Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
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Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
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Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Ouça o podcast para saber mais sobre a carreira da dupla na indústria musical
por
Carlos Englert Kelm, Gabriel Porphirio Brito, Rafaela Reis Serra e Tomás Furtado dos Santos
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16/04/2021 - 12h
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Conhecido mundialmente pela sua música eletrônica, o Daft Punk oficializou no começo de 2021 o encerramento da banda. Com um som retrô e autêntico, buscavam encontrar seu estilo de música com os estilos do passado ao mesmo tempo em que tudo aquilo o que faziam era considerado inovador. 

O Daft Punk veio de um cenário eletrônico que surgiu durante os anos 90 na França e pode-se dizer que foram eles quem abriram as portas para muitos outros artistas que viriam desse cenário do “french house”. Com o lançamento de seu disco "Discovery", em 2001, ajudaram a música eletrônica a ser algo pop e massificado, o que não  havia ocorrido até então.

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Felipe Maia
Imagem: Reprodução/Instagram

Com a ajuda de Felipe Maia - jornalista, etnomusicólogo e DJ - contaremos a trajetória da dupla francesa até o sucesso.

Essa jornada de sucesso começou ainda nos anos 80 de Paris, quando Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo se conheceram na escola. O pai de Thomas era produtor musical e Guy ganhou sua primeira guitarra quando ainda era jovem. O desejo de entrar para a indústria da música se iniciou alí já que compartilhavam muitos gostos musicais, que iam do synth-pop até as trilhas sonoras de filmes do anos 70.

Surge então o primeiro projeto da dupla, uma banda de indie rock com influências punk formada com um outro amigo deles, chamada "Darlin'”. Eles chegaram a lançar singles e abrir alguns shows, mas não foram muito bem recebidos pelo público geral. Uma revista de crítica especializada da época chegou a detonar a banda descrevendo sua música, em uma tradução livre, como estupidamente punk (em inglês, “daft punky”). 

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Primeira aparição do duo
Imagem: Reprodução/Internet

A banda se separou e em 1993 Bangalter e Homem-Cristo se aproveitaram da crítica para formar o Daft Punk. Como eles sempre foram fãs dos anos 70 e seus sintetizadores, seu trabalho traria uma forte influência dessa época. Em 1994 eles lançam seu primeiro single chamado “New Wave”. No ano seguinte eles retornam as produções e apresentam seu segundo single e primeiro sucesso comercial “Da Funk”.

Já com certa notoriedade nesse nicho, em 1997 a dupla, com a ajuda da Virgin Records, grava e lança seu primeiro disco, “Homework”, sendo onde tudo muda. Com boa recepção da crítica e do público o álbum era uma grande mistura de gêneros musicais sendo possível notar pelo menos um pouco de house, techno, acid house, electro e funk em cada uma das trilhas. Esse conceito ficou conhecido como “french house” e foi aí que o mundo teve conhecimento dele pela primeira vez.

 

Para saber mais sobre a trajetória da dupla e ouvir o podcast com Felipe Maia clique aqui.

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Apesar do sucesso, a parcela da sociedade que insiste em discriminar o funk negligencia pautas e nega parte da cultura do país
por
Júlia Nogueira e Gabrielle Barbosa
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15/04/2021 - 12h

 

Das favelas às grandes baladas de elite, dos barracos aos palácios, o funk vem ganhando cada vez mais espaço Brasil afora. A cultura popular é qualquer manifestação cultural de que o povo produz e participa ativamente, como por exemplo o funk. Ao longo de três décadas de evolução, foram criadas inúmeras vertentes sob o estilo musical mais popular do país, como brega funk, pop funk, arrocha funk entre outros. O ritmo que saiu das periferias por pessoas produzindo músicas de uma forma extremamente precária e hoje vem tomando cada vez mais gravadoras e rádios é um ótimo exemplo dos efeitos da indústria cultural. 

