O cantor porto-riquenho Bad Bunny conquistou sucesso no país por meio de trend no Tiktok
por
Mariane Beraldes
Thainá Brito
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10/06/2025 - 12h

Artistas latinos dominam as paradas mundialmente, mas no Brasil, a presença só cresce impulsionada por trends no TikTok. Bad Bunny e a capa de seu novo álbum "Debí Tirar Más Fotos" confirma isso. Sua música viralizou na plataforma com a produção de memes e vídeos curtos em Janeiro de 2025. "DTMF", uma de suas músicas que ficou famosa, finalmente fez o artista aparecer entre as mais ouvidas no Spotify Brasil, um cenário marcado pela forte presença do funk e sertanejo. 

Rafael Silva Noleto, antropólogo, cantor e compositor, além de professor adjunto da Universidade Federal de Pelotas, em entrevista à AGEMT, explica o porquê do Brasil, mesmo tão próximo geograficamente, não ter costume de ouvir música hispânica. Apesar dos sinais de mudanças no país, ainda há resistência por parte do público brasileiro em consumir músicas em espanhol.

Circo de rua no Ceará leva alegria e risadas em quatro rodas
por
Juliana Bertini de Paula
Maria Eduarda Cepeda
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09/06/2025 - 12h

Em 2019, Henrique Rosa e Amanda Santos, um casal de artistas no Ceará, voltavam depois de mais um expediente de espetáculos que faziam como palhaços no Parque Aquático de Aquiraz, quando uma ideia, misturada com um sonho, dá origem a um projeto: um circo itinerante em um fusca. Na entrevista, conhecemos mais sobre a história do projeto e seu trabalho pelas ruas do Ceará. 

 

Entenda como as redes sociais podem afetar o desenvolvimento psicológico dos jovens
por
Julia Naspolini
Liz Ortiz
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09/06/2025 - 12h

Recentemente, as redes sociais foram tomadas por uma “treta teen”. Por dois dias o grande assunto entre adultos e adolescentes foi uma briga envolvendo um grupo de meninas tiktokers. Liz Macedo, Antonella Braga, Júlia Pimentel e Duda Guerra, jovens na faixa de 15, 16 anos, que somam milhões de seguidores nas redes e tiveram um desentendimento envolvendo os namorados, levando a discussão para internet ao gravarem pronunciamentos de suas versões.

Pelo grande número de seguidores, a história viralizou, levando a rede a se dividir em lados na briga e fazendo com que as meninas recebessem muitos comentários de ódio. Toda essa polêmica fez muitos pais se preocuparem com essa superexposição digital que os jovens presenciam. É inegável que as redes sociais têm se expandido cada vez mais entre o público juvenil - tanto no consumo do conteúdo, quanto na produção dele. No mundo de hiperconexão é difícil impedir que as crianças tenham contato com a internet, mas é necessário que haja algum controle, ou no mínimo uma orientação parental do que os filhos estão consumindo ou produzindo.

Foto de Duda Guerra, Julia Pimentel, Liz Macedo e Antonella Braga
Duda Guerra, Julia Pimentel, Liz Macedo e Antonella Braga
Foto:Reprodução Instagram

Crescer já é, por si só, um processo delicado. Agora, crescer lidando com uma plateia invisível que pode curtir, compartilhar e criticar suas ações, leva a vulnerabilidade da adolescência a um novo nível.  A internet é uma terra de ninguém, onde há muita desinformação e muitas pessoas escondidas no anonimato que não possuem filtro algum para xingamentos. 

Antes das redes sociais,  cada um era exposto a uma quantidade pequena de pessoas. Hoje, com a vida online tudo que é postado de forma pública, pode ser acessado e comentado por qualquer um. Durante a fase de desenvolvimento em que o cérebro busca constante aprovação, essa superexposição pode ser  extremamente prejudicial à saúde mental, podendo levar o adolescente a desenvolver transtornos como a ansiedade e a depressão.

