O prazer efêmero da compra logo dá lugar a um vazio crescente
por
Giovanna Montanhan
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12/11/2024 - 12h

Por Giovanna Montanhan

 

Abrir o TikTok é como piscar e ver o mundo mudar em uma fração de segundos. Em uma rolagem veloz, surgem truques para uma maquiagem glow, táticas para uma “pele de porcelana”, segredos para esconder as olheiras com batom vermelho e até dicas para um contorno "ideal" feito com utensílios de cozinha. Uma técnica “nunca antes vista” de delineado usando apenas um grampo de cabelo, uma máscara capilar líquida que permanece nos fios por míseros segundos e que “repara até a alma” — tudo parece essencial, urgente. De um lado, surge uma técnica viral que promete lábios mais volumosos usando apenas corretivo e gloss, aplicados estrategicamente para criar a ilusão de lábios carnudos e esculpidos; do outro, alguém massageia o rosto com um Gua Sha, uma técnica tradicional de origem chinesa que utiliza uma pedra para esculpir a face, de quartzo rosa recém-adquirida, prometendo desinchar o rosto em poucos minutos. A tela se enche de novas promessas a cada hora em que o aplicativo é aberto, como o colágeno em pó que, misturado na água, garante uma dose de juventude pelas próximas décadas, ou a aplicação de blush no nariz para dar aquela falsa sensação de que se esteve na praia e se queimado, e até mesmo o sérum coreano feito de mucina de caracol para uma pele supostamente mais firme e hidratada. Cada dica desponta como um raio no feed, iluminando tudo ao seu redor por um instante, apenas para ser engolida pela próxima febre que chega avassaladora, tornando a moda anterior esquecida antes mesmo de ser assimilada.

No território implacável das redes sociais, onde promessas de uma pele impecável e uma beleza reluzente se espalham como um feitiço, mulheres de todas as idades deslizam os dedos na tela em busca de um brilho que pareça emanar de dentro para fora. Cada toque, cada deslizar, aproxima as compradoras de um ideal escorregadio, um reflexo de perfeição, sintetizado na imagem da pele viçosa perfeita — tão brilhante e lisa quanto um donut vitrificado, idealizada pela marca Rhode, da modelo Hailey Bieber.

Mas essa busca pela beleza aparentemente simples não é tão doce como parece. As consumidoras, atraídas pelos vídeos de influenciadoras, são envolvidas por um mercado que promove o “Glazing Milk” e os “Peptides Lip Tints” como a chave para a pele e os lábios dos sonhos. Não se trata apenas de hidratar, de cuidar ou de valorizar o que já existe, mas de transformar, de reconstruir, de alcançar um brilho irreal que reflete expectativas impossíveis. Para muitas, o desejo por essa pele vitrificada é como um chamado, uma chance de fazer parte de um ideal estético que atravessa culturas, idades e contextos, porém inacessível para a maioria.

No Brasil esse sonho assume ares de luxo proibido. Sem distribuição oficial, os produtos da Rhode se transformam em verdadeiros tesouros a serem caçados em mercados paralelos, frequentemente repletos de riscos. Para experimentá-los, os brasileiros precisam superar o desafio da importação, enfrentando preços inflacionados e longas esperas. Quanto mais distante o sonho, mais intensamente ele é desejado. Em um contexto onde a estética perfeita é exaltada acima de tudo, esses itens de design minimalista tornam-se uma espécie de Santo Graal — símbolos de um ideal que poucos conseguem vivenciar diretamente, mas que muitos cobiçam com olhares ávidos.

Não são apenas os hidratantes e lip tints da Rhode que repousam nesse altar de desejo inatingível. O Lip Glow Oil da Dior, envolto em promessas de lábios irresistíveis, reflete um brilho de glamour que atiça os corações, enquanto a Rare Beauty de Selena Gomez, com seus blushes e iluminadores, embriaga o imaginário dos mais jovens. Há algo mágico, quase sedutor, nesses frascos delicados, como se cada camada de produto pudesse transformar a pele em uma tela de sonhos, oferecendo uma beleza que parece brotar sem esforço algum. Cada uma dessas embalagens repousa no nécessaire com uma falsa simplicidade, promovido com tamanha precisão que passa a impressão de que esses pequenos luxos são mais que desejos — são quase como amuletos, indispensáveis no ritual silencioso de buscar, no reflexo, um toque de perfeição que talvez nunca se alcance.

A obsessão pelo "glazed look" transcende o próprio produto. Não se trata de um efeito milagroso na pele ou da suavidade nos lábios; é uma busca por alinhamento com um ideal, uma concepção vendida como pura, mas que, na verdade, carrega o peso do consumo incessante. Influenciadores, com seus vídeos cuidadosamente editados, se tornam os arautos dessa estética quase mítica, revelando apenas fragmentos do que os produtos prometem, sem expor o verdadeiro custo envolvido. Enquanto isso, do outro lado da tela, um exército de seguidores desliza, em busca do próximo vídeo, da nova promessa — na esperança de transformar um sonho distante em uma realidade tangível, ainda que efêmera.

O TikTok, com seu algoritmo hipnotizante, tornou-se uma vitrine onde milhares de consumidoras mergulham em tutoriais e resenhas, investindo tempo e dinheiro na promessa de uma pele reluzente. Entre elas, há quem se pergunte até que ponto esse ritual em frente ao espelho reflete uma busca legítima pela autoestima ou se é apenas mais uma ferramenta do capitalismo que usa o desejo por aceitação e inclusão para alimentar o consumo excessivo.

É como uma trilha de pequenas confissões, uma corrente de desejos transformados em mercadoria. Em cada vídeo, em cada review impulsionado por essas marcas silenciosas, há mulheres que, ao deslizar a tela e ceder ao apelo das tendências, começam a ver suas rotinas, seus sonhos e até seu próprio reflexo se curvarem a um padrão escorregadio e volátil.

Júlia, Helena e Rayssa são alguns exemplos de meninas que compram de acordo com a tendência do momento no TikTok. Cada uma mora em um estado diferente, mas, enquanto falavam, era como se compartilhassem uma mesma inquietação, algo que transcende a distância e parece habitar um espaço comum entre elas. Com apenas 13 anos, Júlia, mais tímida, confessou que, para ela, comprar os produtos da moda trazia uma sensação de pertencimento que era difícil de encontrar em outros lugares. Ao adquirir aquele item desejado, sentia-se mais próxima das meninas que possuíam o mesmo, como se o produto fosse um passaporte invisível para um mundo onde todas compartilham os mesmos desejos e sonhos de consumo. Com um brilho tímido no olhar, contou sobre seu exemplo mais recente: um kit de pinceis da marca Real Techniques — algo que, segundo ela, todas no TikTok pareciam ter e que, de alguma forma, a fazia sentir-se parte de algo maior.

Com 15 anos, Helena, um pouco mais falante, descreveu a experiência de outra forma, embora a sensação de efemeridade fosse a mesma. Para ela, o ato de consumir a aproximava de suas amigas e da comunidade online, mas logo após a compra surgia um vazio incômodo, como se a satisfação fosse rapidamente substituída por uma nova tendência, já à espreita. "É um ciclo sem fim," disse ela, quase resignada, enquanto mencionava sua última aquisição: o pó facial rosa da influenciadora Karen Bachini, um item que ela não parava de ver nos vídeos e que parecia indispensável — até o próximo lançamento roubar a cena.

Com 17 anos, Rayssa, em silêncio até então, finalmente desabafou. Revelou que, todas as vezes que se olhava no espelho, sentia-se como se tentasse capturar o brilho das influenciadoras do TikTok. Mesmo quando conseguia comprar o que tanto desejava, o resultado nunca parecia corresponder ao ideal que via na tela. Em momentos assim, questionava-se se a falha estava nela — como se algo em sua pele, no olhar, ou até em sua própria essência não fosse suficiente para refletir a promessa vendida pelos produtos. Esse sentimento de cobrança, explicou, era quase constante, uma frustração que a fazia sentir-se cada vez mais distante de um ideal inatingível. Sua última compra foi o sérum bronzeador da marca Drunk Elephant, o D-Bronzi Anti-Pollution Sunshine Drops, um item que, como tantos outros, prometia uma transformação que parecia sempre escapar ao seu alcance.

Para elas, o ato de comprar não é apenas um impulso passageiro; traz um alívio momentâneo em uma busca que nunca se completa. Mas logo vem o vazio, uma percepção incômoda de que estão presas a um ritual estranho, onde o consumo é apenas uma dança repetitiva, uma tentativa de tocar algo que escapa. Muitas se encontram no eco numa pergunta inevitável sobre o motivo de não conseguir o mesmo resultado. Como se o erro fosse delas, como se algo na pele, no olhar, ou na própria essência falhasse em alcançar o brilho prometido — um ideal cuidadosamente desenhado para permanecer fora de alcance.

