Tendências para próxima estação marcam presença na passarela em meio a referências inusitadas
por
Bruna Quirino Alves
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14/04/2025 - 12h


Weider Silveiro  

Weider Silveiro iniciou a sequência de desfiles da  quarta-feira (9) no Shopping JK Iguatemi. A inspiração de sua coleção de inverno foi a deusa do amor e da beleza, Vênus.

Além de trazer um estudo de várias versões da figura mitológica, previamente retratadas na história, o estilista também se aprofundou nas representações humanas da divindade, ao aclamar artistas femininas conhecidas por, tanto por seus talentos, como suas belezas físicas, como Madonna, Cher e Joelma.

As peças da coleção trazem uma nova versão dos caimentos clássicos de busto, quadril e cintura, incorporando novos formatos e silhuetas para os cortes. Com paletas em tons pastéis, elementos que estão em alta no mundo da moda também foram incluídos nos looks, como a saia balonê e a modelagem assimétrica.

Modelo com vestido vinho desfilando na passarela
Weider Silverio SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo de vestido rosa vdesfilando na passarela
Weider Silverio SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reptilia

O segundo desfile do dia foi da marca Reptilia. A coleção “Tectônica” se inspira em falhas e deslocamentos geológicos, apresentando peças com tons terrosos e estampas que remetem ao solo. 

As peças foram pensadas a partir de uma proposta agênero e tal pluralidade ficou evidente  passarela. A cartela de cores predominante no desfile ficou estacionada nos  tons marrons, com leves toques de azuis, verdes e cinzas, remetendo  a pedras minerais.

A estamparia chamou atenção por um  detalhe particular da diretora criativa, Heloisa Strobel. As estampas foram feitas a partir de fotos tiradas pela própria designer com uma câmera analógica de 35mm durante uma viagem ao Oriente Médio.

A composição de looks conta com sobreposições, peças modulares, tecidos fluídos e alfaiataria que é característica da marca. Além disso, o processo de produção inova ao combinar corte a laser com bordado manual e uso de retalhos. O reaproveitamento de tecidos reafirma o compromisso da marca com a moda sustentável.

Modelo desfilando com vestido estampado
Reptilia SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando na passarela com roupa preta e branca
Reptilia SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Led

O desfile da marca Led foi o terceiro do dia, com a irreverência de ser inspirado em novelas brasileiras.

LED apresenta a sua coleção “BR SHOW”, ambientada como um programa de televisão. A trilha sonora contava com um remix de bordões icônicos da teledramaturgia brasileira, falas de apresentadores e aberturas de programas famosos.

O estilista, Celio Dias, disse em entrevista à Globo que aproveitou a estreia da nova versão de “Vale Tudo” para embarcar na atmosfera das novelas brasileiras, sob a perspectiva de alguém que acompanhou o surgimento de tendências que vieram dessas produções.

As peças da coleção são maximalistas e contam com mistura de estampas: animal print, listras e bolinhas, além de ornamentos como franjas e pelúcia, também incorporando pontos de tricô e crochê em alguns modelos.

O streetwear teve grande destaque no desfile, com a presença de calças cargo, casacos esportivos, moletons, camisetas gráficas com trocadilhos e tênis de corrida.
 

Modelo desfilando com macacão listrado
LED SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando com vestido listrado preto e branco
LED SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

À La Garçonne

O último desfile da noite foi da marca À La Garçonne, com sua coleção mesclada entre streetwear e alfaiataria.

O estilista Fábio Souza não pensou em nenhum tema específico para basear a sua coleção, seu foco era criar peças usáveis prezando o conforto acima da estética.

O vestuário apresentado chamou atenção pela mistura de estampas, com destaque para o xadrez, que é a tendência da estação. Silhuetas bem estruturadas, uso de pregas, caimento oversized e tênis esportivos compuseram os looks.

A paleta de cores é sóbria em tons de verde militar, marrom e grafite, com o contraste de alguns relances em tons de vermelho e roxo.

O processo de produção da coleção foi realizado a partir do upcycling de tecidos vintage da própria marca e garimpado de outras. O estilista reforça o conceito de moda consciente e reuso de materiais têxteis, criando novas peças customizadas e sustentáveis.

Modelo desfilando com terno xadrez
À La Garçonne SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando vestido e calça de terno
À La Garçonne SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite


 

 

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Com grandes nomes da moda brasileira, evento chega ao seu penúltimo dia
por
Gustavo Oliveira de Souza
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14/04/2025 - 12h
Foto de desfile
Modelo durante desfile da Dendezeiro. Foto: Mauricio Santana, Getty Images
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Na quinta-feira (10), o quinto dia de desfiles na São Paulo Fashion Week  trouxe aos holofotes marcas fundamentais ao cenário nacional, pilares do reconhecimento da moda brasileira país a fora.

João Pimenta 

O primeiro desfile do dia foi do estilista João Pimenta. O já consagrado artista, que por alguns anos misturou elementos da moda voltada aos dois gêneros decidiu apostar em um conceito quase todo concentrado  no vestuário masculino. O desfile aconteceu na estação Júlio Prestes do metrô, com o nome “Em Construção”. Sua obra buscou questionar os rumos da tecnologia na moda e valorizar o trabalho manual.

Dendezeiro

No JK Iguatemi, a Dendezeiro foi a segunda grife do dia a desfilar. A marca baiana da dupla Hisan Silva e Pedro Batalha trouxe um conceito que homenageava a região Norte do Brasil, com muito destaque à Amazônia. Chamada de “Brasiliano 2: A Puxada para o Norte”, o desfile destacou a fauna, com estampas de peixe e bolsas em formato de capivara, além de camisetas com frases exaltando a cultura local.

