Voluntário conta sua experiência de dez anos entregando cestas básicas para comunidade no Morumbi
por
Gustavo Song Jun Choi
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24/09/2025 - 12h

Na cidade de São Paulo, o bairro do Morumbi é marcado pela desigualdade, principalmente pelo contraste entre as residências de alto padrão e as moradias precárias. Na Rua Santo Américo, 357, a paróquia São Bento do Morumbi procura ajudar os moradores de uma das comunidades do bairro, o Jardim Colombo. O trabalho é realizado pelos voluntários da Pastoral Social, alguns deles membros da comunidade, que fazem a entrega de cestas básicas na paróquia e organizam visitas de apoio às moradias da comunidade.

Fabrício Habib, conselheiro e membro ativo do trabalho comunitário da paróquia, diz que se vinculou ao projeto quando começou a frequentar a igreja e conhecer as pessoas da comunidade. “Já tinha vontade de fazer um trabalho social, achava que era algo importante para minha vida, para meu papel como cidadão”, conta.

Segundo ele, quando se somou ao projeto, a pastoral ainda não dispunha de um sistema de organização para a entrega de cestas. Hoje, a distribuição é dividida em etapas e equipes, responsáveis por tarefas diferentes do processo. Esse modelo foi planejado e implementado por Habib, ao longo de seus dez anos de experiência como voluntário e coordenador.

Voluntários da Pastoral Social da Paróquia São Bento do Morumbi
Fabrício Habib e voluntários da Pastoral Social - Foto: Divulgação


As cestas básicas costumam ser distribuídas no terceiro sábado de cada mês, às 8h30, na paróquia. Habib afirma que a quantidade de cestas distribuídas, comparada a quando ele começou, em 2015, tem demonstrado aumento. Hoje, o projeto atende 300 famílias, o maior número de pessoas já registrado. "Quando entrei, eram em torno de 95 cestas”, conta. Sobre o conteúdo da cesta em si, ela é montada especificamente para a paróquia, com objetivo de alimentar uma família de quatro pessoas por 15 dias, ou duas pessoas por 30 dias. 

De acordo com o conselheiro, a origem por trás da paróquia ocorreu com a chegada de uma congregação de monges beneditinos húngaros ao Brasil por volta de 1930. Desde então, começaram uma série de obras sociais, ao fundar a Abadia São Geraldo, que possui outras unidades, uma delas a paróquia São Bento do Morumbi. O trabalho voluntário em questão surgiu através do Movimento PAX.

De acordo com o site “Movimento PAX”, o movimento foi fundado por Dom Veremundo Tóth, em 1990, com o objetivo de pregar paz e alegria. Atualmente, além de encontros e retiros religiosos, o movimento realiza o trabalho de auxílio aos necessitados do Jardim Colombo. O financiamento para a montagem das cestas básicas é feito pelo movimento, constituído, em sua grande maioria, por alunos e ex-alunos do Colégio Santo Américo. Localizada ao lado da paróquia, a escola é uma das unidades que derivam da abadia.

Quando questionado sobre futuras metas do trabalho da pastoral, o ex-coordenador diz que o objetivo de longo prazo seria não só dar cestas básicas, mas ajudar as pessoas atendidas a sair da situação de pobreza, para que não precisem mais da cesta. “Não queremos de maneira nenhuma que essas pessoas dependam da gente, ou que seja um trabalho só de enxugar gelo, ou que seja só um trabalho de assistência simples”, diz.

Sobre as dificuldades logísticas do trabalho, o conselheiro conta que é uma dificuldade contínua, e que varia ao longo do tempo. Apesar de atenderem 300 famílias, houve vezes em que, por conta da falta de recursos, atenderam menos de 100.

“Houve épocas em que fomos obrigados a diminuir a quantidade de alimentos na cesta, épocas em que temos muita gente trabalhando”, complementa.

Habib ainda relata outras dificuldades relacionadas ao trabalho. “Somos voluntários, temos nossas vidas, nosso trabalho, nossa família. Então já houve dificuldades também de a gente dedicar tanto tempo que acaba atrapalhando nossa vida pessoal." 

Ele diz que o projeto coloca seus voluntários em contato com a pobreza extrema, o que muitas vezes já o deixou abalado ao voltar para casa, com dificuldade até mesmo de sentar-se à mesa para almoçar. “É muito difícil você conseguir separar isso do dia a dia, precisa de um amadurecimento emocional para conseguir fazer esse trabalho com um pouco mais de profundidade”, afirma.

Ainda sobre as visitações, Habib diz que é uma experiência dura, por colocar o voluntário de frente a uma realidade que muitas pessoas não sabem que existe e com a qual outras tantas fazem questão de não conviver no dia a dia. Porém, ao mesmo tempo, ele considera a experiência engrandecedora, pois o voluntário passa a entender a sociedade de outra maneira, aprendendo sobre a fragilidade das pessoas.

“É engrandecedor, pois isso faz com que você ressignifique o tamanho de seus problemas, e ajuda a gente a ser um ser humano mais completo”, afirma, acrescentando: “O correto não deveria ser só para nós mesmos. Temos obrigação como cidadãos de cuidar da nossa sociedade, do nosso país, do nosso bairro e da nossa comunidade”.

Sobre a desigualdade do bairro, Habib diz: “O Morumbi é a cara do Brasil. Essa desigualdade que existe no Morumbi existe no Rio de Janeiro, Brasília. Você sai da capital federal, onde estão os políticos ou pessoas de condição financeira, anda 30 minutos de carro e chega em áreas extremamente pobres”. E continua: “Esse é um reflexo da sociedade que a gente construiu, onde as oportunidades não são iguais para todo mundo”.

Habib avalia que, apesar de a saúde e a educação pública serem um direito de todos, o governo sempre poderia estar fazendo melhor, já que o nível de assistência e oportunidade é muito diferente e, ao longo do tempo, a tendência, para ele, é que essa desigualdade aumente. Porém, o conselheiro acredita que o esforço para mudança cabe não apenas ao governo, como também aos próprios cidadãos. “Não é uma função só do governo, é um trabalho que deve ser feito em conjunto. Sabendo disso, meu trabalho ganha mais sentido.”

 

 

Com a presença de convidados especiais, Boitempo, em parceria com o MST, promove a comemoração dos 207 anos do pensador e 30 anos da editora
por
Isabela Fabiana
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09/06/2025 - 12h

O encontro ocorreu no Espaço Cultural Elza Soares, das 10h as 18h, tendo como principais pautas a crise ambiental, o identitarismo, colonialismo e precarização do trabalho. O evento acontece desde 2018, e contou com a participação de grande nomes do pensamento crítico contemporâneo,  na politica e nas artes como, por exemplo, Rita Von Hunty, Douglas Barros, Paulo José Netto, Manuela D’Villa, Luciano Genro, Ricardo Antunes, entre outros. 

