Por Clara Maia de Castro Ribeiro
Com o desenvolvimento da tecnologia nos últimos trinta anos, a vida cotidiana, rotina e trabalho sofreram grandes transformações. Em todos os âmbitos, a informática se faz presente. Durante o período de pandemia, os ambientes "escolar" e "profissional" mudaram para sempre. O ensino à distância, obrigou professores e alunos a se adaptarem a um novo programa, como as vídeo aulas e materiais digitais.
Já no ambiente profissional, o termo “Home-Office” - usar a própria casa como escritório - ganhou popularidade e adesão no mercado de trabalho. Os gastos com escritórios diminuíram, como aluguel, contas e despesas e se fez presente no lar de cada funcionário.

Existem vários pontos positivos nesse sistema como a flexibilidade de horários, - afinal é possível organizar seu tempo e realizar suas tarefas no momento em que se sente mais concentrado - a comodidade, - não é preciso se deslocar até a empresa, utilizar transportes públicos ou gastar horas e mais horas em um engarrafamento - a qualidade de vida, - com todo o tempo economizado no deslocamento e no horário de almoço, o funcionário pode aproveitar para melhorar a própria qualidade de vida, que é um fator essencial para ter uma boa produtividade. Praticar esportes, passear, passar mais tempo com a família, participar da vida de seus filhos, estudar outros idiomas, tudo isso pode ser conciliado de uma melhor forma trabalhando em casa - e na economia, seja para o empregador, seja para o empregado - é um fator importante nesta modalidade de trabalho. Diversos gastos podem ser drasticamente reduzidos, sendo eles: manutenção do ponto comercial, alimentação em restaurantes, transporte etc.

Mas existem também desvantagens nesse sistema. Há a possibilidade de excesso na carga horária, indefinição de horários de trabalho e lazer, se não houver planejamento e disciplina, falta de atualização profissional em processos gerenciais, - mais distante da equipe, é preciso cuidar para que as trocas de experiências continuem acontecendo - entre outras.

A estudante de relações públicas da Faculdade Cásper Líbero, Júlia Moreira, de 19 anos relata como é sua rotina de trabalho em seu estágio com o modelo híbrido (dois dias em Home-Office e três de forma presencial); “Modelo hibrido é o melhor dos mundo na minha opinião, vejo minhas amigas trabalhando só no em casa e elas acabam não criando tantos laços ou tendo conexões profundas com suas colegas de trabalho, porém elas têm a comodidade de estar em casa, esse é um dos pontos positivos e é inegável que ele funciona dado a funcionalidade que ele teve na pandemia".
Moreira acredita que o modelo 100% presencial têm desvantagens, "querendo ou não, vir presencialmente todos os dias cansa pelo o motivo de deslocação, o tempo gasto no trânsito ou no transporte público é muito cansativo" e acrescenta "na minha rotina ter o dia para trabalhar em casa é essencial para eu continuar a minha semana".
A estudante por mais de defender a ideia de Home-Office, acredita que o modelo presencial é importante para criar um bom ambiente social e preparado para os desafios do mercado de trabalho "Hoje a maioria das minhas reuniões com os clientes são online, independente se eu estou no escritório ou não, e quase todas as minhas demandas eu consigo fazer pelo computador, então o presencial se tornou mais um espaço de troca mais intimo e um lugar que tenho mais liberdade de falar com os meus superiores, coisas que não conseguimos fazer no Home-Office por ser um ambiente mais objetivo", explica.
Ambos os modelos de trabalho são importantes, pois formam o equilíbrio entre tecnologia e relacionamento interpessoal. Pós pandemia muitas empresas entenderam que para funcionários bons e competentes a saúde mental e física devem ser cuidados, portanto o a carga híbrida é tão utilizada.