MNMAL

O penúltimo desfile do dia foi da estreante MNMAL. Fundada em 2022, a marca tem seu conceito baseado no minimalismo, e na passarela não foi diferente. Assinada pelo estilista Flávio Gamaum, as peças têm como principal destaque o conforto, pensada para o cotidiano no lar e home-office. Mesmo com todo o conforto, a elegância não é deixada de lado.

Walério Araújo 

Fechando o dia 10, o importante estilista Walério Araújo trouxe seu conceito usualmente impactante. Já tendo sido considerado um dos maiores estilistas do mundo, o pernambucano traz, novamente, a ousadia. Com diversas homenagens às mulheres trans, a bandeira de arco-íris apareceu em vestidos e peças mais casuais. Como novidade, a alfaiataria esteve presente, com peças que mostram a diferença na manifestação de gênero em locais públicos e privados.

Todos os desfiles marcaram, novamente, uma nova trajetória na moda brasileira. Sendo dos mais novos aos mais veteranos, quem esteve presente pôde acompanhar mais um capítulo da história do fashion no Brasil. 

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Tecnologia auxilia na análise de tendências, preferências do público e desempenho de vendas, otimizando a criação de coleções mais assertivas e sustentáveis
por
Larissa Pereira José
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24/03/2025 - 12h

A moda sempre foi um reflexo do comportamento humano, e nos últimos anos, a tecnologia tem desempenhado um papel crucial na forma como as coleções são criadas. No segmento fashion, que exige inovação constante para atender a um público cada vez mais exigente, a Inteligência Artificial (IA) tem se tornado uma ferramenta essencial. Desde a pesquisa de tendências até a análise de dados de vendas, a tecnologia vem revolucionando o processo criativo e estratégico.  

Para entender melhor essa transformação, conversamos com Nayara Graziela do Lago, estilista responsável pelo desenvolvimento de roupas fitness femininas para um grande magazine. Com anos de experiência no setor, ela destaca como a IA tem otimizado seu trabalho e impactado positivamente as coleções. “Antes, a pesquisa de tendências era um processo muito manual e baseado na intuição. Hoje, conseguimos usar IA para analisar um grande volume de informações e identificar padrões com muito mais precisão”, explica Nayara.  

Ferramentas de inteligência artificial são capazes de cruzar dados de redes sociais, desfiles internacionais, comportamento de busca na internet e até avaliações de clientes em e-commerce. Isso permite que a equipe de estilo tenha uma visão mais clara do que está em alta e do que realmente pode funcionar para o público-alvo. “No segmento fitness, por exemplo, percebemos que há uma crescente demanda por peças multifuncionais, que possam ser usadas tanto na academia quanto no dia a dia. A IA nos ajuda a confirmar essa tendência analisando o comportamento dos consumidores em tempo real”, acrescenta a Nayara.  

Além de prever tendências futuras, a inteligência artificial também tem um papel fundamental na análise de coleções passadas. A tecnologia permite avaliar quais peças tiveram melhor desempenho de vendas, quais cores e modelagens foram mais aceitas e até quais tecidos proporcionaram mais conforto ao consumidor.  

“A cada nova coleção, conseguimos acessar relatórios detalhados sobre o que funcionou e o que precisa ser ajustado. A IA cruza dados de vendas com feedbacks dos clientes e nos mostra, por exemplo, se determinada peça foi muito devolvida por problemas de caimento ou se uma estampa específica teve alta aceitação. Isso nos dá uma base muito mais sólida para criar novos produtos”, explica Nayara.  

Esse tipo de análise evita desperdícios e ajuda a direcionar melhor os investimentos na produção. Em um mercado cada vez mais competitivo, entender as preferências do público-alvo é essencial para criar coleções assertivas e bem-sucedidas. Outro aspecto revolucionário do uso da inteligência artificial na moda está na criação de estampas e modelagens. Hoje, já existem softwares que geram prints exclusivos baseados em combinações de cores e texturas identificadas como tendências. Além disso, ferramentas de simulação virtual permitem testar digitalmente o caimento das peças antes mesmo da confecção dos primeiros protótipos físicos.  

“Isso reduz drasticamente o desperdício de materiais e encurta o tempo de desenvolvimento das coleções. Antes, fazíamos diversos testes com tecidos e modelagens diferentes, o que demandava tempo e custos. Agora, conseguimos visualizar um look completo de forma digital e fazer ajustes antes de costurá-lo”, explica Nayara. 

Maquinário de fábrica têxtil que desenvolve peças sem costura.
Maquinário de fábrica têxtil que desenvolve produtos sem costura.

Apesar das inúmeras vantagens proporcionadas pela IA, Nayara faz questão de ressaltar que a tecnologia não substitui a criatividade humana. “A moda tem emoção, identidade e precisa criar conexão com o consumidor. A IA é uma ferramenta poderosa, mas o toque final ainda é do estilista. Somos nós que interpretamos os dados e transformamos essa informação em coleções que realmente conversam com o público.”  

Para a estilista, o futuro da moda passa pela combinação entre tecnologia e sensibilidade humana. “O uso da IA no desenvolvimento de coleções já é uma realidade e tende a crescer cada vez mais. Mas a essência da moda continua sendo a criatividade e a capacidade de contar histórias por meio das roupas”.  

Com um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo, a inteligência artificial se consolida como um diferencial estratégico para marcas que desejam inovar, reduzir desperdícios e entregar produtos alinhados às expectativas do consumidor moderno. E, como Nayara bem pontua, quando aliada ao olhar criativo do estilista, a tecnologia se torna uma poderosa ferramenta para transformar dados e estatísticas em coleções de sucesso.

