Nesta terça-feira (06), ocorreu a estreia do designer brasileiro na semana de moda de Copenhague. A coleção ‘Roadtrip’, de primavera/verão 2025, faz parte de uma extensão que foi apresentada no último São Paulo Fashion Week, em 2023
O estilista João Maraschin é gaúcho, natural de Caxias do Sul. Ele se mudou para Londres, onde mora há mais de seis anos, após trabalhar como assistente do designer Ronaldo Fraga. Durante sua estadia, adquiriu experiência trabalhando com marcas renomadas como JW Anderson, Gucci e Alexander McQueen. Em 2020, fundou sua marca homônima .
Sustentabilidade pode ser a palavra-chave para definir suas criações, que envolvem o trabalho de muitas artesãs, tecendo o que nenhuma máquina, nem a mais tecnológica do mercado, poderia fazer. Por esse motivo, a etiqueta estreou na semana de moda de Copenhague, que é inteiramente dedicada a marcas que têm a responsabilidade ambiental como um pilar fundamental.
A semana de moda de Copenhague teve sua primeira edição em 2006. Em 2010, começou a se destacar no cenário global por firmar um compromisso com a sustentabilidade, assim como a própria cidade já era conhecida por sua abordagem avant-garde (termo que designa caráter vanguardista e inovador), em relação ao meio ambiente. Isso impulsionou significativamente o evento, que veio a adotar práticas mais ecológicas em suas apresentações. Em 2012, a organização começou a implementar iniciativas para reduzir seu impacto ambiental, incluindo o uso de materiais reciclados. Em 2020, o comitê da CPFW estabeleceu metas ambiciosas para reduzir as emissões de carbono, cujo objetivo final era promover o desperdício zero até 2023 e continuar fomentando a moda circular.
Para a revista Harper 's BAZAAR, João explicou o motivo pelo qual escolheu continuar apresentando a coleção 'Roadtrip' neste evento e afirmou: '’Não há mentoria ou dinheiro, mas um acompanhamento para seguir planos de transformar o impacto negativo em positivo. É uma prática muito única na indústria, onde a sustentabilidade é usada como ferramenta de marketing e greenwashing. Esta é a semana que mais condiz com meus valores e com o que a marca significa’’.
O estilista executou uma coleção extremamente sofisticada, sem deixar de lado o trabalho manual, que é o protagonista de todas as suas criações. A partir disso, o streetwear ganhou uma nova roupagem, com novas texturas, cores e transparências.
Há quem diga que moletons não são bem o que se espera quando falamos em moda de verão, especialmente em um país tropical. No entanto, o trabalho de João Maraschin se diferencia ao permitir que a brasilidade das peças floresça na delicadeza dos detalhes, como na presença das rendas, dos crochês e do macramê.
Esta coleção ainda passará por Paris e Milão, retornando para São Paulo em outubro para a edição N58 da São Paulo Fashion Week, encerrando este ciclo.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) estreou o uniforme que será usado pela delegação durante as Olimpíadas deste ano, sediada em Paris. O design do uniforme utilizado na cerimônia de abertura foi criado pela Riachuelo, uma das maiores redes varejistas do país.
As roupas consistem em blusas listradas, verdes e amarelas, calças brancas para os homens e saias abaixo do joelho para as mulheres, além de jaquetas jeans personalizadas por bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, no Rio Grande do Norte.
Segundo o COB, as roupas foram pensadas e produzidas a partir de um processo de confecção sustentável e artesanal, tendo em mente o conceito de moda circular e a valorização da biodiversidade brasileira.
Porém, a modelagem das roupas não atendeu às expectativas do público (nem de alguns atletas), que chegou a demandar que os uniformes fossem refeitos por outras marcas. Estilistas renomados no país, como Weider Silverio e Mayara Jubini, pontuaram que a simplicidade e a modéstia que as peças apresentam não refletem a cultura brasileira, além da falta de representação indígena nos modelos, que é uma das maiores heranças do país.
Os uniformes apresentados por delegações de outros países evidenciam a falta de identidade brasileira nas peças nacionais. Os trajes de outras equipes trouxeram, além de referências culturais notórias, autenticidade e elegância na estética - se destacando na mídia.
