O golpe de 1964 que ainda ecoa como uma ferida aberta na história do Brasil
por
Bruna Domingos Beserra Da Silva
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25/04/2024 - 12h

Desaparecido político na América Latina refere-se a militantes que participaram de organizações opositoras à ditadura civil-militar, cujo paradeiro é desconhecido após sequestro e assassinato, sem esclarecimento das circunstâncias nem localização de seus corpos, configurando-se como "crimes continuados". 

Todos esses desaparecimentos eram realizados em espaços legais, como a “Casa da Morte” na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro que foi utilizada pelo Centro de Informações do Exército (CIE) como aparelho clandestino de tortura e foi localizada por Inês Etienne Romeu, única prisioneira política a sair viva da casa, conforme declarações prestadas ao Conselho Federal da OAB.  

Conforme a “Comissão da Verdade da PUC-SP” 191 brasileiros que resistiram ao golpe foram mortos e 210 estão desaparecidos até os dias atuais, em 22 de setembro de 1977 Policiais Militares comandados pelo coronel do Exército Erasmo Dias invadiram a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, estudantes, professores e funcionários foram presos e agredidos, além de causar um incêndio proposital no teatro da universidade TUCA. Dias afirmava: “Ato público é proibido. Está tudo mundo preso. 

     

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Aluna desmaiada na PUC pós incêndio no TUCA - — Foto: Memorial da Resistência/ Bruna Domingos  

Na entrada do teatro TUCA da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, há um memorial permanente dedicado aos cinco militantes que estudaram na Universidade e foram vítimas da ditadura civil-militar no Brasil, eles fazem parte da lista de mortos e desaparecidos políticos do país, os nomes deles podem ser encontrados também na página da comissão da verdade-mortos e desaparecidos da PUC. 

A história dos desaparecidos políticos é um triste testemunho das violações aos direitos humanos durante a ditadura civil-militar. O memorial da resistência é um lembrete contundente das injustiças e da luta pela democracia nesse período da história brasileira. Os números da "Comissão da Verdade da PUC-SP" ressaltam a gravidade dos crimes cometidos e a necessidade contínua de buscar justiça e memória para as vítimas desses regimes autoritários. Este memorial não apenas preserva a história, mas também nos convoca a defender os valores democráticos e os direitos humanos em nosso país e em todo o mundo. 

 

Esta matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP.  

 

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A resistência na música e nas universidades, presentes na memória da cidade.
por
Carolina Hernandez
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25/04/2024 - 12h

Durante o período da ditadura militar no Brasil, que se estendeu de 1964 a 1985, São Paulo foi um dos epicentros, não só no cenário político, mas também no econômico do país. A cidade desempenhou um papel importante na implementação das políticas do Regime Militar, ao mesmo tempo em que virava um dos núcleos de resistência e luta pela democracia, principalmente através da música, que desempenhou um papel crucial como uma forma de resistência e expressão artística que se posicionava contra o regime autoritário. 

São Paulo, durante a ditadura, continuou crescendo economicamente, com a construção de rodovias, metrô e desenvolvimento da infraestrutura urbana. Contribuiu para o crescimento econômico, mas gerou problemas como a especulação imobiliária e aprofundou a desigualdade social. A censura também foi um fator que marcou muito a cidade. Os meios de comunicação foram sujeitos a uma forte censura e controle, controlada pelo governo, porém mesmo com restrições alguns meios de comunicação permaneceram com uma certa independência ao desafiar o regime. 

A cidade também foi palco de diversos movimentos sindicalistas e greves durante a ditadura. O sindicalismo ganhou força na região, com a formação do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva. Greves significativas, como a greve dos metalúrgicos de 1978, desafiavam diretamente o regime militar. A cidade foi palco de grandes mobilizações pela abertura política, como as Diretas Já em 1984, que exigiam eleições diretas para presidente, marcando o retorno à democracia.  

São Paulo, como uma das maiores cidades do Brasil e um importante centro cultural e político, foi palco de muitas manifestações e eventos durante o período autoritário. Muitos artistas e músicos brasileiros usaram suas canções para protestar contra a repressão, denunciar injustiças sociais e crimes contra os direitos humanos e expressar empatia com aqueles que estavam sendo perseguidos. Em São Paulo surgiram movimentos importantes na música que refletiam esse contexto, como a Tropicália, liderada por artistas como Caetano Velozo e Gilberto Gil. 

A Tropicália foi um movimento cultural e musical revolucionário, originado na década de 1960. Foi uma manifestação artística que desafiou as convenções estabelecidas, mesclando bossa nova, o rock, a cultura popular brasileira e elementos artísticos internacionais. Artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes e Tom Zé foram pioneiros desse movimento, que questionou as normas sociais, políticas e estéticas da época. A Tropicália representou uma ruptura com o autoritarismo e conservadorismo estabelecidos durante o regime. 