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Dezessete desfiles comemorarão três décadas do maior evento de moda da América Latina
por
Bianca Pisciottano Athaide
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17/03/2025 - 12h

No início do mês de abril, entre os dias 06 e 11, acontecerá o primeiro período da temporada de moda nacional, o São Paulo Fashion Week (SPFW). Nesta edição, dividida entre o Shopping JK Iguatemi, a Casa Higienópolis e outras locações externas, a semana, além de celebrar a inovação da indústria, também comemora o seu trigésimo aniversário. 

 

Em uma edição mais compacta que a anterior, em outubro de 2024, a programação celebratória promete trazer artistas e marcas da indústria de moda brasileira que ajudaram a consolidar a SPFW, ao longo de três décadas, como uma plataforma de expressões artísticas e impacto cultural. Estilistas como Herchcovitch; Alexandre, Lino Villaventura e Walério Araújo estão confirmados no line-up, com instalações e desfiles que entregam o DNA inovador e característico da única semana de moda da América Latina presente no calendário internacional. 

 

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Herchcovitch; Alexandre na SPFW de 2024 (Foto: Zé Takahashi - Divulgação SPFW)

 

A primeira edição de 2025 também apresentará novidades: as estreias de Leandro Castro e MNMAL abriram esse novo ciclo do evento, trazendo frescor essencial para o cenário de moda nacional. Ambos novatos são sinônimo de produção sustentável e preocupação ambiental, com peças feitas artesanalmente, através da redução de materiais. Leandro, que teve passagem pela Casa dos Criadores, sobe às passarelas no dia 09, com sua coleção construída através de materiais descartados. No dia seguinte, MNMAL esbanja no Shopping JK Iguatemi seu conceito minimamente essencialista. 

 

Outro momento muito aguardado para essa edição é o retorno da PIET para o SPFW. Depois de quase 5 anos longe das passarelas paulistanas, a marca criada pelo estilista Pedro Andrade traz de volta sua estética streetwear, agora, de maneira mais sofisticada, do que em sua última participação em 2019, já que, desde então, a PIET se consagrou internacionalmente no cenário da cultura urbana - e no guarda-roupa de muitos seguidores apaixonados por sua conexão autêntica com o estilo.

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PIET, SPFW de 2019 (Foto: Zé Takahashi - Divulgação SPFW)

Para reafirmar seu compromisso com a exaltação da criatividade e riqueza em técnicas, a SPFW também convidou nomes como Patricia Viera, referência de trabalho em couro no Brasil; João Pimenta e sua característica alfaiataria de vanguarda; a Dendezeiro novamente, para reforçar seu olhar carinhoso e analista sobre a identidade cultura brasileira e a Aluf, com suas inovações na área têxtil. 

 

A edição de número 59 é o primeiro capítulo da celebração que promete ser histórica para o mercado de moda brasileiro. Ao longo dos últimos 30 anos, entre altos e baixos, a SPFW se consagrou internacionalmente como palco para criatividade e exaltação, na mesma medida, de inovação e tradição nacional. 


O line-up completo está disponível no site do evento: https://spfw.com.br/spfw-30-anos-futuros-possiveis/

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Em meio a pressão financeira, grupo Kering nomeia ex-estilista da Balenciaga
por
Gabriela Jacometto
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17/03/2025 - 12h

 

 À frente da Balenciaga desde 2015, Demna Gvasalia redefiniu os códigos do luxo contemporâneo ao combinar elementos da cultura de rua com a alta-costura. Durante sua gestão, a marca italiana de streetwear experimentou um crescimento expressivo, com número de  vendas quadruplicando nos primeiros cinco anos e superando €1,5 bilhão em 2021.

   Foi com essa abordagem de sucesso em mente que o grupo Kering, nesta quinta-feira (13), anunciou, através de comunicado vinculado em suas redes, o  estilista como o novo diretor criativo da Gucci

  Com essa mudança, a Gucci busca reverter a queda de 23% nas vendas registrada em 2024 e retomar sua relevância cultural, assim como retomar o processo de  crescimento sustentável. 

 O CEO da Kering, François-Henri Pinault, destacou que a criatividade de Demna é exatamente o que a marca precisa neste momento. O designer é consagrado em meio a indústria fashion por dominar a arte de colisão entre luxo, cultura urbana e questões político-sociais da atualidade.  Com esse movimento, fica claro a intenção do grupo de diretores: Demna deverá transformar a Gucci, novamente, em um epicentro de tendências culturais, assim como fez com sua antiga casa.  

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Alessandro Michelle, ex-diretor criativo da Gucci e Demna. Imagem: Getty Images

 

 Em nota oficial, o estilista declarou estar entusiasmado com o novo desafio e ressaltou a honra de contribuir para uma maison que sempre respeitou e admirou. Sua despedida da Balenciaga acontecerá no desfile de Alta-Costura de Paris, em julho deste ano, antes de assumir oficialmente seu novo posto na Gucci.

 

 Essa transição estratégica faz parte dos planos da Kering para revitalizar a Gucci, sinônimo de excelência e tradição do mercado de moda, apostando na visão singular de Demna para renovar a identidade da icônica marca italiana.  

HISTÓRIA DE DEMNA

Nascido em 25 de março de 1981 em Sukhumi, na Geórgia, Demna Gvasalia se tornou um dos estilistas mais influentes da atualidade. 

 Sua trajetória foi marcada pelo deslocamento forçado durante a Guerra Vivil Georgiana (1991-1993), que levou sua família a buscar refúgio em países como Ucrânia e Rússia, antes de se estabelecer definitivamente em Düsseldorf, na Alemanha, no ano 2000.

