Na terça-feira (23), em uma Audiência Pública promovida pela Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo, foi apresentado o relatório da revisão intermediária do PDE (Plano Diretor Estratégico), previsto para 2021, mas adiado por conta da pandemia da covid-19.
O PDE atual foi aprovado em julho de 2014 pela Lei nº 16.050, e teve a revisão aprovada em 2023, e será válido até 2029. No novo projeto constam alterações, entre elas, a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030 da ONU e a fiscalização obrigatória do destino de moradia popular na cidade, onde há brecha para fraudes em que o beneficiado não se enquadra nas exigências dos programas habitacionais, além de incentivar a produção de novas unidades.
No total foram realizadas 31 audiências públicas, todas com participação popular. O advogado Rodrigo Passaretti ressalta: “Acho que retrata o que a população vem tratando nas últimas Audiências Públicas, na plataforma que a Prefeitura disponibilizou. Eu acho que a gestão democrática, que a participação da população foi respeitada e entendo que o relatório que está sendo proposto agora atende sim, em grande parte, as exigências”
Por outro lado, Luciana, da comunidade do Bixiga e integrante do Movimento Mobiliza Saracura Vai-Vai, junto com a vereadora Silvia da bancada feminista, elaborou e apresentou 4 emendas, que não foram discutidas na audiência de terça: “infelizemente a gente não viu, ao longo de toda essa apresentação, nenhum dispositivo que dialogue com essas 4 propostas”, e reforça que “não há uma linha de políticas para garantia dos direitos da população negra na cidade”. Na região de Luciana, o IPHAN declarou na semana passada, um sítio arqueológico de um dos mais importantes quilombos do país, e a influência cultural reside nos moradores ainda hoje e deve ser preservada, mas representa o primeiro grupo ameaçado pela construção de uma nova estação de metrô.
O representante das universidades no CMPU (Conselho Municipal de Política Urbana) e na CTLU (Câmara Técnica de Legislação Urbanística) e diretor de Arquitetura, Urbanismo e Design na Uninove, Daniel Todtmann Montandon, na mesma linha de Luciana, afirma que o texto revisto contradiz as diretrizes originais do PDE, e pede mais tempo para revisão: “A Prefeitura fez uma proposta de revisão intermediária pontual, mas o que aconteceu nesse substitutivo? Ele trouxe muitas mudanças e elas são muito mais do que uma mudança pontual. Elas, em vários pontos, estão até contradizendo o próprio Plano Diretor. Então, ela é questionável dos seus benefícios para a cidade nessa perspectiva, por não atender alguns objetivos do Plano Diretor”, afirma Montandon.
O Movimento Pró-Pinheiros também esteve presente na representação de Laurita Salles que faz uma indagação a respeito do novo texto: "Isso não é o que apareceu nas audiências, isso não é o que a população está dizendo, vocês não estão nos ouvindo". O movimento que Laurita participa luta principalmente contra a verticalização e adensamento da cidade, intensificando também a especulação imobiliária.
Já o Presidente da Comissão de Política Urbana, o vereador Rubinho Nunes (UNIÃO), reforçou mais uma vez o cuidado da comissão de ouvir a população: “Um relatório bastante denso que o vereador Rodrigo Goulart elaborou, ele tomou cuidado de ouvir, participar, garantir o máximo da participação popular e atender ao máximo as demandas. É óbvio que nem todas conseguem ser contempladas, inclusive muitas delas entram em conflito, e o objetivo dele é justamente equilibrar esses interesses e garantir uma revisão harmônica, que atenda ao máximo o interesse da população”, analisou Nunes.
O vereador Sansão Pereira (REPUBLICANOS), também presente na audiência, também fez seu comentário: “Acho que as pessoas ficaram decepcionadas com esse relatório final, porque elas não viram as suas reivindicações, que foram feitas ao longo de todas as audiências, representadas nesse relatório final. Há um desequilíbrio das propostas, pendendo muito mais para o setor imobiliário, das grandes construtoras, das incorporadoras, do que para a maioria da população, que quer casa, e que quer também a preservação do meio ambiente e dos seus bairros”.
