Com acervo de 380 itens, o Instituto Moreira Salles (IMS) conta a história da comunidade de negros, ciganos e imigrantes judeus e italianos que se alojaram na Zona Portuária do Rio de Janeiro. Conheça na exposição “Pequenas Áfricas: o Rio que o samba inventou" (até 21 de abril de 2024) como esse grupo foi importante para a formação da cultura, a música e a diversidade religiosa brasileira como conhecemos hoje.
“Pequenas Áfricas: o Rio que o samba inventou" celebra a criação do samba para além do significado de apenas um ritmo musical, ela resgata suas origens, significados e principais figuras. Pixinguinha, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus e Cartola e as Tias são apenas alguns dos personagens que são evidenciados na amostra. Além disso, o surgimento das escolas de samba nos subúrbios cariocas é ressignificado como uma forma de luta por direitos e cidadania.
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O drama “Domingo À Noite” narra a história do casal formado por Margot (Marieta Severo) e Antônio (Zé Carlos Machado), uma atriz renomada e um escritor famoso, portador de Alzheimer avançado. Durante a pré-estreia que aconteceu na terça-feira (26), Marieta Severo, em entrevista para a AGEMT, revelou como se encontrou dentro do papel: “Busquei enxergar o personagem, enxergar a ficção fora da minha vida”.
O longa começa quando Margot descobre que, além do marido, ela também é portadora de Alzheimer, enfrentando uma batalha contra a própria sanidade e a família. Com roteiro de Bruno Gonzalez e direção de André Bushatsky, o filme também conta com Natália Lage, Johnnas Oliva, Hugo Bonemer, Karen Coelho, Bárbara Santos e Isio Ghelman no elenco.
Por sua atuação em Domingo À Noite, Marieta recebeu o prêmio na categoria de Melhor Atriz no Madrid Film Awards, em 2023. O cineasta André Bushatsky revelou, também em entrevista, que a inspiração do longa veio do filme norte-americano ‘Álbum de Família’ (2013).
A protagonista contou sobre a experiência de encarnar a própria profissão dentro das telas, ”O fato dela [Margot] ser uma atriz, é claro que é mais próximo a mim. Mas eu tentei fazer essa mulher, esse ser humano, com todas as características dela, com todas as vivências, com todas as emoções, com coisas que são pertinentes à vida dela”.
A dualidade da personagem, segundo ela, veio de ’’construir essa Margot, essa mulher específica, [...], ela é também uma atriz, com as características dela, com os problemas dela, com o que ela está enfrentando, com a vida dela, é esse ser humano específico. E é atrás disso que eu vou”.
Aproveitando a deixa de sua resposta, Marieta, quando perguntada sobre a fusão entre si e a personagem, confessou que não tentou trazer a personagem para perto em momento algum.
“Eu não me baseei em ninguém, mas me baseei nela [Margot]. Em todos os elementos, você fica realmente ‘catando’, ‘cavucando’ como um minerador em uma gruta tentando buscar o ouro. É o que a gente fica fazendo’’, disse Marieta, sobre as inspirações para o papel, e complementou: “Buscar meu ouro em cada palavra que eu tenho ali (...) eu gosto das palavras, eu me alimento das palavras, eu vivo das palavras’’.
Marieta finalizou a entrevista afirmando que o roteiro é o seu norte, e que destrincha as palavras e seus significados no texto, com o intuito de angariar o máximo de bagagem que conseguir para, então, moldar não só esse trabalho, mas todos os outros que já fez.
Em cartaz de 23 de março a 28 de julho e com entrada gratuita, a exposição "Que País é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira" ocupa o 6° andar do Instituto Moreira Sales, localizado na Avenida Paulista. A mostra conta com alguns de seus principais longa metragens, reportagens para tevês alemãs e sua produção fotográfica. Grande parte da mostra reúne produções pouco conhecidas, seja por conta da censura, falta de financiamento ou circuito reduzido de exibição dedicado ao cinema ativista. Confira!
