
A Amazon anunciou a compra dos estúdios cinematográficos Metro Goldwyn Mayer (MGM) por 8,45 bilhões de dólares, em maio passado, incluindo a dívida da MGM, sendo o marco da entrada da gigante em Hollywood.
A Prime Video, plataforma de streaming da Amazon, já agregava cerca de 4 mil produções da Metro, e o objetivo da aquisição é preservar o acervo e distribuí-lo de maneira mais fácil ao público. As franquias de sucesso James Bond e Rocky fazem parte do negócio, mas os clássicos como O mágico de Oz e ...E o vento levou ficaram de fora, isso porque é a Warner quem tem os direitos das obras até 1985.
Fundada em 1924 pelo empresário Marcus Loew, a MGM surgiu em Hollywood com seu slogan, o rugido de um leão, tornando-se a marca registrada do estúdio, aparecendo em todas suas produções. Até a década de 1960 foi a produtora de cinema mais lucrativa, mas só em 1973 melhorou financeiramente ao adquirir a franquia de James Bond. A queda de bilheteria, além das dívidas das grandes produções cinematográficas, fez a tradicional Metro Goldwyn Mayer anunciar falência, ainda em meados de 2009.
“A MGM tem quase um século de história no cinema e complementa o trabalho da Amazon Studios, que se concentrou principalmente na produção de programas de TV", disse a Amazon em comunicado.
A gigante tecnológica foi criada pelo Jeff Bezos, iniciando como um comércio de livros e posteriormente e-commerce de outros produtos, logo em 2005 surgiu o Prime Video que atualmente é uma das maiores plataformas de streaming, competindo com a Netflix e Disney+.
Mas será que o eterno leão vai sobreviver à Amazon Studios, já que o Prime tem o seu próprio logo? Os filmes vão ao cinema ou serão exclusivos de assinantes? O intuito é de preservar o acervo, mas como serão as novas produções de 007, por exemplo, isso já não sabemos, Bezos pode nos surpreender a cada instante.
A jornalista Gabriela Mayer é formada pela Faculdade Cásper Líbero e é pós graduada em Globalização e Cultura pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
É apresentadora da rádio Band News FM e do podcast “Elas com Elas”, é realizadora do podcast “Põe na Estante” e co-fundadora da rádio “Guarda Chuva”, que reúne diversos podcasts jornalísticos.
Mayer é uma leitora voraz e em seu podcast “Põe na Estante” traz discussões junto com leitores, assim como ela não especialistas, sobre livros escolhidos pela própria e algumas vezes pelos convidados “Eu não sou uma especialista, eu sou uma leitora”.
Cada temporada conta com episódios quinzenais e segue um tema diferente, os livros selecionados seguem um mesmo padrão criado por ela e conversam entre si. O podcast é produzido pela jornalista e hoje conta com um financiamento coletivo, que ajuda a pagar o irmão, que é o artista plástico responsável pelas capas dos episódios, e o mixador.
A jornalista define seu podcast como um incentivo a leitura e diz que o número de livros lidos no Brasil é muito baixo e que o projeto de taxação de livros proposto pelo governo federal não ajuda nada estes números e tira o poder de entendimento das pessoas. Para ela os livros ensinam as pessoas a terem domínio sobre a palavra para que consigam contar a própria história.
Assim como os livros são cultura, Mayer explica que o jornalismo também é, por mais que ainda não se reconheça como. “O jornalismo por essência é cultura. É de comunicação que a gente vive”.
Por fim ela diz que é a cultura que nos conecta e nos torna humanos, nos permite criar e ocupar os mesmos espaços: “A importância da cultura é a importância da sobrevivência”.
Por serem ambientes fechados e gerarem aglomeração de pessoas, os teatros estão entre os primeiros lugares fechados no início da pandemia, em março de 2020. Um ano depois, conversamos com colaboradores e artistas para retratar como foi este processo de tantas mudanças e saber como estão atualmente.
Há 13 anos a companhia Mungunzá trabalha para trazer cultura ao estado de São Paulo. Mesmo com inúmeros obstáculos decorrentes da pandemia, eles vêm conseguindo se reinventar: transformaram seu segundo espaço, o Teatro de Contêiner, em um espaço social e cultural.