Além das plataformas digitais reforçarem uma autoimagem baseada na aprovação externa, onde os jovens buscam validação através de curtidas e comentários, elas também fazem com que eles consumam as postagens de outras pessoas que podem gerar constantes comparações com padrões irreais de beleza, sucesso e felicidade. 

A psicóloga Bruna Marchi Moraes, formada pela Faculdade São Francisco, em entrevista à AGEMT, comenta sobre a diferença entre o uso saudável da internet e de um uso prejudicial. Para Bruna, "o uso saudável é aquele que é intencional, equilibrado e supervisionado — contribui para aprendizado, lazer e socialização, sem substituir as experiências offline. Já o uso prejudicial envolve excesso de tempo de tela, isolamento, consumo passivo de conteúdo, dependência emocional das redes e prejuízo nas atividades do cotidiano como sono, escola e convívio familiar".

A autoestima não é o único aspecto abalado pela exposição em excesso às redes sociais, ela pode afetar também a forma que o adolescente se relaciona com os outros, gerar mudanças bruscas de humor, isolamento, queda no rendimento escolar, desinteresse em atividades que antes eram prazerosas e irritabilidade. Bruna ainda alerta que “estudos apontam correlações entre uso excessivo de telas desde cedo e sintomas de ansiedade, depressão e dificuldades de atenção. A hiperestimulação digital pode afetar o funcionamento do cérebro em desenvolvimento, especialmente em crianças com predisposições genéticas ou ambientais para esses transtornos.”

Para evitar que uma ferramenta valiosa como a internet se transforme em algo negativo, ela defende que o papel dos pais, é  de orientar, supervisionar e modelar o uso responsável da internet. Limites saudáveis envolvem horários pré-estabelecidos, escolha de conteúdos adequados, conversas abertas sobre os riscos e incentivo a atividades offline. Mais do que proibir, é importante ensinar o uso consciente e equilibrado.

Um recado de Bruna aos adolescentes, “Gostaria que soubessem que a internet pode ser uma ferramenta incrível, mas também pode influenciar seus pensamentos, emoções e autoestima de maneira sutil e profunda. Que não precisam se comparar com os outros o tempo todo, e que os momentos desconectados também são essenciais para se conhecer, descansar e crescer com mais equilíbrio”.

Do palco às telas, rainha do rock continua a ensinar que liberdade se escreve com batom, guitarra e desobediência
por
Luane França
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09/06/2025 - 12h

Rita Lee voltou aos cinemas em maio, mas talvez nunca tenha saído de cena. Em Ritas, dirigido por Oswaldo Santana e Karen Harley, a artista emerge por meio de arquivos pessoais, cartas, registros caseiros e entrevistas que atravessam décadas. O filme costura fragmentos de uma mulher que cantou liberdade em tempos de censura. Em paralelo, o documentário Mania de Você, disponível no serviço de streaming Max, amplia esse mergulho: com depoimentos inéditos da própria cantora, reafirma sua relevância na construção de um feminismo brasileiro que se fez também em acordes, guitarras e provocações. Chegou o momento de relembrar — o Brasil que Rita cantava e o Brasil que ela deixou.

 

Evento reúne empresas e estudantes em três dias de atividades voltadas à carreira
por
Leonardo Gomes
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09/06/2025 - 12h

Entre os dias 20 e 22 de maio, ocorreu o Recrutamento e Carreira 2025, na Universidade de São Paulo (USP), no campus da capital. A feira teve como objetivo ajudar estudantes a planejar suas carreiras, elaborar seus currículos e se preparar para entrevistas de emprego. O primeiro dia foi realizado exclusivamente online, com mais de mil visitantes. Nos dois dias seguintes, o evento foi presencial e reuniu cerca de duas mil pessoas por dia.

Segundo Ingrid Belloni, uma das organizadoras, a dica é aproveitar ao máximo: chegando cedo, visitando todos os estandes, conversando com os expositores, pegando brindes, participando das palestras e interagindo, perguntando aos recrutadores para tirar dúvidas e descobrir como aplicar seus conhecimentos na prática. O Recrutamento contou com várias empresas nacionais de internacionais.

