Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
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Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
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Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Uma das maiores casas de shows independentes da América Latina dá adeus
por
Gabriel Porphirio Brito, Rafaela Reis Serra e Tomás Furtado dos Santos
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28/04/2021 - 12h

Em março uma das casas de show mais consagradas no cenário underground de São Paulo, a “casinha” como chamam, é obrigada a encerrar suas atividades indefinidamente em consequência da pandemia causada pelo novo coronavírus. Desde o início da pandemia o local já não recebia concertos, mas só no começo do ano, por meio de um post no Instagram, é anunciado que o imóvel seria entregue.

Comprada em 2007, a “Casa do Mancha” quando era só uma casa, reunia amigos e vizinhos do proprietário, o “Mancha”. Esses encontros, sempre com teor musical, geraram apresentações de pessoas próximas e por isso, a residência localizada em uma rua na Vila Madalena, passou a ser vista como um ponto de encontro e de produção musical para quem estava começando na indústria fonográfica, se tornando cada vez mais referência no cenário independente brasileiro.

Sofia Tremel, quem trabalhou lá, conta que Danilo Leonel, o “Mancha”, veio para São Paulo em 2007 para fazer faculdade e para isso, comprou uma casa na Vila Madalena. Depois de um tempo, como ela conta, Danilo percebeu que havia uma defasagem nos estúdios musicais e montou um espaço para as bandas de amigos poderem gravar, assim, a casa em que ele morava passou a ser responsável pela gravação de álbuns e apresentações de bandas independentes, cantores solos, até se tornar a “Casa do Mancha”.

O estabelecimento então surgiu com a proposta de aproximar o público de um cenário musical novo, e segundo o site de cultura da Prefeitura de São Paulo ao longo de seus 13 anos foi se transformando “no palco mais icônico e relevante para a música autoral brasileira do século XXI''.  E por conta do grande número de eventos realizados de forma totalmente autônoma se tornou referência para uma geração de artistas.

Tremel, entretanto, aponta as dificuldades de trabalhar em um ambiente autônomo: “Com o tempo, trabalhando lá, eu comecei a perceber como a cultura independente é frágil, no sentido de que a galera que trabalha nesse cenário “rala” muito, e no fim do dia não tem muito retorno. A maioria dos músicos que tocavam lá tinham banda, mas tinham também outros trabalhos”. 

O ambiente apresentado por Lucas Monch, músico e produtor que já tocou na casa, é de um estabelecimento que atuava como um sarau, no qual novas bandas faziam suas primeiras apresentações oficiais, dispondo do equipamento da casa e da atenção de produtores procurando por novos talentos e ofertas de gravação. Para ele foi como uma realização pessoal  e profissional ter contado com a oportunidade de tocar lá. Uma vez que nomes de destaque da cena atual, como Boogarins, O Terno e Criolo começaram sua carreira na "casinha'', sendo que alguns, até pouco tempo atrás, ainda faziam questão de retornar ao espaço sempre quando lançavam uma turnê, costume adotado, por exemplo, por Tim Bernardes, vocalista da banda O Terno.

Na pandemia, a Casa do Mancha fechou suas portas e tentou adotar novas estratégias atuando como local para gravação de discos para artistas independentes, mas não foi o suficiente para manter a casa funcionando. Sofia, explica que no começo, o Mancha em si fez um anúncio no Instagram escrito algo como: “olha, estamos sofrendo, estou sem ideia, não quero fazer festival online, não quero fazer live, não quero fazer nada. Vamos tentar usar a “casinha” como recurso para os músicos que querem ensaiar.” 

E segundo ela foi o que aconteceu na casa até fechar. “Eles estavam usando lá como estúdio para gravar cd, para a banda ensaiar, às vezes como cenário de live.”, completa.

Em meio a tudo isso, junto com a notícia da entrega do imóvel, surgiu a possibilidade de um documentário para que a história da Casa do Mancha fosse eternizada, uma compilação dos seus melhores momentos, apresentados por recortes de lives de shows, fotografias e vídeos amadores produzidos por aqueles que frequentavam a "Casinha". Uma tentativa de homenagear esse centro cultural e o seu histórico importantíssimo para o desenvolvimento do cenário independente da música brasileira. Por enquanto esse projeto continua em desenvolvimento conforme Sofia.

Para Lucas Monch e Sofia Tremel uma coisa é certa: “apesar do fechamento, a vida segue transformações, então apesar de ter fechado hoje a Casa do Mancha, amanhã outro projeto pode nascer”.

