Por Matheus Monteiro
Ser nerd nem sempre foi “cool”. Antigamente o bullying e a violência eram comuns na vida de alguém que pertencesse ao mundo geek. Na escola, fãs de videogames, RPG’s e quadrinhos sempre eram excluídos pelas pessoas mais “populares”, aquelas que julgavam o que era certo e errado, inclusive, quem ousasse não se encaixar aos padrões impostos, estaria sujeito a opressão.
De alguns anos para cá, porém, a cultura nerd deixou de ser algo alternativo, agora passa a ser valorizada e domina o mainstream. Ironicamente, no entanto, alguns indivíduos que se consideram nerds, em vez de usar essa sua nova posição de destaque na sociedade para integrar novos fãs e expandir as fronteiras de suas histórias preferidas, preferem promover o ódio e a opressão já vividos por eles.
E mesmo cercados de histórias de cunho obviamente progressistas – como as dos “XMen”, heróis que lutavam contra o preconceito de todas as formas –, o mundo nerd tem sido tomado por uma onda conservadora e purista que constantemente vira manchete por problematizar praticamente toda a tentativa de representatividade em filmes, séries e adaptações.
Evidentemente, não são todos que promovem esse discurso. Essas ofensas costumam vir daqueles que são conhecidos nas redes sociais como “nerds raiz”, “nerdolas” ou “nerd boomers”. Por vezes, eles mesmos ostentam essas alcunhas. Eles escondem o seu racismo e intolerância no sentimento de nostalgia, com aquele clássico discurso de que “antigamente era melhor”. Não podem ver sequer uma obra que contenha uma representação de alguma minoria que já a taxam como “lacradora”, ou esquerdista.
Raphael Augusto Alves, estudante universitário e geek, contesta se esse universo sequer já teve uma premissa inclusiva. Para ele, “a comunidade nerd foi realmente criada nesse contexto, mas dizer que ela nasceu em um ambiente de inclusão, é exagerar. Isso porque, aquele jovem que jogava Dungeons & Dragons no porão de casa e não se sentia bemvindo no resto das atividades, partia naturalmente para a exclusão. É aquela coisa, quando você não entende como mudar a opressão, você tende a se tornar o opressor. O conservadorismo nasce do medo de mudança. Porque pensam que qualquer mudança que afete uma memória antiga pode ser um grande problema. Então de fato há um purismo. É um conservadorismo nascido de um preconceito que também gera preconceito. É um ciclo.”
Um dos casos mais emblemáticos causado por esse fenômeno foi quando houve o anúncio de uma Ariel negra para a adaptação com atores reais do filme animado “A Pequena Sereia”, uma das mais famosas princesas da Disney. Os fãs da animação foram à loucura. A exceção foram aqueles que ficaram indignados pelo fato que trocariam a etnia de uma das princesas mais queridas do estúdio.
Em julho de 2019 divulgaram quem seria a Ariel. Muitas fontes apontavam a atriz Zendaya para pegar o papel principal, só que quem levou essa foi a atriz Halle Bailey conhecida por seu trabalho na série Grown-ish e por cantar em um duo com sua irmã Chloe Bailey.
Mesmo com debates sobre racismo espalhados pelo mundo todo, Bailey não ficou imune aos ataques feitos pela internet quando por três dias a hashtag “not my Ariel” (não é minha Ariel) ficou nos trend topics do Twitter mundial. Por outro lado, muitos apoiaram a iniciativa, uma vez que personagens racializados das produções dos estúdios Disney geralmente ficam em forma de animais ou de seres inanimados, como a Tiana da animação “A Princesa e o Sapo” e Kuzco de “A Nova Onda do Imperador”.
A dubladora de Ariel na animação de 1989, Jodi Benson, declarou apoio a cantora em sua entrevista para o ComicBook. com. “Não importa nossa aparência por fora, não importa nossa raça, nossa nação, a cor de nossa pele, nosso dialeto, se eu sou alto ou magro, se estou acima do peso ou abaixo do peso, ou meu cabelo e a cor que for, realmente precisamos contar a história”.
