Indústria aposta em preço e modelagem para manter a demanda
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Larissa Pereira José
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26/11/2025 - 12h

 

O jeans continua entre as peças mais consumidas no Brasil e mantém relevância estratégica para a indústria têxtil e para o varejo de moda. Mesmo após mudanças no comportamento do consumidor nos últimos anos, o denim permanece como um dos principais motores de vendas do setor.

Segundo levantamento do IEMI – Inteligência de Mercado, o Brasil produziu cerca de 280 milhões de peças de jeans em 2023. O faturamento do segmento chegou a aproximadamente R$14,7 bilhões no mesmo período. O estudo “Comportamento do Consumidor de Jeanswear no Brasil”, desenvolvido pelo IEMI em parceria com a Vicunha Têxtil, aponta que o jeans responde por cerca de 10% de todo o volume comercializado no mercado de vestuário nacional.

Uma pesquisa divulgada pela Vicunha Têxtil mostra que 80% dos brasileiros consideram o jeans uma peça obrigatória no guarda-roupa. O dado ajuda a explicar a presença constante do produto nas vitrines, campanhas promocionais e estratégias comerciais das grandes redes.

Para Diego Amaral, gerente comercial de uma grande varejista nacional, o desempenho do jeans segue consistente. “O jeans é um dos pilares do faturamento. Ele traz fluxo de clientes para a loja e influencia o desempenho de outras categorias. Quando o jeans performa bem, o restante da coleção tende a acompanhar”, afirma.

Ele explica que o consumo segue forte porque o produto atende diferentes perfis de consumidores. “Vendemos desde modelos clássicos até modelagens mais amplas, como wide leg e cargo. O jovem busca tendência, enquanto o cliente mais velho procura modelos tradicionais. O jeans atravessa gerações”, diz.

De acordo com o IEMI, o comércio eletrônico já representa mais de 5% das vendas de jeans no Brasil, com crescimento contínuo desde 2020. Apesar desse avanço, a loja física segue decisiva na jornada de compra. “O cliente pesquisa online, compara preço, avalia fotos e comentários. Mas o provador ainda define a compra de jeans”, afirma Amaral.

Outro estudo do IEMI, em parceria com o Guia Jeanswear, mostra que preço, caimento e exposição na vitrine são os principais fatores de decisão de compra. A mesma pesquisa aponta que 43% dos consumidores não se lembram da marca do jeans adquirido, o que reforça o peso da experiência no ponto de venda.

“O cliente entra pela promoção, olha a vitrine e decide pelo conforto. Se a peça veste bem, a marca passa a ser secundária”, explica o gerente comercial. Ele afirma que, embora o tíquete médio do jeans seja maior do que o de outras categorias, o consumidor aceita pagar mais quando percebe a durabilidade da peça. “O cliente pensa no custo por uso. Uma calça que dura mais tempo é vista como investimento”, diz.

O consumo de jeans enfrenta pressão ambiental crescente. Estudos da Water Footprint Network indicam que a produção de uma calça jeans pode consumir milhares de litros de água ao longo de toda a cadeia produtiva. Parte desse impacto está concentrada nos processos de lavanderia industrial e acabamento do tecido.

Esse relatório sobre polos de produção de jeans no Brasil aponta desafios no descarte de resíduos têxteis e no uso de produtos químicos, especialmente em regiões com forte concentração de lavanderias industriais, como o agreste pernambucano. O tema passou a ganhar espaço em debates setoriais e em políticas de sustentabilidade nos últimos anos.

Segundo Amaral, essa pauta já chegou ao consumidor final. “O cliente pergunta de onde vem o algodão e se a loja trabalha com práticas sustentáveis. Ainda não é a maioria, mas cresce todo ano”, afirma. Ele diz que a varejista passou a priorizar fornecedores com tecnologias de redução do consumo hídrico e processos menos agressivos ao meio ambiente.

A cadeia têxtil brasileira movimenta cerca de R$ 190 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Dentro desse cenário, o jeanswear segue como um dos segmentos mais sólidos do setor, com demanda contínua e forte presença no cotidiano do consumidor brasileiro.

Para o gerente comercial, o principal desafio agora é equilibrar preço, velocidade e responsabilidade. “O consumidor quer novidades, quer preço acessível e quer entender o impacto do produto. O jeans continua forte, mas o jeito de vender mudou”, conclui.

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Consumidores exigem práticas responsáveis e mercado responde com economia circular, inovação de materiais e inclusão social
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Larissa Pereira
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21/10/2025 - 12h

 

A moda sustentável deixou de ser nicho e passou a ocupar espaço central nas escolhas de consumo. A pesquisa de 2023 do Instituto Akatu em parceria com a consultoria GlobeScan mostrou que 87,5% dos brasileiros preferem comprar roupas de marcas que adotam práticas sustentáveis. A tendência se confirma em levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apontou que nove em cada dez consumidores se sentem desconfortáveis ao adquirir produtos que prejudicam o meio ambiente.