Muitas canções foram proibidas de tocar no rádio ou de serem apresentadas ao público, levando artistas a buscar formas criativas de contornar a censura e transmitir suas mensagens de forma velada. 

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Capa do Álbum-manifesto da Tropicália (fonte: https://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/post/album-manifesto-da-tropicalia-faz-50-anos-como-retrato-fiel-da-geleia-geral-brasileira.ghtml)

O Memorial da Resistência, em São Paulo, é um testemunho da luta do povo brasileiro contra os horrores da ditadura civil militar que esteve presente no país por duas décadas, após um golpe de estado no dia 1 de abril de 1964. Ele se encontra no edifício que abrigou o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (DEOPS-SP) durante a ditadura, um dos principais locais de repressão política. O prédio foi reconfigurado para se tornar um museu e centro cultural dedicado à preservação da memória histórica e à reflexão sobre os períodos de opressão. 

Dia 9 de março, 60 anos após o período autoritário, foi inaugurada uma exposição no Memorial, em parceria com a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) chamada “Resistências na PUC-SP". A PUC-SP desempenhou um papel fundamental durante os anos de repressão política, já que sempre apoiou posições progressistas. Sob o regime militar, muitos estudantes, professores e funcionários da universidade enfrentaram perseguição e censura devido às suas posições políticas e atividades de resistência. A universidade tornou-se um pilar de pensamento crítico e resistência intelectual contra o regime autoritário.  

No dia 20 de setembro de 1977, a PUC-SP adotava posturas políticas mais progressistas e ganhava destaque no cenário político nacional. A ocupação da universidade durante o III Encontro Nacional de Estudantes (ENE) resultou em um encontro violento entre estudantes e as forças de segurança. Apesar da resistência da Reitoria da PUC, os alunos optaram por realizar uma manifestação pública em frente ao Teatro da Universidade. 

A ação policial, coordenada pelo Secretário de Segurança, empregou bombas tóxicas e cassetetes elétricos, dispersando os estudantes reunidos. Cerca de 900 alunos foram detidos, alguns acusados com base na legislação de Segurança Nacional. O incidente resultou em feridos e evidências de violência no campus, com relatos de agressões a docentes, estudantes e até mesmo frequentadores da biblioteca. 

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Alunos da PUC-SP durante a invasão em 1977 (fonte: https://j.pucsp.br/noticia/lembrar-e-resistir-40-anos-da-invasao-da-puc-sp)

Apesar dos abusos aos direitos humanos, da repressão, e da censura intensa, São Paulo também é conhecida e lembrada por atos de resistência e pela luta pela democracia. A memória desses períodos sombrios continua presente na sociedade e na cidade, incentivando uma busca constante por liberdade. 

 

Esta matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP.   

 

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Historiadora corajosamente lutou por democracia durante a ditadura, e continuou lutando por justiça após o fim dela.
por
Henrique Silva Rodrigues
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25/04/2024 - 12h

Nascida em 1942, em Pouso Alegre (MG), Inês Etienne Romeu foi uma guerrilheira integrante da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), que tinha como objetivo combater o regime militar instalado em 1964.  

Foi presa em cinco de maio de 1971, na avenida Santo Amaro, por uma operação comandada pelo Delegado Sérgio Paranhos Fleury. Foi levada para o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (DEOPS) e foi interrogada. Em seguida, foi levada à ala de tortura, onde foi submetida ao “pau de arara” somado a espancamento, assim como choques elétricos na cabeça, mãos e pés. 

Para escapar da tortura, alegou ter um encontro com um companheiro da organização no dia seguinte, no Rio de Janeiro. Levada ao suposto local de encontro, se jogou na frente de um ônibus em uma tentativa de suicídio, temendo a continuação de sua tortura. Foi levada para o Hospital da Vila Militar onde recebeu transfusão de sangue, antes de ser transferida para o Hospital Carlos Chagas. 

Antes mesmo de se recuperar, foi retirada a força do hospital, vendada e jogada em uma caminhonete. Foi interrogada no caminho e sua viagem teve como destino final a “Casa da Morte” em Petrópolis (RJ), local em que ficou presa por 96 dias, sofrendo tortura, estupro e humilhação. Foi forçada a escrever três documentos: uma análise sobre as esquerdas, o motivo de sua saída da organização e uma crítica sobre os órgãos de repressão do governo, que não necessariamente refletiam seu verdadeiro ponto de vista sobre estes assuntos, dadas as condições em que os escreveu. 

Foi oferecida uma saída “humana” para sua condição por um de seus algozes, uma nova tentativa de suicídio, a qual queriam que fosse pública e sugeriram que refizesse o feito de se jogar na frente de um ônibus. Chegando ao local, não teve coragem de seguir em diante com o plano e foi severamente punida com mais sofrimento físico e psicológico. Dias depois, atentaria contra a própria vida novamente. Desta vez cortando o pulso com um pedaço de armação da cama de campanha, fracassando devido à falta de capacidade de cortar do material. 