Outra situação em que o discurso de ódio dominou as entrelinhas dos “nerds conservadores” nas redes sociais ocorreu logo após o lançamento do primeiro trailer da série “Senhor dos Anéis”, que está sendo produzida pela Amazon.
Por incrível que pareça, o retorno do rico universo de J. R. R. Tolkien não foi motivo para a celebração de alguns de seus fãs, que preferiram concentrarse em um detalhe com menos de 10 segundos de tela: um dos elfos representados na trama terá pele negra. O assunto rapidamente foi aos trending topics do Twitter e, novamente, gerou calorosas discussões sobre a possibilidade de algo tão indiferente. Vale ressaltar que elfos, brancos ou negros, são personagens fictícios que sequer existem.
Episódios como dos elfos interpretados por negros em Senhor dos anéis e da Ariel de Halle Bailey não são casos isolados. Qualquer pessoa que tenha contato com a bolha geek nas redes sociais já presenciou ou irá presenciar uma discussão onde a luta antiracista é menosprezada.
Infelizmente para o “nerd raiz” a cultura está mudando, queira ele ou não, e, infelizmente, a representatividade negra está deixando de ocupar apenas espaços secundários, inclusive, com inúmeros exemplos disso.
Em um quadrinho do Capitão América, “Truth: Red, White and Black”, há uma marcante história de um Capitão América Negro durante um periodo de grande tensão racial nos Estados Unidos. Essa trama é aproveitada na aclamada série em Live Action da Marvel, “Falcão e o Soldado Invernal”, onde todo o grande público pôde conhecer Isaiah Bradley, esse mesmo Capitão América negro das histórias em quadrinhos, e sua jornada para superar a intolerância do Governo e Sociedade Americana.
Não que seja novidade para os brasileiros a conduta baixa de Nelson Piquet, mas agora ficou ainda mais visível, principalmente ao mundo do automobilismo, que o ex-piloto e tri-campeão mundial de fórmula 1 se encontra no panteão de seres humanos de caráter desprezível. Eu sei que são palavras fortes, mas se tratando de atitudes racistas como foi a de Piquet, a passividade não tem mais espaço.
O ex-piloto e apoiador devoto de Jair Bolsonaro conseguiu, com sua asneira, algo inimaginável: mobilizar a sociedade elitista e não menos preconceituosa da Fórmula 1 contra o racismo. É fato e notório que a categoria não abre espaço para lutas progressistas. Um exemplo disso foi quando Lewis Hamilton, alvo de racismo de Piquet, se posicionava pelo fim do preconceito racial e membros do esporte tentavam boicotar as ações do heptacampeão. Portanto, o fato de a fórmula 1 e equipes se posicionarem contra Nelson Piquet já evidencia que a atitude do ex-piloto passou totalmente do limite.
Mais do que ofender Lewis Hamilton, o Uber presidencial, como Nelson Piquet é chamado na internet, também atacou negros e negras do mundo todo que tentam se inserir no esporte mais elitista do planeta. Hamilton, que segue sendo o único piloto negro da história da categoria, além de esportista, é um sinal de esperança para a negritude. E para azar de Piquet, o heptacampeão brilha cada vez mais, apesar da sua fala enojada. Hamilton é o que há de melhor na categoria, mesmo com o ódio que sofre por conta da cor da sua pele.
Ao comentar a manobra que Hamilton fez em cima de seu genro, Max Verstappen, no GP da Grã-Betanha de 2021, dá pra notar o nojo que Piquet sente pelo "neguinho". Mais do que isso, evidencia que sua rixa com o heptacampeão ultrapassa a seara do esporte. Dá para interpretar que o ex-piloto, na verdade, não gosta do fato do piloto mais relevante da história da categoria tenha a pele escura. Dito isso, só dá para ter um sentimento em relação a Nelson Piquet: o de pena.

Agora resta saber quais serão os próximos passos sobre esse caso incontestável de racismo. Será que a fórmula 1 vai proibir que Nelson Piquet circule pelo padock? Acho difícil, mas é o que deveria ser feito. Hamilton vai processar o ex-piloto? Ao que tudo indica, sim. Mas mais do que isso, é preciso mudar a mentalidade desse esporte elitista. Vai demandar tempo, sabemos, mas urge a necessidade de priorizar para essa mudança, pois dar voz a párias como Nelson Piquet não é mais aceitável.