Esse movimento já se reflete no mercado. Segundo a consultoria Research and Markets, o setor de moda sustentável no Brasil foi avaliado em 200,7 milhões de dólares em 2022, com crescimento médio de 3,7% ao ano desde 2017. Projeções indicam que a moda circular, baseada em brechós, aluguel de roupas e reaproveitamento de tecidos, deve crescer entre 15% e 20% ao ano até 2030.

O impacto ambiental da moda, no entanto, continua elevado. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) revelam que o país gera cerca de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, sendo que 85% desse volume acaba em aterros. Em escala global, a ONU Meio Ambiente estima que a moda é responsável por 10% das emissões de carbono e ocupa a posição de segundo maior poluidor de água doce. A produção anual chega a 80 bilhões de peças, mas menos de 1% desse total é reciclado.

Diversos projetos mostram caminhos de transformação. A rede Justa Trama reúne agricultores, fiadoras, tecelãs e costureiras em cinco estados na produção de algodão agroecológico cooperado, com renda distribuída de forma justa. Na Amazônia, iniciativas como Selvática, que reaproveita retalhos de estofados, e Yara Couro, que cria materiais a partir de pigmentos vegetais, demonstram o potencial da economia criativa aliada à preservação ambiental.

Entre as grandes redes do varejo brasileiro, C&A, Renner e Riachuelo começaram a adotar iniciativas relacionadas ao uso de algodão sustentável, coleções com fibras recicladas e programas de logística reversa. Essas medidas ainda representam uma fração pequena da produção total, mas indicam que a pressão dos consumidores começa a influenciar também o fast fashion.

Apesar dos avanços, trazer produtos sustentáveis para as lojas de departamento não é tarefa simples. Em entrevista exclusiva para a AGEMT, Luiz Gustavo Freitas da Rosa, dono e criador da marca sustentável Tairú, conta que a iniciativa nasceu em 2023 a partir do contato com um projeto experimental de calçados em Tyvek e de uma pesquisa sobre cânhamo, fibra natural com propriedades ambientais superiores ao algodão. “Desenvolvi protótipos, apresentei amostras na Europa e, ao retornar ao Brasil, lançamos uma primeira coleção com seis modelos de tênis e mais de 40 variações, além de camisetas em algodão orgânico e tingimento natural”, relata.

Luiz Gustavo aponta barreiras importantes: o cânhamo não pode ser cultivado legalmente no Brasil para uso têxtil, o que obriga a importação; fábricas nacionais nem sempre estão preparadas para materiais alternativos como couro vegetal à base de milho; e o algodão orgânico tem custo superior ao convencional, encurtando margens e alongando a cadeia produtiva. “Produzir de forma sustentável ainda é mais caro. Trabalhamos com pequenas tiragens, fornecedores especializados e processos que incluem inclusão social, o que eleva o preço final”, explica.

Sobre a competição com as grandes magazines, ele afirma que a estratégia da Tairú não é disputar preço, mas oferecer uma alternativa de valor: “O consumidor da nossa marca compra conforto, design e propósito; não apenas um produto barato.” Para furar a bolha dos consumidores já engajados, a Tairú se posiciona como marca de lifestyle urbano e investe em ativações culturais, collabs e na Casa Tairú, espaços que atraem público pela música e pela cultura e só depois revelam os atributos sustentáveis dos produtos.

Na comunicação, Luiz Gustavo destaca a transparência como prática contra o greenwashing: a marca revela a origem dos materiais, mostra quem produz as peças e admite limitações. Ele cita exemplos concretos, como fábricas compostas por mulheres, ecobags produzidas por ex-detentos e etiquetas fornecidas por cooperativas que empregam pessoas com deficiência. “Não romantizamos nem prometemos perfeição; mostramos passos concretos e os desafios que ainda temos”, afirma.

Segundo ele, o maior obstáculo é transformar a consciência em hábito de compra. Para que a sustentabilidade deixe de ser exceção e se torne regra, Luiz Gustavo defende investimento em comunicação clara e aumento da escala produtiva para reduzir preços, além de mudanças estruturais na cadeia têxtil.

O debate avança em escala internacional. O relatório Fashion Transparency Index 2024, da Fashion Revolution, mostrou que a maior parte das grandes marcas ainda não divulga informações completas sobre suas cadeias de fornecimento. Já o State of Fashion 2024, da McKinsey em parceria com o Business of Fashion, destaca que a pressão regulatória tende a tornar mais rígidos os critérios de produção e comercialização, principalmente na Europa e nos Estados Unidos.

A combinação de dados, iniciativas e mudanças de comportamento mostra que a moda sustentável não é apenas uma promessa. Ela se consolida como exigência de mercado e como caminho inevitável para reduzir o impacto de uma das indústrias mais poluentes do mundo.

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Minimalismo, funcionalidade e inovação refletem mudanças econômicas e sociais
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Luana Marinho
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18/09/2025 - 12h

A moda, frequentemente apontada como um espelho dos tempos, volta seus olhos para tempos de escassez. Em meio à instabilidade econômica global, marcada por inflação persistente e crises políticas ao redor do mundo, ganha força o chamado “Recessioncore” (estética da recessão), que traduz, de forma visual, a precariedade e o desânimo de uma geração.

