta com mais de 80 shows ao redor do mundo. Essa é a maior turnê da carreira solo do cantor até o momento, com um repertório que abrange músicas dos seus três álbuns. Além do Brasil, a turnê passará por outros nove países da América do Sul.

“A espera acabou, América Latina! Estou trazendo o ‘The Show: Live On Tour’ para vocês ainda este ano… Mal posso esperar para ver todos vocês em breve!”, afirma o cantor, em uma postagem feita em suas redes sociais, em 4 de março. 

Niall Horan promove shows na América Latina com a “The Show: Live on Tour” r” Foto: @niallhoran/Instagram/Reprodução
Niall Horan promove shows na América Latina com a “The Show: Live on Tour” Foto: @niallhoran/Instagram/Reprodução

O irlandês ganhou fama como integrante do One Direction, ao lado de Harry Styles, Liam Payne, Louis Tomlinson e Zayn Malik. Após a separação do grupo em 2015, Horan seguiu carreira solo, lançando seu primeiro single, "This Town", em 2016. 

Horan já esteve no Brasil em 2014 com a banda One Direction, e retornou em 2018, após o lançamento de seu álbum solo "Flicker", que alcançou o primeiro lugar na Billboard 200 em 2017.

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Gigantes do pop surpreendem público com parceria inédita
por
Khauan Wood
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06/09/2024 - 12h

Lançado em 16 de agosto, o single ‘Die With A Smile’ - ‘Morra Com um Sorriso’, em tradução livre - trouxe pela primeira vez a parceria da dupla no cenário musical. Os indícios  do dueto vieram desde o início da semana do lançamento, quando ambos fizeram postagens em suas redes sociais usando camisetas com o nome e rosto do outro.

Com uma sonoridade envolvente e emocionante, a música romântica traz uma mistura de pop, soul e folk. Nenhum dos dois economizou nas exibições vocais e na interpretação cênica da letra, que retrata a importância de pequenos momentos e como não estamos preparados para despedidas, principalmente quando se tem amor envolvido. A letra ainda relata que, no fim do mundo, o casal tem a intenção de estar junto para morrer com um sorriso, daí o trecho que dá nome à canção.

O casal retratado no eu-lírico da canção mostra uma paixão mútua intensa, algo que Gaga e Bruno demonstram de forma ímpar em sua exibição e trazem ao público uma apoteótica química, o que nos mostra o motivo de serem um dos maiores sucessos atuais na música internacional.

O clipe da música traz os dois ao centro de um palco do que seria um programa de televisão americano dos anos 1970. Bruno com uma guitarra e Gaga com um teclado, ambos com roupas combinando em tons de azul e vermelho, ela ao melhor estilo Dolly Parton e ele com um figurino que se assemelha a um cowboy forasteiro.

Essa parceria não poderia render números baixos. O clipe tem mais de 50 milhões de visualizações no YouTube, já no Spotify são cerca de 65 milhões de streams, estando no top global da plataforma por duas semanas consecutivas. A música também figura no ranking Hot 100 da revista Billboard desde o seu lançamento, ocupando atualmente a sexta colocação.

Em resumo, os artistas dão ao público uma experiência única ao ouvir o single, uma interpretação diferente do que costumam lançar. Cada trecho dos quatro minutos e doze segundos vale a pena, tanto para quem está apaixonado, quanto para quem vivenciou uma desilusão amorosa, ou só para quem  apenas deseja ouvir uma boa música.

Clique aqui para ouvir a música completa:

O segundo álbum como artista independente de Liniker entrou no topo das plataformas e marcou a brasilidade da cantora
por
Wanessa Celina
Inaiá Misnerovicz
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04/09/2024 - 12h

 

Na madrugada do dia 19 de agosto, após 3 anos de seu último lançamento, a cantora e compositora Liniker lançou  o álbum “Caju” que, já nas primeiras 24 horas de lançamento, teve seis milhões de reproduções. Revelado em um momento de profunda introspecção e inovação, o disco marca uma mudança na carreira da artista e na atual cena musical brasileira, entrelaçando experiências pessoais com uma estética única.

Com letras que exploram temas de identidade, amor e resiliência, “Caju” não é apenas uma evolução musical, mas também um testemunho de força e autenticidade, oferecendo uma visão íntima do universo de Liniker, enquanto desbrava novas fronteiras sonoras, combinando elementos de soul, funk e MPB, criando um ambiente que reflete tanto suas raízes culturais quanto suas aspirações contemporâneas.