Para alimentação, o MST preparou refeições agroecológicas para café da manha, almoço e café da tarde. Além de debates, com pautas importantes, o evento contou com uma feira literária, entre as editoras participantes estavam a Veneta, Ruptura, a própria Boitenpo, Camisa Critica, Boitata, oferecendo revistas gratuita, contracorrente e muitas outras. Confira a reportagem em vídeo

 

 

 

 

Neste ano de 2025, a Escola Nacional Florestan Fernandes, localizada em Guararema (SP), celebra suas duas décadas de existência, sendo um dos principais exemplos de centros de formação política e pedagógica na América Latina 
por
Inaiá Fernandes Misnerovicz
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09/06/2025 - 12h

As festividades pelos 20 anos da ENFF não se limitaram à sua sede. Durante a reunião da Coordenação Nacional do MST, realizada de 20 a 24 de janeiro em Belém (PA), cerca de 400 dirigentes participaram de atividades comemorativas que ressaltaram a importância da formação política na luta por uma sociedade mais justa.

Para o segundo semestre de 2025, está prevista a realização de um Seminário Internacional de Formação Política na própria Escola. O evento reunirá militantes e educadores de diversos países para debater os desafios contemporâneos da formação política e reafirmar o caráter internacionalista da escola e do Movimento Sem Terra. 

A ENFF é marcada por princípios de sustentabilidade e trabalho coletivo desde o seu início. Ela foi erguida pelas mãos de mais de 1.200 militantes. “A Escola se constituiu numa referência de trabalho voluntário, solidariedade e de internacionalismo desde o seu processo de construção até os dias atuais, pois o método político-pedagógico se reafirma, nas dimensões do trabalho, da organicidade, da mística, da arte e da cultura, do estudo e da prática dos valores humanistas e socialistas. A colaboração de todas as pessoas que se fazem presentes na sua estrutura física.” explica Selma Santos, dirigente do MST que compõe a CPP, a Coordenação Política e Pedagógica da ENFF. 

Essa vivência coletiva se expressa também na rotina da escola: “as pessoas participam das limpezas diárias, preparam as místicas, estudam em núcleos de base. Vivenciam o cotidiano da ENFF de forma coletiva, respeitosa e solidária”, complementa. A organização cotidiana da escola é garantida pela Brigada Apolônio de Carvalho, formada por militantes do MST, e pelo apoio da Associação de Amigos e Amigas da ENFF, que mobiliza solidariedade em diferentes formas — de contribuições financeiras a doações de livros e roupas. 

Os edifícios foram construídos com tijolos de solo-cimento produzidos no próprio local, reduzindo o impacto ambiental e o custo da obra. O financiamento veio de doações de apoiadores da Reforma Agrária no Brasil e no exterior, incluindo a venda de fotografias de Sebastião Salgado e o livro Terra, uma parceria com o cantor Chico Buarque. “A arquitetura da ENFF é extraordinária. Ela apresenta uma outra lógica de construção em diálogo com a preservação ambiental”, destaca Selma. “Durante a construção, muitos militantes aprenderam essa técnica e a implementaram em seus assentamentos. A ‘máquina de tijolos utilizada ali, está sendo experimentada em [países de] África e, em breve, na Venezuela.” 

Foto: Sara Sulamita
Foto: Sara Sulamita

Desde sua inauguração, a escola já formou cerca de 70 mil pessoas, em parcerias com 35 universidades brasileiras e internacionais. Também são oferecidos programas de mestrado e doutorado em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe, em colaboração com a Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Esse resultado é positivo quantitativa e qualitativamente. Ele se reflete no fortalecimento das organizações populares que tiveram militantes formados pela escola, tanto no Brasil quanto em outros países da América Latina, atuando nas lutas estudantis, das mulheres, da moradia, da educação e nos processos de construção de poder popular”, avalia Selma. 

A ENFF também é um espaço de articulação internacional, que recebe militantes de diversos países e promove o intercâmbio de experiências entre movimentos populares. Esse caráter internacionalista reforça seu papel estratégico na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. 

A formação na escola é fortemente influenciada pelo pensamento de Florestan Fernandes e Paulo Freire. “Os dois mestres se colocam na perspectiva da prática–teoria–prática, da ação–reflexão–ação, que parte do estudo teórico enraizado em uma prática concreta. Por isso, o principal critério para participar de um curso na ENFF é ser militante ativo em uma organização popular, com o objetivo de qualificar sua atuação”, explica a coordenadora. Segundo ela, Florestan Fernandes é um grande referente intelectual para o movimento por ter afirmado sua opção pelos pobres e excluídos. Seu trabalho trouxe à tona questões da causa indígena e negra, enquanto defendia a educação pública e a superação do capitalismo. Todos esses temas seguem atuais e necessários.” 

Por fim, Selma destaca a importância da cultura e da mística como parte da formação integral dos sujeitos: “Elas reafirmam valores, constroem sentido coletivo e ajudam a formar seres humanos completos, capazes de sonhar e lutar por um mundo diferente. É o contraponto à lógica do ter. O mais importante é o ser — humano e integral.”, conclui. 

22 de Agosto escolhe não aderir a mobilização e contribui para a descredibilizar movimento estudantil
por
Annick Borges
Davi Rezende
Manoella Marinho
Rafael Pessoa
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29/05/2025 - 12h

Sem o apoio do maior centro acadêmico da universidade, paralisação realizada pelos alunos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) na última semana foi alvo de disseminação de informações falsas. Estudantes contrários ao movimento e até figuras políticas propagaram desinformação sobre as manifestações, na tentativa de enfraquecer os atos.

Os protestos e a paralisação na universidade conquistaram importantes avanços para o movimento estudantil, além de atenção na mídia. Pela seriedade das reivindicações, todos os coletivos estudantis e centros acadêmicos da PUC-SP se manifestaram aderindo ou não aos atos.

Estudantes esperando a assembleia nas arquibancadas
Plateia da assembleia organizada pelo Centro Acadêmico 22 de Agosto, na manhã do dia 22 de maio, na PUC-SP, campus Monte Alegre. Foto: Manoella Marinho.

 

Iniciadas pelos Centros Acadêmicos de Ciências Sociais (CACS), Serviços Sociais (CASS), Relações Internacionais (CARI) e pela Coletiva Afroindígena Saravá, as manifestações que paralisaram as atividades dos cursos da Faculdade de Ciências Sociais (FACSOCS), e logo ocuparam o edifício Cardeal Motta, conhecido como “prédio velho”, foram adotadas pelos demais CAs da universidade. Em 21 de maio, dois dias após o início das manifestações, os Centros Acadêmicos de Psicologia (CAPSI), Jornalismo (Benevides Paixão), Letras (Clarice Lispector), assim como o Coletivo de Bolsistas Da Ponte Pra Cá e o Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino (ESPP), também demonstraram apoio.

Laís Hera se dirigindo aos estudantes das arquibancadas que estavam assistindo a assembleia
Lais Hera, presidente do CA 22 de Agosto, em assembleia do curso de Direito no dia 22 de maio, na PUC-SP, campus Monte Alegre. Foto: Eduardo Bettini.

 

Desde o início da mobilização, o Centro Acadêmico de Direito, o 22 de Agosto, liderado pela gestão Alvorecer, não se fez presente de forma ativa para entender os motivos da paralisação ou explicar aos alunos do curso que representam. Através de um pronunciamento no Instagram, Lais Hera, presidente do CA, afirmou que fez um movimento rápido de votação sobre a adesão à greve, três dias após o início do processo. Na quinta-feira (22), falou sobre a paralisação com os estudantes de Direito, porém, em entrevistas para a AGEMT, alunos que não quiseram se identificar deixaram claro que muitos não sabiam os motivos da manifestação, mas mesmo assim foram incentivados a votar a favor ou contra em um formulário on-line.