Still we rise.
“As prisões estão sendo espaços de real ressocialização como se propõe? Como surge essa ideia da privação de liberdade como uma pena para quebra de convenções e contratos sociais (...) Quem define o que é crime e quem é criminoso?"
Essas foram algumas questões que Juliana Borges expôs em seu livro “Encarceramento em massa”, que aborda questões sobre o sistema de justiça criminal punitiva, reinserção de presos na sociedade, Lei de Drogas, o espaço da mulher nos presídios, entre outros assuntos. Pensando nisso, criamos um perfil no Twitter, onde exploraremos os assuntos apresentados nas páginas do livro por meio de threads [fios], que vem sendo um grande sucesso na rede social.
Acreditamos que expondo através de redes sociais, esse assunto que é tão importante e necessário de ser debatido, pode chegar a mais pessoas, além de possibilitar aqueles que não conhecem o trabalho da Juliana, darem uma olhada em alguns assuntos abordados no livro, e assim decidir compra-lo ou não. Clique aqui para ver a thread completa.
A humanidade conhece o racismo há séculos. Ele se manifesta desde as maiores atrocidades, como a escravidão, até as formas mais imperceptíveis para as pessoas brancas, como um olhar diferente, que é conhecido como racismo estrutural. Um exemplo desse tipo de discriminação pode aparecer até em relação ao modo de se vestir de cada um. Um branco pode sair tranquilamente na rua de camiseta, bermuda e chinelo, mas, caso um negro use esta mesma vestimenta, corre o risco de ser parado pela polícia ou receber olhares de desconfiança, como relata o jornalista Marcus Vinícius Anjos, atualmente repórter da Rede Globo: “no mercado, a gente se dá ao luxo de usar roupas mais simples. Se uma pessoa branca vai vestida assim no mercado, ela é tratada de uma forma, mas as pessoas negra, de outra”.
Outro meio em que o racismo é notável, é no jornalismo, principalmente dentro da televisão. Pesquisas apontam que apenas 10% dos profissionais do Jornalismos televisivo são negros. Marcus diz que trabalhou com poucos jornalistas negros: “Em uma emissora eu era o único negro na redação. Embora a diversidade esteja crescendo e sendo aceita em diversas empresas, não se compara com a grande quantidade de colegas brancos. A impressão que eu tenho é que nós temos avançado, mas de forma muito tímida. De qualquer maneira, é muito bom ver que essa questão esteja mais presente nas pautas dos veículos de comunicação”.

Além do número de negros presentes nessa área ser baixo, estes jornalistas passam por dificuldades. A jornalista Basília Rodrigues tem 13 anos de profissão e atualmente é analista na CNN Brasil. Ela conta que no início da carreira, antes mesmo de fazer televisão, sentiu-se alvo de racismo ao ser convidada para cuidar da filha da pessoa que a chefiava. "Eu não aceitei, afinal de contas meu trabalho era ser jornalista e não babá”. Ao ser questionada sobre qual foi o ato de racismo mais marcante que já sofreu, ela faz uma importante colocação: “Todos são marcantes. Nem todos podem ser ditos”.
Basília conta como é fazer parte desse pequeno grupo de jornalistas e menciona sentimentos que já teve ao longo de sua trajetória: “A definição de repórteres e pautas em uma redação passa por diversos critérios. Às vezes, raciais. É preciso ter muito jogo de cintura. Sentir-me preterida, como deixar de acompanhar algum evento social por decisão da empresa, é um exemplo de racismo, mas eu não saberia, nem gostaria, de apontar muitos detalhes. Observo que todos esses relatos são do início da minha carreira. Não tem relação com o atual lugar onde trabalho”.

É possível conhecer os dois lados da moeda existentes nas vidas de jornalistas negros. Marcus conta que felizmente nunca sofreu racismo no exercício da profissão e se sente privilegiado por isso: “Ao mesmo tempo, não me vejo na condição de naturalizar esse privilégio e poder dizer que é normal, porque não é. Tenho a consciência de que a maioria dos negros não o possuem”.
