Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
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Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
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Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Aroeira trabalha com charge política desde o regime militar
por
Paula Moraes
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07/04/2021 - 12h

Com cinquenta anos de carreira, o chargista Renato Aroeira (57) começou aos dezessete anos como ilustrador nos livros de pedagogia da mãe. Nascido em uma família de artistas, com pai e avô pintores, se aproximou da arte desde cedo, o que o levou a virar chargista político.

            Após ilustrar os livros de sua mãe, foi trabalhar no Jornal de Minas, onde se tornou ilustrador da coluna de esportes que seu pai escrevia. Depois de um tempo ilustrando a coluna de esportes, foi convidado pelo editor do jornal para fazer charges políticas.

Quando começou como chargista, ainda jovem e durante a ditadura militar, achava que o humor vinha da simplificação. Com o tempo percebeu que a simplificação acaba sendo injusta, e da origem para diferentes interpretações. “O humor simplificado costuma ser homofóbico, racista, sexista. Tem muitos preconceitos da sociedade embutidos, por que costuma trazer o riso mais fácil. O chargista tem que tomar cuidado com isso.”

            Houve muitas mudanças ao longo de sua carreira, e hoje não vê graça nas mesmas coisas de antigamente. Para aperfeiçoar suas críticas foi necessário muito estudo. “O meu aprendizado de política ocorre no movimento estudantil e na reconstrução da imprensa sindical. A partir dai, eu parei de simplesmente fazer uma charge política que os jornais tinham e comecei a entender realmente o que era política.” 

            Hoje em dia não gosta de usar o seu espaço para fazer piadas com minorias, e segue a linha do “politicamente correto” na criação de suas charges. “Não só incorporei o politicamente correto, como o lugar de fala dentro de uma maneira mais ampla de ver o mundo: eu sou um crítico social, e o crítico social tem a função de criticar o sujeito que engana a população”.

            Com cerca de quinze a vinte charges feitas semanalmente, Aroeira deseja que as pessoas reflitam em cima das suas críticas, mas não espera que as charges resolvam algum problema social ou provoquem alguma revolução.

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por
Marcelo Fernando Pereira Moreira
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07/04/2021 - 12h

Renato Aroeira é chargista, caricaturista e músico. Sua história na charge política começa no Jornal de Minas. De lá para cá, já alcançou alguns destaques por seus trabalhos críticos, como a conquista de uma edição especial do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, um dos mais importantes prêmios da comunicação brasileira. Suas artes são publicadas no site Brasil 247 e em suas redes sociais.

Em entrevista aos alunos do curso de jornalismo da PUC de São Paulo, Aroeira afirmou acreditar na mídia livre e disse que a charge é uma forma de expressar opinião e divertir o público, mas que isso não pode ser feito de qualquer jeito.  

“Na charge, você deve ter a mesma preocupação que um repórter tem com uma matéria, que é de ser preciso com o que você está dizendo. Se for uma coluna de opinião, que fique claro que é de opinião. A charge é de opinião. Então, é claro que aquilo é a minha opinião. Os elementos que consideram essa opinião estão dentro da charge. O humor simplificado tende a ser um humor muito rasteiro e tende a trazer um sorriso muito mais fácil. Prefiro complicar”, disse.

Historicamente, a forma de a charge chegar até o público sofreu grandes transformações. Não seria diferente, já que a evolução dos meios de comunicação mudou a maneira de se comunicar no mundo. Aroeira falou sobre como essa mudança impactou nos feedbacks do trabalho. Hoje, por meio da internet, suas produções são alcançadas por milhares de pessoas.

“Os comentários aparecem instantaneamente. Isso é toda diferença do mundo. No período de 30 anos, você fazia uma charge que falava de uma coisa de três, quatro dias atrás e era comentada com uma semana depois, ou seja, dez dias no processo, para uma coisa instantânea. Então, agora, é em tempo real”, completou.

Por seu estilo um tanto ousado, o cartunista, de 66 anos, já sofreu ameaças e foi até acusado de calúnia. Em 2020, o então ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, solicitou a abertura de inquérito contra Aroeira, devido à publicação de uma charge que usa a suástica nazista para se referir ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Mas essas são só algumas das polêmicas envolvendo o artista.

