O prazer efêmero da compra logo dá lugar a um vazio crescente
por
Giovanna Montanhan
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12/11/2024 - 12h

Por Giovanna Montanhan

 

Abrir o TikTok é como piscar e ver o mundo mudar em uma fração de segundos. Em uma rolagem veloz, surgem truques para uma maquiagem glow, táticas para uma “pele de porcelana”, segredos para esconder as olheiras com batom vermelho e até dicas para um contorno "ideal" feito com utensílios de cozinha. Uma técnica “nunca antes vista” de delineado usando apenas um grampo de cabelo, uma máscara capilar líquida que permanece nos fios por míseros segundos e que “repara até a alma” — tudo parece essencial, urgente. De um lado, surge uma técnica viral que promete lábios mais volumosos usando apenas corretivo e gloss, aplicados estrategicamente para criar a ilusão de lábios carnudos e esculpidos; do outro, alguém massageia o rosto com um Gua Sha, uma técnica tradicional de origem chinesa que utiliza uma pedra para esculpir a face, de quartzo rosa recém-adquirida, prometendo desinchar o rosto em poucos minutos. A tela se enche de novas promessas a cada hora em que o aplicativo é aberto, como o colágeno em pó que, misturado na água, garante uma dose de juventude pelas próximas décadas, ou a aplicação de blush no nariz para dar aquela falsa sensação de que se esteve na praia e se queimado, e até mesmo o sérum coreano feito de mucina de caracol para uma pele supostamente mais firme e hidratada. Cada dica desponta como um raio no feed, iluminando tudo ao seu redor por um instante, apenas para ser engolida pela próxima febre que chega avassaladora, tornando a moda anterior esquecida antes mesmo de ser assimilada.

No território implacável das redes sociais, onde promessas de uma pele impecável e uma beleza reluzente se espalham como um feitiço, mulheres de todas as idades deslizam os dedos na tela em busca de um brilho que pareça emanar de dentro para fora. Cada toque, cada deslizar, aproxima as compradoras de um ideal escorregadio, um reflexo de perfeição, sintetizado na imagem da pele viçosa perfeita — tão brilhante e lisa quanto um donut vitrificado, idealizada pela marca Rhode, da modelo Hailey Bieber.

Mas essa busca pela beleza aparentemente simples não é tão doce como parece. As consumidoras, atraídas pelos vídeos de influenciadoras, são envolvidas por um mercado que promove o “Glazing Milk” e os “Peptides Lip Tints” como a chave para a pele e os lábios dos sonhos. Não se trata apenas de hidratar, de cuidar ou de valorizar o que já existe, mas de transformar, de reconstruir, de alcançar um brilho irreal que reflete expectativas impossíveis. Para muitas, o desejo por essa pele vitrificada é como um chamado, uma chance de fazer parte de um ideal estético que atravessa culturas, idades e contextos, porém inacessível para a maioria.

No Brasil esse sonho assume ares de luxo proibido. Sem distribuição oficial, os produtos da Rhode se transformam em verdadeiros tesouros a serem caçados em mercados paralelos, frequentemente repletos de riscos. Para experimentá-los, os brasileiros precisam superar o desafio da importação, enfrentando preços inflacionados e longas esperas. Quanto mais distante o sonho, mais intensamente ele é desejado. Em um contexto onde a estética perfeita é exaltada acima de tudo, esses itens de design minimalista tornam-se uma espécie de Santo Graal — símbolos de um ideal que poucos conseguem vivenciar diretamente, mas que muitos cobiçam com olhares ávidos.

Não são apenas os hidratantes e lip tints da Rhode que repousam nesse altar de desejo inatingível. O Lip Glow Oil da Dior, envolto em promessas de lábios irresistíveis, reflete um brilho de glamour que atiça os corações, enquanto a Rare Beauty de Selena Gomez, com seus blushes e iluminadores, embriaga o imaginário dos mais jovens. Há algo mágico, quase sedutor, nesses frascos delicados, como se cada camada de produto pudesse transformar a pele em uma tela de sonhos, oferecendo uma beleza que parece brotar sem esforço algum. Cada uma dessas embalagens repousa no nécessaire com uma falsa simplicidade, promovido com tamanha precisão que passa a impressão de que esses pequenos luxos são mais que desejos — são quase como amuletos, indispensáveis no ritual silencioso de buscar, no reflexo, um toque de perfeição que talvez nunca se alcance.

A obsessão pelo "glazed look" transcende o próprio produto. Não se trata de um efeito milagroso na pele ou da suavidade nos lábios; é uma busca por alinhamento com um ideal, uma concepção vendida como pura, mas que, na verdade, carrega o peso do consumo incessante. Influenciadores, com seus vídeos cuidadosamente editados, se tornam os arautos dessa estética quase mítica, revelando apenas fragmentos do que os produtos prometem, sem expor o verdadeiro custo envolvido. Enquanto isso, do outro lado da tela, um exército de seguidores desliza, em busca do próximo vídeo, da nova promessa — na esperança de transformar um sonho distante em uma realidade tangível, ainda que efêmera.

O TikTok, com seu algoritmo hipnotizante, tornou-se uma vitrine onde milhares de consumidoras mergulham em tutoriais e resenhas, investindo tempo e dinheiro na promessa de uma pele reluzente. Entre elas, há quem se pergunte até que ponto esse ritual em frente ao espelho reflete uma busca legítima pela autoestima ou se é apenas mais uma ferramenta do capitalismo que usa o desejo por aceitação e inclusão para alimentar o consumo excessivo.

É como uma trilha de pequenas confissões, uma corrente de desejos transformados em mercadoria. Em cada vídeo, em cada review impulsionado por essas marcas silenciosas, há mulheres que, ao deslizar a tela e ceder ao apelo das tendências, começam a ver suas rotinas, seus sonhos e até seu próprio reflexo se curvarem a um padrão escorregadio e volátil.

Júlia, Helena e Rayssa são alguns exemplos de meninas que compram de acordo com a tendência do momento no TikTok. Cada uma mora em um estado diferente, mas, enquanto falavam, era como se compartilhassem uma mesma inquietação, algo que transcende a distância e parece habitar um espaço comum entre elas. Com apenas 13 anos, Júlia, mais tímida, confessou que, para ela, comprar os produtos da moda trazia uma sensação de pertencimento que era difícil de encontrar em outros lugares. Ao adquirir aquele item desejado, sentia-se mais próxima das meninas que possuíam o mesmo, como se o produto fosse um passaporte invisível para um mundo onde todas compartilham os mesmos desejos e sonhos de consumo. Com um brilho tímido no olhar, contou sobre seu exemplo mais recente: um kit de pinceis da marca Real Techniques — algo que, segundo ela, todas no TikTok pareciam ter e que, de alguma forma, a fazia sentir-se parte de algo maior.

Com 15 anos, Helena, um pouco mais falante, descreveu a experiência de outra forma, embora a sensação de efemeridade fosse a mesma. Para ela, o ato de consumir a aproximava de suas amigas e da comunidade online, mas logo após a compra surgia um vazio incômodo, como se a satisfação fosse rapidamente substituída por uma nova tendência, já à espreita. "É um ciclo sem fim," disse ela, quase resignada, enquanto mencionava sua última aquisição: o pó facial rosa da influenciadora Karen Bachini, um item que ela não parava de ver nos vídeos e que parecia indispensável — até o próximo lançamento roubar a cena.

Com 17 anos, Rayssa, em silêncio até então, finalmente desabafou. Revelou que, todas as vezes que se olhava no espelho, sentia-se como se tentasse capturar o brilho das influenciadoras do TikTok. Mesmo quando conseguia comprar o que tanto desejava, o resultado nunca parecia corresponder ao ideal que via na tela. Em momentos assim, questionava-se se a falha estava nela — como se algo em sua pele, no olhar, ou até em sua própria essência não fosse suficiente para refletir a promessa vendida pelos produtos. Esse sentimento de cobrança, explicou, era quase constante, uma frustração que a fazia sentir-se cada vez mais distante de um ideal inatingível. Sua última compra foi o sérum bronzeador da marca Drunk Elephant, o D-Bronzi Anti-Pollution Sunshine Drops, um item que, como tantos outros, prometia uma transformação que parecia sempre escapar ao seu alcance.

