Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
por
Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
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Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

A pandemia da Covid-19 ocasionou o fechamento de estabelecimentos, como os cinemas - que foram paralisados no dia 14 de março. Consequentemente a pausa interrompeu lançamentos que estavam previstos para esse ano e também produções cinematográficas.
por
Maria Luiza Oliveira e Giulia Palumbo
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06/11/2020 - 12h

Claramente, 2020 não foi o ano do audiovisual. Com milhares de séries e filmes travados, produtores e distribuidores consideram esse um ano perdido em virtude da pandemia do novo coronavírus. A paralisação teve início em meados de março, mas reabriu dia 10 de outubro. O que não reparou os danos causados ao longo desses meses, pelo contrário, acaba abrindo porta para outros, como por exemplo, uma nova onda da doença. 

Para a indústria cinematográfica, a crise já significou uma perda de 10 bilhões de dólares em bilheterias. Enquanto isso, o sindicato da indústria de entretenimento dos EUA, a Aliança Internacional de Empregados Teatrais (IATSE), relata que até agora 120.000 trabalhadores foram demitidos em Hollywood como resultado da suspensão das atividades. O impacto imediato foi trágico, mas a preocupação também está crescendo em relação ao futuro da produção cinematográfica. À medida que o distanciamento social e o isolamento se tornam a nova norma, será que um negócio construído em torno de uma experiência comunitária consegue sobreviver? 

Dizem que uma nova onda vem por aí, assim como já chegou em outros países como Itália e Portugal, mas segundo André Sturm, diretor do Petra Belas Artes, o novo normal não existe, as coisas já estão como eram antes, “Primeiro que eu não acredito em “nova normalidade”, ela não existe. É só você olhar em volta, você vê as praias lotadas, os bares lotados, os cinemas, os restaurantes lotados. A vida voltou, vai voltar completamente ao normal, com exceção para meia dúzia de pessoas, que enfim, são chatas”, ressalta Sturm. 

Para aqueles que estão no meio de uma produção, a paralisação pode ser ainda pior. Até então, a pandemia interrompeu pelo menos 34 filmes e 144 séries de TV.  Entre os filmes, estão incluídos lançamentos de grande orçamento, como A Pequena Sereia, Matrix 4, Jurassic World 3, The Batman. Essa pausa pode ocasionar um custo de até 350.000 dólares por dia para a Disney, de acordo com o The Hollywood Reporter. Dessa forma, o verdadeiro impacto do encerramento pode não ser sentido por meses.

Aos poucos, as lacunas deixadas na programação tanto nas telonas quanto nas telinhas estão sendo preenchidas, com o retorno das gravações que seguem todos os protocolos de segurança. O produtor e sócio da Kurundo Filmes, Alexandre Petillo afirma que no início da pandemia parou totalmente com seus trabalhos e projetos e só em meados de agosto voltou com suas atividades, mesmo que remotamente: “ficamos durante um mês parados. Tudo que estava em produção ou em pré, parou. Paramos para entender como seriam os próximos passos do mundo cinematográfico. Logo na sequência, os clientes começaram a entender a importância da linguagem do audiovisual e a partir daí, começamos a fazer algumas edições com imagens captadas pelo próprio cliente. Por dois meses isso ajudou de verdade a pagar as contas. ”, ressalta Petillo. Alexandre também aponta que 2020 adiou os dois projetos mais importantes que a produtora tinha em mente, o que não deve ter sido diferente para milhões de produtores espalhados pelo Brasil.

Vida normal às avessas: 

O Estado de São Paulo, além de outros, entrou na fase verde da pandemia, e com isso foi autorizada a reabertura dos cinemas no dia 10 de outubro na capital paulista, porém eles precisam seguir uma série de medidas de segurança, como explica o diretor do Petra Belas Artes, André Sturm: "O comitê de covid do Estado criou um protocolo para o cinema, um tanto rigoroso e o cinema está cumprindo. Os funcionários estão usando máscara, fizemos marcações no chão de distanciamento e pontos de álcool em gel." 