“O Contêiner tem uma grande importância social para o entorno, ele é localizado no bairro da Luz, em uma região muito vulnerável, nossos vizinhos são ocupações de moradia, tem muitos dependentes químicos, pessoas em situação de rua. O Contêiner fica próximo à cracolândia, então mesmo com a chegada do Covid-19 nós não fechamos o teatro, e sim mudamos totalmente o foco para a questão social”, conta o ator, produtor e gestor do Teatro de Contêiner, Léo Akio.
A comunidade como foco
Longe de ser uma simples readaptação, o grupo de artistas e colaboradores responsáveis por esses espaços se reinventaram em prol da comunidade.
“O Teatro de Contêiner ficou aberto o tempo todo, no início da pandemia nós fizemos uma articulação com a ONG Médicos Sem Fronteiras, que ficaram utilizando o espaço como ponto logístico e com o decorrer da pandemia começamos a fortalecer outros grupos ativistas do território, como o projeto “Tem Sentimento” composto por mulheres cis e trans, que objetivava a geração de renda por meio da costura. Elas conseguiram, com essa parceria, ter um espaço para confeccionar máscaras que foram distribuídas para a população local.”
Uma das maiores conquista durante este período foi a realização de uma articulação entre o Teatro de Contêiner e o projeto “Tem Sentimento” junto a alguns vereadores e à Secretária de Direitos Humanos da Cidade de São Paulo, a qual possibilitou a distribuição de 500 refeições diárias, que são realizadas ainda hoje no próprio Teatro de Contêiner. “Com isso, posso dizer que a mudança mais significativa do Contêiner foi esse mergulho nas ações sociais”, orgulha-se Léo.
Novos enfoques: novos gastos
Paralelamente às ações sociais, os artistas da companhia Mungunzá começaram a produzir conteúdos digitais por meio do selo “Mungunzá Digital”, o que possibilitou a realização de oficinas e o acolhimento de outros grupos através de transmissões online.
Adaptando-se ao novo normal e entendendo a necessidade da reinvenção para manter um fluxo financeiro estável, eles realizaram trabalhos artísticos digitais remunerados, venderam material audiovisual para alguns festivais, realizaram o trabalho “Desmontagem” com o Sesc Pompéia, no qual eles transformavam um espetáculo em documentário, entre outros.
Por serem um grupo que possuía uma boa estrutura e trabalhava com fluxo de caixa, eles não ficaram descapitalizados: “Nós não precisamos dispensar ninguém, alguns foram adaptados e outros ficaram afastados, porém recebendo.” diz Léo.
A companhia também foi contemplada pela Lei Aldir Blanc e pelo projeto PROAC (Programa de Ação Cultural), porém o ponto principal que possibilita que a companhia e todos esses projetos estejam de pé, é o fato deles não terem que pagar aluguel, Léo desabafa:
“O Teatro de Contêiner é um espaço independente, uma ocupação. Então, nós construímos a estrutura e temos uma parceria com a Prefeitura, porque o terreno é municipal; portanto, não pagamos aluguel e esse é o custo que muitas vezes acaba com os grupos de teatro. O fato e não termos que pagar aluguel colabora muito para que a gente continue existindo.”
Outras vertentes
A readaptação e os incentivos governamentais não chegam da mesma forma para todos por isso conversamos também com o Grupo Trapo, que vem enfrentando sérias dificuldades neste período.
Logo no início da pandemia o Grupo Trapo se articulou para criar um conteúdo online e foram um dos primeiros a iniciar esse trabalho nas redes sociais. Trabalharam com obras autorais como “O Surto”, em que realizaram direção e ensaio à distância e ficaram 1 mês em temporada.
No Instagram da Sede, também fizeram uma mobilização, junto a artistas de vários segmentos (música, dança, teatro etc.), para uma programação cultural 100% online. Dentre os conteúdos estão lives entrevistando personalidades do meio cultural e artístico como Thardelly Lima, atriz do premiado filme Bacurau e Cléo de Paris, atriz e fundadora da SP Escola de Teatro.