Ex-capitão da seleção brasileira é solto na Espanha, atacante preso em São Paulo e treinador é anunciado em clube de Série A
por
Vinícius Evangelista
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26/03/2024 - 12h

Condenado há quatro anos e meio de prisão por estuprar garota em uma boate de Barcelona, Daniel Alves, de 40 anos, foi solto na manhã de segunda-feira (25), após o pagamento de fiança no valor de 1 milhão de euros (cerca de R$ 5,5 milhões). O ex-atleta estava sob regime fechado desde janeiro do ano passado na penitenciária Brians 2, há 40 quilômetros da capital, e ficará em liberdade provisória até o julgamento de próxima instância, processo que pode levar dois anos até ser concluído.

A soltura se deu apenas três dias depois da prisão do ex-jogador Robinho, condenado há nove anos de reclusão por estupro coletivo cometido na Itália. O caso ocorrido em 2013, teve julgamento encerrado e condenação apenas quatro anos depois, em 2017, com a prisão efetiva sendo realizada no último sábado (22), mais de dez anos depois do crime. O ex-atacante, também de 40 anos, foi conduzido de Santos ao presídio 2 do Tremembé (SP), popularmente conhecido como ‘presídio dos famosos’.

Ao contrário da Espanha, o crime de estupro no Brasil é inafiançável, portanto, Robinho não poderá fazer o mesmo que Daniel, e só deixará a prisão antes do cumprimento da pena caso tenha sucesso em algum recurso no STJ (Superior Tribunal de Justiça) ou no STF (Supremo Tribunal Federal) ou se cumprir 40% da pena de nove anos, quando poderá solicitar progressão para o regime semiaberto.

“É um absurdo (a soltura de Daniel), um tapa na cara de todas nós mulheres (...) você pode cometer o crime, paga que você é solto. Isso não pode acontecer”, afirmou Leila Pereira, a primeira mulher chefe de delegação da história da seleção brasileira de futebol masculino, em entrevista ao Sportv.

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Leila Pereira discursa ao se juntar à delegação do Brasil em Londres para amistosos. Foto: Rafael Ribeiro / CBF

“A gente precisa agir, não adianta só falar. Não é possível que as pessoas não tenham empatia ao sofrimento dessas meninas, ao sofrimento de todas nós”, completou Pereira. A repercussão dos casos se deu menos de um mês após a polêmica volta do técnico Cuca ao futebol, esse também envolvido em condenação por violência sexual, em julho de 1987. O treinador foi anunciado como novo nome do Athletico Paranaense, em contrato válido até o fim de 2024, sob fortes protestos da torcida, em especial, da parte feminina.
O processo, que já havia sido prescrito, foi anulado devido a solicitação de novo julgamento por parte da equipe de Cuca, em busca da absolvição. “Segundo os meus advogados, a nossa chance era próxima aos 100%, nos dava uma confiança grande. Infelizmente, pela prescrição não pôde. O que de melhor ocorreu foi a anulação, descondenação e indenização.”, afirmou Cuca, em entrevista exclusiva aos canais oficiais do Athletico, logo após sua apresentação no clube.

 

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Cuca ao lado de companheiros também condenados na Suíça. Reprodução / UOL

Na época do crime, o tribunal de Berna, na Suíça, condenou Cuca, então jogador do Grêmio, e mais três atletas da equipe porto-alegrense, por terem violentado sexualmente uma menina de 13 anos em hotel durante excursão da equipe. A garota morreu aos 28 anos, com tentativa de suicídio registrada poucos meses após o estupro. “O que alguns chamam de uma noite de farra, para gente é a morte, mesmo que a gente não morra, a gente nunca mais vive. Uma mulher abusada, estuprada, assediada acaba um pouco no ato”, explica Milly Lacombe, jornalista do portal UOL, ao analisar o pronunciamento de Cuca.