A ativista e intelectual Lélia Gonzalez fala sobre a apropriação de ser negro: “a gente nasce preta, mulata, parda, marrom, roxinha dentre outras, mas tornar-se negra é uma conquista”. Basilia explica o que Gonzalez quer dizer: “A conscientização de que carregamos responsabilidades coletivas tanto quanto as nossas trajetórias pessoais, vem com o tempo. O "tornar-se negro" ultrapassa a definição do tom da pele. Compreender-se como parte de uma história que antecede as nossas próprias vidas, que vem das condições e posições criadas para o negro na sociedade, depende de um processo de reflexão e de vivências. Para alguns, isso pode ser rápido, em especial quando o negro nasce em uma família com consciência racial; em outros casos, é mais complexo, depende de experiências (ruins ou positivas) que amadureçam a percepção sobre a diferença social entre ser negro ou branco”.
Marcus cita uma experiência pessoal que é um bom exemplo da situação acima: “Desde pequeno, cortei o cabelo bem baixinho, meu pai que ditava o tamanho do corte quando me levava no cabeleireiro. Quando vim da Bahia para São Paulo, eu passei a controlar o tamanho do meu cabelo. Apesar de não ter mudado o corte, passei a cortá-lo mais alto. Se uma pessoa branca pode usar um cabelo do tamanho do meu, porque eu que sou negro não posso? As vezes meu pai me pergunta “você não está com o cabelo muito grande?” e eu respondo “não, está do tamanho que eu quero”. O fato dele estar maior não é uma questão de desleixo, eu que quero ele assim. É uma questão que a gente se poda as vezes. Se o seu cabelo não é liso, é crespo, você se sente obrigado a cortar ele baixinho. Felizmente comigo nunca aconteceu de uma empresa me mandar cortar o cabelo. Sinal de que aos poucos, as coisas estão melhorando”.
Através dos telejornais, é possível notar a grande importância que se dá a notícias vindas do continente europeu e dos Estados Unidos. Já o continente africano tornou-se uma “não notícia” e quando faz parte dos telejornais, é retratado como um lugar pobre, violento e com alto índice de fome. Durante o período de vacinação contra a COVID-19 no mundo, a África foi esquecida. Em uma coletiva de imprensa, o diretor do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (África CDC), John Nkengasong alerta que apenas 3,5% da população foi completamente imunizada, segundo dados publicados em 14/09/2021. Enquanto, no mesmo período, 58% da população estadunidense estava completamente vacinada, segundo a publicação digital Our World In Data.

Marcus fala sobre a falta de informação em relação à África e cita um exemplo retirado de um livro jornalístico: “É triste. Tem um exemplo num livro que diz “se um avião cai na Europa ou nos EUA com 20 pessoas, indiscutivelmente isso vai ser pauta no mundo inteiro. Mas se um avião com 300 pessoas cai na África, isso as vezes vira uma nota em algum jornal, dependendo do veículo, se torna apenas uma nota pelada, que não tem nem imagens”. 300 pessoas valem menos do que 20 dependendo de onde elas vivem? Pra mim, isso é questionável demais. No dia a dia, a gente precisa ter esse olhar e cuidado, porque as vezes somos condicionados a isso. Quando eu era mais novo, tinha meu próprio jornal, em que eu era o editor chefe, apresentador e repórter. Já perdi as contas de ver uma notícia e pensar que ninguém se interessaria por ela. A gente precisa do exercício de se perguntar: “porque um avião caiu na África, as pessoas vão se interessar por aquela notícia?”
No artigo “Sete Visões da Crise do Jornalismo Profissional- Tempestade Perfeita”, a jornalista Luciana Barreto cita uma experiência que vivenciou: “recebi um convite para participar de uma celebração com angolanos no Brasil. O representante do consulado veio explicar a alegria de ver um pouco de seu país em algum noticiário, reconhecendo o Brasil como um país extremamente racista. Por último, me fez um pedido que exemplifica quanto estamos distantes de chegar a um jornalismo plural. Com cuidado e um tanto embaraçado me perguntou se nós poderíamos atualizar nossos arquivos porque o país dele não era mais aquele, as ruas estão diferentes, e disse ainda: “Não temos fuscas por lá desde os anos 1980”. Basília diz que esse tipo de tratamento que matérias vindas da África recebem, é preconceituoso: “narrativa dominante de que o negro é sempre marginalizado, periférico, excluído, pobre, necessitado. Infelizmente esse entendimento distorce as diferenças, amplia as desigualdades e reforça o olhar exótico (e equivocado) sobre o negro”.