“Quando falamos de recessões, de crises econômicas, dá para ver esse reflexo diretamente na moda. Hoje, vivemos uma grande incerteza econômica, e muitas marcas de luxo começaram a lançar campanhas desperdiçando comida, baguetes sendo amassadas, frutas jogadas no chão da feira, alimentos destruídos”, afirma Audry Mary, especialista em marketing de moda e influenciadora digital. “É uma forma de comunicação: enquanto a base está sofrendo com a falta, quem consome a marca pode esbanjar. E isso é extremamente político”, acrescenta Audry.

Se nos anos de crescimento econômico os desfiles explodem em cores vibrantes, brilhos e ostentação, em momentos de incerteza o figurino muda: tons neutros, silhuetas sóbrias e peças utilitárias assumem o protagonismo. É o que se vê agora com a ascensão da estética “clean girl”, termo popularizado no TikTok e em outras redes sociais que descreve um estilo minimalista, com peças básicas, cores neutras e cortes discretos 

"Elas são mais acessíveis, carregam pouca informação de moda e seguem um estilo mais recatado, mais doméstico”, diz Audry sobre as roupas identificadas com o estilo. “É conservador, e as marcas estão apostando muito nisso”, explica.

Segundo a especialista, a estética “clean girl” não surge isoladamente: é resultado direto de um contexto econômico instável, no qual o crescimento do "quiet luxury" (luxo silencioso) e de coleções minimalistas indica que as marcas buscam transmitir segurança e sobriedade. Historicamente, períodos de recessão geraram mudanças semelhantes. Durante a Grande Depressão, cortes retos e tecidos duráveis se tornaram padrão, enquanto a crise de 2008 reforçou o consumo de fast fashion e peças de baixo custo, ainda que de qualidade inferior.

O impacto econômico também se reflete no crescimento do mercado de roupas de segunda mão, que se tornou um indicativo claro das mudanças no comportamento de consumo. Nos Estados Unidos, o mercado de moda de segunda mão alcançou US$ 50 bilhões em 2024, com projeção de crescimento para US$ 73 bilhões até 2028, impulsionado principalmente por millennials e pela geração Z, nascidos entre 1981 e 2010, que buscam alternativas mais acessíveis e responsáveis. Esse movimento transforma o mercado de segunda mão em uma tendência não apenas econômica, mas também cultural, refletindo valores de sustentabilidade e consumo consciente.

No Brasil, a ascensão dos brechós segue a mesma lógica: adaptação à crise econômica, respeito às prioridades financeiras e resposta às incertezas sociais. Segundo dados do Sebrae, o país contava com mais de 118 mil brechós ativos em 2023, representando um aumento de 30,97% em relação aos cinco anos anteriores. Além disso, o mercado de brechós no Brasil deve movimentar cerca de R$ 24 bilhões até 2025, superando o mercado de “fast fashion” até 2030, conforme projeções da Folha de São Paulo.

O crescimento do mercado de brechós também é impulsionado por plataformas digitais. O Enjoei, com mais de 1 milhão de compradores e 2 milhões de vendedores ativos, abriu recentemente sua primeira loja física no Rio de Janeiro e adquiriu a Gringa, plataforma de revenda de artigos de luxo de segunda mão, por R$ 14 milhões, evidenciando a demanda crescente por itens de alto valor.

Esse movimento também pressiona a indústria tradicional, que já responde com novas estratégias. O aumento dos custos de produção deve acelerar o uso de matérias-primas alternativas, como tecidos reciclados e fibras de origem vegetal, além de experimentos com couro vegetal e biotêxteis. Ao mesmo tempo, cresce a exigência por transparência nas cadeias de produção: passaportes digitais de produtos, rastreabilidade de origem e relatórios de impacto ambiental podem deixar de ser tendência para se tornar padrão da indústria.

Olhando para o futuro, a moda deve consolidar caminhos cada vez mais funcionais, atendendo à demanda de consumidores impactados pela instabilidade econômica, que priorizam praticidade e durabilidade. Segundo Audry, essa tendência deve se intensificar. “Acredito que vamos ver cada vez mais peças utilitárias, roupas multiuso e tecidos resistentes ganhando protagonismo, porque o consumidor está buscando longevidade e funcionalidade em tudo o que veste”, afirma.

O minimalismo, já consolidado, deve permanecer central, mas com variações sutis. “Minha aposta é que tons terrosos, cortes amplos e peças que permitam personalização vão se tornar ainda mais comuns, enquanto pequenos revivals dos anos 2000 e 2010 reinterpretam itens básicos para novas gerações”, diz a influenciadora, que também projeta expansão de modelos híbridos, que combinam venda de peças novas, revenda, aluguel e customização, fortalecendo a economia circular como resposta prática às restrições financeiras. 

A tecnologia surge ainda como aliada estratégica, com inteligência artificial e provadores digitais ajudando marcas a reduzir desperdícios e aproximar consumidor e produto. “A inovação permite que a indústria transforme limitações econômicas em oportunidades criativas”, conclui Audry, reforçando que, para o futuro, a moda funcionará como um laboratório de soluções, mais do que apenas reflexo de crise.