Um dos textos mais conhecidos de Theodor Adorno e Max Horkheimer pela Escola de Frankfurt trata sobre o conceito de "Indústria Cultural, onde diz que a arte, dentro de um sistema capitalista, passa a ser tratada não como uma forma de expressão sincera, mas sim como um produto visando o lucro. Assim qualquer produto de arte, como a música, é transformado em produto para a “massa”, visando assim maior alcance e aceitação, gerando mais lucro. 

Fato é que o funk também movimenta a economia brasileira, despertando um incômodo em parte da população brasileira, com voz ativa, a elite. O funk assusta a elite brasileira, justamente por ser a realidade de muitos, mas conhecida por poucos. Assim a realidade da pobre população brasileira das favelas, acaba sendo invalidada, causando aversão à sociedade, em que ser morador de comunidade está automaticamente associado a ser bandido. A sociedade repulsa o termo “favelado”, pois é mais cômodo fingir que não existe a realidade que abrange a maioria do que encará-la. As pessoas querem hinos de amor e paz, vindos daqueles que não são expostos a essas circunstâncias. É preciso que levem incentivos e oportunidade aos moradores dessas comunidades, principalmente aos jovens, que são o maior número de ouvintes do funk, como afirmou a cantora Anitta em um palestra em Harvard: “A rejeição ao funk é única e exclusivamente porque veio do pobre, da favela. O funkeiro canta a realidade dele. Se ele acorda, abre a janela e vê gente armada se drogando, se prostituindo, essa é a realidade dele. Para mudar o contexto da letra do funk, você precisa mudar a realidade de quem está vivendo essa realidade”.

Com a apresentação da rapper Cardi B no Grammy 2021, que incluiu um trecho do remix do brasileiro Pedro Sampaio, o produtor dos Mamonas Assassinas, Rick Bonadio, moveu as redes após publicar em seu Twitter: “Já exportamos Bossa Nova, já exportamos Samba Rock, Jobim, Ben Jor. Até Roberto Carlos. Mas o barulho que fazem por causa de 15 segundos de Funk na apresentação da Cardi B me deixa com vergonha. Precisamos exportar música boa e não esse ‘fica de quatro!’”. Nomes do funk, como Anitta, Lexa e Valesca Popozuda, rebateram Bonadio “O funk evoluiu e cresceu tanto que estava no Grammy ontem. É preciso respeitar nosso movimento. Tenho respeito pelo seu trabalho e esperamos o mesmo respeito. O funk é cultura, é música e tá quebrando barreiras sim.” tweetou Lexa.

A cantora Ludmilla em entrevista ao Metrópoles em novembro de 2020 disse: “Levei o funk para as pessoas mais elitistas, aquelas que julgavam o ritmo como música de marginal e estou na luta para levar o funk para o mundo”. No último dia 3 de abril a cantora comandou o show na casa do Big Brother Brasil e durante sua performance declarou: "A próxima música que vou cantar agora fala sobre uma coisa que o mundo está precisando, que é respeito. Respeita o nosso funk, respeita a nossa cor, respeita o nosso cabelo”.

Apesar de ainda ser muito discriminado por grande parte da sociedade, o funk vem ganhando respeito na música e representando a comunidade. O funk é uma forma de porta-voz da favela, e a maneira como é criminalizado nega espaço às periferias e pautas importantes debatidas, como o racismo e a violência policial.

As periferias, diariamente marginalizadas no país e limitadas a relatos de violência e estatísticas de pobreza, encontraram no funk uma identidade e uma oportunidade para expressar o que vivem. A música da periferia ainda segue na luta pela conquista de seu espaço e respeito da sociedade.

