Em São Paulo, a rotina de um motorista de aplicativo revela como o trabalho passou a ser guiado por notificações, cansaço digital e um cotidiano moldado pelo brilho constante do celular
por
Carolina Hernandez
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24/11/2025 - 12h

 

Por Carolina Hernandez 

O celular vibra antes que qualquer clarão toque os prédios da Mooca, e essa vibração curta, metálica e insistente desperta Jonas de um sono leve, como se fosse uma convocação, um chamado que não permite adiamentos. Ele estende a mão ainda no escuro, alcança o aparelho, observa a luz que se espalha pelo quarto e lê a notificação do aplicativo que já anuncia alta demanda, fluxo intenso, oportunidade. Nos últimos anos, aprendeu a acordar assim, preso ao brilho do celular antes mesmo de sentir o chão frio sob os pés. O trabalho começa na tela, e não na rua.

No carro, um sedan prata que carrega o desgaste dos dias longos, Jonas encaixa o celular no suporte. O gesto é tão automático que parece parte do ritual de ligar o motor, como se o carro só funcionasse plenamente depois que o aplicativo estivesse ativo. A tela mostra a cidade em azul e amarelo, um mapa vivo onde cada área fervilha com informações que determinam para onde ele deve ir, quanto irá ganhar, quanto tempo deve esperar. O aplicativo calcula rotas, horários, riscos e recompensas, e Jonas respira fundo antes de seguir, como quem aceita que o destino do dia será guiado por aquele retângulo luminoso.

A primeira corrida aparece em menos de quinze segundos. Ele aceita. O carro avança devagar pelas ruas que ainda não despertaram, e Jonas observa o céu sem forma, as luzes dos postes refletidas no capô, o reflexo da tela pressionando seus olhos desde a madrugada. Logo, o trânsito cresce, e a cidade parece surgir inteira de dentro dos celulares dos próprios motoristas, porque ninguém conduz apenas pelas ruas, todos conduzem pelos mapas, pelas notificações, pelas coordenadas enviadas de longe.

A dependência da tela dita o ritmo. Jonas percebe isso a cada minuto. Ignorar uma notificação pode significar perder corridas, perder pontos, perder visibilidade diante do algoritmo. Ele sabe que o sistema registra cada movimento, cada segundo parado, cada mudança de rota, cada hesitação. Uma espécie de patrão silencioso observa sua velocidade, suas notas, seus cancelamentos, suas escolhas. Não há voz, não há rosto, mas há controle. Ele comenta que antes achava que dirigia para pessoas, e hoje sente que dirige para um conjunto de cálculos invisíveis.

O cansaço começa sempre pelos olhos. A luz azulada se infiltra pelas pálpebras como um grão de areia persistente. Mesmo nos poucos minutos de pausa, ele sente o celular vibrar no bolso, chamando de volta, lembrando que há demandas próximas. A Pesquisa TIC Domicílios mostra que o celular tornou-se o principal dispositivo de acesso à internet para a maioria dos brasileiros, mas, para motoristas de aplicativo, é mais que isso, é ferramenta, ponte, segurança, salário e vigilância. Jonas passa mais tempo olhando para a tela do que para qualquer rosto durante o dia.

Os passageiros entram no carro sempre com pressa, sempre conectados a outra conversa que não está ali. Há estudantes que assistem aulas no banco traseiro, executivos que participam de reuniões por vídeo, mães que equilibram sacolas e chamadas, jovens que respondem mensagens durante trajetos de poucas quadras. O carro se transforma em cápsula de passagens breves, onde cada um leva sua própria tela, e Jonas conduz tantas luzes simultâneas que, às vezes, o interior do carro parece mais iluminado durante a noite do que durante o dia.

Ele já ouviu histórias que não estavam destinadas a ele, conversas que vazavam das telas para o espaço do carro, lágrimas silenciosas de quem lia mensagens difíceis, risadas altas de grupos que relembravam memórias por vídeos compartilhados. Jonas sempre percebe que as pessoas falam menos com ele e mais com seus celulares, que olham menos pela janela e mais para notificações. Nos raros momentos de silêncio, apenas as telas respiram, emitindo luzes diferentes em intervalos variados.

No fim da tarde, quando o corpo já pesa, o aplicativo avisa aumento de demanda. Jonas pensa em parar, mas o aviso insiste, promete ganhos extras, sinaliza movimento crescente. Ele encosta em um posto para comprar um café, tenta alongar as costas, tenta piscar devagar para aliviar a ardência nos olhos. O celular vibra antes da primeira golada. Ele volta para o volante. Recusar seria uma escolha, mas uma escolha com consequências. Descanso e trabalho, na lógica do aplicativo, nunca estão em equilíbrio.

A madrugada avança e a cidade se torna uma paisagem de luzes espaçadas, com corredores vazios e poucos ruídos. Jonas leva um jovem que saiu do trabalho no shopping, e o rapaz passa o trajeto inteiro olhando para o celular enquanto mensagens surgem em sequência. Jonas também observa o seu próprio aparelho, que marca a rota até o destino. O carro segue pelas avenidas escuras com apenas as duas telas iluminando o interior, criando um silêncio que parece suspenso no ar.

Quando chega em casa, Jonas desliga o carro, depois o aplicativo, e por fim o celular, que insiste em vibrar com atualizações e resumos do dia. A sala escura o acolhe em um silêncio que chega a parecer estranho, como se o mundo tivesse diminuído de volume. Ele se recosta no sofá e sente o peso acumulado do dia, não apenas o peso físico, mas o peso da luz constante, da atenção exigida, da vigilância permanente que o acompanha desde o amanhecer. O corpo quer descanso, mas a mente ainda repassa rotas, mensagens, barulhos de notificação que permanecem mesmo após a tela apagar.