 

De faixa em faixa com AGEMT

 

A primeira faixa “CAJU", que dá nome ao álbum, é uma peça central que encapsula muitos dos temas abordados ao longo do disco. A música explora questões de identidade, memória e afeto, utilizando a figura do caju como uma metáfora rica em significados. A música se destaca pela sua delicadeza que gera uma atmosfera calorosa e íntima, e pela fusão de elementos do MPB, soul e ritmos afro-brasileiros. O uso de instrumentos como o violão e teclados suaves, combinado com uma percussão leve, reforça a sensação de aconchego e conexão com a natureza, remetendo à simplicidade e à beleza do caju como símbolo. 

 

Em “TUDO”, a segunda faixa, lançada como single, Liniker faz uso de batidas envolventes e empolgantes enquanto adiciona um refrão vicioso. A letra é embargada do sentimento de amor e de querer estar com a outra pessoa, utilizando o filme “Um amor para recordar” –  baseado no livro de Nicholas Sparks – para romantizar o amor sem ensaio: o amor espontâneo. Entretanto, a parte mais importante, e a que nomeia a faixa, é  o último verso que verbaliza como a protagonista não se diminuirá para caber em relações pequenas já que sua vontade de amar é tudo.

 

                                   

 

"VELUDO MARROM", com 7 minutos de duração, se destaca por sua suavidade e intensidade emocional. A canção explora novamente temas  relacionados ao amor, intimidade, e vulnerabilidade, fazendo isso através de uma combinação de letra poética e arranjos musicais cuidadosamente construídos. A faixa começa com uma introdução suave, marcada por acordes delicados e aveludados (como o próprio título sugere), que criam uma atmosfera íntima e acolhedora. Essa junção permite que o foco principal seja a voz de Liniker. A letra é profundamente simbólica e evocativa. O "veludo marrom" do título pode ser interpretado como uma metáfora para algo precioso, raro, e confortante. O veludo é um tecido que remete ao toque, à suavidade e ao luxo, sugerindo uma relação que é ao mesmo tempo acolhedora e envolvente.

 

"AO TEU LADO", faixa com colaboração da dupla ANAVITÓRIA, é uma celebração da intimidade e da conexão profunda entre duas pessoas. A música, com sua melodia suave e arranjo aconchegante, reflete a simplicidade e a beleza do amor genuíno. A interpretação vocal de Liniker é o ponto alto da faixa, transmitindo a segurança e o afeto que vêm de estar ao lado de alguém especial. Essa canção é um dos momentos mais ternos e sinceros do álbum, demonstrando a habilidade de Liniker em capturar as nuances do amor e da relação humana. 

 

"ME AJUDE A SALVAR OS DOMINGOS"  aborda a melancolia e a solidão associadas ao fim de semana, especialmente ao domingo, tradicionalmente conhecido como um dia de descanso. A música se destaca pela forma como trata das emoções complexas de maneira íntima e vulnerável. A produção é delicada, com arranjos que utilizam piano, violão, e alguns toques eletrônicos sutis para criar uma atmosfera contemplativa. O ritmo é lento e cadenciado, refletindo o tom melancólico da canção, e o desânimo sentido aos domingos. Essa faixa é uma expressão de um desejo profundo de encontrar conforto e companhia em um dia que, para muitos, é solitário e emocionalmente pesado. O domingo aqui é retratado como um momento em que a ausência e o vazio são mais percebidos, principalmente quando alguém se encontra sozinho ou em um estado de reflexão.

 

Com a participação de BaianaSystem, a faixa “NEGONA DOS OLHOS TERRÍVEIS” traz a valorização dos corpos femininos, especialmente o corpo negro. Com ritmos corriqueiros da música baiana, a faixa traz a símbolos da cultura afro-brasileira, com a representação da sereia, a “lavagem no Bonfim”, o “Abaeté”. Liniker, como uma mulher candomblecista, enaltece sua cultura e a feminilidade. Assim acontece com a próxima faixa, "MAYONGA", que também se destaca pela abordagem da ancestralidade, identidade e espiritualidade, mesclando ritmos afro-brasileiros e elementos contemporâneos e criando uma música com uma riqueza cultural intensa, que explora o conceito africano Sankofa – a importância de olhar o passado para construir o presente. O próprio nome da obra faz referência a religião afro-brasileira. “Mayonga” pode ser interpretada como uma figura mítica, representando a conexão com as raízes ancestrais e a força espiritual que advém dessa conexão, ou ainda como uma bebida tradicional que carrega consigo o poder de cura e proteção.   