Por Ana Beatriz de Souza Assis
“É complicado porque, a gente doa tanto tempo para eles com esses testes, e a maioria das empresas não faz o mesmo, não se dão ao trabalho nem de falar que não passamos” Caio da Silva de 21 anos, estudante de Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal do ABC, viveu dois anos procurando um estágio. Relatou de modo cabisbaixo que passou por incontáveis processos seletivos, sendo a maioria por plataformas de recrutamento.
Ele passava a maior parte de seu dia na frente do computador, estudando e enviando currículos. Mesmo fazendo seu melhor dentro de sua realidade, se sentia improdutivo por não trazer renda para casa, sua autoconfiança não era mais a mesma, por conta das negativas injustificadas na hora da procura por emprego. Não era muito de sair, pois, não tinha dinheiro para bancar as saídas com os colegas.
“No final, você nem sabe porque não passou” Caio diz que esse é o principal erro das plataformas de captação de perfis – Não dar um feedback apropriado. “Na minha área, não consigo entrar para o mercado de trabalho sem passar por um estágio. É angustiante saber que o tempo está passando e você não consegue nada”. Ele ainda acrescenta que sua autoestima foi afetada diretamente durante esses dois anos, já que, precisava se encaixar nos moldes que essas plataformas exigiam de forma, segundo ele, “discreta” para seguir no processo.
As plataformas
Isabel Alves, analista de recrutamento e seleção, utilizava da plataforma GUPY para auxiliar na contratação em sua última empresa. “A Gupy trata de todo o processo de recrutamento e seleção da pessoa candidata, levando até a fase admissional. Ela nos auxilia a movimentar e a adicionar as pessoas candidatas à fases específicas do processo, bem como o envio de feedback”. A profissional cita que a plataforma agiliza todo o processo de contratar um novo funcionário, é de fácil manuseio e cadastro, sendo uma ótima ferramenta para visualizar todas as etapas do processo.


Ao ser questionada sobre a queixa de falta de feedbacks e outras insatisfações, Isabel revela que todas as etapas são de reponsabilidade da recrutadora. “Todas as etapas são “manuais”, ou seja, estão sob controle da pessoa recrutadora ou gestora do processo. A fase de testes também é responsabilidade dela, a duração de testes é também é designada pela pessoa “dona”. A escolha ou não de dar um retorno, vem do gestor do processo.


Isabel ainda adiciona que existem testes “padrões” feitos para alinhar o perfil dos candidatos ao da empresa, o que ela chama de “match”, são considerados variáveis como experiências, perfil, formação e resultados dos testes utilizados.
A procura pelo "match"
Segundo investigação de Ianaira Neves, do Intercept Brasil, não são só esses parâmetros utilizados para promover um perfil dentro da plataforma. Ouvindo ex-funcionários de empresas que utilizam da ferramenta foi descoberto outros critérios que eram usados: “formação e localização, perfil e cultura e até interesses. Há também os critérios de idade (quanto mais novo o candidato, melhor a nota, segundo ex-funcionários), tempo de formação (quanto mais recente a formatura, maior a sua pontuação) e moradia (quanto mais próximo da sede, maior sua chance).”
Além disso, ainda foi descoberto que o algoritmo da Gupy rebaixa notas de mulheres em comparação a de homens quando candidatados para a mesma vaga. Alunos de universidade com maiores notas no MEC tem vantagens acima daqueles que frequentam universidades mais populares.


Ainda assim, essas plataformas são rentáveis para as grandes empresas. Segundo dados da Rocketmat, foi reduzido em 73% o tempo médio de triagem em processos seletivos e ainda, segundo eles, asseguram que as ferramentas entregam 75% de acerto no algoritmo de escolha do candidato, o chamado "match".
