Os desfiles desta sexta-feira (20), da Semana de Moda de Milão, exibiram o contraste entre tradicional e inovação. Com marcas luxuosas clássicas como Gucci e Versace reafirmando sua notoriedade, tributos ao artesanato italiano na Tod’s e mudanças criativas de Missoni, as apresentações marcaram um dia repleto de novidades no mundo da moda.
Gucci — na estética Casual Grandeur - Grandiosidade Casual - a grife italiana trouxe como tema a mágica do por do sol
Regado de celebridades e sob direção de Sabato De Sarno, a clássica italiana trouxe em seu desfile a reafirmação da “antiga Gucci”. A passarela em tons terrosos, localizada no Triennale, foi palco para uma coleção que mistura textura, tecidos, tonalidades e cores.

As peças trouxeram a essência da moda dos anos 60, com casacos estruturados, tops simétricos, saias e vestidos longos com rendas, transparência e fendas elegantes. A mistura entre tons neons e terrosos e a alternância entre conjuntos casuais e formais fizeram o desfile atender às expectativas criadas.

Sem dúvidas, o artigo mais aclamado foi o retorno da Gucci Bamboo 1947, a tradicional bolsa clutch com a alça de bambu curvada. Todos os designs foram regados de acessórios — bolsas atrativas, óculos coloridos, chapéus volumosos, e colares pesados, todos alinhados com a paleta escolhida. Para finalizar as composições, foram incorporadas botas na altura dos joelhos, saltos e sapatilhas triangulares e sapatos esportivos.
Versace se mantém na estética clássica sem grandes mudanças e diferenciação
Donatella Versace, umas das estilistas mais imponentes do mundo da moda e dona da marca, comentou que a intenção do desfile era focar no “otimismo e na alegria”. Analistas e críticos colocaram em questão o mantimento de inspirações e falta de inovação na exposição. A tradição é importante no mundo da moda, mas com o surgimento de ateliês novos e modernos, esse conceito precisa ser incorporado à modernidade para que as criações não se tornem repetitivas.
As peças desfiladas apresentaram saias florais e tops com recortes assimétricos ou com padrões de zig zag, além da mistura entre cores vivas e tons pastéis. Os principais tecidos trajados incluíram sedas e rendas transparentes, realçando a estética dos anos 90 presente. Para compor os designs, os sapatos femininos incluíram saltos finos ou plataformas com tons vibrantes.

As roupas masculinas acompanharam o mesmo padrão, criando uma conexão natural, com enfoque em ternos e jaquetas, completados com sapatos esportivos e meias com sandálias.
Por fim, o desfile ainda contou com algumas peças em dourado com traços de ouro exibindo a sensualidade e tradição da marca italiana.

Tod’s contra o conceito de Inteligência Artificial e a favor da Artisanal Intelligence (Inteligência Artesanal)
Matteo Tamburini, diretor criativo da marca, comentou pouco antes do desfile: “A inteligência artesanal vai contra o que todos falam, o foco está em um produto muito elevado, o Made in Italy.”
O desfile apresentou peças formais e lineares, combinando saias e calças com blusas oversized. Os casacos assimétricos com grandes proporções, mistura entre tecidos de couro e linho, e os clássicos sapatos Gommino trouxeram elegância e casualidade para a coleção.

A locação do desfile seguiu uma das tendências mais presentes nesta Semana de Moda de Milão, a passarela e suas instalações brancas, destacando a paleta de cores e os formatos das roupas.
Missoni com padrões artísticos, memórias culturais e zig zag volta a sua essência
Se diferenciando da última apresentação em 2023, a coleção de Filippo Grazioli trouxe cores primárias e vibrantes, além de formatos assimétricos únicos, tecidos fluídos e bufantes e acessórios que remetem a povos originários, trazendo de volta o espírito criativo e divertido.
Todas as criações foram acompanhadas por sandálias de dedo coloridas que alongam e dão continuidade aos designs.

A Handred, marca nacional, estará na 58º edição do São Paulo Fashion Week, que neste ano homenageará Regina Guerreiro - editora que fez história no cenário da moda brasileiro. Situado no vibrante cenário carioca, o ateliê Handred, fundado em 2012 por André Namitala, destaca-se por traduzir a leveza e a estética da praia em um vestuário contemporâneo e confortável. A marca é conhecida por sua abordagem cuidadosa na seleção de materiais, utilizando tecidos naturais como linho, seda, algodão e lã. Cada um desses materiais é escolhido não apenas por sua beleza, mas também por suas propriedades que proporcionam uma sensação de bem-estar ao usuário, criando peças que remetem a memórias afetivas e desejos pessoais.

(Foto: Reprodução Instagram @handredstudio)
O espaço do ateliê é projetado para ser acolhedor e intimista, refletindo um profundo compromisso com a produção artesanal. Desde o início do processo criativo, há uma valorização significativa dos detalhes. Cada textura é considerada e cada forma cuidadosamente elaborada. O resultado são cortes amplos e designs fluidos que caracterizam as coleções, permitindo liberdade de movimento e conforto. As criações são versáteis, adaptando-se a diferentes estilos e ocasiões, e transcendem as limitações de estações e gêneros.