Fingiu aceitar a proposta dos torturadores de tornar-se agente da repressão e se infiltrar na sua antiga organização. Período no qual passou por recuperação física, assinou uma declaração ditada pelos seus algozes, assinou um “contrato de trabalho” e foi forçada a gravar um vídeo, no qual lia seu contrato e dizia ter sido bem tratada por seus carcereiros. Todas eram mentiras previamente ensaiadas. 

Recebeu histórias falsas para dizer à sua família e aos ex-companheiros de organização e um plano para seguir, mas graças a conversas que escutou de madrugada, passou a suspeitar de uma cilada que resultaria em sua morte. Para não colaborar com sua morte forjada, tentou suicídio mais uma vez, cortando seus pulsos. Arrependeu-se graças a esperança de futuramente poder denunciar tudo que viveu e presenciou. Gritou então por socorro, recebendo suturas e transfusão de sangue. Esta foi sua terceira, mas não sua última tentativa. Antes do fim de seu cárcere fez uma quarta tentativa, engolindo vidro moído. Apesar de tudo isso, Etienne declarou que nunca foi uma suicida em potencial e que só tentou se matar tantas vezes pelo tratamento desumano que foi submetida. 

Foi deixada na casa da irmã, em Belo Horizonte (MG), e posteriormente levada a um hospital para recuperação. Teve sua prisão oficializada em novembro de 1971 e foi julgada no ano seguinte. Condenada à prisão perpétua pela morte de um segurança do embaixador suíço Giovanni Bucher, durante seu sequestro, teve sua pena reduzida para 30 anos após concluírem que Inês não cometeu crime de morte e novamente reduzida para 8 anos. Deixou a prisão em 1979, após cumprir sua sentença. É considerada a última presa política a ser libertada e foi anistiada em 2001. 

Única sobrevivente da casa da morte, ajudou a encontrar seu endereço secreto, apontou vítimas que passaram pelo local e identificou muitos de seus captores nas investigações da Comissão Nacional da Verdade. 

Em 2003, foi encontrada ensanguentada no chão por uma faxineira após a visita de um marceneiro. A polícia considerou um acidente doméstico, porém o relatório médico dizia que o traumatismo craniano havia sido causado por “múltiplos e diversos golpes”. O autor do crime nunca foi identificado e Etienne passou a ter dificuldades para se movimentar e comunicar. 

O governo brasileiro, em 2009, homenageou-a com o prêmio de direitos humanos na categoria de Direito à memória e à Verdade. 

Morreu em 27 de abril de 2015 aos 72 anos, em Niterói (RJ), deixando um legado de luta, resistência e resiliência. 

Inês Etienne Romeu é personagem de destaque no Memorial da Resistência de São Paulo, que possui uma parte de seu espaço reservado a evidenciar a história do regime militar da perspectiva feminina. “Não ouvimos muito sobre as mulheres na ditadura, só coisas básicas, como o cárcere da Dilma. É ótimo que a exposição mostre parte da história construída por mulheres, que boa parte da sociedade desconhece. É inspirador e uma representatividade muito válida”, relata Laura, estudante de jornalismo que visitou o memorial. 

Na exposição podemos encontrar cópias do relatório da Ordem dos Advogados do Brasil, nos quais Etienne relata sua trajetória desde a captura até a internação na casa da Saúde Santa Maria, onde se recuperava quando dava seu depoimento, pouco antes de sua prisão. Além disso, encontram-se outros documentos, como cartas que recebeu e que escreveu, e uma amostra do filme “Inês” (1974), de Delphine Seyrig, que denunciou internacionalmente as situações vividas por Inês na ditadura militar.

Esta matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP.

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Como a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo teve forte participação na oposição à ditadura militar de 1964
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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25/04/2024 - 12h

Em março de 2024, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) inaugurou uma exposição no Memorial da Resistência, local dedicado à memória política das resistências e da luta pela democracia no Brasil, como consta no site oficial da instituição. A mostra da universidade tem como objetivo expor sua própria participação na luta contra um dos períodos mais cruéis da história brasileira.

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Visitantes apreciam a exposição da PUC no memorial da resistência   Divulgação: Jornal da PUC

“Foi uma experiência tocante e inspiradora. No ano em que se completa 60 anos do golpe, ter uma exposição sobre a PUC-SP e a sua marcante resistência, justamente no memorial, que não deixa que esse momento terrível seja esquecido é incrível, ainda mais para mim, aluno de jornalismo da Universidade”, afirma Vitor Henrique Nhoatto Bagattini, estudante do segundo semestre de jornalismo, em entrevista ao Jornal oficial da Universidade após visitar o museu.