Já as gravações do audiovisual tiveram seu retorno antecipado, porém sob novas regras de segurança, "(...) parei durante 3 meses, mas depois não tive escolha a não ser voltar às atividades, com todos os procedimentos de segurança. ”, é o que fala o diretor e produtor da Agrião Filmes, Lucas Valentim. Com o atraso nas produções e nos lançamentos previstos para 2020 tudo precisou ser realocado e readaptado: “Muitos filmes que iam estrear tiveram adiamento de suas estreias. Tem filmes que foram reprogramados para começar só em 2021. Então você tem aí um estoque de filmes para estrear. ”- afirma Sturm.

Com o isolamento social muitas pessoas começaram a usar serviços de streamings. Segundo pesquisa da Conviva (empresa de inteligência integrada de dados), no mês de março houve um crescimento de 20% na utilização desse recurso. É o caso da jovem estudante, Gabriela Pires (22): “(...) a facilidade de encontrar filmes nessas plataformas aumentou significativamente a quantidade de filmes que eu assisto, contudo não trocaria a experiência de ir ao cinema por nada! ”  Diferente do fotógrafo João Pedro Garcia (21), ele diz que não assistiu muitos filmes online, “a quantidade de filmes que eu assistia diminuiu bastante”, Garcia frequentava o cinema cerca de três vezes ao mês antes da pandemia.   

Além disso, há também quem aproveite a oportunidade para assistir a programação do cinema drive-in. Na opinião de Petillo, essa a prática veio para ficar, uma vez que o retorno dos cinemas será um processo lento. Ao contrário, o diretor do Petra Belas Artes não teme a concorrência: “(..) acho que foi uma solução daquele momento, que você não tinha nenhuma possibilidade de diversão, que estava tudo fechado e o drive-in surgiu. Teve uma mistura de uma coisa de nostalgia e uma curiosidade de conhecer”

Agora, com os cinemas voltando a funcionar, muitas pessoas voltam a frequentá-los, mas Garcia questiona sobre a segurança desse lugar, “(...) é algo que fico muito inseguro ainda, não sinto necessidade, gostaria, mas não agora. Não me sinto seguro, é muito incerto o que estamos vivendo, então prefiro evitar. “ Mas há quem discorda, como Pires: “(...) acredito que no cinema é mais fácil de aplicar as medidas de segurança, é muito mais fácil controlar o número de pessoas do que em um bar, por exemplo. ”

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A criação de apps que possibilitam a publicação de textos online e o advento dos E-books, criam uma geração de autores independes que autopublicam seus trabalhos.
por
Lidiane Domiciano Miotta
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18/09/2020 - 12h
Aparelhos usados para ler e-books

Não é novidade a dificuldade que os autores encontram para publicar livros no mercado editorial brasileiro, principalmente se o escritor não tiver o apoio de uma grande editora, se for pouco conhecido ou novo no mercado. Porém, com o surgimento de apps que possibilitam que qualquer pessoa poste seus trabalhos online e dos E-books que facilitaram a publicação de livros nesse formato, uma nova geração de autores independentes é criada.

Essa nova geração de escritores não precisa de uma editora para ter seus livros publicados, pois eles passam a ter uma maior liberdade, já que o próprio autor passa a ter o poder autopublicar seus trabalhos a qualquer momento na internet por meio dos apps ou no formato de E-books, que demora no máximo 48 horas para aparecer para o público leitor. Porém para esses autores surge uma maior dificuldade para publicar seus trabalhos no formato físico, já que ele mesmo tem que financiar os gastos com a fabricação do livro físico, por isso para muitos desses escritores é uma grande vitória a publicação de seus livros em formato físico.