(Foto: Reprodução Instagram @handredstudio)
A grife se destaca pelo seu compromisso inabalável com a produção local, mantendo toda a fabricação dentro do Brasil. Atualmente, a marca conta com três lojas que servem como espaços não apenas de venda, mas também de interação e troca com os clientes. A produção artesanal e a qualidade das peças continuam a ser prioridades, mesmo em um mercado que muitas vezes prioriza a produção em massa e a velocidade. O modelo de negócios da Handred é sustentado por práticas que respeitam o meio ambiente e as comunidades locais, promovendo um ciclo de consumo consciente.
Recentemente, a marca expandiu sua presença com a abertura de uma nova loja em São Paulo, no shopping Pátio Higienópolis. Além disso, a etiqueta lançou a linha 'Reconstrução', uma iniciativa que representa seu forte compromisso com a sustentabilidade. Essa coleção é composta por peças criadas a partir de materiais excedentes do ateliê, resultantes de um processo de reaproveitamento que ganhou força durante a pandemia. A 'Reconstrução' não apenas minimiza o desperdício, mas também celebra a criatividade ao transformar sobras de tecidos e materiais não utilizados em peças únicas e limitadas.
A marca também adota diversas práticas sustentáveis, como a confecção de sacolas feitas a partir de restos de tecido e a reutilização de embalagens. Essas ações visam reduzir o impacto ambiental da marca e demonstram um compromisso com a responsabilidade social. Sua clientela é diversificada, composta por pessoas que valorizam a autenticidade e a qualidade das peças, atraindo tanto aqueles que buscam uma estética limpa e atemporal, quanto clientes mais velhos que possuem memórias afetivas ligadas a tecidos clássicos e que apreciam a durabilidade e o cuidado na confecção das roupas.

(Foto: Reprodução Instagram @handredstudio)
Com um enfoque que harmoniza estética, funcionalidade e responsabilidade ambiental, Handred se estabelece como uma referência no cenário da moda. Suas criações vão além do simples ato de vestir; são expressões de histórias que respeitam o planeta e as pessoas, demonstrando que é possível unir estilo e consciência em cada peça.
Acontece em outubro, do dia 14 a 21 a 58ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW N58). Ao todo, a semana de moda paulista contará com 40 desfiles, distribuídos entre o Parque Ibirapuera, o Shopping Iguatemi e outras locações externas, como o Pavilhão Japonês e o Complexo Cultural Júlio Prestes.
Essa edição prestará homenagem à jornalista e editora Regina Guerreiro, com uma exposição intitulada "As Joias da Rainha" no Pavilhão das Culturas Brasileiras. No dia 14, Alexandre Herchcovitch fará seu retorno, abrindo o evento com seu desfile no Complexo Cultural Júlio Prestes. O encerramento ficará por conta de Fernanda Yamamoto, no Pavilhão Japonês, celebrando os 70 anos desse espaço.
Entre as marcas que irão passar pela São Paulo Fashion Week, está a grife paraense Normando, que irá estrear nas passarelas no dia 16 de outubro (quarta-feira) no Pavilhão das Culturas Brasileiras, às 19h30.
Normando
A marca que surgiu na Amazônia, foi criada pelos paraenses Marco Normando, que é diretor criativo da grife, e Emídio Contente, artista visual e publicitário, responsável pela concepção das coleções e da apresentação delas aos consumidores.
Lançada em 2020, a Normando construiu sua base de clientes online, porém em 2024 abriu sua primeira loja física em São Paulo. Com o conceito “slow fashion” - que busca equilibrar narrativas, qualidade e o uso de matéria-prima - seus designs conquistaram o coração do público.

Dois anos após sua criação, foi uma das marcas celebradas na primeira edição do "Vogue Celebra", evento que enaltece nomes nacionais que geram impacto positivo na sociedade, promovido pela Vogue Brasil/Globo Condé Nast.
A grife já vestiu diversos nomes importantes, como Xuxa, Rebeca Andrade e Claudia Raia. Além disso, um ponto alto para a visibilidade do trabalho dos artistas, foi o início de setembro, quando a cantora Luísa Sonza vestiu peças Normando para a abertura do jogo da NFL no Brasil.
A marca paraense apresentará sua coleção no Pavilhão das Culturas Brasileiras, o que encaixa perfeitamente com a promessa do designer de trazer para suas criações a forte conexão que tem com suas raízes amazônicas.