Thiago Cabral, 21 anos, sofre de ansiedade há cerca de um ano, acredita que foi fruto dos seus meses a procura de um emprego. “ Eu passava muito tempo fazendo testes e mais testes. Teve um que fiz na Cia (Cia de Talentos) que tinha um cronômetro em tempo real em cima da página. Me sentia no Enem de novo.” Ele cita que em um momento, deixou de preencher seu perfil com sinceridade, mentindo para se encaixar nos “matchs” que as empresas procuravam. “Eu só queria que pelo menos vissem meu currículo, sem eu ter que responder mil perguntas sem sentido” O assistente administrativo, não conseguiu seu cargo atual via plataforma, e sim, pelo modo tradicional, diz não ser adepto ao novo modelo de contratação.



Falta de humanização

Mariana Rodrigues, consultora de projetos e pesquisas, possui mestrado e duas pós graduações, mas, ainda assim, sofreu com os cortes robóticos das plataformas. “Acho essas plataformas super desumanas. Eu sou una pessoa super preparada. Já tentei inúmeras vezes entrar em seleções para cargos de docência, que já atuo há anos nunca sou chamada, mesmo para dentro da minha área.” A consultora cita que essas plataformas usam de métricas e palavras chaves para continuar com um processo. “As empresas estão perdendo profissionais incríveis ao usar essas plataformas. Uma pena”, conta.
Isabel, diz que a falta de contato humano é algo que a plataformas deixam a desejar. Desabafou que se pelo menos tivesse uma ligação ou um bate papo entre as etapas, já ajudaria muito. “Depende da complexidade da vaga…. Por exemplo: vagas mais “fáceis” como assistente administrativo e consultor de vendas são finalizadas rapidamente. (cerca de 05 a 15 dias no máximo). Agora, vagas mais complexas (um grande exemplo é T.I) é um tanto mais demorado (20 a 40 dias).” Explica a profissional ao ser questionada sobre a duração dos testes.
“Olha, eu prefiro nem falar o nome da empresa, mas, ano passado (2021), já fiquei cerca de 6 meses dentro de um processo seletivo, só esperando as devolutivas” declara Caio da silva. Com seu celular, ele me mostra o o histórico do processo seletivo, que já foi finalizado, porém com uma duração extensa de meio ano. “ Eu fiz todos aqueles testes chatos, e demorou mais de dois meses para ir para outras etapas. Mandei vídeo de apresentação, fiz redação, cheguei a fazer entrevista com três gestores." Caio disse que estava nutrindo esperanças pela vaga, que chegou até a escolher entre três áreas para trabalhar. “ Falaram que me dariam a resposta em setembro, foram só me responder em dezembro”
Ferramenta de corte em massa

Bruno Duarte, é consultor de serviços na área da Saúde, diz já ter passado por "perrengues" na procura de emprego via plataforma: “Eu cheguei a enviar mais de 200 currículos e não tive resposta de nenhum” Ele diz que é questão de sorte você chegar a falar com alguém, e que acaba se contentando com respostas automáticas enviadas para todos. “Elas dão a sensação que você está falando com um robô a todo momento e que ninguém na realidade está avaliando o seu currículo.”
Depois de dois anos, Caio enfim conseguiu seu emprego, ironicamente ou não, via plataforma de recrutamento. “Não acredito que a Cia de Talentos facilitou meu lado, pelo contrário, só deixou tudo mais pesado” Caio, foi diagnosticado com ansiedade e assim como Thiago, acredita que um dos gatilhos principais foi a procura por emprego. “Eles utilizam de perímetros inalcançáveis como corte, e tenho certeza que as pessoas mentem dentro do processo, por isso não acredito que seja de todo eficaz”
O agora emprego, diz ter passado por testes de inglês, lógica, português, jogos e teste de Excel para depois ser chamado para entrevista, “ Eu basicamente me condicionei aos padrões da plataforma” Ele ainda conclui que, no dia-a-dia da empresa, não exigem nem metade do que lhe exigiram para passar no processo. “Fico muito feliz de ter conseguido meu emprego, mas, o que esse processo me fez passar, não desejo para ninguém. Só espero que no futuro, o contato humano não seja visto com tanta desfeita como hoje”.