 Antes de ingressar no universo da moda, Gvasalia iniciou seus estudos em economia internacional na Universidade Estatal de Tbilisi. No entanto, sua verdadeira vocação o levou à Bélgica, onde concluiu, em 2006, um mestrado em Design de Moda na prestigiada Academia Real de Belas Artes de Antuérpia.Sua carreira teve início no mesmo ano, quando passou a colaborar com o estilista Walter Van Beirendonck em coleções masculinas. 

Logo em 2009, foi contratado pela Maison Martin Margiela para liderar as coleções femininas. Cargo que ocupou até 2012. Depois, assumiu o posto de designer sênior de prêt-à-porter feminino na Louis Vuitton, onde trabalhou sob a direção de Marc Jacobs e, posteriormente, de Nicolas Ghesquière.

 O grande salto veio em 2014, quando fundou a Vetements, ao lado de seu irmão, Guram Gvasalia. A marca rapidamente se destacou por sua abordagem disruptiva e sua crítica às normas tradicionais da indústria. 

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Desfile VETMENTS S/S 2015. Imagem: Vogue Runway

 

 No mesmo ano, sua primeira coleção feminina foi apresentada na Semana de Moda de Paris e, em pouco tempo, a Vetements já figurava entre os indicados ao Prêmio LVMH para Jovens Designers de Moda.

O reconhecimento crescente levou Demna a assumir, em 2015, a direção criativa da Balenciaga, substituindo Alexander Wang. Desde então, ele tem redefinido a identidade da grife, consolidando seu nome como um dos mais inovadores e polêmicos da moda contemporânea.

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Primeiro dia de desfiles da Semana de Moda destaca a produção feminina e a sustentabilidade do Brasil
por
Beatriz Vasconcelos
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16/09/2024 - 12h

A segunda edição do "Brazil: Creating Fashion for Tomorrow" (BCFT) abriu o calendário da London Fashion Week 2024 com uma exposição na embaixada do Brasil em Londres. O evento, realizado antes do início oficial da semana de moda, destacou o papel das mulheres na indústria da moda, com a mostra “A Chain of Women”, que apresentou marcas brasileiras lideradas por mulheres focadas em sustentabilidade e empoderamento feminino.

Marcas brasileiras celebram papel das mulheres na moda na London Fashion Week — Foto: Divulgação
Marcas brasileiras celebram papel das mulheres na moda na London Fashion Week — Foto: Divulgação

Com curadoria de Camila Villas, Lilian Pacce e Marília Biasi, a exposição celebrou o uso de materiais sustentáveis e o artesanato tradicional do Brasil, mostrando iniciativas que conectam mulheres de diferentes comunidades. Entre as marcas participantes estavam Catarina Mina, com comunidades do Ceará; Farm Rio, em colaboração com as artesãs indígenas Yawanawá; Lenny Niemeyer, em parceria com artesãs do Maranhão e PatBo, com sua escola de bordadeiras, todas promovendo moda consciente e colaborativa. Também estavam presentes marcas como Malwee, Renata Brenha e Flavia Aranha, todas com foco em práticas de produção sustentáveis e inclusivas.

Além das coleções exibidas, o BCFT ofereceu painéis e workshops que abordam temas essenciais para o futuro da moda, como inovação sustentável e inclusão. O evento destacou a importância da solidariedade entre as mulheres na indústria, reforçando o compromisso da moda brasileira com a criatividade e responsabilidade social.

Flavia Aranha é uma das marcas brasileiras que integrou a exposição - Foto: Divulgação
Flavia Aranha é uma das marcas brasileiras que integrou a exposição - Foto: Divulgação

Os 40 anos da Semana de Moda de Londres

A Semana de Moda de Londres há muito tempo compete por atenção ao lado dos prestigiados eventos em Paris, Milão e Nova York. No entanto, ao longo de seus 40 anos de história, ela conquistou um espaço único, sendo reconhecida por sua ousadia criativa e energia rebelde. Diferente de suas contrapartes, a cena da moda em Londres prospera ao romper barreiras e abraçar o não convencional, oferecendo uma experiência distintamente própria.

A primeira semana, realizada em 1984 em um estacionamento na Kensington High Street, foi organizada por Lynne Franks, personalidade importante no campo  das relações públicas. Durante a recepção em Downing Street para celebrar o evento inaugural, a designer Katharine Hamnett chamou a atenção ao se encontrar com a primeira-ministra Margaret Thatcher usando uma camiseta de protesto com o slogan "58% Não Querem Pershing", em oposição às armas nucleares. Esse momento deu o tom para as muitas declarações ousadas e disruptivas que a Semana de Moda de Londres passaria a ser conhecida.

Primeira-ministra Margaret Thatcher e a designer Katharine Hamnett - Crédito: Reprodução/ Internet
Primeira-ministra Margaret Thatcher e a designer Katharine Hamnett - Crédito: Reprodução/ Internet

Desde a presença da Princesa Diana em uma recepção para designers em seus primeiros anos até a rainha sentada ao lado de Anna Wintour em um desfile de Richard Quinn, a Semana de Moda de Londres proporcionou inúmeros momentos icônicos. Shalom Harlow sendo pintada por robôs em um desfile de Alexander McQueen e Posh Spice desfilando com shorts de cetim são apenas alguns exemplos das cenas inesquecíveis que fazem deste evento tudo, menos discreto.