 

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Além de fonte econômica, a festa é um dos maiores símbolos culturais para estados como Maranhão, Piauí e Paraíba. 
por
Marcelo Moreira
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23/04/2021 - 12h

O São João de todas as cores e de todos os estilos. Assim é conhecida uma das maiores festas do Nordeste, que, tradicionalmente, acontece no mês de junho. Devido à crise sanitária causada pelo coronavírus, o evento não foi realizado no ano passado, deixando dezenas de grupos juninos sem o brilho dos arraiais.

Foto - Nelson Magela
(Foto: Nelson Magela)

Apesar de única, a festa representa a cultura local de cada estado da região. Essas peculiaridades são o que traduzem e dão sentidos aos significados dos festivais. No Maranhão, por exemplo, o “Bumba meu boi” é o protagonista da cena. A tradição dá vida às diversas práticas que fazem parte dos costumes religiosos transformados em dança, batuque e toadas. Na capital São Luís, grupos como esse não faltam. Um deles é o “Boi de Sonhos”, que fez 26 anos no ano passado. Um ano de grandes desafios para os brincantes da dança. O colorido das roupas não pôde ser visto de perto, mas como bons apaixonados pelo São João, os organizadores do grupo levaram a alegria da festa por meio de uma “live”. Mas para a presidente do boi, Cileninha Santos, a energia virtual jamais será a mesma dos arraiais presenciais.

“O nosso São João foi interrompido pela primeira vez na nossa história. Não tivemos os tradicionais enfeites das ruas e dos arraiais, o cheirinho de bombinha e nossa tradicional comida típica. A forma que os grupos encontraram para cessar um pouco a saudade de quem dança e do público foram as “lives”, um refúgio geral para a cadeia artística, porém, só tivemos uma, que foi transmitida pelas nossas redes sociais, pois não tivemos patrocínio suficiente para custeá-las”, ressaltou.

Boi de Sonhos
(Foto: arquivo pessoal)

No São João do Nordeste, uma das tarefas mais difíceis é obter arrecadação durante todo o ano. Os grupos juninos realizam bingos, rifas, promovem campeonatos e outras atividades para conseguirem arcar com as despesas geradas pelos gastos com figurinos, viagens e coreógrafos. Esse processo acontece antes, durante e depois dos espetáculos. Na pandemia, mesmo sendo beneficiados pela Lei Aldir Blanc, que dispõe sobre ações emergenciais enquanto houver estado de calamidade pública, os organizadores afirmam que o rendimento caiu consideravelmente, tanto para a economia dos estados, quanto para os integrantes da festa.  

“Com o nosso trabalho, nós conseguimos remunerar muitos artistas, entre eles, músicos, costureiras, bordadores, coreógrafos e motorista. Todos esses profissionais ficaram prejudicados financeiramente, pois a maioria deles não tem trabalho formal e esperam o ano inteiro para ganhar um sustento melhor no São João”, finalizou a presidente do “Boi de Sonhos”.

São João do Maranhão
(Foto: Governo do Maranhão)

Em 2019, pelo menos 1.300 atrações passaram pelo São João do Maranhão. Segundo o governo do estado, cerca de R$10 milhões foram investidos, com retorno quatro vezes maior para a economia estadual. Em 2020, o impacto negativo foi de R$40 milhões, já que, além de atração turística, o evento promove a geração de empregos temporários e renda. Para 2021, o Maranhão descartou a possibilidade de realização das festividades juninas.

A não realização de uma das maiores festas nordestinas não traz apenas prejuízos econômicos para a região. Aqueles que vivem essa tradição são os que mais sentem falta. Para o vaqueiro Eraldo Ricardo Costa, integrante do Bumba meu boi do Maranhão, o evento significa bem mais que um período festivo.

“É o calor dos amigos que cultivam os mesmos sentimentos nesta época. É o início dos ensaios tímidos, até os últimos mais elaborados. É o fim da tarde e sua brisa. É as noites estreladas e as fogueiras queimadas. O colorido das bandeirolas e o sabor das comidas típicas.  É o combustível maior que faz essa festa uma das mais bonitas e gostosas de viver”, lembrou o brincante.