Em publicações feitas nas redes sociais, como o X (antigo Twitter), alunos do curso de Direito demonstraram insatisfação com as manifestações do dia 20 de maio. Nas postagens, criticam o movimento, ainda que assumam que não conhecem as pautas reivindicadas.

Reprodução de um tweet
Publicação no X em crítica às manifestações feitas no dia 20 de maio, na PUC-SP, campus Monte Alegre. Foto: Reprodução/X.

 

O resultado foi um espetáculo na quadra da universidade, sem equipamento de som de qualidade, onde quem quisesse ser escutado precisava gritar. Em sua imensa maioria, os estudantes de Direito do período diurno votaram contra a paralisação e deram seguimento às aulas. Na sessão noturna, o cenário foi diferente. Alunos presentes relataram uma assembleia caótica, virtual e presencialmente, com direito a uma chuva de comentários preconceituosos por meio de alguns que estavam presentes via transmissão ao vivo.

Comentário preconceituoso feito na assembleia geral transmitida pelo 22 de Agosto
Comentário feito por usuário do Instagram em transmissão ao vivo da assembleia do curso de Direito na noite do dia 22 de maio, na PUC-SP, campus Monte Alegre. Foto:Reprodução/Instagram.

 

No domingo (25), o Centro Acadêmico 22 de Agosto se pronunciou sobre o ocorrido da última sexta-feira e defendeu a presidente do CA, Lais Hera, que foi alvo de comentários preconceituosos na live. Embora a intenção fosse de tomar a responsabilidade de apoiar Hera, o pronunciamento criticou o movimento estudantil de diversas formas, inclusive em uma parte específica explicando que “uma mobilização deve obedecer a etapas claras e transparentes, que legitimam qualquer deflagração grave”. 

 

No mesmo dia, outro comunicado foi expedido pela presidente do Centro Acadêmico. Em vídeo, Hera alegou que só poderiam votar na assembleia geral aqueles que aderiram à manifestação. “Os alunos de Direito não votam sobre a paralisação geral, pois esta continua somente para os cursos em que se aderiram à paralisação”, afirmou. A informação falsa só foi desmentida pela mesa composta pelo comitê da paralisação na manhã de segunda-feira (26), na Assembleia dos Três Setores. 

Dada a situação de informações conflitantes, os alunos que estavam presentes na assembleia geriram uma votação pela volta do DCE (Diretório Central dos Estudantes), a fim de solucionar problemas futuros com gestões de CA. Por unanimidade, os estudantes votaram a favor da volta do Diretório na PUC-SP.

Gian Lucca, aluno do Direito discursando em meio a quadra na assembleia
Gian Lucca, aluno do curso de Direito, em discurso durante assembleia organizada pelo Centro Acadêmico 22 de Agosto, no dia 22 de maio, na PUC-SP, campus Monte Alegre. Foto: Eduardo Bettini.

Durante a sessão noturna da Assembleia dos Três Setores, alguns estudantes presentes foram atingidos pelo que relataram ser “água e lixo”, arremessados do terceiro andar. As reclamações ocorreram três vezes ao longo da noite, e mesmo a equipe de segurança da PUC-SP e a AGEMT terem tentado identificá-los, os agressores não foram encontrados.

No mesmo dia, em meio às falas dos estudantes, o ex-deputado do MBL, Douglas Garcia, compareceu à assembleia no intuito de criar conteúdo para o seu Instagram e atrapalhar o seguimento das discussões. “Só vocês falam e não deixam mais ninguém falar”, disse o deputado, que não é aluno da PUC-SP, dirigindo-se à mesa.

No primeiro momento, uma estudante o chamou para expor suas ideias. Garcia aceitou, porém, enquanto estava se dirigindo para a mesa, foi barrado por vários alunos. “A gente não dá palco para fascista”, completou Pedro Bezerra, militante do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário).

Essa não é a primeira vez que o ex-deputado grava vídeos no campus Monte Alegre. Em 26 de março, em frente à universidade, ele filmou conteúdos em defesa da anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro e os condenados pelos ataques a Brasília de 8 de janeiro de 2023. Durante a assembleia de 23 de maio, o militante do MBL foi expulso da instituição por alunos, seguranças e professores com gritos  de  “Fora fascista, fora!”

Após sete dias de paralisação, o movimento estudantil é ouvido pela reitoria da PUC-SP e FUNDASP
por
Annick Borges, Davi Rezende, Manoella Marinho e Rafael Pessoa
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29/05/2025 - 12h

 

O movimento estudantil da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) declarou o fim da paralisação no Campus Monte Alegre, liderada pela Coletiva Afroindígena Saravá, na noite desta terça-feira (27). A manifestação, que começou em 19 de maio, conquistou importantes vitórias para a comunidade acadêmica, como a retirada de queixa policial contra alunos, atendimento imediato de parte das reivindicações e uma “mesa de diálogo” com a reitoria para discutir as outras pautas do movimento. 

Um primeiro diálogo entre a comissão de paralisação e o padre Rodolpho Perazzolo, secretário executivo da Fundação São Paulo (fundasp), com o intuito de apresentá-lo formalmente às demandas dos estudantes, ocorreu na segunda-feira (26). Ao final da conversa, o sacerdote fez uma solicitação: que os piquetes interditando algumas das entradas da universidade fossem retirados. O pedido de Rodolpho foi acatado e, já no mesmo dia, e as barreiras foram removidas e devolvidas às devidas salas de aula. No dia seguinte, houve mais uma conversa com o padre, que exigiu o fim da ocupação em troca de remover a liminar judicial contra quatro alunos participantes da paralisação. 

As manifestações começaram com a articulação dos centros acadêmicos de Ciências Sociais (CACS), Serviços Sociais (CASS), Relações Internacionais (CARI) e a Coletiva Afroindigena Saravá, que paralisaram as atividades curriculares da Faculdade de Ciências Sociais (FACSOCS) em busca da democratização do ensino através de políticas afirmativas na universidade. 

Dentre as exigências da paralisação estão formação antirracista obrigatória para estudantes e funcionários, investigação e responsabilização nos casos de discriminalização, cotas trans e direito de estudantes bolsistas a dupla gratuidade no “bandejão” (restaurante universitário).

Ao longo da semana passada, outros centros acadêmicos participaram da ocupação, como o de Psicologia (CAPSI), Letras (Clarice Lispector), Jornalismo (Benevides Paixão), além de organizações como União da Juventude Comunista (UJC) e o coletivo de alunos bolsistas Da Ponte Pra Cá. Os centros acadêmicos de Direito, o 22 de Agosto, e dos cursos da Faculdade de Economia e Administração (FEA), o Leão XIII, após assembleias realizadas com seus alunos, não aderiram ao movimento.

Os piquetes foram colocados no último dia 21, com o intuito de bloquear diversas salas e passagens dos prédios. Entretanto, a ocupação teve seu início apenas na quinta-feira (22), quando os estudantes dormiram no campus Monte Alegre. A ocupação só foi decretada oficialmente no dia seguinte, em assembleia geral, sendo determinado também que os estudantes passariam o final de semana na universidade.