Amanhã, muito antes de a luz do sol tocar a janela, o celular irá vibrar novamente, e Jonas atenderá, não por escolha, mas por necessidade. Ainda assim, enquanto respira profundamente, sente uma dúvida surgir devagar, como quem desperta de um sonho longo. Ele se pergunta se ainda guia o carro, se ainda conduz o trajeto, ou se apenas segue o ritmo imposto pela tela que nunca dorme. E essa pergunta, ele sabe, continuará voltando. Porque, na madrugada das grandes cidades, o trabalho e a vida estão cada vez mais presos ao mesmo brilho.

Com o avanço do sistema de pedágio eletrônico nas rodovias paulistas, motoristas vivem a combinação entre fluidez no trânsito e incertezas sobre tarifas, prazos e adaptação ao novo modelo.
por
Inaiá Misnerovicz
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25/11/2025 - 12h

Por Inaiá Misnerovicz

 

Dirigir pelas rodovias da Grande São Paulo já não é mais como antes. Com a chegada do sistema free-flow - o pedágio eletrônico sem cancelas -, muitos motoristas sentem que atravessam uma fronteira invisível: não há mais a cancela para frear o carro, mas também não há a certeza imediata de quanto vão pagar. Para Jerônimo, motorista de carro, morador da zona leste de São Paulo que faz quase todos os dias o trajeto até Guararema a trabalho, essa sensação de fluxo e incerteza convive em cada viagem.

Antes da implantação do free-flow, Jerônimo parava em praças de pedágio, esperava, conferia o valor, calculava se valia a pena seguir por um trecho ou desviar. Hoje, ao cruzar os pórticos da Via Dutra ou de outras rodovias, ele simplesmente segue adiante. Só depois, no no aplicativo, descobre quanto foi cobrado, isso quando ele lembra de conferir a fatura. Para quem tem TAG, o débito cai automaticamente, mas para quem não tem, o sistema registra a placa e envia a cobrança que deve ser paga em até 30 dias, sob pena de multa, como prevê a regulamentação da CCR RioSP.

Esse modelo evita paradas e acelera o tráfego, especialmente nas pistas expressas. Segundo a concessionária Motiva/RioSP, quem trafega pelas marginais da Via Dutra (sem acessar a via expressa) não é tarifado. Mas Jerônimo ressalta que essa economia de tempo nem sempre vem acompanhada de previsibilidade de custo: “só sabendo depois quanto foi cobrado, ainda dependo de consultar o site para ver se registrou todas as passagens”, ele diz. A tarifa depende do horário e do dia da semana, pode variar, e para quem usa TAG há desconto de 5%. 

Para tornar essa transição mais suave, a RioSP intensificou ações de orientação nas margens da rodovia e em pontos públicos de Guarulhos. Na capital, promotores usam realidade virtual para explicar como os pórticos funcionam, há vídeos e atendimentos nos postos de serviço. Mais de 500 pessoas já participaram de eventos para esclarecer dúvidas sobre o funcionamento, formas de pagamento e salto entre pistas expressas e marginais.

As novas tarifas também entraram em vigor recentemente: desde 1º de setembro de 2025, os valores para veículos leves nas praças da Via Dutra foram reajustados pela ANTT, e nos pórticos do free-flow os preços também foram atualizados. No caso das rodovias geridas pela Concessionária Novo Litoral - especificamente a SP-088 (Mogi-Dutra), SP-098 (Mogi-Bertioga) e SP-055 (Padre Manoel da Nóbrega) - os valores por pórtico variam de R$ 0,57 a R$ 6,95 para veículos de passeio, dependendo do trecho.

Essa lógica de cobrança por trecho, sem a presença física de praças, exige do motorista algo além de atenção na pista: exige educação para se entender onde entrou, onde passou e quanto isso custou. Para Jerônimo, isso é mais difícil do que simplesmente parar e pagar. Ele admite que, apesar da melhoria no fluxo, teme que algum pórtico não tenha sido registrado, ou que haja diferença entre o que ele acredita ter passado e o que vai aparecer na fatura.

Além disso, há risco real para quem não paga no prazo. A CCR RioSP adverte que a não quitação da tarifa em até 30 dias configura evasão de pedágio, o que pode gerar infração de trânsito, multa fixada e até pontos na carteira. Para muitos, essa penalidade ainda parece pesada diante da novidade e da complexidade do sistema.

Por outro lado, o free-flow traz ganhos concretos para a mobilidade: ao eliminar paradas bruscas nas praças, reduz o risco de acidentes por frenagem repentina e melhora o desempenho das rodovias. A tecnologia permite modernizar a gestão do tráfego, e os pórticos com sensores garantem identificação precisa por TAG ou leitura de placa. Ainda assim, a transformação não se resume à pista. Ela repercute no cotidiano de quem vive dessa estrada, como Jerônimo, e também na forma como a concessionária se relaciona com os motoristas. A campanha de orientação mostra que há consciência de que nem todos se adaptarão imediatamente. As ações de atendimento por WhatsApp, aplicativo, site, totens e até no posto de serviço reforçam a aposta na transparência. 

Há também a perspectiva de que esse modelo se torne cada vez mais comum. Segundo planejamento de concessões futuras, mais pórticos free-flow poderão ser instalados nas rodovias paulistas até 2030, o que tornaria esse tipo de cobrança mais frequente para usuários regulares da malha estadual. Mas para que ele seja efetivamente equitativo, será preciso manter a educação viária, oferecer canais de pagamento amplos e garantir que os motoristas não sejam penalizados por simples falhas de entendimento.

Para Jerônimo, a estrada continua sendo um espaço de tensão e de liberdade. Ele ganha tempo, mas precisa vigiar sua fatura. Ele cruza Guararema, volta para São Paulo, e vive uma experiência nova: a de rodar e pagar depois, sem parar, mas sempre com a incerteza de que quanto passou pode não ser exatamente quanto será cobrado. A cancela desapareceu, mas o pedágio segue presente, só que disfarçado em números, e não em uma barreira física. 