Quadrilha Dançando ao Luar
(Foto: arquivo pessoal)

Mas o São João do Nordeste tem espaço para os mais diferentes ritmos. As quadrilhas juninas também fazem parte dessa festa. São elas quem dominam os espetáculos na maioria dos estados da região. A quadrilha “Dançando ao Luar”, da cidade de Pinheiro, na Baixada Maranhense, é destaque nessa época do ano. Os paetês dos imponentes figurinos do grupo também não puderam brilhar em 2020, e tudo o que havia sido planejado não aconteceu. Por causa da situação financeira e por falta de patrocinadores, a organização tenta não deixar a quadrilha acabar. Apoiados por auxílio cultural, o grupo planeja fazer “lives”, caso a pandemia não permita a realização presencial do evento este ano.

“As manifestações culturais não são muito valorizadas, e arrecadar recursos se tornou impossível, e, desde então, tudo piorou. Sem participantes e sem recurso, ainda lutamos para manter o grupo vivo. O pior sentimento do mundo é não poder viver um período mágico na nossa vida, entrar em um arraial e fazer o que se ama.”, disse a coordenadora da dança, Rosa Ferraz.

Moleka
(Foto: arquivo pessoal)

Em Campina Grande, na Paraíba, o sentimento é de imensa tristeza. A cidade é conhecida por sediar o maior São João do mundo desde 1983. A festa, que reúne mais de 1,5 milhão de pessoas todos os anos, também não aconteceu no ano passado, deixando de arrecadar cerca de R$200 milhões, segundo a prefeitura. Uma das juninas mais premiadas da cidade, a “Moleka 100 Vergonha”, que existe há 20 anos, só deixou de ensaiar no dia 18 de março, quando o primeiro caso de Covid-19 foi registrado em Campina. A esperança era de que a doença não chegasse na região, como conta o diretor de mídia da dança, Douglas Guttyerre Marques Macedo.

"O São João de Campina já estava com tudo pronto. O Parque do Povo, que é o centro da festa na cidade, já estava estruturado com camarote, já tinha data de festival e a maioria das atrações já estavam contratadas. Quando chegou a notícia, as mensalidades dos figurinos, que estavam sendo pagas, foram canceladas e parou. Parou tudo", afirmou.

O grupo é vencedor de grandes festivais, como o “Campinense de Quadrilhas Juninas”, o “Quadrilhas da Globo Nordeste”, o “Estrelas Juninas”, entre outros. Para amenizar os impactos sofridos pela pandemia, a organização da dança diz que os grupos juninos de Campina Grande receberam auxílio de duas parcelas de R$200,00, que foram pagas pela prefeitura, além de cestas básicas para dançarinos que estavam necessitando.

Moleka
(Foto: arquivo pessoal)

"Tudo o que a ‘Moleka’ ganha é revertido para a sede. Tudo é custeado pelo grupo. A maior dificuldade que tivemos no ano passado foi não colocar a dança nos arraiais. Para este ano, não será possível também. Embora Campina esteja vacinando pessoas de 60 anos, até lá, ainda não terá vacina para pessoas de 40, 30 anos. Nossa perspectiva é fazer uma transmissão mostrando algumas de nossas conquistas”, completou Douglas.

Luar do São João
(Foto: arquivo pessoal)

A situação é bem parecida em Teresina. A capital do Piauí também é palco de um grande festival nessa época: o “Encontro Nacional de Folguedos”, que reúne grupos culturais de várias partes do Brasil. Em 2019, o evento reuniu cerca de 400 mil pessoas em quatro dias de festa. As juninas que se apresentam no estado tentam driblar as dificuldades impostas pela pandemia. A quadrilha “Luar do São João”, por exemplo, é composta por cerca de 200 integrantes. Entre eles, atores, atrizes, músicos e produção.  É uma das maiores do Piauí. Na última vez que os brincantes pisaram nos arraiais foi para receber o título de 1ª lugar no festival “Quadrilhas da Globo Nordeste”, levando o prêmio para o estado pela primeira vez. Em 2020, foi o momento de se reinventar. Para não deixar o mês de junho passar em branco, os coordenadores da quadrilha organizaram uma “live”, que conquistou mais de 120 mil visualizações. A “Luar do São João” também promoveu oficinas online de costura de figurino, maquiagem cênica, projetos culturais, dança junina e outras atividades.