 

 

 

A semana de moda americana deu start na temporada internacional que marca o mês de Setembro
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Felipe Volpi Botter
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15/09/2025 - 12h

De 11 a 16 de setembro, a cidade de Nova Iorque abre espaço em sua frenética rotina para as passarelas apresentarem as novidade da Primavera/Verão 2026 e abrilhantar os olhos dos fãs de moda.

No dia de ontem, 14, Manhattan foi banhada por looks com mistura de texturas entre tecidos fluidos, bordados, transparências. Além de um protagonismo para uma alfaiataria reformulada, com cortes ousados e proporções exageradas.

Cores neutras mescladas com pontos de cores vibrantes de (vermelho, laranja e estampas arriscadas), marcaram o quarto dia de evento, que integra o calendário das chamadas "Big Four" ao lado de Paris, Milão e Londres.

O street style acompanhou essa atmosfera de contrastes: looks mais sóbrios recebendo toques fortes com a adesão de acessórios chamativos, sobreposições e cortes assimétricos.

A beleza esteve com foco em peles naturais, "menos pesado”, valorizando textura natural da pele, evidenciando seu brilho sutil.

Alguns desfiles se ressaltaram na mídia pela forte identidade visual, seja pelas temáticas ou pela presença de celebridades, como Oprah Winfrey, Lizzo, Natasha Lyonne e outros.

Kai Schreiber, filha trans de Naomi Watts e Liev Schreiber, abriu o desfile de Jason Wu. O show homenageou o artista Robert Rauschenberg, mesclando arte e moda fortemente influenciadas pelo seu legado.
 

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A modelo Kai Schreiber abrindo o desfile de Jason Wu (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

O designer Christian Siriano apresentou uma coleção primavera/verão 2026 com inspiração no velho glamour de Hollywood; houve vestidos longos, looks dramáticos, mistura de masculinidade e feminilidade com peças ousadas, além de chapéus impactantes.
 

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Desfile Christian Siriano (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

Sergio Hudson mostrou uma coleção vibrante, com ternos trabalhados, uso de estampas e bordados com inspiração africana, foco em alfaiataria refinada.

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Desfile Sergio Hudson, com inspiração no glamour da moda africana (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

Momentos de street style e aparições de celebridades: muita gente do mundo artístico presente nos desfiles e eventos de moda, com looks chamativos, acessórios fortes, e aquele mix de elegância + ousadia.

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Celebridades presentes no evento, como Katie Holmes e Whoopi Goldberg (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)



Vivian Wilson (filha de Elon Musk) fez sua estreia em passarela, desfilando para Alexis Bittar. O desfile abordou uma temática social/política, misturando teatralidade e crítica em sua estética.

 

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Vivian Wilson no desfile da Alexis Bittar (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

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Setor têxtil cresce com foco em bem-estar, tecnologia e sustentabilidade
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Larissa Pereira José
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05/09/2025 - 12h

 

Gradualmente, a busca pelo bem-estar deixou de ser apenas mais uma tendência momentânea e se consolidou como um dos principais motores da moda. No Brasil, de acordo com o Sebrae Paraná, o setor fitness movimenta cerca de R$ 8 bilhões por ano e cresce em média 8,2% ao ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O país ocupa a segunda posição no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, e atrai investimentos que unem estilo, performance e consciência ambiental.

O fenômeno é reforçado pelo enclothed cognition, conceito que descreve como as roupas influenciam o comportamento. Vestir roupas esportivas aumenta a disposição para a prática de exercícios, unindo moda e psicologia. No Brasil, casos de sucesso confirmam o potencial. A marca catarinense Live! cresce cerca de 45% ao ano e já exporta para Ásia e Oriente Médio, consolidando a vocação nacional para o segmento.

Em entrevista exclusiva para a AGEMT, a estilista Dafne Setton, especialista em moda fitness, defende que esse cenário reflete uma transformação no comportamento do consumidor. “Hoje as pessoas querem se sentir bem durante todo o dia. A roupa precisa ter conforto, permitir mobilidade e, ao mesmo tempo, transmitir estilo. É por isso que o athleisure se tornou um símbolo de estilo de vida. Ele expressa disciplina e descontração”, afirma.

As novas preferências apontam para silhuetas mais amplas, como calças cargo e trackpants oversized, em substituição às leggings ajustadas ao corpo. Ao mesmo tempo, cresce a exigência por sustentabilidade, reforçando o protagonismo de tecidos tecnológicos que unem compressão, respirabilidade e fibras recicladas. “Tecido ecológico não é mais um diferencial e sim um requisito. O consumidor jovem exige isso”, explica Dafne. O mercado de luxo também se aproxima desse movimento, criando um fenômeno conhecido como cardio couture — tradução livre “alta costura do cardio”, expressão usada para definir treinos ou práticas esportivas que incorporam estética e sofisticação típicas da moda de luxo, transformando o exercício físico em experiência de estilo. Grifes como Louis Vuitton e Prada lançaram acessórios esportivos sofisticados, transformando o athleisure em um item de estilo de vida.

O clima tropical brasileiro também favorece o uso cotidiano de roupas leves, que transitam facilmente entre o ambiente de treino e o lazer. Além disso, a forte cultura de praia e a valorização da estética corporal ajudam a consolidar um estilo de vida em que o bem-estar é parte do cotidiano. Esse contexto cria um mercado interno robusto e uma vitrine atraente para a exportação de marcas nacionais.