Harris Reed

No primeiro dia da edição celebratória de 2024, além da presença de marcas brasileiras, Londres também foi tomada pelos designs marcantes de Harris Reed. Para a primavera/verão 2025 no Tate Modern, ele apresentou uma coleção com silhuetas maximalistas e tecidos pouco convencionais. Utilizou materiais como uma toalha de renda italiana de 200 anos, que encontrou após meses pesquisando plataformas como eBay e sites de tecidos vintage. Esses tecidos históricos foram transformados em peças artísticas e detalhadas, com elementos como corsets, estruturas de gaiola, leques, apliques e golas altas. A coleção exalava uma elegância britânica do Velho Mundo, mas evitava exageros ou ornamentos excessivos. 

Harris Reed primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação
Harris Reed primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação

Por muitos anos, a Semana de Moda de Londres não foi fortemente associada à alta-costura, até a chegada de Harris Reed. Um designer de moda fluido, conhecido por suas silhuetas dramáticas e sensibilidade em relação à forma feminina, Reed rapidamente ganhou destaque com suas criações ousadas e repletas de estrelas. Seu trabalho já apareceu em grandes tapetes vermelhos quando o designer vestiu artistas importantes como Harry Styles, Nicola Coughlan, Ashley Graham, Demi Moore e Lily Collins. Os desfiles de Reed se tornaram uma marca registrada da London Fashion Week, trazendo a habilidade artesanal da alta-costura para o centro do evento.

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Os momentos mais marcantes e as principais apostas que marcaram presença nos desfiles do décimo dia da Semana de Moda de Nova York
por
Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
Kiara Elias
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12/09/2024 - 12h

 

 

COS

O desfile da COS, marca do conglomerado de moda H&M, aconteceu no Brooklyn na manhã do dia 10. A diretora criativa, Karin Gustafsson, usou como inspiração para a coleção o trabalho da coreógrafa  Tina Bausch, usando as ideias de movimento e fluidez para incorporar em seus looks.

O resultado foi uma coleção de peças no estilo "quiet luxury", refletindo um espírito minimalista. Seguindo as tendências da estação, a linha inclui agasalhos de lã drapeados e alfaiataria de alta qualidade, além de jaquetas de couro oversized, calças amplas, vestidos longos e blusas com gola amarrada. As camadas transparentes e as malhas finas também se destacaram. A designer ainda elevou a aposta nos trajes de noite, apresentando um deslumbrante vestido preto de corte enviesado, com costas dramaticamente baixas amarradas por duas fitas, e uma cauda marfim impressionante.

Reprodução: Vogue

Michael Kors

A Michael Kors também apresentou sua coleção de Primavera/Verão 2025 nesta terça, Camila Coelho, a cantora Mary J. Blige, e as atrizes Lindsay Lohan, Kerry Washington, Mindy Kaling, Olivia Wilde, Suki Waterhouse e Shailene Woodley foram algumas das celebridades presentes nas primeiras fileiras do evento. 

Os destaques foram os elementos artesanais, tanto nas roupas como nos acessórios fazendo referência aos 35 anos de parceria da Michael Kors com ateliês de Florença. Essa estética é evidenciada pelo uso de rendas e texturas florais, que vão além das estampas e se transformam em apliques, conferindo um volume romântico a saias e casacos (com brilho, ou sem). Os plissados também marcaram presença nesta coleção, confirmando uma das tendências para o verão de 2025. A coleção inclui saias, vestidos e transparências, além de propostas utilitárias, com destaque para os trench coats, e uma alfaiataria descontraída em branco, azul-marinho, preto e uma paleta de tons neutros, que trazem elegância atemporal para o verão.

Reprodução: Vogue

 PatBo

A única marca brasileira a integrar o calendário oficial do CFDA (Council of Fashion Designers of America), a PatBo, apresentou sua nova coleção “Ethereal” durante a Semana de Moda de Nova York (NYFW).

A coleção é uma verdadeira jornada visual que explora o conceito de leveza, delicadeza e transformação, qualidades ligadas à borboleta, símbolo bastante utilizado nas peças). Mergulhando no significado emocional da metamorfose, a PatBO captura a essência da mudança e da evolução, traduzindo esses temas através de silhuetas e tecidos leves e etéreos, como chiffon, tafetá e tricoline bordada, adornados com franjas em degradê e lycra. A paleta suave inclui tons de rosa, marrom, vinho e off-white, combinados com detalhes metalizados em prata e dourado, que proporcionam um brilho extraordinário. Além disso, os paetês, inspirados nas escamas das borboletas, acrescentam um toque mágico e luxuoso à coleção.

O evento teve parcerias exclusivas, com patrocínio do C6 Bank, beleza a cargo da Eudora, bolsas da marca brasileira Nannacay, calçados da Schutz, joias da Diamond Design e cuidados corporais da Sol de Janeiro. Além disso, contou com um time espetacular de modelos, incluindo Camila Queiroz, Alessandra Ambrósio, Emily Nunes e Bruna Tenório na passarela, enquanto o styling foi assinado por Rita Lazzarotti.

Reprodução: Instagram/ Patricia Bonaldi

Elena Velez 

Na Semana de Moda de Nova York, Elena Velez apresentou sua coleção Primavera/Verão 2025, intitulada “La Pucelle”, uma homenagem às mulheres icônicas e revolucionárias da história. A estilista, conhecida por seu estilo provocativo, desenhou a coleção com inspirações que vão desde Jeanne d’Arc até Calamity Jane, visando desafiar as normas sociais e criar uma visão disruptiva de feminilidade.

A coleção destaca-se por suas silhuetas ousadas, incluindo vestidos rendados e rasgados, peças de couro marcantes, e roupas com slogans impactantes. Destaque especial para os vestidos de baile retrabalhados, como o usado pela cantora Tinashe durante o desfile. A proposta de Velez para a temporada se alinha com uma exploração das mulheres como figuras sombrias e complexas, evidenciada na colaboração com a plataforma UGG New Heights e o OnlyFans.