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Além do cinema, o diretor teve uma visão única em questionar o comportamento social
por
Carlos Gonçalves
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15/05/2021 - 12h

     Cineasta, escritor e questionador social, Glauber Rocha foi um dos fundadores do movimento chamado cinema novo, sendo um dos cineastas brasileiros mais premiados internacionalmente. Nascido em Vitória da Conquista, Bahia, presenciou a realidade de um Brasil marginal, onde a cultura brasileira era esquecida e sufocada pela modernidade externa. Com um viés crítico, Glauber quis descolonizar a visão glamourizada do cinema internacional, abrindo os olhos para a realidade de um país de “terceiro mundo”, mostrando a violência do nosso país, a loucura e a desigualdade. No início da carreira, foi influenciado pelo expressionismo alemão, pelo concretismo brasileiro e pelo cinema soviético. Futuramente, influenciado pelo neorrealismo italiano e pelo cinema francês “nouvelle vague”, o diretor da vanguarda foi adotando características mais dinâmicas para a sua filmagem. Utilizando uma forma livre de direção, quebrando padrões coloquiais da filmagem; como a abdicação do tripé, que resultou em uma filmagem mais livre e rápida. Ao romper com os padrões acadêmicos de filmagem, ele pôde gradualmente criar a sua própria forma de fazer cinema, fazendo tomadas em movimento que conseguiram captar de forma expressiva a violência de uma cena ou descobrir novos ângulos até então questionáveis. Para Glauber, valia tudo para chocar o espectador, arrancando-o do conforto de filmes alienantes da época (chanchadas) e jogando-o na realidade amarga de um país violento, sufocado por uma ditadura silenciosa.

     Na década de 1960, com o surgimento de um novo movimento latino-americano voltado para as preocupações sociais, que virava as costas para a influência cultural norte americana e europeia, o cinema novo tornou-se a vanguarda desta nova forma de questionar. Mostrando aos cidadãos brasileiros a realidade do seu país que estava em efervescência industrial, porém ainda com alta discrepância nos quesitos socioeconômicos como um todo. Em seus filmes, Glauber retratou os conflitos que abalavam (e ainda abalam) o Brasil. O cinema novo tinha como uma de suas características usar alegorias, expressando de forma indireta símbolos ou cenas para representar uma ideia; o que gerava no público em geral um certo estranhamento, por não entenderem exatamente o que fora proposto. Glauber, por ser um dos maiores adeptos do movimento, acabou criando uma forma de linguagem visual singular, esteticamente livre. Pela falta de recursos na época, a única saída era ser criativo nas filmagens e tentar retratar certas cenas que são mais complexas em cenas mais curtas ou simbólicas, deixando a parte da compreensão subentendida ao receptor. Por ter utilizado uma linguagem mais livre, certas formatações técnicas foram abandonadas; acarretando filmes sem um padrão específico, o que dificultava a compreensão de quem assistia. Incompreendido pelos seus métodos, o diretor tinha como objetivo levar a reflexão em seus filmes, cutucando especialmente a região sudeste sobre a pobreza do nordeste. Mostrando através de uma direção engajada, preocupada com a sociedade e a cultura brasileira; tentando abrir os olhos de quem vivia em uma bolha cultural influenciada somente pelos modismos internacionais.

     Encabeçado pelo Glauber, surgiu em 1965 o manifesto “Uma estética da fome”, o texto apresentava um projeto artístico que visava utilizar o cinema como ferramenta de mudança social e não somente como denúncia. Indo além de somente representar os temas da miséria e da violência sobre uma visão cinematográfica, e sim criar uma comunicação verdadeira com o tema. Para Glauber, a arte produzida até então, não comunicava a verdadeira miséria vivida pelo seu povo ao espectador, e nem o estrangeiro conseguiria compreendê-la verdadeiramente. Sendo a única comunicação composta por mentiras elaboradas da verdade, como os exotismos formais que vulgarizavam os problemas sociais e que apenas satisfaziam a nostalgia do primitivismo para o observador europeu. De forma intensa, o pensamento do diretor foi se tornando cada vez mais politizado e alinhado com os partidos de esquerda; sendo considerado na época o movimento cinematográfico mais político da América Latina.