Outro ponto de destaque é a crescente adesão das academias e estúdios de bem-estar a estratégias de branding ligadas à moda. Muitas oferecem coleções próprias de roupas e acessórios, transformando a experiência do aluno em um pacote completo, que vai do exercício ao consumo de estilo. Essa convergência entre saúde, moda e consumo reforça o wellness como um setor multifacetado, em constante expansão e com impacto cultural direto no modo de vestir dos brasileiros.

As redes sociais também impulsionam o processo. Plataformas como TikTok e Instagram transformaram a estética wellness em repertório visual que mistura treino, alimentação saudável e moda esportiva. “As pessoas não compram só a roupa, compram a ideia de vida equilibrada — e isso é altamente compartilhado online”, observa a estilista. Para ela, o futuro da moda fitness estará ligado à tecnologia, personalização e monitoramento em tempo real. Tecidos inteligentes capazes de acompanhar sinais vitais já estão em desenvolvimento e devem ganhar espaço. “Wellness é uma nova forma de viver. Quem entender isso estará à frente do mercado”, conclui.

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Nova edição aposta na inclusão e modernidade para reconquistar o público e redefinir padrões de beleza
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Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
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16/10/2024 - 12h

Após um hiato de cinco anos, o icônico Victoria’s Secret Fashion Show está de volta, prometendo uma edição renovada. O evento, que aconteceu no dia 15 de outubro, marca uma nova fase para a famosa marca de lingerie, que vem enfrentando desafios nos últimos anos. Além de reunir supermodelos consagradas, o desfile contará com performances musicais de destaque, incluindo Cher, Lisa do grupo Blackpink, e a cantora sul-africana Tyla.

Pela primeira vez transmitido ao vivo em plataformas como TikTok, Instagram e YouTube, o show ocorrerá em Nova York  promete uma audiência global. A decisão de expandir o alcance digital do desfile reflete a estratégia da Victoria 's Secret em modernizar seu formato e reconquistar o público. Em um vídeo divulgado pela marca no início de setembro , várias veteranas da passarela, como Gigi Hadid e Tyra Banks, foram convidadas para participar deste retorno, reforçando o apelo nostálgico do evento.

A edição de 2024, além de um espetáculo visual, também traz novidades no elenco. A modelo brasileira Valentina Sampaio, de 27 anos, faz história ao se tornar a primeira trans brasileira a participar do desfile. Ela expressou sua felicidade em um post nas redes sociais, compartilhando com seus seguidores a emoção de fazer parte deste momento icônico. Valentina, que já foi a primeira modelo trans a ser contratada pela marca, comentou que se sente orgulhosa por representar a diversidade e a inclusão na moda.

O desfile deste ano, segundo a diretora criativa da marca, Janie Schaffer, foi cuidadosamente pensado para refletir as mudanças e o crescimento da Victoria 's Secret nos últimos seis anos. Schaffer afirmou que o novo formato será uma "celebração do glamour e da moda", mas sob uma "lente moderna". As famosas asas de anjo, tradicionalmente feitas de penas, agora serão produzidas com materiais sustentáveis, em resposta às críticas de ativistas ambientais e pela crescente demanda por responsabilidade social no mundo da moda.

Sofia Malamute/Victoria's Secret
Sofia Malamute/Victoria´s Secrets

 Essa nova fase da Victoria 's Secret também responde a controvérsias passadas que abalaram a imagem da marca, como a queda de audiência e as críticas sobre a falta de diversidade. Além disso, um documentário detalhou as conexões da marca com Jeffrey Epstein, um escândalo que manchou sua reputação. A empresa, agora liderada por mulheres como Sarah Sylvester e Janie Schaffer, promete que esta edição vai ressaltar os avanços da marca, tanto em termos de inclusão quanto de sustentabilidade.

O desfile incluirá um elenco diversificado de modelos, seguindo a tendência já iniciada em setembro de 2023, quando a marca lançou o documentário “The Tour ’23” na Prime Video. O filme destacou a colaboração com designers independentes de cidades como Lagos, Bogotá, Londres e *Tóquio, e trouxe supermodelos como Naomi Campbell e Adriana Lima ao lado de novas estrelas da moda, incluindo Adut Akech eWinnie Harlow.

Outro destaque desta edição é a inclusão de Ashley Graham, modelo e defensora da positividade corporal, marcando uma mudança significativa na tradicional seleção da Victoria's Secret. Ao lado de veteranas como Gigi Hadid, Lais Ribeiro e Behati Prinsloo, Graham simboliza a evolução da marca rumo a um padrão mais inclusivo de beleza.

Com essas mudanças, o Victoria’s Secret Fashion Show 2024 busca reafirmar seu lugar como um dos maiores eventos de moda do mundo, trazendo consigo uma nova era de glamour, inclusão e representatividade.