Por Laura Melo de Carvalho
“Na primeira hora de efeito meu coração já estava acelerado, as luzes ganharam tonalidades diferentes e um brilho forte, todo o espaço à nossa volta de repente parecia muito maior do que antes, senti a energia fluindo entre minha pele e o som., os galhos no topo das árvores pareciam criar novos ramos, se multiplicando sem nenhuma explicação, as raízes no chão se multiplicavam em novas ramificações, os desenhos psicodélicos agora se mexiam e alteraram sua forma e tamanho. Senti uma sensação de compaixão, êxtase e alegria que nunca havia sentido antes, podia ver as árvores respirarem, sentia como se estivessem conectadas à nós de alguma forma, na verdade podia sentir como se todos estivéssemos conectados”, detalha Vinícius Morgado sobre sua primeira viagem bem sucedida de LSD.
A palavra psicodélico trata de um neologismo, resultante da junção de psique, mente, e delos, digamos que visão. O termo psicodelia sintetiza a ideia de manifestação da “revelação do espírito”, e psicodélico é o que torna visível a alma, sintetizando tudo que Vinícius vivenciou na sua experiência com alucinógenos.
Apesar de ser um assunto delicado e que envolve muito preconceito e processos burocráticos, nos últimos tempos, estudos que comprovam a eficácia do uso de drogas alucinógenas, em sua maioria ilícitas, no tratamento de doenças neurológicas e distúrbios mentais, têm movimentado a comunidade científica, que vem recebendo investimentos de até 17 milhões de dólares para as pesquisas na área.
Como explica Torsten Passie, pesquisador da farmacologia do LSD, a farmacologia do semi sintético ainda é complicada e um pouco desconhecida, mas garante que não deixa efeitos duradouros no cérebro ou em outras partes do corpo, sendo muito raro casos de overdose, sem casos relatados de morte com overdose do ácido até hoje, além de ser uma droga que não causa dependência. Após mínimos casos de overdose com a droga, pesquisadores e terapeutas identificaram efeitos positivos do alucinógeno nos pacientes, que até então sofriam de transtornos psicológicos, mas que tiveram seus quadros amenizados após a trip.
De acordo com um relato de Lily, trabalhadora do Vale do Silício que teve seu nome ocultado, “se o LSD for consumido em pequenas doses, cerca de um décimo do que seria uma dose “normal”, seus efeitos são bem diferentes do que se espera dessa substância: pessoas que experimentaram essas micro doses garantem que a droga aumenta a concentração e a capacidade, além de reduzir a ansiedade. Além dessas vantagens, o LSD melhora a comunicação interpessoal, aumentando a empatia de quem usa.” Diante disso, no Vale do Silício as experiências com o alucinógeno tem se tornado uma forma de alcançar o maior rendimento no trabalho, virando uma nova tendência entre seus colegas de trabalho.
Sobre o funcionamento do LSD no sistema nervoso, o neurocientista Júlio Santos explica, “O LSD, é uma droga que age diretamente no sistema nervoso central, quando ingerida pelo indivíduo, mimetiza o neurotransmissor serotonina - molécula responsável pela comunicação *entre os neurônios relacionada ao nosso humor e bem-estar - com quem compete ativamente pelo mesmo receptor - 5-HT2A, promove inibição desses receptores e, dessa forma, altera a forma como o cérebro interpreta a realidade, causando alucinações, delírios e ilusões da realidade.”
Portanto, o uso do LSD e outras drogas mais fortes, que são diferentes da Cannabis, em tratamentos de transtornos e doenças psicológicas ainda é muito desconhecido e pouco frequente, muito pelas poucas informações sobre a droga e seus efeitos, e o preconceito que envolve o uso do LSD dentro da sociedade e da comunidade científica, apesar de parecer ter um grande potencial medicinal, ainda não conhecido.