Segundo a autora independente Aline Santos de 19 anos, que acaba de publicar seu primeiro livro “E eu vos declaro, Aro” nos dois formatos e que está muito animada com essa conquista, todo autor deveria ter a experiência de ter seu livro publicado em formato físico e, assim, ter a oportunidade de poder segurar em suas mãos, já que segundo ela que viveu essa experiência, é indescritível ver o trabalho que você sonhou e trabalhou nele publicado e ter a chance de o tocar.

A dificuldade da publicação de livros físicos faz com que o público desses escritores seja limitado, já que limita que o contato do leitor com a obra seja apenas pela internet, porém também fez com que esses autores alcançassem de forma notória o público das redes sociais, principalmente o público jovem, já que esse é o principal meio de divulgação de suas obras. Muitos desses autores também utilizam grupos e fóruns nas redes sociais que são dedicados a autores independentes e que tem como objetivo dar voz e espaço a todos que querem publicar e apresentar suas obras para o público. Além disso, esses autores têm costume de criar parcerias entre eles, pois todos eles sabem da dificuldade de conseguir alcançar um maior número de leitores sem o marketing que uma editora poderia fornecer.

Apesar da dificuldade de alcançar leitores, a relação desses autores e seus leitores acaba ficando mais próxima, com as redes sociais os leitores acabam acompanhado todo o processo de criação e publicação do autor e acabam entrando em diálogo direto com o ele, criando assim uma maior liberdade de interação entre as duas partes. Além disso muitos apps que são usados por esses autores tem mecanismo que dão ao leitor a possibilidade de comentar os textos, deixando assim suas opiniões e interações para o autor ler e até mesmo responder a esses comentários.

Sendo assim, ser um autor independente significa que recai sobre ele todo o trabalho para a publicação e marketing do seu livro, isso é, ele que tem que planejar, escrever, revisar, editar e pensar a melhor estratégia de marketing que se encaixe com seu livro e com o seu público leitor.

Apesar de toda a dificuldade e trabalho que ser um autor independente significa, é uma jornada muito única e prazerosa e que traz para os autores uma maior liberdade criativa, maior direito sobre suas obras e maiores royalties que esses autores não teriam caso fossem contratados por uma editora. Em sua maioria, esses autores optam por autopublicar suas obras por terem sido rejeitados por editoras, principalmente por estarem no começo de suas carreiras.

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Carnaval de São Paulo passa por uma dura crise provocada pela pandemia, entrevistei pessoas ligadas ao carnaval em diversas áreas para saber a melhor solução que estão encontrando para sobreviver
por
Lucas Malagone
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18/09/2020 - 12h

 

Carnaval de São Paulo passa por uma dura crise provocada pela pandemia, entrevistei pessoas ligadas ao carnaval em diversas áreas para saber a melhor solução que estão encontrando para sobreviver

A pandemia do Coronavirus impactou diversas áreas da sociedade e da economia brasileira, mas nenhuma outra foi tão afetada como a cultural, uma área que já vem sofrendo diversos ataques pelo atual governo com diversos cortes de verbas. Mas uma em especifico vem sofrendo mais nessa pandemia é o carnaval nossa maior festa popular brasileira que no ultimo ano movimentou de acordo com dados da prefeitura de São Paulo cerca de 15 milhões de pessoas na cidade com um faturamento próximo da casa de 2,3 bilhão de reais. A grande atração principal é o desfile das escolas de samba que acontece todo ano no Sambódromo do Anhembi.

Apesar das dificuldades a LIGA  que organiza os desfiles junto ao atual prefeito da cidade Bruno Covas preferiram invés de cancelar a festa preferiam adiar a festa para o meio de 2021 em coletiva dada no dia 22 de julho Estamos definindo ou final de maio ou começo de julho. "Estamos definindo tanto com os blocos quanto com as escolas e com as outras cidades a nova data que deve se dar a partir de maio do ano que vem. Muito dificilmente ocorrerá em junho porque coincide com os festivais de São João no Nordeste. Estamos definindo ou final de maio, ou começo de junho para realização do carnaval na cidade de São Paulo", afirmou Covas.Ele ainda ressaltou que essa previsão pode ser revista mais pra frente “É claro que essa data (maio ou julho) pode ser revista lá pra frente, da mesma forma que aconteceu com a Marcha para Jesus e a Parada LGBTQI+, que passaram os eventos para novembro e agora estão ou cancelando ou revendo o modelo do evento. Não há a menor dúvida que, de repente, lá na frente, seja preciso uma nova avaliação. Estamos tentando dar é a maior previsibilidade possível para as pessoas e, neste momento, não há como garantir nada em fevereiro, razão pela qual resolvemos adiar