O modelo que mais chamou a atenção nas redes sociais foi o da Mongólia. As peças foram assinadas pela grife de luxo Michel & Amanzoka, das irmãs e designers Michel Choigaalaa e Amazonka Choigaalaa. A modelagem foi inspirada nas vestimentas tradicionais do país: túnicas e mangas longas. Conta com bordados de símbolos relevantes na cultura mongol, como o Sol e a Lua, e um falcão — como símbolo de força e resiliência. Também possuem homenagens às Olimpíadas, com a tocha e o emblema dos Jogos de Paris presentes nos bordados.
Paulo Wanderley, presidente do Comitê, conversou com jornalistas na base do Time Brasil na França e rebateu as críticas ao uniforme afirmando: “'Não é Paris Fashion Week, são os Jogos Olímpicos”. Outros executivos do comitê opinaram de acordo com o presidente, dizendo que ainda escolheriam o mesmo uniforme – que supostamente apresenta “elementos da moda parisiense”.
Alguns fatores podem ter passado despercebidos nessa discussão: o fato de Paris ser a sede olímpica e um dos berços da moda aumentou as expectativas do público quanto à estética das roupas, principalmente pela exposição que os Jogos trazem para os países e para as marcas que produzem os uniformes.
Além disso, dar a entender que moda e esporte não se misturam é um contrassenso, principalmente quando as últimas décadas da história da moda provam o contrário.
Muitas grifes renomadas começaram suas produções com um propósito voltado para o esporte, como a Lacoste por exemplo, que desenvolveu a camisa polo para ser usada durante partidas de tênis, com o propósito de facilitar a mobilidade dos jogadores. O famoso tênis All Star, da marca Converse, foi idealizado para jogadores de basquete e foi utilizado no esporte por anos.
Nos dias de hoje, o sportwear é uma dos segmentos mais relevantes da moda e atletas também são reconhecidos por sua relação com a moda, além do âmbito esportivo.
Lewis Hamilton, piloto de Fórmula 1, se consolidou como um ícone fashion, dentro e fora das pistas. O piloto deixa claro sua afeição pela moda e suas escolhas de look chamam atenção pelas estampas chamativas e o uso de formas e cortes ousados.
Nas Olimpíadas, Sha’Carri Richardson é uma atleta que vai roubar os holofotes. A atual campeã mundial dos 100 metros rasos mantém sua autenticidade durante as provas de atletismo.
Sha’Carri esbanja o maximalismo em acessórios e seus diferentes tipos de penteados, desde laces coloridas até tranças, porém sua marca registrada são as suas unhas. A velocista usa unhas longas, coloridas e em diversos formatos enfeitadas com pedrarias.
Em entrevista para a revista KSL Sports, a atleta estadunidense afirma querer trazer beleza para as pistas de atletismo.
Sha’Carri quer se sentir bonita nas competições, assim como fora delas e suas unhas, segundo ela, além de aumentarem sua autoestima, também melhoram sua aparência enquanto compete.
Moda e esporte nunca andaram tão juntos quanto agora.
Tendo início no século 19, a alta-costura chegou ao público através do designer de moda inglês Charles Frederick Worth. Enquanto o mesmo residia na França, o designer começou a apresentar suas peças quase inteiramente prontas e suas coleções já finalizadas, diferentemente do que era comum na época.
Tal método revolucionou a moda e deu origem a um novo modo de produção, no qual costureiras, alfaiates e modelistas passaram a ganhar mais reconhecimento, elevando ao o status de artistas e deixando de apenas prestarem serviços, com a abertura de seus próprios ateliês.
Em 1868, é fundada a associação de alta-costura francesa, que passou a se chamar apenas “Chambre Syndicale de la Haute Couture”. Atualmente, a organização faz parte da “Fédération de la Haute Couture et de la Mode”, a responsável pela indústria de moda na França, e que organiza suas semanas de desfiles.
Na semana do dia 24/06 a 28/06 aconteceu em Paris os desfiles das coleções de “haute couture” (Alta-Costura) inverno de 2024. Com a presença das principais marcas de luxo da indústria internacional, o evento celebrou a exaltação do belo.
SCHIAPARELLI
No primeiro dia do evento , tivemos a estreia dos desfiles com Schiaparelli de Daniel Roseberry, atual diretor criativo da marca. O desfile foi marcado por ares de mudança no que se diz respeito à própria marca, diferente dos desfiles anteriores, uma aura sombria e misteriosa tomou conta do Hôtel Salomon de Rothschild, local em que foi apresentada a coleção.
