Em sua quarta edição, ação reforça a importância da informação e do apoio às famílias
por
João Pedro Lindolfo
Lucca Andreoli
|
04/06/2025 - 12h

 

Fotografia: Wellington Freitas  Reprodução/Instagram: @35elementos
Fotografia: Wellington Freitas 
Reprodução/Instagram: @35elementos

A caminhada de conscientização sobre a síndrome Cri Du Chat - ou Síndrome do Choro do Gato, uma alteração genética rara que afeta o desenvolvimento físico e intelectual - aconteceu no sábado (17), no Parque Villa Lobos, em São Paulo.

A doença, presente em uma a cada 50 mil pessoas, ocorre quando uma parte do cromossomo cinco é perdida, o que causa características como a face arredondada, olhos separados, mandíbula pequena, orelhas baixas e um choro agudo parecido com um miado de gato, de onde vem o apelido.

O diagnóstico é realizado através da genética clínica, com testes que avaliam os cromossomos, e o teste de FISH ou CGH-array, que detectam a deleção do cromossomo cinco.

A síndrome impacta diretamente a rotina das famílias, exigindo acompanhamento contínuo com diferentes especialistas. Por isso, a disseminação de informações confiáveis e o estímulo ao diagnóstico precoce são fundamentais para promover mais qualidade de vida às crianças e a quem cuida delas.

A importância do diagnóstico precoce vai além do aspecto clínico: ele abre caminhos para que as famílias se organizem emocionalmente e encontrem apoio em redes especializadas, fortalecendo a jornada de cuidado e inclusão. O conhecimento da síndrome, associado à troca de experiências entre famílias, é um passo decisivo para transformar desafios em conquistas diárias.

Em 2022 foi lançado o primeiro livro a respeito da síndrome no Brasil, intitulado de "Síndrome de Cri du Chat: mais amor, realidade e esperança” (EFeditores e Literare Books International, 264 págs., R$ 72), além de ser o ano da primeira edição da caminhada dedicada a pessoas que convivem com a síndrome.

A publicação veio a partir da vivência de famílias e do engajamento de profissionais que acompanham de perto os desafios do diagnóstico e do tratamento. O livro se tornou referência para quem busca compreender não só os aspectos clínicos da condição, mas também as realidades sociais, emocionais e educacionais enfrentadas por quem convive com ela.

Com entrevistas de profissionais médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos, a obra de Sandra Doria Xavier, Fernando da Silva Xavier e Monica Levy Andersen traz também uma perspectiva que auxilia familiares e profissionais que trabalham com portadores da síndrome.

Capa do livro: Síndrome Cri Du Chat: mais amor, realidade e esperança  Instagram: @criduchatbrasil
Capa do livro: Síndrome Cri Du Chat: mais amor, realidade e esperança 
Instagram: @criduchatbrasil

A publicação do livro e a realização da caminhada refletem o compromisso com a visibilidade da condição. Ao longo dos últimos anos, a entidade tem promovido ações que unem acolhimento, informação e mobilização social, contribuindo para a construção de uma rede de apoio mais sólida e atuante.

Em meio a esse esforço coletivo, o aspecto emocional e comunitário da Caminhada se destaca. “Encontrar outras famílias na Caminhada Cri Du Chat é encontrar a sua tribo”, define Juliane Gehm, mãe do Martin. “É um momento onde todos podem ser livres para ser quem são!”

Agora em sua quarta edição, a “Caminhada Cri Du Chat 2025” apresentou uma programação com atividades inclusivas, como áreas sensoriais (massinha, slime, bolha de sabão), desenhos e pinturas, pinturas faciais e tatuagens de adesivo, além de recreação com palhaços e personagens infantis.

Através do ato de conscientização, familiares, profissionais e portadores trouxeram luz ao tema. 

Segundo a neuropsicóloga Bianca Balbueno, a estimulação precoce é a chave: “Nos primeiros anos de vida, o cérebro da criança está num pico de neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de aprendizagem é mais potente neste período, sendo assim, a estimulação precoce aproveita essa fase para promover o desenvolvimento de áreas centrais, como motor, cognitivo e social.” 

“Intervenção precoce promove o desenvolvimento redirecionando e fortalecendo trilhas de aprendizagem que podem estar em risco, especialmente em casos de alterações do neurodesenvolvimento”, ela acrescenta. 

Essa também foi a percepção de Lilian Lima, engenheira de software e mãe do Heitor Monteiro Lima, de 7 anos. O diagnóstico veio aos 19 dias de vida e aos 30 dias ele já iniciou a fisioterapia. “Com 2 anos e 9 meses ele andou. Hoje ele corre, chuta bola, arremessa para a cesta, ensaia quicar e treina saques de vôlei”, conta Lilian. Ela lembra que, no início, havia muitos medos — do desconhecido, do futuro e de como seria criar um filho com um prognóstico tão incerto. Mas reforça que o acesso a terapias e os estímulos desde cedo fizeram toda a diferença. “A fisioterapia foi essencial nos primeiros anos de vida, e os estímulos fizeram toda a diferença.”

Ainda sobre o plano de tratamento, Bianca afirma que deve ser individualizado “pois cada criança terá uma necessidade diferente, mesmo tendo o mesmo diagnóstico. Leva-se em consideração não apenas características da síndrome, mas áreas gerais de desenvolvimento, comportamentos desafiadores, excessos e déficits comportamentais, bem como a rede de apoio da família e o suporte fornecido pela escola”.

Participantes exploram atividades sensoriais durante a Caminhada. Fotografia: Wellington Freitas Reprodução/Instagram: @35elementos
Participantes exploram atividades sensoriais durante a Caminhada.
Fotografia: Wellington Freitas
Reprodução/Instagram: @35elementos
Caminhada tem presença de personagens infantis e momentos de interação Imagem: Wellington Freitas  Reprodução/Instagram: @35elementos
Caminhada tem presença de personagens infantis e momentos de interação
Imagem: Wellington Freitas 
Reprodução/Instagram: @35elementos
Espaço de desenho e pintura incentiva a criatividade  Fotografia: Wellington Freitas  Instagram: @35elementos
Espaço de desenho e pintura incentiva a criatividade 
Fotografia: Wellington Freitas 
Instagram: @35elementos
Cabo de guerra e outras dinâmicas de grupo promovem inclusão  Fotografia: Wellington Freitas  Instagram: @35elementos
Cabo de guerra e outras dinâmicas de grupo promovem inclusão 
Fotografia: Wellington Freitas 
Instagram: @35elementos

 

Após dois anos da concessão pública, Pérola Byington tem conflitos na administração da Organização Social Seconci
por
Daniella Ramos
|
15/05/2025 - 12h

O Centro de Referência em Saúde da Mulher, do estado de São Paulo, trocou a humanização no atendimento pelo cumprimento de metas a serem batidas. Isso é o que garantem os funcionários que acompanharam a mudança vivida pelo hospital nos últimos três anos.

Em setembro de 2022, o Hospital Pérola Byington mudou de nome e local. Foi da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na região central, para a Avenida Rio Branco, nos Campos Elíseos, região conhecida como Cracolândia. E passou a se chamar “Hospital da Mulher”.

Após concessão do Estado para a Seconci, o local passou a ser uma Parceria Público-Privada (PPP). A enfermeira Denise Souza, funcionária pública que continua no hospital após a privatização, relata que no Pérola havia um comprometimento com um atendimento mais humanizado aos paciente, mas a atual organização social se preocupa mais com as metas que devem ser batidas pelos funcionários.

“Na primeira vez, achei tudo muito bonito e limpo, apesar das pessoas em situação de rua ao redor do hospital”, afirma Áurea Suda, tia de uma paciente em início de tratamento. Ela reclama da falta de assentos na recepção para aguardar atendimento.