“É um reflexo da nossa sociedade que vem a se espelhar no futebol. Essas mulheres passam por provações ou por pensamentos que nós enquanto homens não passamos, como pensar com que roupa vão sair por (medo de) um julgamento, ou por estar abrindo um suposto precedente para qualquer coisa”, afirmou Danilo, atual lateral-direito e capitão da seleção brasileira, funções já exercidas por Daniel Alves, em entrevista coletiva.

“Conversando com uma pessoa outro dia, ela me disse: ‘eu, se tiver um caminhão parado na rua, não passo atrás porque eu fico com receio de que possa ter alguém ali que possa me fazer mal’, nós enquanto homens não temos esse tipo de receio”, concluiu.

Em palestra dada, Ministro expõe a necessidade da luta constante pela democracia
por
João Paulo Di Bella Soma
Pedro José de Oliveira Zolési
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26/03/2024 - 12h

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Roberto Barroso, apresentou uma aula magna intitulada “Quem é o Brasil? Democracia plena como o Norte do país” foi realizada no dia 4 de março, no Teatro Tuca. Tem como objetivo destacar a importância da democracia e dos direitos humanos na sociedade brasileira.

Luiz Roberto Barroso preparando-se para seu discurso inicial. Foto: João Paulo Di Bella
Luiz Roberto Barroso preparando-se para seu discurso inicial. Foto: João Paulo Di Bella Soma

 

Luiz Roberto Barroso é uma figura importante no meio jurídico brasileiro, reconhecido por suas significativas contribuições à legislação e à proteção dos direitos humanos. O seu trabalho em questões como a igualdade de género, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a defesa da democracia fizeram dele uma pessoa única que inspira não só a profissão jurídica, mas a sociedade como um todo sobre a importância destas regras.

Em entrevista, Ana Carolina Macedo, estudante de Direito da ESPM, explicou a importância da escolha do local da aula. “O local tem significado especial: aqui está um ambiente histórico da PUC e do movimento estudantil, principalmente durante a ditadura militar. Sempre foi dos principais espaços de discussão sobre democracia, cidadania e direitos humanos na sociedade. "

"É um símbolo de resistência cultural e uma vitrine da diversidade da arte brasileira”, disse ela. O tema escolhido para a aula não poderia ser mais moderno e relevante para o ambiente sócio-político do país. No seu discurso, o Ministro Barroso enfatizou a importância da democracia inclusiva e da luta pela proteção dos direitos garantidos pela Constituição.

 

Bancada da aula magna ministrada pelo Luiz |Roberto Barroso. Foto: João Paulo Di Bella Soma
Bancada da aula magna ministrada pelo Luiz Roberto Barroso. Foto: João Paulo Di Bella Soma

Macedo também destacou a importância de palestras como essa em faculdades. “É animador ver o presidente do STF destacando esses valores em nossos espaços acadêmicos, pois nossas aulas de debate garantem que não sejam apenas teóricas, mas tenham um impacto real na sociedade.”

Entre as palavras do Ministro ocorreu uma homenagem à Professora Flávia Piovesan, destacando o seu estilo de vida como primeira Reitora do Instituto de Educação, uma defensora dos direitos humanos e combatente da aviação que estava cansada da democracia e dos direitos humanos. "A dedicação da professora Flávia é realmente inspiradora. Ela é um exemplo para todos nós de que podemos fazer a diferença mesmo em momentos difíceis", disse Ana Carolina.

"Acredito que eventos como esse são essenciais para nossa formação como cidadãos conscientes e engajados" completou a estudante.