Colunista Marcelo Leite revela que a área perde cada vez mais influência no país
por
Giovanna Britto
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24/11/2025 - 12h

 

Durante a pandemia de Covid-19, o Brasil se reinventou em assuntos a respeito de hábitos higiênicos, debates sobre saúde mental e destacou a importância do jornalismo científico, área  responsável por comunicar à população a respeito das vacinas, o avanço ao combate do vírus e outros assuntos de saúde pública. Entretanto, três anos após o fim do estado emergencial causado pela pandemia, a falta de adesão do público à ciência tem ameaçado o trabalho dos jornalistas desse segmento.

Entre 2020 e 2022, os profissionais da mídia foram expostos ao desafio de comunicar a incerteza científica, traduzir termos e conscientizar a sociedade sobre a pandemia. Muitos jornalistas já eram especializados na área, outros aprenderam a falar sobre ciência devido a alta demanda de notícias para divulgar. A pandemia serviu como ponto de virada para o jornalismo científico - que já existia no Brasil, mas ganhou repercussão graças à necessidade de dar foco ao assunto que ditou o estilo de vida de um mundo inteiro.

Nomes como Atila Iamarino, Natália Pasternak e Álvaro Pereira Júnior se destacaram como grandes vozes da divulgação do jornalismo de ciência. Em entrevista à AGEMT, Marcelo Leite, jornalista e colunista da Folha de São Paulo especializado na área de ciência e ambiente, comenta sobre esse período: “Nunca se valorizou tanto do ponto de vista de espaço, de tempo, de audiência, a divulgação de informações científicas de base para entender o que estava acontecendo.” Hoje, o espaço de fala e a repercussão em temas científicos são menores, uma vez que as pessoas estão cada vez menos interessadas em saber de que forma isso implica em suas vidas pessoais.

Jornalista Marcelo Leite posando para câmera
Formado em jornalismo pela USP, Marcelo também atuou na Revista Piauí e é autor do livro “Psiconautas: Viagens com a Ciência Psicodélica Brasileira”. Foto: Divulgação/Unicamp.

 

Marcelo relembra que o jornalismo científico já sofria com ameaças à sua credibilidade, com falsos especialistas, médicos sem conduta ética e  com o presidente da época, Jair Bolsonaro, reproduzindo falas que levantavam mais dúvidas e ondas de ódio. “Foi um período terrível, e talvez a parte principal, que me deixa mais frustrado, é que o público se dividiu em dois. Uma parte passou  a desconsiderar as informações que a gente, do jornalismo científico, se esforçava por apresentar como informações objetivas, fundadas em dados, com a qualidade que se espera da ciência ", completa.

Na fase posterior à pandemia, após o declarado fim do período emergencial do coronavírus em 5 de maio de 2023, foi possível observar as consequências e heranças que a abundância de informações equivocadas, negacionistas e falsas deixaram na rede de informação, seja online ou offline. Os movimentos anti vacinas, impulsionados durante o Covid, emitiram um alerta para a Organização Mundial de Saúde. Dados divulgados pelo jornal Humanista da UFRGS evidenciam que a cobertura de vacinas contra poliomielite, HPV e sarampo estão em constante queda e sequer atingem a meta em lugares como Norte e Nordeste. 

No anuário de Vacinas de 2025 da Unicef, os dados indicam que até 14 de julho de 2025, a cobertura vacinal dos grupos prioritários permanecia abaixo da meta de 90%: crianças de seis meses a seis anos com 39,5%, idosos com 53,2% e gestantes com 29,8%, correspondendo a menos da metade do público-alvo.

A questão ambiental também é desconsiderada por muitas pessoas. Marcelo afirma que há muitos temas pelos quais o jornalismo científico lutou pelo progresso e que atualmente são banalizados. “se houve alguma dúvida no passado, há 20, 30 anos atrás, hoje não há mais nenhuma dúvida sobre os impactos que estão vindo e virão da mudança climática, cada vez mais sérios. Mas ainda tem gente que questiona.”

Recentemente, casos de metanol que alertaram a população em outubro deste ano, trouxeram uma onda de informações falsas que prejudicaram profissionais da área jornalística e médica, motivando o pronunciamento deles a respeito. Vídeos tentando realizar testes caseiros para identificar a presença da substância nas bebidas, sem comprovação científica, viralizaram nas redes sociais.

Essa situação se assemelha com as polêmicas envolvendo o uso da cloroquina na pandemia. Um levantamento realizado por pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário da USP (Cepedisa) em colaboração com a Conectas Direitos Humanos, mostra que, entre março de 2020 e janeiro de 2021 houve pelo menos quatro medidas federais promovendo diretamente ou facilitando a prescrição do medicamento. Jair Bolsonaro foi um dos maiores promotores da cloroquina na época e quem motivou o uso para a população. Apesar de ter sido associada no combate ao Covid, a cloroquina é um medicamento que atua contra doenças inflamatórias crônicas e no combate a parasitas e cuja eficácia de uso para o coronavírus não é comprovada.

O estudo que deu início a essa ideia foi inicialmente publicado na revista científica International Journal of Antimicrobial Agents e assinado por mais de 10 profissionais. Hoje, a editora da revista, Elsevier, anunciou a retratação deste artigo após uma pesquisa aprofundada, com o apoio de um “especialista imparcial que atua como consultor independente em ética editorial”.

Os profissionais continuam exercendo seu trabalho com excelência, alguns optando pela mídia tradicional, outros inovando nas redes através de vídeos curtos. Mas é inegável a forma com que o jornalismo científico perdeu a influência e como falta apoio em todas as áreas. “É muito triste, porque eu dediquei minha vida inteira ao jornalismo científico, para ver isso acontecer no fim da minha carreira” conclui o jornalista.