0
Fachada do Hospital da Mulher na Avenida Rio Branco. Foto: Daniella Ramos


Hoje, o hospital ainda atende pelo SUS. Após a PPP, funcionários públicos e privados passaram a trabalhar juntos. O número de leitos de UTI quadruplicou e essa melhoria veio junto ao aumento de cirurgias para bater metas, segundo relato de Denise. No Pérola Byington, havia apenas 5 leitos, o que quase causou a morte da paciente Edma Dias, internada para remoção de um nódulo. Ela relata ter ido mais de 3 vezes para o centro cirúrgico: "voltava, pois não conseguia realizar a cirurgia devido à falta de leito de UTI".

Denise ainda diz sentir falta de trabalhar em um hospital de referência como o Pérola Byington. Ela lamenta que o atual Hospital da Mulher ainda não tenha conquistado o destaque devido. “A notoriedade não é feita apenas com equipamentos, temos que contar com uma boa gestão da Organização”, reitera a enfermeira. 

Entramos em contato com a assessoria da Secretaria da Saúde, mas não tivemos retorno até a publicação da matéria.

 

 

Tags:
Entenda os danos causados por fake news sobre a alimentação
por
Laura Petroucic
|
08/05/2025 - 12h

Com o acesso ilimitado à internet, atualmente é fácil encontrar informações sobre nutrição. Basta um clique para que as pessoas se informem sobre dietas e calorias pelo Instagram, TikTok ou X (antigoTwitter). Mas é preciso tomar muito cuidado com a fonte desses dados. Clickbaits como “arroz dá câncer”, “o açúcar das frutas faz mal” e “emagreça cinco quilos tomando essa sopa” parecem absurdos, porém muitas pessoas acabam tomando essas frases como verdadeiras. A nutricionista Fernanda Zanon, em entrevista à AGEMT, explica: “Informações nutricionais falsas podem levar a deficiências nutricionais, problemas hormonais e queda de imunidade”. E acrescenta: "os danos de misturar desinformação com alimentação não são apenas físicos, mas também psicológicos. A relação com a comida fica deturpada e confusa, podendo até gerar distúrbios alimentares em pessoas que buscavam melhorar sua alimentação", explica Zanon.

Um dos grandes responsáveis pela onda de desinformação nutricional são influenciadores com milhões de seguidores que, mesmo sem nenhuma formação na área, fazem postagens indicando dietas e produtos sem eficácia comprovada. Vitaminas e chás milagrosos são vendidos sem nenhum tipo de fiscalização por parte das big techs — e quem sofre o prejuízo são os consumidores.

E por que as pessoas compartilham esse tipo de desinformação na internet? Fernanda afirma que "algumas dessas pessoas acreditam porque tiveram alguma experiência pessoal que funcionou para elas — e acabam generalizando, como se aquilo fosse uma verdade universal. O que funciona para um pode ser prejudicial para outro. Outras, infelizmente, estão mais interessadas em ganhar visibilidade e engajamento, mesmo sabendo que o que divulgam não tem respaldo científico”, diz. 

Fernanda também comenta sobre o motivo de a população preferir buscar soluções online: “ainda existe uma barreira de acesso, seja por questões financeiras, falta de informação ou até pela ideia de que só se deve procurar um nutricionista quando se quer emagrecer. Isso faz com que muita gente recorra à internet em busca de respostas rápidas e fáceis — o famoso milagre!”. Em um país cuja acessibilidade à saúde ainda é segregada, a conscientização sobre o impacto negativo da desinformação é essencial para criar um ambiente mais seguro e saudável para todos, como aponta Fernanda. 

Tags:
Políticas públicas devem assegurar o direto à saúde de quem sofrem com essa condição, ainda pouco estudada
por
Khadijah Calil
|
28/04/2025 - 12h

A regulamentação da Lei 32/2025, sancionada em 27 de março em Portugal, representa o reconhecimento dos direitos das pessoas com endometriose. A nova legislação estabelece que quem tiver o diagnóstico da doença têm direito a até três dias de faltas mensais justificadas no trabalho ou na escola, sem prejuízo da remuneração e de outros direitos trabalhistas ou estudantis. Segundo o Diário da República, a norma entra em vigor a partir de abril deste ano e requer a apresentação de um laudo médico mensal para ter sua ausência abonada.  

O contexto social em que essa regulamentação surge é o de enfrentamento a preconceitos relacionados à menstruação e à saúde reprodutiva das pessoas com útero. De acordo com o portal SciElo em um estudo sobre os efeitos da masculinidade tóxica, o machismo estrutural, entendido como um fenômeno social que se manifesta por meio de normas, práticas e instituições, gera estigmas de fragilidade ou incapacidade sobre quem enfrenta esses sintomas. Servindo de exemplo para outros países, a nova medida portuguesa rompe com a lógica de que essas pessoas devem se adaptar ao ambiente de trabalho sem levar em consideração suas condições de saúde.  

A advogada brasileira e especialista trabalhista Ingrid Raunaimer, explica algumas das medidas descritas na nova lei estrangeira: respeitar os afastamentos devidamente justificados por motivos de saúde, incluindo aqueles relacionados ao ciclo menstrual, sem retaliações ou descontos indevidos; garantir o sigilo e respeito à intimidade, evitando constrangimentos; criar políticas internas de acolhimento e orientação para promover um ambiente livre de preconceitos; e adotar uma abordagem inclusiva, considerando medidas como flexibilidade de horários, possibilidade de trabalho remoto ou reposição de aulas/atividades, sempre que possível. 

“Essa regulamentação é, portanto, não apenas um instrumento jurídico, mas também um marco simbólico e político, pois reconhece que dores menstruais incapacitantes não devem ser normalizadas e nem ignoradas em nenhum lugar do mundo”, explica Ingrid. 

Cenário Brasileiro  

O ginecologista Thiago Pareja, membro da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo, explica que a endometriose afeta cerca de 10% das pessoas que menstruam e estão em idade reprodutiva no Brasil, o que representa aproximadamente 8 milhões de pacientes. A doença, caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero, pode causar dor intensa, infertilidade e outros sintomas debilitantes, comprometendo significativamente a qualidade de vida de quem recebe o diagnóstico. 

Kizzy Novicov Silva, ex-agente de turismo e paciente com endometriose, compartilha sua experiência com o SUS e o INSS. Após três processos de afastamento, Kizzy recorreu à ajuda de um advogado para provar sua incapacidade de trabalhar devido à doença. “É desumano ter que provar sua dor para quem nunca a sentiu”, afirmou a paciente, que passou por sete cirurgias sem conseguir alívio para a dor crônica da endometriose. 

Ela também conta que sua rotina e sua saúde era um quebra-cabeça de tratamentos, frustrações e burocracias. As consequências foram além do físico: perdeu empregos por faltas constantes, se afastou da faculdade e viu momentos de lazer serem interrompidos por crises abruptas.  

Ingrid Raunaimer acredita que o Brasil precisa integrar mais os direitos trabalhistas com a política pública de saúde para que casos como os de Kizzy não sejam normalizados. A criação de campanhas de conscientização e a capacitação de profissionais de saúde são necessárias para garantir que os direitos previstos em lei cheguem de fato a quem precisa. 

No Brasil, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1.069/2023, que propõe incluir a endometriose como manifestação incapacitante no rol de doenças que dispensam o período de carência para a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Contudo, a concessão desses benefícios ainda dependerá da comprovação médica da incapacidade laboral, conforme os critérios estabelecidos pela Previdência Social. 