Em meio ao caos da pandemia de coronavírus, Renato Aroeira se destaca por suas charges, que mostram o comportamento do governo brasileiro no cenário da crise sanitária. Os desenhos do chargista revelam o posicionamento negacionista das autoridades nacionais. Embora ele diga que “nem de longe é o chargista quem muda o mundo”, Renato Aroeira compartilha  indignações representadas por meio de caricaturas.

“Eu já faço isso há mais de 40, 50 anos. A charge é uma maneira de ver o mundo, antes de qualquer outra coisa. O que eu espero, quando eu publico uma charge, é que as pessoas se divirtam, mas que olhem para aquilo que eu estou apontando, que gostem de mim, mas que também entendam que a minha charge é para fazer rir, mas ela também tem um gosto amargo, no geral”, finalizou.

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Produtor lamentou a falta de exportação de “música boa” brasileira no Grammy, em face da homenagem de Cardi B ao funk carioca
por
Hiero de la Vega de Lima
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06/04/2021 - 12h

Durante a cerimônia do renomado prêmio musical estadunidense Grammy Awards (14/03), este ano realizada remotamente devido à pandemia de covid-19, o produtor musical Rick Bonadio comentou a participação do Brasil na premiação: entre as performances realizadas durante o show, a rapper Cardi B apresentou uma versão de “WAP”, hit da cantora com Megan Thee Stallion, que incluía um trecho de um remix feito pelo DJ Pedro Sampaio.

O remix, de uma música já originalmente erótica, apresentava um trecho de funk de tom sexual, o que provocou a raiva de Bonadio. Em sua página no Twitter, ele afirmou: “precisamos exportar música boa, e não esse ‘fica de quatro’”, disse, em referência à principal frase presente na faixa. O comentário foi repudiado por artistas de funk, incluindo a cantora Anitta, que tuitou para o produtor: “escolhe um ritmo brasileiro à sua altura, faz uma música e exporta para o mundo”.

Para o cantor e multi-instrumentalista Melvin Santhana, ex-Os Opalas, o tuíte do produtor espelha uma tentativa de retornar à relevância. “Ele levantou da tumba, né? Porque nunca mais conseguiu lançar nada de pontual, mas aí conseguiu esquentar o nome dele”, diz. Santhana acredita que a resposta de Anitta acabou por “dar palco” para o discurso do produtor, que classifica como “elitista, classista e racista”.

Homem negro, barbado, de camiseta branca, batuca em tambor
Melvin Santhana (foto: reprodução/Instagram @melvinsanthana)

O músico aponta que, apesar de Bonadio ter produzido bandas como os Mamonas Assassinas, famosos por “esculachos xenofóbicos, até homofóbicos”, ele critica o tom erótico do funk. “Se fosse o Mamonas [no Grammy], ele ia dizer que foi um expoente do Brasil”, acrescenta. Apesar do comentário, Santhana acredita que o funk tem chance de alcançar popularidade no estrangeiro: as músicas do próprio têm influência do funk e rap, entre outros ritmos afro-americanos, como o samba.

Ainda que aprecie a atenção que Cardi B trouxe ao funk no estrangeiro, questiona: “que tipo de música é permitido se produzir no Brasil? Só existe sertanejo, funk e brega?”. Ele afirma que, mesmo com a ajuda da Internet, é difícil ficar famoso, mesmo nacionalmente, ao se desviar destes três ritmos. “A gente sabe que não é uma internet democrática, é um racismo comercial”.

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“É fácil criticar a Shein e não o sistema na qual está inserida”
por
Isabela Lago, Ramon de Paschoa e Tabitha Ramalho
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06/04/2021 - 12h

A indústria da moda é considerada a 2ª mais poluente, por conta das fibras têxteis, como o poliéster que é derivado do petróleo e do algodão produzido com fertilizantes. Impactam em grande emissão de gás carbônico, alto gasto de água e poluição dos mares e oceanos. Com o surgimento do Fast Fashion, a produção de roupas foi acelerada, passando a ter 52 coleções anualmente, essas tendências permitem que o consumidor compre roupas de outono mesmo estando na primavera.