Para elas, o ato de comprar não é apenas um impulso passageiro; traz um alívio momentâneo em uma busca que nunca se completa. Mas logo vem o vazio, uma percepção incômoda de que estão presas a um ritual estranho, onde o consumo é apenas uma dança repetitiva, uma tentativa de tocar algo que escapa. Muitas se encontram no eco numa pergunta inevitável sobre o motivo de não conseguir o mesmo resultado. Como se o erro fosse delas, como se algo na pele, no olhar, ou na própria essência falhasse em alcançar o brilho prometido — um ideal cuidadosamente desenhado para permanecer fora de alcance.

É nesse cenário tentador que se ergue o submundo da Internet, uma espécie de mercado paralelo onde a pressa e o desejo encontram uma nova morada. Para aqueles que não podem ou não querem esperar, marketplaces como a Shopee e a Shein surgem como atalhos — labirintos digitais onde os produtos cobiçados aparecem como ofertas tentadoras, à mercê de vendedores anônimos que se escondem atrás de telas e avatares. Ali, a ansiedade dos consumidores é alimentada com preços reduzidos, porém envoltos em uma névoa de incerteza se o brilho do produto é real, ou apenas uma sombra de autenticidade. Entre o clique e a compra, uma escolha silenciosa é feita — e talvez, para muitos, a necessidade de pertencer ao momento sobrepuje o valor da própria verdade.

Capitalismo

Em uma conversa descontraída o colunista do site Steal the Look, Fábio Monnerat, falou sobre o frenesi que envolve a busca pela beleza idealizada, uma obsessão que, segundo ele, vai além do simples desejo por bons produtos. Ele acha que há uma necessidade de pertencimento, um desejo de aceitação que se esconde por trás de cada nova compra, como se cada aquisição trouxesse consigo um pouco mais de identidade, um passo a mais em direção a um grupo invisível e desejado. Fábio disse enxergar essa ilusão de exclusividade como uma corrente invisível, prendendo o público em um ciclo sem fim, onde o limite entre querer e precisar se desfaz. Nas redes sociais, o ideal de beleza está sempre ali, próximo e sedutor, mas estranhamente fora de alcance, criando um desejo que se mantém sempre vivo. E vai além.

Ele aponta que conter essa maré de consumo desenfreado soa quase como um desafio impossível. A falta de consciência coletiva torna difícil que as pessoas reflitam sobre o impacto de cada compra. Assim, o consumo se transforma em um reflexo do próprio desejo não resolvido, uma repetição constante que nunca traz a satisfação esperada. Para ele, cada nova compra parece inofensiva, mas se transforma em uma onda crescente, que passa despercebida e segue reverberando.

No coração do capitalismo contemporâneo, o TikTok se agiganta, não mais como uma simples distração, mas como um palco onde o desejo se torna espetáculo e o consumo, um ato quase hipnótico. Em cada deslizar de dedo, as consumidoras são lançadas em um torvelinho de tendências, onde as promessas de beleza cintilam como fogos de artifício — intensas, passageiras, inescapáveis. A cada nova febre, o rosto de uma influenciadora parece sussurrar segredos que as espectadoras querem acreditar: uma pele mais luminosa, lábios mais aveludados, o toque de algo quase mágico. Mas é tudo tão fugaz. Produtos que ontem eram o desejo do momento, hoje já perderam o brilho, substituídos por algo "ainda mais revolucionário".

Para essas mulheres, não há descanso. A lógica do hiperconsumo, essa engrenagem que o filósofo Gilles Lipovetsky descreveu, as engole em um ciclo em que o desejo pesa mais que a necessidade, onde o impulso de possuir é atiçado mais pelo medo de perder a novidade do que por uma vontade verdadeira. A cada nova compra, um ritual se repete — uma sensação de satisfação que evapora rápido, cedendo espaço à expectativa do próximo lançamento. E enquanto os frascos se acumulam, um vazio começa a se insinuar, como se, no fundo, soubessem que a próxima tendência também virá, seduzindo-as mais uma vez.

No universo hiperacelerado do TikTok, onde as tendências surgem e desaparecem como reflexos fugidios, as consumidoras são arrastadas para um ciclo quase frenético. Cada novo "must-have" carrega uma data de validade invisível, um convite ao consumo antes que o encanto se esgote. No olho desse furacão está o Carmed, um bálsamo labial produzido pela farmacêutica Cimed, que, embora conhecido por sua hidratação modesta, encanta com suas edições limitadas e colaborações astutas, como a recente parceria com a marca de doces Fini. Versões do bálsamo com sabores de balas de gelatina — banana, dentadura, "Beijos" — evaporaram das prateleiras antes mesmo de alcançarem todas as farmácias, deixando na esteira um rastro de desejo insatisfeito.

Para Helena, que também é uma consumidora voraz de Carmed, a eficácia do produto é apenas um detalhe insignificante. O que realmente importa para Júlia e para quem o consome, é o prazer de possuir um fragmento de algo efêmero, um pedaço da tendência que logo será substituída por outra. Cada lançamento deste produto traz consigo uma promessa de exclusividade, uma sensação de escassez calculada que intensifica o impulso de compra. Nesse jogo de aparências, o Carmed não é apenas um bálsamo; é um lembrete de que, no turbilhão da moda passageira, às vezes o que vale é a experiência fugaz de ser parte de algo que logo deixará de existir.

No emaranhado dos desejos modernos, o consumo de beleza se torna um ritual de encantamento, uma busca ansiosa que reflete mais do que o desejo de uma pele perfeita ou de lábios macios. Fábio Monnerat vê esse cenário com inquietação, especialmente quando o alvo do consumo se desloca para o público infantil. Ele observa, com ceticismo, como produtos de beleza direcionados a crianças e adolescentes, como é o caso do fenômeno do Carmed, onde eles são estrategicamente moldados para enraizar o consumo desde cedo. Com sabores açucarados e colaborações com personagens conhecidos, o Carmed, em suas múltiplas versões, deixa de ser apenas um hidratante labial; ele se torna um emblema de um consumo precoce, uma porta de entrada para um ciclo interminável de desejos e substituições.

Fábio acredita que essa introdução ao consumo desenfreado desde a infância reflete um problema profundo. A indústria da beleza, segundo ele, soube capturar o conceito de autocuidado e transformá-lo em uma sequência constante de compras — não mais um momento pessoal, mas uma dança coreografada pelo mercado. O Carmed e outros produtos semelhantes simbolizam uma sociedade onde o consumo é enaltecido como valor intrínseco, e cada nova edição limitada, cada parceria com um ícone infantil, se torna um capítulo dessa fábula consumista. A ilusão de exclusividade atiça o desejo, e o autocuidado se converte em um ato repetitivo, sem substância.

Enquanto isso, o TikTok acelera essa espiral. Para Júlia, Helena e Rayssa, a plataforma de vídeos é uma vitrine que converte produtos de beleza em pequenos troféus de pertença, um portal onde cada novo sérum, cada nova máscara promete um vislumbre de perfeição. Como no filme  A Substância (2024), onde Elizabeth Sparkle, interpretada por Demi Moore, injeta um líquido espesso e denso na pele na esperança de capturar a juventude que lhe escapa, os jovens de hoje se entregam a promessas tão tentadoras quanto fugazes. A cada nova fórmula, a cada sérum, máscara ou creme milagroso, há uma promessa de transformação que parece deslizar entre os dedos. Eles se lançam nessas poções modernas, cada frasco prometendo que, desta vez, o reflexo no espelho será o que sempre desejaram.

Mas, assim como Elizabeth, que corre atrás de uma ilusão que nunca a satisfaz, esses jovens podem estar caminhando para um abismo de expectativas vazias. A cada compra, um breve relâmpago de satisfação — um brilho que logo se desfaz, um encanto que desaparece com a mesma rapidez com que veio. E então, a necessidade renasce, mais urgente, mais insistente. Em um ciclo que se auto alimenta, o ideal de beleza se mantém distante, quase ao alcance das mãos, mas sempre escorregadio. E nessa busca, a frustração não desaparece; apenas se recalca, pronta para surgir com força renovada a cada nova promessa que o mercado lança na tela.

Fábio acredita veementemente que o verdadeiro papel do TikTok não é conectar, mas vender — impulsionando um consumo desenfreado que atinge até os mais jovens, seduzidos pela promessa de uma juventude prolongada e de uma beleza idealizada.

No fim, a trilha do consumo se revela como uma corrida sem destino, onde o autocuidado se dissolve em promessas e expectativas. Para Fábio, a verdadeira prática de bem-estar foi sequestrada pela lógica de mercado, que transforma cada novo produto em mais um ponto de partida, mais um item na lista de desejos insaciáveis. O autocuidado, nesse cenário, se torna uma pista de corrida onde o consumidor, sempre em busca da última novidade, esquece de parar, de respirar e de redescobrir o que realmente importa. Talvez, sugere ele, o verdadeiro bem-estar exija uma saída dessa trajetória imposta, uma pausa para recobrar o equilíbrio, para lembrar que cuidar de si não precisa ser uma sequência de compras, mas uma escolha pessoal, guiada por um ritmo próprio, alheio às urgências e apelos do mercado. Afinal, os verdadeiros delírios de consumo da Geração Z não estão em cada frasco ou nova tendência, mas na ilusão de que a satisfação virá com o próximo produto.

 

A execução precisa dos códigos de cada etiqueta trouxe um frescor revigorante para as grifes renomadas
por
Giovanna Montanhan
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30/10/2024 - 12h

A São Paulo Fashion Week (SPFW) ocorreu entre os dias 14 e 21 de outubro, com quase o dobro  do número de desfiles, em comparação à edição anterior, passando de 27 para 42. O evento trouxe de volta às passarelas marcas como a homônima Alexandre Herchcovitch, À La Garçonne e Salinas, além de  grifes vanguardistas, presentes em todas as edições, como Lino Villaventura.

Lino Villaventura

Quem acredita que a alta-costura no Brasil se encerrou com o estilista paraense Dener Pamplona - pioneiro na moda brasileira,  introduzindo esse conceito no país - certamente nunca assistiu a um desfile de Lino Villaventura. 

Conhecido por suas peças com nervuras elaboradas, Lino trouxe nesta edição vestidos e blusas assimétricas, bordados minuciosos, saias em formato de pétalas, além de modelos com volumes, drapeados e tecidos que simulavam plástico, em cores vibrantes como azul piscina e verde claro. Desta vez, além dos neutros — o branco que abriu o desfile, seguido pelo bege e preto —, a paleta se expandiu para tons multicoloridos, como roxo e vermelho, alternando entre peças fluidas e modelos mais estruturados. A modelo Silvia Pfeifer encerrou  o espetáculo visual concebido pela mente fértil  de Lino, desfilando um modelo transparente azul-marinho com brilhos, acompanhado de um robe preto de cetim e luvas arroxeadas que deixavam os dedos à mostra.

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Reprodução: @agfotosite

 

 

 

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O estilista Lino Villaventura na passarela após o final do desfile - Reprodução: @agfotosite

À La Garçonne

À La Garçonne comemorou 15 anos de marca e 20 anos de carreira de seu diretor criativo Fábio Souza  Após sua separação profissional de Alexandre Herchcovitch, Souza decidiu redefinir os códigos da marca, que anteriormente destacava o conceito de upcycling e trazia cordas trançadas como logotipo. Agora, com controle total sobre as direções, códigos costumeiros da etiqueta  aparecem de forma pontual em algumas peças, enquanto o principal destaque neste primeiro desfile foi a cartela de cores em preto e branco, combinada com variações de design, ternos de alfaiataria e lurex, que abrilhantaram a passarela ao lado de estampas quadriculadas. Vale destacar as saias de tule com poás, uma tendência atemporal, a presença do personagem Snoopy, que apareceu em moletons e casacos, e os laços.

 

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Reprodução: @agfotosite

 

 

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O estilista Fábio Souza na passarela após seu desfile - Reprodução: @agfotosite

 

 

Salinas

Salinas, uma marca tradicional de beachwear, retornou ao maior evento de moda da América Latina após seis anos longe das passarelas, apresentando a coleção "Sol, Sal e Sonhos". Com uma paleta predominantemente neutra e atemporal, a coleção trouxe peças que se adequam tanto ao momento praia quanto ao pós-praia. Entre os destaques estão minissaias, chapéus compridos de palha desfiada, bolsas de crochê, camisas de linho e biquínis assimétricos. Uma seção da coleção, com peças em tons de cinza claro, com calças soltinhas, maiôs e casaquinhos leves com brilhinhos prateados sutis. Os acessórios incluíam braceletes dourados e belly chains (cordões para adornar a barriga) com o nome da marca, além de chinelos de dedo com plataforma e tamancos prateados.

 

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Reprodução: @agfotosite

 

 

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Alexandre Herchcovitch

E por fim, Alexandre Herchcovitch com sua etiqueta homônima e conhecida por trazer designs inovadores, dessa vez em parceria com a marca alimentícia de queijos Catupiry, apresentou  bolsas e moletons com seu logo, uma produção com a estilista Fábia Bercsek, que o ajudou a criar estampas feitas à mão.

Os recortes assimétricos moldaram-se abaixo dos seios, deixando a barriga à mostra e chegando ao ponto final: a virilha, trazendo à tona uma estética fetichista. Para aqueles que preferem não arriscar e se manter dentro de estilos mais convencionais, também há opções que beiram o óbvio e comercial, como moletons felpudos listrados, regatas, calças de alfaiataria e jeans. Mas, como era de se esperar de Alexandre Herchcovitch, foi possível observar um mergulho profundo nos códigos dos anos 70, trazendo consigo toda a purpurina que remete à Era Disco, além de tecidos como jacquard, lurex, paetê em padronagem xadrez e lamê.



 

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Reprodução: @agfotosite

 

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O estilista Alexandre Herchcovitch na passarela após o seu desfile - Reprodução: @agfotosite

 

A mostra celebrou as contribuições de Regina Guerreiro na moda
por
Giovanna Montanhan
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29/10/2024 - 12h

A exposição realizada entre os dias 14 e 21 de outubro, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera — mesmo espaço que recebeu os desfiles da 58ª edição da São Paulo Fashion Week — homenageou a jornalista Regina Guerreiro, destacando a importância do seu legado na comunicação fashion como a conhecemos hoje

 Os itens exibidos desmembraram sua carreira e vida pessoal  desde a carteirinha de imprensa da Vogue Brasil, até fotos antigas e objetos pessoais, como vestidos e acessórios diretamente retirados de seu guarda-roupa, além de quadros adornando as paredes  do  espaço que continham suas famosas críticas ácidas. Destacava-se, por exemplo, o convite do desfile da grife Comme des Garçons, no qual Regina, certa vez, chegou a comparar os modelos da marca parisiense a moradores de rua, envoltos em cobertores e sacos de lixo, da Avenida Paulista.

 

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Entrada da exposição ''As Joias da Rainha'' - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

 

 

 

 

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Carteira de imprensa da Vogue Brasil - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

 

 

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Convite do desfile da marca parisiense, Comme des Garçons - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

 

 

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Figurinos retirados do guarda-roupa de Regina Guerreiro - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

 

 

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Fotos e itens pessoais da jornalistas - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

 

 

 

 

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Reprodução: Giovanna Montanhan

 

Regina Guerreiro debutou no mundo no dia 18 de maio de 1940, em São Paulo. Formou-se em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e começou sua trajetória nos anos 1970. Trabalhou em veículos como o Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, revista Manequim, Interview e O Estado de São Paulo. Além disso, passou por diversas publicações de moda, incluindo a Harper 's Bazaar, onde estagiou, e a Vogue, onde atuou como editora por 14 anos. Também dirigiu a revista Elle por 9 anos, além de ter contribuído para a revista Claudia. Na década de 1960, fundou a agência Choc!, que unia sofisticação e irreverência em seus trabalhos. Ela é tradicionalmente conhecida por seu “sincericídio” e sua crítica de moda atrevida. 

No release publicado, o curador da exposição Renato de Cara destacou a importância de uma ambientação fidedigna: “Procuramos reproduzir parte do seu ambiente doméstico, cheio de climas, entre a sofisticação internacional e a intimidade sombria que toda alma carrega.” Ele também exaltou o papel fundamental do diretor Paulo Borges na criação dessa homenagem.

Para Paulo Borges, retratar a memória de Regina Guerreiro foi uma forma de eternizar parte da história do jornalismo de moda brasileiro. “Essa exposição é uma homenagem e o reconhecimento ao trabalho pioneiro e incontestável desta jornalista, editora e diretora criativa. Uma imagem é, entre outras coisas, uma mensagem, uma forma de tempo que nos leva a outro lugar. Como crítica de seu tempo, com seu olhar exigente e humor afiado, Regina Guerreiro ajudou a validar e posicionar o universo criativo da moda brasileira”, afirmou no release divulgado à imprensa.

Regina, por sua vez, manifestou-se em um comunicado, dizendo estar muito feliz com a exposição e revelou estar com o “coração explodindo de tanta emoção”. Em entrevista à AGEMT, a jornalista deixou um conselho para aspirantes à profissão: " ter autenticidade’’, um fator essencial para conquistar o que se almeja. E não poderia ser diferente, já que Regina Guerreiro utilizou esse trunfo para pavimentar seus caminhos e os das próximas gerações, tanto as que já chegaram quanto as que estão a caminho.

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Trechos de suas famosas críticas - Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Maximalismo, representação cultural e provocação sofisticada preenchem as passarelas na capital paulista
por
Bianca P. Athaide
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21/10/2024 - 12h


No final da última semana deu início a maior semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week. Com um line-up recheado de marcas e projetos nacionais, a programação do desfile continua a cumprir seu propósito histórico de reafirmar a criatividade e cultura nacional na indústria da moda. Etiquetas como Catarina Mina, Artemisi e Bold Strap trouxeram a vanguarda fashion brasileira para suas apresentações. Confira esses e outros destaques abaixo.

Martins e o maximalismo da cultura pop

Com a ambientação nas mãos do som inglês subversivo big-beat da banda Prodigy, o desfile da Martins trouxe a paixão de seu criador por cultura pop para as passarelas. Com uma mescla entre "Matrix" (1999) e a estética futurista de Thierry Mugler e Rick Owens, Tom Martins construiu a inspiração para sua criação cheia de babados, ilusões de ótica, xadrez e muitas sobreposições.

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Martins para SPFW Nº58 - Foto: reprodução/Maurício Santana/Getty Images

Com um mergulho também na cultura hippie das décadas de 1960 e 1970, a coleção contou com uma colaboração com a marca clássica de jeans Levi's, por isso a presença de muitas calças amplas, jaquetas e coletes estruturados e composições em camadas — característica carimbada da Martins.

O sonho artesanal de Catarina Mina

A coleção "Herdeiras do Futuro", produzida pela estilista Celina Hissa, em conjunto com mais de 30 artesãs nordestinas, trouxe o habitual e magnífico frescor do trabalho manual, com crochê, macramê, bordado e renda de bilro, e a novidade da borracha da Amazônia — material que remete ao neoprene, em colaboração com a marca paraense Da Tribu, e ajudou a compor franjas que foram aplicadas em tops, vestidos e bolsas da coleção.

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Catarina Mina na SPFW Nº58 - Foto: reprodução/Agência Fotosite/Marcelo Soubhia 

Os 35 looks que brilharam na passarela estavam baseados na paleta de cores predominada pelo vermelho, off-white, dourado e por alguns tons de azul. Para completar visual e adicionar ainda mais brasilidade para a estética, no pés, modelos usavam Havaianas de diversas cores.

Provocação sofisticada com a Bold Strap

Assinada por William Cruz, a coleção apresentada pela Bold Strap nesta edição do SPFW trouxe o marcante DNA da marca mais uma vez: com correntes, cordas e muitos brilhos, a etiqueta ofereceu uma abordagem mais refinada ao fetichismo. 

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Bold Strap para SPFW Nº58 - Foto: reprodução/Maurício Santana/Getty Images

Com sua musa Camila Queiroz presente, a marca brincou com a tensão entre sensual e prático, e desfilou peças para além do underwear. Vestidos, calças, jaquetas e camisetas também reafirmaram a estética provocadora da marca.

Artemisi caminha pela fronteira entre moda e arte

Vinte e seis looks defendem a caracterização de high fashion da Artemisi. A coleção apresentada na quinta-feira (17) na SPFW mostrou o porquê da etiqueta tradicionalmente passear despreocupadamente entre a fina linha que separa moda e arte.

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Artemisi na SPFW Nº58 - Foto: reprodução/Agência Fotosite/Zé Takahashi 

“Não faço roupa para loja, faço roupa que tem um quê de arte.", afirmou a diretora criativa da marca, Mayari Jubini, depois do encerramento de uma apresentação de uma coleção que aborda desde do movimento da arte cinética, oriunda da década de 1950, até a obsessão pelo futurismo atual. Mas, se engana quem pensa que os looks super tecnológicos não necessitaram de mãos humanas em sua produção. Algumas peças precisaram de muito trabalho manual — os efeitos de vidro quebrado ou de água pingando em bustos e casacos, são pinturas feitas à mão — e de meses de confecção. 

A brincadeira com efeitos visuais, texturas tridimensionais e formas surrealistas proporcionaram ao público um espetáculo aplaudido de pé.

O Pará viaja para São Paulo com a Normando

Estreante na SPFW, a Normando levou a coleção "Vândalos do Apocalipse", uma interpretação da cultura paraense com tempero urbano para a passarela paulista. 

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Normando para SPFW Nº58 - Foto: reprodução/Maurício Santana/Getty Images

Estampas de escamas de tucunaré e pirarucu foram aplicadas em vestidos de seda, juntamente de um bustiê feito de cuias de tacacá e camisa de smoking com jabô, toda indumentária necessária para refletir a visão que inspirou Marco Normando: os filósofos modernistas que se reuniam no mercado Ver-O-Peso, em Belém, nos anos 1920. 

 

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Nova edição aposta na inclusão e modernidade para reconquistar o público e redefinir padrões de beleza
por
Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
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16/10/2024 - 12h

Após um hiato de cinco anos, o icônico Victoria’s Secret Fashion Show está de volta, prometendo uma edição renovada. O evento, que aconteceu no dia 15 de outubro, marca uma nova fase para a famosa marca de lingerie, que vem enfrentando desafios nos últimos anos. Além de reunir supermodelos consagradas, o desfile contará com performances musicais de destaque, incluindo Cher, Lisa do grupo Blackpink, e a cantora sul-africana Tyla.

Pela primeira vez transmitido ao vivo em plataformas como TikTok, Instagram e YouTube, o show ocorrerá em Nova York  promete uma audiência global. A decisão de expandir o alcance digital do desfile reflete a estratégia da Victoria 's Secret em modernizar seu formato e reconquistar o público. Em um vídeo divulgado pela marca no início de setembro , várias veteranas da passarela, como Gigi Hadid e Tyra Banks, foram convidadas para participar deste retorno, reforçando o apelo nostálgico do evento.

A edição de 2024, além de um espetáculo visual, também traz novidades no elenco. A modelo brasileira Valentina Sampaio, de 27 anos, faz história ao se tornar a primeira trans brasileira a participar do desfile. Ela expressou sua felicidade em um post nas redes sociais, compartilhando com seus seguidores a emoção de fazer parte deste momento icônico. Valentina, que já foi a primeira modelo trans a ser contratada pela marca, comentou que se sente orgulhosa por representar a diversidade e a inclusão na moda.

O desfile deste ano, segundo a diretora criativa da marca, Janie Schaffer, foi cuidadosamente pensado para refletir as mudanças e o crescimento da Victoria 's Secret nos últimos seis anos. Schaffer afirmou que o novo formato será uma "celebração do glamour e da moda", mas sob uma "lente moderna". As famosas asas de anjo, tradicionalmente feitas de penas, agora serão produzidas com materiais sustentáveis, em resposta às críticas de ativistas ambientais e pela crescente demanda por responsabilidade social no mundo da moda.

Sofia Malamute/Victoria's Secret
Sofia Malamute/Victoria´s Secrets

 Essa nova fase da Victoria 's Secret também responde a controvérsias passadas que abalaram a imagem da marca, como a queda de audiência e as críticas sobre a falta de diversidade. Além disso, um documentário detalhou as conexões da marca com Jeffrey Epstein, um escândalo que manchou sua reputação. A empresa, agora liderada por mulheres como Sarah Sylvester e Janie Schaffer, promete que esta edição vai ressaltar os avanços da marca, tanto em termos de inclusão quanto de sustentabilidade.

O desfile incluirá um elenco diversificado de modelos, seguindo a tendência já iniciada em setembro de 2023, quando a marca lançou o documentário “The Tour ’23” na Prime Video. O filme destacou a colaboração com designers independentes de cidades como Lagos, Bogotá, Londres e *Tóquio, e trouxe supermodelos como Naomi Campbell e Adriana Lima ao lado de novas estrelas da moda, incluindo Adut Akech eWinnie Harlow.

Outro destaque desta edição é a inclusão de Ashley Graham, modelo e defensora da positividade corporal, marcando uma mudança significativa na tradicional seleção da Victoria's Secret. Ao lado de veteranas como Gigi Hadid, Lais Ribeiro e Behati Prinsloo, Graham simboliza a evolução da marca rumo a um padrão mais inclusivo de beleza.

Com essas mudanças, o Victoria’s Secret Fashion Show 2024 busca reafirmar seu lugar como um dos maiores eventos de moda do mundo, trazendo consigo uma nova era de glamour, inclusão e representatividade.

 

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Conhecido por suas peças exclusivas feitas à mão em colaboração com artesãs brasileiras e pelo impacto positivo que causa no cenário da moda
por
Giovanna Montanhan
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07/08/2024 - 12h

Nesta terça-feira (06), ocorreu a estreia do designer brasileiro na semana de moda de Copenhague. A coleção ‘Roadtrip’, de primavera/verão 2025, faz parte de uma extensão que foi apresentada no último São Paulo Fashion Week, em 2023 

O estilista João Maraschin é gaúcho, natural de Caxias do Sul. Ele se mudou para Londres, onde mora há mais de seis anos, após trabalhar como assistente do designer Ronaldo Fraga. Durante sua estadia, adquiriu experiência trabalhando com marcas renomadas como JW Anderson, Gucci e Alexander McQueen. Em 2020, fundou sua marca homônima .

Sustentabilidade pode ser a palavra-chave para definir suas criações, que envolvem o trabalho de muitas artesãs, tecendo o que nenhuma máquina, nem a mais tecnológica do mercado, poderia fazer. Por esse motivo, a etiqueta estreou na semana de moda de Copenhague, que é inteiramente dedicada a marcas que têm a responsabilidade ambiental como um pilar fundamental.

A semana de moda de Copenhague teve sua primeira edição em 2006. Em 2010, começou a se destacar no cenário global por firmar um compromisso com a sustentabilidade, assim como a própria cidade já era conhecida por sua abordagem avant-garde (termo que designa caráter vanguardista e inovador), em relação ao meio ambiente. Isso impulsionou significativamente o evento, que veio a adotar práticas mais ecológicas em suas apresentações. Em 2012, a organização começou a implementar iniciativas para reduzir seu impacto ambiental, incluindo o uso de materiais reciclados. Em 2020, o comitê da CPFW estabeleceu metas ambiciosas para reduzir as emissões de carbono, cujo objetivo final era promover o desperdício zero até 2023 e continuar fomentando a moda circular.

Para a revista Harper 's BAZAAR, João explicou o motivo pelo qual escolheu continuar apresentando a coleção 'Roadtrip' neste evento e afirmou: '’Não há mentoria ou dinheiro, mas um acompanhamento para seguir planos de transformar o impacto negativo em positivo. É uma prática muito única na indústria, onde a sustentabilidade é usada como ferramenta de marketing e greenwashing. Esta é a semana que mais condiz com meus valores e com o que a marca significa’’.

O estilista executou uma coleção extremamente sofisticada, sem deixar de lado o trabalho manual, que é o protagonista de todas as suas criações. A partir disso, o streetwear ganhou uma nova roupagem, com novas texturas, cores e transparências.

 Há quem diga que moletons não são bem o que se espera quando falamos em moda de verão, especialmente em um país tropical. No entanto, o trabalho de João Maraschin se diferencia ao permitir que a brasilidade das peças floresça na delicadeza dos detalhes, como na presença das rendas, dos crochês e do macramê.

Esta coleção ainda passará por Paris e Milão, retornando para São Paulo em outubro para a edição N58 da São Paulo Fashion Week, encerrando este ciclo. 

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Foto: Getty Images

 

 

 

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Foto: Getty Images

 

 

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Foto: Getty Images

 

 

 

 

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Foto: Getty Images

 

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A escolha do uniforme brasileiro não agradou o público e COB afirma que o foco é outro.
por
Bruna Quirino Alves
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26/07/2024 - 12h

 

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) estreou o uniforme que será usado pela delegação durante as Olimpíadas deste ano, sediada em Paris. O design do uniforme utilizado na cerimônia de abertura foi criado pela Riachuelo, uma das maiores redes varejistas do país. 

As roupas consistem em blusas listradas, verdes e amarelas, calças brancas para os homens e saias abaixo do joelho para as mulheres, além de jaquetas jeans personalizadas por bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, no Rio Grande do Norte. 

Atletas em fila vestindo o uniforme olímpico em evento
Atletas desfilam vestindo o uniforme em evento no Rio de Janeiro. Foto: Alexandre Loureiro/COB

 

Segundo o COB, as roupas foram pensadas e produzidas a partir de um processo de confecção sustentável e artesanal, tendo em mente o conceito de moda circular e a valorização da biodiversidade brasileira. 

Porém, a modelagem das roupas não atendeu às expectativas do público (nem de alguns atletas), que chegou a demandar que os uniformes fossem refeitos por outras marcas. Estilistas renomados no país, como Weider Silverio e Mayara Jubini, pontuaram que a simplicidade e a modéstia que as peças apresentam não refletem a cultura brasileira, além da falta de representação indígena nos modelos, que é uma das maiores heranças do país. 

Os uniformes apresentados por delegações de outros países evidenciam a falta de identidade brasileira nas peças nacionais. Os trajes de outras equipes trouxeram, além de referências culturais notórias, autenticidade e elegância na estética - se destacando na mídia.

O modelo que mais chamou a atenção nas redes sociais foi o da Mongólia. As peças foram assinadas pela grife de luxo Michel & Amanzoka, das irmãs e designers Michel Choigaalaa e Amazonka Choigaalaa. A modelagem foi inspirada nas vestimentas tradicionais do país: túnicas e mangas longas. Conta com bordados de símbolos relevantes na cultura mongol, como o Sol e a Lua, e um falcão — como símbolo de força e resiliência. Também possuem homenagens às Olimpíadas, com a tocha e o emblema dos Jogos de Paris presentes nos bordados.

Modelos vestindo o uniforme da Mongólia
Uniforme da Mongólia apresentado pela grife Michel & Amazonka. Foto: Divulgação/Michel&Amazonka

Paulo Wanderley, presidente do Comitê, conversou com jornalistas na base do Time Brasil na França e rebateu as críticas ao uniforme afirmando: “'Não é Paris Fashion Week, são os Jogos Olímpicos”. Outros executivos do comitê opinaram de acordo com o presidente, dizendo que ainda escolheriam o mesmo uniforme – que supostamente apresenta “elementos da moda parisiense”. 

