Episódios contam histórias reais de jovens que morreram por tiros com armas das
por
Khauan Wood
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16/06/2025 - 12h

Idealizado, produzido, dirigido e apresentado por Khauan Wood, estudante do curso de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o podcast tem o intuito de contar histórias reais de jovens que morreram em decorrência da violência policial do Brasil.

Dados de um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado em abril de 2025, mostram que a taxa de mortalidade de crianças e adolescentes pela PM cresceu 120% entre 2022 e 2024, apenas no estado de São Paulo.

Com uma imersão sonora, o áudio é pensado para ser rápido. Tudo no podcast é pensado para se assemelhar a um tiro. Além disso, conta com músicas que retratam justamente a violência policial no país.

Ficha técnica

  • Idealização, direção e apresentação: Khauan Wood

  • Duração: 5min22seg

  • Orientação: Prof.ª Dra. Anna Flavia Feldmann

 

A forma como as redes sociais manipulam cada vez mais o que é divulgado pelos veículos de comunicação
por
Beatriz Lima
Giovanna Brito
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09/06/2025 - 12h

Com o avanço das tecnologias e da comunicação, a população se adaptou a essa mudança em muitos aspectos de suas vidas, como por exemplo em relação ao consumo de informação. O impacto dessas transformações se manifesta, principalmente, na definição das pautas jornalísticas, que hoje são fortemente moldadas por algoritmos, dados de engajamento e comportamentos de usuários nas redes sociais. As chamadas ‘trends’ vem cada vez mais se popularizando entre a sociedade online atual, causando falhas de comunicação entre o que é importante e o supérfluo. Entenda de que forma a influência desses assuntos afetam o jornalismo na hora da publicação de notícias.

Comemorando o anivesário do grande cineasta em uma conversar com o crítico Filippo Pitanga
por
Clara Dell'Armelina
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06/06/2025 - 12h

Fora dos holofotes hollywoodianos, Akira Kurosawa fez história na sétima arte e rompeu as barreiras criadas para com o cinema oriental. Nascido em 23 de março de 1910, completaria  115 anos nesse ano de 2025, deixando um legado de 50 anos de carreira e 30 filmes que influenciam no modo de fazer cinema até os dias de hoje. Akira veio de uma família de muitos irmãos e, de um deles, Heigo, herdou sua paixão por filmes. Heigo que trabalhava como narrador de filmes, se suicidou aos 22 anos. 

Sua herança cinematográfica traz obras como “Os Sete Samurais” (1954), “Ran” (1985), “Trono Manchado de Sangue” (1957) e “Rashomon” (1950). Para falar um pouco melhor sobre esses filmes, conversamos com Filippo Pitanga, jornalista, pesquisador, curador e crítico de cinema, que nos contou sobre a história de vida e da longa carreira do eterno Akira Kurosawa. Confira! 

A virada cultural aposta na descentralização, diversidade e acesso gratuito à cultura
por
Marina Laurentino Mendonça
Michelle Batista Gonçalves
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28/05/2025 - 12h

 

A Virada Cultural 2025 ocorreu nos dias 24 e 25 de maio, reunindo mais de 4 milhões de pessoas nas ruas de São Paulo. Com 21 palcos distribuídos por diferentes regiões da cidade e mais de 1.200 atrações gratuitas, o evento levou música, teatro, dança, cinema e atividades culturais para espaços públicos, reforçando a proposta de descentralização e democratização do acesso à cultura.

 

Show da cantora B TREM no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantora B TREM no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.

 

Show da cantor Kyan no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Kyan no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Kyan no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Kyan no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantora Liniker no palco Anhangabaú, dia 25/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantora Liniker no palco Anhangabaú, dia 25/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantora Liniker no palco Anhangabaú, dia 25/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantora Liniker no palco Anhangabaú, dia 25/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor BK no palco Brasilândia, dia 25/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor BK no palco Brasilândia, dia 25/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor BK no palco Brasilândia, dia 25/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor BK no palco Brasilândia, dia 25/05. Foto: Michelle Batista.