Em toda sua história de resistência, a PUC-SP passou por eventos traumáticos e marcantes. O principal sendo a invasão do campus sede, localizado em Perdizes, no dia 22 de setembro de 1977. Na data, ocorria uma reunião de alunos, propondo a reorganização da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em resposta ao pacífico encontro, o Coronel Erasmo Dias comandou uma invasão à universidade, acompanhado de uma tropa armada com bombas. Naquela trágica noite, centenas de alunos, professores e funcionários foram presos e muitos gravemente feridos.

Horrorizada com a situação, a então reitora Nadir Gouvêa Kfouri, primeira mulher no mundo a chefiar uma universidade católica, expressou sua indignação: “Não dou a mão a assassinos”, foi a marcante frase que disse à Erasmo, quando ele foi cumprimentá-la. Até hoje a história do ataque perdura como um dos maiores, se não o maior exemplo de resistência dentro da Pontifícia.

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Emblemática fotografia de Nadir Kfouri em 22 de setembro de 1977, dia da invasão  Divulgação: Jornal da PUC

Outro feito importantíssimo, foi a postura da universidade quanto ao aluno João Maria Ximenes de Andrade, do curso de Ciências Econômicas. João tinha 41 anos quando foi sequestrado no bairro de Vila Medeiros por militares, em 23 de março de 1974.

Após anos recebendo cartas dos familiares do aluno desaparecido, a PUC-SP, em sua Comissão da Verdade interna, noticiou e divulgou o desaparecimento dele para a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), órgão da secretaria de direitos humanos. E finalmente em 19 de novembro de 2019, a instituição ministrou a diplomação simbólica de João Ximenes.

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Cerimônia de homenagem e diplomação ao aluno desaparecido João Ximenes. Divulgação: Jornal da PUC

Segundo Ana Paula de Albuquerque Grillo, procuradora da Fundação São Paulo (que é mantenedora da Pontifícia) em entrevista ao Jornal da PUC: “Diplomar João Maria Ximenes de Andrade é uma forma de homenageá-lo, de mostrar à família que sua história está escrita, resgatada e presente dentro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo”.

Relembrar é resistir, e o memorial, é uma forma de não deixar que essa memória se perca, afinal, atos de resistência como os de Nadir Kfouri não devem ser esquecidos, só assim poderemos evitar que esse período hediondo se repita.

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Durante visita ao Memorial da Resistência, somos convidados a pensar sobre o que foi a ditadura militar brasileira e sobre aqueles que a negam. 
por
Matheus Henrique
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25/04/2024 - 12h

O Memorial da Resistência, localizado na região central da capital paulista, oferece aos visitantes um espaço dedicado à recordação política da luta pela democracia no Brasil durante o período militar. Em uma época marcada pela forte repressão e violência, o espaço proporciona o conhecimento da memória e da história dos 21 anos de regime, suas vítimas e os eventos que levaram a esse triste episódio da política brasileira. Durante a visita, temos contato com inúmeros depoimentos sobre a crueldade do período e como os mártires resistiram em pleno momento de coibição de seus direitos, unindo os mais distintos grupos sociais. 

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Manifestação pelo fim da ditadura - fonte: https://diplomatique.org.br 

Ainda há aqueles que tentam retratar o regime ditatorial como algo benéfico, como o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que exaltou o período durante a votação do processo de impeachment da ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. "Perderam em 64, perderam agora, em 2016. Pela família e pela inocência das crianças em sala de aula, que o PT nunca teve, contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o terror de Dilma Rousseff, pelas Forças Armadas, por um Brasil acima de tudo, por Deus acima de todos".  

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Dilma Rousseff em Tribunal Militar - Foto: Arquivo Nacional da Comissão da Verdade

Recentemente, uma pesquisa realizada durante uma manifestação bolsonarista em 25 de fevereiro de 2024, pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e divulgada pela Sputnik Brasil, revelou que cerca de 42% dos manifestantes afirmaram que Bolsonaro deveria ter invocado o artigo 142 da Constituição para solicitar a intervenção das Forças Armadas. Ao todo, 575 pessoas foram entrevistadas no ato, com uma margem de erro estimada em quatro pontos percentuais para mais ou menos, para um grau de confiança de 95%. Isso indica que uma parcela dessa população gostaria de reviver um período de ditadura. 

Nesse contexto de revisionismo histórico deturpado, não apenas alimentado por Bolsonaro e outras personalidades da direita, há uma tentativa de negar esse período histórico como algo violento. Pelo contrário, exalta-se o regime e as figuras militares que participaram de um dos mais cruéis períodos da história brasileira, desrespeitando a memória das inúmeras vítimas e desaparecidos. 

Esta matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP.  