Após sete anos, evento volta ao calendário impulsionado pelo avanço dos carros eletrificados
por
Fábio Pinheiro
Vítor Nhoatto
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22/11/2025 - 12h

O Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, um dos eventos mais tradicionais do setor automotivo brasileiro, está de volta após um hiato de sete anos. A edição de 2025 acontece entre os dias 22 e 30 de novembro, em um contexto de profundas transformações na indústria e impulsionada pela expansão de veículos eletrificados, entrada de novas marcas no país e a necessidade das montadoras de reconectar consumidores às experiências presenciais.

De acordo com a RX Eventos, organizadora da mostra bienal, a volta acontece em razão da reestruturação e aquecimento do mercado. A última edição havia sido realizada em 2018 e contou com cerca de 740 mil visitantes, mas devido a pandemia de COVID-19 o Salão de 2020 foi cancelado. Nos anos seguintes, a volta do evento ficou só na especulação. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes Automotores (Anfavea), a pausa também pode ser atribuída à crise de matéria-prima, à retração econômica deste então e ao formato caro para as montadoras que estavam distantes do público.

Embora as duas últimas edições tenham sido no São Paulo Expo, esta acontece no Complexo do Anhembi, casa oficial do evento desde 1970. A mudança foi celebrada por expositores e pelo público, já que o Anhembi permite maior fluxo de visitantes, oferece áreas amplas para test-drive e atividades externas, recuperando a identidade histórica do salão. O retorno também faz parte da estratégia de reposicionar o evento como uma grande vitrine de experiências automotivas, com pistas, ativações e zonas imersivas distribuídas pelo pavilhão.

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Renault anuncia o seu novo carro “Niagara” - Foto: Fábio Pinheiro

Entre as montadoras que vão expor, estão nomes de peso que apostam na ocasião para apresentar novidades ao consumidor brasileiro. A BYD leva ao Salão uma linha reforçada de elétricos e híbridos, aproveitando o crescimento expressivo da marca no Brasil, além de lançar no evento a marca de luxo do grupo, Denza. A rival chinesa GWM também estará presente, com o facelift do SUV H6, o jipe Tank 700 e a minivam Wey 09.

Em relação às marcas tradicionais, a Stellantis vai em peso para o Anhembi. A Fiat, apesar de não ter apresentado nenhum modelo novo, trará o Abarth 600, um SUV elétrico esportivo. A Peugeot terá os 208 e 2008 eletrificados e, principalmente, o lançamento da nova geração do 3008 para o mercado nacional, equipado com o tradicional motor THP. 

Enquanto isso, a Toyota investe na divulgação de novidades híbridas flex, com a chegada do Yaris Cross para brigar com o recém-lançado HR-V, e os líderes Hyundai Creta e Chevrolet Tracker. Juntas, as marcas representam parte do movimento de transformação do mercado brasileiro, que tem apostado cada vez mais na eletrificação e em tecnologias avançadas para rivalizar com a expansão chinesa.

O Salão 2025 também será palco de novas marcas como a Leapmotor, parte do grupo Stellantis. O SUV C10 será o primeiro modelo a chegar às ruas, ainda neste ano, e conta com a versão elétrica (R$189.990) e com extensor de autonomia (R$199.990). O segundo modelo será e o C-SUV elétrico B10, por R$172.990, 60 mil a menos que o rival BYD Yuan Plus, e mais recheado de tecnologia, como teto panorâmico, nível 2 de condução semi autônoma, câmera de monitoramento do motorista e airbag central.

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Presidente da Stellantis para a América do Sul, Herlander Zola, anunciou os planos para o grupo - Foto: Stellantis / Divulgação

Já a britânica MG Motor, propriedade da chinesa SAIC, investirá em esportividade elétrica, além de custo-benefício. O modelo de maior volume de vendas deve ser o SUV S5, rival de Yaun Plus, e igualmente equipado ao B10. Em seguida, o MG 4 chega para rivalizar com Golf GTI e Corolla GR, com mais de 400 cavalos, tração integral, pacote de ADAS completo, e pela metade do preço dos rivais. Por fim, o Roadster será o chamariz de atenção no estande, com portas de lamborghini e em homenagem à tradição da marca. 

O grupo CAOA também fará a estreia da nova marca que trará ao Brasil a Changan, com a chegada prevista para 2026 com os modelos de super-luxo elétricos Avatr 11 e 12, além do SUV UNI-T, rival do Compass e Corolla Cross. 

O pavilhão do Anhembi contará com pistas de test-drive, áreas dedicadas a modelos clássicos como o McLaren de Senna, e até mesmo uma área do CARDE Museu. No Dream Lounge estarão presentes super carros como Ferrari e Lamborghini, além da Racing Game Zone para os amantes de videogame e simuladores de corrida. 

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Área externa do Anhembi terá pista de slalom, frenagem e test-drive de dezenas de modelos - Foto: Salão do Automóvel / Divulgação

Apesar da ausência de marcas como Chevrolet, Ford, Mercedes, Volvo e Volkswagen, 2520 montadoras estarão presentes, incluindo Chery, Hyundai, Mitsubishi e Renault. O Salão espera receber cerca de 700 mil visitantes e a edição 2027 já está confirmada. Os ingressos custam a partir de R$63 (meia-entrada) nos dias de semana.

Projeto aprovado pelo Congresso libera R$ 22 milhões do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)
por
Helena Barra
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17/11/2025 - 12h

Por Helena Barra

 

No dia 4 de agosto de 2025, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou o Projeto de Lei 847/2025. O plano, aprovado pelo Congresso brasileiro, regulamenta o uso dos recursos do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), liberando o valor de R$ 22 bilhões para investimentos nas áreas da ciência e tecnologia.  O FNDCT é o principal instrumento de financiamento público da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Ele apoia pesquisas científicas, a formação de recursos humanos qualificados, a inovação tecnológica nas empresas, a infraestrutura de pesquisa e o desenvolvimento de projetos estratégicos nacionais.