     Sob a inspiração do cinema de guerrilha como forma de protesto, Glauber lança o longa “Terra em Transe” em 1967, que fazia clara referência a política ditatorial brasileira. O filme retratava um país fictício da América Latina sob uma convulsão política interna, onde um tecnocrata conservador busca pela conquista do poder; o filme foi proibido pela censura do governo brasileiro por ser considerado subversivo. A sua fama como diretor crítico crescia internacionalmente, onde a cada entrevista concedida a veículos de imprensas internacionais, Glauber fazia questão de questionar o regime militar brasileiro e toda corrupção que nele havia, além da crescente censura na imprensa e no audiovisual. O que fez dele um dos líderes mais famosos do movimento da esquerda; tornando-se marcado, viver no Brasil era sentir-se constantemente vigiado. Com a intensificação da perseguição aos opositores do regime, e por estar se tornando um símbolo subversivo, Glauber partiu para o exílio em 1971, passando por diversos países, não retornando de forma permanente ao país natal. Porém, mesmo estando exilado, o regime militar tinha a intenção de matar Glauber. É o que diz o relatório revelado em 2014 pela Comissão da Verdade, que indica que havia um plano de matar o diretor que se encontrava exilado em Portugal. O relatório que foi produzido pela aeronáutica, descreve Glauber como um dos líderes da esquerda brasileira e sendo considerado graças a sua visão crítica, um “violento ataque ao país”. Segundo a sua filha, Paloma Rocha, o relatório confirma o que seu pai sempre lhe disse, que era um perseguido político.

     Morto em 1981 com somente 42 anos, vítima de septicemia (provocado por uma broncopneumonia que o atacava há mais de um mês), Glauber nos deixou um vácuo. Projetos e pensamentos que ainda precisavam de mais algumas décadas do seu criador para tomar forma. Onde teria mais força para chocar essa sociedade que sofre de ausência cultural, que está à deriva, alienada das suas origens. O Brasil precisa mais do que críticos, precisa de críticos com coragem, que falam o que pensam, que confrontam, que se auto-afirmam. Glauber entendeu cedo a dinâmica da comunicação do nosso país: não é somente com uma conversa técnica que vamos resolver os nossos impasses seculares, é preciso pôr um pouco mais de energia em nossas atitudes para conseguirmos mudar. É arriscar a própria vida em nome de todos, de ser marcado para morrer e continuar mordendo, sem parar. Nesta batalha sobre perdas, lutos e censuras, quem perde é o “Brasil cultural”, e não o Glauber. Somos nós que precisamos dele e de suas inspirações, e não o contrário.

“Onde houver um cineasta disposto a filmar a verdade, e a enfrentar os padrões hipócritas e policialescos da censura intelectual, aí haverá um germe vivo do Cinema Novo. Onde houver um cineasta disposto a enfrentar o comercialismo, a exploração, a pornografia, o tecnicismo, aí haverá um germe do Cinema Novo. Onde houver um cineasta, de qualquer idade ou de qualquer procedência, pronto a pôr seu cinema e sua profissão a serviço das causas importantes de seu tempo, aí haverá um germe do Cinema Novo.”

– Glauber Rocha

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Especialistas de cinema vêem a premiação como um marco pontual na história, não uma realidade da academia
por
Daniel Dias, Felipe Albanez, Leonardo Cavazana e Rafael Monteiro
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15/04/2021 - 12h

No último dia 15 de março foram anunciados os indicados da 93ª edição da maior premiação   do cinema, que será realizada no dia 25 de Abril. Por conta das indicações, este já se trata do  ¨Oscar¨ com maior diversidade de todos os tempos, contando com duas diretoras concorrendo a melhor direção pela primeira vez na história, um ator asiático (Steven Yeun), assim como um muçulmano (Riz Ahmed), também os primeiros a concorrer a categoria de melhor ator.