A vereadora Silvia da Bancada Feminista (PSOL), discorda de Nunes e Pereira, e critíca o documento. “Acho que as pessoas ficaram decepcionadas com esse relatório final, porque elas não viram as suas reivindicações, que foram feitas ao longo de todas as audiências, representadas nesse relatório final. Há um desequilíbrio das propostas, pendendo muito mais para o setor imobiliário, das grandes construtoras, das incorporadoras, do que para a maioria da população, que quer casa, e que quer também a preservação do meio ambiente e dos seus bairros”, refletiu Silvia.
Na mesma linha argumenta o vereador Arselino Tatto (PT), que pediu adiamento da votação: “O esforço do relator é elogiável, mas, pelas falas contundentes que tivemos, nós, como vereadores, temos que ter a responsabilidade de adiar até agosto a votação do Plano Diretor. Acho que temos que fazer mais Audiências Públicas, porque tivemos conhecimento hoje desse substitutivo e temos que ter um tempo bem maior para analisar item por item, porque o que está explicitado é um descontentamento de amplos setores da sociedade representando a população”, finalizou Tatto.
O Presidente da Comissão adiou a votação, que estava prevista para quinta-feira (25), mas deverá acontecer em Plenário entre os dias 30 e 31. Neste tempo o relatório será discutido, e ocorrerão novas Audiências Públicas sobre o tema.
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) apresentou à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) o Projeto de Lei Complementar (PLC) Nº 75/2023, que propõe reajuste salarial para os Polícias Civil e Militar. Protocolado no dia 2 de maio deste ano, o projeto foi discutido em duas reuniões do Congresso de Comissões, em três sessões extraordinárias entre os dias 16 e 17 e aprovado por unanimidade nesta terça-feira (23).
Segundo o poder executivo, essa nova medida atingirá 228 mil agentes ativos, inativos e pensionistas. O projeto, que entrará em vigor no dia 1 de julho, impactará os cofres públicos em 414 milhões de reais. OProjeto de Lei Complementar (PLC) foi aprovado sem outra alteração, além da retirada da alíquota no dia 4 de maio.
Durante a votação, a Bancada da Segurança Pública defendeu o projeto. O deputado Major Mecca (PL) fez suas considerações dizendo que trouxe a insatisfação dos agentes quanto às taxas diferentes de reajustes. No entanto, o governador garantiu que os profissionais que tiveram reajustes menores serão beneficiados nos projetos de revalorização salarial.
Os partidos opositores aprovaram a medida e trouxeram sugestões de emendas e alterações para ampliar o reajuste para outros servidores públicos. Entre essas sugestões, estava a inclusão da Polícia Penal e agentes socioeducativos da Fundação Casa, porém nenhum dos pedidos foi acatado.
Com a proposta de preservar os profissionais e melhorar a segurança pública. O PLC Nº 75/2023 sugere um ajuste não linear, sendo ele maior para os cargos iniciais. Assim, mesmo com uma média geral de 20,2%, um Soldado de 2ª Classe terá um reajuste de 31,62%. Em coletiva na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no dia 2 de maio, o governador afirmou que o “foco é melhorar a questão da segurança e, para isso, vamos empregar tecnologia e reforçar os efetivos” e que “tenta reter os profissionais em início de carreira com um reajuste maior para as posições de entrada”.
Há no texto uma diferença entre os valores da Polícia Civil e Militar. Um delegado da Civil obteve 17,03% de reajuste, enquanto um capitão da PM recebeu 28,79%. Essas diferenças geraram uma reunião entre o Sindicato dos Delegados de Polícia de SP (Sindpesp) e os deputados estaduais na terça-feira (9), mas não resultou em mudanças. Também foi questionado pelos agentes a alíquota de 10,5% de contribuição previdenciária dos policiais ativos, inativos e pensionistas, que foi retirada na quinta-feira (4) por parte do governador.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente na cúpula do G7, grupo que reune as principais economias do mundo. Nos dias 19 e 21, em Hiroshima, Japão, Lula participou de reuniões que tinham como objetivo discutir as agendas internacionais e as principais crises recentes. Além das reuniões comerciais, que envolveram investimentos dos mais diversos âmbitos.