"A moda de uma hora pra outra virou 180º” diz a influencer do app “TikTok” Bruna Zanesco, já que a pandemia fez com que algumas peças de roupa voltassem à tona como por exemplo o tie dye, técnica de tingimento em tecidos, ele foi de esquecido para amado e esquecido de novo”.

A utilização da mão de obra escrava, vinda, principalmente, dos membros dos Tigres Asiáticos, como Bangladesh e Vietnã, é presente em muitas lojas, por sua mão de obra barata.

O aumento do consumo de roupas é originado pela moda rápida, preços baratos, peças diferentes, a compra de “preciso” passa a ser “quero”, motivada pelo impulso de estar acompanhando as novas tendências ao invés de comprar por necessidade. Com a prática iniciada em 1970, o conceito de moda rápida surgiu após a proibição do comércio de petróleo nos Estados Unidos e em alguns países europeus, isso fez com que as empresas têxteis pensassem em uma nova estratégia para sair da crise e conseguirem escoar a produção.

Em março de 2020 a pandemia de Covid-19 causou quarentena e lockdown em quase todos os países, mas o mercado da moda se manteve, as compras online cresceram no Brasil. Segundo o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), que realizou estudos e fez pesquisas comparando o público e a procura por compras onlines, houve um aumento que passou de  39%, em 2018, para 70%, em 2020.

A influencer Zanesco conta que a marca Shein forneceu tendências e colocou tudo em seu site por um preço barato, “as pessoas vão comprar mesmo porque elas querem estar na moda”. Essa transição no mercado fez com que as lojas acompanhassem as tendências e quem pegou mais rápido e barato teve uma ascensão maior.

Assim como Bruna, Maria Eduarda Mazurega, estudante de moda da Faculdade Santa Marcelina em São Paulo, diz que muitas pessoas estão comprando na Shein e algumas blogueiras estão ajudando nisso, “uma das questões é que os produtos são baratos mas não são duráveis (...) A Shein produz muita coisa. De onde essas peças vêm e da onde são fabricadas? Quantas pessoas por trás delas não estão sofrendo e quanto elas ganham para produzir?”.

Para a jornalista, Iara Vidal, esse consumo na pandemia é um enigma, “o que as pessoas fazem com roupa nova dentro de casa?”. Sobre as questões das vendas e produções em massa, ela diz que é muito simples atacar a Shein e esquecer do mercado no qual está inclusa. “Não sei porque as pessoas escolhem essa ou aquela se todas estão inseridas em um sistema que está errado”.

Vidal faz parte do movimento Fashion Revolution desde 2017, em 2018 tornou-se representante em Brasília. “A minha questão é política, eu levei o Fashion Revolution para dentro do Congresso Nacional, para discutir as políticas públicas.”

Iara Vidal, representante do movimento Fast Revolution (Foto: acervo pessoal).
Iara Vidal, representante do movimento Fast Revolution (Foto: acervo pessoal).

 

O movimento surgiu logo após a queda do edifício Rana Plaza, Bangladesh - um dos principais países onde a mão de obra é voltada para a produção têxtil -, em 24 de abril de 2013, causando mais de mil mortes. O prédio possuía uma fábrica ilegal de producação que abasteceria, na época, marcas como PriMark e H&M entre outras lojas do Grupo Benetton.

A catástrofe chamou a atenção mundial e marcou o Dia da Revolução da Moda. Na semana do dia 24 de abril acontecem palestras de conscientização sobre a moda, ambiente e ética, com o principal objetivo: a busca pela transparência do modo de produção, alertar sobre as condições precárias que os trabalhadores vivem e o questionamento "quem fez as minhas roupas?"

Uma nova pergunta foi levantada pelo movimento “do que são feitas minhas roupas”?. Iara explica que a fibra do poliéster é a mais utilizada, sendo uma das principais agressores ao bioma marinho, “todas as vezes que lavamos uma roupa que é de poliéster, ela solta algum microplástico”, o algodão, sendo a segunda mais utilizada, é responsável por quase ⅕ do uso de agrotóxicos do mundo, principalmente o algodão transgênico.