Por Isadora Verardo
Dia 11 de agosto de 2022. Largo São Francisco, centro de São Paulo. Manifestação em defesa do Estado Democrático de Direito, após diversos ataques do atual presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre o sistema eleitoral e as instituições legítimas do país. Lotado. Ver as ruas estreitas do centro da capital tomadas por pessoas, que se uniram e se mobilizaram em prol daquilo que demoramos anos para conquistar: a democracia. Um ponto me chamou a atenção: a quantidade de pessoas mais velhas, que provavelmente viveram a ditadura e a redemocratização do Brasil era muito grande. Onde estavam os jovens?
“É delicado olhar o presente com os olhos do passado no sentido comparativo” - afirma Maria Luiza Nogueira, estudante de Relações Públicas da ECA-USP e militante do coletivo Afronte, quando questionada sobre as diferenças do ativismo no passado e no presente. Retomando um pouco historicamente, durante os anos de chumbo, a conjuntura política e social do Brasil era completamente distinta dos dias atuais. O contexto era de Guerra Fria, ditadura militar, repressão, além de um país extremamente polarizado, e a militância era condizente com o momento político. O historiador Alcyr, ativista do movimento estudantil durante o período militar enfatiza que “Quando a gente entrava para a luta, a gente tinha a consciência de que a coisa poderia pegar e você poderia morrer, porque eles matavam mesmo. Então quando a gente ia para a militância, nós também não éramos santos, partíamos para a pancada, para a agressão.”
“Às vezes, tenho a impressão de que, quando estou perto de jovens, existe a noção de que a maneira de promover a mudança é julgar as outras pessoas o máximo possível e que isso é suficiente. Isso não é ativismo, isso não está gerando mudanças. Se tudo o que você faz é atirar pedras, provavelmente não irá muito longe.” declarou o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em coletiva de imprensa. É interessante ver como tudo é inerente aos caminhos e a suposta “evolução” da humanidade. Por mais que atualmente exista uma enorme capacidade e rapidez para veicular notícias - muito maior do que durante o período militar - as capas dos jornais contra-hegemônicos foram substituídas por rasos depoimentos no Twitter, escancarando um enganoso ativismo político da juventude. É injusto afirmar que no passado as lutas eram realmente combativas e nos tempos atuais deixaram de ser, entretanto é inegável a comodidade que a sociedade encontrou atrás das telas dos celulares e da crença de que fazer oposição é uma tarefa simples, assim como postar uma foto nos stories do Instagram.
Quando perguntado sobre as diferenças entre a militância do passado e do presente, Alcyr afirma que atualmente o ativismo está muito devagar “Existe uma indústria de desinformação, hoje as fontes vem das redes sociais, e com ela vem tudo que é bom e tudo que é ruim também. As fake news prejudicaram esse acesso à informação, então hoje a militância está muito comprometida, e feita de uma forma muito precária.” O historiador complementa que, quando era militante pelo movimento estudantil em 1977, a oposição era mais sólida e combativa: “A gente lutava e partia para o corpo a corpo, muitos queriam fazer uma reforma agrária, ir para o campo, imitar os movimentos de Fidel Castro, a guerrilha urbana.”
Em contrapartida, Maria Luiza assegura que hoje a juventude, principalmente com o advento das redes sociais, com mobilizações, tendências mundiais, vêm se organizando e protagonizando lutas em várias esferas. “Eu acredito que esse setor segue protagonizando uma série de ações sociais no Brasil e no mundo inteiro, mas de formas diferentes. Acho que durante a ditadura militar foi construído o que é uma herança, inclusive para a juventude brasileira que é o próprio movimento estudantil, que também cumpriu um papel muito importante nesses últimos tempos.” As tecnologias trouxeram uma mobilidade muito grande, uma capacidade de alcance invejável. Com um clique é possível engajar um milhão de pessoas, jovens que estão constantemente conectados. Mesmo com as diferenças, principalmente na conjuntura política e social do Brasil nos dois períodos, é necessário abordar a comodidade que as redes sociais trouxe para a militância.