A professora de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Norma Cristina Brasil Casseb, explica que fundos como o FNDCT possuem legislação própria. No caso do FNDCT, segundo dados da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), os recursos são provenientes de diversas fontes. A composição deles evidencia o importante papel do Estado tanto no direcionamento de incentivos diretos do orçamento público e do tesouro, quanto na garantia de que parte dos lucros obtidos pelas empresas do setor detentor e gerador de tecnologia retorne para a sociedade e permita que ela se desenvolva de forma mais igualitária.

Nas redes sociais, o presidente Lula, afirmou que a medida visa fortalecer a base industrial brasileira. “Com essa medida, vamos fortalecer a inovação nas seis missões da Nova Indústria Brasil e nas Instituições Científicas e Tecnológicas, levando infraestrutura, redes de pesquisa e oportunidades para todos os territórios do país. Investir em pesquisa e inovação é investir no futuro do Brasil”, comentou na divulgação.  Além disso, o projeto também tem como objetivo estimular o emprego qualificado em pesquisa e desenvolvimento, de maneira a ampliar o número de doutores em empresas, startups, parques tecnológicos e instituições de ensino. 

Para Norma Casseb, em um país como o Brasil, com alta desigualdade social e elevada concentração de renda, a liberação deste recurso é importante, não só para a sociedade, mas como para a economia nacional. “Neste contexto, o investimento em tecnologia e inovação, combinado a uma estratégia voltada para a industrialização do país, tem uma alta capacidade de geração de empregos de qualidade especialmente no setor produtivo, permitindo elevação na renda da população e, por consequência, maior expansão econômica”, informa a doutoranda. 

Segundo a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), representante das instituições financeiras de fomento habilitadas a operar os recursos do fundo, a nova lei marca uma mudança de postura em relação ao uso dos fundos públicos voltados à inovação. Ao garantir previsibilidade e autonomia na aplicação dos recursos, o Brasil se alinha a boas práticas internacionais de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. 

Em entrevista à Agência Brasil, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que, apesar de o FNDCT ter sido criado em 1969, o fundo ganhou maior relevância nos governos do presidente Lula, inclusive no atual mandato. De acordo com o governo, nos últimos dois anos, os investimentos em ciência, tecnologia e inovação por meio do FNDCT aumentaram seis vezes. Saíram de R$ 2 bilhões, em 2021, para R$ 12 bilhões, em 2024. A previsão para 2025 é de cerca de R$ 14 bilhões.

A professora também reforça que o investimento em ciência e tecnologia é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. Eles permitem adicionar valor agregado aos produtos brasileiros, além de elevar a produtividade e a competitividade da economia nacional, permitindo que sejam cada vez mais competitivos no comércio internacional.  Além disso, investimentos como o FNDCT podem tornar o País mais que um exportador de produtos de maior valor agregado, mas também um exportador de tecnologia para outros países, que muitas das vezes não possuem capacidade financeira ou de infraestrutura para desenvolverem suas próprias tecnologias.


 

 





 

Emplacar uma careira no mundo artístico nunca foi fácil, mas os aplicativos de streaming revolucionaram o modo como pensar uma carreira nesse mercado e o modo em que os artistas e o público se relacionam.
por
Lidiane Domiciano Miotta
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08/11/2021 - 12h

Por: Lidiane Miotta

A revolução digital impactou de forma gigantes a indústria da música, ainda mais para músicos independentes e iniciantes que tiveram que migrar para serviços de streaming e mídias sociais para conseguir uma maior visibilidade, público e emplacar nessa indústria, que foi uma das que mais sofreu abalos nos últimos anos com a crise sanitária e econômica que estamos enfrentando. Artistas que já tem seus nomes conhecidos e tem apoio de gravadoras conseguiram se adaptar com mais facilidade, explorando lives, publicidades e parcerias com os serviços de streaming, mas para quem ainda está apenas iniciando é diferente, eles têm dificuldade de expandir o seu público e sair da sua bolha.

 

Os músicos independentes têm feito uma alta utilização de serviço digitais de streaming, em uma pesquisa da Associação Brasileira da Música Independente com base em dados de 2019 e 2020 mostra que artistas independentes ocupam mais da metade da lista dos 200 artistas mais ouvidos do Spotify. Entretanto estar apenas na internet e nas plataformas digitais fazem com que esses artistas tenham que se renovar continuamente, passando a ganhar novas preocupações que não estavam no seu cotidiano antes da revolução que os aplicativos de streaming causaram, a necessidade de uma identidade visual que impacte o seu público e que seja atraente a ele é um dos maiores desafios e preocupações que esses músicos têm nos dias de hoje.

 

Capa do Ep O Ciclo, Pt. 1, do cantor o Bakuri
Capa do Ep O Ciclo, Pt. 1, do cantor o Bakuri

O cantor independente Miguel Fernandes, que tem como nome artístico Bakuri, falou de sua relação com a sua identidade visual com como artista independente: “Hoje em dia as redes sociais são indispensáveis para um artista independente, é o meio mais acessível e mais aberto para se divulgar um trabalho. Para mim a identidade visual é a coisa mais importante para qualquer artista, é por meio do visual que seu trabalho vai ser lembrado e continuar na memória de quem vai consumir a arte”

 

O grande problema que esses artistas esbaram é o dinheiro para se manter e investir em seu trabalho, para a maioria deles a única renda vem dos lucros das plataformas de streaming, que costumam pagar em dólar por cada visualização do seu trabalho e se propõem a ser mais justos com os artistas, mas que no caso, por exemplo do Sporty, que representa cerca de 44% do mercado dos aplicativos de streaming e que paga apenas 0,00348 dólares por reprodução, o artista precisaria de cerca de 60 mil ouvintes para conseguir uma renda de um salário mínimo (R$ 1.100).

 

Esse lucro, porém, ainda é muito pequeno e não consegue gerar renda suficiente para a sobrevivência desses artistas e de sua arte, muitos acabam tendo que se dedicar ao seu trabalho como músico de forma paralela a outro trabalho que o dê renda suficiente para sobreviver e pagar suas contas no final do mês, outros não querem abrir mão de sua arte e querem se dedicar somente a ela, esses procuram modos para seu público ajudar com doações e algo parecido com a tradição de passar o chapéu, que é visto em transportes púbicos e nas ruas.