 

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A exposição, co-curada por Monica Miller e Andrew Bolton, ficará em cartaz de 10 de maio a 26 de outubro no Metropolitan Museum of Art, em NY, destacando o movimento dândi negro e suas implicações estéticas e políticas
por
Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
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16/10/2024 - 12h

O Met Gala 2025, um dos eventos mais aguardados do calendário da moda, trará um tema inovador e significativo: a moda masculina, com ênfase na formação da identidade e estilo dos homens negros ao longo do século passado. Intitulada “Superfine: Tailoring Black Style” e inspirada na obra da professora Monica Miller, a exposição busca aprofundar a relevância estética e política da moda na comunidade afro-americana.

A mostra será co-curada por Miller e Andrew Bolton, curador-chefe do Costume Institute, e ficará em exibição no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, de 10 de maio a 26 de outubro de 2025. O tão aguardado Met Gala, que serve como uma cerimônia de abertura e arrecadação de fundos, ocorrerá no dia  5 de maio, com Pharrell Williams, Colman Domingo, Lewis Hamilton e A$AP Rocky como co-anfitriões. LeBron James também terá um papel especial como co-anfitrião honorário.

Reprodução: FFW
Reprodução: FFW

Desde a sua primeira exibição dedicada à moda masculina em 2003, com "Men in Skirts", o Costume Institute já mostrava interesse na temática. Agora, com um enfoque mais profundo, a nova exposição contará com cerca de 150 peças adquiridas após o movimento Black Lives Matter, destacando o trabalho de estilistas não-brancos, além de incluir itens históricos dos séculos 18 e 19 e criações contemporâneas de figuras como Pharrell Williams e Virgil Abloh - atual e antigo diretores criativos da Louis Vuitton.

O coração da exposição será a exploração do dandismo negro, que transcende a mera construção de uma identidade. Este conceito, enraizado na história de opressão e resistência, será dividido em 12 seções, cada uma refletindo as características do dandismo negro conforme descrito no ensaio de Zora Neale Hurston, de 1934. Além de vestimentas e acessórios, a mostra incluirá pinturas, fotografias e clipes de filmes que ilustram essa rica narrativa. 

 Reprodução: Jeff Kravitz
Reprodução: Jef Kravitz

A equipe de “Superfine: Tailoring Black Style” conta ainda com o fotógrafo Iké Udé como consultor especial, enquanto Torkwase Dyson assume o design conceitual da exposição. As cabeças dos manequins, elaboradas por Tanda Francis, e as fotografias do catálogo, assinadas por Tyler Mitchell, prometem enriquecer ainda mais a experiência visual.

Com esta nova exposição, o Metropolitan Museum of Art não apenas celebra a moda masculina, mas também reflete sobre questões mais amplas de raça, identidade e a história complexa da diáspora africana. O evento, que tradicionalmente impõe um dress code, oferece liberdade aos convidados, criando um espaço para que cada um interprete o tema à sua maneira.

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Coleção especialmente desenvolvida para o nosso mercado mistura silhuetas modernas a materiais artesanais e será vendida no hemisfério sul.
por
Kiara Elias
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10/10/2024 - 12h

 

A marca espanhola comemora 25 anos em terras brasileiras  com o lançamento da coleção “Brasil Edition”, um conjunto de roupas desenvolvidas especialmente para o mercado brasileiro, que chegou na quinta-feira (10/10) ao site e na sexta (11/10) às lojas físicas.

Modelo usando um vestido curto de crochê, da coleção da Zara, posando na praia do Rio de Janeiro em frente ao morro Dois Irmãos.
A coleção possui peças em crochê em homenagem ao Brasil. FOTO: Divulgação/Zara

 

A “Brasil Edition” oferece peças femininas, masculinas e infantis que captam a “bossa local” com elementos tradicionais como crochê e renda em vestidos leves, conjuntinhos de top com saia e uma alfaiataria pouco tradicional. 

Embora a produção das roupas não seja feita no Brasil, já que segue a cadeia global da Zara, a campanha publicitária celebra  nossas paisagens naturais e a cena artística do país, com o Museu de Arte de São Paulo e o Museu de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro de  pano de fundo.

O ensaio fotográfico ficou por conta de Ángel Castellano, Jorge Pérez e Rafael Moura e contou com a participação das modelos Catarina Guedes e Bárbara Valente. Uma outra parte da Brasil Edition tem previsão de lançamento para o dia 24 de outubro, e ambas serão comercializadas em todo o hemisfério sul. 

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De recortes dramáticos a tons pasteis clássicos, os desfiles revelam nova era de inovação e expressão, desafiando convenções e celebrando a criatividade
por
Beatriz Vasconcelos e Clara Maia
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04/10/2024 - 12h

No dia 1º de outubro, a Semana de Moda de Paris encerrou sua temporada Primavera/Verão 2025 com os desfiles de grandes nomes como Chanel, Miu Miu e Louis Vuitton. O evento, que teve início no dia 23 de setembro, é conhecido por antecipar as principais tendências que vão influenciar o mercado nas próximas estações.

Chanel

A Chanel trouxe uma coleção com uma atmosfera que evocava o tema da liberdade, refletido em sua cenografia com grades, gaiolas e pássaros. A inspiração veio de uma famosa citação de Gabrielle Coco Chanel sobre a busca por autonomia: “Sempre quiseram me prender em gaiolas, com promessas e luxos. No entanto, eu só desejava a liberdade da gaiola que eu mesma criasse”, dizia o cartão que acompanhava o desfile.