Diante desses apontamentos, é possível dizer que apesar de jornalistas negros estarem ocupando um pouco mais de espaço no telejornalismo, ainda são poucos os que fazem parte dele. É preciso melhorar, segundo Marcus: “Eu torço para que a gente melhore e para que possamos ver uma redação colorida”. Além de inclusão, é necessário ter igualdade entre negros e brancos, em todos os aspectos.
Para Amailton Azevedo, professor de História da PUC-SP, cantor e compositor independente, sua história com a música começou desde quando era criança, porém só se envolveu com a cena musical na faculdade: “Formei bandas e participei de festivais universitários. Em 2011, fiz um pocket show no festival ‘South by South West’ em Austin, nos EUA. Em 2021 irei lançar o single ‘Ruas Tortas’ como produção independente. Para 2022 está previsto o lançamento do disco ‘Asas Negras’ em parceria com Salomão Salomão.”
Atualmente, com o crescimento dos serviços de streaming, a realidade dos músicos independentes — aqueles sem contrato com gravadoras — mudou radicalmente. Eles mostram que é possível construir uma carreira de sucesso usando apenas as redes sociais e as plataformas como Youtube, Spotify e Apple Music. Para Amailton, a música não é sobre o estrelato, conta com seu álbum 'Mundo Atlântico’ de 2007, disponível no Spotify, onde possui 20 ouvintes mensais. Sobre isso, ele diz: "Hoje é uma questão absolutamente resolvida, pois compreendi que fazer música é diferente do que fazer sucesso. Já almejei o sucesso, hoje almejo continuar no circuito dialogando com meus amigos e amigas envolvidos com a música."
O Spotify escolheu a Top Brasil, sua maior playlist de hits, para celebrar, com música nacional, o “Dia da Consciência Negra”. Durante uma semana, a seleção contou com músicas feitas exclusivamente por artistas negros. Os grandes espaços da música estão cada vez mais sendo reocupados por esses músicos, recebendo, assim, seu reconhecimento. Isso é visível pelos line ups de grandes festivais, que têm tido uma crescente lista de nomes negros nos últimos anos, e a tendência é continuar aumentando, conforme o sucesso é alcançado e reconhecido.
O abismo ainda é evidente, em 2019, no Rock In Rio, dos 92 artistas que performaram, apenas 34 eram negros. No Lollapalooza, de 69, apenas 13. Contudo, tais artistas têm recebido grande destaque, fazendo jus a suas importâncias no cenário mundial. No RIR de 2019, quatro artistas se apresentaram no Palco Mundo, o maior do festival, dentre eles: Drake e Black Eyed Peas. Já no Palco Sunset, foram cinco brasileiros: IZA, Alcione, Elza Soares, Karol Conká e Mano Brown.
Amailton vê a música como um estilo de vida, não como uma carreira. Afirma que suas maiores inspirações para suas composições, são os estilos negros americanos, a Black Music, sendo eles o funk, rap e jazz. Caracterizada por esses estilos, a música brasileira nasceu a partir das danças e musicalidade dos indígenas, dos africanos, franceses e portugueses. Mas com o avanço da indústria cultural nacional, novos estilos e tendências foram ganhando espaço, e consequentemente, essa indústria elege quem recebe a fama ou não.
Com a popularização das redes sociais, os criadores de conteúdo musical criaram tendências e mercados alternativos engajando o próprio público. Com isso, a indústria musical adaptou-se a esse modelo, adotando as redes alternativas de produção e difusão, como os streamings, citados anteriormente, assim, Azevedo conclui: “A relação entre indústria e artista é muito complexa. Não se pode dizer que a Indústria tem o monopólio da criação. A indústria pode esvaziar um produto, mas a capacidade criativa do artista sempre provoca a surpresa e o inusitado, renovando a própria indústria que massifica o produto artístico.”