 

Criminalização do movimento estudantil

Os jovens que estavam lutando por suas reivindicações foram surpreendidos com uma liminar judicial, assim que foram tentar conversar com o reitor. A FUNDASP, mantenedora da PUC-SP, entrou com o pedido porque desde o dia 19 as entradas para o edifício Cardeal Motta, conhecido como “prédio velho”, foram bloqueadas, assim como uma das entradas do “prédio novo” (edifício Reitor Bandeira de Mello). Alegaram também uma mobilização para coleta de mantimentos, o que sinalizaria uma ocupação por um tempo maior do que poderiam prever. 

A liminar coloca os alunos como invasores da universidade, visto que pedem uma restituição de posse do imóvel. Ao todo, são 92 páginas de processo, no qual quatro estudantes são citados, com fotos e contas de rede social. Em assembleia que aconteceu no mesmo dia, estudantes negros representados pela Coletiva Saravá deixaram sua indignação pelos adjetivos no documento.

Reitor Vidal Serrano e seu assessor, ambos de costas em assembleia geral na sexta-feira (23), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, campus Monte Alegre
Costas da assessoria da reitoria na assembleia discursando para o corpo discente. Foto: Rafael Pessoa.

 

Representantes de diversos comitês em apoio à ocupação e alunos de vários cursos se reuniram na área da “prainha”. As falas tiveram início na voz da presidenta do CACS, Renala Francisco Fernandes, que reafirmou as pautas defendidas pelo comitê de greve e deu detalhes da reunião com a reitoria. “Foi feito um debate, a gente apresentou os pontos de reivindicação, e a reitoria respondeu de uma forma muito genérica”, apontou. A aluna continua: “Sobre o curso de letramento de raça e gênero, falaram que já existe esse programa e que, de certa forma, seria ampliado, mas não eram os termos em que a gente está falando”. Os relatos do comitê de greve terminaram afirmando que “tanto a questão do ‘bandejão’, quanto das cotas raciais e trans não foram definidas. A gente saiu de uma reunião hoje em que não teve nada firmado”.

Durante o discurso de Renala, o reitor Vidal Serrano apareceu, quase como de surpresa, para compor a assembleia. “Caso a ocupação de fato continue, que o reitor tenha uma posição à lá Nadir Kfouri, e que não deixe que a polícia militar entre na PUC-SP”, finalizou a presidenta do CACS.

Em entrevista à AGEMT, o estudante de Direito Hector Batista, militante da UJC e da União Estadual dos Estudantes (UEE), afirmou: “A gente teve uma reunião com a vice-reitora e algumas pessoas do gabinete, pois o reitor estava no Rio de Janeiro em uma atividade com todas as PUCs do Brasil. Foi quando a gente soube da liminar da FUNDASP”. Ele comenta também sobre a presença do reitor na assembleia: “A gente ficou na expectativa de que ele pudesse vir falar com os estudantes, já que foi uma sugestão feita pelo nosso comitê, mas não tinha certeza de que ele apareceria de fato. A gente considera uma surpresa, principalmente pro público em geral”.

Estudantes em momento de votação na assembleia
Pedro Bezerra, militante do PCBR, Athos Soares da coletiva Saravá e Aiumii do comitê de estudantes em solidariedade ao povo palestino, durante assembleia geral do dia 23 de maio. Foto: Rafael Pessoa.

 

A sequência da assembleia se deu com falas dos representantes de diversos coletivos e centros acadêmicos da universidade. Letícia Chagas, professora da PUC-SP e advogada formada pela primeira turma de cotistas étnico-raciais da USP, marcou presença em um discurso de repúdio à liminar. “Reitor, os meus alunos não estão sozinhos. A negritude da PUC está muito forte porque não está só”, disse. A docente continua: “Foi um absurdo o que fez a FUNDASP, encampando um processo contra nomes específicos de alunos. Como o senhor pode ver, isso aqui não são cinco alunos, isso aqui é um mundo inteiro”. 

Durante a assembleia, o estudante do curso de Ciências Sociais e militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Pedro Bezerra, criticou os métodos da FUNDASP: “Eu estou aqui para dizer que não vai ter reitoria e nem Fundação que vai nos intimidar e nem nos desarticular. Na noite de quarta-feira [21], um funcionário da PUC-SP, de crachá azul, foi dentro do centro acadêmico [de Ciências Sociais] e pediu o nome de quatro estudantes. São esses quatro que estão citados nominalmente no processo”

Como forma de manter a segurança dos estudantes presentes na manifestação, os representantes dos coletivos e centros acadêmicos reafirmaram para os alunos não darem seus nomes a nenhuma autoridade de justiça. Em grupos de WhatsApp criados para organizarem as atividades da ocupação, circulavam listas de nomes dos estudantes que dormiram na universidade. Tal ação foi então alertada pelos administradores dos grupos, com o risco dos nomes serem incluídos em outros processos judiciais. Por isso, muitos dos alunos optaram por não fornecerem seus nomes completos e cursos para a AGEMT.

A representante do Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino (ESPP), Aiumii, expressou críticas à forma como a reitoria tem tratado os casos de arabofobia na PUC-SP. Em fevereiro e março de 2025, houve dois casos de mensagens com ameaças de morte em tom de limpeza étnica nas paredes do banheiro do “prédio velho”.

“Já há um ano, a gente denuncia para essa reitoria que houveram casos de ameaça de morte contra alunas árabes nessa faculdade. A resposta que deram para a gente todas as vezes foi que isso não é prioridade da faculdade”, disse Aimuii. Em sequência, a estudante afirmou: “A lágrima de sangue que chora a mãe que perdeu um filho martirizado para a PM, é a mesma lágrima que as mães palestinas choram quando perdem seus filhos”.

Estudante do segundo semestre de Direito, Gustavo Xavier dialogou diretamente com o reitor. “O que a gente está buscando aqui é uma emancipação estudantil. Uma emancipação dos estudantes negros, dos estudantes LGBT, de todos os estudantes” afirmou. Ele continua: “Eu pago 5 mil reais para ser discriminado. Eu não sou um invasor. O que for conquistado aqui, se deliberado, vai mudar vidas, vai mudar a história da PUC-SP”.

 

Posicionamento dos professores e funcionários

 

Durante a segunda-feira (26), os estudantes em ocupação organizaram mais uma assembleia, dessa vez em conjunto com as Associações dos Funcionários (AFAPUC) e dos Professores (APROPUC). Chamada de “Assembleia dos Três Setores”, o evento reuniu forças com as demais entidades da universidade, além de resgatar demandas do corpo docente e dos funcionários.

Professor João Teixeira em Assembleia dos Três Setores na segunda-feira (26), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, campus Monte Alegre
 Representante da APROPUC, professor João Teixeira.  Foto: de Rafael Pessoa.

Durante a reunião, que teve uma sessão matutina e outra noturna, os alunos em manifestação leram uma carta escrita à FUNDASP, listando as exigências do movimento. As demandas foram levadas à uma reunião com o padre Rodolpho, marcada pelo mesmo inegociavelmente às 10 horas da manhã da própria segunda-feira (27) uma hora antes do agendado para a primeira sessão da assembleia. 