A designer, finalista do prêmio LVMH, continua a sua jornada de subversão das convenções da moda com uma abordagem que mistura anarquia feminina com sofisticação material. Seus desfiles anteriores, como o de Primavera/Verão 2024, já haviam gerado grande controvérsia ao incorporar elementos provocativos, como modelos se arrastando em lama. Velez busca estabelecer um espaço único para o estilo punk na moda americana, desafiando instituições e a tendência de categorizar seu trabalho em nichos específicos.

Reprodução: Instagram/ Elena Velez

Cynthia Rowley 

Na mais recente edição da Semana de Moda de Nova York, Cynthia Rowley ofereceu uma homenagem à sua cidade natal com uma apresentação singular. Em vez de um desfile tradicional, Rowley produziu um curta-metragem ambientado em diversos restaurantes icônicos de Nova York, capturando a resiliência dos nova-iorquinos em tempos desafiadores. O filme, que será exibido na nova plataforma RUNWAY360 do CFDA em 16 de setembro, transforma esses estabelecimentos em cenários para uma homenagem fashion à cidade.

A coleção Primavera/Verão 2024 de Rowley, composta por 20 looks inovadores, combina estilos que atravessam as estações, refletindo a evolução da marca em direção a um modelo atemporal. A linha inclui tanques e suéteres delicados em algodão e cashmere, moletons adaptados com vestidos clássicos e calças "ligadas", uma fusão de peças esportivas e formais. A coleção também destaca trajes de mergulho e natação com designs criativos, bem como lenços de seda em novas estampas e óculos com lentes rosa. Entre as novidades, estão os tênis de cano baixo e alto da marca, oferecendo um toque de conforto elevado. Com uma entrega mais ágil, a nova coleção estará disponível para compra no mesmo mês de sua apresentação, celebrando a cidade de Nova York com um estilo inovador e acessível.

Reprodução: Instagram/ Cynthia Rowley

Luar

A Luar, uma das marcas de maior destaque na moda americana contemporânea, consolidou sua presença na Semana de Moda de Nova York (NYFW) com um desfile notável. O evento ganhou ainda mais notoriedade com a presença de ícones como Beyoncé no desfile anterior e Madonna na mais recente edição. Raul Lopez, o designer por trás da Luar e cofundador da Hood by Air, recebeu o prêmio de Designer de Acessórios do Ano pelo CFDA em 2022 e, no ano seguinte, foi premiado como Marca do Ano no Latin American Fashion Awards. Com raízes dominicanas e baseado em Williamsburg, Lopez traz para suas coleções uma perspectiva única que reflete sua experiência como jovem latino e LGBTQIAP+ em Nova York, começando sua trajetória ao criar roupas para a vibrante cena de voguing da cidade.

No desfile da Luar para a coleção Primavera 2025, realizado durante a NYFW, Madonna fez uma aparição marcante na primeira fila. A icônica cantora e estilista, conhecida por seu estilo inovador, estava acompanhada por outras celebridades, como Ice Spice. Madonna optou por um vestido-casaco em tom camel com ombros exagerados e estruturados, complementado por meias arrastão pretas e botas de cano alto, evidenciando um toque de glamour pop old-school que refletiu a estética audaciosa da Luar.

 

Reprodução: Instagram/ Luar

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O quinto dia da semana de moda nova-iorquina foi marcado pelo esporte e pela elegância na passarela, confira os melhores momentos.
por
Helena Costa Haddad
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12/09/2024 - 12h

 

Carolina Herrera

A marca homônima criada nos anos 80 pela estilista venezuelana, atualmente comandada por Wes Gordon, é notória  pela sofisticação e elegância. A nova coleção primavera/verão 2025, retomou essa estética com a decisão de Gordon em honrar as coleções antigas e trazer elementos marcantes da grife, como o uso demasiado da estampa de poá. 

Vestido de tricô com estampa poá, nyfw. Foto/reprodução: Daniele Oberrauch / Gorunway
Vestido de tricô com estampa poá, nyfw. Foto/reprodução: Daniele Oberrauch / Gorunway

 

O desfile contou com peças de tricô e vestidos com babados. Já para um visual  mais noturno, foi apresentado mangas bufantes, tecidos longos e aplicações de flores extravagantes. Para encerrar, o  tom forte de amarelo, relembrando a primeira fragrância de Carolina Herrera, lançada em 1988, se fez presença indispensável nas peças

A coleção celebra muito bem as criações da idealizadora da grife, mas, não deixa de ser atual com o toque do diretor criativo.

 Backstage do desfile. Foto/Reprodução: Hunter Abrams/Vogue Runway
Backstage do desfile. Foto/Reprodução: Hunter Abrams/Vogue Runway.

 

Coach

Conversando com a geração Z, a nova coleção de verão da Coach é espontânea, divertida e sustentável. Stuart Vevers, diretor criativo da marca, trouxe o clássico modelo americano para a atualidade.

Na passarela, Vevers mistura o clássico com o atual, o uso de referências ao estilo skatista, com peças largas e bonés em um casamento harmonioso com a moda tradicional, apostando em blazers e no cetim.

Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty Images.
Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty Images.

 

A famosa tee “I love New York” é usada em vários momentos do show, conversando de novo com os consumidores sucessores. Apesar disso, os pontos fortes da marca são mantidos na coleção, os casacos de couro são peças atemporais para a grife. 

As bolsas coach são um ponto forte também, vindo de variados tamanhos e cores, sempre chamando atenção, são acessórios divertidos e complementares. 