 

Um dia todo de palestras compõem o evento em parceria com a PUC-SP, que celebra a fundação do veículo jornalístico
por
Mohara Ogando Cherubin
Livia Vilela
Giulia Dadamo
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25/03/2024 - 12h

No ultimo dia 13, a Agência Pública reuniu no Tucarena convidados como Ailton Krenak, Ana Toni, Juliana Dal Piva e Letícia Cesarino, para o evento “Pública 13 anos: O jornalismo na linha de frente da democracia”, que comemorou os seus 13 anos de fundação. O evento foi realizado em parceria com o curso de Jornalismo e a Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC-SP. Fundada em 2011 com a missão de produzir reportagens de fôlego sobre violações de direitos humanos, o veículo se dedica exclusivamente ao jornalismo investigativo sem fins lucrativos e pautado pelo interesse publico, além de todo o seu conteúdo poder ser disponibilizado em qualquer site, de graça e com os devidos créditos. Em mais de uma década de atuação, já tiveram reportagens publicadas em portais como UOL, Folha de S. Paulo e programa Metrópoles. 

O dia de palestras teve fala de abertura do professor Fábio Cypriano, diretor da FAFICLA e mediação de Natalia Viana, coundadora da Agência Pública. A primeira mesa teve como tema ‘Desinformação e Populismo Digital’ e contou com a presença da antropóloga Letícia Cesarino e Nina Santos, pesquisadora e professora da FGV. Os principais assuntos abordados durante a conversa incluíam: Democracia e as fake news, manifestações de 25 de fevereiro, a tentativa de golpe de 8 de janeiro e regulamentação e uso das IAs para manipulação de informações.  

Para acompanhar a cobertura do evento e saber mais do que foi discutido, assista ao video

Ailton Krenak, Carlos Nobre e Daniela Chiaretti advertem sobre o colapso socioambiental no mundo atual
por
Ingrid Lacerda
Enzo Belchior
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25/03/2024 - 12h

No dia 13 de março, Ailton Krenak, líder indígena e ativista ambiental brasileiro, foi até o Teatro Tucarena, localizado na PUC-SP, para uma conversa com o climatologista Carlos Nobre e a jornalista de meio ambiente Daniela Chiaretti. A conversa foi mediada pela jornalista Giovana Girardi. Questões como as ações do ser humano no meio ambiente foram pauta do bate-papo.

Diversos exemplos de como o ser humano pode afetar o meio ambiente foram citados em tom de descontração na conversa, assim como Krenak disse: “Daqui 20, 30 anos, as pessoas vão derreter feito lesma na calçada. O calor vai estar tão chapante que um cara sai de casa e derrete na calçada”. O termo ‘’ecossuicídio!’’ é citado por Krenak se referindo a todo esse calor e mudanças climáticas causados por nós, e que dessa forma vamos acabar matando aos poucos o planeta que vivemos. 

Giovana Girardi, Ailton Krenak, Carlos Nobre e Daniela Chiaretti na comemoração de 13 anos da Agência Pública. (Reprodução, José Cícero/Agência Pública).

Na conversa, os convidados debatem sobre a democracia inserida na questão das mudanças climáticas acerca de cada especialidade particular.. Além das provocações levantadas por Krenak sobre a cosmovisão nas mudanças climáticas e o negacionismo climático, o debate seguiu com muitos momentos de destaque, como a abordagem de Carlos Nobre sobre o Antropoceno e a reflexão de Daniela Chiaretti para a visibilidade da comunicação para atentar a população da gravidade climática vivida atualmente. 

A situação atual mostra que a vida está sendo, gradualmente, destruída. Este fenômeno rapidamente aumentou imensamente no Brasil em plena e pós pandemia, completamente na contramão do mundo. Logo se conclui com as reflexões discutidas no evento que o capitalismo não está mais interessado em elaborar modelos para dar continuidade a vida na terra. Nobre diz que após relatórios científicos é possível observar que de acordo com o (IPCC): “Se chegarmos a 4 º  graus no século que vem, nós vamos causar a sexta maior extinção. A quinta foi 62 milhões de anos atrás [quando] caiu aquele super asteroide no golfo do México. Mas quanto tempo levou para a extinção Mas quanto tempo levou para a extinção dos dinossauros? Dois a três milhões de anos. O processo de causar a quinta extinção foi de milhões de anos. Nós vamos causar a sexta maior extinção em 100 anos. No meio do século 22, nesse caso, a temperatura já terá passado muito de 4 graus”.