Uma grande gaiola foi posicionada no centro do Grand Palais, local icônico dos desfiles da marca, que voltou a receber eventos após uma reforma de 30 milhões de euros, financiada pela própria maison. Com sua estrutura de aço e vidro, o edifício em si funcionava como uma metáfora de jaula, algo que talvez a própria Chanel tivesse interesse em criar e habitar.

Chanel primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação
Chanel primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação

Com a saída da diretora criativa Virginie Viard em junho, a coleção foi desenvolvida inteiramente pela equipe da marca. Peças clássicas de tweed dominaram a passarela, mantendo as características tradicionais da grife. A coleção adotou uma abordagem mais comercial, destacando o domínio da marca na criação de produtos de alta qualidade. Elementos como plumas, tons de azul, tecidos leves, transparências e brilhos foram combinados com itens casuais, como o jeans, para definir o estilo do verão de 2025.

Miu Miu

Sob o comando de Miuccia Prada, a Miu Miu continua a surpreender e se manter em alta. Para o verão de 2025, a marca apostou em uma fusão de estilos, apresentando uma coleção colorida e maximalista. Elementos boho, como cintos metálicos, foram misturados com peças mais tradicionais, como casacos no estilo colegial.

Conhecida por ressuscitar a tendência das saias curtas nas últimas coleções, desta vez a marca inovou ao trazer peças longas e midi, provando mais uma vez a versatilidade de Miuccia. Maiôs, vestidos volumosos, estampas florais e geométricas, óculos arredondados e bolsas práticas compuseram o visual ousado e moderno da marca para a nova temporada.

Outro grande destaque do desfile se dá pela presença de grandes celebridades na passarela, entre elas Hilary Swank, Cara Delevigne e principalmente Willem Dafoe. Não é a primeira vez que o ator ousou na passarela, já que em 2012 participou do desfile histórico de primavera Prada. “É muito divertido…é como estar atuando em um novo personagem” declara Dafoe para a Vogue, momentos depois de desfilar.

Willem Dafoe e Cara Delevigne para Miu Miu primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação
Willem Dafoe e Cara Delevigne para Miu Miu primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação

O cenário do show foi marcado por uma instalação artística da polonesa Goshka Macuga, que recriou uma gráfica de um jornal fictício, o "The Truthless Times". A escolha provocativa convidava o público a refletir sobre a enxurrada de informações não verificadas e conteúdo enganoso amplamente disseminado nas redes sociais. Assim como a coleção da Prada, que também explorou o tema da sobrecarga de informações, a Miu Miu propôs uma abordagem que ultrapassa o universo das roupas, incentivando uma perspectiva crítica e a autonomia no pensamento – conceitos que também estavam presentes nas peças exibidas.

 

 

Louis Vuitton

A Louis Vuitton desfilou sua coleção no icônico Louvre, com uma passarela adornada por baús e malas de viagem. A coleção, assinada por Nicolas Ghesquière, deu continuidade à estética apresentada no verão de 2024, mantendo a visão exploratória da marca. A passarela, feita de baús de viagem, foi erguida diante dos convidados em um ambiente escuro. Ao fundo, "Louis Vuitton Paris" brilhava em LED. 

Listras em tons terrosos e avermelhados apareceram em tecidos fluidos que moldavam o corpo, ao lado de casacos com mangas bufantes e saias com brilho. Ghesquière também trouxe camisas oversized com estampas que remetem ao expressionismo, mantendo sua assinatura criativa ao combinar o clássico com o contemporâneo. As peças evocavam imagens históricas que iam desde trajes da Revolução Francesa até casacos militares dos anos 1940 e jaquetas esportivas dos anos 1980. Embora pareça uma combinação ousada, é exatamente o tipo de construção que o diretor criativo adora explorar.

Louis Vuitton primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação
Louis Vuitton primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação

A distopia, nesta temporada, foi representada pelas obras do artista francês Laurent Grasso, cujas pinturas da série Studies into the Past (2009) foram reproduzidas nas camisas finais do desfile. Nessas paisagens a óleo, castelos e cavaleiros medievais aparecem ao lado de eclipses solares e outros fenômenos da natureza.

Na primeira fileira estavam reunidos os amigos principais embaixadores da marca, entre eles a nossa medalhista olímpica, Raíssa Leal. A lista se estende com nomes importantes, como Zendaya, Jaden Smith, Chloe Moretz, Cate Blanchett, entre outros.

Raissa Leal no desfile da Louis Vuitton - Crédito: Divulgação
Raissa Leal no desfile da Louis Vuitton - Crédito: Divulgação

Coperni

A Coperni encerrou a Semana de Moda de Paris de maneira inesquecível, levando o público ao icônico parque temático da Disney para apresentar sua coleção. O desfile aconteceu em meio à magia da Disneyland Paris, onde a marca já havia criado burburinho anteriormente com o seu sapato que remete às famosas orelhas do Mickey. Essa conxão entre a moda e o universo lúdico do parque trouxe um toque de fantasia ao evento, criando uma atmosfera única para a exibição das peças.