Basta ligar a TV para ver o grande engajamento da juventude em movimentos, principalmente pelo clima. O ativismo climático tornou-se pauta da geração atual, e é inegável o protagonismo dos jovens. Ativistas como Greta Thunberg – a adolescente sueca que criou o movimento Fridays for Future e se tornou o maior símbolo do ativismo de sua geração – usam suas vozes para protestar e exigir das lideranças globais ações para combater a crise climática e garantir o futuro do planeta. “O tema que é mais atual que nunca, das mudanças climáticas ao racismo ambiental, do combate ao colapso ambiental, também tem uma cara muito jovem no Brasil e no mundo inteiro”, acrescenta Malu.
Fica claro o abismo que existe entre opiniões, dados, tempo e espaço. Falar sobre a geração que cresceu em meio a tecnologia, e relacionar as consequências dessa (re)volução com os anos de chumbo é uma tarefa, no mínimo, delicada. A estudante afirma que “As redes sociais não são o suficiente, não substituem o corpo a corpo, o dia a dia e o cotidiano que é necessário para qualquer tipo de construção de ativismo.” O que as tecnologias trouxeram é impressionante, fascinante. Mas nada é capaz de substituir o olho no olho, a troca, as conexões. E isso se aplica em todos os âmbitos da sociedade, desde relações pessoais até as relações com o mundo, com a militância, a luta por direitos. Alcyr finaliza com a pergunta “O que é ativismo com a tecnologia? Hoje eu enxergo uma terra de ninguém” - responde o historiador.
Por Henrique Baptista Martin
A educação é um dos pilares mais importantes na construção de uma sociedade.Além de ser um direito imprescindível, é uma chave para criar cidadãos mais críticos, conscientes e participativos em relação aos seus direitos e deveres. No Brasil, a taxa de abandono escolar vinha apresentando queda desde 2010. Em 2020, cerca de 2,6% dos alunos matriculados no ensino médio das redes estaduais de ensino abandonaram a escola. Em 2021, esse número mais que dobra: chegando a 5,8%, um pouco acima da taxa de abandono de 2019 (5,5%).
Sim, após a pandemia e “obrigatoriedade” instantânea de adaptação tecnológica, esses números vem subindo, mas não deveria ser ao contrário? Bem, isso simplesmente não aconteceu e os alunos ficaram sem aulas como no caso de muitas escolas da rede pública, e mesmo quando feito foi realizado de uma forma muito negativa, simplesmente transmitir uma aula sem qualquer tipo de interação como foi feito não tem nada de adaptação tecnológica.
Para esclarecer alguns pontos e contar também um pouco o lado do educador convidamos o professor Edson Ciotti, que já exerce sua profissão há mais de 15 anos e é um apoiador do uso tecnológico nas salas de aula. Quando perguntado sobre o período pândemico e a relação professor-aluno na classe, Edson ressalta que: “O professor precisou se reinventar para fazer aulas 100% virtuais. Muitas escolas acabaram investindo em estruturas tecnológicas digitais, mesmo as que possuem menos recursos (...) As aulas eram transmitidas, pois não havia interação dos alunos com o professor, câmeras fechadas, microfones fechados, alunos desconectados.”
Ciotti também projeta o que vê como ideal para o futuro da educação digital, “Espaços cada vez mais interativos, onde os alunos sejam protagonistas, participem mais de tudo para melhor conexão com o conhecimento.” e complementa dizendo que gostaria que esses espaços fossem sem fronteiras tanto para instituições públicas quanto privadas.
Em suma, a educação no Brasil parece não estar nem perto desse ideal de integração tecnológica, e ainda encontra problemas básicos de infraestrutura, o que dificulta muito um pensamento nesse sentido no momento, porém é muito importante que esses temas sejam discutidos e tenham um investimento desde já nessa área para que no futuro o terreno já esteja preparado para uma inevitável revolução tecnológica no sistema educacional.