Visto que uma das maiores problemáticas desse quadro ginecológico é o diagnostico tardio, as políticas públicas ainda são insuficientes e imaturas.  Segundo a CNN, a média no Brasil é de 8 a 10 anos até a descoberta da doença, o que não só intensifica os sintomas, mas também a progressão da doença. 

Além de ser uma questão de saúde, a endometriose também é uma questão de direitos humanos. A Constituição prevê o direito à saúde, à dignidade da pessoa humana e à igualdade de gênero a todas as pessoas, sem distinção, conforme os artigos 1º, inciso III e 5º, no inciso I, respectivamente. O Brasil precisa assegurar que quem sofre com a endometriose não enfrente preconceitos ou penalizações por sua condição médica, implementando políticas públicas que permitam o acesso adequado à saúde e o cumprimento de seus direitos trabalhistas. 

 

Tags:
A profissão de professor é uma das mais afetadas por transtornos mentais. Entenda o que tem impactado a vida dessas pessoas
por
Guilbert Inácio
|
19/05/2025 - 12h

Segundo pesquisa Atuação Docente em Múltiplas Escolas no Brasil, divulgada em 2024 pela Fundação Carlos Chagas (FCC), aproximadamente 460 mil professores e professoras da educação básica trabalham em mais de uma escola no país. Os dados acendem um alerta para o cuidado da saúde mental dessas pessoas.

Ao fundo há um quadro com ilustrações de gráficos. No centro da imagem, há uma mulher de óculos segurando papeis com a mão esquerda e com a mão direita no queixo, demonstrando cansaço. Ela está com ambos os cotovelos encostados em uma mesa, que tem um xícara e um notebook em cima.
Falta de tempo é algo recorrente no magistério / Fonte: Freepik

De acordo com o estudo, que usou dados do Censo Escolar 2023, docentes que atuam em jornadas extensas têm maiores chances de se ausentarem do trabalho por causa da saúde, em especial por questões psicológicas e relativas à voz, além de não conseguirem administrar o tempo, gerando estresse e menor participação em atividades coletivas, o que vai impactar diretamente na educação dos e das estudantes. 

Segundo a Pesquisa Saúde Mental dos Educadores, realizada pela Nova Escola, em 2022, 21,5% de educadores e educadoras consideravam sua saúde mental ruim ou muito ruim. As consequências mais citadas foram sentimentos intensos e frequentes de ansiedade (60,1%), baixo rendimento e cansaço excessivo (48,1%) e problemas com sono (41,1%). Para lidar com a pressão, 40,4% relataram que fazer atividade física ou ao ar livre pode ajudar e 36,8% destacam o contato com amigos e familiares que ofereçam apoio emocional. 

Exercícios físicos e contatos sociais requerem uma certa disponibilidade, porém o cenário atual não contribui. Os dados obtidos pela FCC mostram que a creche é o segmento com menor proporção de profissionais em mais de uma escola: 12,7%. Mas o número aumenta nas próximas fases, até chegar em 36,4% no Ensino Médio. 

A hipótese é que nos anos iniciais de ensino, as professoras – em sua maioria – são polivalentes e passam todo o turno com uma turma. Nos anos finais, os e as docentes são especialistas, lecionando, de acordo com sua formação, um ou dois componentes curriculares, portanto não passam todo o turno com uma mesma turma. Para cumprir a carga horária necessária, esse grupo assume várias classes, o que aumenta as chances de uma atuação em mais de uma escola. 

De acordo com o exemplo da nota técnica da FCC, um docente em uma jornada de 40h semanais, com um terço do tempo para as atividades extraclasse, leciona, no máximo, por 26 horas e 40 minutos por semana. Se considerar redes de ensino com aulas de 50 minutos e que o componente curricular só tenha duas aulas por semana, esse profissional pode chegar a lecionar 32 aulas por semana para 16 turmas diferentes.  

Se usarmos uma média de 30 alunos por turma, docentes, na situação do exemplo, dão aulas para 480 estudantes, o que significa uma alta demanda para quem vai ter que explicar a mesma coisa várias vezes, tirar dúvidas, corrigir lições e trabalhos, além de se deslocar entre as turmas e escolas. 

A partir da pesquisa, a FCC traçou o perfil de profissionais nessa situação - docentes do sexo masculino que lecionam disciplinas com menor carga curricular, como biologia, física, filosofia, entre outras. A hipótese levantada pela FCC sobre isso, é que há concentração de docentes masculinos na etapa em que isso mais ocorre, enquanto as mulheres estão mais distribuídas nas etapas de ensino - Censo Escolar 2022: 90% de docentes das creches e da educação infantil são mulheres. Além de que os dados demonstrem menor disponibilidade de tempo por parte das mulheres para acumular mais escolas, em comparação com os homens, tendo em vista que, segundo o IBGE 2024, mulheres dedicam quase o dobro das horas do que os homens, em média, para afazeres domésticos e cuidados familiares.

A ilustração apresenta um fundo cinza com os dizeres a frente: 29,8% de professores atuam em mais de uma escola (143.940 de 482.984) 16,8% de professoras atuam em mais de uma escola (364.364 de 1.871.210)
Recorte por gênero / Fonte: Fundação Carlos Chagas (FCC) / Arte: Guilbert Inácio

Em entrevista à AGEMT, o Dr. Marcelo Afonso Ribeiro, professor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Serviço de Orientação Profissional (SOPI) e do Laboratório de Estudos do Trabalho e Orientação Profissional (LABOR) da USP, destacou que a saúde mental requer condições dignas de vida, respeito, reconhecimento e autonomia. “A falta de condições de trabalho com sobrecarga de tarefas, uma organização do trabalho centrada na produtividade e uma falta de reconhecimento social e econômico do professor tendem a levar ao adoecimento, não como condição individual, mas como resposta a este conjunto de condições insatisfatórias de trabalho.”, comenta o professor. 

Adoecimento profissional

Segundo Marcelo, os principais dilemas contemporâneos da profissão estão em três campos:

  • Questões pessoais e profissionais: Há falta de limite entre vida pessoal e profissional, insatisfação versus realização e falta de sentido no que faz. 

  • Questões estruturais e organizacionais: Falta de condições dignas de trabalho, ampliação e sobrecarga do trabalho, defasagem entre trabalho prescrito e trabalho real, assédio moral, demanda ao lidar com tecnologia e mundo digital, além de autorresponsabilização por problemas estruturais. 

  • Questões sociais: Falta de reconhecimento, declínio no discurso de autoridade, falta de autonomia, conflito entre o discurso de formador e doutrinador, pressão das famílias dos e das discentes e dos ambientes públicos.

Dados obtidos pela TV Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação, revelam que no primeiro semestre de 2023, 20.173 docentes da rede estadual de São Paulo foram afastados do trabalho por questões relacionadas à saúde mental, como depressão, ansiedade e crise do pânico. Os dados demostram um aumento de 15% em comparação ao mesmo período de 2022 e que, em média, 112 profissionais são afastados por dia. Este ano, o G1 obteve, por meio da mesma lei, dados da Secretaria de Estado da Educação (Seduc-SP) que revelam que Campinas (SP) teve 3.421 docentes afastados por transtornos mentais de 2022 para cá. 

Cruzando os dados acima com a pesquisa da FCC, 12,9% da rede municipal de Campinas e 23,5% de docentes da rede estadual de São Paulo trabalham em múltiplas escolas. Segundo o Dr. Odair Furtado, professor de psicologia e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trabalho e Ação Social (NTAS) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), profissionais da educação básica recebem salários incompatíveis com a sua função social e por isso optam por uma dupla ou tripla jornada desumana para conseguirem sobreviver e isso é catastrófico. 