Covas ainda afirmou que esta conversando constantemente com prefeitos de outras cidades do estado e do pais sobre essa decisão “Estamos definindo isso em conversa com outras cidades, pra que a gente possa fazer esse movimento em conjunto. E também estamos conversando com as escolas de samba e com os blocos. Segurança ninguém pode dar com o que vai acontecer mês que vem e é exatamente pela falta de segurança que adiamos os preparativos para a realização em fevereiro. Adiar o carnaval e os preparativos para fevereiro do ano que vem é ter tranquilidade em relação a como estaríamos em algumas semanas, que é quando as escolas começariam seus ensaios, que reúnem 2, 3 mil pessoas em um espaço fechado”

O presidente da LIGA Sidnei Carriuolo disse que a medida precisou ser tomada para garantir tempo hábil para as escolas se preparem para os desfiles, porem garantiu um carnaval totalmente diferente do que estamos habituados “Carnaval nos mesmos moldes de costume é impossível, já pensamos em adaptações. O que toma muito tempo e suporte financeiro é o preparo de fantasia e alegoria", afirmou. Sidnei também afirmou que a LIGA seguira tudo que for determinado pelas autoridades sanitarias“Nós estamos defendendo muito o posicionamento da Prefeitura, estamos indo muito em cima daquilo que os órgãos governamentais colocam pra gente. Não vamos fazer nada fora daquilo que seja determinado pelas autoridades”

Alguns presidentes de Escolas como Luciana Silva da Tom Maior se mostraram favoráveis a decisão ressaltando a importância de pensar em quem trabalha no dia a dia da escola “Nós participamos dessa mudança de data e ela mudança se deu pela necessidade do momento, onde a prioridade é preservar vidas. Mas em paralelo a isso, não podemos ignorar que o profissional do carnaval precisa sobreviver. Com isso fomos trabalhando em conjunto com a prefeitura, para assim determinar uma nova data”, disse Luciana, em entrevista publicada no site da escola. 

O carnavalesco da escola Tom Maior, Flavio Campello também se pronunciou como a crise vem afetando a rotina da escola e do carnaval  “Enquanto isso, seguimos no desenvolvimento do projeto. Vamos pensar num cronograma onde possamos pelo menos deixarmos pilotos das fantasias prontos, projeto de alegorias engatilhados”, explicou o artista. “Assim que tivermos o start quanto a data do desfile e informações sobre o aporte que cada escola terá, darmos sequência ao trabalho de barracão e reprodução dessas fantasias”

A presidente da escola Mocidade Alegre Solange Bichara também se posicionou sobre o adiamento “A gente tem que entender que a construção do desfile é uma coisa, o desfile é outra. Para construir, para trabalhar no barracão e dar andamento aos processos, nós não necessitamos de aglomeração. Podemos todos trabalhar com máscaras, luvas, utilizar o álcool em gel e respeitar as normas. E a gente consegue empregar as pessoas que são profissionais do Carnaval, que necessitam desse trabalho para sobreviver”, explicou Solange.