 

Para resolver esse problema e necessidade dos artistas algumas plataformas criaram formas de os perfis dos artistas terem um botão ou link que abre a opção dos ouvintes darem uma gorjeta ao artista, dessa forma essas plataformas uniram os ouvintes e o artista de maneira ainda mais intensa. Outros artistas também recorreram a apps de transferência de dinheiro e sites de doações.

 

O entrevistado Bakuri explicou um pouco da relação que ele tem como cantor independente com as plataformas digitais de streaming e a remuneração recebida: “Como eu sou independente e ainda estou começando, o retorno dos streamings são quase insignificantes, porque a porcentagem do dinheiro que vai para o artista é muito pouca, ainda mais pela questão do dólar estar muito alto no Brasil, isso acaba prejudicando muito o artista que está procurando uma distribuidora. Então, o que me motiva a continuar na música é o amor pelo o que eu faço e a confiança de que meu trabalho é bom o suficiente para chegar em mais pessoas algum dia.”

 

Muitos artistas independentes e iniciantes se tornam pela falta de dinheiro o cantor, produtor e engenheiro de som dos seus projetos. Se torna uma necessidade para eles ter praticamente um estúdio em sua própria casa com seus próprios recursos que fazer com que seu trabalho tenha alta qualidade, mas com bem menos equipamentos e, portanto, menos investimento.

 

“É bastante difícil produzir algo sozinho e com poucos recursos, principalmente porque sempre vem o sentimento de inferioridade e comparação com os artistas maiores, que possuem todos os recursos possíveis para ter algo de qualidade, mas no fim é gratificante ver seu trabalho pronto e feito inteiramente por você”, afirmou Bakuri.

 

Esse modo de fazer tudo com os seus próprios recursos se tornou quase imprescindível para artistas independentes e iniciantes que ainda estão lançando suas carreiras e não tem apoio das gravadoras para divulgação. A opção de um estúdio em casa, de poder administrar a sua carreira sozinho e de lançar suas músicas facilmente por meio das plataformas de streaming, também faz o artista ganhar a sua independência, adquirindo o poder de decisão sobre o seu tempo, sem a pressão de ter que pensar no quanto vai custar o seu tempo dentro do estúdio, e a possibilidade de fazer a sua arte sem qualquer pressão a não ser a de fazer o melhor trabalho para o seu público, tornando o trabalho desses artistas ainda melhor e mais admirável aos olhos dos seus ouvintes.

 

Na busca por um conhecido na internet, é possível ver o quanto da nossa informação pessoal está disponível ao resto do mundo
por
Tomás Furtado dos Santos
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07/11/2021 - 12h

Por Tomás Furtado dos Santos

No dia 3 de Outubro de 2021, Yedidya Bright, 23 anos, morando em Jefferson city, Missouri mandou uma mensagem para um grupo de amigos no Discord onde ele se reunia para jogar jogos de RPG no fim de semana "desculpe gente, não vou poder aparecer hoje, fui chamado para o trabalho... continuem sem mim." O grupo que havia se conhecido no início de Junho estranhou um tanto a mensagem no dia, porém aceitaram a resposta da figura online ao qual nunca tinham visto o rosto. Começando a se preocupar quando a figura que eles conheceram por meio da internet, que permanecia a maior parte do seu tempo online, não respondia mais suas mensagens em ambos os canais abertos e privados do sistema.

Preocupado caso algo mais grave tivesse acontecido, se deu início a um processo de busca frenético pelas nossas redes de informação e socialização, preocupado com o paradeiro desse indivíduo vivendo a um hemisfério de distância ao qual eu mal sabia o nome completo. 

O primeiro passo foi a procura por alguma outra fonte de informação, buscar por qualquer outra rede em que seria possível entrar em contato com ele. Com pouco material disponibilizado pelo Discord, cuja única opção foi voltar atrás, decidindo então procurar pela sua conta no Reddit por mais dados sobre a sua pessoa. Diferente do Facebook ou Instagram, Reddit e Discord não oferecem nenhum resultado de busca a menos que apresentado com o nome exato do usuário, felizmente, ele também mantém uma cópia de todas as postagens do qual essa conta já participou. Foi aí que surgiu alguns indícios, um tanto preocupantes, das últimas postagens do procurado, teclas de acentuação sem sentido em uma série de páginas do qual ele participava, mais abaixo discussões em fóruns de como lidar com tendências depressivas e de automutilação e mais abaixo, uma publicação do período de junho, a próxima deixa para continuar a busca.

Cinco meses atrás, ele responde ao anúncio da compra de uma série de peças de computador,  em sua mensagem, ele afirma que estaria usando esse equipamento para a criação de uma conta no twitch, com esperança de iniciar uma conta de Twitch. De nome idêntico ao da sua conta do Discord "ReadyYeedy" 

Twitch é um site similar ao Youtube, focado na produção de vídeos, porém especializado em gravações ao vivo e geralmente contando com a participação ativa da audiência. Seguindo a conta, é encontrada a notificação em inglês: Nenhum vídeo encontrado. Porém seguindo um link no instagram da conta, é possível ver uma série de Highlights do conteúdo produzido pelo próprio Yedidya, sugerindo que os seus arquivos originais foram apagados em um período de tempo indeterminado.

Do instagram, a lista de seguidores era muito menor, com duas das três contas que o seguiam sendo comerciais, como Yedidya não respondeu por mensagens diretas, surgiu a questão de procurar por uma fonte alternativa, essa sendo a única conta não comercial presente naquela página. Após uma troca de conversas no sistema de mensagens, esse terceiro indivíduo revelou que haviam se conhecido pelo Tinder, aplicativo de namoro, porém nunca haviam se conhecido pessoalmente, com o parceiro eventualmente bloqueando o seu contato algumas semanas depois de terem dado Match. Felizmente o entrevistado provou-se bem cooperativo, oferecendo o nome completo do indivíduo, sua conta de facebook, e até mesmo o seu telefone, que infelizmente, não foi atendido todas as vezes que foi usado, também afirmando que gostaria de se manter atualizado nos resultados da busca.