A questão salarial foi pauta do antigo Plano Nacional de Educação (PNE), 2014-2024, que tinha como meta equiparar, até 2024, a remuneração média de docentes com as demais profissões que requerem Ensino Superior. Contudo, o piso salarial atual (2025) para professores do ensino básico da rede pública é de R$ 4.867,77 para exercício de 40h mínimas; representando 68,6% de R$ 7.094,17; salário médio de uma pessoa com graduação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Devido à crise econômica, principalmente depois da pandemia, não só educadores, mas todas as profissões passaram por uma precarização. Dentre os fatores, Odair Furtado, aponta a crescente utilização da Inteligência Artificial (IA) nas atividades profissionais que aumentaram a produtividade, mas também a pressão em cima do trabalhador, que acumula estresse e, consequentemente, pode gerar ansiedade e depressão. “Trabalhadores sabem que se buscarem atendimento, são afastados do trabalho e isso leva, inexoravelmente, à demissão. Então, essas pessoas suportam até surtarem”, comenta o professor. 

O Brasil passa por uma epidemia de doenças relacionadas à saúde mental no ambiente profissional. De acordo com o Ministério da Previdência Social, em 2024, cerca de 470 mil trabalhadores foram afastados do emprego por causa de transtornos mentais. Os dados representam, em comparação com 2023, um aumento de 68% de licenças concedidas, além de ser o maior desde 2014. As duas doenças mais diagnosticadas foram ansiedade e depressão.

A ilustração demonstra um gráfico com os dados da Previdência Social sobre afastamentos do trabalho por causa de doenças mentais. O gráfico inicia em 2014 com 221.721 casos. Os dados caem em 2015 e sobem até 2018, quando voltam a cair até 2020. Após isso, os dados sobem muito rápido, chegando em 472.328, em 2024.
Dados do Ministério da Previdência Social / Arte: Guilbert Inácio 

Caminhos futuros 

No dia 26 de maio de 2025, riscos psicossociais serão incluídos na NR-1, norma que apresenta as diretrizes de saúde no ambiente do trabalho. Após a inclusão, o Ministério do Trabalho passa a fiscalizar os riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), o que pode acarretar penalizações às empresas, caso sejam identificadas questões como: 

  • Metas excessivas 

  • Jornadas extensas 

  • Ausência de suporte 

  • Assédio moral 

  • Conflitos interpessoais 

  • Falta de autonomia no trabalho 

  • Condições precárias de trabalho 

Quanto à valorização da carreira docente, em junho do ano passado, o novo PNE, 2024-2034, foi encaminhado ao Congresso Nacional. A pasta prevê 18 objetivos a serem cumpridos nos próximos dez anos. O Plano será prioridade da Bancada da Educação em 2025. 

Confira outras propostas defendidas pela Bancada ao longo do ano que dizem respeito à profissão:

Ilustração em formato de pergaminho na cor cinza. Há os dizeres: SNE - Sistema Nacional de Educação;  PEC 169/19- permite ao professor acumular cargos públicos,  PL 3628/2024 - visa garantir que as diretrizes já estabelecidas pela Lei nº 14.817 sejam implementadas em todo o país;  PL 2387/23 - inclui os professores de Educação Infantil como profissionais do magistério;  PL 3824/23 - estabelece a Política Nacional de Indução à Docência na Educação Básica
Projetos em tramitação / Arte: Guilbert Inácio ​​​​​​

Em janeiro de 2025, o Governo Federal lançou o programa Mais Professores, com o objetivo de incentivar estudantes a seguirem a carreira docente. Dentre as medidas está o Pé-de-Meia Licenciaturas que concedera uma bolsa mensal de R$1.050 por mês para quem tirar mais de 650 pontos no ENEM e ingressar na licenciatura via Sisu, Prouni ou Fies Social. 

A medida é um ponto importante para aumentar a atratividade da carreira, pois, em 2022, uma pesquisa do Instituto Semesp projetou que, em 2040, o Brasil enfrentará um “apagão” na educação básica - a projeção é de que faltarão 235 mil docentes nas escolas do país. 

Segundo Marcelo Afonso, para mudar o cenário de precarização da carreira docente, as políticas públicas precisam se centrar em: “valorizar mais o professor e a professora, oferecer melhores condições de trabalho, remunerar melhor, oferecer qualificação contínua e, acima de tudo, construir um ambiente de respeito para formação de seres humanos.”.

A quarentena é um privilégio, porém a classe operária se vira como pode e com o que tem, e a classe alta não ajuda, como de costume.
por
Gabriel Yudi Gati Isii
|
08/03/2021 - 12h

A pandemia afeta o Brasil todo, dos ricos aos pobres, porém a quarentena para a classe baixa existiu durante um mês, logo após isso houve a crise, onde os comércios locais e pessoas empregadas em residências e empresas se viram necessitadas a sair de casa. Ficar em casa é um privilégio, em São Paulo, é um local de extrema desigualdade social e econômica, desde março a cidade vive em um colapso na saúde. A classe baixa tem diversos conflitos entre si e com a classe alta.

Segundo o site UOL, no dia 24 de maio, foi compartilhado que os 20 bairros com mais mortes por covid-19 são áreas periféricas. No site do G1, em 4 de agosto, foi publicado que o levantamento da prefeitura mostra a localização dos locais com mais vítimas fatais pelo novo coronavírus, o bairro de Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, é o primeiro com 437 óbitos pela doença, já o segundo é o da Brasilândia, na Zona Norte, com 368.

Em entrevista, Ana Paula Vianna, que perdeu seu avô, Carlos Ribeiro Vianna, de 83 anos, por conta do corona, conta como foi o procedimento até a morte. A família vive na COHAB-1 Zona Leste, onde é conhecido também como conjunto habitacional Padre José de Anchieta. Ela relata que não sabe dizer se houve mesmo uma quarentena por lá, pois muitos vizinhos acreditavam e confiaram em ser apenas uma “gripezinha”, porém houve a paralisação do comércio local, mantendo apenas estabelecimentos com serviços essenciais, segundo decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em relação a morte de seu avô ela contou detalhadamente como foi o trajeto até o óbito de Carlos. Na primeira ida ao hospital, não foi feito o teste para covid, apenas alegaram que o mesmo estava com dengue, porém no dia seguinte levaram o senhor para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itaquera, no local ele foi atendido e constatado como portador do vírus, mas enviaram ele novamente para sua casa, chegando na residência, a família ligou para o SAMU, que levou o idoso até o hospital de campanha do Morumbi, onde era muito complicado o contato com o próprio, mesmo que fosse para saber se havia melhora. Durante oito dias eles buscaram informações, ligando para os médicos responsáveis e assistentes sociais, porém sem nenhum retorno, quando conseguiam ver ele, aparentemente o idoso estava com frio. A neta afirma que o avô estava melhorando, porém de repente, houve uma ligação da médica responsável pelo plantão dizendo que o senhor precisava ser entubado, a família se desesperou, e no dia seguinte, houve a ligação dizendo que ele não possuía estabilidade para ser transferido de hospital por conta da intubação. Horas depois, ligaram dizendo que ele estava sendo transferido. Quando a família chegou ao Hospital do Mandaqui, localizado na Zona Norte de São Paulo, não havia registro da entrada de Carlos, após duas horas, a família conseguiu entrar na ala de emergência, porém ele não foi encontrado, até que um médico informou que o avô não havia resistido. A inconformação da família é se o mesmo morreu por negligência médica ou por vontade divina, pois afirmaram que o mesmo não aguentava ser transferido e mesmo assim houve a transferência.