Quando o São João foi suspenso no Piauí, a quadrilha já estava nos ajustes finais para a grande festa. Mais de 80% do trabalho já estava pronto. Segundo o presidente do grupo, Ramon Patrese Veloso, os prejuízos foram perceptíveis, já que, tradicionalmente, os recursos adquiridos não conseguem cobrir as despesas. Ele falou sobre as dificuldades em conseguir apoio público para a área cultural.

“Nossa fonte de receita é de rifas, bingos, eventos, emendas parlamentares e recursos de editais. Em 2020, nós tivemos uma queda grandiosa na arrecadação por conta da situação pandêmica. Não fizemos nossas tradicionais rifas, bingos e eventos, e teve diminuição na questão dos editais. Pensaram que só porque não teve quadrilha junina, nós não precisaríamos de ajuda. O investimento que a gente faz é em torno de R$ 400 mil por ano. Nós nos esforçamos muito para levantar esses recursos. Mas, muitas vezes, enfrentamos burocracias por parte do estado. Os grupos culturais vivem à míngua do poder público”, afirmou.

Em resposta à reportagem, o Governo do Piauí declarou que o estado recebeu R$31 milhões da Lei de emergência cultural Aldir Blanc, e que esses recursos subsidiaram o pagamento de três parcelas de R$600,00 aos artistas e técnicos afetados pela paralisação das atividades culturais. A Secretaria de Cultura do Piauí afirmou que realizou três editais para fomento da cultura no estado.

Em abril, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 795/21, do Senado, que reformula a Lei Aldir Blanc e prorroga a utilização dos recursos até 31 de dezembro deste ano. O objetivo é apoiar o setor cultural durante a pandemia. Mas o Projeto depende, ainda, da sanção presidencial.

 

 

 

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Conteúdos voltados ao entretenimento, ao esportes e ao universo gamer se destacam nesse período de isolamento social
por
Henri Alexandre e Ana Caroline Andrade
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21/04/2021 - 12h

 

Nesse momento em que o mundo se encontra isolado devido à pandemia do novo coronavírus, ter uma distração tornou-se indispensável para a saúde mental. Por conta disso, o YouTube desponta como uma das redes socais que mais cresceram durante o isolamento social. O brasileiro aumentou 91% o tempo de tela na plataforma durante a pandemia, segundo pesquisa ComScore VideoMetrix, de julho de 2019 a junho de 2020.

 

Pegando o impulso desse fato, Youtubers tiveram os seus engajamentos e suas relevâncias aumentadas em relação ao período pré-pandêmico. Um exemplo disso foi o canal Matando Matheus a Grito. O mineiro, que grava vídeos com o namorado Guigo, atualmente está com 541 mil inscritos no canal. Um aumento de mais de 300 mil inscritos em comparação a novembro de 2019. 

Imagem: YOUTUBE/REPRODUÇÃO
Imagem: YOUTUBE/REPRODUÇÃO

Canais voltados ao entretenimento tiveram seus números inflacionados nesse período. Isso se dá pelo fato da população passar mais tempo em casa e necessitar de distração para esse período. “Estar sempre em casa é muito maçante. Em alguns momentos precisamos nos distrair para esquecer um pouco do caos que vivemos. Vídeos que me fazem rir, me entretém, me relaxam e me fazem sentir mais viva nesse período”, afirma Helena Costa, estudante de Psicologia que está de quarentena desde de março de 2020. 

Assim como canais de entretenimento, os canais de conteúdo gamer, dedicados aos jogos digitais, tiveram crescimento considerável. Um exemplo disso é de que entre os 10 canais brasileiros que mais tiveram crescimento em 2020, 4 são desse gênero. "Sou apaixonado pelo universo gamer. Durante a quarentena joguei muito among us e sempre procurava vídeos para me divertir. Fez muito bem pra mim, ainda mais para distrair nesse período de aula on-line”, diz Thiago Alexandre, estudante do ensino médio da rede pública paulista de ensino. 

O que mais se destaca é o canal do jovem paulistano Nobru. Atualmente com 12,2 milhões de inscritos, os vídeos de maior notoriedade são o Free Fire e o Among Us. 

Imagem: YOUTUBE/REPRODUÇÃO
Imagem: YOUTUBE/REPRODUÇÃO

Outro gênero que teve crescimento foi o do esporte. Apesar da pausa nas competições esportivas durante a pandemia, a procura por informações e divertimento continuou. Destaque para o canal “Que Jogada”, que aborda conteúdo voltado ao futebol. No canal, há quadros de jogos dinâmicos sobre diversos temas para atrair os telespectadores que ficaram um tempo sem poder acompanhar o time do coração.