Ensaios como esse não são possíveis no momento as escolas tiveram que achar outros caminhos ( FOTO: Reprodução)
Ensaios como esses realizados na Mancha Verde não serão possíveis, as escolas tiveram que se reinventar (FOTO: Escola Mancha Verde)

Mesmo com o carnaval garantido as escolas de samba tem toda um ciclo que funciona o ano todo gerando receitas, empregos e eventos culturais para colocar a festa na rua todo ano em fevereiro, como eventos em suas quadras que deixaram de acontecer, eram importantes fontes de renda extra. Agora as escolas tem sua rotina comprometida e todo esse sistema comprometido. Para Saber mais o que se passa entrevistei três pessoas ligadas ao dia a dia das escolas de São Paulo

Juliana Eyko Yamamoto tem 22 anos é porta- bandeira e já trabalhou na Unidos de Vila Maria atualmente trabalha como reporter e produtora do site especializado em carnaval o Carnavalize; Dean Fábio Gomes tem 30 anos é pesquisador acadêmico e ligado a escola Vai-Vai; Carlos Costa tem 28 anos é harmonia de mestre sala e porta bandeira pela Unidos do Vale Encantado além de produtor do programa Carnaval Show. Nessas entrevistas eles mostram diversas perspectivas do que esta acontecendo no âmbito do carnaval e das escolas de samba nesse período, confira:

Como a crise do Coronavírus atrapalhou o seu trabalho no carnaval? Qual foi a solução que foi encontrada para enfrentar essa dificuldade ?

Juliana: Por ser porta-bandeira, esse ano estava me organizando para fazer cursos e aulas particulares. Porém, com a pandemia os cursos presenciais foram adiados e meus planos também. Para não ficar parada, comecei a treinar em casa e também iniciei um curso de mestre-sala e porta-bandeira totalmente online. Mesmo sendo à distância, é uma forma de adquirir conhecimento e não ficar parada durante esses tempos difíceis.

Dean : Alterou toda a rotina da Escola, problemas que ela já passavam se intensificaram. As medidas foram o contato com a comunidade por meio de lives é uma aproximação maior via digital com os setores da Escola buscando unir esforços para a crise da pandemia

Carlos: A crise atrapalhou meu desenvolvimento como harmonia e coordenador de Mestre Sala e Porta Bandeira. A solução foi investir em vídeos online e na produção do Carnaval Show.

Você conhece alguém que perdeu seu trabalho no carnaval por conta da Pandemia? por qual motivo?

Juliana: Não conheço, mas sei que muitas pessoas que trabalham em barracões e ateliês de fantasias vem sofrendo muito com a pandemia. Perderam seus empregos ou tiveram seus salários diminuídos drasticamente. Grande parte desses vivem do carnaval, é sua principal fonte de renda e não tem outra opção.

Dean: Vários. Costureiras principalmente. Prestadores de serviço em geral

Carlos: Ainda não conheci nenhum profissional prejudicado, mas sei que principalmente o pessoal dos ateliês encarregados por fantasias e do barracão responsáveis pelas alegorias estão sofrendo com a crise.

Quais foram a saídas que o carnaval encontrou para manter empregos e o planejamento com a crise? 

Juliana: Infelizmente eu vejo que as escolas de samba não estão procurando formas para manter os empregos dos seus funcionários e muito menos como lidar com a crise. Já vem de anos que as agremiações precisam se reinventar e buscar novas formas de adquirir recursos para driblar possíveis crises como essa e não ficarem a mercê apenas do governo. No Rio de Janeiro, as escolas dependem muito da subvenção para colocar seus desfiles na rua. E várias já cortaram metade dos quadros de funcionários e não parecem se mexer à procura de soluções para criar um “caixa” e manter os salários dos atuais empregados. Já em São Paulo, a escola que vejo que está se mexendo para conseguir novas formas de arrecadar recursos é a Dragões da Real com sua lojinha online e os seus ensaios drive-in. Pode ser pouco, mas é a escola mais “ativa” da cidade e conseguindo gerar renda mesmo em época de pandemia. As agremiações precisam se reinventar em tempos de crises, são patrimônios culturais do país e faz parte da nossa identidade; é preciso procurar novas formas de se sustentar.