Os encontros foram marcados pelos debates acerca da guerra entre Rússia e Ucrânia. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky também esteve no país asiático. Mas não se reuniu com Lula por conta da dificuldade de conciliar a agenda, segundo os representantes dos países em questão. O presidente brasileiro reafirmou sua posição quanto a crise no Leste Europeu, mantendo a neutralidade. Ainda comentou sobre as tentativas de solucionar o conflito.
Segundo o internacionalista e professor Rodrigo Augusto Duarte Amaral, a postura de Lula desde quando foi questionado sobre a guerra na Ucrânia, é de apontar que a guerra é resultado das pressões ocidentais para incluir a Ucrânia na OTAN. “Isso motivou a invasão russa como uma reação. Ele também condena a invasão russa, mas só de incluir a culpa ocidental, já gera uma reação negativa da mídia ocidental”, comenta o professor
A discussão das agendas pelo grupo seleto de países do G7 – composto por Alemanha, Estados Unidos, França, Japão, Itália, Reino Unido e Canadá - também foi tema de debate, principalmente pelo representante sul-americano, o Brasil. A hegemonia do norte liberal já é contestada por forças exponencias, como é o caso da China e Rússia. Para Rodrigo, o G7 é uma representação muito específica da construção hegemônica liberal do sistema internacional. Primeiro no século 19 com a Inglaterra, a Pax Britânica. Depois no século 20 com os EUA, a Pax Americana. Assim, vivendo um período de contestação dessa ordem. Um período em que a China ascende como grande economia global. “A China está cada vez mais dominante, chegando até 2030, segundo estudos, na maior economia mundial. E a Rússia tem demonstrado um pé firme no chão, um enraizamento geopolítico, que se demonstra praticamente na reação a incorporação da Ucrânia a OTAN”, reitera o internacionalista
A articulação de um sul global como ator representativo na nova ordem econômica do século 21 foi trabalhada pelos governos petistas, representado, principalmente, pelos BRICS. De acordo com o internacionalista, em alguma medida isso incomoda o ocidente. “Mesmo que o Brasil tenha um posicionamento mais intermediário, cosmopolita e multilateral, buscando um equilíbrio de poder mais coletivo, o país foi, em um cenário de crise e contestação da ordem hegemônica, uma pedrinha no sapato do sistema dominante. “, afirma Rodrigo
Uma palestra sobre a abolição da escravatura no Brasil aconteceu no último dia 17, na capital de São Paulo. O evento realizado pela prefeitura, teve a presença de professores e especialistas para a reflexão sobre a população negra no Brasil. Segundo o poder público, um documento chamado ‘orientações pedagógicas: educação antirracista - povos afro-brasileiros’ será criado com a ajuda dos educadores
O "Farol de combate ao racismo estrutural” é uma política pública realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI) e a Secretaria Municipal de Educação (SME). Tem como objetivo conscientizar as futuras gerações, a partir da educação, e combater o racismo estrutural.
"[O evento] é uma maneira de mostrar à população que é necessário ensinar a história verdadeira e fazer com que todos reflitam e entendam a importância de programas em prol do tema”, diz Marta Suplicy.
ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO
Dia 13 de maio foi assinada pela princesa Isabel a Lei Áurea , na qual determinava a abolição da escravidão, resultado de uma grande luta dos escravos e movimentos abolicionistas da época. Porém, com a libertação dos escravos não foram criadas políticas públicas para a reintegração da população negra na sociedade brasileira, causando hoje o racismo estrutural.
A abolição foi um processo lento e de muita luta pelo território brasileiro. Muitos nomes não foram devidamente homenageados e sua história esquecida, como Luís Gama, José do Patrocínio, André Rebouças e alguns líderes de movimentos separatistas abolicionistas que é o caso da Conjuração Baiana.
QUEM SÃO OS HERÓIS?
Luís Gama: jornalista e advogado, usou de seus conhecimentos para libertar mais de 500 escravos, além de denunciar atos racistas. Filho de mão preta e pai branco, foi vendido pelo pai quando tinha 10 anos por dívidas. Quando chegou em São Paulo, aprendeu a ler e fugiu da escravidão em busca de reconquistar sua liberdade. Como jornalista, escreveu sobre o fim da escravidão e criticava a aristocracia do Império.
foto: reprodução
André Rebouças: Se formou como engenheiro militar e em 1861 recebeu uma oportunidade de estudar na Europa para se aprofundar em engenharia civil. Com esse conhecimento adquirido, André propõe soluções para a cidade do Rio de Janeiro, como por exemplo uma rede de abastecimento de água para a cidade.