É nesse cenário tentador que se ergue o submundo da Internet, uma espécie de mercado paralelo onde a pressa e o desejo encontram uma nova morada. Para aqueles que não podem ou não querem esperar, marketplaces como a Shopee e a Shein surgem como atalhos — labirintos digitais onde os produtos cobiçados aparecem como ofertas tentadoras, à mercê de vendedores anônimos que se escondem atrás de telas e avatares. Ali, a ansiedade dos consumidores é alimentada com preços reduzidos, porém envoltos em uma névoa de incerteza se o brilho do produto é real, ou apenas uma sombra de autenticidade. Entre o clique e a compra, uma escolha silenciosa é feita — e talvez, para muitos, a necessidade de pertencer ao momento sobrepuje o valor da própria verdade.

Capitalismo

Em uma conversa descontraída o colunista do site Steal the Look, Fábio Monnerat, falou sobre o frenesi que envolve a busca pela beleza idealizada, uma obsessão que, segundo ele, vai além do simples desejo por bons produtos. Ele acha que há uma necessidade de pertencimento, um desejo de aceitação que se esconde por trás de cada nova compra, como se cada aquisição trouxesse consigo um pouco mais de identidade, um passo a mais em direção a um grupo invisível e desejado. Fábio disse enxergar essa ilusão de exclusividade como uma corrente invisível, prendendo o público em um ciclo sem fim, onde o limite entre querer e precisar se desfaz. Nas redes sociais, o ideal de beleza está sempre ali, próximo e sedutor, mas estranhamente fora de alcance, criando um desejo que se mantém sempre vivo. E vai além.

Ele aponta que conter essa maré de consumo desenfreado soa quase como um desafio impossível. A falta de consciência coletiva torna difícil que as pessoas reflitam sobre o impacto de cada compra. Assim, o consumo se transforma em um reflexo do próprio desejo não resolvido, uma repetição constante que nunca traz a satisfação esperada. Para ele, cada nova compra parece inofensiva, mas se transforma em uma onda crescente, que passa despercebida e segue reverberando.

No coração do capitalismo contemporâneo, o TikTok se agiganta, não mais como uma simples distração, mas como um palco onde o desejo se torna espetáculo e o consumo, um ato quase hipnótico. Em cada deslizar de dedo, as consumidoras são lançadas em um torvelinho de tendências, onde as promessas de beleza cintilam como fogos de artifício — intensas, passageiras, inescapáveis. A cada nova febre, o rosto de uma influenciadora parece sussurrar segredos que as espectadoras querem acreditar: uma pele mais luminosa, lábios mais aveludados, o toque de algo quase mágico. Mas é tudo tão fugaz. Produtos que ontem eram o desejo do momento, hoje já perderam o brilho, substituídos por algo "ainda mais revolucionário".

Para essas mulheres, não há descanso. A lógica do hiperconsumo, essa engrenagem que o filósofo Gilles Lipovetsky descreveu, as engole em um ciclo em que o desejo pesa mais que a necessidade, onde o impulso de possuir é atiçado mais pelo medo de perder a novidade do que por uma vontade verdadeira. A cada nova compra, um ritual se repete — uma sensação de satisfação que evapora rápido, cedendo espaço à expectativa do próximo lançamento. E enquanto os frascos se acumulam, um vazio começa a se insinuar, como se, no fundo, soubessem que a próxima tendência também virá, seduzindo-as mais uma vez.

No universo hiperacelerado do TikTok, onde as tendências surgem e desaparecem como reflexos fugidios, as consumidoras são arrastadas para um ciclo quase frenético. Cada novo "must-have" carrega uma data de validade invisível, um convite ao consumo antes que o encanto se esgote. No olho desse furacão está o Carmed, um bálsamo labial produzido pela farmacêutica Cimed, que, embora conhecido por sua hidratação modesta, encanta com suas edições limitadas e colaborações astutas, como a recente parceria com a marca de doces Fini. Versões do bálsamo com sabores de balas de gelatina — banana, dentadura, "Beijos" — evaporaram das prateleiras antes mesmo de alcançarem todas as farmácias, deixando na esteira um rastro de desejo insatisfeito.

Para Helena, que também é uma consumidora voraz de Carmed, a eficácia do produto é apenas um detalhe insignificante. O que realmente importa para Júlia e para quem o consome, é o prazer de possuir um fragmento de algo efêmero, um pedaço da tendência que logo será substituída por outra. Cada lançamento deste produto traz consigo uma promessa de exclusividade, uma sensação de escassez calculada que intensifica o impulso de compra. Nesse jogo de aparências, o Carmed não é apenas um bálsamo; é um lembrete de que, no turbilhão da moda passageira, às vezes o que vale é a experiência fugaz de ser parte de algo que logo deixará de existir.

No emaranhado dos desejos modernos, o consumo de beleza se torna um ritual de encantamento, uma busca ansiosa que reflete mais do que o desejo de uma pele perfeita ou de lábios macios. Fábio Monnerat vê esse cenário com inquietação, especialmente quando o alvo do consumo se desloca para o público infantil. Ele observa, com ceticismo, como produtos de beleza direcionados a crianças e adolescentes, como é o caso do fenômeno do Carmed, onde eles são estrategicamente moldados para enraizar o consumo desde cedo. Com sabores açucarados e colaborações com personagens conhecidos, o Carmed, em suas múltiplas versões, deixa de ser apenas um hidratante labial; ele se torna um emblema de um consumo precoce, uma porta de entrada para um ciclo interminável de desejos e substituições.

Fábio acredita que essa introdução ao consumo desenfreado desde a infância reflete um problema profundo. A indústria da beleza, segundo ele, soube capturar o conceito de autocuidado e transformá-lo em uma sequência constante de compras — não mais um momento pessoal, mas uma dança coreografada pelo mercado. O Carmed e outros produtos semelhantes simbolizam uma sociedade onde o consumo é enaltecido como valor intrínseco, e cada nova edição limitada, cada parceria com um ícone infantil, se torna um capítulo dessa fábula consumista. A ilusão de exclusividade atiça o desejo, e o autocuidado se converte em um ato repetitivo, sem substância.

Enquanto isso, o TikTok acelera essa espiral. Para Júlia, Helena e Rayssa, a plataforma de vídeos é uma vitrine que converte produtos de beleza em pequenos troféus de pertença, um portal onde cada novo sérum, cada nova máscara promete um vislumbre de perfeição. Como no filme  A Substância (2024), onde Elizabeth Sparkle, interpretada por Demi Moore, injeta um líquido espesso e denso na pele na esperança de capturar a juventude que lhe escapa, os jovens de hoje se entregam a promessas tão tentadoras quanto fugazes. A cada nova fórmula, a cada sérum, máscara ou creme milagroso, há uma promessa de transformação que parece deslizar entre os dedos. Eles se lançam nessas poções modernas, cada frasco prometendo que, desta vez, o reflexo no espelho será o que sempre desejaram.

Mas, assim como Elizabeth, que corre atrás de uma ilusão que nunca a satisfaz, esses jovens podem estar caminhando para um abismo de expectativas vazias. A cada compra, um breve relâmpago de satisfação — um brilho que logo se desfaz, um encanto que desaparece com a mesma rapidez com que veio. E então, a necessidade renasce, mais urgente, mais insistente. Em um ciclo que se auto alimenta, o ideal de beleza se mantém distante, quase ao alcance das mãos, mas sempre escorregadio. E nessa busca, a frustração não desaparece; apenas se recalca, pronta para surgir com força renovada a cada nova promessa que o mercado lança na tela.

Fábio acredita veementemente que o verdadeiro papel do TikTok não é conectar, mas vender — impulsionando um consumo desenfreado que atinge até os mais jovens, seduzidos pela promessa de uma juventude prolongada e de uma beleza idealizada.

No fim, a trilha do consumo se revela como uma corrida sem destino, onde o autocuidado se dissolve em promessas e expectativas. Para Fábio, a verdadeira prática de bem-estar foi sequestrada pela lógica de mercado, que transforma cada novo produto em mais um ponto de partida, mais um item na lista de desejos insaciáveis. O autocuidado, nesse cenário, se torna uma pista de corrida onde o consumidor, sempre em busca da última novidade, esquece de parar, de respirar e de redescobrir o que realmente importa. Talvez, sugere ele, o verdadeiro bem-estar exija uma saída dessa trajetória imposta, uma pausa para recobrar o equilíbrio, para lembrar que cuidar de si não precisa ser uma sequência de compras, mas uma escolha pessoal, guiada por um ritmo próprio, alheio às urgências e apelos do mercado. Afinal, os verdadeiros delírios de consumo da Geração Z não estão em cada frasco ou nova tendência, mas na ilusão de que a satisfação virá com o próximo produto.

 

A execução precisa dos códigos de cada etiqueta trouxe um frescor revigorante para as grifes renomadas
por
Giovanna Montanhan
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30/10/2024 - 12h

A São Paulo Fashion Week (SPFW) ocorreu entre os dias 14 e 21 de outubro, com quase o dobro  do número de desfiles, em comparação à edição anterior, passando de 27 para 42. O evento trouxe de volta às passarelas marcas como a homônima Alexandre Herchcovitch, À La Garçonne e Salinas, além de  grifes vanguardistas, presentes em todas as edições, como Lino Villaventura.