 

Entidades do audiovisual brasileiro lutam para a reformulação da Lei da regularização dos Streamings no Brasil. Legislação existe desde 2021 na França.
por
Wanessa Celina Campos
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19/05/2025 - 12h

A vitória de Ainda Estou Aqui (Walter Salles, 2025) no Oscar trouxe um alerta ao setor audiovisual brasileiro sobre a  necessidade da regularização do VOD (video on demand, em inglês). Em fevereiro deste ano, a Kantar Ibope Media declarou que 35% dos domicílios brasileiros consomem plataformas digitais de streaming. Em 2021, uma pesquisa Streaming Global do Finder já trazia o Brasil como o segundo maior consumidor de streaming do mundo. Ainda assim, diferente de países como a França e a Espanha, o Brasil não regularizou a atuação de plataformas estrangeiras, como a Netflix e a Prime Videos.

“No Brasil, a gente tem medo dessa palavra regulação, até em função da ditadura, de algumas agências reguladoras que historicamente já tivemos. Mas em qualquer país do mundo existe a regularização de qualquer profissão.”, contextualiza o jornalista e documentarista Piero Sbragia, em entrevista para a AGEMT. Na França, a regularização do  VOD obriga as plataformas estrangeiras a investirem 25% do seus faturamentos em conteúdos nacionais, enquanto que, no Brasil, o PL nº 2.331/2022, aprovado pelo Senado, atribui apenas 3% de contribuição das empresas estrangeiras. 

Além da mudança de 3% de contribuição para 12%, a Frente Ampla pelo Audiovisual Brasileiro, reitera a necessidade de uma cota com, no mínimo, 20% de conteúdos brasileiros nas plataformas e canais de exibição. Thais Oliver, roteirista e vice-presidente da Associação Brasileira de Autores Roteiristas (ABRA) diz que o maior problema no cinema brasileiro hoje é a falta de um lugar para “escoar” toda produção nacional, que anualmente lança mais de 200 filmes. “São poucos os streamings que chegam a 20% de produção nacional. Nem a Globoplay consegue ter um catálogo só de produção nacional. Então, a cota é fundamental para que a gente consiga escoar essa produção.”

França: um caso que deve servir de inspiração

“O critério para a divisão de filmes nos cinemas franceses é a cota”, relata Piero ao relembrar um acontecimento durante a sua estadia em Paris, em 2022. Segundo ele, quando esteve por lá, quatro das cinco salas de cinemas eram reservadas apenas para filmes franceses, independente dos números de vendas, enquanto filmes hollywoodianos só tinham uma sala reservada. “A questão não é lucro, não é dinheiro, a questão é a soberania.”, completa Piero, observando que os filmes estadunidenses possuem um posição desigual em relação aos filmes nacionais, o que torna necessária a  proteção das obras nacionais. De acordo com Thais, é necessário que “a gente assuma essa negociação com um ponto de vista mais nacionalista, protegendo a nossa indústria.”

Não apenas a cota é fundamental, a proeminência, os destaques às obras nacionais nos aplicativos e site dos streamings, são essenciais. Usar o algoritmo para que os brasileiros achem obras nacionais com mais facilidade, que elas estejam já na primeira página, também faz parte da demanda da Frente Ampla. Mesmo assim, como lembra Piero, não tem como haver uma boa regularização do VOD sem que haja a fiscalização correta. Fiscalizar se as leis estão sendo cumpridas e, assim, proteger as obras nacionais, assim como aos atores, roteiristas e diretores brasileiros para não serem submissos às formas desfavoráveis nos seus trabalhos é também uma obrigação que o Senado e a Câmara devem ter em mente, na hora da formulação da Lei do Audiovisual.

 

Série conquista o público por ser uma adaptação fiel ao jogo
por
Bruna Alves
Luana Galeno
Maria Eduarda Camargo
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15/03/2023 - 12h

The Last Of Us, a nova série distópica da HBO Max, está quebrando números de audiência no streaming, ultrapassando inclusive House of the Dragon, e tornando-se a adaptação de jogo para série mais bem avaliada do IMDb (Internet Movie Database), com uma média de 9.4/10.

Baseada no jogo premiado da Naughty Dog com a Playstation, a produção de Neil Druckmann e Craig Mazin conta com 9 episódios que retratam a jornada de Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) tentando sobreviver em um mundo pós-apocalíptico.

A trama se passa 20 anos após o colapso da humanidade devido à pandemia de uma variante do fungo Cordyceps. A mutação ataca o cérebro do hospedeiro humano, transformando-o em "Infectado" - um ser ainda vivo mas incapaz de controlar suas ações. Os níveis de infecção se desenvolvem ao longo do tempo após a mordida — ou no caso do jogo, a inalação de esporos.