Com combinações preto e branco, texturas remetem a penugens e bordados prateados, Roseberry inovou e trouxe novos volumes esculturais, de formas criativas e intrínsecas, com looks mais envolventes, sinuosos e provocantes. E claro, trazendo sempre homenagens e referências a Elsa Schiaparelli, criadora da marca.
CHANEL
Após a saída surpresa de Virginie Viard, do comando criativo da marca, a Chanel seguiu seu ritmo e apresentou sua coleção de alta costura desenvolvida pelo próprio time de ateliê e design da ex- diretora. Situado na Ópera de Paris e composto por 46 looks, o desfile foi marcado pelos bordados preciosos e os detalhes românticos como laços e flores, em casamento com as mangas com babados. O look de abertura desfilado por Victoria Ceretti chamou atenção e marcou a atmosfera de como seria a coleção: Uma capa bufante combinada com uma hot pants.
Os tailleurs de comprimento mídi também foram destaque, principalmente pelas plumas e cristais bordados.
E como é de costume na Chanel, o desfile foi encerrado pelo look de alta-costura de noiva, um vestido longo remetendo aos anos 80 com bastante volume, mangas e bordados glaceados e com uma saia quase balonê.
ELIE SAAB
A marca do estilista libanês Elie Saab, retornou mais uma vez às passarelas com uma coleção de alta-costura que referencia o próprio trabalho do estilista e designer. O primeiro look foi um vestido sereia justo em veludo preto, que diferentemente do que é esperado de Elie sugeria um tom mais dramático ao desfile, sem nenhum acessório. A inspiração, segundo Saab, foi uma referência a seu trabalho nos anos 90 e como o mesmo se manteve consistente durante esses anos.
O desfile foi marcado pela progressão de peças pretas para tons profundos de rubi e verde-esmeralda, com variações de formas sinuosas e elegantes. Os bordados foram os principais elementos em várias criações , com ornamentos de floreios, penas e apliques de flores.
Em contraponto à paleta noturna, Saab apresentou peças em dourado que são consideradas por muitos sua marca registrada, trazendo um lado mais extravagante da feminilidade.
O brilho das lantejoulas prateadas enfeitavam os vestidos mais suntuosos e generosos em volume. O final foi um pico de luxo, com o vestido la mariée que misturava tule blush, com bordados em arabesco de ouro claro, e uma cauda majestosa. Digno de um encerramento de um desfile de alta-costura.
BALENCIAGA
Sendo a quarta coleção de alta-costura sob o comando do estilista Demna, essa com certeza foi a mais subversiva em sua rejeição à formalidade e às elegâncias típicas do métier, se não das silhuetas de Cristóbal Balenciaga. O diretor criativo adotou as mangas 3/4, os formatos de casulo e os chapéus elaborados de costureiro, mas adicionou o seu diferencial nos tecidos utilizados: jeans, couro, agasalhos, moletons, bien sûr, unindo-os a um material de mergulho acetinado, que o ajudou a atingir suas formas esculpidas.
Conforme o desfile progredia, o diretor se movia para as silhuetas noturnas extravagantes associadas à alta-costura, só que elas eram feitas de retalhos de jeans e parkas coloridas que pareciam ter sido reaproveitadas das coleções anteriores de Demna para a marca.
Diferenciando apenas com novos tecidos e técnicas; um vestido coluna foi feito de sacolas plásticas derretidas moldadas no corpo, e um modelo sem alças foi construído com papel alumínio dourado.
As peças pediam que você reconsiderasse as maneiras pelas quais atribuímos valor às roupas e a razão que consideramos uma coisa preciosa e a outra não. O look final foi uma nuvem rodopiante de nylon preto, construído um pouco antes do desfile, uma peça de “costura efêmera” que virá acompanhado de 3 staffs da própria marca para a sua montagem para a cliente que comprar.
A exposição "Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda" ambientada no Museu Judaico de São Paulo é uma forma de celebrar a impactante carreira do renomado estilista brasileiro. A exibição ficará em cartaz até 08 de setembro, com entrada gratuita aos sábados.
Herchcovitch, um dos nomes mais influentes da moda no Brasil e no mundo, é conhecido por suas criações ousadas, inovadoras, polêmicas e cheias de personalidade. A mostra revisita todos os momentos mais icônicos de sua trajetória, nos conectando com a sua história.
Desde cedo Alexandre Herchcovitch demonstrou interesse pelo universo da moda, incentivado por sua mãe, Regina, que era modelista. Seu talento começou a florescer na adolescência, quando iniciou suas primeiras criações. A partir daí, sua carreira se desenvolveu rapidamente, levando-o a estudar moda na Faculdade Santa Marcelina, onde se formou em 1993.
Logo no início de sua carreira, Herchcovitch chamou a atenção por suas criações inovadoras e por seu estilo único, que desafiava as convenções da moda tradicional. Sua estética, muitas vezes marcada por uma mistura de elementos punk, góticos e fetichistas, rapidamente ganhou notoriedade. Na década de 1990, ele se tornou um dos principais nomes da moda brasileira, desfilando suas coleções na São Paulo Fashion Week e, posteriormente, em outras importantes semanas de moda internacionais, como Nova York, Paris e Londres.
A exposição está dividida por uma linha de tempo, que percorre toda a mostra, cada “parada” dedicada a uma época diferente da carreira e da vida do estilista. Desde suas primeiras criações até suas coleções mais recentes, a exibição oferece uma visão abrangente de sua trajetória, destacando tanto suas conquistas profissionais quanto suas influências pessoais.
Uma das seções mais importantes, e controvérsias, da exposição é dedicada à era “sadomasoquista” de Herchcovitch, mostrando ensaios fotográficos, acessos e peças de roupas as quais o artista foi bem criticado na época por fazer. Porém, hoje em dia, são consideradas peças de vestuário extremamente icônicas no mundo da moda.
A exposição também aborda o impacto de Herchcovitch na moda brasileira e internacional, destacando sua influência sobre uma geração de novos estilistas e sua capacidade de transcender fronteiras culturais. Suas coleções, frequentemente inspiradas por temas como a identidade de gênero, sexualidade e política, refletem sua visão de mundo única e sua habilidade de usar a moda como uma forma de expressão artística e social.
A exposição convida os visitantes a considerar a moda não apenas como uma forma de vestuário, mas como uma linguagem poderosa e versátil, capaz de expressar ideias, provocar reflexões e inspirar mudanças.
O legado de Herchcovitch é evidente não apenas nas peças expostas, mas também nas histórias e memórias que elas evocam. Sua capacidade de inovar, desafiar normas e incorporar elementos culturais diversos em suas criações estabeleceu novos padrões na indústria da moda e continua a influenciar estilistas e criadores ao redor do mundo
Depois da Segunda Guerra Mundial, a indústria da moda alavancou seu próprio desenvolvimento e ganhou um espaço enorme no cenário econômico mundial. Na Itália, isso não foi diferente. O conceito da alta-costura acabara de ganhar notoriedade, e foi em Florença que os desfiles ganharam vida. No ano de 1958, criou-se a Câmara Nacional da Moda Italiana. Como resultado, os desfiles e marcas de luxo passam a ser cada vez mais considerados importantes por cidadãos de todo o mundo. Em junho de 2024 a capital recebeu, mais uma vez, uma semana de moda com direito a passarelas de luxo dedicadas exclusivamente ao men'’s wear.
Na Fashion Week de Milão (primavera/verão 2025), vários olhares se curvaram para a entrada de Adrian Appiolaza na Moschino, com a coleção "Lost and Found" ("Achados e Perdidos"). A perspectiva inovadora do novo diretor criativo da marca mistura moda e nostalgia. A era do empoderamento "bossy" ("mandão" ou "mandona", em inglês) foi desmanchada a partir do momento que blazers começaram a se mostrar como vestidos, tops com clipes de papel e jaquetas cheias de post-its.
Zegna
Alessandro Sartori, diretor artístico da Zegna, criou uma atmosfera semelhante a um campo de linho em sua passarela. Sua inspiração vem da relação entre o homem e a natureza, e isso se dá a partir das lâminas de linho confeccionadas em metal e os tons terrosos presentes na paleta de cores como o terracota, o bege e o amarelo. "Oasi of Linen" ("Oásis de Linho") quis evidenciar a riqueza desse material, ao mesmo tempo em que faz jus a ideia da coleção.