 

A oitava faixa do álbum, “PAPO DE EDREDOM”,  com a colaboração da cantora e compositora soteropolitana, Melly, revela o afeto que, como cantam, esquenta como se fosse verão. O encontro dessas duas potências cancerianas traz o fervor da atração na letra e na melodia. Com o ritmo mais lento, a música transmite a complexidade da sensualidade, as vozes das duas artistas se misturam e tornam-se únicas. É a segunda vez que Liniker e Melly colaboram em um trabalho, no álbum de estreia da Melly, o Amaríssima, as duas cantoras dividem suas potências na faixa “10 minutos”, outra incrível amostra do talento que elas possuem juntas.

                                 

 

“POPSTAR” e “POTE DE OURO” são faixas que se complementam. Trazendo ritmos brasileiríssimos, Liniker mostra o lado do amor que mais importa: o amor próprio. As músicas exalam a autoconfiança que é facilmente deixada de lado em muitos discos românticos, é o olhar para si mesmo e perceber que merecem mais carinho e atenção do que estão recebendo. “Pote de ouro” conta com a participação da cantora Priscila Senna, dona dos hits mais tocados nas rádios recifenses como “Te Beijo Chorando”. As duas músicas apresentam a supervalorização da personagem principal, a colocando como “tesouro raro” e até “pote de ouro”.

 

E não tem como falar de ritmos brasileiros sem falar de samba. É desse gênero, tão amado pelos brasileiros, que “FEBRE”, a décima faixa do álbum, se apropria. A música é extremamente dançante e gostosa de escutar, a sensação que exala dela é de um fim de tarde de um domingo no qual a vontade de amar aperta. E é nessa vibe dançante que  “DEIXA ESTAR” se encontra,  com a participação de Lulu Santos e Pabllo Vittar. A música, com seu estilo Boogie Woogie, deixa de lado a dúvida e passa a mensagem de que o dia está acabando e a personagem principal está pronta para o que vier.

 

A penúltima faixa de CAJU, “SO SPECIAL”, com colaboração do duo de DJs Tropkillaz, começa com um barulho de chaves e uma porta de um carro batendo: o indício de que o fim está próximo. Liniker canta com um inglês poético, a batida eletrônica carrega a leveza que so special transmite. Perfeita para uma balada, a artista mostra mais uma vez sua versatilidade musical. Os últimos segundos da música são um vazio, mas um vazio barulhento. Um eco após a Liniker exclamar “You so special” que se estende por vinte segundos perfeitos que relembram como um “acordar”. 

 

A última faixa “TAKE YOUR TIME AND RELAXE”, que, em uma tradução livre, seria o mesmo que dizer “espere e relaxe”, Liniker recita uma carta. De Caju para Caju. A faixa traz jús ao nome, é relaxante e traz esperança em sua letra. De todas as canções do álbum, essa é a que mais reproduz a necessidade de liberdade, de se entender como pessoa grande, mesmo com os altos e baixos da vida. Enfim, o álbum proporciona o conhecimento de Caju, e mostra o seu auto conhecimento.

 

Sensações finais

 

Liniker mostrou, outra vez, o motivo de ter sido imortalizada na Academia Brasileira de Cultura. Em um mundo cada vez mais rápido, onde o neoliberalismo transforma o cenário em fábricas de som com no máximo 2 minutos de duração e poucas faixas, a artista dá um salto à frente e relembra o gosto de apreciar a música. CAJU, um álbum extenso de uma hora de duração, não há como ser apenas escutado,  é preciso entendê-lo. 

 

A autoestima e o carinho que ressoam no álbum são o  que explica os 30 milhões de streamings em apenas 4 dias após seu lançamento. É a versatilidade de Liniker, que atravessa por gêneros musicais diferentes, e o seu trabalho de compositora, produtora, cantora e estudiosa musical, que traz a música brasileira a patamares altos. CAJU atingiu o  6º lugar no álbum debut global no Spotify e vem subindo cada vez mais nos charts, mostrando sua relevância.