 “Se a gente não sabe quem fez e do que é feito as nossas roupas, não terá mudança”, ressalta Vidal, que acrescenta que é preciso pensar no impacto no ambiente e na vida do trabalhador, sobretudo, a trabalhadora, sabendo que a mão de obra feminina representa cerca de 80%.

Fábrica de roupas em Daca, Bangladesh (Foto: Tareq Salahuddin/Wikimedia Commons)
Fábrica de roupas em Daca, Bangladesh (Foto: Tareq Salahuddin/Wikimedia Commons)

Tema levantado por Iara, a moda sustentável, métodos e processos de produção que não são prejudiciais ao meio ambiente, a jornalista diz que se angustia ver toda semana surgir uma nova marca com esse ideal. “Aí eu pergunto pra vocês, o que é moda sustentável? As pessoas precisam de seu sustento, mas todas estão inseridas no meio capitalista, mesmo a moda plus size, a-gênero”. 

Tanto Bruna como Maria Eduarda dizem que a moda sustentável existe, mas logo afirmam que é um produto caro e acaba sendo menos acessível para pessoas de baixa renda. “Seria um caminho ideal se toda a cadeia de produção entrasse na mesma pegada”, diz Bruna.

Apesar das alternativas sustentáveis e das propostas de visibilidade no processo de produção serem pautas amplamente populares entre ativistas da moda, a possibilidade de um fim da moda rápida ainda é distante.

Projetos de mobilização sobre moda rápida levantadas por coletivos como o Fashion Revolution e debates sobre o consumo de roupas, cada vez mais em alta nas redes que a incentivam como Instagram, TikTok e Facebook, são movimentações relevantes para que haja conscientização. Representante da geração mais jovem, Duda afirma que vê muita gente mudando e se utilizando mais de brechós e peças duradouras. 

Giorgio Armani propõe para Women's Wear Daily que a diminuição do ritmo de tendências seria a última saída para a moda. No entanto, o estilista está inserido numa cadeia de produção de grife, que não se sustenta em larga escala como a fast fashion. Sobre o fim dela, Bruna Zanesco afirma: "A fast fashion não acaba, mas tem que ser mais consciente”.

“Por que precisamos de uma revolução na moda?”. Gráfico: Fashion Revolution
“Por que precisamos de uma revolução na moda?”. (Gráfico: Fashion Revolution)

 

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O universo dos colecionáveis, tem se tornado cada vez mais comum e uma forte vertente, são os eletrônicos retrô. Como o videogame Philips Odyssey.
por
Eduardo Rocha da luz – RA00047318 e Mateus França Tavares Beraldo – RA00274813
|
01/04/2021 - 12h

Para conversar sobre esse assunto, convidamos um dos mais importantes colecionadores e cofundador da comunidade Odyssey Brasil. O professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Victor Emmanuel Vicente.

 

Nos conte um pouco sobre a sua história com videogames e principalmente sobre o Odyssey.
Minha história com videogames e tecnologia começa na década de 80, enquanto criança. Basicamente tendo acesso ao primeiro console de videogame doméstico, o Telejogo, de um primo. Em determinado momento, eu e meus irmãos, ganhamos de nosso pai, o nosso primeiro videogame, o fantástico Odyssey da Philips. Esse passa a ser o meu primeiro contato próximo ao que tinha de mais moderno no início dos anos 80.

O Odyssey era o único console disponibilizado no Brasil?
Em meados dos anos 80, havia uma política de reserva de mercado. Dessa forma, como a Philips já atuava a algum tempo em território nacional, foi possível que iniciasse as vendas do console em nosso país. E apesar de ser o primeiro console a ter as vendas autorizada no Brasil em 1983 e ter liderado as vendas, havia muitos Ataris que eram trazidos de viagens internacionais ou mesmo via contrabando do Paraguai. Oficialmente, o Atari chega tarde ao país, distribuído pela Polyvox.

Como foi a apresentação desse console no Brasil?
Como dito, a Philips já era conceituada, estabelecida no país, com um vasto a suporte técnico e um grande gama de lojistas. Para a apresentação desse novo equipamento, o investimento em marketing foi massivo. Havia um comercial de televisão, com todo um conceito futurista, que era exibido em horário nobre, principalmente aos domingos. Na principal feira de utilidades doméstica (UD) de dezembro de 1983, foi montando um stand gigantesco, com direito a raios lasers nos céus de São Paulo, para apresentar o primeiro console de videogames do Brasil. E ainda, foram realizadas parcerias importantes, como o lançamento do jogo “Didi na Minha Encantada”, que aproveitou o sucesso do filme “Os Trapalhões na Serra Pelada” que fora lançado no ano anterior.