WhatsApp Image 2020-08-18 at 15.17.37

(Carlos Vianna é o circulado. Por: Ana, sua neta)

O atual presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, é um dos cúmplices para explicar o momento em que o país vive. Com as frases mais emblemáticas quando questionado sobre o coronavírus “É só uma gripezinha. ” e “Vou fazer o que? Não sou coveiro. ”. O governo do mesmo não tem um Ministro da Saúde em definitivo faz 3 meses. Muitos de seus seguidores apenas reproduzem suas falas e não ligam para as normas básicas que a OMS decretou. A priorização da volta da economia levou a diversos problemas, como o aumento em massa pelo vírus e o fatídico frango contaminado vendido para China, que vetou a compra de alimentos do país, Filipinas também mencionou que não comprara por enquanto.

Em entrevista, uma enfermeira do Hospital do Mandaqui, que pediu para que não fosse dito seu nome, explicou como funciona tudo por parte da linha de frente que ajuda ao máximo a população.

A mulher disse não haver falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) (roupas e acessórios para evitar o máximo a contaminação), mas não há leitos suficientes para todos os infectados, assim tendo que transferir o paciente para outros hospitais. Ela diz que os funcionários do hospital têm a preocupação de não se infectar e não levar o vírus para suas respectivas residências. Ela relatou que quando os pacientes descobrem que estão infectados eles entram em estado de medo e angústia, alterando batimentos cardíacos e impossibilitando diversos procedimentos, muitos oram em voz alta pedindo a cura para seu respectivo Deus, muitas vezes eles se exaltam. É normal, segundo ela, a população procurar ajuda médica quando já está em estágio avançado.

A quarentena é um privilégio da classe média e alta, a população da classe baixa não tem alternativa, apenas trabalha para que consigam colocar comida em suas respectivas casas. O descaso do Estado com eles é revoltante, mas sempre foi assim, o povo pelo povo, a burguesia nunca se importou, porque das mais de 100.000 mortes, a maioria vem das periferias. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, publicou em, 6 de maio, que houve um aumento de 45% nas mortes dos 20 distritos mais pobres da cidade. Já dos 20 bairros mais ricos, foi um aumento de 36%. Essa diferença ocorre pelo fato da classe baixa não ter condições de manter uma higiene básica, causada pela desigualdade social.

Lucas Marques Cardoso, 23, diz que seu pai, mesmo com todo o caos, teve que trabalhar durante a pandemia, mas ele não contraiu a doença, felizmente, alega o jovem. Em, Itapecerica, que é onde o mesmo mora, não houve quarentena para a população, mas para o comércio local existiu a parada. Lucas teve suspeita de corona, porém recorreu ao hospital particular, quando chegou lá e confirmou que havia o vírus, ele relata a diferença que é do sistema público para o privado de saúde.

Segundo a Imperial College, de Londres, cravou que a pandemia do novo coronavírus é elitista, pois lavar as mãos com água e sabão, algo considerado básico para se precaver, não é algo que todos possuem, assim aumentado a taxa de contaminação em 32%. Através da Organização das Nações Unidas (ONU), 4,5 bilhões de pessoas não têm acesso à saneamento básico seguro, dado de 2017.

A mesma pesquisa relata que os países com maior concentração de riqueza apresentam 4,7 vezes mais leitos hospitalares, 13 vezes mais médicos e 9,6 vezes mais enfermeiros em relação aos mais pobres.

Através do site G1, foi publicado uma matéria que visibiliza a desigualdade social, na qual o Ministério da Saúde disponibilizou o Código de Endereçamento Postal (CEP), de 3.959 pessoas, mostra que 66% das vítimas, da grande São Paulo, recebiam salários médios abaixo de R$ 3 mil, 21% com a média de R$ 6.500 e nas regiões da classe alta, a média de R$ 19 mil era de apenas 1%. Segundo o G1, também, no dia 17 de setembro, a média de mortes no Brasil nos sete últimos dias era de 779 óbitos por dia, que somados dão 5.453 no país.

Coronavírus: Pandemia escancara vulnerabilidade de 50 milhões da nova classe  C

(Reprodução: Uol.com)

Em entrevista com Lucas Bacelar, 18, morador do bairro da Brasilândia, localizado na Zona Norte de São Paulo contou sobre como vive durante a pandemia. O jovem conta que conheceu pessoas que se infectaram pelo vírus, sendo algumas pessoas de sua família e ele conhecia um senhor que tinha um bar, contaminou-se e faleceu, o caso viralizou tanto que foi parar na Record. O mesmo especifica como foi a quarentena por lá, na qual ele cita a preocupação inicial com o vírus, fazendo o possível para evitar movimentação na rua, higienizar, como possível, suas respectivas casas e as pessoas. Porém, cerca de um mês após o decreto do isolamento, o medo da contaminação ficou para trás e tudo voltou ao normal.

Lucas relata seu privilégio de sua mãe e seu irmão poderem trabalhar em home-office, porém ele mora com seu avô, que faz fretes e é autônomo, mesmo com o auxílio, teve de ir em busca de alguma renda. O próprio relata que o seu tio, que trabalhava de Uber e como segurança particular, teve de sair para a rua em busca de algum sustento. Ele pôde ver que os casos de pessoas que tiveram o privilégio de se manter em casa foram minoria, a grande maioria da população local teve que sair após os 15 dias de quarentena. Após isso, as festas e bailes clandestinos começaram novamente, logo, o isolamento proposto pelo governo foi quebrado muito rápido.

O jovem relata que no início, se assustava com a proporção de mortos, mas depois de algumas pesquisas feitas pelo próprio, ele disse que viu o quão grande era o bairro, que engloba boa parte da Zona Norte e da parte Noroeste, tornando o número de mortos pequeno para o real tamanho. Porém, ele ressalta que não se deve relaxar, e sim continuar tomando os cuidados devidos, sendo eles higiênicos e o mesmo cita a imunidade, para que haja uma boa resistência contra o vírus. Sobre a pesquisa de Lucas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a Brasilândia tem 5.803,542 km2, com cerca de 11.853 pessoas em seu território. Um bairro com grandes números comparado a outros próximos.

Uma enfermeira de um postinho de saúde da região da Freguesia do Ó, ela afirma que o Estado deu as condições mínimas de trabalho e os funcionários lidam com as normas descritas pela OMS. A mulher diz que é desesperador ver a reação das pessoas ao saberem que estão com o vírus, com a evolução e se poderão sair vivas.

Em entrevista com Antônio Gati, o idoso de 86 anos contraiu o vírus, ele alega que achou que morreria, pois ele já possui uma idade avançada e já tem casos de pressão alta e problemas pulmonares. O próprio tem convênio, porém com todos os fatores ele se torna um grupo de risco bem alto e grave, porém ele saiu bem e sem nenhuma sequela. Sua esposa, Rosa Moreli, também teve, ela possui 82 anos, tem diabetes e é obesa, no entanto, ela sobreviveu ao vírus, porém despertou um câncer em seu fígado e pâncreas.

O presidente, Jair Messias Bolsonaro, que tanto recomenda a cloroquina sem recomendações médicas pode gerar efeitos colaterais em seus pacientes com o uso do remédio, como arritmia cardíaca, problemas renais e comprometimento na saúde dos olhos. Magnus Gisslén, professor e médico chefe da clínica de infecção do Hospital Universitário Sahlgrenska, relatou ao jornal Gothenburg Post que o medicamento tem efeitos colaterais sérios, principalmente no coração.

De acordo com o monitoramento da Universidade Johns Hopkins (Estados Unidos), já são mais de 116.600.908 milhões de casos no mundo, com 2.589.638 morte até o momento. Mesmo com uma taxa de mortalidade baixa, que mata uma pessoa a cada 30, é uma doença letal que não se sabe seus efeitos a longo prazo.

A ONU publicou em 2019 o Índice Multidimensional de Pobreza, com 101 países analisados, há 1,3 bilhão de pessoas consideradas “multidimensionalmente pobres”. Cerca de 500 milhões vivem em pobreza extrema, sem comida, água e higiene básica. Aproximadamente, 600 milhões de pessoas menores de 18 anos vivem com a desigualdade e 428 milhões tem menos de 10 anos.