 

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O teatro sinônimo de resistência nacional em meio a ditadura militar no brasil
por
Pedro Bairon
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25/04/2024 - 12h

No ano em que o golpe militar de 1964 completa seis décadas, é momento de relembrar uma série de eventos que foram ocultados do grande público em decorrência da censura imposta diante do regime militar. Com tal data simbólica se aproximando, o Memorial da Resistência, junto com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) trouxeram uma exposição que relembra aos visitantes o papel da luta pela democracia por parte da Universidade paulistana, e atos repugnantes cometidos pelo governo vigente com ela.  

Uma testemunha ocular importantíssima de muitas lutas lideradas pela PUC-SP contra a ditadura, foi o teatro da Universidade – O Teatro Da Universidade Católica (TUCA). Inaugurado em 1965 com a peça “Morte e vida Severina” de João Cabral De Melo Neto, o TUCA permaneceu desde sua criação até a queda de Figueiredo 1985 sendo um palco de diversas lutas libertarias em meio a censura imposta as universidades da época. 

 

  

         Carros blindados invadindo a PUCSP – TV-PUC
         Carros blindados invadindo a PUCSP – TV-PUC  

Em 1968, no ano em que se instaurou o Ato Constitucional Número 5 (AI5) o teatro presenciou Caetano Veloso cantar “É proibido proibir” em um dos momentos mais críticos do regime militar.  Sem mencionar outras peças e discursos de docentes expulsos de outras universidades por ferirem as leis autoritárias do regime ditatorial.  

           

Após uma série de protestos e reivindicações por parte da PUCSP, os militares algum momento reagiria, para tentar silenciar as vozes de alunos e funcionários indignados com a situação do país. Em 1977, 9 anos após o teatro ouvir a voz de Caetano Veloso ecoando “É proibido proibir” a universidade é invadida pelas forças golpistas. Os alunos foram conduzidos a um estacionamento próximo a Universidade, e 80 deles levados presos por violarem as leis ditatoriais. O TUCA também foi invadido nessa incursão a Universidade, contudo não sofreu nenhum grande dano em meio a invasão. 

TUCA IMORTAL: 

                                          Foto dos bombeiros apagando o incêndio no TUCA – pucsp.br
           Foto dos bombeiros apagando o incêndio no TUCA – pucsp.br 

  

Em 1984, um ano antes da queda de João Figueiredo, houve um incêndio no Teatro, sem deixar vítimas pois o fogo se alastrou durante um intervalo entre dois espetáculos carbonizando o teatro por inteiro. Com às investigações constatou-se que as chamas eram resultado de uma falha termoelétrica. Contudo, até hoje acredita-se que o fogo não foi em decorrência de um acidente, mas que na verdade ele teria sido um ataque proposital. No dia em que o TUCA ardeu até quase sua última coluna, os alunos faziam um ato sobre os 7 anos da grande invasão de 1977, e as suspeitas apontam que grupos alinhados ao governo ditatorial teriam se reunido com alunos da própria universidade para realizar tal ato criminoso. Nas palavras do Pós reitor vigente, Padre Edenio Valle: “O incêndio de setembro de 1984 foi um “atentado terrorista que” deu certo". Era o dia do sétimo aniversário da grande invasão. Enquanto na rampa se comemorava a vitória da PUC, um grupo da extrema direita, provavelmente com elementos da própria Universidade, tramou e executou uma manobra bem mais profissional da qual resultou um terceiro incêndio nascido em vários focos simultâneos.”   

O TUCA, presenciou diversos eventos importantíssimos para a história do Brasil. Desde peças que contestavam o regime ditatorial vigente, até invasões e incêndios. E em suas paredes até hoje queimadas, não permite os alunos e professores esqueçam o que aconteceu ali. O local por si só revela a dura e triste realidade da opressão no país que durou mais de 20 anos. Mas também expõe que muitas pessoas não se conformaram caladas com as atrocidades cometidas pela ditadura, ele expõe que muitos se levantaram e lutaram, contra uma realidade barbara e desumana, e assim ele ficará marcado na história.     

 

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Com uma atmosfera tensa, o museu conta com inúmeras exposições de resistência à Ditadura e comove todos os espectadores
por
Victória da Silva
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25/04/2024 - 12h

 

“Pegaram meu bebê para me ameaçar, Rose Nogueira.” é uma das frases presentes nas paredes das celas. O sangue ilustrado nas fotos não é artístico, assim como as grades e as portas de cada sala do Deops, servindo para recordar os dias de tortura sofridos pelos presos na Ditadura.

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A exposição traça uma linha cronológica de acontecimentos mundiais e nacionais, incluindo as resistências contra os atos repugnantes do Regime Militar.  Foto: Reprodução Memorial da Resistência

 

O Memorial da Resistência, criado em 2009 pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, abriga um acervo histórico e muitas apresentações de aspectos diferentes dos 21 anos de Regime Militar no Brasil. 