Representantes dos setores associados aos funcionários e professores, Rodrigo Mariano Costa e João Teixeira, respectivamente, fizeram suas falas em apoio ao movimento de ocupação da PUC-SP. 

Em discurso individual, Teixeira ratificou críticas à FUNDASP, a partir de denúncias feitas pelo Movimento Estudantil. O professor reafirmou a diferença salarial de até 50% entre os professores negros recém contratados como assistentes de ensino - mesmo possuindo formação de mestres, doutores e pós-doutores -, e professores brancos com a mesma experiência. Quando a militante da Coletiva Saravá, Ica Nishimoto, disse “Isso é racismo!” durante a fala de Teixeira,  o professor consentiu com a cabeça.

Ica Nishimoto abraçando Athos enquanto os estudantes que batem palmas após discurso
Abraço de Ica Nishimoto em Athos Soares após discurso. Foto: Rafael Pessoa.

 

O fim da assembleia diurna foi um ato de protesto realizado na frente do prédio da FUNDASP, onde os alunos se dirigiram para a sede para recepcionar a saída da equipe do comitê de paralisação, que tinha comparecido à reunião com o padre Rodolpho.  No entanto, não foram resolvidas as questões dos estudantes e sim feita uma oferta: retirar os piquetes da universidade, realizada pelos próprios alunos durante a noite, com o intuito de remover a liminar. No dia seguinte, terça-feira (27) houve mais uma conversa com o sacerdote, e nesta, enfim, o acordo para o fim da paralisação foi alcançado.

Fala do reitor Vidal Serrano

 

O reitor Vidal Serrano se mostrou aberto para dialogar com os alunos na assembleia de sexta-feira e solidário às pautas levantadas. “Na reitoria, temos um compromisso de portas abertas, então qualquer estudante que quiser falar comigo, é só marcar e será recebido. Acho as reivindicações de vocês legítimas, especialmente a questão relacionada ao ‘bandejão’”. Neste momento, os estudantes em frente à mesa questionaram juntos: “E o racismo?”, sendo respondidos pelo reitor com “o racismo também”.

Reitor Vidal Serrano e seu assessor, conversando pre assembleia geral na sexta-feira (23), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, campus Monte Alegre
Reitor Vidal Serrano com sua assessoria na assembleia geral. Foto: Rafael Pessoa.

 

“Eu me comprometo com todas as questões raciais que estão colocadas por escrito em uma carta que vou deixar aqui, e vocês lêem depois”, continuou o reitor, que após o movimento dos alunos gritarem “lê” repetidamente, fez a leitura do documento. 

A carta apresentada pela reitoria consiste em cinco pontos com os quais ela se compromete, “sem prejuízo de futura construção conjunta e coletiva”. Dentre os tópicos listados estão “letramento racial; reformas nos cursos de graduação com o compromisso de efetivação de currículos antirracistas; restaurante universitário (qualidade da comida fornecida, expansão imediata da bolsa alimentação e dupla alimentação para todos os bolsistas); garantia de devida apuração a todo ato discriminatório e negociações quanto a permanência do programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas”.

Em defesa do segundo ponto levantado na carta, Serrano apresentou as ações já feitas pela reitoria. “Nós estamos avaliando todos os cursos da graduação aqui, ouvimos 800 estudantes nos últimos dois meses e queremos apresentar para uma comissão de cada uma das faculdades o resultado dessa avaliação”. Em sequência, ele reconheceu déficits nos cursos: "É verdade que há aspectos relacionados à estrutura da universidade e à população que são deficitários, mas também é que vários dos nossos cursos precisam ser melhorados. Melhorados do ponto de vista científico e acadêmico”.

Reitor Vida Serrano em meio a estudantes na Assembleia Geral de sexta-feira (23), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, campus Monte Alegre
"Prainha” lotada com o reitor no centro em meio a gritos de protesto contra a falta de atitude frente denúncias de racismo. Foto: Rafael Pessoa.

 

Ao fim da leitura da carta, o reitor foi questionado quanto à liminar que criminaliza os estudantes como “invasores” do campus, e se poderia fazer alguma mediação com a Fundação. “Queríamos garantir que ele se comprometesse com o diálogo com a Fundação, para que não haja nenhuma retaliação futura. Daqui a seis anos, com a gente formado, ainda podemos estar com uma dívida enorme por conta dessa liminar”, disse Renala Fernandes.

Em resposta, Serrano afirmou: "essa liminar não partiu da reitoria, em primeiro lugar. Nós não sabíamos. Eu não sou favorável a isso, não acho que seja correto entrar com ação contra os estudantes. Não sei se eu vou conseguir [remover a liminar], mas me comprometo a dialogar com a Fundação”. Após a presença do reitor na universidade, um primeiro comunicado foi divulgado via Instagram a fim de pontuar quais reivindicações seriam estudadas pela reitoria.

 

Várias outras exigências quanto à administração da universidade foram feitas ao reitor na assembleia. Pautas como o posicionamento frente à questão da solidariedade aos povos palestinos, a implementação de cotas para pessoas trans, entrada de alunos indígenas na universidade e até a presença do padre Rodolpho, diretor executivo da FUNDASP, para circular e ver a situação do campus foram levantadas.

Nesse momento, o reitor se despediu dos estudantes presentes, que se manifestaram contra sua ida. Enquanto pediam a Serrano “professor, tem mais”, este respondia “eu preciso ir embora, tenho outro compromisso”.

Após sua saída, a assembleia seguiu, até uma votação realizada pelos alunos onde, por unanimidade, foi determinada a continuação da ocupação até segunda-feira (26), com alunos permanecendo dentro da universidade durante o final de semana.

 

Com a continuação do movimento durante os dias e as reuniões com o padre, a paralisação chegou ao fim. O pedido de Rodolpho foi acatado pela comissão de greve e repassado para os demais. No mesmo dia, as barreiras foram retiradas e devolvidas às devidas salas de aula. Na terça-feira (27), houve mais uma conversa com o diretor executivo da Fundação São Paulo que exigiu o fim da ocupação em troca do fim da liminar.

Mesmo com um fim o movimento saiu muito vitorioso e em suas redes sociais publicou.

MST oferece a 4a. edição nacional da feira agrária em SP, no Parque da Água Branca
por
Amanda Furniel
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19/06/2023 - 12h

No último mês de maio, do dia 11 ao dia 14, o Parque da Água Branca recebeu a quarta edição da Feira Nacional da Reforma Agrária. A feira contou com produtores do MST de todo o Brasil, com uma imensa diversidade de alimentos, produtos artesanais, especiarias e muito mais. O evento atraiu um público de todas as idades, desde bebês de colo até idosos vestindo orgulhosamente suas camisas do MST. 