Dean: Penso que optar pelo essencial para manter a comunidade vinculado com a Escola seja por lives encontro virtual , para evitar assim uma debandada dos membros sobretudo dos mais jovens .

Carlos: Acho que a forma foi ajudar e incentivar a comunidade através dos trabalhos sociais que ficaram ainda mais importantes nesses tempos de crise, é uma forma também de aproximar a escola com seu povo já que temos no momento uma rotina de eventos e ensaios praticamente inexistente.

Você acredita que deveríamos ter o carnaval com uma vacina mesmo que seja fora de época ano que vem? Qual o modelo ideal para realizar os desfiles dado as dificuldades financeiras encontradas pela pandemia? 

Juliana: Deveríamos ter carnaval ano que vem sim caso surja a vacina, mesmo fora de época. Antes de mais nada, o carnaval é resistência. O carnaval é uma festa popular brasileira, faz parte da nossa cultura e da nossa identidade, não podemos deixar passar em branco. Além disso, muitas pessoas trabalham com o carnaval e vivem dessa festa que gera milhões de empregos diretos e indiretos. Ter um carnaval mesmo que fora de época e menor porte, é gerar empregos para essas pessoas, é fazer a economia girar. Ao meu ver, os desfiles só devem acontecer depois da vacina. Com isso, acredito que os desfiles serão com uma quantidade menor de carros e um número também menor de componentes. O importante é a festa acontecer, mesmo que os foliões desfilem apenas de blusa e calça. Carnaval é representatividade, é patrimônio e não podemos deixar passar.

Dean: Sem Vacina sem Carnaval! Penso que se não houver vacina as Escolas devem buscar algum evento alternativo com o intuito de apenas celebrar mesmo que seja a distância para manter a tradição viva ! Em relação aos recursos se tivermos vacina e ele for realizado penso Maio uma boa data , que seja um desfile menor por conta dos recursos .

Carlos: Não, pois atrapalharia todo o projeto para 2022. O que deveria ser feito são desfiles simbólicos, reforçando que quando tudo voltar ao normal, a festa vai crescer ainda mais.

 

 

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Sem poder realizar debates e exibições presenciais, eventos para cinéfilos tem maior adesão na realização à distância.
por
Pedro Kono
|
18/09/2020 - 12h

Em meio à pandemia, festivais de cinema do Brasil contabilizam seus maiores números de público entre todas as edições. A marca se deve à adequação ao formato online com o intuito de respeitar o isolamento social.

 

Daniel Diaz (27), coordenador geral do Festival Ecrã, que presencialmente acontecia no Rio de Janeiro, relata que, se a edição física de 2019 teve um público de cerca de 2 mil pessoas, a digital deste ano atingiu um número que superou a marca de 20 mil usuários e 49 países. ‘‘Tínhamos uma expectativa de multiplicar o público do ano passado, talvez um pouco mais por ser online, mas foi muito além do que a gente imaginava’’.

 

Além da popularidade, Diaz conta que as plataformas digitais ‘‘abriram portas e possibilidades que, na verdade, eram muito óbvias’’. Identificado como um festival que extrapola o cinema e possui experimentações mais livres que envolvem o audiovisual, o Ecrã aproveitou a oportunidade para explorar meios de exibições mais criativos. Dois exemplos são os filmes ‘‘Nelson’’, de Matheus Strelow, obra de 13 minutos filmada com uma webcam que foi expandida para uma instalação de 24 horas em uma plataforma digital, e ‘‘E Eu Vivi Minhas Fantasias’’, de Naama Freedman, que foi exibido na ferramenta de transmissão ao vivo da rede social Instagram.

 

‘‘O que nós não imaginávamos era sair da esfera de São Paulo e entrar para a esfera do Brasil.’’, diz Ricardo Albuquerque (22), social media do Kinoforum, associação responsável por realizar o Festival Internacional de Curtas-Metragens de SP. Confirmado no formato digital em Junho, o festival aconteceu no mês de Agosto e, segundo Albuquerque, conseguiu extrapolar seu nicho e alcançar um público maior.

