Associação Paulista de Apoio ao Transplante (APAT) alia acolhimento e ajuda financeira para pacientes na fila de espera
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
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04/09/2025 - 12h

Diagnosticada inicialmente com fibrose hepática, que evoluiu para uma cirrose sem causa definida, Andréa Teixeira Soares aguardou oito anos por um transplante de fígado. Nesse período, perdeu três gestações e viu a incerteza se tornar rotina. Hoje, ela é coordenadora da Associação Paulista de Apoio ao Transplante (APAT) e ajuda outros que passam pela mesma experiência da espera por um órgão.


O Brasil é referência mundial em transplantes públicos: mais de 30 mil procedimentos foram realizados em 2024, segundo dados do Ministério da Saúde. Porém, no mesmo ano,  78 mil pessoas ainda permaneciam na fila de espera sem tempo estimado, com a procura maior por rins, córneas e fígado.


A situação de Andréa, que hoje atua na tesouraria da APAT, faz parte dessa estatística que aponta que a espera por um órgão compatível e a falta de acolhimento nesse período geram um novo obstáculo para quem precisa da cirurgia.

Andréa Teixeira Soares, coordenadora da APAT.
Andréa hoje atua na tesouraria da APAT. Foto: Khadijah Calil


Após passar pela operação e por um processo delicado de recuperação, Andréa foi convidada para atuar como voluntária na APAT, na casa que hoje é localizada no Cambuci, em São Paulo. “Eu sabia o que significava estar naquela fila e eu queria ajudar. A vida é uma troca, ninguém vive sozinho”, diz a coordenadora, à AGEMT.

Criada há 20 anos por médicos clínicos e cirurgiões da clínica Hepato, a APAT atende pacientes de outros estados que não conseguem permanecer em São Paulo durante o tratamento pré e pós-transplante e auxilia financeiramente e socialmente na permanência na capital durante esse período. Todo o trabalho realizado pela associação é mantido através de doadores, voluntários, ex-pacientes, médicos e entidades sociais.

Desde sua fundação em 2004, a instituição já realizou mais de 10,5 mil atendimentos e mantém uma casa de apoio que oferece estadia, alimentação, orientação psicológica, nutricional e acompanhamento médico para pacientes e acompanhantes vindos de diversos lugares do País.

Os pacientes chegam encaminhados por equipes médicas de diferentes estados quando estão próximos de receber um órgão e chegam junto a um acompanhante, para a internação, administração de medicamentos e cuidados individuais. Sem comprometer a autonomia dos transplantados, a associação enfatiza que o processo não termina na cirurgia e que cada órgão exige um protocolo de recuperação individual.

 Todo o trabalho realizado pela associação é mantido através de doadores, voluntários, ex-pacientes, médicos e entidades sociais.
Além do acolhimento social, a APAT atua no campo científico. Foto: Lais Romagnoli

Entre os que encontraram acolhimento na instituição está André, transplantado há 19 anos e diabético. Ele perdeu a visão, mas afirma ter ganhado uma nova percepção sobre a vida ao morar temporariamente no lar de apoio: “Eu agradeço pela oportunidade de poder viver bem, de ter esse suporte. Hoje eu não enxergo mais, mas posso ver além do que meus olhos me mostram. Sinto o carinho e esforço de todos aqui.”

Casos como o dele, que passou por um transplante duplo (rim e fígado), não são incomuns, mas aumentam o tempo de espera, já que o órgão precisa vir de um “doador falecido” – que tenha morrido de AVC, morte encefálica ou com morte causada por parada cardiorrespiratória, também de acordo com o Ministério da Saúde.

Além do acolhimento social, a APAT atua no campo científico. Médicos da clínica Hepato participam de pesquisas nacionais e internacionais, estágios no exterior e projetos de formação de equipes transplantadoras. A instituição também lidera o “Transplantes sem Fronteiras”, que apoia a criação de novos centros e casas de apoio inspirados nesse modelo.

“Nosso objetivo é impedir que pacientes abandonem o tratamento por falta de recursos. Muitas vezes, o transplante é a única chance de um recomeço”, afirma Andréa.

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Psiquiatras estão preocupados com jovens que fazem uso excessivo de vídeos curtos.
por
Martim Tarifa
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20/05/2025 - 12h

Segundo a psiquiatra Luciana Bagatella, estímulos gerados pelos vídeos liberam uma carga esgotadora de dopamina no cérebro. Uma carga tão grande acaba causando colapso nesse sistema, que agora exigirá estímulos mais intensos para alcançar o bem-estar, que antes era alcançado com estímulos muitos menores. “Assim, tarefas como trabalhar, estudar e praticar atividades físicas, ficam mais difíceis de serem desempenhadas”, afirmou Luciana.  