Além da diversidade de concorrentes nas principais categorias, essa edição também será marcada, por ser feita em plena pandemia global, assim como outras premiações já feitas ao longo do ano de 2021: Globo de Ouro (Golden Globes) e Critics Choice Awards (Critics Choice Awards), falando de cinema e séries, e o Grammy (The GRAMMYs) , de música. O Oscar contará com público de forma presencial, sendo os indicados, seus convidados e os apresentadores que irão compor a plateia.

Ainda sobre as categorias, para melhor direção, a mais diversa, temos ¨Chloé Zhao¨ (Nomadland), a favorita a levar a estatueta, pois levou o Globo de Ouro e o Critics Choice Awards, uma diretora chinesa sendo a segunda asiática na história a concorrer nessa categoria, ¨Emerald Fennell¨  (Bela Vingança), que fez história junto com a diretora chinesa, ¨Lee Isaac Chung¨ (Minari), outro com raíz asiática, porém nascido nos EUA,  ¨Thomas Vinterberg¨ (Druk: mais uma rodada), um diretor Dinamarquês e ¨David Fincher¨ (Mank), um diretor mais recorrente na premiação.

diretores indicados
diretores indicados (imagem: Google imagens.)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mesmo entrando para a história com duas indicadas, esse prêmio poderia ser ainda mais histórico e diverso, pois uma das cotadas a estar entre elas, era a atriz e diretora ¨Regina King¨ (Uma Noite em Miami), que já conquistou a estatueta de melhor atriz coadjuvante em 2019, e ficou de fora para melhor direção.

Para Melhor Ator, ¨Chadwick Boseman¨ (A Voz Suprema do Blues), favorito a levar o prêmio, sendo esse póstumo, já tendo levado tanto o Globo de Ouro como o Critics Choice, ¨Riz Ahmed¨ (Som do Silêncio), o primeiro Muçulmano a receber uma indicação, ¨Steven Yeun¨ (Minari), o único asiático até hoje a concorrer à melhor ator, ¨Anthony Hopkins¨  (Meu Pai), o ator mais velho de toda a história a ser indicado, e ¨Gary Oldman¨  (Mank), concorrem a estatueta.

Chadwick Boseman
Chadwick Boseman (imagem: Google imagens) 

 

 

 

 

 

 

 

Já para melhor atriz não temos tanta diversidade como nas anteriores, mas contamos com duas atrizes negras concorrendo, além disso, não temos uma favorita para ganhar. ¨Viola Davis¨  (A Voz Suprema do Blues), que com essa indicação, se tornou a mulher negra mais indicada da história do Oscar, ¨Andra Day¨  (United States vs. Billie Holiday), que ganhou o Globo de Ouro, ¨Carey Mulligan¨ (Bela Vingança), que ganhou o Critics Choice, ¨Vanessa Kirby ̈  (Pieces of a Woman) e ¨Frances McDormand¨(Nomadland) estão na disputa.  

atrizes indicadas
Carey Mulligan (esquerda) Viola Davis (direita)  (Imagem: divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

Mesmo com a grande diversidade que esse Oscar apresenta, alguns especialistas em cinema crêem que isso não passa de uma forma da Academia se adequar à nova realidade mundial, faltando uma gama maior de representatividade.

Para Isabel Wittmann, crítica de cinema e criadora do podcast ¨Feito por Elas¨ que debate e divulga mulheres no cinema, o que ocorreu esse ano é sim algo importante porém que ainda não representa algo concreto e realista. 

"São marcos importantes, sem dúvida, mas pontuais quando se trata de refletir se a academia está, de fato, permitindo mais diversidade. Todos os anos temos dados e estatísticas como esses."

Lembrando o caso da diretora de fotografia ¨ Rachel Morrison¨ em 2018, que parece ter sido um ponto único na história.

 "Em 2018, por exemplo, tivemos Rachel Morrison sendo a primeira mulher indicada a melhor fotografia em 90 anos de premiação. De lá pra cá seguimos sem outras mulheres sendo indicadas na categoria"

Sobre as indicações do Oscar desse ano, Wittmann lembrou do caso do filme "Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre" dirigido por ¨Eliza Hittman¨ que ganhou diversos outros prêmios mas ficou de fora da premiação.