Condenado há quatro anos e meio de prisão por estuprar garota em uma boate de Barcelona, Daniel Alves, de 40 anos, foi solto na manhã de segunda-feira (25), após o pagamento de fiança no valor de 1 milhão de euros (cerca de R$ 5,5 milhões). O ex-atleta estava sob regime fechado desde janeiro do ano passado na penitenciária Brians 2, há 40 quilômetros da capital, e ficará em liberdade provisória até o julgamento de próxima instância, processo que pode levar dois anos até ser concluído.
A soltura se deu apenas três dias depois da prisão do ex-jogador Robinho, condenado há nove anos de reclusão por estupro coletivo cometido na Itália. O caso ocorrido em 2013, teve julgamento encerrado e condenação apenas quatro anos depois, em 2017, com a prisão efetiva sendo realizada no último sábado (22), mais de dez anos depois do crime. O ex-atacante, também de 40 anos, foi conduzido de Santos ao presídio 2 do Tremembé (SP), popularmente conhecido como ‘presídio dos famosos’.
Ao contrário da Espanha, o crime de estupro no Brasil é inafiançável, portanto, Robinho não poderá fazer o mesmo que Daniel, e só deixará a prisão antes do cumprimento da pena caso tenha sucesso em algum recurso no STJ (Superior Tribunal de Justiça) ou no STF (Supremo Tribunal Federal) ou se cumprir 40% da pena de nove anos, quando poderá solicitar progressão para o regime semiaberto.
“É um absurdo (a soltura de Daniel), um tapa na cara de todas nós mulheres (...) você pode cometer o crime, paga que você é solto. Isso não pode acontecer”, afirmou Leila Pereira, a primeira mulher chefe de delegação da história da seleção brasileira de futebol masculino, em entrevista ao Sportv.

“A gente precisa agir, não adianta só falar. Não é possível que as pessoas não tenham empatia ao sofrimento dessas meninas, ao sofrimento de todas nós”, completou Pereira. A repercussão dos casos se deu menos de um mês após a polêmica volta do técnico Cuca ao futebol, esse também envolvido em condenação por violência sexual, em julho de 1987. O treinador foi anunciado como novo nome do Athletico Paranaense, em contrato válido até o fim de 2024, sob fortes protestos da torcida, em especial, da parte feminina.
O processo, que já havia sido prescrito, foi anulado devido a solicitação de novo julgamento por parte da equipe de Cuca, em busca da absolvição. “Segundo os meus advogados, a nossa chance era próxima aos 100%, nos dava uma confiança grande. Infelizmente, pela prescrição não pôde. O que de melhor ocorreu foi a anulação, descondenação e indenização.”, afirmou Cuca, em entrevista exclusiva aos canais oficiais do Athletico, logo após sua apresentação no clube.

Na época do crime, o tribunal de Berna, na Suíça, condenou Cuca, então jogador do Grêmio, e mais três atletas da equipe porto-alegrense, por terem violentado sexualmente uma menina de 13 anos em hotel durante excursão da equipe. A garota morreu aos 28 anos, com tentativa de suicídio registrada poucos meses após o estupro. “O que alguns chamam de uma noite de farra, para gente é a morte, mesmo que a gente não morra, a gente nunca mais vive. Uma mulher abusada, estuprada, assediada acaba um pouco no ato”, explica Milly Lacombe, jornalista do portal UOL, ao analisar o pronunciamento de Cuca.
“É um reflexo da nossa sociedade que vem a se espelhar no futebol. Essas mulheres passam por provações ou por pensamentos que nós enquanto homens não passamos, como pensar com que roupa vão sair por (medo de) um julgamento, ou por estar abrindo um suposto precedente para qualquer coisa”, afirmou Danilo, atual lateral-direito e capitão da seleção brasileira, funções já exercidas por Daniel Alves, em entrevista coletiva.
“Conversando com uma pessoa outro dia, ela me disse: ‘eu, se tiver um caminhão parado na rua, não passo atrás porque eu fico com receio de que possa ter alguém ali que possa me fazer mal’, nós enquanto homens não temos esse tipo de receio”, concluiu.