 Assim, uma pessoa a um hemisfério de distância, por meios inteiramente legais, consegue acesso ao seu nome completo, seu número de telefone, onde ele vive e com quem interage e conhece.Existem jeitos mais fáceis, para quem tem mais recursos, Sites como Truth Finder podem comprar pacotes de dados, com acesso a fichas criminais, contas alternativas e seguros de saúde, seja por um único pedido ou uma inscrição mensal com acesso ilimitado ao portfolio de qualquer cidadãos Estadunidense.

Em um domingo, dia 17 de Outubro, é recebido uma mensagem por Discord da conta de Yedidya Bright, que devido a ventos na sua vida pessoal, acabou se desconectando da internet e de suas mídias sociais. Pedindo desculpas por não ter respondido mas apreciando a iniciativa e todo o processo que foi realizado pela busca por mais informações sobre o seu paradeiro.

A partir desse exercício realizado podemos notar o quanto das nossas informações estão na internet, que seguindo essa trilha de migalhas, é possível extrair muitos detalhes da nossa vida particular e privada, sendo mais uma comodidade disponível no mercado para qualquer interessado.

Equipamento será utilizado para a aplicação de agrotóxicos e afins, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes
por
Gabriel Alves Dutra
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29/11/2021 - 12h

Por Gabriel Dutra

 

     O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) regulamentou, por meio da Portaria n° 298 publicada no Diário Oficial da União, o uso de drones em atividades agropecuárias. A operação de aeronaves remotamente pilotadas (ARP), ou seja, drones, será destinada à aplicação de agrotóxicos e afins, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes.

     Segundo nota do ministério, o objetivo da regulamentação é simplificar os procedimentos e adequar as exigências legais às especificidades da tecnologia, uma vez que as regras estipuladas para as aeronaves tripuladas não se adequam às ARPs. Ainda de acordo com a nota, a segurança operacional deve envolver todo o processo de aplicação, desde o preparo da substância, o monitoramento das condições ambientais e o registro e arquivamento dos dados, de forma que possam ser auditados, sempre que necessário.

     “Esperamos que a normativa traga a segurança jurídica necessária para os operadores, ao mesmo tempo que garanta a harmonização e a segurança das operações e o uso responsável da tecnologia”, afirma Uéllen Lisoski, chefe da Divisão de Aviação Agrícola. “A norma também servirá como um ‘norte’ para a coordenação e a fiscalização das atividades, tanto por parte do Mapa, como por parte dos órgãos estaduais, responsáveis pela fiscalização do uso de agrotóxicos”, complementa.

     Com os avanços tecnológicos, os drones têm ganhado um espaço cada vez maior na agricultura e na pecuária. Sua versatilidade permite o desempenho de diversas funções na fazenda, como o monitoramento mais preciso do desenvolvimento da lavoura, a demarcação da área de plantio e a aplicação de produtos químicos para a solução de problemas ou cultivo da plantação. Além disso, o uso de drones no agronegócio reduz custos e aumenta a produtividade, colaborando fortemente para o trabalho de todos que fazem parte desse setor.

     Todavia, esse tipo de tecnologia pode trazer grandes prejuízos para as pessoas e para o planeta. Isso porque muitas das substâncias químicas despejadas nos campos são consideradas tóxicas para a saúde humana e altamente perigosas para o meio ambiente. Esses agrotóxicos são cada vez mais utilizados para que se possa produzir alimentos em larga escala e durante todo o ano, de acordo com agrônomos. Apesar disso, ambientalistas afirmam que o produto químico muda a naturalidade do ecossistema de onde ele é aplicado, além da má utilização do veneno poder ser responsável pela morte de abelhas, insetos importantes para garantir a polinização das plantas, que é um processo fundamental no ciclo da agricultura.

     Para o ser humano, os riscos são grandes e podem ocasionar graves problemas. As mortes e intoxicações pelo uso desses produtos estão se tornando um problema cada vez mais frequente. Pesquisas apontam que mais de 200 mil mortes por ano ocorrem no mundo em virtude de problemas gerados pelo uso de agrotóxicos, sendo que a maioria ocorre em países em desenvolvimento. No Brasil, 40 mil casos de intoxicação por agrotóxicos foram registrados em uma década.

     De fato, a utilização de drones no agronegócio pode trazer inúmeros benefícios para os profissionais da área, mas também pode ser prejudicial para a sociedade e para o mundo inteiro. Trata-se muito mais de um problema na maneira como o drone é utilizado do que propriamente no equipamento. Agora, resta saber de que modo esses aparelhos passarão a ser utilizados após a regulamentação.

Em entrevista à AGEMT, médico sanitarista se preocupa com o recuo na adesão aos imunizantes do PNI e cobra mais ações públicas
por
Daniel Seiti
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05/11/2021 - 12h

Por Daniel Seiti

24 de outubro foi o Dia Mundial de Combate à Poliomielite. Causada pela transmissão do Poliovírus, a doença foi erradicada no Brasil em 1989 por meio de uma campanha nacional de vacinação eficaz – incluindo o imunizante ao PNI (Programa Nacional de Imunização) – fato que resultou na adesão em massa da população à vacina. Entretanto, a sequência recente de quedas anuais na taxa de imunização dos brasileiros chama atenção de especialistas, que temem o desencadeamento de um novo surto da doença no País.

Levantamento do Ministério da Saúde aponta que, entre os anos de 2015 e 2020, houve uma redução no número da população vacinada. De acordo com dados divulgados pela Pasta, nesse período, o índice de imunizações contra a poliomielite caiu de 97% para 76%. O valor não atinge o mínimo recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que orienta a taxa de imunização deve permanecer em 95%.