Quando e como se tornou colecionador de videogames?
Eu me defino como colecionador desde 2000, quando eu vou atrás do meu Odyssey novamente, busco entender como está o cenário de videogames antigos e encontro várias outras pessoas o mesmo desejo. Como naquela época ainda não existia ferramentas de redes sociais, criei uma lista de e-mail específica para falar de Odyssey. Essa lista foi criada em dezembro de 2000 e durante alguns anos, essa lista passa a receber colecionadores de videogames interessados em buscar, catalogar e organizar tudo que se conhece sobre Odyssey. Nesse processo, descobrimos algumas coisas interessantes, como um jogo perdido chamado “Missão Impossível: Viagem Programada”, que tudo indica ser o primeiro jogo desenvolvido totalmente no Brasil, alguns materiais que anunciavam lançamentos que nunca chegaram a ser lançado, como o jogo da “Turma da Mônica”. A intenção desse grupo de colaboradores é disponibilizar todo esse material para a comunidade de colecionadores.

Esse grupo, além de resgatar e manter viva a memória desse console, têm outros objetivos?
É nesse grupo do Odyssey Brasil começa a surgir algumas ideias interessantes, como desenvolver jogos. Umas das pessoas que está nesse grupo desde o começo, é Rafael Cardoso, que é um excelente desenvolvedor de jogos para essa plataforma, que utiliza um processador Intel 8048 e por essa característica, a programação é toda feita em Assembly (linguagem de máquina). Esses jogos desenvolvidos por Rafael e por outros, eram até aquele momento, lançados na Europa ou Estados Unidos e para realizar a distribuição, tinha-se que desmontar cartuchos originais e regrava-los. Esse processo era totalmente caseiro e destrutivos, mas é o que se tinha em mão na época, para manter viva a essência do console, com a distribuição de novos jogos.

Como é realizado esse processo atualmente?
A equipe do Odyssey Brasil, 20 anos depois das primeiras iniciativas de resgatar, catalogar e desenvolver jogos totalmente brasileiros, com muitas pesquisas, tentativas, erros e acertos, conseguiu criar, de maneira a não canibalizar cartuchos originais, seus próprios cartuchos, com materiais existentes hoje. Dessa maneira, somos capazes de criar um cartucho totalmente novo e 100% produzido no Brasil.

Conte-nos um pouco sobre os jogos desenvolvidos pela equipe.
O primeiro jogo lançado foi o “Floresta Assombrada”, desenvolvido por Rafael Cardoso. Já para esse jogo, fizemos toda a arte gráfica da embalagem, que remetia aos jogos lançados nos anos 80, manuais e guia em inglês. Tudo para fazer com que, ao adquirir esse novo jogo, o colecionador seja levado ao passado nostálgico de outrora.
E pretendemos ainda, até o final de 2021, apresentar mais 3 jogos. O desenvolvedor Rafael Cardoso é um verdadeiro expert em programação em linguagem de máquina e inclusive foi elogiado pelo principal desenvolvedor de jogos para Odyssey dos anos 80, Ed Averett.

Para quem não tem um Odyssey, de que maneira poderia ter contato com o console?
O projeto Odyssey Brasil, através de nossa comunidade, está juntando material, incluindo materiais que soubemos da existência muito recentemente, como um consoles do Canadá e Japão, e com isso, pretendemos, em breve, lançar um museu específico sobre Odyssey.
Existe também uma iniciativa chamada de Museu do Videogame Itinerante, que antes da pandemia, fazia exposições em shoppings pelo Brasil, onde se podia jogar com vários consoles antigos, incluindo o próprio Odyssey. Aguardemos o término dessa pandemia, para que essa exposição itinerante possa voltar as atividades.

Para mais informações sobre a iniciativa Odyssey Brasil, acesse o site: https://experienciaodyssey.com.br

 

 

 

 

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