 

Albuquerque também conta que a interação entre os espectadores, realizadores e pessoas do meio do audiovisual, um dos principais atrativos de um festival de cinema, aconteceu na edição não presencial deste ano. Além do elevado engajamento pelas redes sociais, a instituição realizava happy hours via plataforma digital Zoom após as sessões, juntando entusiastas e cineastas para um bate-papo mais descontraído. Os já tradicionais bate-papos e mesas redondas com diretores e elenco, antes e depois da exibição de seus filmes, também foram adaptados para o formato à distância. ‘‘Alguns realizadores me falaram que até preferem que esses debates continuem via online’’, conta Diaz.

 

Questionado sobre a possibilidade de uma edição online em um mundo pós-pandemia, Albuquerque responde que ‘‘essa é a pergunta que todos os festivais de cinema estão fazendo agora...precisaríamos de um desenho de produção totalmente novo, mas é uma questão’’. A resposta positiva à edição deste ano não levantou a questão apenas para o Kinoforum, na medida em que Diaz relata que pretende utilizar novamente as possibilidades de um evento à distância para futuras edições do Ecrã: ‘’Nós não pensamos mais a edição online deste ano como uma coisa pontual.’’. Diaz também conta que a equipe do festival está realizando uma coleta de dados para talvez idealizar uma edição mista entre o presencial e o online no futuro.

 

Financeiramente, os festivais cortaram os custos de equipamentos e locomoção de seus realizadores. Preservando, como sempre, a entrada gratuita, e se mantendo com o pagamento das inscrições e a ajuda de parceiros, as instituições não sofreram grandes prejuízos.

 

Apesar de acontecerem online, ambos os festivais realizaram projetos que ocuparam espaços físicos. O Festival de Curtas contou com um cinema drive-in e o projeto ‘‘A Cidade é Uma Tela’’, caracterizado pela exibição de curtas-metragens na parede de um prédio situado na Vila Buarque. O Festival Ecrã também projetou filmes em paredes e prédios para o público de algumas regiões do Rio de Janeiro. Diaz conta que fez a curadoria destas obras e que buscou exibir filmes que se adequassem ao formato, priorizando curtas sem áudio.

 

No Brasil, os cinemas já foram reabertos em algumas cidades selecionadas. O Festival De Volta Para o Cinema teve início no começo de Setembro e conta com a exibição de blockbusters americanos consagrados, como ‘‘Vingadores’’, ‘‘Star Wars’’ e ‘‘Harry Potter’’. Perguntado se a realização presencial deste festival tão próximo da edição deste ano do Ecrã tenha resultado em algum desconforto, Diaz respondeu que ‘‘nem estava sabendo da existência (do festival)...particularmente, não acho que é o momento, mas talvez eles tenham uma estrutura para cumprir com as recomendações de higiene.’’. Albuquerque também nega qualquer tipo de repercussão no Kinoforum e acredita que são eventos para públicos diferentes.

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Críticos e estudiosos do cinema visualizam um cenário de maior acesso a filmes que estão longe do grande circuito comercial
por
Gabriel Iquegami
|
03/07/2020 - 12h

Cássio Starling Carlos, crítico cinematográfico do jornal ‘Folha de São Paulo’, acredita que o cinema independente pode ganhar uma maior audiência por meio da ascensão das plataformas de streaming – também chamadas de VoD. “Festivais menores vão incluir um novo público que antes [da pandemia da Covid-19] limitava-se ao acesso presencial”, diz Starling Carlos.

Filmes que se restringiam a um circuito comercial de baixa visibilidade, ganharam um novo destaque com a sua migração ao VoD. Com isso, os limites geográficos que determinavam o acesso de tais obras já não existem, fazendo com que elas alcancem um público muito maior. “Festivais secundários podem tirar mais proveito, tive a possibilidade de assistir a um pequeno festival italiano que há anos tinha interesse”.