Gucci
Dessa vez, o local escolhido pela Gucci para o lançamento de sua nova coleção foi o "Triennale Milano", uma clássica galeria de arte construída em 1930. Sabato De Sarno, diretor criativo da marca, utilizou da arquitetura e da iluminação da casa a seu favor. As peças transmitem um ar jovial e surfista, com conjuntos gráficos de shorts e camisas, chinelos e óculos de sol pendurados por uma gargantilha da maison. Camisetas polo, e peças um pouco mais justas também foram destaque, assim como as cores: tons de magenta, amarelo e verde. Tipicamente de De Sarno, enfeites floridos foram acrescentados aos looks, trazendo mais sofisticação para roupas feitas para serem usadas no dia-a-dia.
Giorgio Armani
Armani lançou sua coleção deste ano de forma discreta. O estilista vem fazendo isso durante toda a sua carreira, prefere evitar conjuntos extravagantes e desmedidos. Armani prefere minimalismo e elegância atemporal, evitando tendências passageiras e cenários elaborados de desfile.
As peças de alfaiataria desconstruídas com um toque de extravagância, proporções generosas, camisas e coletes translúcidos, e uma paleta de cores clássica de Armani em tons de cinza e marinho.
O espírito viajante, outra marca registrada do estilista, também esteve presente na coleção. Estampas nebulosas de folhas de palmeira e chapéus de palha ou algodão evocavam destinos exóticos e um clima de descontração. Armani, "Il Maestro", foi aplaudido de pé após o fim do desfile.
JW Anderson
Jonathan Anderson obteve inspiração através dos princípios da hipnoterapia, técnica terapêutica de hipnose. Equilibrando o estranho com o sedutor em um estilo impecável, Anderson apresenta uma série de peças que desafiam as expectativas e aguçam os sentidos.
Inicialmente, três looks estrearam a passarela; jaquetas acolchoadas over-sized, coletes e cardigans de malha. Anderson soube utilizar as medidas das roupas a seu favor, limitando ou ampliando as proporções das peças , com silhuetas alongadas ou encurtadas e gravatas enormes que desafiam as
normas. Saliências de cetim colorido e camisetas acolchoadas e redondas conferem um toque escultural às peças.
Alguns trajes também traziam memórias e sonhos que foram retraídos no subconsciente. De acordo com o diretor criativo , parte de seu entusiasmo aconteceu em sua última viagem ao festival de música Primavera Sound, na Espanha; "A experimentação de roupas entre as gerações mais novas é incrível. (...) O olhar da moda masculina e feminina mudou. As pessoas querem algo realmente desafiador".
Martine Rose
O desfile da britânica Martine Rose foi marcante. Espectadores especularam como Rose conseguiria trazer sua característica underground para as passarelas italianas. O show aconteceu em um prédio industrial recheado de panfletos da marca pelo chão. As modelos desfilavam com narizes prostéticos e perucas que se arrastavam pelo chão.
Homens utilizavam saias lápis ajustadas ao corpo, ou calças cortadas para parecerem polainas. Camisetas de futebol encolhidas e mais justas, e diversas referências à vida noturna. A coleção celebrou a individualidade e a expressão autêntica, independentemente da idade ou das expectativas sociais, referenciando também a vida noturna e seus códigos de vestimenta abundantes, criando uma conexão autêntica com a estética urbana da designer.
Prada
O depósito de Fondazione Prada recebeu uma nova instalação: uma cabana branca elevada por palafitas. De fora, luzes piscantes simulavam que uma grande festa acontecia lá dentro. Miuccia Prada e Raf Simons, co-diretores criativos da
marca, descreveram o espaço como uma "ravescape de conto de fadas", onde a coleção celebrava "liberdade, otimismo juvenil e energia".
A ideia era ter peças que pareciam já ter "vivido uma vida", com silhuetas dinâmicas e propositalmente deformadas, encolhidas e exageradas. Mangas curtas, como se as peças tivessem sido emprestadas ou trocadas, camisas tortas e calças estreitas caídas na cintura e acumuladas nos tornozelos, criavam uma estética descolada e autêntica. A coleção também brincava com a percepção, desafiando o que os olhos viam. Camisetas bretãs trompe l'oeil com listras distorcidas, "cintos" de couro na cintura baixa que na verdade eram parte das calças e enormes óculos de sol com lentes adornadas com fotos de raves, estátuas romanas e estradas americanas criaram um clima surreal e desorientador. As estampas do artista Bernard Buffet, usadas "como uma camiseta de show", adicionam um toque artístico à coleção. Acessórios como bolsas de ombro com alças trançadas e sandálias de plataforma reforçavam a estética descontraída e jovem. "
Emporio Armani
Nesta temporada, a Armani transportou seu homem urbano habitual para a selva, explorando temas de aventura e desinibição. A paleta de cores terrosas dominou a coleção, com tons de verde musgo, marrom profundo e cáqui.
Camisas largas e volumosas combinavam com calças amplas e botas robustas, inspiradas no mundo equestre. A alfaiataria impecável da Armani se fez presente em jaquetas estilo safári e quimonos fluidos, enquanto o foco na cintura era constante, marcado por cintos em jaquetas utilitárias e detalhes em couro que realçam os blazers leves e descontraídos.
O desfile chegou ao fim com um toque inesperado: um aroma de lavanda pairava no ar enquanto modelos vestidos com lederhosen (calças de couro tradicionais alemãs) percorriam o espaço carregando cestos de flores primaveris. A natureza,mesmo que domesticada nesse contexto, permeia toda a coleção, criando uma atmosfera única e memorável.
Fendi
Silvia Venturini Fendi, diretora das coleções masculinas e de acessórios da casa, revelou ter se inspirado em um mergulho profundo no rico arquivo da Fendi para criar essa coleção. Celebrando o centenário da marca romana neste ano, a designer concebeu um brasão comemorativo composto por quatro dos motivos mais icônicos da Fendi, incluindo o famoso emblema duplo F, que adornava suéteres e camisas na passarela. Essa estética conferiu à coleção um ar de time do colégio, algo que Venturini Fendi já havia mencionado em entrevistas pré-desfile, expressando seu desejo de que a Fendi se sentisse como um time ou clube.
Suéteres listrados de rugby e gravatas combinando desfilavam lado a lado com jaquetas xadrez, blazers escolares e uma versão divertida da camisa de futebol. O resultado foi um uniforme coeso para o clã Fendi – e sua ampla base de fãs internacionais – ostentar com orgulho neste ano marcante do centenário da marca.
Dolce & Gabbana
Inspirados nos verões italianos despreocupados, Domenico Dolce e Stefano Gabbana criaram uma coleção que exala elegância descontraída. A ráfia, um elemento clássico da mobília italiana, se destaca como um dos materiais principais da coleção. Tecida em jaquetas de verão arejadas e camisas pólo oversized, a ráfia evoca a sensação de frescor e leveza dos dias ensolarados.
A alfaiataria impecável, marca registrada da marca, permanece presente, com destaque para os paletós trespassados combinados com calças plissadas que se ajustam na barra, remetendo à década de 1950.
Para um toque de personalidade, a coleção é enriquecida com detalhes bordados e ornamentais. Ramos de flores vermelhas delicadas adornam calças e jaquetas brancas, conferindo romantismo e elegância à silhueta.
MSGM
No sábado pela manhã, Massimo Giorgetti celebrou 15 anos da sua marca MSGM com um desfile de moda masculina ambientado em uma antiga garagem industrial nos arredores de Milão. A coleção, inspirada no mar e com uma estética limpa e gráfica, foi apresentada em um cenário vibrante de explosões de tinta em cores primárias contra caixas de Perspex que revestiam a passarela. Giorgetti explicou que a coleção fez referência às pinceladas ousadas e aos motivos gráficos que se tornaram a sua assinatura ao longo dos anos, reinterpretados aqui em uma variedade vibrante de estampas.
Padrões náuticos, margaridas coloridas e impressões pictóricas de cenas litorâneas, evocaram as memórias do designer de sua casa à beira-mar na Ligúria, perto de Portofino, onde a coleção foi idealizada. A atmosfera do desfile era a personificação do verão mediterrâneo. Com sua energia positiva e vibrante, o desfile transportou os convidados da Milão nublada para a ensolarada Riviera italiana.