Nesta terça-feira (13), faleceu José “Pepe” Mujica, ex-líder do Uruguai. Aos 89 anos, ele travava uma batalha contra um câncer no esôfago desde abril do ano anterior. A causa exata da morte ainda não foi informada.
Na rede social X, o atual presidente do país, Yamandú Orsi, confirmou a notícia: “É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, líder e companheiro. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que nos deu e pelo seu profundo amor ao povo uruguaio.”
Ontem (12), a esposa de Mujica, Lucía Topolansky, já havia declarado que ele estava “em estado terminal e recebendo cuidados paliativos”.
A trajetória de Mujica foi marcada por sua liderança como uma das figuras mais emblemáticas da esquerda no Sul Global. Desde a infância, sob influência da mãe, Pepe se apaixonou pela literatura e pela política. Criado com a irmã, perdeu o pai aos 7 anos de idade. Iniciou sua carreira política como secretário da Juventude no Partido Nacional.
Foi também um dos fundadores e guerrilheiros do Movimento de Libertação Nacional - Tupamaros, grupo que buscava uma revolução socialista no Uruguai. Seus integrantes ficaram conhecidos por realizar assaltos a bancos para redistribuir o dinheiro entre os mais pobres. O período de maior atividade do grupo coincidiu com a ditadura militar no país, entre 1973 e 1985.
Mujica foi capturado quatro vezes, passando seu mais longo período de encarceramento em 1972. Mesmo assim, conseguiu fugir duas vezes. Durante a prisão, foi mantido em solitária e submetido a intensas torturas. Sua primeira detenção foi em 1964, após o assalto a uma fábrica em Montevidéu. Em 1971, foi preso novamente, mas conseguiu escapar junto a centenas de detentos. No total, passou mais de 14 anos na prisão.
Após ser libertado por um projeto de anistia, Mujica participou da fundação do Movimento de Participação Popular. Apesar do passado como guerrilheiro, declarou em entrevista ao jornal Búsqueda que se tornou um defensor da democracia e que considerava seus atos da juventude um erro. Na década de 1990, ocupou os cargos de senador e ministro da Agricultura.
Como presidente do Uruguai (2010-2015), Mujica ganhou notoriedade mundial por defender pautas progressistas, como a legalização da maconha, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a descriminalização do aborto.
Entrou para a história uruguaia como um líder humanista, priorizando o combate à pobreza e à fome. Mesmo no cargo mais alto do país, manteve um estilo de vida simples: recusou-se a morar no palácio presidencial e preferiu continuar em seu sítio nos arredores de Montevidéu. A imprensa internacional o apelidou de “o presidente mais pobre do mundo”. Fiel ao seu Fusca 1987, doava a maior parte de seu salário, reforçando sua imagem de político avesso a luxos.

Sob sua gestão, a economia uruguaia apresentou resultados expressivos, com crescimento médio anual de 5,4% e redução significativa dos índices de pobreza. Ainda assim, enfrentou críticas da oposição, que o acusava de provocar aumento do déficit fiscal.
Em 2012, Mujica esteve no Brasil para a cúpula Rio+20 da ONU, realizada no Rio de Janeiro. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu nota de pesar, afirmando: “Ele foi um grande amigo do Brasil.”
Mujica nunca escondeu sua visão serena sobre a morte, como demonstrou em diversas entrevistas: “E, por favor, não vivam com medo da morte, mas, a certa altura da vida, você sabe que, um pouco antes ou um pouco depois, ela vai chegar”, declarou em uma conversa par um livro.
Na quinta feira, dia 8 de maio, durante o segundo dia de conclave, a fumaça branca saiu pela chaminé da Basílica de São Pedro e anunciou uma decisão. O novo papa é o estadunidense Robert Francis Prevost, que escolheu como nome Leão XIV.
Este conclave contou com 133 cardeais que, após quatro votações, escolheram o novo líder. Robert Prevost é o primeiro papa nascido nos Estados Unidos da história e a sua nacionalidade foi motivo de insegurança por parte de alguns. É o caso de Felipe Dias, estudante de Publicidade e Propaganda da PUCSP, que contou: “Confesso que quando vi que o novo papa era americano fiquei nervoso, todo mundo sabe que a religião lá é bem conservadora”.
Contudo, o primeiro discurso de Leão XIV indicou uma provável continuação dos ideais apresentados pelo Papa Francisco. E, além disso, a fala inicial contou também com uma parte em Espanhol, homenageando fieis peruanos, país em que o novo líder foi bispo por nove anos. A escolha pelo uso de outra língua foi bem vista por muitos. A professora Adriana Reis, por exemplo, considerou a atitude como “maravilhosa” e disse ser possivelmente um indicativo da criação de um futuro vínculo entre o Papa e a América Latina.