Infectado na série The last of Us. Fonte: The Enemy
Infectado na série The last of Us. Fonte: The Enemy

Joel, o personagem masculino principal, é um contrabandista que se depara com o roubo de sua carga. Para recuperá-la, ele deveria levar Ellie, a jovem protagonista, para o quartel general dos Vagalumes (grupo paramilitar opositor ao governo). Mais tarde, ele descobre que Ellie é imune ao vírus, revelando o interesse dos Vagalumes por ela. Com esta missão, um homem sem esperanças e uma criança provocadora encaram barreiras que vinte anos de caos trouxeram.

O Jogo

In game shot. Fonte: Playstation
In game shot. Fonte: Playstation

O jogo – lançado em 2013 para o Playstation 3 e remasterizado em 2014 – começou sua produção em 2009, depois do último sucesso da empresa Naughty Dog com Uncharted 2, e desde então revolucionou a indústria de jogos. Com inovação na criação do enredo, grande desenvolvimento de trilha sonora e protagonismo feminino, o jogo ganhou 196 prêmios de mídia especializada, incluindo 3 BAFTAs (British Academy of Film and Television Arts).

A trilogia, que conta também com The Last Of Us: Parte II, lançada em 2020, segue sendo a mais premiada no universo dos games. O jogo abriu um caminho carregado de dramaturgia em um mundo antes populado somente por cenas de ação e personagens rasos. A utilização de cut scenes mais longas e a manipulação da jogabilidade dos personagens – junto de artifícios novos para a época, como finitude de recursos e exploração de histórias laterais – foi o que trouxe a beleza do cinema para o universo dos consoles. 

Outro ponto importante do jogo é a trilha sonora original – criada pelo argentino Gustavo Santaolalla e que ganhou o prêmio BAFTA – contando com composições mais naturais nas cenas de ação, que conquistou os jogadores e os críticos especializados na área. Gustavo também foi o criador da trilha sonora da série.

A Série

Fonte: The Last of Us - HBO Max
Fonte: The Last of Us - HBO Max

O aspecto de ação é mais presente no começo, com as primeiras aparições dos Infectados, e vai diminuindo gradativamente no decorrer da história. Apesar disso, a série ilustra todos os tipos de infectados presentes no primeiro jogo: Corredores, Espreitadores, Estaladores e Baiacus.

Cena do Baiacu em The Last of Us. Fonte: Rolling Stone
Cena do Baiacu em The Last of Us. Fonte: Rolling Stone

A obra segue uma linha narrativa mais dramática, focando nas frágeis relações dos personagens, tanto de Ellie e Joel, quanto deles com outros personagens. The Last of Us também explora histórias paralelas, como no episódio 3, onde é retratada a vida de Bill e Frank, meros coadjuvantes no jogo, que proporcionaram na obra da HBO uma nova perspectiva sobre o amor em um mundo apocalíptico.

Sobre os personagens principais, é possível entender as multifacetas que representam tanto Joel quanto Ellie. Ele perde sua filha, Sarah, no início do surto pandêmico — vinte anos antes da trama —, o que torna perceptível a barreira entre ele e Ellie desde o primeiro encontro dos dois. Porém, com o passar dos episódios, nota-se a aproximação entre eles e o desenvolvimento de uma relação afetuosa de “pai e filha” que Joel acreditava ter perdido. Este vínculo vai se intensificando a cada novo desafio apresentado e é assertivamente demonstrado pela atuação de Pedro Pascal e Bella Ramsey.

A adaptação também chamou uma atenção detalhista quanto à fidelidade ao jogo. Diversas cenas foram reproduzidas de forma idêntica, fazendo uso dos mesmos diálogos e até o mesmo enquadramento. Grande parte disso se deve ao fato da equipe produtora do jogo — especialmente Druckmann e Mazin — estarem envolvidos na produção da série.

Apesar disso, houveram críticas por parte dos fãs do jogo em relação a pouca exploração dos Infectados, como as frequentes "hordas de zumbis”. Porém, havia, por parte dos diretores, a preocupação em não ser repetitivo e a necessidade de adaptação para televisão.

Opinião

Comparação entre cena no jogo e na série. Fonte Imagem 1: Wikihow | Imagem 2: The Last of Us - HBO Max
Comparação entre cena no jogo e na série. Fonte Imagem 1: Wikihow | Imagem 2: The Last of Us - HBO Max

A ausência da já conhecida e cansativa “horda de zumbis” e de um Joel “à prova de balas” cria uma atmosfera muito mais crível e dramática na obra. Tudo isso é combinado ao talento de Bella Ramsey, que tira completamente a Ellie de um papel passivo e prepara o espectador para o que está por vir. A criação de uma atmosfera de suspense e um novo take no estilo zumbi são os pontos essenciais para a fórmula de sucesso da série.