Esse recuo soa um alerta para especialistas, que temem a volta de doenças controladas ou erradicadas pelos imunizantes, como a poliomielite - a possibilidade de situação semelhante a volta do sarampo, que havia sido erradicado e, com a queda nas taxas vacinais, voltou a ter casos registrados no Brasil em 2019. Em entrevista à AGEMT, o médico sanitarista e ex-presidente da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Gonzalo Vecina, expõe os riscos que essa queda pode desencadear.

“Temos que lembrar sempre que a vacinação não é um ato individual, mas um ato coletivo. Não adianta proteger somente alguns se todos não se protegerem, porque haverá a circulação do agente causal daquela doença e isso poderá acometer a todos. A nossa preocupação é que, como o vírus da paralisia infantil ainda circula no nosso meio, podemos ter o reaparecimento de casos. Isso precisa ser devidamente difundido e o que em faltado são campanhas de vacinação”, explica o médico sanitarista.

Gonzalo Vecina em entrevista à AGEMT
Dr. Gonzalo Vecina em entrevista à AGEMT

A diminuição na cobertura vacinal entre os brasileiros se estende a todas as integrantes do PNI. A BCG, contra a tuberculose, chegou a 73,8%, a menor cobertura em 27 anos, enquanto a tríplice viral, contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, caiu para 79%, um decréscimo de 33 pontos percentuais nos últimos seis anos.

Para Vecina, a diminuição do número de vacinados no Brasil não é afetada principalmente por movimentos negacionistas – como acontece nos Estados Unidos e em certos países europeus –, mas pela falta de incentivos e estratégias governamentais.

“A vacinação é uma atividade desenvolvida pela estrutura pública de saúde e que no Brasil é responsabilidade do PNI. Na minha opinião, no atual momento, nós temos uma desmobilização do Ministério da Saúde que não conseguiu ser substituída por estados e municípios – os estados têm a responsabilidade da logística e os municípios da aplicação das vacinas”, pondera.

De acordo com o sanitarista, entre incentivos financeiros, restrições e até a possibilidade da implementação de um passaporte de vacinas do PNI, o fortalecimento de campanhas públicas de vacinação segue como a melhor solução para incentivar a população a se proteger e aumentar as taxas de imunização para índices adequados.

“Existem diferentes formas de incentivarmos a vacinação e elas devem ser utilizadas. No Bolsa Família, por exemplo, o adulto só pode receber o benefício se o filho dele está com a carteira de vacinação em dia. A permissão da matrícula escolar acontece somente para crianças imunizadas. Mas ainda acho que o componente mais importante em um plano nacional de imunizações é a presença do Estado. Nesse momento, no governo Bolsonaro, o Estado se retirou do PNI”, afirma.

Novas tecnologias criam consumo de conteúdos nunca antes vistos mudando o perfil do consumidor e da plataforma.
por |
05/11/2021 - 12h

Por Gabriel Aragão

Os avanços tecnológicos possibilitam novas formas de comunicação que, por sua vez, devem sempre se reinventar. Especialmente a publicidade, área da comunicação cujo principal objetivo é sempre chamar atenção, atrair o público para algo que está tentando ser vendido e, consequentemente, vencer a competição.

Para manter a criatividade que as marcas necessitam para seguirem nos mercados de consumo a tecnologia se torna fundamental para as agências de propaganda, como detalha Luiz Fernando Musa, o chefe executivo do Grupo Ogilvy Brasil. Saber como utilizar dados pessoais (os ativos digitais) para a criação de experiências é o principal foco, afinal os dados facilitam a análise de competição.

Com isso, é possível dizer que quanto melhor for a gestão de dados por uma agência, melhor será seu desempenho. Segundo Musa, para uma melhor utilização desses ativos digitais, é importante que os departamentos estejam integrados. "Quando falamos de departamentos, esses são todos que fazem parte de uma peça publicitária, desde Planejamento, Criação, Mídia, BI (Business Intelligence na tradução literal, Inteligência de Negócios) e Social/Content (Conteúdo)", explica.

Considerando, portanto, a importância dos dados, a tecnologia se faz presente atualmente na publicidade através de serviços da Web e da interface de programação de aplicações (conjunto de padrões de programação de aplicativos). Como afirma Musa: “a evolução da propaganda passa por nossos canais e entregas de IoT (Internet of Things, ou Internet das Coisas) e muita IA (Inteligência Artificial)”. Vale enfatizar, IA aparece como forma de otimizar as campanhas.

Musa ressalta ainda que entende como fundamental a mudança de cultura dentro das agências para, justamente, a maior utilização de novas tecnologias. O avanço tecnológico ultrapassa a própria criação de uma peça publicitária em si. O consumidor passou a ter uma enorme variedade de formas para se entreter e informar, qualquer que seja seu propósito. Não depende mais somente de jornais ou revistas impressas, rádio ou televisão. O consumo nos celulares e computadores afeta diretamente o pensamento das marcas de como investir e das agências contratadas na forma de se comunicar em cada plataforma. “A penetração de 90% de celular/smartphones no Brasil expõe este fato, consumindo suas marcas nas redes sociais, conteúdos exclusivos em plataformas de streaming e podcasts. Você tem que projetar a construção de uma marca para diversos canais, cada qual tem seus valores de entrega e posicionamento, para diferentes alvos em diferentes pontos de contato”, considera.

As próprias plataformas tão diferentes obrigam as marcas a pensarem em onde e como investir, já que na Internet, por exemplo, existem formas diferentes de consumir conteúdo. Seja streaming de séries ou filmes, seja vídeos curtos, seja pay-per-view, cada qual tem sua maneira de vender espaço de propaganda. Pensando em como vender e comprar espaço, além de como fazer, a publicidade como área da comunicação tem sua evolução firmemente ligada com a tecnologia e suas inovações, explorando suas novas possibilidades.