Lino Villaventura

Quem acredita que a alta-costura no Brasil se encerrou com o estilista paraense Dener Pamplona - pioneiro na moda brasileira,  introduzindo esse conceito no país - certamente nunca assistiu a um desfile de Lino Villaventura. 

Conhecido por suas peças com nervuras elaboradas, Lino trouxe nesta edição vestidos e blusas assimétricas, bordados minuciosos, saias em formato de pétalas, além de modelos com volumes, drapeados e tecidos que simulavam plástico, em cores vibrantes como azul piscina e verde claro. Desta vez, além dos neutros — o branco que abriu o desfile, seguido pelo bege e preto —, a paleta se expandiu para tons multicoloridos, como roxo e vermelho, alternando entre peças fluidas e modelos mais estruturados. A modelo Silvia Pfeifer encerrou  o espetáculo visual concebido pela mente fértil  de Lino, desfilando um modelo transparente azul-marinho com brilhos, acompanhado de um robe preto de cetim e luvas arroxeadas que deixavam os dedos à mostra.

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Reprodução: @agfotosite

 

 

 

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O estilista Lino Villaventura na passarela após o final do desfile - Reprodução: @agfotosite

À La Garçonne

À La Garçonne comemorou 15 anos de marca e 20 anos de carreira de seu diretor criativo Fábio Souza  Após sua separação profissional de Alexandre Herchcovitch, Souza decidiu redefinir os códigos da marca, que anteriormente destacava o conceito de upcycling e trazia cordas trançadas como logotipo. Agora, com controle total sobre as direções, códigos costumeiros da etiqueta  aparecem de forma pontual em algumas peças, enquanto o principal destaque neste primeiro desfile foi a cartela de cores em preto e branco, combinada com variações de design, ternos de alfaiataria e lurex, que abrilhantaram a passarela ao lado de estampas quadriculadas. Vale destacar as saias de tule com poás, uma tendência atemporal, a presença do personagem Snoopy, que apareceu em moletons e casacos, e os laços.

 

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Reprodução: @agfotosite

 

 

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O estilista Fábio Souza na passarela após seu desfile - Reprodução: @agfotosite

 

 

Salinas

Salinas, uma marca tradicional de beachwear, retornou ao maior evento de moda da América Latina após seis anos longe das passarelas, apresentando a coleção "Sol, Sal e Sonhos". Com uma paleta predominantemente neutra e atemporal, a coleção trouxe peças que se adequam tanto ao momento praia quanto ao pós-praia. Entre os destaques estão minissaias, chapéus compridos de palha desfiada, bolsas de crochê, camisas de linho e biquínis assimétricos. Uma seção da coleção, com peças em tons de cinza claro, com calças soltinhas, maiôs e casaquinhos leves com brilhinhos prateados sutis. Os acessórios incluíam braceletes dourados e belly chains (cordões para adornar a barriga) com o nome da marca, além de chinelos de dedo com plataforma e tamancos prateados.

 

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Reprodução: @agfotosite

 

 

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Alexandre Herchcovitch

E por fim, Alexandre Herchcovitch com sua etiqueta homônima e conhecida por trazer designs inovadores, dessa vez em parceria com a marca alimentícia de queijos Catupiry, apresentou  bolsas e moletons com seu logo, uma produção com a estilista Fábia Bercsek, que o ajudou a criar estampas feitas à mão.

Os recortes assimétricos moldaram-se abaixo dos seios, deixando a barriga à mostra e chegando ao ponto final: a virilha, trazendo à tona uma estética fetichista. Para aqueles que preferem não arriscar e se manter dentro de estilos mais convencionais, também há opções que beiram o óbvio e comercial, como moletons felpudos listrados, regatas, calças de alfaiataria e jeans. Mas, como era de se esperar de Alexandre Herchcovitch, foi possível observar um mergulho profundo nos códigos dos anos 70, trazendo consigo toda a purpurina que remete à Era Disco, além de tecidos como jacquard, lurex, paetê em padronagem xadrez e lamê.



 

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Reprodução: @agfotosite

 

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O estilista Alexandre Herchcovitch na passarela após o seu desfile - Reprodução: @agfotosite

 

A mostra celebrou as contribuições de Regina Guerreiro na moda
por
Giovanna Montanhan
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29/10/2024 - 12h

A exposição realizada entre os dias 14 e 21 de outubro, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera — mesmo espaço que recebeu os desfiles da 58ª edição da São Paulo Fashion Week — homenageou a jornalista Regina Guerreiro, destacando a importância do seu legado na comunicação fashion como a conhecemos hoje

 Os itens exibidos desmembraram sua carreira e vida pessoal  desde a carteirinha de imprensa da Vogue Brasil, até fotos antigas e objetos pessoais, como vestidos e acessórios diretamente retirados de seu guarda-roupa, além de quadros adornando as paredes  do  espaço que continham suas famosas críticas ácidas. Destacava-se, por exemplo, o convite do desfile da grife Comme des Garçons, no qual Regina, certa vez, chegou a comparar os modelos da marca parisiense a moradores de rua, envoltos em cobertores e sacos de lixo, da Avenida Paulista.

 

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Entrada da exposição ''As Joias da Rainha'' - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

 

 

 

 

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Carteira de imprensa da Vogue Brasil - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

 

 

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Convite do desfile da marca parisiense, Comme des Garçons - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

 

 

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Figurinos retirados do guarda-roupa de Regina Guerreiro - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

 

 

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Fotos e itens pessoais da jornalistas - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

 

 

 

 

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Reprodução: Giovanna Montanhan

 

Regina Guerreiro debutou no mundo no dia 18 de maio de 1940, em São Paulo. Formou-se em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e começou sua trajetória nos anos 1970. Trabalhou em veículos como o Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, revista Manequim, Interview e O Estado de São Paulo. Além disso, passou por diversas publicações de moda, incluindo a Harper 's Bazaar, onde estagiou, e a Vogue, onde atuou como editora por 14 anos. Também dirigiu a revista Elle por 9 anos, além de ter contribuído para a revista Claudia. Na década de 1960, fundou a agência Choc!, que unia sofisticação e irreverência em seus trabalhos. Ela é tradicionalmente conhecida por seu “sincericídio” e sua crítica de moda atrevida. 

No release publicado, o curador da exposição Renato de Cara destacou a importância de uma ambientação fidedigna: “Procuramos reproduzir parte do seu ambiente doméstico, cheio de climas, entre a sofisticação internacional e a intimidade sombria que toda alma carrega.” Ele também exaltou o papel fundamental do diretor Paulo Borges na criação dessa homenagem.

Para Paulo Borges, retratar a memória de Regina Guerreiro foi uma forma de eternizar parte da história do jornalismo de moda brasileiro. “Essa exposição é uma homenagem e o reconhecimento ao trabalho pioneiro e incontestável desta jornalista, editora e diretora criativa. Uma imagem é, entre outras coisas, uma mensagem, uma forma de tempo que nos leva a outro lugar. Como crítica de seu tempo, com seu olhar exigente e humor afiado, Regina Guerreiro ajudou a validar e posicionar o universo criativo da moda brasileira”, afirmou no release divulgado à imprensa.

Regina, por sua vez, manifestou-se em um comunicado, dizendo estar muito feliz com a exposição e revelou estar com o “coração explodindo de tanta emoção”. Em entrevista à AGEMT, a jornalista deixou um conselho para aspirantes à profissão: " ter autenticidade’’, um fator essencial para conquistar o que se almeja. E não poderia ser diferente, já que Regina Guerreiro utilizou esse trunfo para pavimentar seus caminhos e os das próximas gerações, tanto as que já chegaram quanto as que estão a caminho.

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Trechos de suas famosas críticas - Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Reprodução: Divulgação

 

 

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Maximalismo, representação cultural e provocação sofisticada preenchem as passarelas na capital paulista
por
Bianca P. Athaide
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21/10/2024 - 12h


No final da última semana deu início a maior semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week. Com um line-up recheado de marcas e projetos nacionais, a programação do desfile continua a cumprir seu propósito histórico de reafirmar a criatividade e cultura nacional na indústria da moda. Etiquetas como Catarina Mina, Artemisi e Bold Strap trouxeram a vanguarda fashion brasileira para suas apresentações. Confira esses e outros destaques abaixo.

Martins e o maximalismo da cultura pop

Com a ambientação nas mãos do som inglês subversivo big-beat da banda Prodigy, o desfile da Martins trouxe a paixão de seu criador por cultura pop para as passarelas. Com uma mescla entre "Matrix" (1999) e a estética futurista de Thierry Mugler e Rick Owens, Tom Martins construiu a inspiração para sua criação cheia de babados, ilusões de ótica, xadrez e muitas sobreposições.

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Martins para SPFW Nº58 - Foto: reprodução/Maurício Santana/Getty Images

Com um mergulho também na cultura hippie das décadas de 1960 e 1970, a coleção contou com uma colaboração com a marca clássica de jeans Levi's, por isso a presença de muitas calças amplas, jaquetas e coletes estruturados e composições em camadas — característica carimbada da Martins.