O relatório observa que a África Subsaariana e o sul da Ásia têm a maior proporção de pessoas pobres, cerca de 84,5%. O nível de desigualdade é descrito como imenso na África Subsaariana, onde varia de 6,3% na África do Sul a 91,9% no Sudão do Sul. O nível de disparidade no sul da Ásia é oscilando de 0,8% nas Maldivas, para 55,9% no Afeganistão.

Após todos os fatos, deve-se tomar cuidado atualmente e posteriormente a fase do coronavírus, na qual deve aumentar o índice, por exemplo quando o dono da Amazon aumentou sua fortuna enquanto milhares de pessoas perdem seus pequenos negócios e ficam desempregados. O covid-19 é um vírus que veio para atingir o pobre e fortificar a elite. As pessoas só não sabiam que teriam que lutar contra dois vírus, o coronavírus e o capitalismo. E para o brasileiro, combater o genocida Jair Messias Bolsonaro é mais um obstáculo.

Tags:
Em meio a pandemia da Covid-19 e conflitos incessantes ao redor do mundo, entenda esse grupo e conheça a uma das instituições que lhes presta apoio no Brasil
por
Marina Daquanno Testi e Thayná Alves
|
08/12/2020 - 12h

 

 

     

        O número de refugiados no Brasil vem crescendo a cada ano. Só no ano de 2018, segundo a Agência da ONU Para Refugiados (ACNUR) foram relatadas 80 mil solicitações de reconhecimento de condição de refugiado no Brasil. Os grupos de maior número entre as solicitações são os venezuelanos (61.681), que saíram do país devido à crise humanitária, e os haitianos (7.030), cujo fluxo de migração se intensificou após o terremoto que atingiu o país em 2010.  

        A lei brasileira considera refugiado todo indivíduo que está fora de seu país de origem devido a guerras, terremotos, miséria e questões relacionadas a conflitos de raça, religião, perseguição política, entre outros motivos que violam seus direitos humanos. Isso pode acontecer, por exemplo, quando a vida, liberdade ou integridade física da pessoa corria sério risco no seu país.

        Para que o imigrante seja reconhecido como refugiado, é necessário enviar uma solicitação para o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE). O processo de reconhecimento, que antes era mais burocrático e mais demorado, atualmente é feito no site do Ministério da Justiça, a partir do preenchimento do formulário que pode ser feito ainda no país de origem. Todas as etapas podem ser acompanhadas pela internet, mas para o processo começar a tramitar, o solicitante deverá comparecer pessoalmente a uma unidade da polícia federal. 

        Dentre a população refugiada reconhecida no Brasil, segundo o censo da ACNUR de 2018, a maioria se concentra nas faixas etárias de 30 a 59 anos (41,80%), seguido de pessoas com idade entre 18 a 29 anos (38,58%). Do total, 34% são mulheres e 66% são homens, ressaltando os sírios, os congoleses como nacionalidades em maior quantidade (respectivamente 55% e 21%). 

         Em janeiro de 2020, o Brasil tornou-se o país com maior número de refugiados venezuelanos reconhecidos na América Latina, cerca de 17 mil pessoas se beneficiaram da aplicação facilitada no processo de reconhecimento, segundo a  Agência da ONU para Refugiados. As autoridades brasileiras estimam que cerca de 264 mil venezuelanos vivem atualmente no país. Uma média de 500 venezuelanos continua a atravessar a fronteira com o Brasil todos os dias, principalmente para o estado de Roraima.

         Apesar de em grande quantidade, apenas 215 municípios têm algum tipo de serviço especializado de atenção a essa população. As maiores dificuldades encontradas por pessoas refugiadas são a adaptação com o mercado de trabalho, com o aprendizado do idioma, o preconceito e a xenofobia, educação (muitos possuem diplomas em seus países de origem que não são aceitos aqui no Brasil), moradia e saúde. 

 

Covid-19 e o amparo aos refugiados

 

        Diante de um quadro de crise em escala global, como o que acontece este ano com a pandemia da Covid-19, essa população de migrantes e refugiados, que já se encontram em extrema vulnerabilidade, conta com o apoio de poucas instituições voltadas especialmente para suas necessidades. Este é o caso da Missão Paz, uma instituição filantrópica de apoio e acolhimento a imigrantes e refugiados, com uma das sedes na cidade de São Paulo, como conta o padre Paolo Parise.

        Nascido e criado na Itália, Parise atua desde 2010 na Missão Paz, atualmente como um dos diretores, e explica que esta instituição está ligada a uma congregação da Igreja Católica chamada Scalabrinianos, que atua com imigrantes e refugiados em 34 países do mundo. “Na região do Glicério - município do estado de São Paulo-, a obra se iniciou nos anos 30 e atualmente está presente em Manaus, Rio de Janeiro, Cuiabá, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Foz do Iguaçu, Corumbá e outros lugares.”

        Sua estrutura atual conta com a Casa do Migrante, um abrigo com capacidade de 110 indivíduos que são acolhidos com alimentação, material de higiene pessoal, roupas, aulas de português, acompanhamento de assistentes sociais e apoio psicológico; e o Centro Pastoral e de Mediação dos Migrantes (CPMM) que oferece atendimento e serviços voltados aos imigrantes, quanto aos seguintes temas: documentação e jurídico; trabalho, capacitação e cidadania; saúde; serviço social; família e comunidade. “Além disso, temos a área de pesquisa em parceria com a revista Travessia, que é o Centro de Estudos Migratórios (CEM), uma biblioteca especializada em migração e a WebRadio Migrantes”, completa Pe. Paolo.

Fonte: Site da instituição Missão Paz - Casa do Migrante
Fonte: Site da instituição Missão Paz - Crianças brincam na Casa do Migrante

        De acordo com o diretor, o maior desafio enfrentado pela instituição, durante a pandemia, foi com a saúde dos refugiados, principalmente pela impossibilidade de viver a quarentena isoladamente, já que muitos vivem em ocupações ou em lugares com muitas pessoas concentradas. Ele ainda denunciou que, dentre tantas vítimas da Covid-19 em São Paulo, um dos grupos mais afetados foi o de imigrantes bolivianos, “muitos foram contaminados e muitos morreram”.

        Diante de instabilidades políticas e econômicas, atualmente, sírios e venezuelanos são as principais nacionalidades afetadas que solicitam entrada no país. O que ratifica o Pe. Parise, “Falando pela Missão Paz, se você utiliza o termo ‘refugiados’, o maior grupo neste momento é de venezuelanos, sejam os que foram acolhidos pela missão paz, sejam os que estão entrando no Brasil. E depois encontramos outros grupos como da República Democrática do Congo. Mas se falamos de imigrantes, temos Colombianos, Bolivianos, Paraguaios, Peruanos, Angolanos e de outros países que estão recorrendo ao Brasil.”

        Mesmo com mudanças críticas, no cenário jurídico e político brasileiro, para que esta população seja recebida no país e tenha seus direitos respeitados, ainda não se pode falar em auxílio do governo ou medidas diretas de apoio a refugiados e imigrantes. 

        Paolo relembra a criação de leis que têm beneficiado a população no Brasil. Uma delas é a lei municipal Nº 16.478 de 2016, onde o Prefeito do Município de São Paulo, Fernando Haddad, instituiu a Política Municipal para a População Imigrante que garantia a esses o acesso a direitos sociais e aos serviços públicos, o respeito à diversidade e à interculturalidade, impedia a violação de direitos e fomentava a participação social; e a outra é a lei federal Nº13.445 de 2017, ou a nova Lei de Migração, que substitui o Estatuto do Estrangeiro e define os direitos e deveres do migrante e do visitante, regula a sua entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante.