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Conheça os famosos da edição de 2021 do Big Brother Brasil que tiveram sua imagem comprometida no programa
por
Maria Clara Lacerda e Gabriella Maya
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22/04/2021 - 12h

O conhecido programa Big Brother foi lançado em 1999, na Holanda, e teve sua origem inspirada no livro “1984”, de George Orwell, que conta a história de uma cidade distópica ditatorial na qual todos são vigiados 24 horas por dia. O reality show se inicia com um grupo de pessoas confinadas em uma casa, que vão sendo orientadas pelo “Grande Irmão” - o apresentador - ao longo de meses, com jogos, festas, e eliminações. 

O programa foi ao ar pela primeira vez no Brasil em 2002, e se tornou o reality show mais famoso no país, tomando proporções gigantescas. No ano passado, por exemplo, com o avanço da pandemia do novo coronavírus, o BBB20 foi um escape da tragédia que acontecia, e acontece, no Brasil, e se tornou uma edição  histórica. Naquela edição, foi criada uma nova dinâmica: metade dos participantes seriam celebridades (camarote) e metade, pessoas não famosas (pipoca). 

No início parecia ser uma ótima ideia para as celebridades que queriam se divulgar e aumentar sua popularidade nas redes. Entretanto, o jogo pode ser mais difícil do que parece. Alguns acabam se “perdendo” ao longo dele, mostrando comportamentos não esperados e inaceitáveis aos olhos da audiência, afinal, são observados por milhões de pessoas durante 24 horas por dia. 

A famosa cultura do cancelamento foi um tema bastante discutido nas edições de 2020 e 2021. Na edição atual, um grupo formado dentro da casa se destacou bastante, negativamente, nesta questão. O chamado “gabinete do ódio”, composto por Karol Conká, Nego Di, Projota, Pocah e Lumena. Esta última é a única ‘pipoca’, ou seja, não famosa, e teve um grande destaque movido principalmente por seu posicionamento quanto ao participante Lucas Koka Penteado - ator paulista que enfrentou diversas críticas do grupo. 

Três deles, já eliminados do programa, foram os grandes alvos da audiência e tiveram os maiores índices de rejeição já vistos como consequência de seus comportamentos e posicionamentos dentro da casa.

Para o rapper Projota, 35, as consequências incluem a diminuição de ouvintes nas principais plataformas de streaming e de público no youtube, além da grande onda de cancelamento. Já o comediante Nego Di, 26, perdeu grande parte de sua credibilidade na carreira de comediante e cerca de 200 mil seguidores na rede social Instagram. Contudo, Nego Di lidou de uma forma conturbada com a onda de cancelamentos do público, e mais precisamente com a emissora Globo, responsável pela transmissão do programa, que o tratou de forma diferenciada depois de sua saída. 

O comediante, em entrevista ao programa Pânico na Band, além de quebrar um contrato milionário com a Globo por não poder participar de outros programas que não fossem da própria emissora por um determinado período, contou que após a sua saída da casa, a Globo não lhe deu nenhum espaço na programação para que ele tentasse recuperar a sua imagem, "O que me intrigou foi o acolhimento que a Karol Conká teve. Começou a me incomodar. Porque eu fiquei: 'Será que a minha família não importa tanto quanto a dela?'. Porque eu fui ameaçado, meu filho foi ameaçado, meu filho não pode mais ir para escola, tive que sair de lá de carro blindado, coisa que eu nunca tinha vivido", desabafa Nego Di. 

Apesar de ter assinado um contrato de exclusividade com a Rede Globo, o artista disse ao programa da Band que não tem medo da multa de quebra de contrato. "A situação é a seguinte: os caras não me deram espaço. Eu tenho que ir aonde a galera está me acolhendo, fazer meu contraponto", afirmou. O comediante conta que pretende tirar vantagem da sua participação e rejeição de 98% dos votos no BBB, e que vai transformar a experiência em um novo show. "O nome eu já estou escrevendo: '98% o que a edição não deixou você ver'. Eu vou contar tudo, tem muita história lá dentro que eu ainda não contei e que eu já transformei em piada", garantiu. 

Apesar de tudo, Projota e Nego Di, que eram amigos dentro da casa e hoje não se falam, conseguiram recuperar parte de suas perdas reconhecendo seus erros, comportamentos e falas, já que na internet tudo é muito rápido, e as pessoas cancelam e ‘descancelam’ a todo tempo.