Adriana conta estar bem satisfeita com a escolha. “Eu estou confiante. Ele se tornou cardeal porque foi conduzido pelo Papa Francisco e isso já indica que irá acompanhar essa linha progressista” justifica a professora e logo depois acrescenta: “Ele também é devoto de Santo Agostinho, outro sinal de que provavelmente trabalhará sempre focando no coletivo”.
No segundo dia de conclave, a fumaça branca apareceu e um novo papa foi eleito. O escolhido foi o cardeal Robert Francis Prevost, nascido nos Estados Unidos, mas que também tem a nacionalidade peruana. Robert assumiu o papado com o nome de Leão XIV, utilizado pela última vez em 1903.
O primeiro papa norte-americano da história tem a cidadania peruana desde 2015. Tudo começou em 1985, quando foi enviado para sua primeira missão na cidade de Piura, Peru. A partir desse episódio, Prevost ocupou diferentes cargos na cidade de Trujillo, onde havia chegado em 1988.
Em sua primeira aparição oficial como novo papa, Leão XIV exaltou o legado que Francisco deixou. Visivelmente emocionado, o pontífice deu ênfase à paz em seu discurso, além de repetir a palavra algumas vezes.
Leão XIV enfrentará alguns desafios já no início de seu papado, visto que atualmente alguns países estão em guerra, e ele quer a paz de todos os povos, por exemplo. “Vamos ver se ele vai seguir os passos do Francisco, ou virá com uma nova conduta”, opina Alessandro, funcionário da PUC-SP, que apresenta a mesma dúvida de milhares de pessoas sobre o comportamento do novo papa: se será progressista, assim como Francisco, ou mais conservador.
A fumaça branca que anunciou a eleição do novo papa reacendeu velhas e novas perguntas. No coração da Praça de São Pedro e nas ruas das grandes cidades, fiéis e não fiéis discutem o impacto da escolha e, principalmente, o que esperam desse novo líder religioso.
Entre os que acompanham o momento com olhar crítico está João Gabriel, estudante de Economia da PUC-SP. Em entrevista à nossa reportagem, ele não economizou nas palavras ao imaginar um encontro com o novo pontífice:
“Mano, eu ia direto no assunto. Ia querer saber se ele pensa em fazer algo real pelos pobres, pelas mulheres, ou se vai continuar naquele papinho de sempre.” A fala de João resume a cobrança de muitos jovens que esperam mudanças reais e não apenas discursos. à capacidade da Igreja de enfrentar os próprios tabus e dialogar com as urgências sociais contemporâneas.
Maria Clara, estudante de Jornalismo da PUC-SP questiona se essa escolha foi realmente guiada por fé ou política?
“Ah, foi política total, principalmente pela questão dos Estados Unidos, pois é o primeiro papa americano, e hoje é o maior país em questão de poder aquisitivo e grande potência”. As palavras de Maria Clara ecoam em um momento delicado para a Igreja, que enfrenta a crise de credibilidade, perda de fiéis e desafios internos entre elas conservadoras e progressistas.
Nesta quinta-feira(8), a fumaça branca marcou o fim do Conclave e a escolha do sucessor de Francisco. Cardeais do mundo todo se reuniram na Capela Sistina para decidir quem assumiria o papado. Para a decisão ser efetivada são necessários 89 votos. O escolhido para assumir este papel foi o norte americano Robert Francis Prevost, o papa Leão XIV, de 69 anos. Apesar de ser estadunidense, Prevost construiu grande parte de sua trajetória religiosa no Peru. Com o passar dos anos, se tornou destaque dentro da igreja e ocupava dois cargos de suma importância: o de prefeito do órgão responsável pela nomeação da maioria dos bispos e de presidente da CAL(Comissão Pontifícia para a América Latina).
Apesar de seu primeiro discurso ter tido um certo caráter humanista e progressista, o uso da escolha de roupa de Prevost gerou muitos questionamentos. O novo papa fez sua primeira aparição em público vestindo as mesmas roupas que o conservador e tradicionalista Bento XVI usou. Segundo o mestrando de comunicação e semiótica, Marcelo Assis, a roupa diz muito sobre a pessoa que a veste. “A gente pode entender como um modo particular de ver as coisas e atuar.” afirmou. “É como se a roupa dele falasse ‘eu sou o papa’, mas o próprio discurso dele, atenua algo mais próximo do anterior”. Para o mestrando, o sentimento que fica é misto. Ele acredita que a escolha da vestimenta insinua que o novo papa não abrirá mãos de seus benefícios, mas que também não é nenhum monstro. E finalizou dizendo “a igreja é política, mas torço sempre pelo melhor”.