Krenak cita um outro ponto muito interessante sobre a crescente onda de populismo tanto de extrema direita quanto de extrema esquerda; e avisa sobre um “suicidio ambiental” em curso. Ele afirma também que superestruturas como a ONU, Unesco e a OMS, não têm mais nada a dizer sobre a democracia. Elas são super estruturas autoritárias que suportam a marcha capitalista do planeta. Krenak comentou o filme “Aonde foram as andorinhas’’ passado no Xingu. Diz ser uma denúncia e reclama que alguma coisa grave está acontecendo, pois espécies marcadoras de estação não estão realizando seu trabalho.  

Esta foi a última mesa em comemoração aos 13 anos da Agência Pública, que trouxe esta conversa sobre a necessidade da humanidade de escolher os caminhos no qual seguir inseridos no Antropoceno e no negacionismo climático. Além disso, as provocações feitas pela a mesa em sobre como o capitalismo não é empático com as questões socioambientais são fundamentais para que uma evolução aconteça.



 

Evento no Tucarena traz como pauta a nova era geológica, o Antropoceno, e futuras projeções sobre o meio ambiente
por
Beatriz Brascioli
Maria Fernanda Muller
Rayssa Paulino
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25/03/2024 - 12h

No dia 13 de março aconteceu no Tucarena o evento “Pública 13 anos: O jornalismo na linha de frente da democracia”, em comemoração aos treze anos da Agência Pública, essa que desde 2011 é a primeira agência de jornalismo sem fins lucrativos no Brasil. O encontro reuniu jornalistas, intelectuais e estudantes para debater assuntos como desinformação e populismo digital, cobertura de governos de uma forma equilibrada e por fim o colapso climático e o Antropoceno. 

Ao longo do dia, a palestra contou com três mesas, com tópicos de grande relevância, e a última do dia tinha como tema “Colapso Climático e o Antropoceno”, com nomes importantes para o assunto, como o indígena Ailton Krenak, o climatologista, Carlos Nobre, e a repórter ambientalista do valor econômico, Daniela Chiaretti. O debate teve como mediadora Giovana Girardi, jornalista e chefe de na cobertura socioambiental da Agência.

O debate teve reflexões sobre a emergência e o esgotamento global. No decorrer da palestra, houve reflexões sobre a ascensão de governos extremistas e autoritários e como eles crescem por meio das eleições, de uma forma democrática, desafiando diariamente a luta pelas causas ambiental. Além da questão não ser uma pauta política e nem que elege candidatos.  

Para Krenak, a UNESCO e ONU são órgãos incoerentes quando se trata de meio ambiente e que “são superestruturas autoritárias que suportam a marcha do capitalismo no planeta comendo o corpo da terra”, afirma o ativista. Ainda compartilhou, indignado, quando estava em um comitê com a UNESCO para delimitar reservas de biosfera, e no dia seguinte o mesmo órgão estava patrocinando uma reunião em Paris sobre como iriam explorar outras reservas para a mineração.  

Quem é Ailton Krenak?

Ailton Alves Lacerda Krenak é um ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro. Original de Minas Gerais, Ailton nasceu em 29 de setembro de 1953 no município de Itabirinha, região do Médio Rio Doce, onde morou até o final de sua adolescência. Mudou-se para o Paraná com sua família, onde foi alfabetizado e posteriormente se tornou jornalista e produtor gráfico. Em 2023 tornou-se o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL), eleito com 23 votos.

Ailton, que nasceu e cresceu no povoado indígena Krenak, acompanhou desde sempre as grandes devastações ecológicas causadas pela extração de minérios. Acompanhar tão de perto essa situação o motivou a participar de projetos que pudessem proteger o meio ambiente e hoje ele se tornou um dos grandes líderes da sua comunidade.

Durante a década de 80, Krenak passou a direcionar seu estudo e participar cada vez mais ativamente de causas indígenas. Fundou a organização não governamental (ONG) Núcleo de Cultura Indígena e teve grande influência na reformulação da mais recente Constituição Federal. Protagonizou uma cena emblemática durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1987, em forma de protesto pintou seu rosto com tinta preta de jenipapo.