Outro ponto importante de The Last of Us é o jeito como Druckmann explora as diversas facetas de um mesmo personagem. Nenhum daqueles que se opõem aos personagens principais é inerentemente mau, mas sim só um ser humano lutando por sua sobrevivência e pela vida daqueles que ama. Tanto a série como o jogo se aprofundam na característica mais humana de todas: a busca por um motivo para sobreviver. A inevitabilidade da missão é a beleza da dramaturgia de Druckmann – e da HBO.

Conversamos com a última ganhadora brasileira do prêmio sobre a representatividade feminina no festival
por
Carolina Raciunas Henrique Baptista Isabela Gama
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14/06/2022 - 12h

De 17 a 28 de maio aconteceu a 74ª edição do Festival de Cannes. O evento internacional que dura 12 dias surgiu em 1964 e premia produções cinematográficas do mundo todo. Mas, apesar de ter grande alcance, ele não tem espaço para todos. Mais uma vez, mulheres não têm tanto espaço quanto homens. Desde o surgimento do festival de Cannes, apenas duas mulheres ganharam a Palma de Ouro (o prêmio mais importante do evento).

Falando no Brasil, a situação é ainda mais desigual. Fernanda Torres, aos 20 anos, foi a primeira brasileira a vencer um prêmio. Ela ganhou a Palma de Ouro de Melhor Atriz por seu papel em “Eu Sei que Vou Te Amar (1986)”, de Arnaldo Jabor. Depois dela, só mais uma atriz brasileira ganhou. Sandra Corveloni, em 2008, por Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas.

E essa falta de representatividade não está só no prêmio principal. Fica fácil perceber essa disparidade em números: para os prêmios de melhor direção e melhor roteiro, entre os 111 vencedores durante os mais de 70 anos de premiação, há apenas 4 mulheres, o que representa 3,5% do total. 

Ouça aqui essa história completa no podcast: Cannes: aonde estão as mulheres?

Terceiro projeto de estúdio do cantor remete aos anos 1980 e chega ao topo das plataformas de música
por
Maria Eduarda Frazato, Maria Eduarda Mendonça e Vicklin de Moraes
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09/06/2022 - 12h

No dia 20 de maio de 2022, o cantor britânico Harry Styles lançou seu terceiro projeto de estúdio denominado "Harry's House", produzido pelas gravadoras Columbia e Erskine Records. Com ritmos que remetem a década de 1980 e as discotecas, o projeto foge dos hits convencionais do cantor, sendo muito aclamado pela crítica que o consolidou como artista solo. Também foi bem aceito pelo público, pois debutou no topo da Billboard 200 e ocupou o TOP 10 Spotify Global no dia seguinte ao lançamento. 

Além das plataformas online, Harry também conquistou o segmento de vinis, com 182 mil unidades vendidas, quebrando o recorde da maior semana de venda de discos da história da era moderna. Convidamos as administradoras do portal Best Harry Styles Brasil, Luísa e Vanessa, além da youtuber Mari Bianchini para falarmos sobre Harry's House e seu sucesso instantâneo. Clique aqui e confira o vídeo completo.

 

Reprodução: The Late Late Show with James Corden
Reprodução: The Late Late Show with James Corden

 

 

“É um gênero que chegou para ficar”, afirma o cineasta Maurício Eça sobre o 'true crime'.
por
Maria Ferreira dos Santos
Marcello R. Toledo
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07/06/2022 - 12h

Dificilmente uma notícia circulada nos jornais fica limitada ao campo jornalístico. É comum que haja enormes desdobramentos a respeito do fato após a sua divulgação, seja se tornando assunto de debates ou até mesmo virando livro ou produção cinematográfica. É o que acontece, por exemplo, com crimes que chocam uma grande parcela de pessoas. Há casos dos quais é possível dizer que horrorizam o mundo inteiro. É nesse contexto que surge o gênero true crime.