Há atualmente no local a exposição permanente “Memórias nas celas do Deops/SP” e as temporárias: “Resistências na PUC-SP” e “Mulheres em Luta! Arquivos de memória política”, todas essas agregando um enorme valor à indústria cultural e tornando indeléveis os acontecimentos dessa época.

Entrar nos cárceres do museu e ler a linha cronológica dos fatos ocorridos traz à tona o peso e a tensão vividas na época, evidenciando o período desgastante que atentou contra a democracia, a arte e a liberdade.

Vítor Nhoatto, estudante do 2° semestre de jornalismo da PUC-SP, afirma que toda a visita foi impactante, mas as falas escritas nas paredes o tocaram profundamente: “A parte que mais me chocou foi aquele escrito em que os carcerários sabiam quando os guardas iam até eles ou para levar comida ou para torturar”.

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Frase impactante está estampada na parede de uma das celas. Foto: Victória da Silva.

Rememorar para resistir

A segunda cela existente no memorial mostra dois colchões no chão e suas paredes completamente rabiscadas com nomes de pessoas que sobreviveram ao Regime e acontecimentos que as levaram a ser presas. Essa foi uma maneira eficaz de dar voz a esses cidadãos, já que segundo o Relatório da Comissão da Memória e da Verdade (CMV) da Prefeitura de São Paulo, um fato marcante dos anos de Ditadura foi a indigência de muitos indivíduos que foram presos, morreram, mas sequer foram velados ou tiveram suas mortes notificadas.

De acordo com o documento da CMV: “...o sepultamento como indigente de militantes assassinados e com a identidade conhecida pelos agentes era uma prática comum para impedir sua localização pela família e acobertar os crimes cometidos pela repressão.” Assim, expressar nos muros os nomes de vários sobreviventes foi uma forma de demonstrar mais uma vez a resistência.

TUCA Incendiado

A exposição “Resistências na PUC-SP” conta como a Pontifícia Universidade Católica foi ponto de referência na resistência contra a Ditadura, abrigando exilados, protestando contra a repressão e ainda, promovendo eventos de ciência, cultura e música durante toda a censura vinda do Estado. 

Por esses motivos, a PUC foi invadida por policiais militares no dia 22 de setembro de 1977 e o TUCA, Teatro da Universidade Católica de São Paulo, foi incendiado sete anos depois, no dia 22 de setembro de 1984. Dessa forma, com a ideia de que lembrar é resistir, a exposição deixa indiscutível a participação da comunidade acadêmica na luta contra toda a oposição à democracia, e também manifesta a relevância que a educação tem no combate ao autoritarismo governamental.

Esta matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP. 

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O fim da Ditadura Militar no Brasil e a luta da população pela volta da liberdade
por
Khauan Wood
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25/04/2024 - 12h

O ano de 1979 marcou o começo de um processo de ruptura do Regime Militar brasileiro. Com o início do governo de João Figueiredo e a promulgação da Lei da Anistia, que perdoava os perseguidos políticos, chamados pela Ditadura de subversivos, os militares gradativamente iam perdendo força para seguir no comando do Brasil. Após esse ano, a economia do Brasil começou a quebrar, entre 1980 e 1985 a inflação anual do país teve uma média de quase 164% de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgados pelo jornal O Globo.  

A partir daí manifestantes começaram a ir as ruas pedindo a volta da democracia e o direito ao voto, o movimento ficou conhecido como “Diretas Já!”. A campanha pelas diretas teve início oficial em março de 1983, com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do então deputado Dante de Oliveira, que restaurava as eleições populares no país, a proposta contou com apoio de dez governadores de oposição ao governo. A maior das manifestações ocorreu em 16 de abril de 1984, dias antes da votação da Emenda, o evento, que correu na cidade de São Paulo, reuniu cerca de 1.5 milhão de pessoas que gritavam pelo fim do Regime que já se arrastava por 20 anos.  

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Maior manifestação do período da Ditadura no Vale do Anhangabaú - Foto: Governo do Estado de São Paulo

No dia da votação a PEC não foi aprovada, obtendo menos votos do que o necessário para entrar em vigor. Porém, nas eleições de 1985 os militares não emplacaram seu candidato e Tancredo Neves foi eleito pelo Congresso Nacional para presidir o país. Os brasileiros só teriam seus direitos ao voto reestabelecido em 1988 com a promulgação da atual Constituição e no ano seguinte elegeria o seu primeiro presidente depois de quase três décadas. 

Mesmo com a redemocratização. o regime militar deixa marcas em nossa história até hoje, dados do Governo Federal mostram que 364 pessoas ainda sequer foram encontradas, além disso, a Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo apurou que somente na capital paulista, 79 pessoas foram mortas e sepultadas pela repressão e com colaboração e aval da Prefeitura Municipal. 