Alguns fatores podem ter passado despercebidos nessa discussão: o fato de Paris ser a sede olímpica e um dos berços da moda aumentou as expectativas do público quanto à estética das roupas, principalmente pela exposição que os Jogos trazem para os países e para as marcas que produzem os uniformes. 

Além disso, dar a entender que moda e esporte não se misturam é um contrassenso, principalmente quando as últimas décadas da história da moda provam o contrário. 

Muitas grifes renomadas começaram suas produções com um propósito voltado para o esporte, como a Lacoste por exemplo, que desenvolveu a camisa polo para ser usada durante partidas de tênis, com o propósito de facilitar a mobilidade dos jogadores. O famoso tênis All Star, da marca Converse, foi idealizado para jogadores de basquete e foi utilizado no esporte por anos. 

Nos dias de hoje, o sportwear é uma dos segmentos mais relevantes da moda e atletas também são reconhecidos por sua relação com a moda, além do âmbito esportivo. 

Lewis Hamilton, piloto de Fórmula 1, se consolidou como um ícone fashion, dentro e fora das pistas. O piloto deixa claro sua afeição pela moda e suas escolhas de look chamam atenção pelas estampas chamativas e o uso de formas e cortes ousados.

Lewis Hamilton em macacão preto e branco do estilista Rick Owens
Lewis Hamilton vestindo Rick Owens no Grand Prix de Imola. Foto: Stefano Guidi/Getty Images

Nas Olimpíadas, Sha’Carri Richardson é uma atleta que vai roubar os holofotes. A atual campeã mundial dos 100 metros rasos mantém sua autenticidade durante as provas de atletismo. 

Sha’Carri esbanja o maximalismo em acessórios e seus diferentes tipos de penteados, desde laces coloridas até tranças, porém sua marca registrada são as suas unhas. A velocista usa unhas longas, coloridas e em diversos formatos enfeitadas com pedrarias. 

Em entrevista para a revista KSL Sports, a atleta estadunidense afirma querer trazer beleza para as pistas de atletismo. 

Sha’Carri quer se sentir bonita nas competições, assim como fora delas e suas unhas, segundo ela, além de aumentarem sua autoestima, também melhoram sua aparência enquanto compete. 

 

Moda e esporte nunca andaram tão juntos quanto agora. 

Sha'Carri Richardson mostrando suas unhas
Sha’Carri Richardson exibindo suas unhas. Foto: Divulgação/Instagram

 

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Confira os principais destaques dos quatro dias de evento na capital francesa
por
Gabriela Jacometto
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03/07/2024 - 12h

       Tendo início no século 19, a alta-costura chegou ao público através do designer de moda inglês Charles Frederick Worth. Enquanto o mesmo residia na França, o designer começou a apresentar suas peças quase inteiramente prontas e suas coleções já finalizadas, diferentemente do que era comum na época.  

     Tal método revolucionou a moda e deu origem a um novo modo de produção, no qual costureiras, alfaiates e modelistas passaram a ganhar mais reconhecimento, elevando ao o status de artistas e deixando de apenas prestarem serviços, com a abertura de seus próprios ateliês.

      Em 1868, é fundada a associação de alta-costura francesa, que passou a se chamar apenas “Chambre Syndicale de la Haute Couture”. Atualmente, a organização  faz  parte da “Fédération de la Haute Couture et de la Mode”, a responsável pela indústria de moda na França, e que organiza suas semanas de desfiles. 

      Na semana do dia 24/06 a 28/06 aconteceu em Paris os desfiles das coleções de “haute couture” (Alta-Costura) inverno de 2024. Com a presença das principais marcas de luxo da indústria internacional, o evento celebrou a exaltação do belo.

 

      SCHIAPARELLI 

   No primeiro dia do evento , tivemos a estreia dos desfiles com Schiaparelli de Daniel Roseberry, atual diretor criativo da marca.  O desfile foi marcado por ares de mudança no que se diz respeito à própria marca, diferente dos desfiles anteriores, uma aura sombria e misteriosa tomou conta do Hôtel Salomon de Rothschild, local em que foi apresentada a coleção. 

   Com combinações preto e branco, texturas remetem a penugens e bordados prateados, Roseberry inovou e trouxe novos volumes esculturais, de formas criativas e intrínsecas, com looks mais envolventes, sinuosos e provocantes. E claro, trazendo sempre homenagens e referências a Elsa Schiaparelli, criadora da marca.  

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Foto: Cortesia Schiaparelli

 

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Foto: Reprodução instagram (@schiaparelli.archives)

 

   

     CHANEL 

     Após a saída surpresa de Virginie Viard, do comando criativo da marca, a Chanel seguiu seu ritmo e apresentou sua coleção de alta costura desenvolvida pelo próprio time de ateliê e design da ex- diretora. Situado na Ópera de Paris e composto por 46 looks, o desfile foi marcado pelos bordados preciosos e os detalhes românticos como laços e flores, em casamento com as mangas com babados. O look de abertura desfilado por Victoria Ceretti chamou atenção e marcou a atmosfera de como seria a coleção: Uma capa bufante combinada com uma hot pants. 

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Foto: Isidore Montag / Gorunway.com

 

    Os tailleurs de comprimento mídi também foram destaque, principalmente pelas plumas e cristais bordados.

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Foto: Isidore Montag / Gorunway.com

   

    E como é de costume na Chanel, o desfile foi encerrado pelo look de alta-costura de noiva, um vestido longo remetendo aos anos 80 com bastante volume, mangas e bordados glaceados e com uma saia quase balonê.  

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Foto: Isidore Montag / Gorunway.com

 

    

      ELIE SAAB

     A marca do estilista libanês Elie Saab, retornou mais uma vez às passarelas com uma coleção de alta-costura que referencia o próprio trabalho do estilista e designer. O primeiro look foi um vestido sereia justo em veludo preto, que diferentemente do que é esperado de Elie sugeria um tom mais dramático ao desfile, sem nenhum acessório. A inspiração, segundo Saab, foi  uma referência a seu trabalho nos anos 90 e como o mesmo se manteve consistente durante esses anos. 

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Foto: Filippo Fior / Gorunway.com

 

 

    O desfile foi marcado pela progressão de peças pretas para tons profundos de rubi e verde-esmeralda, com variações de formas sinuosas e elegantes. Os bordados foram os principais elementos em várias criações , com ornamentos de floreios, penas e apliques de flores. 

   Em contraponto à paleta noturna, Saab apresentou peças  em dourado que são consideradas por muitos sua marca registrada, trazendo um lado mais extravagante da feminilidade. 

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Foto: Filippo Fior / Gorunway.com

 

   O brilho das lantejoulas prateadas enfeitavam os vestidos mais suntuosos e generosos em volume. O final foi um pico de luxo, com o vestido la mariée que misturava tule blush, com bordados em arabesco de ouro claro, e uma cauda majestosa. Digno de um encerramento de um desfile de alta-costura.

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Foto: Filippo Fior / Gorunway.com

 

   

     BALENCIAGA

    Sendo a quarta coleção de alta-costura sob o comando do estilista  Demna, essa com certeza foi a mais subversiva em sua rejeição à formalidade e às elegâncias típicas do métier, se não das silhuetas de Cristóbal Balenciaga. O diretor criativo  adotou as mangas 3/4, os formatos de casulo e os chapéus elaborados de costureiro, mas adicionou o seu diferencial nos tecidos  utilizados: jeans, couro, agasalhos, moletons, bien sûr, unindo-os a um material de mergulho acetinado, que o ajudou a atingir suas formas esculpidas. 

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Foto: Cortesia Balenciaga

 

   Conforme o desfile progredia, o diretor se movia para as silhuetas noturnas extravagantes associadas à alta-costura, só que elas eram feitas de retalhos de jeans e parkas coloridas que pareciam ter sido reaproveitadas das coleções anteriores de Demna para a marca.  