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Brincos artesanais que estavam a venda na feira. Autora: Amanda Furniel
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Cadernos artesanais que estavam a venda na feira, a maioria deles eram estampados com mensagens de resistência. Autora: Amanda Furniel 
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Produtores do MST, vendendo suas especiarias e produções. Autora: Amanda Furniel 
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Área de venda de plantas e cultivo. Autora: Amanda Furniel 
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Boné gigante do MST que estava ornamentando a feira. Autora: Amanda Furniel
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Bonés do MST que estavam a venda e uma parte do grande público que compareceu ao evento. Autora: Amanda Furniel 
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Público do evento, com destaque para a camisa com uma mensagem sobre a reforma agrária de um dos visitantes. Autora: Amanda Furniel  

 

A quarta feira promovida pelo MST na capital paulista
por
Felipe Assis Pereira da Silva
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19/06/2023 - 12h

Com a ideia de apresentar os produtos produzidos pelos assentamentos dos membros do MST, a feira da reforma agrária é fundamental para que mais pessoas possam conhecer o trabalho do movimento, junto com suas ideias sobre a reforma agrária no Brasil, principal bandeira do grupo. O evento foi carregado pela movimentação de pessoas, vindo e vindo, carregando o nome e dando visibilidade para um dos mais importantes e atuantes movimentos sociais das ultimas décadas. 

 

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A abundancia de alimentos produzidos pelo MST. Autor: Felipe Assis 

 

 

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Grande movimento de pessoas comprando alimentos, enchendo os corredores da feira. Autor: Felipe Assis 

 

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Pessoas passeando pelo evento. Autor: Felipe Assis

 

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Membros da organização da feira. Autor: Felipe Assis

 

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 Corredor de plantas que foram comercializadas na feira. Autor: Felipe Assis 

 

IV Feira Nacional da Reforma Agrária é realizada em São Paulo
por
Maria Eduarda Jussiani
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19/06/2023 - 12h

A 4ª edição da feira do Movimento Sem Terra foi realizada no período de 11 a 14 de maio no Parque da Água Branca, a qual reuniu cerca de 320 mil pessoas para compartilhar a diversidade de alimentos da terra trazidos de todas as regiões do Brasil. Segundo a programação, foram oferecidos produtos da Reforma Agrária, apresentações culturais, oficinas, seminários, culinária da terra, artesanato e muito mais. Além de contar com a presença de 412 artistas que proporcionaram uma imersão na música, dança e expressões culturais, entre eles estavam Jorge Aragão, Liniker e Gaby Amarantos.

A feira tem como objetivo trazer consigo o fortalecimento da cultura e resistência, a partir da compreensão do MST sobre a importância da produção de alimentos saudáveis.

 

Socialização e troca de experiências entre os visitantes.
Socialização e troca de experiências entre os visitantes. Autor: Maria Eduarda Jussiani

 

 

Diversidade de produtos de acampamentos e assentamentos de todo o Brasil.
Diversidade de produtos de acampamentos e assentamentos de todo o Brasil. Autor: Maria Eduarda Jussiani

 

 

Participação de 1700 feirantes.
Participação de 1700 feirantes. Autor: Maria Eduarda Jussiani

 

 

Visitantes compartilhando experiências.
Visitantes compartilhando experiências. Autor: Maria Eduarda Jussiani

 

 

Foram oferecidos cerca de 1730 tipos de produtos.
Foram oferecidos cerca de 1730 tipos de produtos. Autor: Maria Eduarda Jussiani

 

 

Além artesanatos em barro, madeira e renda, foram oferecidos livros, camisetas e bonés.
Além artesanatos em barro, madeira e renda, foram oferecidos livros, camisetas e bonés. Autor: Maria Eduarda Jussiani

 

 

 

Apoiadora usando um dos produtos oferecidos na feira.
Apoiadora usando um dos produtos oferecidos na feira. Autor: Maria Eduarda Jussiani
Registros da comemoração do dia do trabalhador na ocupação do MSTC
por
Ian Valente Rossignoli
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04/05/2023 - 12h

Na ultimá segunda-feira, 1° de maio, foi comemorado o dia do trabalhador feriado nacional que tem como tradição a promoção de festas para comemorar a massa que gira engrenagens do país. Em 2017 o Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC) ocupou um prédio no centro da cidade de São Paulo, oferecendo moradia, cultura através de oficinas, além de realizarem almoços abertos com chefs convidados, afim de uma maior visibilidade à luta por moradia.

O edíficio ocupado foi nomeado de Cozinha Ocupação 9 de julho, realizou um grande festival comemorando o dia do trabalhador, a festa contou com vários shows e performaces, além da venda de comida e bebida do MST. Também houve uma grande feira de vendas de produtos artesanais e items relacionados a personalisdades defensoras da causa.

Banner da festa do trabalhador
Banner da festa do trabalhador
Área de shows do evento
Área de shows do evento
Feira de vendas de produtos do MST
Feira de vendas de artigos do MST
Jardim e horta da ocupação
Jardim e horta da ocupação
Um barco aleatório no meio da ocupação
Um barco aleatório no meio da ocupação
Sala dentro do prédio ocupado com mais produtos do MST
Sala dentro do prédio ocupado com mais produtos do MST
Bandeira do bloco tricolor antifacista
Bandeira do bloco tricolor antifacista
Grafite dentro do edíficio "Quem ocupa cuida"
Grafite dentro do edíficio "Quem ocupa cuida"
Camisas "O futuro é feminista"
Camisas "O futuro é feminista"
Envolvimento em caso de estupro de vulnerável, quando ainda era jogador, faz técnico corintiano chegar sob protestos.
por
Vinícius Evangelista
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26/04/2023 - 12h

Na quinta-feira (20), pouco depois de anunciar a saída do técnico Fernando Lázaro, o Corinthians anunciou Cuca como seu novo treinador. O contrato tem duração de um ano e não possui multa rescisória para nenhuma das partes. A contratação gerou protestos por parte da torcida, o principal motivo é a condenação de Cuca por envolvimento no estupro de uma garota de 13 anos em Berna, na Suíça, em 1987. Na época, Cuca era jogador do Grêmio, de Porto Alegre, e foi condenado a 15 meses de prisão por atentado ao pudor com uso de violência. Além dele, outros três jogadores da equipe gaúcha - Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi - também estavam envolvidos.

 

O muro do Centro de Treinamento Doutor Joaquim Grava amanheceu com pichações na sexta-feira (21). Em uma das manifestações, uma faixa foi erguida com a frase  “não estuprem o Corinthians”. Mesmo com os protestos, o nome de Cuca contou com o aval do apresentador e comentarista Neto, considerado ídolo do clube. 

“Se eu fosse você, Duílio, eu contrataria o Cuca. Pra mim o nome é o Cuca. E outra coisa, esquece aí os lacradores em relação ao Cuca, esquece isso” - disse o apresentador em seu programa diário “Os Donos da Bola”, horas antes do treinador ser anunciado.

 

Faixa no CT do Corinthians com 3 frases escritas, são elas: “Fora cuca”, “Repeita as minas?”, “Não estuprem o corinthians”, “Time do Povo?”
Uma das várias faixas no CT do Corinthians contra a chegada de Cuca - Reprodução/Twitter

 

REAÇÃO DA ARQUIBANCADA

 

Em contrapartida, algumas das principais torcidas organizadas do Corinthians repudiam a contratação. A Camisa 12 relembrou a Democracia Corinthiana ao criticar o presidente do clube. 