“Vejo o teatro online como uma medida provisória e particularmente insuportável, por que não sentimos o elenco perto, o artista perto, o teatro se faz na troca do espectador e do artista, esse é o fenômeno teatral. Porém no momento entendemos que é a única forma de trabalho, uma necessidade.” Afirma o diretor Muriel Vitória.
O grupo não possui funcionários, todos os artistas dividem as funções para a manutenção da sede e eles não obtiveram apoio da Lei Aldir Blanc. Atualmente os seus artistas estão em empregos paralelos de publicidade e no audiovisual, para se manterem financeiramente.
A falta de apoio do Governo juntamente à falta de olhar sensível da população, é para Muriel a maior dificuldade em relação ao teatro durante a pandemia “As pessoas insistem em lotar bares e shows e festinhas, mas não vão ao Teatro, não prestigiam a arte, arte essa que salvou a todos no início dessa pandemia” desabafa.
Em outra perspectiva, diversos artistas acreditam que teatro se faz ao vivo e que a prática de apresentações online tira a sua essência. O ator José Alberto Martins é um deles e por isso se considera um “ponto fora da curva”. Segundo ele “Fazer teatro pelo computador é miojo sabor picanha: quebra um galho na hora do aperto, mas não é picanha de verdade”.
José não conseguiu ser contemplado pela Lei Aldir Blanc e, por estar passando necessidade e extrema dificuldade financeira, optou por explorar outras áreas da arte como audiovisual e dublagem. Na entrevista, o ator demonstrou imensa gratidão por um estúdio de dublagem que o acolheu e lhe deu a oportunidade de trabalhar e conseguir o mínimo para seguir em frente. Além disso, ele possui uma parceria com o Grupo RIA e com eles abriu uma escola de teatro, porém, devido à pandemia, ela se encontra parada há cerca de um ano.
Após ter dedicado sua vida ao teatro durante 14 anos e agora tendo que enfrentar tantas dificuldades, José finaliza: “A arte é tudo o que eu sou. A gente insiste para não deixar de ser quem é, pois, a gente só se reconhece naquilo que faz”.
Nesse episódio de “Quarentenadas” discutimos sobre o crescimento do Tik Tok no último ano e como ele tem interferido na indústria musical. Para desenvolver essa conversa, convidamos o colunista do jornal O Estado de S. Paulo, Murilo Busolin, para analisar a influência do aplicativo no entretenimento. Além disso, também fizemos uma breve abordagem de como o Tik Tok surgiu e quais são suas implicações dentro das dinâmicas geopolíticas globais. Ouça conosco!
Após a vitória de Bong Joon-Ho, para melhor diretor na 92ª edição do Oscar, o cinema asiático entrou em evidência e começou a chamar atenção tanto do público quanto da indústria cinematográfica americana, que está voltando a contratar diretores de diferentes nacionalidades para suas produções.
Com a conquista do prêmio pelo diretor de Parasita, ele foi contratado pela Netflix para produzir a série O Expresso do Amanhã, um remake da história em quadrinhos e do filme de 2013, ambos com o mesmo nome. Entretanto, Joon- Ho não foi o único asiático a ser contratado para uma produção americana de maior expressão, já que a diretora chinesa, Chloe Zhao, que ganhou o Oscar (25/04/21) de melhor direção com Nomadland, dirigiu o filme Os Eternos, da Marvel, que se não houver mais adiamentos, chegará aos cinemas em 4 de novembro de 2021.
Mesmo que todos os filmes de Zhao tenham sido gravados nos EUA, ela nunca havia tido um grande reconhecimento até Nomadland. Outro fato curioso, é ela ser a primeira diretora asiática a dirigir um filme da Marvel.
Além desses diretores que vem fazendo sucesso recentemente, podemos citar grandes nomes como o inglês Alfred Hitchcock, diretor de Psicose, ou até mesmo o brasileiro José Padilha, de Tropa de Elite um e dois, que após sucesso dos filmes foi contratado para produzir o remake de RoboCop.
Porém, por que muitas vezes Hollywood prefere diretores estrangeiros do que nacionais para produzirem seus filmes? Para responder tal questão, entrevistamos Robledo Milani, crítico de cinema e criador do site "Papo de Cinema" e o também crítico Denis Le Senechal, do "Cinema com Rapadura". Assista a entrevista: