O que o resultado das eleições conta sobre a estruturação partidária no país
por
Annanda Deusdará
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06/11/2024 - 12h

No domingo (27/10), se encerraram as eleições municipais. O mapa da apuração do número de prefeituras por partidos nos estados, mostra o empenho pela conquista de mais municípios, causando uma descentralização nas áreas eleitorais. Em contrapartida a isso, o MDB e o União apresentam grande concentração nos estados do Norte e Centro-Oeste, apesar de terem vencido em outros lugares. 

De acordo com a análise da conjuntura política e eleitoral, feita pelo grupo de pesquisa Representação e Legitimidade Democrática (INCT/Redem) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), houve uma manutenção da administração de partidos de Direita e Centro-Direita nos cargos da prefeitura. A Direita conquistou mais de 4,7 mil prefeituras,enquanto a esquerda irá administrar pouco mais de 746 cidades a partir de 2025.

Estão dentre os cinco partidos mais votados: PSD, MDB, PP, UNIÃO e PL. O PP e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), foram os únicos que elegeram prefeitos em todos os 26 estados brasileiros, o que demonstra uma ampliação na influência deles no cenário nacional.

Na região Norte, apesar de uma leve queda, o MDB manteve seu domínio. Em 2020, o partido havia conquistado 114 prefeituras, agora, passa a 112 sendo 83 localizadas no Pará. Já o União Brasil, que ficou em 2º lugar, teve um aumento de 87%, passando de 54 para 101 prefeitos eleitos, com destaque para o Tocantins (37) e o Amazonas (24). 

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Mapa da apuração do Pará com o MDB (em baixo) e União (em cima) -
Gráfico: Annanda Deusdará

 

No Amapá, o União também é predominante com 9 prefeituras. Já em Roraima apenas o MDB conseguiu espaço ocupando uma prefeitura.No Acre eles também não apresentam concentração, tendo uma prefeitura cada, quem domina a região é o PP(14). No Tocantins, o MDB ficou em 6° lugar, ocupando 4 cidades.

O MDB se destacou também na região Nordeste, onde foi o partido mais votado, conquistando 283 prefeituras, o que representou um aumento de 46,63%. Em 2° lugar, aparece o PSD que marcou presença em 275 municípios. 

No Centro-Oeste, o União se manteve em 1° lugar com 155 prefeitos eleitos, o destaque vai para o Goiás (95), com uma diferença de 48 cidades para o segundo partido, e Mato Grosso (60). Já o MDB conquistou espaço em 74 cidades, sendo mais forte em Goiás (47).

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Mapa da apuração do Mato Grosso com o União (em cima) e o MDB (em baixo)
Gráfico: Annanda Deusdará

No Mato Grosso do Sul os partidos União e MDB perderam a concentração. O União não elegeu nenhum prefeito e o MDB ficou em 3° lugar com 10 eleitos, enquanto o primeiro colocado (PSDB) ficou com 44.

Na Região Sudeste, o destaque foi para o PSD com 356 cidades, em 2° lugar ficou o PL com 185 prefeituras. No estado de Minas Gerais, apesar de não haver uma concentração tão expressiva como nos que foram citados anteriormente, os partidos União e MDB tiveram números consideráveis,69 e 82 respectivamente, ficando em 5° e 3° lugar. O tamanho do estado pode ter dificultado a conquista de grandes quantidades de municípios, visto que em um total de 847 prefeituras, o PSD, que foi o mais votado, foi eleito em 142 cidades, o que representa 16,76% do total do estado.

O PL se destacou nas regiões Sudeste e Sul (4° mais votado). Apesar disso, o partido se concentra em estados específicos e não na região como um todo. São Paulo, por exemplo, representou 56% do número de prefeitos eleitos no Sudeste. Já no Sul, Santa Catarina engloba 50% dos votos do PL

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Mapa da apuração da quantidade de prefeituras do PL no estado de São Paulo
Gráfico: Annanda Deusdará

 

Das quatro capitais da região, três passaram para o segundo turno nas disputa
por
Annanda Deusdará
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05/11/2024 - 12h

No último domingo (27), foram realizadas as votações para prefeito nas quinze capitais restantes. Após os resultados, os candidatos eleitos deram discursos declarando quais serão os próximos passos quando assumirem o cargo. Em todas as capitais a porcentagem de abstenção ultrapassou os 20%.

 

Campo Grande (MS)

Com uma diferença percentual de 3% Adriane Lopes, 48, (PP) foi a primeira prefeita eleita da cidade com 222.699 votos (51,45% dos votos válidos). Sua vice será a Dra. Camilla (Avante).   

O segundo turno teve também 16.871 votos nulos (3,66% do total), 11.704 votos em branco (2,54%) e ainda 184.812 abstenções, o equivalente a 28,60% do eleitorado.

Formada em Direito e Teologia, com pós-graduação em Administração Pública e Gerência de Cidades, Adriane Lopes foi a primeira mulher a assumir a prefeitura da capital. Após a renúncia do então prefeito Marcos Trad

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Adriane Lopes (PP) prefeita de Campo Grande - Foto: Divulgação

Adriane Lopes disse na sede do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS), após a confirmação da vitória, que estava muito feliz e que nestes dois anos e meio de gestão, despertou a cidade e retomou várias obras paradas. Afirmou também que na nova gestão tem como prioridade a educação e a saúde.

Ela agradeceu os apoios que recebeu durante a campanha, como o do governador Eduardo Hídio, da senadora Tereza Cristina e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Declarou ainda, que o resultado das eleições é representativo “Essa vitória, minha e da Camila, não é só nossa. Essa vitória é das mulheres do nosso país”

Desde o primeiro turno, a candidata estava em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais que indicavam disputa de segundo turno entre Rose Modesto e Beto Pereira. Para contornar a situação, ela usou como principal argumento durante o fato de não ter conseguido resolver todos problemas da cidade por ter estado à frente da gestão municipal por apenas dois anos.

Apesar dos indicativos de derrota, Lopes conseguiu avançar e na última pesquisa Quaest encomendada pela TV Morena e divulgada no sábado (26), apareceu com 49% dos votos válidos, empatada tecnicamente pela margem de erro com Rose Modesto, que apareceu com 51%.

Durante sua candidatura, suas principais propostas incluíam a área da educação, saúde e infraestrutura. Dentre elas, estão: a criação de novas escolas; distribuição mensal de medicamentos de uso contínuo para pessoas com deficiência, pressão alta e diabéticos; além da criação de um Centro Médico de Cuidado com o Idoso.

A candidata Rose Modesto,46, é professora do Ensino Médio e já foi eleita vereadora (2008-2012); vice-governadora em 2014 e deputada federal em 2018 pelo PSDB. O seu vice foi Roberto Oshiro (União Brasil).

 

Cuiabá (MT)

O deputado federal Abilio Jacques Brunini Moumer, 40,(PL) foi eleito prefeito com 171.324 votos (53,80% dos votos válidos). Sua vice é a Coronel Vânia (Novo).  

A eleição teve 4.852 votos brancos (1,47% dos votos totais), e 7.234 votos nulos ( 2,19%). A abstenção foi de 114.533 eleitores, o que representa 25,73%.

Em 2016, Abílio foi eleito vereador de Cuiabá, pelo Partido Social Cristão (PSC). Como deputado federal, ficou marcado por polêmicas no congresso. Em junho de 2023, ele fez uma série de interrupções durante uma sessão da CPI dos atos golspitas.No mês seguinte, foi acusado por transfobia contra a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), durante outra sessão da CPI. Em agosto do mesmo ano, foi acusado de fazer um gesto supremacista branco durante outra sessão da CPI do 8 de janeiro.

No discurso após a vitória, o prefeito prometeu priorizar a saúde, além de avançar no diálogo com os demais Poderes. "No momento temos que olhar o que tem de imediato e acredito que a Saúde é um problema que temos que resolver”, declarou.

 

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Abílio Brunini em entrevista na Rádio Centro América FM - Foto: Nathalia Okde

Abílio liderou a disputa à Prefeitura de Cuiabá desde o primeiro turno, quando teve 126.944 votos, 39,61% dos votos válidos. No segundo turno, recebeu o apoio do governador Mauro Mendes (União), do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de igrejas e eleitores de direita. 

 

O candidato Lúdio, foi apoiado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e por sete ministros do governo federal. O petista era o único do partido ainda na disputa por uma vaga no Executivo em Mato Grosso. Cuiabá também não teve vereador (a) do PT eleito para 2025.

 

Durante a campanha, Brunini fez promessas em diversas áreas, como saúde, educação, segurança e transporte. Entre elas estão: criação de Vilas de Saúde em cada distrito sanitário da capital; expansão da educação infantil e a implementação do Método Montessori; faixa azul exclusiva para motos e criação de paradas para embarque e desembarque de passageiros por APP; além de parceria com a Polícia Militar e Guarda Municipal para fortalecer a segurança nas escolas.

 

Goiânia (GO)

Sandro Mabel,65,(União) foi eleito com 353.518 votos (55,53% dos votos válidos). Sua vice é a Coronel Claudia (Avante).  

Apesar de Fred Rodrigues (PL),estar na frente no primeiro turno. Mabel avançou no segundo turno e venceu em todas as nove zonas eleitorais (ZEs)de Goiânia, essas ZEs estão localizadas nas regiões central, leste e norte 

Apesar do resultado, o número de abstenções quase igualou ao total de votos recebido pelo candidato. O resultado informado pelo TSE mostra que foram 352.393 abstenções, enquanto Mabel obteve 353.518 votos. O número representa 34,20% do total e foi o segundo maior do país entre as capitais que tiveram segundo turno. Também foram registrados 14.229 votos brancos e 27.080 nulos, que totalizaram 41.309.

Após a vitória, o prefeito eleito disse que começará a transição na segunda-feira (28). Ao lado de aliados, ele comemorou a vitória e falou sobre os próximos passos.

 

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Mabel comemora a vitória ao lado de seus aliados - Foto: Wesley Costa/ O Popular
 

Sobre os problemas financeiros da prefeitura com fornecedores, Mabel disse que pretende negociar e pagar todas as dívidas no início de 2025, principalmente as despesas com Saúde. “Eu tenho uma longa experiência como gestor, então essas dívidas não me assustam”. Declarou ainda que no começo de seu mandato irá retornar com a prestação de serviços básicos “Nós colocaremos Goiânia para funcionar rápido, inclusive a limpeza urbana, a gente dá uma faxinada nessa cidade logo”, frisou.

Seu projeto de governo foi dividido em três eixos: Cidade, Cidadão e Gestão. Entre suas propostas estão a conectividade e acesso à internet em toda a cidade; um aplicativo para que mulheres em perigo acionem rapidamente os órgãos de segurança e atendimento pediátrico 24 horas nas unidades de urgência e emergência. 

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Frederico Rodrigues,25, (PL), é ex-deputado estadual de Goiás(2023). Apesar de ter sido o candidato mais votado de Goiânia, teve seu mandato cassado por conta de irregularidades encontradas pelo TRE na prestação de contas da campanha de 2020.

Mabel foi deputado federal quatro vezes e uma vez deputado estadual. Na Câmara dos Deputados, foi responsável por projetos de lei sobre a implantação de crematórios públicos e a criação de cargos de provimento efetivo e funções comissionadas para o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (Goiânia).

 

Quais foram os candidatos eleitos e seus discursos pós-vitória
por
Maria Eduarda Cepeda
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05/11/2024 - 12h

 

No domingo, 27 de outubro, quatro das principais capitais do Norte foram às urnas para elegerem seus futuros prefeitos para 2025. Manaus teve seu atual prefeito, David Almeida (Avante), reeleito. Igor Normando (MDB) venceu para prefeito em Belém e recebeu o apoio do atual governador do Pará, em Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), comemorou a vitória e destacou sua responsabilidade com a prefeitura e em Porto Velho (RO)

As quatro capitais contabilizaram mais de 2.192.245 votos válidos em seus colégios eleitorais. Manaus teve o menor número de abstenções com 23,39%, Belém obteve 25,19% das abstenções, Palmas com 25,73% e Porto Velho teve a maior porcentagem com 30,63% comparado às outras cidades, juntas as capitais somaram 44.579 de votos em branco. 

Belém (PA) 

Igor Normando (MDB) em campanha eleitoral
Normando agradeceu o apoio do atual governador do Pará e senadores em seu discurso. Foto: Cristino Martins

Igor Normando (MDB) venceu a disputa do segundo turno, com 56,36% dos votos válidos, contra o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL) que recebeu 43,64%. A capital do Pará irá receber o deputado em seu novo cargo a partir de janeiro de 2025, que conta com o apoio da maioria da Câmara Municipal.

Em seu discurso, o candidato agradeceu os votos de seus eleitores e o apoio do governador Helder Barbalho (MDB), “Muito obrigado a cada um de vocês, obrigado ao governador Helder Barbalho, [..] não posso deixar de agradecer essa grande liderança”. Também disse que a maioria da população de Belém optou pela mudança, “Hoje a maioria da nossa população decidiu pela mudança e pela mudança com qualidade, com capacidade de gestão e a capacidade de enfrentar os desafios que a nossa cidade possui”

Manaus (AM)

David Almeida ao lado de uma cabine eleitoral
David Almeida segue para seu segundo mandato como prefeito em 2025. Foto: Divulgação/Assessoria

O atual prefeito da cidade de Manaus, David Almeida (Avante), foi reeleito no segundo turno contra o candidato Capitão Alberto Neto (PL). Com 54,59% dos votos válidos, o prefeito segue para mais um mandato.

Após sua reeleição, Almeida agradeceu a cidade e seus companheiros políticos,  "Quero agradecer a todos que estiveram nos apoiando e ao povo de Manaus que soube separar a verdade da mentira. Então, essa é uma vitória maiúscula, né, uma vitória da democracia.  [..] A cidade mudou, é o povo no poder, como a gente diz na comunidade, a favela venceu"

Palmas (TO) 

Eduardo Siqueira Campos sendo entrevistado pela imprensa após sua vitória ao lado de sua esposa
Em discurso após a vitória , o futuro prefeito destacou detalhes de sua vida pessoal. Foto: Edson Reis/g1 Tocantins

O candidato Eduardo Siqueira Campos, do Podemos, foi eleito com 53,03% dos votos válidos para prefeito da cidade de Palmas, ele venceu o segundo turno contra a candidata Janad Valcari (PL) que obteve 46,97% dos votos. Campos irá assumir o mandato em janeiro de 2025 até dezembro de 2028.

O futuro prefeito comemorou sua vitória com apoiadores e família, em seu discurso destacou a responsabilidade com a sua futura gestão, “Quem tem mandato, tem responsabilidade com Palmas. Todos conhecem meu temperamento. Eu tive que fazer uma campanha à altura do povo. [..] Não viemos para cá fazer fazenda, nós viemos fazer um estado. Nós não viemos para cá vender lote, viemos aqui fazer uma capital. Minha vida é conhecida, minha esposa é conhecida. Nós caminhamos à luz do dia”

Porto Velho (RO) 

Léo Moraes posando para foto para a divulgação de sua campanha eleitoral
Léo Moraes terá vice do mesmo partido, a advogada  Magna dos Anjos. Foto: Reprodução/Instagram 

Leonardo Barreto de Moraes (Podemos) foi eleito com 56,18% dos votos válidos, para prefeito na capital de Rondônia. Ele disputou o segundo turno com a candidata Mariana Carvalho, do União Brasil, que recebeu 43,82% dos votos. 

Quando anunciado os resultados do segundo turno, o candidato conversou com a imprensa e agradeceu os eleitores, amigos e a Deus pela sua vitória, "Eu estou muito feliz, eu agradeço primeiramente a Deus, agradeço a todos os amigos, a população que procura um renovo, que procura uma administração com capacidade de gestão que conheça as dores das pessoas. Vamos nos dedicar para entregar uma nova Porto Velho, sair desses índices tão prejudiciais que nos colocam em condição muito ruim [..]".

Saiba quem foram os prefeitos eleitos nas capitais da região
por
Khauan Wood
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01/11/2024 - 12h

Os cidadãos de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e Curitiba, no Paraná, foram às urnas no último domingo (27) para definir os nomes que estarão no comando de suas prefeituras pelos próximos quatro anos. O centrão saiu vitorioso nas duas capitais.

Curitiba (PR)

531.029 de pessoas decidiram que Eduardo Pimentel (PSD) será o novo prefeito da cidade, número que chega a 57,64% dos votos válidos. Sua adversária foi a jornalista Cristina Graeml (PMB) que ficou com 42,36%, totalizando 390.254, essa foi a primeira vez que seu partido conseguiu levar um candidato ao segundo turno em uma capital desde a sua criação em 2016.

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Pimentel já acumulava dois mandatos como vice-prefeito da cidade, eleito em 2016 e reeleito em 2020. Foto: Eduardo Pimentel via X/Reprodução

 

Em seu discurso de vitória realizado na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), o sucessor do atual prefeito Rafael Greca (PSD) afirmou que pretende garantir a nova concessão do transporte público na cidade, implementar o ensino em tempo integral nas escolas municipais e aumentar o número de vagas em creches da prefeitura.

Porto Alegre (RS)

O atual prefeito Sebastião Melo (MDB) foi reeleito com 61,53% dos votos contra 38,47% da deputada Maria do Rosário (PT). Melo conquistou mais de 406 mil votos, cerca de 36 mil a mais em comparação ao segundo turno da eleição anterior, em 2020. Além disso, Porto Alegre terá uma mulher na vice-prefeitura da cidade pela primeira vez, Betina Worm (PL), médica veterinária e tenente-coronel do Exército.

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Melo é o terceiro prefeito que se reelege em Porto Alegre desde a redemocratização. Foto: Pedro Piegas/Correio do Povo

Com vitória em todas as regiões porto-alegrenses, o prefeito disse em seu discurso que uma de suas prioridades será implementar medidas que previnam novas enchentes na cidade, assim como as que ocorreram no início deste ano. Ele defendeu ainda a privatização do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) e a busca de auxílio dos Governos Federal e Estadual para o setor.

Conheça os candidatos eleitos nas capitais nordestinas e seus discursos pós-vitória
por
Anna Cândida Xavier
Maria Eduarda Cepeda
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01/11/2024 - 12h

 

No domingo, 27 de outubro, o segundo turno das eleições municipais foi decidido em Fortaleza, João Pessoa, Natal e Aracajú. O Partido dos Trabalhadores conquistou sua única capital desde as eleições de 2016 em Fortaleza, com Evandro Leitão. Cícero Lucena foi reeleito em João Pessoa, a quinta capital nordestina a reeleger seus prefeitos em 2024. Em Natal, Paulinho Freire foi eleito com o apoio do atual prefeito na disputa com Natália Bonavides (PT). E o Partido Liberal conquista sua segunda capital nordestina em Aracajú com Emília Corrêa.

Nas quatro capitais que decidiram seus futuros prefeitos neste domingo, foram contabilizados 2.575.500 votos válidos nos colégios eleitorais que participaram do segundo turno. Fortaleza teve o menor número de abstenções de votos com o índice de 15,84%, João Pessoa com o total de 22,84% das abstenções, Aracaju com  25,16% e Natal finalizou com o maior nível de abstenção comparado às outras capitais, tendo no total 26,07%. A soma de votos em branco de todas as capitais foi de 50.620. 

Das nove capitais do Nordeste, sete elegeram prefeitos de partidos de direita ou de centro. Somente Evandro Leitão (PT) em Fortaleza e João Campos, do Partido Socialista Brasileiro, em Recife, representam partidos de esquerda nas capitais nordestinas. A votação expressiva na direita contrasta com o desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022 na região. O partido União Brasil conquistou três capitais nordestinas, Teresina, Natal e Salvador e o Partido Liberal elegeu prefeitos em Maceió e Aracajú. O partido Progressistas reelege Cícero Lucena em João Pessoa e em São Luís o Partido Social Democrático reelege Eduardo Braide. 

Fortaleza (CE)

Evandro Leitão (PT) ao lado do atual presidente Lula em campanha eleitoral
Presença marcante do presidente Lula na campanha de segundo turno de Evandro Leitão. Foto: Reprodução/Facebook

Evandro Leitão (PT) vence o segundo turno das eleições em Fortaleza por uma diferença de 10.838 votos em relação ao adversário André Fernandes (PL). No primeiro turno, o candidato do PT tinha apenas 34,33% do eleitorado, porém, foi eleito com 50,38% dos votos válidos. Fernandes recebeu o apoio de 49,62% dos eleitores.  

A principal estratégia da campanha foi aproximar a imagem do candidato às lideranças petistas no Ceará – o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Educação e ex-governador do Estado, Camilo Santana, e o atual governador, Elmano de Freitas. Evandro Leitão agradeceu a militância do Partido dos Trabalhadores em seu discurso de vitória e afirmou “o bem venceu o ódio, a humildade venceu a arrogância e prepotência, aqueles que se acham donos do poder, aqueles que se juntaram com o filhote de Bolsonaro, deram com os burros n’água”. 

João Pessoa (PB)

Cícero Lucena (PP) comemorando a vitória do segundo turno
Cícero Lucena assume seu quarto mandato em janeiro de 2025. Foto: Reprodução/Facebook

Cícero Lucena (PP) foi reeleito prefeito na capital de Paraíba, com 63,91% dos votos válidos, vencendo a disputa contra o candidato Marcelo Queiroga do Partido Liberal, que obteve 36,02% dos votos. O atual prefeito caminha para seu quarto mandato como prefeito, ocupou o cargo de 1997 a 2004 e o assumiu novamente em 2020. 

Nas redes sociais, Lucena agradeceu seus eleitores e enfatizou a continuidade de seus projetos para a cidade, “[..] A confiança que foi depositada em nós não será em vão. Vamos continuar construindo uma cidade mais justa, mais inclusiva, mais humana. O trabalho não para, e a vontade de fazer o bem segue ainda mais forte”. 

Natal (RN)

Paulinho Freire (União) como deputado federal na câmara dos deputados
Paulinho Freire deixará cargo de Deputado Federal para assumir a prefeitura de Natal. Foto: Ag. Câmara, Reprodução/UOL

Na capital do Rio Grande do Norte, Paulinho Freire (União) vence a disputa pelo segundo turno com 63,91% dos votos contra 44,66% de Natália Bonavides (PT). O candidato eleito tem uma longa história como político na cidade, foi vereador em 1992 e ocupou o cargo de presidente da Câmara Municipal de 1997 a 2002. Em 2008, foi vice-prefeito de Natal, em 2012 voltou a ser vereador e nas eleições de 2022, foi eleito como deputado federal. 

No Instagram o candidato, Paulinho Freire, relembra a trajetória da campanha e agradece o apoio dos partidos da coligação e, em especial, de Álvaro Dias, atual prefeito da cidade. “Uma eleição difícil, mas a população de Natal assimilou bem as nossas propostas, o nosso projeto, viu que não valia a pena Natal voltar ao passado, retroceder”. 

 

Aracaju (SE) 

Emília Corrêa (PL) posando para foto ao lado da cabine de votação.
A candidata não vinculou sua imagem ao ex-presidente Jair Bolsonaro em sua campanha no segundo turno. Foto: Reprodução / Instagram

 

Na capital sergipana, Emília Corrêa (PL) venceu a disputa para a prefeitura com 57,46% dos votos válidos contra o candidato Luiz Roberto do PDT. Esse é o seu primeiro mandato como prefeita, antes de embarcar na política Emília trabalhou como defensora pública e presidente da Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal de Aracaju, em 2016 foi eleita vereadora e se reelegeu em 2020.

Em seu Instagram, a futura prefeita comemorou sua vitória com um vídeo onde está vestida de leoa e canta uma música gospel. Na descrição da publicação ela agradece seus eleitores e reforça a presença religiosa em seu futuro mandato, “a melhor forma de demonstrar o que estamos vivendo hoje é retratar a força que me move: a fé em Jesus, o Leão da Tribo de Judá (Apocalipse 5:5). E como uma leoa, que na natureza, desempenha um papel crucial na sobrevivência e no bem-estar de sua prole, vou estar à frente dos destinos de Aracaju, cuidando e protegendo, em especial daqueles que mais precisam. Vamos escrever um lindo capítulo na história da nossa cidade com Deus e o povo”. 

Com mais de 28 mil candidatos, os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que 1 em cada 5 é empresário ou advogado. Na décima terceira posição estão os jornalistas com aumento de 30% em relação a 2018.
por
Eshlyn Cañete
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23/08/2022 - 12h

Desde 1998, o TSE coleta as ocupações dos candidatos. Esta é a primeira vez que os policiais militares aparecem como a sexta profissão mais presente. Houve um aumento significativo de 27% nas candidaturas de profissionais da segurança pública, em relação a 2018. Totalizaram 1.866, sendo 94,9% em partidos de centro-direita ou direita. Já os jornalistas foram de 345 para 449 nessa última pesquisa.  O top 10 ficou com Empresário, Advogado, Vereador, Deputado, Administrador, Policial Militar, Comerciante, Aposentado, Servidor Púbico Estadual e, em décimo lugar, médico.


A categoria empresários em primeiro lugar não é nenhuma novidade, a primeira colocada há 4 eleições. O ranking de 2022, contou com mais de 28 mil candidatos e 3.644 deles são desta profissão. De acordo com o cientista político Victor Peixoto, a mudança na nomenclatura explica parte do crescimento, uma vez que comerciantes hoje são denominados empresários, pela criação do cadastro MEI (microempreendedores individuais).


Segundo o analista político da CNN Brasil, Gustavo Uribe, está no senso comum que um empresário gera empregos e faz a economia avançar. Já no caso dos advogados, em segundo lugar com 2.059 candidaturas, há a percepção de que possuem maior conhecimento sobre o código penal e a constituição federal, estando mais aptos a proposta de novas leis no congresso nacional.


O crescimento dos policiais militarem aconteceu pelo destaque maior que foi dado no governo do atual presidente Jair Bolsonaro. Com um discurso de combate à violência e aumento das penalidades, o PL foi o partido que mais lançou candidatos ao Congresso Nacional. As candidaturas de militares e policiais são maiores na região amazônica (11,3%). ‘’São lugares mais distantes, onde o acesso é menor e os militares têm um poder logístico no transporte, logo, são figuras que acabam tendo maior representação na sociedade e tem maior influência por estarem representando o poder público em um lugar que tem ausência. Consequentemente, ganham popularidade’’ diz o analista político Uribe.

Presidente interrompe entrevistadores e dissemina fake news em transmissão pelo Jornal Nacional
por
Artur dos Santos
Fernanda Querne
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23/08/2022 - 12h

A entrevista com o candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro (PL) realizada  no Jornal Nacional trouxe os temas Corrupção, Eleições limpas e seguras, Meio Ambiente e preservação, Economia e Pandemia. Bolsonaro, criticado quanto às condutas de seu governo acerca desses assuntos, durante a conversa interrompeu seus entrevistadores e afirmou, nas considerações finais, que “assumi o Brasil em uma situação crítica e fizemos o possível para que o brasileiro não sofresse”.

 

Os ataques que o atual presidente constantemente faz ao processo eleitoral brasileiro, às urnas e ao atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Ministro Alexandre de Moraes foram os primeiros assuntos tratados pelos entrevistadores William Bonner e Renata Vasconcellos. Bolsonaro, acusado de xingar o atual presidente do TSE de “Canalha”, a primeiro momento negou o ocorrido e afirmou que “a temperatura subiu”, mas que houve “certo contato amistoso [entre ele e o Ministro] durante a posse”. O candidato do Partido Liberal (PL) afirmou que Moraes o persegue pelo inquérito das fake news e interferência na Polícia Federal - alegação feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro. 

 

Quanto a eleições seguras e transparentes, Bolsonaro afirmou, em rede nacional, que respeitará os resultados, quais forem, das eleições deste ano: “Seja qual for; eleições limpas devem ser respeitadas”. Para o candidato, entretanto, foi necessário “provocar para que chegasse a esse ponto [de transparência eleitoral]”. O atual presidente ainda defendeu as manifestações de seus apoiadores - as quais defendem golpe militar, fechamento do congresso, ataques a oposições políticas e a minorias - como liberdade de expressão. 

 

As condutas de Bolsonaro também foram questionadas quando o assunto da entrevista virou a Pandemia da Covid-19. O atual presidente, que em 2021 gravou lives semanais nas quais imitou a falta de ar de pessoas infectadas pelo vírus, alegou que não havia para onde as pessoas correrem, pois não havia remédios nem vacinas no país. Se vangloriou do fato de que ao início de 2021 pessoas já estavam sendo vacinadas no Brasil - embora a Pfizer tenha esperado 93 dias pela resposta do mandatário na compra das vacinas - e defendeu que a sua frase “virar jacaré”  ao tomar vacina foi uma “figura de linguagem”. A polícia Federal criminaliza o ato de Bolsonaro ligar a vacina contra o SARS-Cov-2  em relação à AIDS. Não só o bastante, o candidato do PL retrucou a CPI da Covid como circo; a comissão parlamentar o acusou de 10 crimes durante a pandemia.  

 

Com 682 mil mortes de brasileiros por Covid - reportadas de maneira extraoficial por um consórcio de veículos de imprensa pois  houve um abandono dos cálculos por parte do governo - esse não pode deixar de ser criticado principalmente quando, como é o caso, foi defensor de remédios que comprovadamente não curavam pacientes da doença, quando desestimulou a vacinação da população e quando, ainda, demorou dias para atender às necessidades urgentes de abastecimento de Cilindros de Oxigênio a Manaus em 2021. Bolsonaro justificou suas ações: “não adotei o politicamente correto”.

 

“Eu sei o que o povo precisa: inflação baixa, taxa de juros menor e dólar menor” - fala do Jair Bolsonaro em 2018 durante sua campanha. Entretanto, o cenário econômico é o oposto do que prometeu. O candidato do PL alegou que uma guerra internacional contínua, um cenário pandêmico e uma grande seca frustraram os seus objetivos governamentais, delegando a causa desses resultados negativos da economia no Brasil apenas a esses fatores externos. 

 

Explicou como o Brasil talvez seja o protagonista mundial em relação a deflação, porém os dados o contrariam. De acordo com o Comprovam, os países com inflação negativa em julho foram: Armênia, Espanha, Grécia e Luxemburgo. 

 

O atual presidente alegou que a grande reforma econômica já foi feita em 2019, e parabenizou a equipe dos seus ministros. Enalteceu o como a criação do Auxílio Emergencial, no primeiro momento de R$600, evitou o colapso nos pequenos municípios embora esse “novo” benefício governamental seja o antigo Bolsa Família - desenvolvido pelo ex-presidente Lula (PT). 

 

Jair Bolsonaro glorificou como os fertilizantes negociados com o Vladimir Putin estabilizaram a segurança alimentar. Porém, sob seu governo, o Brasil voltou ao mapa da fome. “Nós somos o  sétimo país mais digital do mundo" -  disse Bolsonaro ao Bonner. Esse é um fato distorcido, pois o Banco Mundial reconheceu o Brasil como sétimo líder em governo digital pelo site Gov.br. Logo, não se trata sobre o uso, distribuição e acesso à internet.  

 

Renata Vasconcellos relembrou ao atual presidente que seu ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL) quis aproveitar do foco midiático na pandemia a fim de desregulamentar leis ambientalistas e “passar a boiada”. Jair Bolsonaro entrou na defensiva alegando que há queimadas naturais não só no Brasil, mas também na França e em Los Angeles. Entretanto, a entrevistadora abordou a diferença das queimadas naturais e dos incêndios ilegais de garimpeiros - protegidos pelo governo atual. “Acontece” - o candidato do PL explica como é inevitável se lamentar pelo desmatamento na Amazônia. 

 

“É o ribeirinho que toca fogo” - afirmou Bolsonaro, desvirtuando a culpa estatal. Renata relatou que o Brasil é visto como destruidor de florestas, ao contrário do suposto compromisso ambiental expresso em 2018. O presidente contestou a entrevistadora dizendo que a afirmação era mentira e glorificando o fato de países estrangeiros já procurarem o Brasil para saber do Hidrogênio Verde, cujas produções ainda estão em estágio inicial.

 

O atual presidente enaltece como o Brasil é um exemplo para o mundo. Porém, esqueceu de mencionar não só a morte do Bruno e Dom, mas também o marco temporal nas terras indígenas, assunto também não tratado pelos entrevistadores.  

 

Segundo o fluxo da entrevista, o candidato à reeleição foi questionado quanto a sua recente aproximação ao setor político denominado “Centrão” nos últimos anos. A isso, Bolsonaro respondeu que “você está me estimulando a ser ditador” a William Bonner. Desenvolvendo seu raciocínio, o candidato do Partido Liberal calculou que existem 513 deputados dos quais 300 são do “Centrão” e que, assim, naturalmente haverá uma aproximação dele com esses, já que “não dá pra conversar com os que restam [partidos de oposição]”. Ao final desse setor, Bolsonaro afirmou que “na minha época não existia centrão” e defendeu que, independentemente, “estamos governando o Brasil com competência e sem corrupção”, sendo ambas as afirmações falsas.

 

Os questionamentos das condutas do governo de Bolsonaro na Educação foram feitos sobre os escândalos até agora presenciados nessa área. Renata Vasconcellos, interrompida durante suas perguntas, ressaltou que foram quatro as trocas de Ministros da Educação - inclusive o caso de Carlos Alberto Decotelli que, em junho de 2020, foi nomeado ao cargo, mas sequer chegou a exercê-lo já que seu currículo era fraudulento - no atual governo. A isso, o candidato respondeu que “as pessoas se revelam quando chegam, acontece!”, delegando a responsabilidade de conduta a cada um desses Ministros da Educação e não a ele mesmo que os recomendou ao cargo.

 

O escândalo de Milton Ribeiro também foi levantado dentro desse segmento e a sua própria classificação - da participação de pastores sem cargos no governo em um gabinete paralelo que tratava do intermédio de verbas públicas - como escândalo foi questionada por Bolsonaro. Para o atual presidente, esse caso não é classificado dessa maneira; “cadê o duto do dinheiro saindo?” pergunta.

 

Logo após o quadro de Educação, a temática Corrupção foi introduzida à entrevista. O caso de Ribeiro, de acordo com os entrevistadores, representou uma guinada no comportamento do governo de Bolsonaro em relação a casos de corrupção; após a prisão e o habeas corpus do ex Ministro da Educação, a narrativa de que casos de corrupção “pipocam”  no governo passou a ser utilizada. 

 

Entretanto, a narrativa de que o Brasil sob Bolsonaro não tem corrupção é falsa. Nomes como Ciro Nogueira (Ministro da Casa Civil - PP), Ricardo Salles (Ex-titular do Ministério do Meio Ambiente - PL) e Fábio Wajngarten (Ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo Federal do Brasil), todos envolvidos com o atual governo, estão no radar de investigações por corrupção.

 

A diferença patrimonial entre homens e mulheres candidatos a cargos públicos evidencia diferença salarial existente no mercado de trabalho
por
Melissa Mariano Joanini
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21/08/2022 - 12h

Segundo levantamento do G1, dados do TSE apontam que o patrimônio declarado das mulheres candidatas para as eleições é, em média, metade do que foi declarado pelos candidatos homens. Pessoas pretas e pardas também apresentaram declaração patrimonial menor em relação aos brancos. As informações referentes ao patrimônio foram declaradas pelos próprios candidatos.

Com base no que foi registrado preliminarmente pelo TSE, a diferença média está em torno de 50% em candidaturas estaduais e 49% em candidaturas federais. Para a realização do cálculo, o G1 retirou os 405 candidatos que declararam patrimônio maior de R$5 milhões de reais.

Em um país onde o sistema político privilegia os mais ricos, um patrimônio menor pode interferir negativamente no desempenho daquele que se lança na corrida eleitoral para um cargo público, de acordo com especialistas. Vale ressaltar que, ao todo, são mais de 26 mil candidatos.

MÉDIA PATRIMONIAL POR GÊNERO E CARGO PÚBLICO DISPUTADO

Na esfera estadual, a média é de R$356.862 para homens e de R$177.923 para as mulheres. Neste âmbito, 48% das candidatas possuem o patrimônio acima de 1 milhão de reais, já o percentual de homens está em 64% dos candidatos. Nesse recorte, 15% das mulheres têm mais de R$500 mil, enquanto para homens, essa porcentagem sobe para 24%.

No âmbito federal, a média é de R$474.752 para os homens e de R$231.051 para as mulheres. Nesta esfera, 52% das candidatas declararam patrimônio superior a 1 milhão de reais, já o percentual masculino atingiu  67% dos candidatos. Com o patrimônio maior de R$500 mil, 17% são mulheres e 25% são homens.

PRETOS TÊM PATRIMÔNIO MÉDIO INFERIOR AOS BRANCOS

Os dados divulgados pelo TSE também mostram que candidatos pretos e pardos possuem menor patrimônio do que brancos competindo pelos mesmos cargos. Para se ter uma noção, a média patrimonial declarada por pessoas pretas equivale a um terço da média dos brancos, enquanto a dos pardos equivale a 59%.

Arthur Fisch, pesquisador do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) diz que não é uma surpresa o que os dados mostram, uma vez que a estrutura social brasileira privilegia os brancos. É válido lembrar que, após a libertação dos escravizados, o Brasil não adotou nenhuma medida social para a introdução dessas pessoas na sociedade enquanto cidadãos, colocadas à margem da sociedade e, por consequência, os seus descendentes também. São a herança de um Brasil Colônia que se estende pelo Brasil República.

Fisch acredita que essa desigualdade torna as candidaturas de minorias menos competitivas porque um candidato com poder econômico pode se autofinanciar, sem depender da verba partidária ou de financiamento externo e, o candidato que possui a sua própria verba não se preocupa tanto com gastos externos à eleição, como moradia, por exemplo. Outro fator contribuinte para essa diferença é a distribuição do tempo, já que uma campanha eleitoral exige tempo e nem todos que estão concorrendo podem se ausentar, mesmo que temporariamente, de seus empregos para realizarem suas campanhas eleitorais.

Segundo o professor Emerson Cervi, que leciona na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o atual sistema de financiamento não permite arrecadação de verbas de empresas, tornando o autofinanciamento importantíssimo, pois a verba, pode sim, interferir no seu desempenho eleitoral.

Seguindo o mesmo raciocínio, Helcimara Telles, professora da Universidade Federal de Minas (UFMG), diz que candidatos com menos recursos têm mais dificuldades para serem eleitos e acredita que a proibição do financiamento de candidaturas por empresas diminui ainda mais as possibilidades de uma pessoa mais pobre ser eleita, pois "embora as pessoas imaginassem que o financiamento público pudesse reduzir a diferença entre os candidatos, só fez aumentar", disse em entrevista ao G1.

Com isso, entra a defesa pelas cotas eleitorais. "Acredito que a gente deveria ter uma reserva para essas minorias, não retirando as 513 vagas [atuais que existem na Câmara], mas aumentando as cadeiras para compartilhar somente com as minorias", completou a professora, também ao G1.

Pela primeira vez na história do Brasil, candidatos pretos e pardos superam números de candidatos brancos e serão maioria.
por
Dayres Vitoria
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21/08/2022 - 12h

Com mais de 28 mil candidatos, a eleição de 2022 surpreende o eleitorado e contradiz uma tendência histórica de baixa participação de candidatos negros e pardos, neste pleito 49,49% dos pré-candidatos são negros. Autodeclarados, eles agora são maioria nas atuais eleições. A porcentagem supera os 48,86% de brancos também candidatos. Fato, até então, atípico no sistema eleitoral brasileiro, estabelece o ano de 2022 como a primeira eleição do país com números expressivos.   

De acordo com os dados divulgados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE),  registraram-se  nas eleições deste ano ,14.015 negros e 13.814 brancos.  O levantamento se diferencia de eleições passadas como a de 2018, em que negros somavam  46% dos candidatos e apenas três deles concorriam à  presidência, Marina Silva (Rede), Cabo Daciolo (Patriota) e a candidata  Vera Lúcia (PSTU). Somente três autodeclarados negros de um total de 13 políticos  competiam pelo cargo.

Em comparação a 2014, a participação de pessoas negras foi ainda menor no quesito percentual. De cada quatro eleitos, três eram  brancos. Apenas 3% dos eleitos se autodeclararam negros no ano do pleito de 2014 Dados como estes comprovam a baixa diversidade social nas eleições do país. 

Além da questão racial, que avança lentamente, também houve uma melhora na quota de participação de mulheres concorrendo a cargos de poder. Juntas, elas representam um terço do total das candidaturas, sendo mais de 9 mil concorrentes às eleições de outubro. Dentre elas, 175 são candidatas indígenas. Nas últimas eleições, foram apenas 134. Já as mulheres negras somam um total de 4.890. 

 

Candidata Vera Lúcia, do PSTU
Candidata Vera Lúcia, do PSTU  — Foto: Reprodução / EPTV

Em termos de visibilidade negra, atualmente disputam ao cargo dois candidatos pretos, Leonardo Péricles, pré-candidato a presidência pelo partido Unidade Popular (UP) e Vera Lúcia pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Esta será a primeira vez que Péricles concorre ao cargo, já Vera Lúcia é veterana, a pernambucana concorreu ao cargo também em 2018.

Contudo,  mesmo que atualmente candidatos negros sejam a maioria, eles estão longe de estarem livres da discriminação que candidatos brancos estão imunes. Recentemente, o pré-candidato a presidência pelo partido Unidade Popular,  Leonardo Péricles, vem sofrendo ataques racistas por parte do eleitorado branco. O mineiro que  iniciou sua  trajetória política no movimento estudantil, tem sido alvo de mensagens com teor racista nas redes sociais direcionadas a sua pessoa e a sua campanha. O candidato, autodeclarado preto, recebeu sérias ofensas que também insultam a comunidade negra como um todo. 

“(...) tua raça tem em média 55-80 de QI e também possui uma altíssima propensão para a violência. A raça preta deveria ser expulsa das cidades e empurrada de volta para a selva, um lugar de onde nunca deveriam ter saído”, escreveu um dos internautas. Outros perfis também cometeram injúrias parecidas. 

Candidato Leonardo Péricles, pelo UP
Candidato Leonardo Péricles, pelo UP

Os ataques sofridos por Leonardo Péricles reafirmam como a sociedade brasileira não está familiarizada a cenários em que pessoas negras ocupem cargos de poder. Apesar das dificuldades que também enfrentam no meio político, a conquista histórica de 2022 não deixa de ser uma vitória para futuros candidatos negros. Embora o manto da “democracia racial” ainda não tenha sido destruído, 49,49% pode se ser considerado um feito e tanto. 

O candidato a governador de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores apresentou sua proposta de gestão
por
Maria Clara Alcântara
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19/08/2022 - 12h

Com o início do período de campanhas eleitorais, o candidato a governador do estado de São Paulo, Fernando Haddad (PT)  enviou seu plano de governo para o TSE, o documento é focado na geração de empregos, educação e garantia de direitos para a população e no enfrentamento da crise resultado da pandemia do covid e má administração de governos anteriores. Segue abaixo as principais propostas do candidato.

Economia 

O governo Haddad vai priorizar o combate à fome, que atualmente atinge 2,5 milhões de cidadãos do estado de São Paulo, com incentivo à agricultura familiar, que é responsável pela maior parte dos produtos alimentícios consumidos no país, criação do programa São Paulo sem fome, que  distribui cestas de alimentos para as populações mais vulneráveis, principalmente pessoas em situação de rua, idosos e crianças, e foca na geração de empregos, de maneira emergencial o governo estadual precisa  criar empregos para os mais de 3 milhões de desempregados do estado, Haddad pretende resolver isso por meio de investimentos públicos e parcerias com empresas privadas. Programas de auxílio estaduais serão renovados e outros serão criados, como o Oportunidade já cujo objetivo é de Retomar obras paralisadas em todo o estado para gerar empregos de forma emergencial e ativar a economia paulista, o programa salário mínimo paulista, que pretende elevar o salário mínimo paulista para R$ 1.580, aumentando o poder de compra do trabalhador, em um dos estados com o maior custo de vida.

Saúde 

A saúde da população paulista sofre com sequelas do covid, a fome e a superlotação de postos de saúde, o governo pretende recuperar os investimentos em saúde no estado para fortalecer e reorganizar o SUS, e a coordenação estadual do sistema de saúde, a universalização do SAMU-192 e das unidades de pronto atendimento (UPA) em todas as regiões do estado. A área da saúde deve estar a todo o tempo preparada para o risco cada vez mais frequente de novas epidemias através de investimentos em tecnologias e pesquisas da área, para que não ocorra os mesmos erros do enfrentamento da COVID 19. O acesso a saúde deve ser democratizado e universal, por isso, em seu governo o candidato irá promover políticas de atenção integral à saúde das mulheres, em todas as fases do seu ciclo vital, focar no combate às desigualdades de raça, e fortalecer estratégias ligadas à saúde integral da população LGBTQIA+, principalmente transexuais e travestis que sofrem com o acesso a esse direito, e também reforçar, junto com as prefeituras, a Atenção Integral à Saúde do Idoso. 

Educação 

O candidato Fernando Haddad é acadêmico, professor universitário  e ex ministro da educação, com um histórico de investimentos na democratização da educação, com isso, é de se esperar em seu governo um foco nessa pauta, uma prioridade do governo Haddad será a alfabetização na idade certa, buscar implementar as metas do Plano Estadual de Educação (PEE), garantindo integração e apoio entre todas as escolas do estado. Maior investimentos nas redes de educação, principalmente FATECS e ETECS, a permanência dos estudantes nas universidades também será uma prioridade, com programas como o bom prato estudantil que garantem a alimentação dos estudantes de baixa renda.

 

Moradia 

O partido dos trabalhadores tem um histórico de lutas por moradia digna, as propostas do candidato Fernando Haddad vão de acordo com esses pensamentos, no plano de governo é citado a garantia ao direito à moradia digna e de qualidade, o investimento  público do Estado em habitação vai ser ampliado e as parcerias com o governo federal fortalecidas.