 

Foto/reprodução: Victor Virgile/Getty Images.
Foto/reprodução: Victor Virgile/Getty Images.

 

Tory Burch

Inspirada pelo espírito esportivo, Tory Burch desfila suas peças com um cenário aquático. 

Na nova coleção, a marca  manteve sua essência, mas não deixou de usar a natação como inspiração na passarela. Bodies remetendo maiôs, óculos retangulares, tecidos fluidos, abuso de transparências ordenaram a coleção. Na beleza, um visual mais clean com o cabelo molhado, são exemplos de como a diretora criativa brincou com a ideia aquática. 

Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty Images.
Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty Images.

 

Como de esperado, a marca também trouxe uma peça icônica de volta. A Reva, famosa sapatilha da grife nos anos 2000, retorna conversando com a atualidade, seja em forma de scarpin com um salto arqueado,ou até mesmo em formatos diferentes como de um biscoito da sorte chines. O famoso piercing usado no sapato retorna nas bolsas como um acessório de um acessório. Burch convida as mulheres a usar o sportswear e apostar em um visual mais descontraído nesse verão. 

Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty images.
Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty images.

 

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Uma portinha de 30m² abriga a nova casa do borogodó sustentável cearense.
por
Giovanna Montanhan
|
11/09/2024 - 12h

O evento ocorreu na noite desta terça-feira (10) em um dos endereços de compras mais luxuosos da capital paulista, o Shopping Iguatemi JK, um dos maiores da América Latina. O coquetel de lançamento contou com a presença de Celina Hissa, fundadora e diretora criativa da marca, consumidoras já cativas, curiosos que passavam por acaso, jornalistas e parceiras que fizeram o sonho sair do papel. Uma curiosidade é que a marca é a primeira de moda autoral nordestina a desembarcar por lá.

fachada
Fachada da loja - Reprodução: @catarinamina / Instagram

 

Catarina Mina foi o nome escolhido pela dona em 2008, com o foco de expandir para todo o Brasil, a moda que nasceu no Ceará, na sua forma mais crua, composta por bordados, crochês, rendas de bilro (um município da região de Trairi que por causa desse trabalho emprega mais de cinco mil mulheres), labirinto (um tipo de renda muito detalhista e que está próxima de ser extinta), filé (uma espécie de bordado característico da cidade de Jaguaribe) e a tecelagem na palha da carnaúba (uma palmeira-símbolo que abrange os estados do Ceará, Piauí e Maranhão). 

loja
Algumas peças da marca - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

A sustentabilidade é um pilar fundamental e indispensável para a grife, o que a levou a se consolidar como uma referência e, mais importante, a integrar o Pacto Global da ONU.

A etiqueta atualmente trabalha com 30 comunidades artesanais que envolvem cerca de 450 artesãs brasileiras, fornecendo não apenas uma fonte de renda estável para elas, mas também promovendo uma verdadeira cadeia sustentável, que têm como princípio valorizar a cultura e a mão de obra local, gerando cada vez mais visibilidade e dignidade para o trabalho dessas mulheres. 

peças
Cores alegres que representam a marca. Reprodução: Giovanna Montanhan

 

A partir de 2019, todas as bolsas carregam um QR Code que redireciona o cliente para o contato da artesã que fez aquele produto, que além da foto, contém também de onde ela veio e sua história. 

 

bolsa catarina mina
Cartão que acompanha as bolsas - Reprodução: Catarina Mina/site oficial

 

qr code artesas
Uma das artesãs exibindo o QR Code - Reprodução: Catarina Mina/ site oficial

 

Em entrevista para a AGEMT, a fundadora da Catarina Mina, Celina, revelou que trazer a marca para um espaço de prestígio representa uma grande conquista. Ela enfatizou a relevância de valorizar o trabalho artesanal de quem as produz, afirmando que o verdadeiro luxo vem do fazer à mão. Para ela, isso conecta diferentes realidades, permitindo que a marca alcance novos públicos e perspectivas. 

roupas
Uma arara repleta de tons crus. Reprodução: Giovanna Montanhan

 

A coleção, que está presente no Shopping JK, comercializa apenas as peças mais trabalhadas e com uma maior riqueza de detalhes, sendo elas muitas vezes vindas de desfiles, representando um status de exclusividade para os compradores, além dos drops de acessórios que poderão ser encontrados por lá. 

 

decoracao
Interior da loja - Reprodução: @catarinamina/Instagram

A abertura deste espaço é um marco significativo, não apenas pela expansão da moda nordestina em um local majoritariamente ocupado por grifes internacionais, mas também pela capacidade da marca cearense, focada no trabalho artesanal, de quebrar paradigmas impostos por esse cenário. A presença da Catarina Mina neste local ressignifica o conceito de luxo, tradicionalmente associado a marcas estrangeiras. Este feito não só destaca a força que a moda brasileira vem ganhando nos últimos tempos dentro do próprio país, mas também abre portas para uma nova forma de consumo, onde a sustentabilidade e o respeito pela ancestralidade brasileira ocupam o centro das atenções.

 

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As marcas internacionais apresentaram suas novas coleções no último domingo, em Manhattan.
por
Liz Ortiz Fratucci
|
10/09/2024 - 12h

 

Na última sexta-feira (06), foi iniciada a semana de moda de primavera/verão de Nova York, nos Estados Unidos. Ao longo do terceiro dia de evento, domingo (08), marcas como Sandy Liang, PH5, Ulla Johnson e Jason Wu, apresentaram desfiles marcantes envoltos em diversidade cultural e inclusão da multiplicidade.