O sonho artesanal de Catarina Mina

A coleção "Herdeiras do Futuro", produzida pela estilista Celina Hissa, em conjunto com mais de 30 artesãs nordestinas, trouxe o habitual e magnífico frescor do trabalho manual, com crochê, macramê, bordado e renda de bilro, e a novidade da borracha da Amazônia — material que remete ao neoprene, em colaboração com a marca paraense Da Tribu, e ajudou a compor franjas que foram aplicadas em tops, vestidos e bolsas da coleção.

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Catarina Mina na SPFW Nº58 - Foto: reprodução/Agência Fotosite/Marcelo Soubhia 

Os 35 looks que brilharam na passarela estavam baseados na paleta de cores predominada pelo vermelho, off-white, dourado e por alguns tons de azul. Para completar visual e adicionar ainda mais brasilidade para a estética, no pés, modelos usavam Havaianas de diversas cores.

Provocação sofisticada com a Bold Strap

Assinada por William Cruz, a coleção apresentada pela Bold Strap nesta edição do SPFW trouxe o marcante DNA da marca mais uma vez: com correntes, cordas e muitos brilhos, a etiqueta ofereceu uma abordagem mais refinada ao fetichismo. 

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Bold Strap para SPFW Nº58 - Foto: reprodução/Maurício Santana/Getty Images

Com sua musa Camila Queiroz presente, a marca brincou com a tensão entre sensual e prático, e desfilou peças para além do underwear. Vestidos, calças, jaquetas e camisetas também reafirmaram a estética provocadora da marca.

Artemisi caminha pela fronteira entre moda e arte

Vinte e seis looks defendem a caracterização de high fashion da Artemisi. A coleção apresentada na quinta-feira (17) na SPFW mostrou o porquê da etiqueta tradicionalmente passear despreocupadamente entre a fina linha que separa moda e arte.

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Artemisi na SPFW Nº58 - Foto: reprodução/Agência Fotosite/Zé Takahashi 

“Não faço roupa para loja, faço roupa que tem um quê de arte.", afirmou a diretora criativa da marca, Mayari Jubini, depois do encerramento de uma apresentação de uma coleção que aborda desde do movimento da arte cinética, oriunda da década de 1950, até a obsessão pelo futurismo atual. Mas, se engana quem pensa que os looks super tecnológicos não necessitaram de mãos humanas em sua produção. Algumas peças precisaram de muito trabalho manual — os efeitos de vidro quebrado ou de água pingando em bustos e casacos, são pinturas feitas à mão — e de meses de confecção. 

A brincadeira com efeitos visuais, texturas tridimensionais e formas surrealistas proporcionaram ao público um espetáculo aplaudido de pé.

O Pará viaja para São Paulo com a Normando

Estreante na SPFW, a Normando levou a coleção "Vândalos do Apocalipse", uma interpretação da cultura paraense com tempero urbano para a passarela paulista. 

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Normando para SPFW Nº58 - Foto: reprodução/Maurício Santana/Getty Images

Estampas de escamas de tucunaré e pirarucu foram aplicadas em vestidos de seda, juntamente de um bustiê feito de cuias de tacacá e camisa de smoking com jabô, toda indumentária necessária para refletir a visão que inspirou Marco Normando: os filósofos modernistas que se reuniam no mercado Ver-O-Peso, em Belém, nos anos 1920. 

 

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Nova edição aposta na inclusão e modernidade para reconquistar o público e redefinir padrões de beleza
por
Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
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16/10/2024 - 12h

Após um hiato de cinco anos, o icônico Victoria’s Secret Fashion Show está de volta, prometendo uma edição renovada. O evento, que aconteceu no dia 15 de outubro, marca uma nova fase para a famosa marca de lingerie, que vem enfrentando desafios nos últimos anos. Além de reunir supermodelos consagradas, o desfile contará com performances musicais de destaque, incluindo Cher, Lisa do grupo Blackpink, e a cantora sul-africana Tyla.

Pela primeira vez transmitido ao vivo em plataformas como TikTok, Instagram e YouTube, o show ocorrerá em Nova York  promete uma audiência global. A decisão de expandir o alcance digital do desfile reflete a estratégia da Victoria 's Secret em modernizar seu formato e reconquistar o público. Em um vídeo divulgado pela marca no início de setembro , várias veteranas da passarela, como Gigi Hadid e Tyra Banks, foram convidadas para participar deste retorno, reforçando o apelo nostálgico do evento.

A edição de 2024, além de um espetáculo visual, também traz novidades no elenco. A modelo brasileira Valentina Sampaio, de 27 anos, faz história ao se tornar a primeira trans brasileira a participar do desfile. Ela expressou sua felicidade em um post nas redes sociais, compartilhando com seus seguidores a emoção de fazer parte deste momento icônico. Valentina, que já foi a primeira modelo trans a ser contratada pela marca, comentou que se sente orgulhosa por representar a diversidade e a inclusão na moda.

O desfile deste ano, segundo a diretora criativa da marca, Janie Schaffer, foi cuidadosamente pensado para refletir as mudanças e o crescimento da Victoria 's Secret nos últimos seis anos. Schaffer afirmou que o novo formato será uma "celebração do glamour e da moda", mas sob uma "lente moderna". As famosas asas de anjo, tradicionalmente feitas de penas, agora serão produzidas com materiais sustentáveis, em resposta às críticas de ativistas ambientais e pela crescente demanda por responsabilidade social no mundo da moda.

Sofia Malamute/Victoria's Secret
Sofia Malamute/Victoria´s Secrets

 Essa nova fase da Victoria 's Secret também responde a controvérsias passadas que abalaram a imagem da marca, como a queda de audiência e as críticas sobre a falta de diversidade. Além disso, um documentário detalhou as conexões da marca com Jeffrey Epstein, um escândalo que manchou sua reputação. A empresa, agora liderada por mulheres como Sarah Sylvester e Janie Schaffer, promete que esta edição vai ressaltar os avanços da marca, tanto em termos de inclusão quanto de sustentabilidade.

O desfile incluirá um elenco diversificado de modelos, seguindo a tendência já iniciada em setembro de 2023, quando a marca lançou o documentário “The Tour ’23” na Prime Video. O filme destacou a colaboração com designers independentes de cidades como Lagos, Bogotá, Londres e *Tóquio, e trouxe supermodelos como Naomi Campbell e Adriana Lima ao lado de novas estrelas da moda, incluindo Adut Akech eWinnie Harlow.

Outro destaque desta edição é a inclusão de Ashley Graham, modelo e defensora da positividade corporal, marcando uma mudança significativa na tradicional seleção da Victoria's Secret. Ao lado de veteranas como Gigi Hadid, Lais Ribeiro e Behati Prinsloo, Graham simboliza a evolução da marca rumo a um padrão mais inclusivo de beleza.

Com essas mudanças, o Victoria’s Secret Fashion Show 2024 busca reafirmar seu lugar como um dos maiores eventos de moda do mundo, trazendo consigo uma nova era de glamour, inclusão e representatividade.

 

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Cores, tecidos fluidos, alfaiataria e esporte chique são as novas promessas deixadas pelo segundo dia de desfiles para a nova temporada primavera/verão 2025
por
Beatriz Vasconcelos
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09/09/2024 - 12h

A semana de moda de Nova York começou nesta sexta-feira (6) e não falhou em trazer tradição, street wear e a sofisticação características da moda nova-iorquina. O segundo dia de desfiles contou com marcas como Prabal Gurung, que através das cores e tecidos fluidos trouxe alegria e esperança. E Monse, que inovou na vestimenta esportiva, apresentando novas formas e silhuetas, ambas entregando um novo olhar para o legado do evento. 

A TRADIÇÃO DAS SEMANAS DE MODA

A história das semanas de moda tem início com Charles Frederick Worth, considerado o pai da alta-costura. No século XIX, ele inovou ao apresentar suas criações em modelos ao vivo, uma prática que seria continuada por estilistas em  eventos glamourosos. Na década de 1920, Coco Chanel, Elsa Schiaparelli e Madame Vionnet consolidaram a alta-costura, criando desfiles exclusivos para clientes, sem a presença de fotógrafos, em um formato bem diferente do coletivo que se tornaria a Fashion Week.

A primeira semana de moda organizada foi a "Press Week", realizada em Nova York em 1943 por Eleanor Lambert. Criada durante a Segunda Guerra Mundial, a iniciativa buscava promover os designers americanos, já que não era possível viajar para a Europa. Ao mesmo tempo, na França, a Chambre Syndicale de la Haute Couture foi estabelecida em 1945, organizando desfiles de alta-costura de forma mais estruturada. Em 1962, Eleanor Lambert ajudou a fundar o Conselho de Designers de Moda da América (CFDA), com o objetivo de fortalecer o reconhecimento cultural, social e econômico da moda americana.

Com o tempo, as semanas de moda evoluíram, estabelecendo um calendário semestral para as principais capitais da moda: Nova York, Londres, Milão e Paris. Esses eventos apresentam as coleções de Outono/Inverno e Primavera/Verão, além de semanas específicas para moda masculina e alta-costura. A New York Fashion Week, pioneira no formato, é reconhecida por seu perfil comercial, equilibrando novos talentos e marcas tradicionais como Ralph Lauren e Michael Kors. A influência do streetwear e do athleisure wear, marcas do estilo americano, convivem com a sofisticação da moda nova-iorquina, refletindo as mudanças na forma como a moda é consumida e apresentada no cenário global.

MONSE

O desfile de primavera de 2025 da Monse foi um evento estrelado, contando com a presença de personalidades como Paris Hilton, Tiffany Haddish e Coco Rocha. Neste cenário, os designers Laura Kim e Fernando Garcia trouxeram uma dose extra de leveza e diversão à sua abordagem única de reinventar o athleisure wear em uma junção com a alfaiataria esportiva e masculina americana para mulheres que buscam uma elegância não convencional e natural.

A coleção se destacou ao reinterpretar elementos das roupas esportivas de forma literal, explorando camisas de rúgbi, jaquetas universitárias e peças inspiradas no atletismo das escolas preparatórias. Contudo, os momentos mais marcantes vieram das referências mais sutis e estruturais, como blazers reformulados e pregas que remetiam às saias de tênis, evidenciando o talento da dupla em equilibrar tradição e inovação.

Monse primavera/verão 2025 - Crédito: Reprodução Instagram (@monsemaison)
Monse primavera/verão 2025 - Crédito: Reprodução Instagram (@monsemaison)

 

Vale lembrar que Kim e Garcia também são diretores criativos da Oscar de la Renta, onde começaram suas carreiras. Nesta coleção da Monse, eles permitiram que sua experiência com o glamour clássico americano transparecesse um pouco mais, apresentando vestidos brilhantes dignos de tapetes vermelhos. Em meio a diversas referências esportivas, a coleção demonstrou a capacidade da Monse de explorar novas direções, mantendo sua combinação característica de alfaiataria refinada e ousadia lúdica.

PRABAL GURUNG

Combinando tradições festivas com uma sensibilidade ao atual cenário eleitoral do país, Prabal Gurung utiliza seu estilo fluido, repleto de cores e influências globais, para transmitir uma narrativa de renovação pessoal e comunitária.

O estilista e fundador da marca nasceu em Singapura e foi criado no Nepal. Após iniciar sua carreira em Délhi, capital da Índia, ele se mudou para Nova York para continuar seus estudos, mas suas origens sempre foram muito presentes em seus designs. Ao longo de sua carreira ele já vestiu personalidades importantes como Michelle Obama, Kate Middleton, entre outros.

Para a primavera de 2025, Gurung responde aos tempos difíceis recorrendo às tradições e à cor, revelando uma mensagem de otimismo e renascimento. A inspiração para a coleção surgiu durante uma visita ao Nepal, onde o designer participou do festival de Holi. Ao retornar aos EUA, em meio a um turbulento ciclo de notícias políticas, ele se deparou com a possibilidade histórica de uma mulher assumir a presidência, o que reavivou seu questionamento sobre o sonho americano.

Prabal Gurung primavera/verão 2025 - Crédito: Reprodução Redes Sociais (@prabalgurung)
Prabal Gurung primavera/verão 2025 - Crédito: Reprodução Redes Sociais (@prabalgurung)

 

“A celebração do Holi – há um abandono juvenil; há facilidade, diversão, devaneio e esperança. Fazia muito tempo que eu não me sentia assim – mas no minuto em que houve um anúncio de Kamala Harris, houve um ressurgimento da esperança. Eu tinha começado a coleção muito antes disso, mas aquele momento a uniu com essa explosão de otimismo e criatividade feminina”, disse o estilista sobre o processo criativo.

Prabal Gurung primavera/verão 2025 - Crédito: Reprodução Redes Sociais (@prabalgurung)
Prabal Gurung primavera/verão 2025 - Crédito: Reprodução Redes Sociais (@prabalgurung)

A coleção reflete o compromisso de Gurung com pregas, seleção meticulosa de tecidos e a fusão de estéticas ocidentais e orientais, incorporando um espírito de celebração, esperança e criatividade feminina. Esse otimismo se refletiu também na apresentação, que contou com uma banda orquestral liderada pela compositora Chloe Flower, uma coda surpresa toda em branco e um cenário icônico na 1 Centre Street — local que Gurung sempre sonhou em usar para um desfile, e que agora, finalmente, tornou-se palco de sua visão.

Prabal Gurung primavera/verão 2025 - Crédito: Reprodução Redes Sociais (@prabalgurung)
Prabal Gurung primavera/verão 2025 - Crédito: Reprodução Redes Sociais (@prabalgurung)

 

Prabal Gurung primavera/verão 2025 - Crédito: Reprodução Redes Sociais (@prabalgurung)
Prabal Gurung primavera/verão 2025 - Crédito: Reprodução Redes Sociais (@prabalgurung)

 

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Esta análise busca explorar os fatores psicológicos e sociais que impulsionam a decisão de buscar e valorizar bolsas de marca luxuosas, examinando o custo emocional, financeiro e cultural associado a essa escolha
por
Giovanna Montanhan
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17/09/2024 - 12h

Ao entrar em uma pequena loja escondida em uma das muitas galerias do bairro da Liberdade, numa tentativa de escapar do calor escaldante que dominava a cidade de São Paulo e procurar mulheres para entrevistar, fui imediatamente tomada por um cheiro quase sufocante de mofo misturado a um aromatizador de ambientes. Pilhas de bolsas se acumulavam em prateleiras apertadas, criando uma atmosfera opressiva. A vendedora, Márcia, com o rosto perfeitamente maquiado, oferecia sorrisos milimetricamente calculados, afirmando com confiança que todas as peças eram verdadeiras.

Márcia vestia uma camiseta de gola V com o logo da Gucci estampado, daquelas que você reconhece à primeira vista e já sabe que não é original. Combinava a camiseta com uma calça jeans sem marca aparente e um batom vermelho forte, que estava meio borrado para além do contorno labial. Ela me garantiu que a Louis Vuitton que eu examinava era autêntica. “Essa aqui acabou de chegar. Dá pra ver pela costura, e é exatamente como a original", disse ela, apontando para as alças de couro da bolsa, que aparentava estar desgastada, com manchas de dedos bem visíveis.

A loja era apertada, e segundo a vendedora, não ficava vazia por muito tempo. Durante o período em que estive ali, algumas curiosas entraram e passaram alguns minutos manipulando as bolsas. Foi nesse cenário que Vera, uma mulher de 52 anos, examinava cuidadosamente uma bolsa Chanel em meio à desordem. Seus cabelos loiros estavam impecavelmente pintados e penteados, ela vestia um kaftan longo em tons de azul, formando uma espiral que lembrava a estampa característica do designer italiano Emilio Pucci, embora claramente não fosse. Afinal, quem tem condições de comprar uma bolsa autêntica provavelmente poderia adquirir roupas de grife, e não frequentaria lugares como aquela galeria.

Apesar da precisão na imitação da bolsa que estava analisando, Vera parecia indiferente. Para ela, o que realmente importava era a imagem que a peça transmitia. Sem hesitar, enquanto acariciava os detalhes dourados, ela me confidenciou que seu sonho sempre foi possuir uma Chanel, e que o simples fato de ter um exemplar – mesmo que falso – a fazia sentir-se elegante e poderosa. Embora soubesse que a bolsa não era original, o prazer de tê-la em mãos parecia compensar a falta de autenticidade. O preço da original, disse, era exorbitante, e ela não via necessidade de gastar tanto para obter "o mesmo efeito".

Naquela tarde, algumas horas depois, Lúcia, de 42 anos, vestia uma blusa preta larga, calça pantalona da mesma tonalidade e sandálias anabela baixas em tom creme. Ela teclava no celular enquanto observava as prateleiras abarrotadas de bolsas Louis Vuitton, Chanel, Prada, Miu Miu e Hermès. Percebi que ela parecia um pouco receosa de se abrir com uma total desconhecida, então resolvi fingir que também estava interessada em comprar uma bolsa.

Lúcia contou que frequenta aquele lugar há bastante tempo e, para ela, o valor das imitações compensa muito, já que o preço das originais beira o absurdo. Ela ressaltou que as peças nas prateleiras possuem uma aparência tão similar às originais que ninguém percebe a diferença, a menos que a pessoa tenha muito conhecimento ou se aproxime demais. Para Lúcia, as imitações ofereciam uma maneira acessível de expressar seu estilo sem carregar o peso financeiro das grifes. Apesar de não ter uma marca favorita, gostava da sensação de caminhar pelas ruas com uma bolsa que, aos olhos dos outros, era vista como um símbolo de status social.

Naquele espaço abafado, entre as bolsas amontoadas, o burburinho das vozes de outros consumidores ecoava pelas lojas vizinhas que dividiam o mesmo espaço. O que se destacava não era apenas o comércio em si, mas o valor simbólico que aquelas peças carregavam para as mulheres que frequentavam o local com regularidade. Para elas, as bolsas iam muito além de simples acessórios; eram símbolos de status, de pertencimento a um mundo de luxo e exclusividade, mesmo que apenas pela aparência.

A busca por um produto de luxo, ainda que ilusório, era quase tangível. A cada gesto, a cada conversa, ficava claro que as consumidoras estavam menos preocupadas com a autenticidade do item e mais focadas no que ele poderia lhes proporcionar: uma sensação de pertencimento, poder e sucesso. Não se tratava apenas de possuir uma bolsa, mas de construir uma imagem de sofisticação e status. Vera deixou isso claro ao afirmar que ninguém iria parar na rua para questionar se o produto era original ou não. Carregá-lo já era o suficiente para atrair olhares diferentes, conferindo-lhe a distinção que tanto buscava.

Essa busca por símbolos de status se torna ainda mais complexa quando analisada à luz das explicações da psiquiatra Mariana Pampanelli. Para ela, esses itens de luxo – mesmo que falsificados – cumprem diversas funções psicológicas, dependendo do contexto. O anseio por prestígio social, seja para se sobressair aos demais ou para fortalecer a própria autoestima, figura entre os principais impulsionadores. E esse valor, que ela enfatizou, é determinado pelo ambiente cultural em que o indivíduo está inserido. Em alguns círculos, possuir uma bolsa de grife é apenas um reflexo natural da riqueza. Em outros, representa uma tentativa de ascensão, de se destacar do meio social em que vivem.

As redes sociais, claro, ampliam ainda mais essa dinâmica. Mariana afirmou que a comparação constante com os outros, impulsionada pelas redes sociais, intensifica o desejo por determinados itens. Ela acrescentou dizendo que as pessoas buscam estar à altura das imagens que veem na tela, e os itens de luxo são uma forma de alcançar isso. No entanto, ela também alertou para o perigo dessas compras impulsivas, pois quando o desejo por status ultrapassa o planejamento financeiro, o resultado geralmente é o arrependimento, acompanhado de uma sensação de perda de controle sobre a própria vida.

Essa constante exposição à desigualdade social intensifica o desejo de pertencer a uma classe social privilegiada. Para muitas pessoas, adquirir uma falsificação é a única forma de sentir que estão participando dessa narrativa de luxo e exclusividade, ainda que de maneira temporária. A psiquiatra explica que o item falsificado oferece uma ilusão de pertencimento, e mesmo sabendo que não é real, a pessoa se sente parte daquele mundo, ainda que por um momento. Esse sentimento é amplificado pela percepção de injustiça social, levando muitos a crer que, se não podem adquirir o item original, ao menos podem simular essa posse.

O que essas mulheres buscavam nas bolsas falsificadas não era o objeto em si, mas tudo o que ele representava. A sensação de carregar um item de luxo, mesmo que não fosse real, dava a elas a sensação de poder e pertencimento. E, nesse mundo de aparências, isso era o suficiente. A autenticidade do produto tornava-se secundária diante da necessidade de se sentir parte de algo maior, de projetar uma imagem que, na prática, não condizia com suas realidades.

 

O ‘’Grande Irmão’’ do Luxo: Vigilância na Era das Falsificações

No vórtice das redes sociais,  onde cada curtida se transforma em moeda e cada seguidor em um troféu, um perfil no Instagram emergiu como uma caçadora implacável. "The Fake Birkin Slayer" (@thefakebirkinslayer) tornou-se um oráculo em um mundo onde a busca pelo luxo não é apenas desejo, mas flerta com a obsessão. Sua missão principal é desmascarar as falsificações que se infiltram nos feeds dos usuários da rede, compartilhando nos stories o emoji que representa um par de olhos atentos. Não é apenas uma página de denúncias, mas um espelho implacável da ambição humana de conquistar o que está para além do alcance.

No epicentro desse turbilhão de desejos está a Birkin, a intocável criação da grife francesa Hermès. Muito além de ser uma simples bolsa, ela personifica um símbolo de status e poder, desejada tanto por fashionistas quanto por aqueles que almejam ingressar em um mundo que não os acolhe naturalmente, com a mesma intensidade de quem busca água em um deserto árido. Poucos têm o privilégio de atravessar as portas da exclusividade, e menos ainda conseguem segurar uma Birkin autêntica em suas mãos. Ela é a promessa de pertencimento a um círculo fechado, onde o luxo não é apenas um adorno, mas a própria identidade.

Mas como todo objeto de desejo, a Birkin tem seu lado sombrio. Na penumbra das transações secretas e nas esquinas mais discretas da internet, as imitações florescem como ervas daninhas. E "The Fake Birkin Slayer" está presente, assumindo o papel de uma justiceira digital, desmascarando com precisão quase cirúrgica os defeitos nas réplicas exibidas por aqueles que ousam postá-las. Cada nova publicação é uma sentença para quem ousou tentar enganar o olhar observador, uma exposição pública da farsa do luxo.

A Hermès, com sua produção controlada, faz de cada Birkin uma raridade. Não basta ter uma conta bancária cheia. É preciso ter acesso, influência e, sobretudo, paciência. A escassez faz o coração desejar mais, e essa falta é cuidadosamente mantida. A bolsa, que nunca está à espera nas prateleiras das boutiques, carrega consigo o peso de uma conquista — ou, para muitos, de uma frustração constante.

E é nesse limiar entre o desejo e a frustração que a falsificação encontra o terreno fértil. Para alguns, segurar uma imitação é o mais próximo que chegarão de sentir o toque do inalcançável. O brilho falso de uma Birkin não é apenas uma mentira para os outros, mas também uma ilusão auto infligida, uma tentativa desesperada de pertencer a um mundo de aparências que, no fundo, todos sabem ser efêmero. O conforto de segurar uma réplica, mesmo que por breves momentos, oferece um respiro na longa corrida pelo prestígio.

A caçada de "The Fake Birkin Slayer" revela algo maior do que apenas o desejo por autenticidade: escancara a era em que vivemos, onde o valor de um objeto não reside mais no que ele é, mas na história que ele conta. E, no palco das redes sociais, onde cada foto é uma performance encenada e cada postagem um ato de exibição, a autenticidade é a última fronteira. Quem possui o real, exerce o poder, mas, para muitos, sobra apenas a sombra do que poderia ter sido.

A Ética do Consumo e o Futuro do Luxo

Nos bastidores reluzentes do mercado de luxo, onde o brilho das vitrines oculta um submundo nebuloso, as falsificações surgem como sombras inquietantes, desafiando não apenas as marcas, mas também a moralidade de quem as consome. De um lado, há quem veja na compra de uma imitação a chance de tocar, ainda que de forma enganosa, o poder e a exclusividade que as grifes prometem. De outro, há uma realidade mais sombria: o impacto desse comércio clandestino na economia global e a exploração humana que muitas vezes alimenta esse ciclo.

Essas falsificações, frequentemente produzidas em fábricas clandestinas na China, onde a mão de obra escrava opera longe dos holofotes, trazem à tona uma questão ética ainda mais profunda. Ao comprar um produto falsificado, não se adquire apenas uma réplica de luxo; compactua-se, ainda que indiretamente, com a exploração de trabalhadores submetidos a condições desumanas, mal remunerados e forçados a produzir incessantemente para alimentar um mercado que prospera sobre suas costas. Nesse cenário, o glamour associado ao objeto de desejo torna-se, de certa forma, cúmplice de uma cadeia de injustiças.

Nesse contexto, o futuro do luxo parece caminhar sobre um terreno não muito fértil. As grandes etiquetas enfrentam não apenas o desafio de manter sua exclusividade, mas também a ameaça crescente das falsificações, que não só diluem sua imagem, mas também perpetuam a exploração da mão de obra barata. A questão agora não é mais apenas sobre como manter o controle sobre o mercado de luxo, mas sobre o que esse mercado significa num mundo onde o valor de um produto vai além de seu preço — está vinculado à ética de como é feito e por quem.

Enquanto isso, as consumidoras continuam a navegar entre o desejo de possuir o impossível e o dilema moral que surge ao considerar o verdadeiro preço de suas escolhas. A cada compra, consciente ou não, elas caminham por um território onde luxo e exploração se entrelaçam, onde o brilho de uma bolsa Hermès, Chanel ou Louis Vuitton pode estar manchado pelo suor de trabalhadores esquecidos, relegados ao anonimato. E assim, enquanto o mercado de falsificações prospera, o preço a ser pago — tanto financeiramente quanto eticamente — se torna mais difícil de ignorar.

O debate sobre as falsificações não é apenas sobre as réplicas em si, mas sobre o que estamos dispostos a sacrificar em nome do luxo. Não se trata apenas de quem pode ou não comprar o autêntico, mas de quem somos como consumidores, e de como nossas escolhas ressoam em uma cadeia global de produção onde o verdadeiro custo do desejo muitas vezes permanece invisível.

As bolsas de luxo, com todo o seu brilho e exclusividade, são muito mais do que simples acessórios. Elas carregam o peso simbólico de um mundo que valoriza a imagem sobre a substância, o ter sobre o ser. Cada peça é uma promessa de que se pode adentrar em um círculo restrito, onde o prestígio e o poder parecem estar ao alcance de quem as porta. Porém, seja autêntica ou falsificada, a verdade que essas bolsas revelam é a mesma: elas são objetos que tentam preencher um vazio que vai muito além do material.

Para alguns, possuir uma dessas bolsas é uma forma de validar sua personalidade em um mundo onde o sucesso é medido pelo que se exibe. Para outros, a imitação é a única maneira de participar dessa narrativa, ainda que apenas temporariamente. No entanto, seja no couro genuíno ou na réplica meticulosamente elaborada, a busca pelo pertencimento raramente encontra sua satisfação. A bolsa, por mais rara ou desejada que seja, não tem o poder de transformar quem a carrega. O luxo que ela promete é falacioso, efêmero, e deixa para trás apenas o eco de um desejo que nunca se apaga.

E assim, o ciclo continua. O fascínio pelo luxo persiste, alimentado pela fantasia de que, ao segurá-la, se pode finalmente tocar o inatingível. Mas, no fundo, o que as bolsas de luxo realmente oferecem é a mesma ilusão que o próprio mercado capitalista vende: uma busca interminável por algo que nenhum artefato, por mais exclusivo que seja, será capaz de entregar. Afinal, o verdadeiro valor nunca esteve no objeto, mas no fetiche que a mercadoria representa.

 

Dos anos 1990 à Geração Z, o estilista comemora trajetória marcada pela fusão entre arte, moda e cultura pop.
por
Gabriela Jacometto
Gabrielly Mendes
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28/08/2024 - 12h

  Conhecido por seu trabalho irreverente, importando o estilo grunge para as passarelas, o estilista Marc Jacobs celebra este ano o aniversário de 40 anos de sua carreira. 

   Visionário, Marc Jacobs foi um dos primeiros a adotar práticas que hoje são comuns, como a colaboração entre moda e arte. Ele trabalhou com artistas renomados como Stephen Sprouse, Yayoi Kusama e Richard Prince, estabelecendo uma conexão entre o mundo exclusivo da arte contemporânea e o mainstream. Seus produtos, ainda altamente desejados, se tornaram itens de colecionador.

  As parcerias de Jacobs também se estenderam ao universo pop, envolvendo celebridades do cinema e da música como Kanye West e Pharrell Williams, que atualmente é diretor criativo da divisão masculina da maison francesa.

Trajetória

   Nascido e criado em Nova York, o estilista teve uma infância conturbada. Após a morte de seu pai,  quando tinha 7 anos, o convívio com sua mãe, que tinha transtorno bipolar, era um desafio diário para o jovem. Assumindo a responsabilidade por seus dois irmãos mais novos, Marc já afirmou  em entrevistas que foi um período bastante turbulento e traumático. 

 

    Quando Jacobs entrou na adolescência, foi morar com sua avó paterna, e seus dois irmãos foram para um orfanato. Com a mudança de casa, a vida do jovem prodígio começou a melhorar. Sua avó foi uma das principais incentivadoras de sua paixão pela moda e dizia que Marc seria um estilista famoso e talentoso um dia. 

   Forçado a crescer precocemente por conta das responsabilidades que assumia, o estilista se formou na High School of Art and Design aos 18 anos e logo depois trilhou seu caminho na renomada Parsons School of Design, que contou com seu projeto final de três suéteres oversized, feitos em conjunto com a sua avó.

   Não demorou muito para que Jacobs começasse a ganhar destaque no mundo da moda. Com seu projeto final, foi considerado o jovem talento do ano e reconhecido por premiações como a Chester Weinberg e o Perry Ellis Award de “New Fashion Talent” pela CFDA (Council of Fashion Designers of America). Neste último, foi a pessoa mais jovem a receber o prêmio.

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Marc Jacobs na Parsons. Crédito: Arquivo Pessoal\Vogue Magazine

    No final dos anos 80, o nova-iorquino passou a ser responsável pela marca Perry Ellis como coordenador da área feminina de vestuário. Na época, Jacobs teve Tom Ford como assistente - nome que se tornaria, anos depois, um dos estilistas mais renomados no mundo, ao lado de seu inicialmente superior.

 Controvérsias

   A trajetória de Marc Jacobs na Perry Ellis não durou muito. Em 1992, o estilista apresentou a “Grunge Collection”, coleção inspirada na cena musical que surgia nas ruas de Seattle.  A criação é  considerada, até hoje, um de seus trabalhos mais controversos e polêmicos. Com uma grande parte da crítica dividida, na Perry Ellis, as opiniões sobre a coleção apresentada foram ainda mais duras, justamente pelo fracasso comercial.

 

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Naomi Campbell desfilando a coleção “Grunge” (Imagem: George Chinsee\WWD)

 

   A coleção passaria anos depois a ser um vislumbre e uma antecipação do fato de que a moda de luxo ficaria obcecada pelo grunge, que serviu de inspiração para a estética dos anos 90. Com tal polêmica cercando a marca e sem uma visão do que viria  acontecer, Perry Ellis demitiu Jacobs. No mesmo ano, o estilista ganhou seu segundo prêmio  CFDA e deu início a seu projeto de nome homônimo.

   A sua marca chegou a ter 280 lojas em mais de 50 países. Em 2015, encerrou a sua linha popular Marc by Marc Jacobs, que tinha como objetivo atrair um público mais jovem com peças mais acessíveis. 

  De 1997 a 2013, Marc Jacobs modernizou a Louis Vuitton ao assumir o cargo de diretor criativo da maison. Durante o período, o estilista ajudou a transformar a marca tradicionalmente conhecida por malas e baús de viagem de luxo numa grife de moda contemporânea. Essa mudança se deu principalmente pelas bolsas e estampas icônicas que o estilista criou para a marca fazendo parcerias com diversos artistas, entre eles, Takashi Murakami, responsável pelo logo colorido da LV que se tornou um item atemporal com a bolsa “Monogram Multicolor”.

  

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Bolsa Monogram Multicolor criada em 2005. (Imagem: Archive LV\ Louis Vuitton)

 

   Em 2020, Jacobs lançou a Heaven, uma etiqueta dedicada à Geração Z, em parceria com a jovem designer Ava Nirui. A coleção, segundo o próprio estilista, é uma linha “polissexual”, feita para  “meninas que são meninos e meninos que são meninas, além daqueles que são nenhum, são o espaço negativo, a euforia suburbana de personagens multifacetados".

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Coleção Heaven by Marc Jacobs\ Fall 21 (Imagem: Hugo Comte\Heaven by Marc Jacobs)

 

   A Heaven é como um refresco e uma diversão a em meio ao mundo da moda atualmente, que se perde em micro-trends e fast fashion. A marca conversa com as particularidades dos adolescentes de hoje em dia, que cada vez mais estão se redescobrindo, assim como Jacobs no passado. O olhar do designer segue atemporal e jovem, Marc parece nunca perder seu espírito juvenil e colorido.   

  Aos 60 anos, Marc Jacobs acumula prêmios CFDA e tem uma estrela na Calçada da Fama da Moda em Nova York. Seu impacto como influenciador é tão notável quanto sua carreira de designer, evidenciado pelos 2 milhões de seguidores no Instagram. Jacobs demonstra, mais uma vez, que é e sempre será uma figura influente no mundo pop.

 

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Com grande influência de Elsa Schiaparelli, o movimento que completa o centenário deixa um legado na moda contemporânea
por
Nathalia Teixeira
Barbara Ferreira
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26/08/2024 - 12h

Em 2024, comemoramos o centenário do movimento surrealista, corrente artística que surgiu no início do século XX. Lançado oficialmente em Paris, por André Breton, Yvan Goll, Marcel Alland e Guillaume Apollinaire, o Manifesto Surrealista emergiu entre a primeira e segunda guerra mundial, quando diversos países europeus estavam imersos em uma crise econômica. A vanguarda nasceu para abandonar a realidade crítica e explorar o inconsciente. 

O movimento é construído por diversas áreas da arte, mas predominantemente vinculado às vertentes visuais. Elabora imagens remanescentes da  psicanálise, do inconsciente e concretiza o fim do racionalismo. Com uma maior liberdade criativa e ambientalista, rompia com o tradicional e buscava uma renovação artística. 

A ideia era promover a compreensão do ser humano em suas múltiplas facetas, explorando o rompimento das correntes das limitações entre razão e lógica. Salvador Dalí (1904-1989), pintor espanhol, tornou-se uma das referências através da exibição da capacidade plástica e visão pautada dos sonhos. Joan Miró (1893-1983), também pintor espanhol, elaborava elementos coloridos e formas biomórficas.

 

 

A tentação de Antão, Salvador Dalí (1946)
A tentação de Antão, Salvador Dalí (1946)

 

Dentre tantos outros artistas da época, a arte era experimentada de uma forma suavizada e crítica, com duas ou mais dimensões, e colagens que desafiavam a percepção convencional. No Brasil, não houve especificamente um movimento surrealista, porém durante o modernismo brasileiro, Cícero Dias (1907-2003) e Tarsila do Amaral (1886-1973) foram fortemente influenciados pelas características dessa vanguarda.

 

Barqueiro, Cícero Dias (1980)
Barqueiro, Cícero Dias (1980)

 

Proporcionando uma intersecção entre artes e diversas outras áreas, a moda aderiu ao movimento com o objetivo de desenvolver estéticas que desafiavam as convenções e os limites do que podia representar. O surrealismo trouxe para a moda uma nova linguagem visual, onde o inesperado, o absurdo e o fantástico se tornaram as principais ferramentas. O movimento introduziu a ideia de que a moda não precisa ser apenas prática ou decorativa, mas também um meio de expressar a complexidade do ser humano.


O legado de Elsa Schiaparelli
No século XX, o surrealismo encontrou uma expressão única dentro da moda nas criações de Elsa Schiaparelli. Nascida em Roma, em 1890, Schiaparelli mudou-se para Paris na década de 1920, onde estabeleceu sua maison e começou a desafiar as convenções da alta-costura. Sua abordagem inovadora fez com que ficasse conhecida por ser a estilista mais audaciosa da época, transformando a moda em uma forma de arte. Ela era conhecida pela ousadia em transformar o ordinário em extraordinário, utilizando tecidos metálicos, plásticos e até mesmo papel em suas criações.
Além de revolucionar o cenário da moda, ela pode trazer collabs icônicas para o seu portfólio . Fazendo jus ao surrealismo, Schiaparelli fez algumas colaborações com Salvador Dalí, como "Lobster", em 1937. A obra foi um dos maiores sucessos da artista, que capturava o espírito lúdico e provocador do movimento.

 

Foto: Indigital.tv
Lobster Dress; foto: Indigital.tv

 
Durante sua trajetória, a estilista usou e abusou de materiais e formas inusitadas, como botões em formato de insetos, zíperes expostos e silhuetas que desafiam a anatomia tradicional. Também foi pioneira em cores vibrantes, sendo lembrada pelo "rosa choque", que se tornou uma assinatura própria. Suas coleções eram frequentemente inspiradas por temas lúdicos e surrealistas, como a astrologia e a fantasia, refletindo uma visão de moda que transcendia a simples funcionalidade e se tornava uma forma de arte e expressão pessoal. A capacidade de Schiaparelli de unir o humor com a alta-costura fez que suas peças se tornassem verdadeiras obras de arte, celebradas pela originalidade e impacto no cenário da época, rompendo uma rigidez até então presente.

 

Zsa Zsa Gabor veste Schiaparelli no filme Moulin Rouge; Foto: Getty Images
Zsa Zsa Gabor veste Elsa Schiaparelli no filme Moulin Rouge Foto: Getty Images


 
Elsa Schiaparelli apresentou um novo conceito de fazer moda como um meio de expressão pessoal e artística, se opondo ao conservadorismo e abrindo caminho para futuras gerações de estilistas. Sua visão inovadora continua a inspirar a moda contemporânea, mantendo seu legado vivo em coleções que celebram a ousadia, a criatividade e o inesperado e com referências ao movimento artístico.
 
Referência ao movimento no Brasil
Não só na Europa podemos ver o surrealismo presente nas passarelas. Em 2021, o estilista brasileiro Leandro Di Tomazoni brilhou nas passarelas, no desfile de sua marca Chapelle, com uma coleção que abusava das referências às obras de Salvador Dalí. Apresentado na CASACOR Paraná, o desfile contou com 40 peças e 21 looks completos, e aconteceu dentro de uma piscina, reforçando o compromisso em explorar a moda como uma expressão artística, honrando o legado do surrealismo.

 

Chapelle; Foto: Divulgação/Izadora Padilha
Chapelle; foto: Izadora Padilha


 

Chapelle; Foto: Divulgação/Izadora Padilha
Chapelle; foto: Izadora Padilha

O surrealismo influenciou um movimento revolucionário na moda, abrindo caminho para que estilistas pudessem explorar o imaginário sem limitações e transformar o vestuário em verdadeiras obras de arte. Graças à ousadia de pioneiros, como Elsa Schiaparelli, Jean Cocteau, Leonor Fini, Alberto Giacometti e outros, hoje os designers têm a liberdade de brincar com estampas arrojadas e formas lúdicas, trazendo à tona criações que vão além do funcional e tornam-se expressões artísticas. Os desfiles surrealistas desafiaram as normas do conservadorismo e expandiram os horizontes da moda, permitindo que a criatividade e o conceito superem as convenções tradicionais, impulsionando uma evolução constante no mundo da alta-costura.
 

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Estilista que completaria 88 anos, transformou o segmento com inovações ousadas e colaborações marcantes
por
Clara Maia de Castro Ribeiro
Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
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22/08/2024 - 12h

Neste mês de agosto, o lendário estilista Yves Saint Laurent completaria 88 anos de idade. Nascido no primeiro dia do mês, em 1936, na cidade de Orã, na Argélia, Yves Henri Donat Mathieu-Saint-Laurent posteriormente se tornou um dos nomes mais influentes da moda do século XX. Sua marca homônima, fundada em 1961 ao lado do parceiro Pierre Bergé, revolucionou a alta-costura, trazendo uma visão inovadora e ousada que permanece relevante até hoje.

Yves Saint Laurent começou sua carreira aos 17 anos, quando se mudou para Paris e foi descoberto por outro grande nome da indústria, Christian Dior. Aos 21 anos, após a morte de seu mentor, foi nomeado diretor criativo da Maison Dior, tornando-se o mais jovem estilista a liderar uma casa de alta-costura, destacando sua nova visão de design, com uma silhueta em trapézio.

Depois de assinar seis coleções de sucesso para a Christian Dior, Yves Saint Laurent foi convocado para lutar na guerra de independência argelina, em 1959. Este período foi marcado por diversas dificuldades em sua vida pessoal, tendo sofrido com depressão, ansiedade e com sua demissão da casa de alta-costura Dior. Porém, seu sócio e futuro marido, o empresário Pierre Bergé, consegue trazer Saint Laurent de volta à França. Juntos, fundaram a própria marca em 1961: Yves Saint Laurent, que rapidamente conquistou o mundo da moda com sua abordagem vanguardista.

A Yves Saint Laurent é amplamente reconhecida por introduzir o smoking feminino Le Smoking, lançado em 1966. A peça desafiou normas de gênero e se tornou um símbolo de empoderamento feminino.
 

Smoking feminino Le Smoking
Modelo Danielle Sauvajeon no desfile de moda de Paris em 1968 vestindo o Le Smoking. (Foto: Bill Ray)

Esse espírito inovador do estilista refletiu também em suas colaborações. Entre as mais notáveis, destaca-se a parceria com o artista Piet Mondrian, que resultou no icônico vestido Mondrian, um marco na integração entre moda e arte.

Mas a relação do estilista com a arte não parou por aí, já que Laurent teve inspirações baseadas nas obras de Andy Warhol, Henri Matisse, Picasso e Van Gogh em suas criações.
 

Vestido Mondrian
Vestido Mondrian, por Yves Saint Laurent, 1965 (Foto: François Larry)

Além disso, Yves Saint Laurent foi um dos primeiros estilistas a estabelecer colaborações estratégicas com outras marcas. Seu trabalho com a L'Oréal ajudou a expandir a presença da marca no mercado de cosméticos, consolidando o nome YSL em um universo mais amplo de produtos de luxo. Saint Laurent também vestiu celebridades e figuras influentes da cultura pop, como Catherine Deneuve – amiga pessoal do estilista, aclamada pelo próprio como sua musa - , reforçando a ligação da marca com a indústria da sétima arte.
 

Catherine Deneuve e Saint Laurent
Catherine e Yves Saint Laurent (Foto: Getty Images)

O vínculo entre criador e musa começou timidamente em 1965, quando a atriz adquiriu um vestido do estilista para um evento em Londres com a presença da rainha. No ano seguinte, Saint Laurent e Deneuve colaboraram no filme “A Bela da Tarde” de Luis Buñuel, marcando o início de uma parceria duradoura. Em uma era dominada pela minissaia, o personagem de Deneuve, Séverine, usava a peça um pouco acima do joelho, resultando em um visual sofisticado e perene. Para garantir que suas criações transcendem o tempo, Saint Laurent optou por não seguir as tendências da moda efêmera.

Décadas após sua estreia, o legado de Yves Saint Laurent continua a influenciar e inspirar o mundo da moda. Sua habilidade em fundir a tradição com a modernidade, através de criações que transcendem as tendências momentâneas, estabeleceu uma nova referência para a elegância e o poder feminino.

Mesmo após sua aposentadoria e subsequente falecimento em 2008, a grife Saint Laurent permanece com fonte na inovação, mantendo uma proposta que equilibra a sofisticação com uma ousadia inconfundível. Destacando uma alfaiataria inovadora, silhuetas sedutoras e estampas exóticas que traduzem uma elegância audaciosa e original.

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