Esta matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP. 

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Maior estreia do ano, longa é um dos filmes mais esperados e bateu recorde de bilheteria global
por
Juliana Bertini de Paula
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23/04/2024 - 12h

 

Como escrito na profecia, Timothée Chalamet voltou às telas, no dia 28 de fevereiro, para dar vida ao personagem Paul Atreides no segundo filme da trilogia de Duna, junto de Zendaya, que vive a personagem Chani. Nesta terça-feira (16), o longa chegou nas plataformas de streaming e está disponível para aluguel a partir de R$49,90 no Youtube, na Amazon Prime Video, na Apple TV e no Google filmes. 

Timothée Chalamet como Paul Atreides, em Duna 2. Foto: Warner Bros. Pictures
Timothée Chalamet como Paul Atreides, em Duna 2. Foto: Warner Bros. Pictures

Em 2021, o primeiro filme da franquia encerrou sua exibição nos cinemas com uma arrecadação de 431,1 milhões de dólares. A parte 2, que ainda está em cartaz, já ultrapassou 631 milhões de dólares e impõe atualmente o recorde de maior bilheteria do ano de 2024. 

 

Duna: Parte 2 conquistou um grande aumento na bilheteria, se comparado ao início do ano lento. Antes da estreia, o longa de maior bilheteria era outro, também lançado em fevereiro, Bob Marley: One Love, com U$175,9 milhões arrecadados em todo o período de exibição. O filme de ficção científica arrecadou o mesmo valor apenas no primeiro final de semana em cartaz.

 

A franquia é uma adaptação dos livros de ficção-científica de mesmo nome, escrita por Frank Herbert em 1965. A saga original possui 6 livros, com mais de 3.500 páginas contando a trajetória de Paul Atreides e de outros personagens. Além disso, existem mais 15 livros escritos por Brian Herbert, filho do autor original, que expandem o universo de Duna. Esses complementos são baseados em notas, rascunhos e ideias deixadas por Frank, porém não foram traduzidos para português até o momento.

 

A história se passa milhões de anos no futuro, em uma galáxia diferente, em que os governos foram separados em Casas Maiores, divididos entre famílias detentoras dos feudos de cada planeta do sistema, seguindo o imperador. Entre muitas, a casa Atreides foi designada a governar o planeta Arrakis, conhecido como Duna por conta de seus extensos desertos de especiarias, o bem mais precioso no universo do filme. Enquanto isso, os Harkonnens, casa inimiga da família de Paul, arquiteta tomar o poder do planeta, e assassina o duque Leto Atreides, pai do protagonista e comandante de Arrakis, interpretado por Oscar Isaac, durante o primeiro filme. 


 

        Duas profecias circundam a vida do protagonista vivido por Chalamet, Paul Atreides. A primeira envolve as Bene Gesserit, uma irmandade com poderes de manipulação que estão envolvidas na política universal. Elas procuram pelo Kwisatz Haderach, um homem que obterá os mesmos poderes da irmandade. A segunda é uma lenda religiosa dos Fremen, povo originário de Arrakis, que prevê que um salvador chegaria para libertar o planeta dos colonizadores que se aproveitam dos bens naturais do planeta.




No segundo filme da saga, Paul se junta aos Fremens, os verdadeiros nativos de Arrakis, que vivem segregados nos campos de areia do planeta, com o objetivo de se vingar da casa inimiga que destruiu sua família e assumiu o poder do local na primeira parte da trilogia. Em sua jornada, Paul se torna líder do grupo e assume o papel religioso de Lisan Al Gaib, o salvador, junto de Chani. Além disso, as semelhanças com a profecia das Bene Gesserit se tornam cada vez mais evidentes.

A personagem Chani, vivida por Zendaya. Foto: Divulgação/ Warner Bros Pictures
A personagem Chani, vivida por Zendaya. Foto: Divulgação/ Warner Bros Pictures


Um terceiro filme ainda não foi confirmado, mas o diretor Denis Villeneuve e os atores principais já demonstraram interesse em dar continuidade na saga. O ator Timothée Chalamet, em entrevista à Reuters, revelou: “O sonho é fazer outro. Obviamente, esse filme [Duna: Parte 2] tem que ter certo sucesso para garantir um terceiro. Mas todo mundo está super no jogo. Como não estar?”.

 

Além do protagonista, outros atores demonstraram interesse em participar de um terceiro filme. Zendaya confirmou recentemente em uma entrevista também à Reuters  “Se eu toparia? Quero dizer, é claro. Na hora que o Denis ligar, é um ‘sim’ meu”. Porém, um próximo filme poderia demorar, já que Villeneuve trabalhou 6 anos seguidos para filmar as partes 1 e 2. O diretor afirmou para a revista Times que não houve intervalo entre as duas primeiras produções, mas que quer um tempo para a próxima.