 

Ulla Johnson:

 

A designer americana, conhecida pela sua habilidade em interseccionar moda e arte com um estilo boêmio, apresentou uma coleção que combina utilidade e  leveza. Nas peças  foram incorporadas  pinturas da artista expressionista Lee Krasner, estampando desde vestidos fluidos até alfaiataria.

 

A abstração das estampas se harmonizou perfeitamente com a leveza dos materiais escolhidos, e as cores magenta e verde criaram um contraste com a paleta neutra predominante no restante da coleção.

Fiel à sua identidade visual, Ulla Johnson manteve elementos característicos em suas coleções, como vestidos leves, aplicações de detalhes artesanais, babados, transparências e rendas, sempre trazendo elegância e sofisticação, além de uma sutil sensualidade,evidenciada em elementos de styling, como a amarração de um fino tecido de chiffon no pescoço de um vestido com um grande decote.

 

Pela primeira vez, a passarela contou com modelos masculinos vestindo criações originalmente projetadas para mulheres, indicando  uma possível expansão da marca para o público  masculino.

Modelo abrindo o desfile da Ulla Johsnon com vestido verde e rosa de seda. Foto: Filippo Fior
Foto: Filippo Fior/Vogue Runaway

 

Sandy Liang:

 

No desfile mais aguardado pelo público jovem adepto   ao estilo viral nas redes sociais conhecido como coquette, Sandy Liang traz, para esta  temporada, uma coleção inspirada no vestuário das personagens do desenho infantil “Três Espiãs Demais” e na figura de  princesa. Durante o evento , foi possível notar  uma variedade de  silhuetas que  referenciavam os anos 60 e 90.

“Ser princesa é um trabalho, assim como ser uma espiã é um trabalho”, escreve Liang nas notas da coleção.

 

 Nessa coleção, a estilista nova-iorquina  deixou um pouco de lado sua marca registrada ultra feminina, e abraça uma personagem mais madura, abandonando o uso de laços na composição e adorno das peças. A persona a quem a Liang  elabora suas coleções, está agora se vestindo de uma maneira mais corporativa, usando blazers, bermudas e saias de alfaiataria.

 

Mas o abandono não foi completo e  as características que trazem jovialidade a coleção continuaram presentes, evidente no styling com  saltos gatinho, bolsas de babados, tecidos acetinados, gargantilhas, lenços no cabelo, aplicações de pedras brilhantes e até o batom rosa “Snob” da MAC que foi febre nos anos 2000.

 

Modelo na passarela do desfile da Sandy Liang vestindo vestido cinza com gola
Foto: Filippo Fior/Vogue Runaway

PH5

 

A marca notória por suas cores vibrantes, formas inovadoras em tricô e abordagem sustentável, fundada por duas mulheres asiáticas, apresentou  seu trabalho  mais recente, intitulado "Save the Ugly Animals", focado em temáticas ambientais. 

A coleção recebeu  esse nome por conta da visita da designer, Zoe Champion, ao Lago Titicaca, nos Andes, onde passou um tempo com o povo indígena Uru. Ela conta em entrevista à Vogue, que o lago está sendo ameaçado pelas mudanças climáticas, resultando na ameaça de extinção de seu habitante popularmente conhecido como sapo escrotal. A espécie também apareceu, segundo  a designer, "em uma lista dos animais mais feios do mundo. Então, nesta temporada, queremos dizer: 'Salve os animais feios'".

A preocupação ambiental da marca vai além de denominações:  95% das peças apresentadas na NYFW foram confeccionadas  com materiais reciclados ou sustentáveis e a cada peça vendida, a PH5 planta uma árvore. 

 

As características assimétricas e geométricas das bainhas, típicas da identidade visual da marca, também estão presentes nesta coleção, aplicada a vestidos midi ou longos, blusas de alça e polos. Para esta temporada, o estilo foi inspirado em elementos da jardinagem, refletido em peças que simulam aventais com flores nos bolsos, luvas e nas modelos que carregavam buquês recém-colhidos.

 

 Desempenhado um papel importante na coleção, a cores trouxeram uma identidade vibrante e envolvente. A marca trouxe uma paleta rica em tons pasteis, misturando-os com cores mais ousadas como laranja, verde-limão e azul elétrico, reforçando sua estética futurista.

Modelo com jaqueta vermelha, shorts verde e azul com luvas de jardinagem
Foto: Daniele Oberrauch/Vogue Runaway

 

Jason Wu

 

Com todas as tragédias acontecendo no mundo, Jason Wu acredita que os designers têm a responsabilidade de abordar isso de alguma maneira em suas criações. Além da iniciativa apresentar apenas uma coleção por ano, nessa ele concretizou  sua visão ansiosa e desgastada por meio de seu trabalho artesanal: recortes semelhantes a buracos feitos para o traças, costuras inacabadas e uma escolha de paleta de cores clara,contrastante com algumas peças “manchadas” de preto. 

 

A divergência  também está presente  na escolha dos tecidos, que entre leves e pesados, criou equilíbrio. Ao final, o pensamento resultante implementado pela coleção é de que por mais que o planeta esteja vivendo uma situação caótica, não devemos deixar de ter esperança.

 

A coleção também tem um toque pessoal e cultural, com Wu colaborando com o calígrafo taiwanês Tong Yang-Tze. As grandes manchas pretas assimétricas de Yang-Tze foram incorporadas aos looks, trazendo uma conexão profunda com as origens também taiwanesas do designer, além de acrescentar uma camada artística à coleção.

  

Modelo usando jaqueta comprida preta e tamanco
Foto: Daniele Oberrauch/Vogue Runaway

 

Modelo vestindo vestido plissado off-white
Foto: Daniele Oberrauch/Vogue Runaway

 

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