A coleção, marcada pela ousadia e inovação, refletiu o estilo futurista e divertido da Coperni. Modelos desfilaram com looks que combinam elegância com uma pegada tech, apresentando tecidos metálicos, cortes geométricos e acessórios inusitados que capturaram o espírito experimental da marca. O destaque ficou por conta de peças que misturam o tradicional com a fantasia, através de formas e materiais que proporcionaram a coleção remeter aos grandes heróis e vilões tão presentes no imaginário do público.

Kylie Jenner para Coperni primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação
Kylie Jenner para Coperni primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação

Com essa coleção primavera/verão e desfile em pleno parque da Disney, a Coperni elevou ainda mais o conceito de moda como espetáculo, transformando a passarela em um palco de encantamento e criatividade. A escolha do local, aliada à presença de personalidades influentes como Kylie Jenner, consolidou o desfile como um dos mais comentados da temporada, mostrando que a marca continua a desafiar as fronteiras entre moda, tecnologia e cultura pop.

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De Fendi a Max Mara, etiquetas icônicas exploraram transparências, minimalismo sensual e maximalismo boêmio, para encerrar a semana italiana desfiles
por
Nina Januzzi da Gloria
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02/10/2024 - 12h

No domingo  22 de setembro aconteceram os últimos desfiles presenciais do Milão Fashion Week, que apresentaram as coleções primavera/verão 2025. Durante o dia, algumas das maiores casas de moda do mundo caminharam  pelas passarelas,  apresentando momentos marcantes. Entre os principais destaques, estão: Fendi, Etro, Roberto Cavalli, Max Mara e Jil Sander. 

Fendi 

A marca homenageou em seu desfile os anos 1920 e a art déco A coleção explorou a leveza e o movimento, a partir de transparências com saias de organza e vestidos adornados com bordados, tecidos fluídos e cintos baixos, que realçam a cintura. Jones utilizou também uma paleta de cores neutras, como preto, cinza pérola e bege, que consolidaram a tendência da paleta serena para a primavera/verão 2025​. 

Foto: Getty images
 Vestido Fendi coleção primavera/verão 2025 Foto: Getty Images

O desfile mostra uma nova fase da Fendi, sob a liderança de Kim Jones, que assumiu a direção criativa da casa após Karl Lagerfeld. Sua visão tem misturado influências mais contemporâneas com tradições italianas.  A coleção também reforça o compromisso da grife com a excelência artesanal, mantendo a relevância da marca no cenário global. 

Kim Jones e Karl Lagerfeld
Kim Jones e Karl Lagerfeld   Foto: Page six

Etro 

Para a coleção primavera/verão 2025, o designer Marco de Vincenzo, abraçou o maximalismo em estampas florais paisley, crochê, lantejoulas coloridas e camadas ricas que refletiam a estética boêmia característica da grife. 

O desfile ainda contou com a trilha sonora da cantora Daniela Pes, que adicionou uma energia vibrante à apresentação, reforçando a extravagância das peças. Além disso, o uso de acessórios e camadas destacou a originalidade e ousadia da marca. 

Coleção Etro
Coleção boho da marca Etro Foto: Fashion Network

Max Mara

A grife italiana Max Mara trouxe uma nova perspectiva para o minimalismo moderno, trazendo um toque sensual e inesperado a suas peças sofisticadas. A coleção apresentada apostou em cortes minimalistas e detalhes ousados, como a cintura alta e camisas longas com fendas que revelavam lingerie preta. 

Mesmo as peças mais tradicionais da marca ganharam uma nova versão, com recortes estratégicos, que visavam reforçar a ideia de que o minimalismo também pode ser provocante. 

Max Mara desfile
Design da grife Max Mara para o Milão fashion week Foto: Fashion Network

Roberto Cavalli 

Fausto Puglisi, diretor criativo da marca, apresentou uma coleção que se destacou como um dos grandes momentos do dia. O designer explorou sua herança siciliana, a partir de peças que remetiam ao litoral mediterrâneo e à natureza. 

Os looks apresentaram uma profusão de plissados, penas e sequins, com vestidos esvoaçantes que pareciam capturar o movimento da água e do pôr do sol em suas estampas. As peças que mais se destacaram foram as em tons de areia e impressões aquareladas. A junção dessas características, deu à coleção um ar hipnotizante. 

Roberto Cavalli
Coleção primavera/verão 2025 da marca Roberto Cavalli Foto: Runway Magazines

Jil Sander

A marca, comandada por Lucie e Luke Meier, apresentou uma coleção surrealista, inspirada pelo trabalho do fotógrafo Greg Girard. As peças misturavam a simplicidade do cotidiano com toques sofisticados, a partir de vestidos volumosos com golas extravagantes e estampas de carros antigos, o que gerava a sensação de distorção intencional e desafiava o conceito de beleza tradicional. 

Essa combinação entre familiaridade misturada com um toque de estranheza, tornou o desfile um dos mais intrigantes do dia. 

Jil Sander estampa de carro
Design com estampa de carro Foto: Fashion Network 

 

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