   Diferenciando apenas com novos tecidos e técnicas; um vestido coluna foi feito de sacolas plásticas derretidas moldadas no corpo, e um modelo sem alças foi construído com papel alumínio dourado.  

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Foto: Cortesia Balenciaga

 

    As peças pediam que você reconsiderasse as maneiras pelas quais atribuímos valor às roupas e a razão que consideramos uma coisa preciosa e a outra não. O look final foi uma nuvem rodopiante de nylon preto, construído um pouco antes do desfile, uma peça de “costura efêmera” que virá acompanhado de 3 staffs da própria marca para a sua montagem para a cliente que comprar. 

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Foto: Cortesia Balenciaga

 

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Exposição homenageia trigésimo aniversário de carreira de um dos maiores nomes da moda brasileira
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Helena Maluf
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28/06/2024 - 12h

A exposição "Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda" ambientada no Museu Judaico de São Paulo é uma forma de celebrar a impactante carreira do renomado estilista brasileiro. A exibição ficará em cartaz até 08 de setembro, com entrada gratuita aos sábados. 

Herchcovitch, um dos nomes mais influentes da moda no Brasil e no mundo, é conhecido por suas criações ousadas, inovadoras, polêmicas e cheias de personalidade. A mostra  revisita todos os momentos mais icônicos de sua trajetória, nos conectando com a sua história.

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Roupas do estilista penduradas ao longo da exposição. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                         

Desde cedo Alexandre Herchcovitch demonstrou interesse pelo universo da moda, incentivado por sua mãe, Regina, que era modelista. Seu talento começou a florescer na adolescência, quando iniciou suas primeiras criações. A partir daí, sua carreira se desenvolveu rapidamente, levando-o a estudar moda na Faculdade Santa Marcelina, onde se formou em 1993.

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Convites para os primeiros desfiles do estilista. Foto: Helena Maluf 

Logo no início de sua carreira, Herchcovitch chamou a atenção por suas criações inovadoras e por seu estilo único, que desafiava as convenções da moda tradicional. Sua estética, muitas vezes marcada por uma mistura de elementos punk, góticos e fetichistas, rapidamente ganhou notoriedade. Na década de 1990, ele se tornou um dos principais nomes da moda brasileira, desfilando suas coleções na São Paulo Fashion Week e, posteriormente, em outras importantes semanas de moda internacionais, como Nova York, Paris e Londres.

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Telas presentes na exposição, onde era possível assistir os seus primeiros desfiles. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                                                                                                             
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Pôster de campanha para uma de suas coleções. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                             

A exposição está dividida por uma linha de tempo, que percorre  toda a mostra, cada “parada” dedicada a uma época diferente da carreira e da vida do estilista. Desde suas primeiras criações até suas coleções mais recentes, a exibição  oferece uma visão abrangente de sua trajetória, destacando tanto suas conquistas profissionais quanto suas influências pessoais.

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Uma parte da linha do tempo exposta. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

Uma das seções mais importantes, e controvérsias, da exposição é dedicada à era “sadomasoquista” de Herchcovitch, mostrando ensaios fotográficos, acessos e peças de roupas as quais o artista foi bem criticado na época por fazer. Porém, hoje em dia, são consideradas peças de vestuário extremamente icônicas no mundo da moda. 

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Sapato com um salto de aproximadamente 1 metro de altura. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                               

 

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Vestido preto de seda com recortes reveladores, acessorizado com uma máscara preta de couro. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    

A exposição também aborda o impacto de Herchcovitch na moda brasileira e internacional, destacando sua influência sobre uma geração de novos estilistas e sua capacidade de transcender fronteiras culturais. Suas coleções, frequentemente inspiradas por temas como a identidade de gênero, sexualidade e política, refletem sua visão de mundo única e sua habilidade de usar a moda como uma forma de expressão artística e social.

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Convite de um de seus desfiles imitando um bilhete único. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                  
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Alguns acessórios e colaborações que o estilista fez com outras marcas. Foto: Helena Maluf

A exposição convida os visitantes a considerar a moda não apenas como uma forma de vestuário, mas como uma linguagem poderosa e versátil, capaz de expressar ideias, provocar reflexões e inspirar mudanças.

O legado de Herchcovitch é evidente não apenas nas peças expostas, mas também nas histórias e memórias que elas evocam. Sua capacidade de inovar, desafiar normas e incorporar elementos culturais diversos em suas criações estabeleceu novos padrões na indústria da moda e continua a influenciar estilistas e criadores ao redor do mundo

A semana da moda masculina em Milão trilhou novos caminhos para a indústria com criatividade e esperança
por
Maria Laura de Medeiros Varzea
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26/06/2024 - 12h

Depois da Segunda Guerra Mundial, a indústria da moda alavancou seu próprio desenvolvimento e  ganhou um espaço enorme no cenário econômico mundial. Na Itália, isso não foi diferente. O conceito da alta-costura acabara de ganhar notoriedade, e foi em Florença que os desfiles ganharam vida. No ano de 1958, criou-se a Câmara Nacional da Moda Italiana. Como resultado, os desfiles e marcas de luxo passam a ser cada vez mais considerados importantes por cidadãos de todo o mundo. Em junho de 2024 a capital recebeu, mais uma vez, uma semana de moda com direito a passarelas de luxo dedicadas exclusivamente ao men'’s wear.  

Na Fashion Week de Milão (primavera/verão 2025), vários olhares se curvaram para a entrada de Adrian Appiolaza na Moschino, com a coleção "Lost and Found" ("Achados e Perdidos"). A perspectiva inovadora do novo diretor criativo da marca mistura moda e nostalgia. A era do empoderamento "bossy" ("mandão" ou "mandona", em inglês) foi desmanchada a partir do momento que blazers começaram a se mostrar como vestidos, tops com clipes de papel e jaquetas cheias de post-its. 

 

Moschino, Milão 2025
Moschino Spring 2025 
Foto: Umberto Fratini/ Gorunway.com

 

Zegna

Alessandro Sartori, diretor artístico da Zegna, criou uma atmosfera semelhante a um campo de linho em sua passarela. Sua inspiração vem da relação entre o homem e a natureza, e isso se dá a partir das lâminas de linho confeccionadas em metal e os tons terrosos presentes na paleta de cores como o terracota, o bege e o amarelo. "Oasi of Linen" ("Oásis de Linho") quis evidenciar a riqueza desse material, ao mesmo tempo em que faz jus a ideia da coleção. 

Zegna, Milão, 2025
Zegna, Milão 2025
Foto: Filippo Fior/ Gorunway.com
 


Gucci

 

Dessa vez, o local escolhido pela Gucci para o lançamento de sua nova coleção foi o "Triennale Milano", uma clássica galeria de arte construída em 1930. Sabato De Sarno, diretor criativo da marca, utilizou da arquitetura e da iluminação da casa a seu favor. As peças transmitem um ar jovial e surfista, com conjuntos gráficos de shorts e camisas, chinelos e óculos de sol pendurados por uma gargantilha da maison. Camisetas polo, e peças um pouco mais justas também foram destaque, assim como as cores: tons de magenta, amarelo e verde. Tipicamente de De Sarno, enfeites floridos foram acrescentados aos looks, trazendo mais sofisticação para roupas feitas para serem usadas no dia-a-dia. 

Gucci, Milão 2025
Gucci, Milão 2025
Vogue Runway

 

Giorgio Armani

 

Armani lançou sua coleção deste ano de forma discreta. O estilista vem fazendo isso durante toda a sua carreira, prefere evitar conjuntos extravagantes e desmedidos. Armani prefere minimalismo e elegância atemporal, evitando tendências passageiras e cenários elaborados de desfile.

As peças de alfaiataria desconstruídas com um toque de extravagância, proporções generosas, camisas e coletes translúcidos, e uma paleta de cores clássica de Armani em tons de cinza e marinho.

O espírito viajante, outra marca registrada do estilista, também esteve presente na coleção. Estampas nebulosas de folhas de palmeira e chapéus de palha ou algodão evocavam destinos exóticos e um clima de descontração. Armani, "Il Maestro", foi aplaudido de pé após o fim do desfile. 