O true crime é o termo em inglês designado para tratar das obras sobre crimes reais. Indo muito além do “baseado em fatos reais”, essas realizações normalmente têm alto teor jornalístico e jurídico , contendo entrevistas, autos de processos, gravações feitas em tribunais, imagens da cobertura da imprensa e diversos outros. “Fazer true crime é um processo muito sério, foi preciso ter um acompanhamento jurídico muito forte, porque a gente está falando de vidas, de vítimas e de pessoas que ainda estão entre nós”, disse Maurício Eça, diretor dos filmes “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais”.

O trabalho de Eça, lançado pela Amazon Prime Video em outubro de 2021, retrata o assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen a pauladas pelo genro Daniel Cravinhos e seu irmão Cristian. Apesar da maneira agressiva do crime, o que chocou o Brasil em 2002 foi o envolvimento da filha das vítimas, Suzane von Richthofen, como mandante. O cineasta disse que todo o processo de produção foi trabalhoso. “Todo o pessoal da equipe, os atores, os produtores, todos sabiam muito bem onde estavam pisando, tudo com um respeito imenso e sabendo os limites. Nós tivemos um cuidado absurdo e acho que isso fez a diferença”.

Foto do cenário dos filmes “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”, com os atores Carla Diaz como Suzane von Richthofen e Leonardo Bittencourt como Daniel Cravinhos Foto/Divulgação: Stella Carvalho/Galeria Distribuidora/Amazon
Foto do cenário dos filmes “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”, com os atores Carla Diaz como Suzane von Richthofen e Leonardo Bittencourt como Daniel Cravinhos Foto/Divulgação: Stella Carvalho/Galeria Distribuidora/Amazon

 

Em entrevista à AGEMT, Maurício relembrou algumas críticas feitas à realização dos longas-metragens, muitas delas eram ditas por pessoas que não sabiam ao certo como seria executado o projeto. A maioria se perguntava se os assassinos iriam receber cachê por isso, quando na verdade todo o procedimento foi feito com base nos documentos da época, não necessitando, assim, da ajuda dos criminosos. Portanto, além de não terem qualquer envolvimento com a iniciativa, os criminosos não receberam valor algum. “O que nos guia é o processo [judicial]”, declarou o diretor de cinema. 

Ainda sobre a aceitação do público, ele reiterou que alguns espectadores procuram “respostas simples que não existem”, porque a verdade sobre o crime é conhecida somente pelos que estavam ali presentes. Assim, o intuito do true crime não é julgar ou inocentar alguém, mas apresentar o que se sabe sobre o ocorrido. Maurício acrescenta: “nosso objetivo em nenhum momento foi glamourizar essa história ou defender eles, era realmente mostrar [...]muitas vezes não tem que justificar, a gente tem que mostrar! Por que você vai justificar o que o cara fez? Não dá para justificar. É complicado né”.

Questionado sobre o porquê da categoria já ser tão popular fora do Brasil e só agora ter ganhado espaço por aqui, Maurício declarou que  “o true crime já está sendo consumido no Brasil há muito tempo, mas só agora ele está sendo aceito em produções locais”. O diretor completa que parte do motivo de tal crescimento talvez seja devido a conjunturas do nosso tempo “a pandemia acelerou muito isso, tem um pouco de inconformismo, um pouco de curiosidade, acho que tem um pouco disso tudo”. Ele conta também o quão difícil foi convencer os investidores a produzirem tais filmes, “Foram anos para conseguir convencer as pessoas a fazerem esses filmes. Elas consomem tanta coisa gringa, por que não consumir do brasileiro?

É no mínimo curioso o interesse das pessoas por histórias muitas vezes sangrentas de crimes. Esse gênero cresce cada vez mais e no Brasil ainda temos diversos filmes e documentários sendo produzidos para o futuro, como confirmou o cineasta. A psicóloga e psicanalista Ana Carolina Valim, resgata os estudos de psicanálise de  Jacques Alain Miller para explicar tanto interesse em um gênero trágico. Para ele, segundo Ana, “nada é mais humano do que o crime”. “Rejeitamos o crime porque ele mesmo nos faz humanos ao não cometê-lo. Por conseguinte, são os mesmos seres humanos que os cometem, pois foram eles mesmos que o inventaram. Não existe crime na natureza animal [...] os animais não sentem culpa por matar ”, esclarece Valim. Ainda sob esse aspecto, a profissional traz o debate acerca do entendimento da sociedade sobre o ato de matar: “Assistimos crimes de várias modalidades em nossas telas. Gostamos daquele que mata pelo bem e repudiamos aquele que mata pelo mal. Entretanto, o que não observamos é que essas duas figuras possuem o denominador comum: matar. Os super-heróis também causam fascínio na grande massa consumidora de ficções. Mas qual a diferença entre o herói que mata pelo bem e o monstro que mata pelo mal?”. 