“Duílio, honre a história que seu pai construiu, como presidente da Democracia Corinthiana, e desfaça essa besteira histórica que você acaba de divulgar” - afirmou nota divulgada em uma rede social. Duílio Monteiro Alves é filho de Adilson Monteiro Alves, ex-diretor do clube, e integrante do movimento político que tinha como objetivo lutar contra a ditadura militar do Brasil, ficando conhecido como “Democracia Corinthiana”.

 

Outra torcida organizada a se manifestar foi a Pavilhão 9, que reafirmou seu descontentamento com o nome escolhido, e disse que não se pode pensar apenas em titulos. 

“Não podemos abrir mão da nossa história somente por pensar em títulos” - finaliza a nota.

 

A Estopim da Fiel também se pronunciou através de nota em rede social e questionou o posicionamento do clube. 

“O tal ‘time do povo’ será conivente com todas as atitudes vindas do técnico que foi apresentado em suas redes sociais hoje?”, diz a publicação. 

 

Relembrando a hashtag “Respeita as Minas”, campanha promovida pelo Corinthians em favor dos direitos das mulheres, a Fiel Macabra emitiu uma nota em repúdio a contratação do treinador. 

“A Hashtag Respeita As Minas, tanto propagada em suas campanhas publicitárias, cai por terra diante do que essa diretoria propõe a partir de agora para o futebol masculino [...] Jogaram a história do Corinthians no lixo” - diz um dos trechos do posicionamento. 

 

Principal torcida organizada do Corinthians, a Gaviões da Fiel, foi uma das últimas a se pronunciar sobre a contratação de Cuca. Sem citar diretamente o treinador, a organizada republicou uma nota de um grupo político do clube, o Arquibancada 95, e direcionou as críticas ao presidente Duílio Alves. 

“No último ano de seu mandato, Duílio Monteiro Alves deixou claro que o Corinthians está em um carro desgovernado ladeira abaixo. O maior clube do Brasil está à deriva e ele não tem a menor ideia do que fazer” - diz o posicionamento da chapa. (As notas na íntegra podem ser lidas abaixo).

 

APRESENTAÇÃO TENSA

 

Na primeira entrevista coletiva como comandante do clube, Cuca foi questionado sobre as acusações e manifestações por parte da torcida. O treinador se declarou inocente e contou a sua versão dos fatos. 

“Tenho muita vaga lembrança de tudo que aconteceu, porque foi há muito tempo. Nessa lembrança que eu tenho, eu tinha 23 anos na época, nós iríamos jogar uma partida e pouco antes subiu uma menina no quarto que eu estava junto com mais três jogadores, era um quarto duplo, com duas camas de casal de um lado que fazia um ‘L’ e pegava duas camas do outro... Essa foi a minha participação nesse caso, eu sou totalmente inocente, eu não fiz nada” - disse o treinador.

 

Segundo Cuca, a vítima teria dito por três vez que ele não foi um de seus agressores. 

“A vítima não sou eu, a vítima é a moça, e por três vezes a moça teve lá na frente e disse: ‘o rapaz não está’, se a vítima falou que eu não estava e eu juro por nossa senhora, que é o que eu mais adoro e amo na vida, que eu não estava, como que eu posso ser condenado pela internet, que no mesmo momento que te julga, te pune? [...] Lógico que é cabido o protesto dentro de tudo que é lido e passado, mas é isso. [...] Do fundo do coração, pode ter protesto, pode ter o que for, não é maior do que minha vontade de estar aqui” - afirmou.

 

Cuca apreensivo durante entrevista coletiva
Cuca em entrevista coletiva - Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

 

Durante a apresentação do treinador, o presidente do clube, Duílio Monteiro Alves, foi questionado por jornalistas sobre a condenação de Cuca. O presidente afirmou que havia pesquisado sobre o caso e que acreditava na inocência do técnico. 

“Se ele tivesse envolvimento, jamais seria técnico do Corinthians, mesmo que o crime tivesse prescrito e passado 100 anos. Mas a vitima não reconhece Cuca como envolvido. Ele foi condenado à revelia, por não estar no julgamento. O Corinthians jamais contrataria um estuprador” - disse Duílio durante a apresentação. 

 

VERSÃO CONTESTADA

 

Na última terça-feira (25), o advogado suíço Willi Egloff, que acompanhou a adolescente envolvida no caso na época, em entrevista portal UOL, afirmou que Cuca foi reconhecido pela vítima como um dos abusadores. 

“A declaração de Alexi Stival (Cuca) é falsa. A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor” - contestou o advogado.

 

ENTENDA O ESCÂNDALO DE BERNA

 

Em Julho de 1987, o Grêmio participava de um torneio amistoso de pré-temporada em Berna, na Suíça. Cuca, na época com 23 anos, era recém-chegado de empréstimo do Juventude e disputaria aquele torneio junto à equipe gremista. No dia 30 daquele mês, o Grêmio se encontrava hospedado no hotel Metrópole. Segundo testemunhas, uma garota invadiu o edifício acompanhada de dois amigos com o objetivo de conseguir uma camisa do clube.

 

O grupo teria batido na porta do quarto onde estavam acomodados quatro jogadores, dentre eles, Alexi Stival, o Cuca. Os dois amigos que acompanhavam a menina teriam sido expulsos do quarto enquanto a porta se fechava com a garota dentro. No boletim de ocorrência registrado pela garota, ela relatou ter sido abusada sexualmente dentro daquele quarto.

 

O caso foi parar na justiça, com o julgamento final acontecendo dois anos depois, quando o Jornal Der Bund, principal jornal de Berna à época, publicou sobre a condenação.

 “O tribunal criminal de Berna condenou, ontem, os três jogadores de futebol brasileiros. Alexi (Cuca), Eduardo e Henrique, do Grêmio Porto Alegre, foram condenados por atentado ao pudor e coação. O tribunal condenou o quarto jogador, Fernando, apenas por coação” - destacava a matéria.

 

Imagens do jornal “Der Bund” com a matéria citada acima
Matéria do Jornal Der Bund, um dia após o julgamento. - E-Newspaper Archives.CH

 

O jornal também revelou o resultado de um exame pericial feito na vítima pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna. 

“Foram encontrados vestígios de esperma de Alexi Stival e Eduardo, não havendo como comprovar marcas de violência física, a vítima relata que ficou paralisada e em estado de choque durante o ato. Por isso, não conseguiu gritar ou se desvencilhar” - detalhou a reportagem. Essa informação foi confirmada pelo advogado Willi Egloff ao portal UOl. 

 

PROTESTOS INTERNOS

 

Logo em sua partida de estreia, Cuca foi novamente recebido com protestos por parte da torcida em frente ao estádio Hailé Pinheiro - popularmente conhecido como Serrinha - onde o Corinthians perdeu para o Goiás pelo placar de 3 a 1, na 2ª rodada do Brasileirão. 

 

No minuto 87 da partida, profissionais do departamento de futebol feminino do Corinthians publicaram uma nota se posicionando sobre o assunto. Pelas redes sociais, atletas como Gabi Portilho, Tamires Dias, Carol Tavares e o técnico Arthur Elias publicaram a seguinte nota:

 

“Estar em um clube democrático significa que podemos usar a nossa voz, por vezes de forma pública, por vezes nos bastidores.