"O ovo indígena tem regado com sangue cada hectare dos 8 milhões de quilômetros quadrados do Brasil. Os senhores são testemunhas disso”. Criticou as violências sofridas pelos povos originários, principalmente as que beneficiam economicamente alguns grupos, ao passo que sua face era coberta por um pigmento que em sua tribo é usado para simbolizar o luto. Esse momento foi essencial para a redemocratização do país, sendo, no ano seguinte (1988), adicionado um capítulo na Constituição que engloba os direitos indígenas e garantem que os ferimentos dos mesmos possam ser julgados.

Sua obra A vida não é útil traz uma visão de como a sociedade brasileira se estruturou com todos os reflexos deixados pela colonização europeia tanto no âmbito social quanto no ambiental. Ressalta que a exploração dos recursos naturais da Terra está diretamente ligada à invisibilidade que os negros e  povos originários estão acometidos. O livro é um compilado de entrevistas e palestras que o autor deu ao longo de 2019 e 2020, então aborda também questões do Covid-19 onde Ailton se opõe ao discurso capitalista de que a economia não deveria parar.

Krenak expressa uma opinião contrária a biólogos e alguns economistas. Para ele não existe uma era e sim um fragmento curto que eventualmente pode fazer a humanidade desaparecer da terra, assim como o ser humano já está fazendo com outros organismos que vieram antes. As pessoas usam erroneamente o pretexto de estar num mundo que já está desaparecendo e por isso não se movimentam para tentar fazer de fato uma mudança efetiva. "Nós somos bem-vindos aqui, o que não é bem-vindo é o nosso modo de estar aqui. Nós estamos do jeito errado aqui na Terra."

Uma nova era geológica?

O Antropoceno, termo de Paul Crutzen, é um conceito que tem ganhado destaque significativo no âmbito acadêmico e científico nas últimas décadas. Originado da junção das palavras gregas "anthropos" (ser humano) e "kainos" (novo), o termo foi proposto para descrever uma nova época geológica na qual as atividades humanas se tornaram a principal força modificadora dos processos naturais da Terra. Sua adoção como uma unidade formal de tempo geológico ainda é objeto de debate entre os geocientistas, mas sua relevância transcende as fronteiras disciplinares, influenciando campos tão diversos quanto ecologia, sociologia, economia e ética. Em 1995 Paul Crutzen, um químico atmosférico que recebeu o Prêmio Nobel de Química por seu trabalho sobre a química da atmosfera, especialmente a formação e decomposição do ozônio. Além disso, eventualmente ficou conhecido por popularizar o termo "Antropoceno".

Estava em uma conferência e alguém mencionou o holoceno. De repente, pensei que esse termo era incorreto. O mundo tinha mudado muito. Eu disse não, estamos no antropoceno.”— Paul Crutzen

Uma das principais questões para definir esse evento é a noção de escala. Enquanto os processos geológicos “tradicionais” operam em escalas de tempo e espaço longos, e muitas vezes imperceptíveis em uma vida humana, as transformações associadas ao Antropoceno ocorrem em uma escala temporal e espacial significativamente mais curta. Fenômenos como a contaminação dos oceanos, o derretimento das calotas polares e a urbanização rápida são algumas das mudanças que ocorrem em escalas de tempo de décadas ou séculos, em contraste com os milhões de anos associados a eventos geológicos anteriores.

As atividades humanas não apenas moldam o ambiente natural, mas também são moldadas por ele, criando sistemas socioecológicos complexos e dinâmicos. Na ciência, sua aceitação como uma unidade de tempo geológico pode mudar nossa compreensão da história da Terra e ajudar na previsão e gestão de mudanças ambientais. No campo político e econômico, exige uma revisão dos modelos de desenvolvimento que dependem da exploração irrestrita dos recursos naturais. Eticamente, levanta questões sobre nossa responsabilidade para com o futuro do planeta e sua biodiversidade.