Antes da pandemia, o blockbuster chegava a ocupar tamanho espaço na grade horária que os filmes independes acabavam sendo limitados. Já sobre o atual momento, o crítico afirmou “todos agora estão, de certo modo, no mesmo nível”. Portanto, com a migração ao streaming – ainda que os filmes de apelo popular tenham o maior destaque – a película menos comercial tem mais chance de ser notada.

Carol Moreira, youtuber e apresentadora, ressaltou a possibilidade de descobertas quanto ao cinema estrangeiro por meio do VoD, filmes considerados de um nicho muito específico. “Existem ótimos exemplos de séries de outros países que, em outro contexto, nunca veríamos no Brasil e isso serve também para que vários filmes, que chegam ao alcance do público com muito mais facilidade”, disse Moreira.

Além disso, a apresentadora ainda ressaltou a possibilidade do streaming receber uma maior aceitação após a pandemia por parte de um público mais tradicional e pouco familiarizado com as tecnologias. “Até o Oscar teve que ceder, liberando filmes que estrearam nada mais nas plataformas”, referiu Moreira ao comentar a mudança feita pela Academia, que antes só aceitava filmes com um tempo mínimo de exibição nas salas de cinema.

Quanto ao futuro da indústria cinematográfica, tanto Starling Carlos quanto Moreira dizem que irá se confirmar algo já esperado, a consolidação do streaming e o surgimento de novas plataformas.

Imagem do acervo pessoal de Carol Moreira
Imagem: Acervo Pessoal

Já o professor de multimeios da PUC-SP, Mauro Peron, conta detalhes sobre suas descobertas na pandemia. “A pouco tempo atrás o festival de documentários ‘É Tudo Verdade’, abriu sua plataforma. Ele dificilmente chegaria ao grande público sem o auxílio da internet”, disse o professor, referindo-se, também, questão de filmes de nicho ganharem mais destaque.

Ademais, Peron aborda a questão sobre o fechamento das salas de cinema, ele explica que esse cenário pode se manter por muito tempo. Tais locais acabaram se tornando um ambiente propício à propagação do vírus e mesmo quando a pandemia termine, ele acredita que demorará muito para a ocupação das salas com a mesma frequência de antes.

Ainda assim, os três cinéfilos entrevistados compartilham da visão de que a experiência de ir ao cinema físico é incomparável, ressaltando o fato de que a imersão ao ver um filme em casa é diferente das telonas. “Há uma mística no imaginário daqueles que frequentam o cinema físico. A experiência na tela grande é algo que não se reproduz no ambiente doméstico”, disse Peron.

(Foto: Acervo Pessoal)
Imagem: Acervo Pessoal

Saindo do ambiente acadêmico e conhecendo a opinião do público apreciador de cinema, Pedro Ghiotto, estudante de direito, disse concordar com a ideia de Peron. “Quando você está na sala de cinema a experiência é algo totalmente diferente, o ambiente é mais imersivo. Já em casa temos muitas distrações”. Além disso, o futuro advogado acrescentou “é diferente assistir algo pela tela do celular, você capta muito menos os detalhes”.

Por fim, Ghiotto confirmou aquilo que se espera dos cinéfilos. “Eu vou continuar indo ao cinema mesmo depois da pandemia, mesmo que demore um pouco”, declarou o estudante ao valorizar o ato tradicional de se assistir a um filme.

Quanto as plataformas que Ghiotto consome, ele relata ser é cliente da Netflix e Amazon Prime. Também comenta ter tido grande proveito no seu consumo cultural durante sua quarentena, uma vez que se tornou um consumidor mais assíduo por estar sempre em casa. “Assisti muitos filmes e séries, isso ajuda não só a passar o tempo, mas também a ampliar meu conhecimento de mundo”.

Imagem do acervo pessoal dde Ghiotto
Imagem: Acervo Pessoal
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