Conhecida por sua alfaiataria refinada e pela utilização de materiais orgânicos, que refletem uma fusão entre a tradição e inovação, a coleção irá destacar o uso de matérias-primas sustentáveis como o látex amazônico e a jarina, uma semente que substitui o marfim animal.
A apresentação da grife no SPFW será uma oportunidade para ampliar sua visibilidade no cenário nacional e mostrar ao público o resultado de suas pesquisas sobre a cultura da Amazônia e da moda sustentável.
A 58a edição da São Paulo Fashion Week anunciou nesta segunda-feira (16) o calendário que contará com o retorno do designer Alexandre Herchcovitch como abertura da temporada. Pioneiro das semanas de moda no Brasil, o desfile da ‘Herchcovitch; Alexandre’ ocorrerá no dia 14 de outubro, às 11h, na Secretaria Estadual de Cultura no Complexo Cultural Júlio Prestes, no centro da cidade.
Alexandre Herchcovitch ficou conhecido por criar suas peças pensando na atemporalidade e não se curvar ao modelo de produção fast-fashion. Tanto em qualidade quanto em design, o estilista se afasta dos produtos efêmeros e de curto ciclo de vida, ao optar por materiais de boa qualidade e consumo consciente. Em entrevista para o programa ‘Roda Viva’, o designer afirma sobre a qualidade e durabilidade de suas coleções: “As minhas roupas são slow-fashion. É uma roupa que você paga mais caro, porém ela irá durar cerca de seis anos. Se for menos de seis anos, eu irei achar o meu trabalho um desserviço.”
No ano de 2016 o designer vendeu a sua marca ‘Alexandre Herchcovitch’ para o grupo InBrand. Seis anos mais tarde, ele retorna a marca como o diretor de criação. Durante uma conversa com a plataforma ‘Steal the Look’, Herchcovitch declara: “Não aceitei a proposta de renovação. Quem não aceitou continuar trabalhando lá fui eu, porque era uma proposta muito unilateral e que não permitia o meu avanço em outros cenários como a sustentabilidade”.

Herchcovitch apresentou suas coleções diversas vezes na SPFW – conhecida como a maior semana de moda da América Latina. Por conta do seu afastamento da marca, atualmente ele diz desconhecer o seu público, contudo acredita que este seja composto por pessoas que gostam da moda duradoura. “Para se produzir a moda do Brasil, basta você ser brasileiro.” afirma Alexandre na mesma entrevista citada anteriormente. Ele afirma que recentemente os estilistas brasileiros deixaram de fazer moda europeia ou americana, quando perceberam que o nosso país tem muita cultura a ser utilizada no mundo fashion. O ato de enxergar o talento nas nossas raízes, fez com que houvesse uma procura pela cultura brasileira e como fruto dessas ações surge o Brazil Core, estilo inspirado no país que teve muito sucesso no mundo todo no ano passado, através do impulso das redes sociais.
Para Alexandre, a moda é uma forma de expressão, uma maneira de viver e acredita que consegue transmitir para as pessoas através da roupa dele seus pensamentos e sentimentos. Quanto às críticas, para o programa ‘Roda Viva’ ele afirma que elas o ajudam a crescer e que sempre buscava ler o que falavam sobre suas coleções. Entretanto, o designer disse que as críticas de moda se esvaziaram e hoje em dia são apenas elogios, afirmando que isso não contribui em nada para o crescimento dos artistas. Alexandre Herchcovitch é um dos designers mais aclamados do Brasil, conhecido por suas coleções únicas e ousadas e seu modo de produção consciente e slow-fashion. Seu retorno ao SPFW como “Herchcovitch; Alexandre” promete ser um dos destaques do evento, incitando altas expectativas no público para seu comeback com uma coleção que promete impressionar e inspirar.
Na última terça-feira (17), foi apresentado, na Fashion Week de Milão, a nova camisa nº3 da Udinese, clube italiano que disputa a Serie A, principal divisão do país. Feito pela estilista italiana Flora Rabitti, de 32 anos, em conjunto com a Macron, o uniforme inova ao ser produzido de maneira 100% sustentável.
Com design em cor lilás e chamas brancas por toda a camisa, Flora se inspirou nos raios de sol presentes no relógio da praça principal da cidade de Udine, a ‘Piazza della Libertà’ (Praça da Liberdade). Além disso, o elemento faz parte de um grande significado cultural para a cidade, presente em obras e peças da região.
A Udinese tem a tradição de ser um time ecologicamente sustentável, se intitulando como o “mais verde da Itália”. Os uniformes da equipe já são derivados de plástico reciclado, porém, a nova camisa do time de Udine terá todos os detalhes feitos a partir desse material, algo nunca feito na história.
O clube italiano exibiu seu uniforme durante uma mesa sobre a união do futebol com a sustentabilidade na Fashion Week de Milão, que começou no dia 17 de setembro e vai até o dia 23 do mesmo mês.
Em entrevista no evento, Magda Pozo, diretora comercial da Udinese, valorizou o trabalho de Flora Rabitti, e ressaltou os valores do clube de Udine: “O desenho do nosso uniforme de 2024/25 reflete perfeitamente nossos valores de inovação e sustentabilidade. Está em linha com nosso compromisso comum de apoiar os jovens, o que nos levou a trabalhar ao lado de Flora Rabitti, que é um talento emergente no mundo da bola”.