‘Respeita As Minas’ não é uma frase qualquer. É, acima de tudo, um estado de espírito e um compromisso compartilhado.

Ser Corinthians significa viver e lutar por direitos todos os dias.”

 

Ainda na noite de terça-feira (25), Cuca, através de sua assessoria, divulgou uma nota sobre os episódios de protesto que o treinador vem enfrentando e das notícias veiculadas sobre o caso. Na nota, a assessoria afirma que não vai tolerar ofensas e que, a partir de agora, o técnico apenas vai se manifestar sobre o caso por meio de advogados, que contam com representantes na Suíça. O texto é assinado pelos advogados Beatriz Saguas e Daniel Leon Bialski. 

 

“O treinador Cuca esclarece que está totalmente concentrado e empenhando toda a sua energia para o jogo decisivo que o time enfrentará amanhã e, diante das notícias veiculadas nos últimos dias a seu respeito, comunica que a partir desta nota, ele se manifestará e será representado exclusivamente por meio de seus advogados que contam com representantes na Suíça.

Desta forma, refuta as acusações que lhe são atribuídas, que remontam há mais de trinta anos e que foram investigadas e apuradas na ocasião.

O treinador segue desempenhando seu trabalho com lisura e honradez há décadas e, por essa razão, não deverá tolerar afrontas e ofensas contra sua idoneidade, caráter e integridade”

O Corinthians se prepara para enfrentar o Remo nesta quarta-feira (26), na Neo Química Arena, às 21h30, pelo jogo da volta da Copa do Brasil. Depois de perder o primeiro jogo por 2 a 0, a equipe paulista precisará vencer por três gols de diferença para se classificar no tempo normal, ou vencer com vantagem de dois gols para levar a disputa para os pênaltis, caso contrário o time estará eliminado da competição.

Cuca aflito com a mão direita cobrindo a boca
Cuca em sua estréia no comando do Corinthians - Foto: Isabela Azine/AGIF


 

Confira a íntegra das notas divulgadas pelas torcidas organizadas do Corinthians:


 

CAMISA 12

 

“Viemos a público manifestar nossa total repulsa a uma das maiores vergonhas que o Corinthians acaba de nos impor, que é a contratação desse treinador. Nossa história jamais pode aceitar uma pessoa com um crime hediondo (condenado em trânsito em julgado) e que não cumpriu sua pena de 15 meses, entre seus quadros de funcionários.

O Corinthians foi fundado para ser o clube dos excluidos, dos pobres, que abraçou muita gente. O que está em jogo é a reputação de um dos maiores movimentos sociais desse País.

Não aceitamos que esse treinador use a camisa da Democracia Corinthiana, tão representativa em nossa história. Duilio, honre a história que seu pai construiu, como presidente da Democracia Corinthiana, e desfaça essa besteira histórica que você acaba de divulgar”.


 

PAVILHÃO 9

 

“Cuca não! Não queremos nossa história marcada, é inadmissível!

Um clube com a história do Corinthians, não pode aceitar uma contratação dessa e rasgar toda nossa luta. Direção, por acaso vocês já se esqueceram do escândalo de Berna?

Não podemos aceitar, porém o que esperar de uma diretoria que não possui o mínimo de preparo para comandar um clube da altura do Corinthians, não possui limites éticos. Alias, o que tem a dizer a diretoria de responsabilidade social sobre esse tipo de contratação?

E responsabilidade da torcida do Corinthians assumir o protagonismo no fomento a uma cultura responsável com relação ás violências que atingem a maioria de sua torcida. Não podemos abrir mão da nossa história somente por pensar em títulos”.


 

ESTOPIM DA FIEL

 

“Caros Corinthianos(as), por meio deste, viemos a público manifestar nossa total insatisfação com a contratação do técnico Cuca.

É inadmissível que um clube com a história do Corinthians tenha sua equipe principal dirigida por alguém que NÃO tem ética, e respondeu um processo criminal de tamanha crueldade.

Nossa história não pode ser rasgada dessa maneira, e não podemos admitir algo do tipo.

O tal "time do povo" será conivente com todas as atitudes vindas do técnico que foi apresentado em suas redes sociais hoje? Redes Sociais essas, que são usadas todos os dias com campanhas que vão de contrapartida ao que ele (cuca) foi condenado.

Exigimos a saída imediata de Cuca, nunca seremos coniventes com isso, e ressaltamos que nunca fomos procurados para tal decisão. Sem mais!”.


 

FIEL MACABRA

 

“Um clube de excluídos, de todas as raças, credos e crenças, não poderia jamais nos colocar na situação em que o Corinthians nos impôs hoje.

Um clube, cujo presidente, de uma familia Corinthiana tradicional, desonra toda a luta dos seus antepassados.

A luta pela democracia, perpetuada na história do Corinthians, está sendo manchada por uma diretoria incompetente e sem responsabilidade social como tanto pregam.

A Hashtag Respeita As Minas, tanto propagada em suas

campanhas publicitárias, cai por terra diante do que essa diretoria propõe a partir de agora para o futebol masculino.

Somos, e estamos totalmente contra, repudiando a contratação desse senhor, o qual não pronunciaremos o nome, como técnico de futebol do clube.

Jogaram a história do Corinthians no lixo.

Como Corinthians de alma, seguiremos apoiando sempre os 90 minutos. Mas que fique clara nossa posição totalmente contrária ia contratação deste senhor para o comando técnico.

O Corinthians é maior que tudo isso. E isso um dia acaba. 

Fora Diretoria Incompetente.

Fora todo mundo”.

 

GAVIÕES DA FIEL / ARQUIBANCADA 95

 

“No último ano de seu mandato, Duílio Monteiro Alves deixou claro que o Corinthians está em um carro desgovernado ladeira abaixo. O maior clube do Brasil está à deriva e ele não tem a menor ideia do que fazer.

No terceiro e último ano do seu mandato, é nítido que ele jogou na lata do lixo todo o planejamento e toda a pré-temporada do Corinthians. Ele não tinha nenhum plano B para colocar no lugar do Fernando Lázaro (este quando assumiu o cargo de técnico no maior time do Brasil, não tinha as credenciais mínimas para ser técnico), a quem ele jogou na fogueira sabendo que não daria certo.

Duilio viu, jogo após jogo, o Corinthians piorar seu rendimento, ser eliminado pelo Ituano em casa, se complicar na Copa do Brasil e perder o primeiro jogo em casa na Libertadores.

E não telefonou pra ninguém, não examinou nomes, não fez contatos, nada. Nenhum plano.

Então fez o que sabe fazer de melhor: trouxe para o Corinthians o técnico mais controverso da história e o que menos tem a ver com o corinthianismo.

Que em alguns momentos jogou o nome do Corinthians na lama em suas entrevistas coletivas quando estava nos rivais. Duílio apagou incêndio com gasolina porque não tinha nem nunca teve um plano B e dividiu o povo corinthiano quando precisávamos de união.

O grupo Renovação & Transparência não pode continuar no poder na figura de Duilio, Andrés e todos os seus sucessores. O Corinthians precisa ser gerido com profissionalismo, e a camisa e a história do Corinthians precisam ser respeitadas”.