Isabel Wittmann
Isabel Wittmann (imagem: Instagram)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Um votante afirmou que se recusou a assistir, porque a trama discute o direito ao aborto. Por isso, sou particularmente descrente em relação a esses marcos individuais, ainda que eles sejam significativos e dignos de comemoração." 

Reforçando, novamente, como muitas vezes a Academia traz grandes números de diversidade somente quando a interessa. 

"Não podemos esquecer que um ano antes da vitória de Parasita (Parasite), Green Book havia sido consagrado o grande vencedor, um filme não só desinteressante em termos de forma e narrativa, mas com discurso racista." 

"Acho que movimentos como #OscarSoWhite e Me Too são importantes para trazer visibilidade à discussão, mas em ambos os casos, com recorte étnico-racial ou de gênero, a equidade está ainda muito distante." relembrando dos momentos que marcaram os últimos anos.

E finalizou dizendo qual seria a verdadeira prova de uma mudança por parte dos votantes 

"Creio que eles só indicariam uma real mudança estrutural se essas indicações fossem mais numerosas, se repetissem todos os anos e resultassem em prêmios rotineiramente"

Márcio Rodrigo Ribeiro, ex jornalista com passagens pela Fundação Bienal de São Paulo, jornais Gazeta Mercantil e Valor Econômico e da Revista Forbes, atual docente de Distribuição e Produtos Audiovisuais e Análise Fílmica no curso de cinema na ESPM, segue o mesmo caminho de Wittmann e crê que o que estamos vendo neste ano, não confirma que o Oscar está se abrindo para diversidade. "Não tem nada que se celebrar essa diversidade, tem que cobrar mais e mais, é muito pouco o que temos".

Já sobre a abertura da Academia para filmes estrangeiros, Ribeiro traz sua opinião e explicação para o assunto, dando como exemplo dois filmes que fizeram sucesso no ano passado , sendo um deles " O Tigre Branco" ( The White Tiger, Trailer) que está concorrendo ao Oscar de melhor roteiro adaptado. "Quando por exemplo a  Disney vai lá e decidi fazer um live action/remake de "Mulan" (Mulan Trailer), não é porque  ela acha incrível a história, mas sim porque ela precisa de qualquer maneira entrar no mercado chinês que é um mercado de 600 milhões de ingressos, quando a gente tem um filme como o "Tigre Branco" de certa maneira eles estão tentando entrar  no mercado indiano, que é um mercado de 1 bilhão e 300 milhões de ingressos é disso que estamos falando”, ressalta Ribeiro.

capa tigre branco
Capa de O Tigre Branco (imagem: divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

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Pedro Galavote e Andre Nunes
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15/04/2021 - 12h

“Quão transcendente o amor pode ser em relação à matéria, tempo e espaço?” Essa é uma discussão muito relevante na minha cabeça, já que sempre pensei muito no que seria o limite do amor, não exatamente o romântico ou carnal, mas um amor fraterno como o de uma amizade antiga, ou com um animal de estimação, amores que vivem em você para sempre, independente de como o mundo e as pessoas mudaram. Esses pensamentos ficaram ainda mais fortes depois de assistir o filme her (Spike Jonze), nele é retratado a vida pós-divórcio de um escritor num futuro próximo, à medida que a trama evolui, é exposta a relação dele com um Sistema Operacional inteligente que acaba se tornando sua namorada.

Com uma trilha sonora cativante e uma fotografia incrível passando sensações de como o protagonista se sente pequeno no começo e à medida que o relacionamento com a Samantha (Scarlett Johansson) é exposto, ele cresce e se sente mais cheio de si, além dessa questão de proporções fotográficas, existe o uso de cores quentes que sempre contrastam com um ambiente cinza, mostrando um tipo de singularidade e vida ao redor dele. Ouça o podcast!

 

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