 

 

O longa foi muito bem recebido pelo público e pelos críticos. Durante a estreia, no site de críticas de cinema Rotten Tomatoes, o filme foi recebido com 95% de aprovação da crítica e 97% do público. Atualmente, as porcentagens continuam extremamente altas, 93% e 95% respectivamente. Nas redes sociais, um tsunami de comentários positivos foi visto na primeira semana após a primeira sessão ser transmitida no Brasil.

 

 

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Após 10 anos, a rainha do alternativo volta ao palco do maior festival do mundo
por
Pedro da Silva Menezes
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23/04/2024 - 12h

Lana Del Rey se apresentou como artista principal na sexta-feira dos dois finais de semana (13 e 14, 20 e 21) do festival Coachella, que acontece em Los Angeles, Califórnia, anualmente. A apresentação da cantora começa ainda nos bastidores. Lana e suas dançarinas andaram entre o público de mais de 125 mil pessoas de moto em direção ao palco. A entrada teve referência o clipe de “Ride”. O poder da cantora se evidenciou quando “Jealous Girl”- música sequer lançada - levou todos ao delírio. Assim, a estrela instaurou sua atmosfera etérea e angelical por todo o festival.

Lana Del Rey no palco principal do Coachella.
Lana Del Rey no palco principal do Coachella. FOTO: Drew A. Kelley/The Press Enterprise

A infraestrutura do cenário para o palco é a maior da carreira de Del Rey. A construção contou com elementos de suas músicas. Haviam rachaduras de ouro nos pilares referentes a “Kintsugi”, música da cantora e técnica japonesa de reparar cerâmicas quebradas. Os azulejos no palco eram os mesmos do túnel embaixo da Ocean Boulevard, na Califórnia, elemento faz parte de canções em seu último álbum. A estrutura contava com um pole dance. Em “Candy Necklace” enquanto Jon Batiste tocava um solo de piano, a artista deu um icônico giro na barra que foi incansavelmente compartilhado nas redes. O figurino foi assinado pela marca Dolce & Gabbana. 

Palco com as rachaduras em referência a música Kintsugi.
Palco com as rachaduras em referência a música Kintsugi. FOTO: Divulgação/ Coachella.

O cenário impressiona ao levar em consideração os problemas enfrentados. Em seu instagram, a headliner revelou a saída de seu empresário da sua equipe em meio à produção. “O Peter se demitiu sem motivos depois de 15 anos…”, escreveu. Mas, a ausência de Peter Abbot parece não ter tido efeitos. “Sem problemas - 37 dias foi tempo mais do que suficiente para montarmos um set inteiro sozinhos. Não é nada estressante”, pontuou a artista ironicamente. Além disso, Lana enfrentou uma laringite até poucas horas antes de subir ao palco. Ela revelou que curou com “habilidades intuitivas corporais”, técnicas de Tessa diPietro, sua taróloga.

O repertório estava recheado de hits, mas repetitivo. O catálogo da estrela indie é vasto, mas, segundo fãs, pouco explorado. Ela repaginou apresentações da sua última turnê de maneira grandiosa, como é o caso de “Chemtrails Over The Country Club”. “Let The Light In”, fez falta, a canção faz parte de seu último trabalho e ainda assim foi cortada da versão final da setlist. Mas tudo parece ter sido compensado com a convidada especial  no primeiro final de semana. Billie Eilish entrou para cantar “Ocean Eyes” e “Video Games”, uma grata surpresa aos admiradores de ambas. No segundo show, a convidada foi Camila Cabello. A cubana apresentou sozinha a faixa “I LUV IT”, que está viralizando nas redes sociais, mas deixou o deserto em silêncio.

Lana Del Rey e Billie Eilish no palco.
Lana Del Rey e Billie Eilish. FOTO: Pooneh Ghana/Coachella

A intérprete entrega a voz ao público em vários momentos do show, que responde a altura. Isso faz parte de seu estilo no palco, mas seria ainda mais empolgante se a cantora agraciasse seus espectadores cantando suas músicas por completo. Sua voz já foi centro de críticas 12 anos atrás durante uma apresentação de “Blue Jeans” no programa SNL. Mas ela bota um ponto final nessa polêmica ao interpretar “Hope is a Dangerous Thing For a Woman Like Me” nos mesmos moldes da fatídica performance de 2012, hoje como assinatura de sua personalidade musical.

“Essa é a razão da existência da metade de vocês, incluindo a minha”, disse Billie apontando para Lana. Del Rey é uma das maiores referências para as novas gerações da música. Conseguimos ouvir suas influências em trabalhos de Taylor Swift, Halsey, Lorde, Olivia Rodrigo, entre outras cantoras. O LANACHELLA foi a celebração de seu legado incontestável e o atestado da marca que deixará na indústria.

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