A Dra. alerta que os jovens podem ser os principais afetados, pois seu cérebro ainda está em desenvolvimento e eles são os principais usuários de redes sociais. Segundo ela, os vídeos têm impacto direto na saúde mental desses jovens: “Podem desenvolver transtornos psiquiátricos, tais como transtornos ansiosos, transtornos de humor, dependências, dentre outros.”  

Jovens entretidas por seus smartphones. Foto: Reprodução
Jovens entretidas por seus smartphones. Foto: Reprodução

O jovem de 17 anos Téo Lima desinstalou as redes sociais por conta dos vídeos curtos. Ele se deu conta que estava viciado e que o tempo que passava vendo vídeos curtos poderia ser mais aproveitado fazendo atividades mais úteis na opinião dele. Apesar de não se sentir afetado mentalmente, ele ouviu profissionais falando disso e desinstalou para se prevenir, porque não achava que aquele conteúdo contribuía em algo para sua vida. “Eu não queria ser afetado por esses vídeos, então desinstalei de forma preventiva”, disse ele.  

Sem mais vídeos curtos, Téo percebe que sente mais vontade de realizar outras atividades e aproveita mais seu dia. “Comecei a ler jornais, assistir programas de TV e ler mais livros do que eu lia antes.” No caso desse jovem, a informação foi fundamental para que ele percebesse como sua saúde mental estava vulnerável e decidisse parar de consumir esse tipo de conteúdo. 

Mas infelizmente, Téo é um caso raro, já que 41% dos usuários do TikTok no Brasil têm entre 16 e 24 anos.  Segundo o DataReportal o Brasil tem mais de 98 milhões de usuários ativos no TikTok, o que significaria mais de 40 milhões de jovens ativos no aplicativo.  

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Em sua quarta edição, ação reforça a importância da informação e do apoio às famílias
por
João Pedro Lindolfo
Lucca Andreoli
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04/06/2025 - 12h

 

Fotografia: Wellington Freitas  Reprodução/Instagram: @35elementos
Fotografia: Wellington Freitas 
Reprodução/Instagram: @35elementos

A caminhada de conscientização sobre a síndrome Cri Du Chat - ou Síndrome do Choro do Gato, uma alteração genética rara que afeta o desenvolvimento físico e intelectual - aconteceu no sábado (17), no Parque Villa Lobos, em São Paulo.

A doença, presente em uma a cada 50 mil pessoas, ocorre quando uma parte do cromossomo cinco é perdida, o que causa características como a face arredondada, olhos separados, mandíbula pequena, orelhas baixas e um choro agudo parecido com um miado de gato, de onde vem o apelido.

O diagnóstico é realizado através da genética clínica, com testes que avaliam os cromossomos, e o teste de FISH ou CGH-array, que detectam a deleção do cromossomo cinco.

A síndrome impacta diretamente a rotina das famílias, exigindo acompanhamento contínuo com diferentes especialistas. Por isso, a disseminação de informações confiáveis e o estímulo ao diagnóstico precoce são fundamentais para promover mais qualidade de vida às crianças e a quem cuida delas.

A importância do diagnóstico precoce vai além do aspecto clínico: ele abre caminhos para que as famílias se organizem emocionalmente e encontrem apoio em redes especializadas, fortalecendo a jornada de cuidado e inclusão. O conhecimento da síndrome, associado à troca de experiências entre famílias, é um passo decisivo para transformar desafios em conquistas diárias.

Em 2022 foi lançado o primeiro livro a respeito da síndrome no Brasil, intitulado de "Síndrome de Cri du Chat: mais amor, realidade e esperança” (EFeditores e Literare Books International, 264 págs., R$ 72), além de ser o ano da primeira edição da caminhada dedicada a pessoas que convivem com a síndrome.

A publicação veio a partir da vivência de famílias e do engajamento de profissionais que acompanham de perto os desafios do diagnóstico e do tratamento. O livro se tornou referência para quem busca compreender não só os aspectos clínicos da condição, mas também as realidades sociais, emocionais e educacionais enfrentadas por quem convive com ela.

Com entrevistas de profissionais médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos, a obra de Sandra Doria Xavier, Fernando da Silva Xavier e Monica Levy Andersen traz também uma perspectiva que auxilia familiares e profissionais que trabalham com portadores da síndrome.