Já a cantora Karol Conká, 35, foi de longe a mais prejudicada da edição. Com falas inquietantes contra o participante Lucas Koka, a artista foi altamente julgada pelo seu posicionamento dentro do programa. A cantora, que ficou conhecida pela força negra e o empoderamento feminino dentro do rap, chocou muitos fãs e amigos com sua participação, e foi eliminada com 99,17% dos votos, maior rejeição da história do reality show. Karol Conká - Reprodução Globo BBB

Dentre as perdas sofridas pela artista, se acumulam menos 500 mil seguidores em sua conta na rede social Instagram; a não exibição de seu programa na GNT, “Prazer Feminino”, o cancelamento de sua apresentação no festival virtual Rec-beat, e a perda de cerca de 48 mil reais por mês com posts patrocinados - o que não deverá se repetir por um tempo. No total, as perdas estimadas com patrocínio podem chegar a 5 milhões de reais, já que muitas marcas se afastaram da cantora. 

Em entrevista ao Fantástico, Karol Conká contou que durante sua infância foi vítima de altas críticas, e que por isso sente que precisa sempre estar na defensiva: "Eu era muito rejeitada, não pela minha família, mas no colégio. Um menino no colégio falou: 'mergulhe numa piscina de água sanitária para falar comigo.' Eu fiquei pensando: mas por que?”. Além disso, ela diz que o rap foi um escape do racismo e da rejeição: “Foi tipo uma gincana. Cada um entrega alguma coisa e eu falei: deixa que eu escrevo um som. Desde aquele dia, os meninos pararam de me xingar. Aí não era só a neguinha boba. Eu era a Karol Conká, a menina que faz umas rimas, que entende de rap.”

Apesar de muitas marcas, público, e celebridades terem se afastado da cantora, a Rede Globo anunciou a decisão de criar um documentário sobre a trajetória da artista no programa. “A Vida Depois do Tombo” estreou dia 29 de abril no serviço de streaming Globoplay, numa tentativa de limpar a imagem de Karol.

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A importância da leitura e como ela ajuda neste período de pandemia.
por
Marcela Foresti
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21/04/2021 - 12h

Com mais tempo dentro de casa durante a pandemia, muitas pessoas recorreram a diferentes atividades para ocupar o tempo e a cabeça durante o isolamento, algumas começaram novos hábitos e outras retomaram atividades que antes não tinham mais tempo de realizar. A leitura foi uma das principais escolhas feita neste período. 

Mesmo o Brasil sendo um país com o número de leitores baixo e a média individual por ano sendo de cinco livros, os números na pandemia cresceram.

Em um levantamento da Nielsen Bookscan para o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) feito em dezembro de 2020 , revelou que o Brasil teve um tímido crescimento na venda de livros. 

O ano de 2020 teve 49,91 milhões de livros vendidos, o que equivale a um aumento de 0,87% em comparação com o ano anterior. 

A escritora e colunista Ruth Manus conta que para ela os livros são como uma espécie de companhia “São formas de conforto e uma essencial fuga à dinâmica das telas, que esgota todos nós”. 

Manus sente que de um modo geral leu mais durante o último ano, já que o tempo em casa propicia leituras mais regulares “Quero manter esse hábito daqui para frente com mais compromisso e organização”.

Ela acredita que as pessoas que estão lendo mais neste período, provavelmente estão com uma saúde mental mais preservada.

As estudantes Giovanna Santos e Beatriz Liberato também passaram a ler mais durante a pandemia, elas explicam que sempre usaram a leitura como forma de escapar um pouco da realidade e se distrair, mas que neste período sentem que além disso a leitura virou uma forma de terapia para controlar a ansiedade e as preocupações "Dá para relaxar muito só sentando no quintal e lendo um livro”.

Por outro lado, a também estudante Patrícia Kimiko que costuma em geral ler bastante, não sentiu um aumento muito grande em suas leituras na pandemia e não acredita que para ela a leitura tenha servido tanto como escape neste momento, já que no seu caso  a faculdade está tomando quase todo o seu tempo em casa.

A leitura é um hábito importante que não só expande o conhecimento, mas também é companheira e acolhedora. O hábito de ler deve ser algo presente na vida de todos e como Manus afirma “É uma das poucas coisas boas que fica desses tempos de Covid-19”.

 

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