 

Parte importante da conscientização do autismo é desconstruir os estereótipos criados pelo audiovisual.
por
Maria Ferreira dos Santos
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26/04/2022 - 12h

 

Enganam-se aqueles que acreditam que o cinema é somente entretenimento, na verdade, toda a sua história é marcada por filmes que têm a intenção de fazer denúncias e conscientizar seus espectadores. O clássico “Tempos Modernos(1936)” de Charlie Chaplin, por exemplo, expõe a desumanização e exploração do trabalhador no período da Grande Depressão com cenas cômicas, como quando o personagem Carlitos é puxado por uma máquina de produção e entra em suas engrenagens.

De Chaplin para cá muita coisa mudou, inclusive a facilidade de se assistir às produções audiovisuais. Mais de um século depois da estreia de Carlitos na tela grande, temos diversas plataformas digitais que permitem acesso a inúmeros filmes, séries e documentários sobre os mais vastos temas. Isso significa que as pessoas estão mais informadas sobre realidades que não a delas? Não necessariamente. Isso porque, infelizmente, o cinema pode criar estereótipos acerca de um assunto.

 Reprodução: Cena do filme Tempos Modernos (1936).

É o que acontece com a comunidade neurodivergente ou atípica, isto é, indivíduos que apresentam o desenvolvimento neurológico diferente daquele esperado. Há múltiplos diagnósticos e níveis entre as próprias condições, sendo o TEA (Transtorno do Espectro Autista) uma das mais notórias pela mídia audiovisual.

O estigma criado em torno do TEA está vinculado com a imagem de “autista gênio”, normalmente essa personagem é superdotada com habilidades de raciocínio lógico e matemático; em contrapartida não consegue relacionar-se e comunicar-se de maneira efetiva com as pessoas ao seu redor, nessas narrativas é comum o personagem nem mesmo falar.

Um exemplo está no filme “Código Para o Inferno”(1998), em que um agente do FBI interpretado por Bruce Willis passa a proteger Simon Lynch (Miko Hughes), um menino de nove anos autista que, sem o menor esforço, desvenda um "indecifrável" código do governo americano que tinha custado dois bilhões de dólares. Há também “O Contador” (2016) que exibe a história do autista Christian Wolff (Ben Affleck) que fez da matemática sua língua materna e, assim, desempenha sua atividade profissional de maneira excepcional num escritório de contabilidade; entretanto atua também em trabalhos de lavagem dinheiro para os principais bandidos do mundo e, logo, descobre uma fraude de dezenas de milhões de dólares, o que coloca sua vida em risco.

 Reprodução: Cena do filme Código Para o Inferno (1998).

 Para Alexandre Barbosa, pai de Alice, diagnosticada com autismo antes dos dois anos, essas produções não trazem uma visão realista, e sim uma visão romantizada. Tal construção pode ser perigosa, segundo a psicóloga Thamara Bensi, uma vez que “estamos lidando com um Espectro, não temos um fenótipo comportamental e nem cognitivo único e isso pode gerar no senso comum um estereótipo limitante e irreal”.

Ainda sob essa perspectiva Bensi reforça que “A sociedade precisa ter ciência de que o autismo é um Espectro, no qual, essa população dependendo do repertório precisa de mais ou menos suporte. Todos os autistas possuem suas potencialidades e seus pontos a serem desenvolvidos”. O posicionamento da profissional se assemelha ao da cineasta Letícia Soares, com a frase “Ninguém é igual ou limitado a uma lista de sintomas, cada um vive o mundo de uma forma”, assim ela dá início a um dos seus vídeos publicados no YouTube no seu canal Aspie Aventura. É nele que Soares apresenta uma série documental performática, em conjunto com outros atípicos, na qual mostra que “cada um curte uma coisa diferente. Nos aventuramos juntos e as pessoas também conhecem meu modo de pensar”.


Diante disso, torna-se perceptível a necessidade de uma maior responsabilidade da sétima arte em representar essa comunidade. O  bacharel em História e estudante de Licenciatura, William Morgado, diagnosticado com TEA aos doze anos, defende que neurodivergentes devem ser retratados como qualquer outra pessoa “com intelecto capaz de mostrar como somos; e que sabemos nos inserir na sociedade”.