Giorgio Armani, Milão 2025
Giorgio Armani, Milão 2025
Foto: Isidore Montag/ Gorunway.com
 

JW Anderson

 

Jonathan Anderson obteve inspiração através dos princípios da hipnoterapia, técnica terapêutica de hipnose. Equilibrando o estranho com o sedutor em um estilo impecável, Anderson apresenta uma série de peças que desafiam as expectativas e aguçam os sentidos. 

Inicialmente, três looks estrearam a passarela; jaquetas acolchoadas over-sized, coletes e cardigans de malha. Anderson soube utilizar as medidas das roupas a seu favor, limitando ou ampliando as proporções das peças , com silhuetas alongadas ou encurtadas e gravatas enormes que desafiam as

normas. Saliências de cetim colorido e camisetas acolchoadas e redondas conferem um toque escultural às peças.

Alguns trajes também traziam memórias e sonhos que foram retraídos no subconsciente. De acordo com o diretor criativo , parte de seu entusiasmo aconteceu em sua última viagem ao festival de música Primavera Sound, na Espanha; "A experimentação de roupas entre as gerações mais novas é incrível. (...) O olhar da moda masculina e feminina mudou. As pessoas querem algo realmente desafiador". 

JW Anderson, Milão 2025
JW Anderson, Milão 2025
Foto: Umberto Fratini/ Gorunway.com
 

Martine Rose

 

O desfile da britânica Martine Rose foi marcante. Espectadores especularam como Rose conseguiria trazer sua característica underground para as passarelas italianas. O show aconteceu em um prédio industrial recheado de panfletos da marca pelo chão. As modelos desfilavam com narizes prostéticos e perucas que se arrastavam pelo chão. 

Homens utilizavam saias lápis ajustadas  ao corpo, ou calças cortadas para parecerem polainas. Camisetas de futebol encolhidas e mais justas, e diversas referências à vida noturna. A coleção celebrou  a individualidade e a expressão autêntica, independentemente da idade ou das expectativas sociais, referenciando também a vida noturna e seus códigos de vestimenta abundantes, criando uma conexão autêntica com a estética urbana da designer.

Martine Rose, Milão 2025
Martine Rose, Milão 2025
Foto: Isidore Montag/ Gorunway.com
 

Prada 


O depósito de Fondazione Prada recebeu uma nova instalação: uma cabana branca elevada por palafitas. De fora, luzes piscantes simulavam que uma grande festa acontecia lá dentro. Miuccia Prada e Raf Simons, co-diretores criativos da

marca, descreveram o espaço como uma "ravescape de conto de fadas", onde a coleção celebrava "liberdade, otimismo juvenil e energia".

  A ideia era ter peças que pareciam já ter "vivido uma vida", com silhuetas dinâmicas e propositalmente deformadas, encolhidas e exageradas. Mangas curtas, como se as peças tivessem sido emprestadas ou trocadas, camisas tortas e calças estreitas caídas na cintura e acumuladas nos tornozelos, criavam uma estética descolada e autêntica. A coleção também brincava com a percepção, desafiando o que os olhos viam. Camisetas bretãs trompe l'oeil com listras distorcidas, "cintos" de couro na cintura baixa que na verdade eram parte das calças e enormes óculos de sol com lentes adornadas com fotos de raves, estátuas romanas e estradas americanas criaram um clima surreal e desorientador. As estampas do artista Bernard Buffet, usadas "como uma camiseta de show", adicionam um toque artístico à coleção. Acessórios como bolsas de ombro com alças trançadas e sandálias de plataforma reforçavam a estética descontraída e jovem. "

Prada, Milão 2025
Prada, Milão 2025
Foto: Umberto Fratini/ Gorunway.com
 

Emporio Armani

 

Nesta temporada, a  Armani transportou seu homem urbano habitual para a selva, explorando temas de aventura e desinibição. A paleta de cores terrosas dominou a coleção, com tons de verde musgo, marrom profundo e cáqui. 

Camisas largas e volumosas combinavam com calças amplas e botas robustas, inspiradas no mundo equestre. A alfaiataria impecável da Armani se fez presente em jaquetas estilo safári e quimonos fluidos, enquanto o foco na cintura era constante, marcado por cintos em jaquetas utilitárias e detalhes em couro que realçam os blazers leves e descontraídos. 

O desfile chegou ao fim com um toque inesperado: um aroma de lavanda pairava no ar enquanto modelos vestidos com lederhosen (calças de couro tradicionais alemãs) percorriam o espaço carregando cestos de flores primaveris. A natureza,mesmo que domesticada nesse contexto, permeia toda a coleção, criando uma atmosfera única e memorável.

Emporio Armani, Milão 2025
Emporio Armani, Milão 2025
Foto: Umberto Fratini/ Gorunway.com
 

Fendi

 

Silvia Venturini Fendi, diretora das coleções masculinas e de acessórios da casa, revelou ter se inspirado em um mergulho profundo no rico arquivo da Fendi para criar essa coleção. Celebrando o centenário da marca romana neste ano, a designer concebeu um brasão comemorativo composto por quatro dos motivos mais icônicos da Fendi, incluindo o famoso emblema duplo F, que adornava suéteres e camisas na passarela. Essa estética conferiu à coleção um ar de time do colégio, algo que Venturini Fendi já havia mencionado em entrevistas pré-desfile, expressando seu desejo de que a Fendi se sentisse como um time ou clube. 

Suéteres listrados de rugby e gravatas combinando desfilavam lado a lado com jaquetas xadrez, blazers escolares e uma versão divertida da camisa de futebol. O resultado foi um uniforme coeso para o clã Fendi – e sua ampla base de fãs internacionais – ostentar com orgulho neste ano marcante do centenário da marca.

Fendi, Milão 2025
Fendi, Milão 2025
Foto: Daniele Oberrauch/ Gorunway.com
 

Dolce & Gabbana

 

Inspirados nos verões italianos despreocupados, Domenico Dolce e Stefano Gabbana criaram uma coleção que exala elegância descontraída. A ráfia, um elemento clássico da mobília italiana, se destaca como um dos materiais principais da coleção. Tecida em jaquetas de verão arejadas e camisas pólo oversized, a ráfia evoca a sensação de frescor e leveza dos dias ensolarados. 

A alfaiataria impecável, marca registrada da marca, permanece presente, com destaque para os paletós trespassados ​​combinados com calças plissadas que se ajustam na barra, remetendo à década de 1950. 

Para um toque de personalidade, a coleção é enriquecida com detalhes bordados e ornamentais. Ramos de flores vermelhas delicadas adornam calças e jaquetas brancas, conferindo romantismo e elegância à silhueta.

Dolce & Gabbana, Milão 2025
Dolce & Gabbana, Milão 2025
Foto: Isidore Montag/ Gorunway.com
 

MSGM

 

No sábado pela manhã, Massimo Giorgetti celebrou 15 anos da sua marca MSGM com um desfile de moda masculina ambientado em uma antiga garagem industrial nos arredores de Milão. A coleção, inspirada no mar e com uma estética limpa e gráfica, foi apresentada em um cenário vibrante de explosões de tinta em cores primárias contra caixas de Perspex que revestiam a passarela. Giorgetti explicou que a coleção fez referência às pinceladas ousadas e aos motivos gráficos que se tornaram a sua assinatura ao longo dos anos, reinterpretados aqui em uma variedade vibrante de estampas. 

Padrões náuticos, margaridas coloridas e impressões pictóricas de cenas litorâneas,  evocaram as memórias do designer de sua casa à beira-mar na Ligúria, perto de Portofino, onde a coleção foi idealizada. A atmosfera do desfile era a personificação do verão mediterrâneo. Com sua energia positiva e vibrante, o desfile transportou os convidados da Milão nublada para a ensolarada Riviera italiana.

MSGM Milão 2025
MSMG, Milão 2025
Foto: Umberto Fratini/ Gorunway.com

 


 


 

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