André sofreu com discriminação racial e sempre se posicionou a favor da abolição. Se juntou com Luis Gama em manifestações contra a escravidão, mas sua participação era apenas na organização e administração dos fundos. Rebouças se preocupou com o destino dos pretos após a abolição, para ele era necessário um projeto de inserção deles na sociedade brasileira.
foto: reprodução
José do Patrocínio: jornalista e escritor, Patrocínio fez-se presente no movimento abolicionista.
foto: reprodução
Movimentos Abolicionistas: Cipriano Barata, médico, João Ladislau de Figueiredo, farmacêutico, e Francisco Gomes, professor. Os três revolucionários lideraram a conjuração baiana que foi um movimento abolicionista, com objetivo de separar a Bahia de Portugal e atender às reivindicações das camadas mais pobres. Diferentemente da inconfidência mineira, na qual alguns líderes foram exilados pela coroa, na conjuração baiana, os líderes foram condenados a enforcamento público, e não viraram ‘mito’ ou herói como Tiradentes virou.
foto: reprodução
Após denúncias feita ao Ministério Público, o Centro Acadêmico Manoel de Abreu (CAMA), entidade estudantil dos alunos de medicina da Santa Casa e o Centro Acadêmico de Enfermagem Madre Maria Gabriela Nogueira (CAEMMAGN), entidade estudantil dos alunos de enfermagem, anunciaram greve na quarta-feira (24) e fizeram protestos em frente ao prédio da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho (FAVC), mantenedora da faculdade.
As principais acusações são dirigidas ao ex-deputado Tônico Ramos (PMDB), acusado de desviar verba em benefício próprio. Segundo representação encaminhada à Promotoria de SP no último dia 3 de março, Raugeston Benedito Bizarria Dias, conselheiro fiscal da FAVC, afirma que no dia 01 de setembro de 2022 o Sr. Tonico Ramos organizou e ofereceu um jantar para cerca de vinte pessoas em sua residência, custeado com dinheiro da fundação. Ainda segundo a representação, o auditor interno, o Antonio Carrer, incumbido de fiscalizar os gastos internos da Fundação, teria sido indicado por Tonico e "não apontou nenhuma irregularidade em relação ao uso do cartão de crédito suplementar e nem o valor destinado a tais pagamentos".
Além das denúncias de desvio de verba, também são apontadas denúncias de assédio a funcionários e demissão de diretores e coordenadores da faculdade, seguidas da contratação exclusiva de indicados ao cargo. O uso de funcionários do setor de manutenção da fundação para realização de tarefas, serviços em sua própria residência durante o horário de trabalho, portanto, com despesas pagas pela fundação, também foi denunciado.
Ao jornal Metrópoles, Tonico Ramos afirma ser inocente e diz não ter noção de qual motivo ocasionou denúncias. “O que tenho noção é dos fatos que chegaram até mim. O que chegou era uma documentação sem assinatura que estava correndo na Irmandade, aqui e por todos os lados. Eu recebi este documento”, diz. O escritório de Advocacia Mattos Filhos está o auxiliando na auditoria.
A aluna Melina Houlis, Presidente do CAMA, relata sua frustração. “O sentimento é de muita indignação, é a maior faculdade privada de medicina do país que está sendo desmantelada. A sensação que fica é que estão deixando isso acontecer sem se preocupar com o futuro dos alunos e com a qualidade do ensino.” Diz a aluna.
O corpo docente e as entidades estudantis da Santa Casa declaram repúdio e exigem que Tônico Ramos seja imediatamente afastado do cargo de Presidente do Conselho Curador junto com todos citados no processo, a fim de garantir uma investigação sem interferências. Também exigem divulgação da auditoria do balanço da FAVC e prestação de contas para a comunidade acadêmica e garantia de preservação do corpo docente, durante todo o período de apuração das denúncias.