        A Missão Paz se mantém através de projetos e dinheiro injetado pela congregação da Igreja Católica. “Neste momento, a Missão Paz não recebe apoio financeiro nem do município, nem do estado e nem do Governo Federal”, relata Parise. Durante a pandemia receberam ajuda da sociedade civil, “[A Instituição] Conseguiu muitas doações de pessoas físicas, de instituições, de campanhas, fosse em dinheiro, em cestas básicas ou kits de higiene pessoal”, e com 200 cestas básicas, por mês, da Prefeitura de São Paulo. Também receberam ajuda com testes de COVID em nível municipal. 

         A instituição filantrópica ainda conta com a ajuda de vários parceiros, como explica seu diretor “na área de incidências políticas, por exemplo, nós atuamos com a ONG Conectas Direitos Humanos, temos na área de refugiados um projeto com a ACNUR, estamos preparando outro com a OIM (Organização Internacional para as Migrações) e temos algumas ações com a Cruz Vermelha”. 

        Desde o começo do ano, já atenderam por volta de 7 mil imigrantes e refugiados, e, hoje em dia, tem por volta de 40 pessoas na Casa, o que representa ⅓ da capacidade total. Além disso, entregam de 50 a 60 cestas básicas a refugiados, diariamente, e ao redor de 60 a 70 que vão, por dia, procurar os serviços do CPMM. “Outras ações incluíram a disponibilização de atendimentos online, de aulas de português a atendimentos jurídicos, psicológicos ou serviços sociais, além de ajudar a completar aluguel, água ou luz daqueles que precisam da ajuda da instituiçã”, fala Padre Paolo. 

        Todo esse esforço e dedicação da instituição foi feito, sempre, visando seguir as normas de segurança e as indicações da OMS (Organização Mundial da Saúde). Foram fornecidos a seus funcionários e a população migrante e de refugiados álcool para higienizar as mãos, máscaras e demais equipamentos e serviços de proteção e higiene.

Aventada após decreto, privatização do SUS seria inconstitucional, alerta Cristina Amorim
por
Sara de Oliveira
|
19/11/2020 - 12h

No dia 27 de outubro, o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto - revogado no dia seguinte - autorizando estudos para a realização de parcerias com o setor privado nos atendimentos primários da saúde pública. A proposta de incluir a saúde no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) foi vista como um primeiro passo para uma possível privatização do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Saúde é direito de todos e dever do Estado garantido desde a Constituição brasileira de 1988. Foi para assegurar este direito que foi criado o SUS, que resultou em diminuição de taxas de mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida dos brasileiros. Qualquer pessoa que está no território brasileiro pode ser atendido, em uma política que primeiro presta o serviço, depois pede os documentos. 

Maior sistema público de saúde do mundo, o SUS representa uma vitória da sociedade brasileira por promover a justiça social. Segundo pesquisa divulgada no ano passado pelo IBGE, mais de 70% da população brasileira depende do SUS. 

O sistema é um dos temas de pesquisa da economia da saúde, que trata das relações de produção, distribuição e consumo dos bens de saúde. O complexo produtivo da saúde pode ser dividido em tópicos: fontes pagadoras públicas (SUS) ou privadas (operadoras, seguros saúdes); produtores de bens (indústrias de equipamentos, medicamentos); prestadores de serviços (hospitais e clínicas) e consumidor/paciente/cidadão.

O dinheiro que chega ao SUS vem do fundo público. Existe uma quantidade de impostos que o governo recolhe da população sendo direcionados para as rubricas orçamentárias - educação, segurança, saúde, previdência etc. Este orçamento é votado pelo Parlamento todos os anos. A rubrica orçamental da saúde é a segunda maior - junto com a educação, ficando atrás somente da previdência. O Legislativo tem o poder de escolher a rubrica orçamentária que neste ano é de 9%, porém o Executivo pode segurar este dinheiro, limitando o montante que realmente chega nos hospitais. 

Desde 2016, com a Emenda Constitucional (EC) 95, o dinheiro voltado para a saúde vem diminuindo cada vez mais. O PPI foi criado em 2016 pelo governo Temer, com o objetivo de avaliar e recomendar ao presidente da República projetos que poderiam render parcerias e quais poderiam sofrer desestatização. Papel semelhante havia sido desempenhado pelo Conselho Nacional de Desestatização do governo Fernando Henrique Cardoso.

Logo, este PPI não é algo novo. No estado de São Paulo, durante o governo de Mario Covas (1995-2001), iniciou-se um tipo de controle privado denominado “Organização Social de Saúde”. São instituições sem fins lucrativos, com vasta experiências nos serviços de saúde que gerenciam os equipamentos públicos. Por exemplo, a Unifesp gerencia um hospital de propriedade do governo de São Paulo. Os equipamentos e o dinheiro investido são de responsabilidade do estado de São Paulo e o governo paga um montante para a universidade gerenciar.

A professora de economia da PUC-SP Cristina Amorim pontua: “Saúde é um bem público, e o SUS é um patrimônio da sociedade brasileira. Há privatizações e privatizações. Eu diria que existe uma contradição em termos falar na privatização do SUS. Não deve e não pode. É um direito inviolável [constitucional]”.

A possível “privatização” do SUS passa pela disputa de orçamento, assim como outros serviços públicos. Mas para Cristina, que trabalha na área da economia da saúde há mais de vinte anos, “a saúde privada está muito menos interessada nos serviços do SUS do que pode parecer à primeira vista".

Ela cita como exemplo a atenção básica. "Vender para quem não tem recurso? Vender para quem não tem renda?", questiona a professora. "Sempre há uma tensão entre até onde é o espaço da saúde suplementar e até onde é o da pública", diz Cristina, acrescentando que existe uma disputa por espaço e hegemonia, mas não quanto "as manchetes anunciam".

Ao ser questionada sobre a declaração de Bolsonaro e a rápida revogação do decreto, a professora diz: “Nem deu para ver do que se trava exatamente. Eu li tudo que saiu e tudo o que pude entender é que o Estado usaria do BNDES, sendo ofertado para empresas privadas, e teriam o direito de ofertar algum tipo de serviço para atenção básica. Poderia ser a reforma do posto de saúde, porém foi muito rápido, mal deu tempo de analisar a situação”.

Porém, algo que pôde ser analisado foi a pressão da mídia e da população sobre a atitude do presidente. “A pressão foi evidente, inclusive da assessoria jurídica da Presidência da República, que deve ter falado: ‘Isto é inconstitucional’”, diz Cristina, lembrando o longo histórico de lutas da sociedade brasileira pela saúde pública. 

 

 

Tags:
Prejuízos financeiros e sociais estão entre as consequências enfrentadas por traders que sofrem com a prática compulsiva
por
Carlos E. Kelm
|
18/09/2020 - 12h

Considerado por muitos um tipo de investimento, o chamado Trading provoca dependência e oferece sérios riscos aos operadores. Traders compulsivos recorrem a grupos de apoio em busca de ajuda.

Cursos que prometem ensinar as técnicas necessárias para viver de Trading são amplamente divulgados na internet, assim como os diversos relatos de sucesso. Nos sites das corretoras, o foco está na qualidade e acessibilidade do serviço: “Investir nunca foi tão fácil. Tudo o que você procura em uma incrível e potente plataforma de investimentos, no dispositivo de sua escolha”. A grande variedade de cursos constitui um mercado à parte, mas da codependência também se beneficiam as corretoras.