Capa do livro: Síndrome Cri Du Chat: mais amor, realidade e esperança  Instagram: @criduchatbrasil
Capa do livro: Síndrome Cri Du Chat: mais amor, realidade e esperança 
Instagram: @criduchatbrasil

A publicação do livro e a realização da caminhada refletem o compromisso com a visibilidade da condição. Ao longo dos últimos anos, a entidade tem promovido ações que unem acolhimento, informação e mobilização social, contribuindo para a construção de uma rede de apoio mais sólida e atuante.

Em meio a esse esforço coletivo, o aspecto emocional e comunitário da Caminhada se destaca. “Encontrar outras famílias na Caminhada Cri Du Chat é encontrar a sua tribo”, define Juliane Gehm, mãe do Martin. “É um momento onde todos podem ser livres para ser quem são!”

Agora em sua quarta edição, a “Caminhada Cri Du Chat 2025” apresentou uma programação com atividades inclusivas, como áreas sensoriais (massinha, slime, bolha de sabão), desenhos e pinturas, pinturas faciais e tatuagens de adesivo, além de recreação com palhaços e personagens infantis.

Através do ato de conscientização, familiares, profissionais e portadores trouxeram luz ao tema. 

Segundo a neuropsicóloga Bianca Balbueno, a estimulação precoce é a chave: “Nos primeiros anos de vida, o cérebro da criança está num pico de neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de aprendizagem é mais potente neste período, sendo assim, a estimulação precoce aproveita essa fase para promover o desenvolvimento de áreas centrais, como motor, cognitivo e social.” 

“Intervenção precoce promove o desenvolvimento redirecionando e fortalecendo trilhas de aprendizagem que podem estar em risco, especialmente em casos de alterações do neurodesenvolvimento”, ela acrescenta. 

Essa também foi a percepção de Lilian Lima, engenheira de software e mãe do Heitor Monteiro Lima, de 7 anos. O diagnóstico veio aos 19 dias de vida e aos 30 dias ele já iniciou a fisioterapia. “Com 2 anos e 9 meses ele andou. Hoje ele corre, chuta bola, arremessa para a cesta, ensaia quicar e treina saques de vôlei”, conta Lilian. Ela lembra que, no início, havia muitos medos — do desconhecido, do futuro e de como seria criar um filho com um prognóstico tão incerto. Mas reforça que o acesso a terapias e os estímulos desde cedo fizeram toda a diferença. “A fisioterapia foi essencial nos primeiros anos de vida, e os estímulos fizeram toda a diferença.”

Ainda sobre o plano de tratamento, Bianca afirma que deve ser individualizado “pois cada criança terá uma necessidade diferente, mesmo tendo o mesmo diagnóstico. Leva-se em consideração não apenas características da síndrome, mas áreas gerais de desenvolvimento, comportamentos desafiadores, excessos e déficits comportamentais, bem como a rede de apoio da família e o suporte fornecido pela escola”.

Participantes exploram atividades sensoriais durante a Caminhada. Fotografia: Wellington Freitas Reprodução/Instagram: @35elementos
Participantes exploram atividades sensoriais durante a Caminhada.
Fotografia: Wellington Freitas
Reprodução/Instagram: @35elementos
Caminhada tem presença de personagens infantis e momentos de interação Imagem: Wellington Freitas  Reprodução/Instagram: @35elementos
Caminhada tem presença de personagens infantis e momentos de interação
Imagem: Wellington Freitas 
Reprodução/Instagram: @35elementos
Espaço de desenho e pintura incentiva a criatividade  Fotografia: Wellington Freitas  Instagram: @35elementos
Espaço de desenho e pintura incentiva a criatividade 
Fotografia: Wellington Freitas 
Instagram: @35elementos
Cabo de guerra e outras dinâmicas de grupo promovem inclusão  Fotografia: Wellington Freitas  Instagram: @35elementos
Cabo de guerra e outras dinâmicas de grupo promovem inclusão 
Fotografia: Wellington Freitas 
Instagram: @35elementos

 

Após dois anos da concessão pública, Pérola Byington tem conflitos na administração da Organização Social Seconci
por
Daniella Ramos
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15/05/2025 - 12h

O Centro de Referência em Saúde da Mulher, do estado de São Paulo, trocou a humanização no atendimento pelo cumprimento de metas a serem batidas. Isso é o que garantem os funcionários que acompanharam a mudança vivida pelo hospital nos últimos três anos.

Em setembro de 2022, o Hospital Pérola Byington mudou de nome e local. Foi da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na região central, para a Avenida Rio Branco, nos Campos Elíseos, região conhecida como Cracolândia. E passou a se chamar “Hospital da Mulher”.

Após concessão do Estado para a Seconci, o local passou a ser uma Parceria Público-Privada (PPP). A enfermeira Denise Souza, funcionária pública que continua no hospital após a privatização, relata que no Pérola havia um comprometimento com um atendimento mais humanizado aos paciente, mas a atual organização social se preocupa mais com as metas que devem ser batidas pelos funcionários.

“Na primeira vez, achei tudo muito bonito e limpo, apesar das pessoas em situação de rua ao redor do hospital”, afirma Áurea Suda, tia de uma paciente em início de tratamento. Ela reclama da falta de assentos na recepção para aguardar atendimento.

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Fachada do Hospital da Mulher na Avenida Rio Branco. Foto: Daniella Ramos


Hoje, o hospital ainda atende pelo SUS. Após a PPP, funcionários públicos e privados passaram a trabalhar juntos. O número de leitos de UTI quadruplicou e essa melhoria veio junto ao aumento de cirurgias para bater metas, segundo relato de Denise. No Pérola Byington, havia apenas 5 leitos, o que quase causou a morte da paciente Edma Dias, internada para remoção de um nódulo. Ela relata ter ido mais de 3 vezes para o centro cirúrgico: "voltava, pois não conseguia realizar a cirurgia devido à falta de leito de UTI".

Denise ainda diz sentir falta de trabalhar em um hospital de referência como o Pérola Byington. Ela lamenta que o atual Hospital da Mulher ainda não tenha conquistado o destaque devido. “A notoriedade não é feita apenas com equipamentos, temos que contar com uma boa gestão da Organização”, reitera a enfermeira. 

Entramos em contato com a assessoria da Secretaria da Saúde, mas não tivemos retorno até a publicação da matéria.

 

 

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Entenda os danos causados por fake news sobre a alimentação
por
Laura Petroucic
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08/05/2025 - 12h

Com o acesso ilimitado à internet, atualmente é fácil encontrar informações sobre nutrição. Basta um clique para que as pessoas se informem sobre dietas e calorias pelo Instagram, TikTok ou X (antigoTwitter). Mas é preciso tomar muito cuidado com a fonte desses dados. Clickbaits como “arroz dá câncer”, “o açúcar das frutas faz mal” e “emagreça cinco quilos tomando essa sopa” parecem absurdos, porém muitas pessoas acabam tomando essas frases como verdadeiras. A nutricionista Fernanda Zanon, em entrevista à AGEMT, explica: “Informações nutricionais falsas podem levar a deficiências nutricionais, problemas hormonais e queda de imunidade”. E acrescenta: "os danos de misturar desinformação com alimentação não são apenas físicos, mas também psicológicos. A relação com a comida fica deturpada e confusa, podendo até gerar distúrbios alimentares em pessoas que buscavam melhorar sua alimentação", explica Zanon.

Um dos grandes responsáveis pela onda de desinformação nutricional são influenciadores com milhões de seguidores que, mesmo sem nenhuma formação na área, fazem postagens indicando dietas e produtos sem eficácia comprovada. Vitaminas e chás milagrosos são vendidos sem nenhum tipo de fiscalização por parte das big techs — e quem sofre o prejuízo são os consumidores.

E por que as pessoas compartilham esse tipo de desinformação na internet? Fernanda afirma que "algumas dessas pessoas acreditam porque tiveram alguma experiência pessoal que funcionou para elas — e acabam generalizando, como se aquilo fosse uma verdade universal. O que funciona para um pode ser prejudicial para outro. Outras, infelizmente, estão mais interessadas em ganhar visibilidade e engajamento, mesmo sabendo que o que divulgam não tem respaldo científico”, diz. 

Fernanda também comenta sobre o motivo de a população preferir buscar soluções online: “ainda existe uma barreira de acesso, seja por questões financeiras, falta de informação ou até pela ideia de que só se deve procurar um nutricionista quando se quer emagrecer. Isso faz com que muita gente recorra à internet em busca de respostas rápidas e fáceis — o famoso milagre!”. Em um país cuja acessibilidade à saúde ainda é segregada, a conscientização sobre o impacto negativo da desinformação é essencial para criar um ambiente mais seguro e saudável para todos, como aponta Fernanda. 

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Diego Prado, Larissa Santos e Sarah Santos
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03/12/2019 - 12h
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Bebê prematuro - imagem: divulgação

Apesar de Novembro ter grande destaque pelo Novembro Azul, o Novembro Roxo ganha cada vez mais espaço pois é o Mês Internacional de Sensibilização para a Prematuridade. Com o objetivo de conscientizar e alertar a população sobre o parto prematuro e como preveni-lo, o mês tem como a principal data o dia 17. A divulgação do assunto é extremamente importante já que é um problema de saúde pública e a principal causa de morte infantil no Brasil e no Mundo. 

São considerados bebês prematuros aqueles que nascem com menos de 37 semanas. Os prematuros ainda possuem características, por não estarem preparados para nascer, como: baixo peso; pele fina, brilhante e rosada; veias visíveis; pouca gordura sob a pele; pouco cabelo; orelhas finas e moles; cabeça desproporcionalmente maior que o corpo; musculatura fraca; pouca atividade corporal; além de, poucos reflexos de sucção e deglutição. Alguns desconfortos respiratórios e infecções fazem estes recém-nascidos precisarem dos cuidados da UTI Neonatal. 

“É um momento muito difícil para a família, pois ninguém espera ter um bebê prematuro” diz Gisele Pires Lorandes, Médica Neonatal. Há ainda três classificações de prematuridade de acordo com a idade gestacional: Limítrofe, os nascidos entre 37 e 38 semanas; Moderado, os que nascem entre 31 e 36 semanas e Extremo, aqueles nascido entre 24 e 30 semanas. “Quando um prematuro vai para a UTI cuidamos tanto do bebê como da família. Toda a equipe de profissionais estão envolvidos nessa acolhida: médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, ou seja, é um cuidado multiprofissional” conta Lorandes. 

A campanha deste ano, desenvolvida pela Estratégia QualiNeo, foi baseada no clássico infantil “O Pequeno Príncipe” e tem como título “Tu te tornas eternamente responsável pelo cuidado que praticas”, a mesma tem como finalidade fazer com que as pessoas, entre elas, pais e profissionais da saúde fiquem conscientes quanto à importância de uma assistência  eficiente para os bebês prematuros.  

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Campanha Novembro Roxo - Imagem: Instagram

A ação visa demonstrar que todo impacto contribui direta e indiretamente para a qualidade de vida dos bebês. O objetivo é uma mobilização nacional em busca de modelo de assistência pré-natal amplo, contato pele a pele entre os recém-nascidos e os pais, redução de dores e afins. “A presença da família é muito importante para a recuperação dos bebês, pois sabemos que o toque e a voz da mãe os acalma, deixando mais seguro e tranquilo para sua total recuperação” explica a médica.

 

Um tipo de tratamento que vem sendo bastante usado também é chamado de Método Canguru. No Brasil é usado há 20 anos e é utilizado por cerca de 200 unidades de Sistema Único de Saúde (SUS). Ao redor do mundo tem sido usada essa metodologia. Ela consiste em deixar o recém-nascido em contato pele com pele, na posição vertical, lembrando a posição do canguru com seu filho. Segundo pesquisas isso tem uma série de benefícios: Favorece o vínculo mãe e filho, diminui o tempo de separação entre eles, também estimula o aleitamento materno, favorece um melhor desenvolvimento neurocomportamental e psico-afetivo do recém-nascido de baixo peso, favorece a estimulação sensorial adequada do bebê além de reduzir o estresse e a dor do recém-nascido.

A Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros - ONG Prematuridade.com realiza tarefas durante todo o mês de Novembro para despertar a atenção dos brasileiros acerca do tema. E para isso, eles desenvolveram algumas ideias como: doação de itens de higiene para UTIs Neonatal, distribuição de material informativo, vestir roxo no dia 17 e o uso de fitas roxas durante todo o mês. 

Além disso, eles se unem à EFCNI (European Foundation for the Care of Newborn Infants) e ao March of Dimes para promover ações durante todo o mês ao redor do mundo. A principal delas é a iluminação de roxo de prédios e monumentos para chamar atenção à causa. Entre estes pontos estão: Empire State Building, nos Estados Unidos; Cataratas do Niágara, no Canadá; Budapeste Eye, Hungria e muitos outros. 

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Castelo de Heidelberg | Alemanha - imagem: divulgação 
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Cataratas do Niágara | Canadá - imagem: divulgação

A Associação ainda possui um link que mostra alguns eventos e programações referente ao Novembro roxo na maioria dos Estados brasileiros. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde, em uma pesquisa de dezembro do ano passado, cerca de 30 milhões de bebês nascem prematuros por ano no mundo. De acordo com a ONU, os nascimentos prematuros são responsáveis por quase 50%  das mortes de recém-nascidos no mundo.
 

Só no Brasil, cerca de 11% dos bebês nascem antes do tempo. São 340 mil prematuros nascendo todo ano no país. Cerca de seis a cada 10 minutos, muitos deles não sobrevivem ou ficam com algum tipo de sequela.

O parto prematuro pode conter alguns sintomas. As contrações do trabalho de parto podem ocorrer entre a 20ª e 37ª semanas de gravidez, sendo que para uma gravidez saudável, a mulher começaria a sentir os primeiros sintomas entre a 37ª e 41ª semana. Algumas precauções podem ser tomadas, como por exemplo, um pré-natal adequado, além de alguns cuidados como ter uma dieta saudável, ter atenção redobrada com a higiene íntima para que não haja infecção, evitar desidratação, ou seja, beber água regularmente, não carregar objetos pesados, entre outros. Nem tudo pode ser controlado, muitos casos ocorrem devido uma ruptura espontânea da bolsa. Mas com orientações de uma obstetra, fazendo exames laboratoriais e seguindo um pré-natal muitos fatores podem ser prevenidos ou minimizados.

Natasha Ozella e Vinicius Godoy, tiveram gêmeos prematuros, “eles nasceram com 29 semanas. Ficaram no hospital por 68 dias. Nos ensinaram a ter todos os cuidados com os bebês prematuros: banho, amamentação, dar remédios, cuidados com engasgos, refluxo, dores abdominais...depois que foram liberados para irem embora os médicos passaram cuidados especiais para ter. Amamentação a cada 3 horas, dia e noite, acompanhamento com oftalmo, fono, fisio, cardiológico e pediátrico”.

A doutora Gisele Lorandes ainda complementa. “Após a alta, as recomendações são para o prematuro as mesmas de um bebê que não seja. Será realizado consultas de rotina com o pediatra e geralmente recomendamos evitar ambientes fechados com aglomerados de pessoas, pois ele ainda não tomou todas as vacinas e o risco de adquirir uma infecção é grande”.

#DiaMundialdaPrematuridade #NovembroRoxo #WorldPrematurityDay #WPD #17/11

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Isabella Mei de Lima Marossi
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20/11/2019 - 12h

Desenvolvido por uma empresa sediada em Berlim, o Clue promete cuidar da saúde reprodutiva das mulheres. O aplicativo é feito para dispositivos móveis, e tem como principal objetivo ajudar a controlar e entender melhor o ciclo menstrual, além dos dias férteis e dos sintomas da TPM.

A plataforma, lançada em 2013 pela empresa BioWink GmbH, permite visualizar a data de maior probabilidade de engravidar, e facilita que a mulher monitore outras 30 categorias relacionadas à saúde, como sono, vida sexual e digestão.

Ao baixar o aplicativo pela primeira vez, algumas perguntas básicas são feitas, como “você lembra quanto tempo durou o seu último ciclo?” e “você está grávida?”, a partir disso, o aplicativo calcula todo o ciclo menstrual.

A cada dia, poderão ser acrescentadas informação em diversas categorias relacionadas à saúde, que ajudam a compor cada momento do ciclo: fase emocional, desejos de comida, vitalidade, situação da pele e dores no corpo. O aplicativo também aponta em que etapa se encontra, e ainda dá informações para os sintomas, dizendo se eles são normais, ou se devem ser avaliados por um médico.

A CEO da BioWink GmbH, Ida Tin, diz que tinha como intenção “começar uma revolução na saúde reprodutiva”, e por isso, o Clue também conta com análises da vida sexual e reprodutiva das mulheres, dando opções de monitoramento para os dias de festa, já que o consumo de bebidas alcoólicas e cigarros pode influenciar no ciclo, dias sexualmente ativos e práticas de exercícios. O aplicativo tem a disposição caixinhas de informações, explicando e dando dados para todos os processos do ciclo menstrual.

Porém, para a médica de família e comunidade, Daniela Dantas, 34, o aplicativo deve ser usado com cautela, por se tratar de uma tabelinha moderna e a probabilidade de uma gravidez ser grande.

Para a médica do Espaço Irís, localizado em Campinas, “muitas pessoas usam como se fosse um método de percepção de fertilidade, e não é a mesma coisa. É um cálculo matemático, uma aproximação.” Para ela, a percepção da fertilidade passa pelo fator de a mulher olhar o seu corpo e ser capaz de dizer quando está no seu período fértil, compreendendo o seu ciclo menstrual.

Dantas também alerta para o fato de o Clue ser um aplicativo, que possui termos de adesão e de privacidade. Segundo a médica “ele tem acesso a vários tipos de informação sobre a vida sexual e reprodutiva das mulheres, é como se pudesse roubar essas pistas e vender para empresas”, mencionando os efeitos negativos que os algoritmos podem gerar na vida reprodutiva das mulheres. O aplicativo é de grande utilidade, mas deve ser usado com consciência.

A plataforma criada por Tin, presente em 15 idiomas, inclusive em português, usufrui da tecnologia para desvincular a ideia de menstruação e gravidez dos tabus colocados sobre os temas, um fato que ainda ocorre em muitos países. O ciclo menstrual faz parte da saúde feminina, e conhecê-lo é um passo importante de autoconhecimento e empoderamento. A desenvolvedora do app afirma que tanto a menstruação, quanto a saúde reprodutiva, devem ser “uma terra sem tabu”, pelo fato de serem um assuntos que necessitam, cada vez mais, de discussão e esclarecimento. 

O mini documentário Absorvendo o Tabu, ganhador de um Oscar e disponível na Netflix, aborda os estigmas em cima da menstruação na Índia, mostrando que o ciclo reprodutivo feminino ainda é um assunto pouco discutido, e por consequência, pouco explorado. 

Além do aplicativo, o Clue conta com um blog com postagens sobre saúde reprodutiva, sexo e dúvidas frequentes sobre a menstruação. O site dispões de uma gama imensa de textos, em inglês, português e espanhol que abordam de questões biológicas até abordagens culturais sobre os temas. Com mais de 8 milhões de cadastros ativos, a plataforma também está presente no InstagramTwitter e Facebook, e conta com um programa de podcast – em inglês – sobre a saúde hormonal feminina.

 

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Diego Prado e Sarah Santos
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07/11/2019 - 12h
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Girassol: um dos símbolos do setembro amarelo

Setembro é considerado o mês da prevenção ao suicídio. A campanha brasileira iniciada em 2015 é uma ação do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Uma pesquisa da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) informa que a taxa entre os adolescentes que vivem nas grandes capitais aumentou quase 25% entre 2006 e 2015 e, ainda, o estudo comprova que os jovens do sexo masculino cometem o suicídio até três vezes mais. 

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Logo campanha “falar é a melhor solução” - foto: divulgação

O dia 10/09 é considerado, desde 2003, o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. Os especialistas acreditam que a precaução é a melhor forma de ajudar. Por isso, no mês nove são organizados eventos com debates sobre o suicídio, alertando a população sobre a conscientização. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a medida preventiva auxilia 90% dos casos. 

O psicólogo e professor da PUC-SP Marcelo Borelli explica “com certeza boa parte das tentativas de suicídio ou mesmo o suicídio poderiam ser evitados se de fato houvesse um acompanhamento mais próximo dessa pessoa, se ela tivesse seu espaço para poder falar o que está sentindo, se ela puder pensar sobre questão da vida dela”. Borelli ainda conta que é muito importante chamar atenção para a questão do suicídio e da saúde mental no mês de setembro, mas, que esse assunto precisa ser discutido, inclusive com campanhas, ao longo do ano. 

Considerado um problema de saúde pública com 32 mortes diárias, o estado do Rio Grande do Sul registra a maior taxa, 10,2 suicídios por 10 mil habitantes, dados do Ministério da Saúde de 2010.  A campanha “falar é a melhor solução” busca maior visibilidade à causa e, para isso, ilumina e pinta lugares ou pontos estratégicos para chamar atenção da população. 

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            Congresso Nacional em campanha pelo Setembro Amarelo - foto: divulgação

 

Lucas Ganemian, jornalista, foi diagnosticado com depressão há menos de dois meses e falou como o apoio da família foi primordial “acredito que ao falar com meus pais, apesar da preocupação que eles tiveram, consegui procurar ajuda rapidamente. Eles, com meu irmão e meu cunhado me deram total apoio”. 

O diálogo constante é importante principalmente devido a alguns mitos que as pessoas, sem informação, falam como por exemplo “quem ameaça se matar, está querendo chamar atenção”. O especialista explicou “isso (esses mitos) é muito triste. Na verdade, a pessoa que tem depressão está sofrendo muito, um sofrimento que ela não tem controle, ela não tem vontade de fazer as coisas mais simples”. Ele ainda esclareceu que apenas a comunicação consegue mudar essas  narrativas. 

“Minha família nunca foi uma opção de conversa, porque eles são muito fechados, eu sinto que eles não entendem, eles acham que é uma besteira, que é só pensar positivo que vai passar” relatou uma estudante que prefere não ser identificada e sofre de depressão há 11 anos, ao menos quatro vezes tentou se matar. Ela ainda nos contou como seu ex namorado tratava a depressão dela “ele não entendia nem um pouco o que eu sentia, o que eu tinha. Ele não deixava eu chorar, porque, segundo ele, chorar é um sinal de fraqueza”.

Mayllon Soares, professor de educação física, namorou por dois anos uma mulher que tem depressão. Ele acredita que ela desenvolveu no relacionamento anterior que aparentava ser abusivo. Ele ainda comenta “tomei alguns cuidados depois que fiquei sabendo da depressão. Um deles, foi marcar uma sessão com a psicóloga dela para entender melhor como eu poderia ajuda-la superar a depressão de maneira mais rápida”.

O desemprego também tem sido um fator de risco das tentativas de suicídio.  Borelli concorda com isso quando afirma “acho que parte disso tem a ver com o modo que a nossa sociedade está estruturada. As pessoas mais velhas, além de se sentirem mais sozinhas, não tem lugar no mundo. Os jovens por outro lado, vão sentindo cada vez mais uma pressão sobre o seu futuro, então, muitas vezes a vida pode ficar mais rasa, mais superficial. Aí a gente pode pensar que essas duas populações estão mais vulneráveis”.

“Meu primeiro gatilho foi o bullying e também a falta de atenção dos meus pais. O segundo, foi recentemente, faz um ano, meu ex-namorado era muito abusivo, ele me maltratava muito, meio que me abusava sexual e psicológicamente. Com isso, eu piorei e tenho recaídas até hoje, mas eu estou melhorando, sendo acompanhada, tendo bom amparo” contou a estuante.

Quem pensa que só pessoas do anonimato sofrem com depressão, estão enganadas. Diversos casos já foram relatados por celebridades, como a atriz internacional Catherine Zeta-Jones, o ator Jim Carrey a cantora Adele, o ator brasileiro Selton Mello e a atriz Adriana Esteves. Alguns casos são mais graves, Sophie Turner, famosa pelo seu papel de Sansa Stark em Game of Thrones, disse que pensou várias vezes em suicídio. Ela ainda disse que acredita que sofreu muito pela profissão que escolheu, diferente dos seus amigos de escola. Outros famosos que já assumiram que sofrem depressão e que também pensaram em cometer suicídio foram a cantora Demi Lovato e Paula Fernandes.

  A OMS estabeleceu a meta de reduzir em 10% os casos de mortes por suicídio até 2020. 

 No mês de setembro algumas ações no Brasil foram realizadas:

  • Vozes do silêncio: música de Carlinhos Brown em parceria com a CVV para a campanha #falarpodemudartudo. 
  • Sessão de terapia: série do GloboPlay está aberta a todos durante o mês de Setembro, sendo um convite à cuidar da saúde mental. 
  • Grande labirinto de girassóis (15/09): mais de dois mil girassóis foram espalhados no Largo da Batata em São Paulo, com o desejo de acabar com o preconceito e o silêncio sobre a depressão. 
  • Corinthians espalha girassóis pela arena (21/09): antes do jogo contra o Bahia, uma campanha alerta sobre depressão e suicídio, com o lema: “Na direção da vida - Depressão sem Tabu”, 70 crianças acompanharam os jogadores segurando girassóis.
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Crianças segurando girassóis antes de entrar com os jogadores do Corinthians no campo - foto: divulgação

 

  • 4ª Caminhada pela Vida – Encerramento do Setembro Amarelo:

Data: 29/09 | a partir das 9h30

Local de saída: Av. Paulista, 37 – em frente à Casa das Rosas

Organização: CVV

Apoio: Uninove | Coren | Ecofit | Rede Social do Centro

Participação: Gratuita

Informações: cvvsp@cvv.org.br

  A ONG mais antiga do país ajuda no apoio emocional e prevenção ao suicídio, a “CVV: Como vai você?” está disponível 24h pelo telefone 188 gratuitamente, chats no site https://www.cvv.org.br/ e pessoalmente.  

A cor amarela:

Por detrás da cor, de acordo com a Associação Catarinense de Psiquiatria, há uma história: Em 1994, um americano de 17 anos, chamado Mike Emme, tirou a vida dirigindo seu carro amarelo. Seus amigos e familiares distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem enfrentando o mesmo desespero de Mike, e a mensagem foi se espalhando mundo afora.

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