“As pessoas não tem noção de que isso é uma aposta”, afirma um dos coordenadores de relações públicas dos Jogadores Anônimos, “As pessoas vêm para o Jogadores Anônimos com problema, com essa dificuldade, mas achando que é um investidor, um executivo, e na verdade tá se perdendo” o entrevistado relata que a irmandade conta com membros que são Traders compulsivos.

Um dos membros do Jogadores Anônimos, que não quis se identificar, revela que começou como investidor em 1997 e depois passou para o Day Trading. “É um tipo de aposta, e no meu caso eu não consegui mais largar”, afirma o ex-trader, “Eu fiquei muitos anos ganhando vários dias, depois eu devolvia tudo porque eu queria recuperar o que eu perdi”

“É uma tremenda enganação o que estão fazendo com essas publicidades, é só cursinho pra enrolar os outros”, comenta o empresário, que continua a sua fala com convicção, “As pessoas entram iludidas, achando realmente que vão viver daquilo ali, mas acabam se viciando e perdendo tudo”

Questionado sobre o momento em que decidiu procurar ajuda, o ex-trader responde: “A gente só vai parar no JA quando destrói a vida, eu destruí a minha vida, foram vinte e três anos de patrimônio jogados fora”, num tom de revolta, “Chega num ponto que tu não aguenta mais, é o fundo do poço”

O empresário diz que já não opera mais, e atribui ao Jogadores Anônimos parte de seu progresso. Ele ressalta que já se recuperou financeiramente e conclui com um alerta: “Pra quem tá começando nesse mercado, nem inicie, se não for pra ser um investidor de fato, não inicie”

Maria Paula Magalhães Tavares de Oliveira, doutora em Psicologia Experimental e supervisora do AMJO - Ambulatório de Jogo do Instituto de Psiquiatria da FMUSP, fala sobre o perfil de jogadores compulsivos: “Algumas pessoas tem um perfil mais impulsivo, gostam de se arriscar mais e ficam muito fascinadas pela possibilidade de ganhar”

“Uma coisa é você jogar pra brincar, outra coisa é você entrar com esse olhar de achar que tem sorte, de que vai ganhar, de que é mais esperto, de que vai conseguir de alguma maneira calcular o risco”, esclarece a doutora, “Aí a pessoa começa a se endividar, não se conforma, e cada vez aposta mais alto pra recuperar o que perdeu”

Oliveira alerta sobre o comportamento de negação: “Quem usa a bolça de um jeito patológico vai dizer que não é jogo, que é trabalho, é investimento. A pessoa vai negar, é difícil ela perceber que tá se colocando em risco e colocando seu próprio patrimônio em risco”

A doutora aponta para a importância de falar sobre o problema: “Quanto mais a pessoa consegue pedir ajuda, mais fácil fica de interceder. Pra quem convive com jogador, o primeiro passo é tirar o julgamento moral, e entender que a pessoa precisa de ajuda, tratar como uma questão médica mesmo.

Bruno Cara Giovannetti, economista, pesquisador e professor da Fundação Getúlio Vargas, é um dos autores de um artigo que ganhou destaque em 2019 por concluir que é impossível viver de Day Trading. No artigo “Day Trading for a Living?” os pesquisadores comparam o Day Trade com jogos de azar, mais especificamente a roleta, por apresentarem probabilidades de ganho similares.

Giovannetti esclarece: “Day trade não é investimento porque é uma operação para dar resultado no mesmo dia e a pessoa não investe nenhum dinheiro. Ela simplesmente compra e vende o mesmo ativo durante o dia, tentando comprar a um preço médio menor e vender a um preço médio maior”

Para quem quer melhorar de vida, o economista recomenda primeiramente o trabalho e diz que não faz sentido esperar que a bolsa o substitua. Por outro lado, Giovannetti vê a bolsa como uma ótima opção para quem quer garantir a aposentadoria, com investimentos a longo prazo, prevê retornos de aproximadamente 7% ao ano.

No Brasil, o trading não é regulamentado, logo não é possível investir através de corretoras nacionais. No entanto, para os brasileiros que querem investir no mercado Forex, basta abrir uma conta em uma corretora internacional e começar a operar pela internet.

Tags:
Mesmo com a liberação das academias, personal treiners passam por difícil momento financeiro e tentam encontrar uma forma de fazer dinheiro com o seu trabalho através das redes sociais.
por
Mateus França
|
18/09/2020 - 12h

Cristóvão Aparecido Abreu Ferreira (34) é personal trainer em Vargem Grande Paulista e conta que devido a essa pandemia, chegou a pensar seriamente em trocar de profissão. “Sim, pensei em abrir um negócio próprio e até prestei "vestibular" na Fatec em Gestão de Sistemas de Informação.”

No início da pandemia, Ferreira tentou dar um jeito de continuar com suas aulas. Com isso, teve a ideia de ir à casa de seus alunos, mas seguindo os devidos cuidados. “Levava álcool líquido e uma flanela para a limpeza dos pesos e tanto eu como os alunos utilizávamos máscaras.” Dessa maneira, foi garantindo seu salário. Mas um dos problemas que acabou surgindo, foi o medo de seus alunos. Como a televisão noticiava todo dia, a situação do covid-19 e seus infectados, eles acabavam tendo uma certa desconfiança, mesmo tomando todas as medidas citadas pelo governo.                                                                                                                  

Eu acho que não inibe, mas também acho que devemos voltar as fazer as coisas que fazíamos antes da pandemia, com os cuidados que é pedido pela OMS e seus líderes de governos. Porque a pandemia não vai acabar tão rápido, independente de vacina, também as pessoas devem sim fazer suas atividades, pois a pandemia está afetando muitos, principalmente psicologicamente, só dentro de casa com medo.”

O governo de SP liberou as academias a partir do dia 06 de agosto. Só que tomando as devidas medidas: Só podem funcionar com 30% da capacidade; no máximo 6 horas por dia; são permitidas aulas individuais. Atividades em grupo permanecem suspensas; a entrada deve ser feita com agendamento prévio; haverá restrição nos vestiários: não será permitido o uso de chuveiros; uso obrigatório de máscara de proteção; equipamentos devem ser limpos ao menos 3 vezes ao dia.                                                                                                                                                             

Um método, que estava sendo utilizado até por preparadores físicos de clubes de futebol, é utilizar plataformas online, que consigam transmitir áudio e imagem. Então seria uma aula física online. Mas como sua cidade localiza-se no interior de SP, Ferreira diz que não teve engajamento nessa ideia de aula online. “Não, porque na cidade onde moro a evolução é um pouco mais devagar do que grandes metrópoles que aceitam as evoluções mais rápidas.”                                                                                        

Entre todos esses pontos, um lado que está sendo trabalhado atualmente, devido as condições proporcionadas pelo covid-19, são as redes sociais e a divulgação do trabalho. Numa matéria publicada no site Nexur (https://aplicativonexur.com.br/personal-trainer-x-coronavirus/), foi expostos alguns pontos em que o personal deveria dar mais atenção, nesse período de pandemia.                                                                                                                                                   

Algumas dicas citadas na matéria - Postar Dicas e informações confiáveis; Lives no Instagram; Funil de Grupo Fechado.  A estratégia “Funil de Grupo Fechado” foi uma das mais utilizadas pelos personal treiners, que é basicamente é de oferecer dicas de treinos exclusivos em grupos fechados no Facebook, no Close Friends do Instagram ou em grupos do WhatsApp e Telegram. Dessa forma você ajuda e ainda cresce a sua lista de leads.

 Ferreira diz que se encaixa na maioria deles, porque antes da quarentena, ele já divulgava seu trabalho pelas mídias sociais. “Eu já tinha o costume de divulgar meu trabalho pelo Instagram, que no meu ponto de vista, é a melhor plataforma que está no alcance de todos da sociedade.”

 

 

Tags: