Entre ocupações e assembleias, universitários fazem da moda um instrumento de protesto
por
Maria Julia Malagutti.
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26/06/2025 - 12h

Nas ruas e universidades, a moda afirma-se como linguagem política: um código visual capaz de expressar ideologias, indignações e identidades coletivas. Em um Brasil marcado por tensões sociais, reações conservadoras e a articulação de movimentos progressistas, o corpo torna-se campo de disputa simbólica.

Esse uso da estética como resistência não é novo. Nos anos 1960 e 1970, movimentos como o feminismo, o black power e o punk já faziam do vestuário uma ferramenta de contestação. Hoje, esse gesto se atualiza: a camiseta da seleção brasileira, antes símbolo nacional, virou objeto de disputa ideológica, enquanto outras peças se consolidam como marcas visuais de protesto, como os keffiyehs em atos pró-Palestina ou camisetas com frases como “Estado laico já”.

Em entrevista à AGEMT, a estilista Isadora Barbozza afirma que “o vestuário é essencial para transmitir mensagens sociais, culturais, ideológicas e políticas”. Para ela, é possível reconhecer, à primeira vista, a filiação a uma causa, crença ou identidade coletiva. “Você consegue, num olhar, identificar uma roupa de matriz africana. É muito expressivo”, destaca. Ela lembra que religiões, culturas e instituições sempre usaram a roupa como marcador simbólico — mostrando que o corpo vestido participa da construção de sentidos sociais.

Na universidade, esse fenômeno se intensifica. Na PUC-SP, onde o movimento estudantil voltou a se articular em 2025, com assembleias e protestos pela democratização interna e contra retrocessos nos direitos humanos, o vestir passou a compor o ato político. Camisetas com símbolos de partidos e movimentos sociais — como o PT, o MST e coletivos feministas — tomaram os corredores, transformando o corpo dos estudantes em suporte de convicções. A escolha da roupa deixa de ser neutra e se torna apoio ao debate.

A relação entre vestuário e engajamento também aparece na fala de Martim Tarifa, estudante de Jornalismo da PUC-SP. Em entrevista à AGEMT, ele conta que escolheu sua roupa com intenção ao participar da assembleia da ocupação estudantil. “Não fazia sentido ir com qualquer roupa. Vesti minha camiseta antifascista porque, da minha casa até lá, queria deixar claro meu apoio à mobilização”, explica. Para ele, mesmo quando não há uma intenção explícita, o modo de se vestir carrega significados. “Só de olhar para o estilo de uma pessoa, já dá pra perceber uma possível posição política. É uma forma de se posicionar e também de se identificar”, acrescenta.

 

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Confira como foram os desfiles do último dia da semana de moda paulistana
por
Pedro da Silva Menezes
Helena Haddad
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23/04/2025 - 12h

Na sexta-feira (11), o último dia da 59ª edição da São Paulo Fashion Week foi marcado por três desfiles de estilos distintos. A capital paulista recebeu as novas coleções da Handred, Patricia Vieira e PIET que encerraram o evento.

Handred

Abrindo o  dia, Handred apresentou uma coleção cheia de referências artísticas brasileiras e inspiradas na tapeçaria. Ponto Brasileiro – nome da coleção assinada pelo estilista André Namitala- traduziu a homenagem desejada pelo artista: “Uma ode ao legado dos grandes mestres tapeceiros”

O desfile ocorreu na galeria Passado Composto, no bairro do Jardins. Enquanto os modelos passavam apresentando a coleção, André narrava o desfile comentando os looks, suas técnicas e seus pensamentos, uma ambientação única e intimista. A  Handred trouxe excelência na necessidade atual de experiências imersivas para a passarela.

A coleção acentua os trabalhos manuais do ateliê e comemora brasilidade – as cores vibrantes, peças inspiradas em obras de Jacques Douchez e na ilustração “Jardim Brasileiro” do artista Filipe Jardim. As técnicas refinadas com ajuda do Apara Studio relembram Genaro de Carvalho, tapeceiro brasileiro que incorporava cores e a cultura brasileira em suas obras.

Uma coleção com bordados, organza, lã, veludo e seda, tudo conversa com as obras. Outro ponto alto foi a beleza assinada por Carla Biriba, a maquiagem dos modelos conversava diretamente com as peças e passavam do corpo para o rosto. A linha transcende a moda e mostra como caminhar junto da arte brasileira.

Modelo no desfile da Handred
Desfile Handred. Fonte: Reprodução/Agfotosite

 

Patricia Viera 

Marca consolidada na SPFW e conhecida pelo trabalho com couro, Patricia Viera apresentou sua nova coleção na Casa Higienópolis, em parceria com o artista Jardel Moura, responsável pelo desenvolvimento do corte tipo richelieu - caracterizado por desenhos vazados, muitas vezes com flores, folhagens ou padrões geométricos . 

Sempre buscando inovação com sustentabilidade, Viera traz uma coleção que reforça seus atributos ao usar tecnologia a laser na construção do couro. Inspirada no Art Déco, a estilista aposta em tons sóbrios, como bordô, marinho e até metálicos, aliados à geometria. Os mosaicos, criados por meio do programa Zero Waste, reutilizam sobras de couro do ateliê, promovendo uma produção mais consciente.

Com uma ambientação clássica, a coleção revisita o passado sem deixar de valorizar o presente, trazendo elementos como um vestido de noiva e o uso de animal print. O trabalho artesanal das peças é único e reafirma o luxo característico da marca. Pela primeira vez, a marca apresentou uma coleção própria de sapatos, expandindo seu portfólio de produtos.

Modelo com vestido de noiva no desfile da Patricia Viera
Vestido de noiva em couro. Fonte: Agfotosite/Zé Takahashi

 

PIET

Com trilha sonora de Marcelo D2 e Nave Beats, Pedro Andrade criou um cenário único no estádio do Pacaembu para apresentar o desfile da PIET. O futebol foi o protagonista da coleção. O estilista explicou à CAPRICHO que a apresentação funciona como uma linha do tempo que começa nas memórias de infância, que ajudam a formar o imaginário coletivo da população sobre o esporte. “O futebol está no nosso DNA”, declarou.

Ele explora diversos personagens nas roupas: do torcedor ao técnico, passando pelo jogador e até mesmo pelo soldado na reserva, que passa a maior parte do tempo jogando bola. Por meio de uma combinação de modelagens justas e oversized, meiões, releituras de camisas de time e estampas camufladas, o estilista traduz essas personas em suas peças.

Modelos no desfile da Piet no campo do estádio do Pacaembu
Desfile da PIET na SPFW N59. Fonte: Agfotosite/Marcelo Soubiha

 

A maquiagem também teve destaque na passarela. Helder Rodrigues foi o responsável pela beleza dos modelos, que apareceram desde apenas com blush, até rostos completamente pintados, que evocaram a paixão dos fanáticos pelo esporte.

Desde 2022, a São Paulo Fashion Week passou a vender ingressos, mas o evento da marca de streetwear foi em contrapartida ao disponibilizar 4 mil entradas gratuitas para o público e reuniu uma comunidade fiel à marca. A escolha foi certeira, já que os torcedores formam parte essencial desse “jogo da moda”.

Estreante na SPFW em 2018, a PIET conquistou reconhecimento internacional ao firmar parcerias com marcas como Oakley, Puma e Levi’s. Com o encerramento da semana de moda, ela trouxe uma atmosfera de final de Copa do Mundo e reafirmou a democratização dos espaços da moda com a coleção “Farmers League”.

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Grandes marcas enfrentam críticas sobre métodos de produção e as reais práticas do mercado de luxo
por
Isabelli Albuquerque
Vitória Nascimento
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22/04/2025 - 12h

No começo do mês de abril, o jornal americano Women's Wear Daily (WWD) divulgou em suas redes sociais um vídeo que mostrava os bastidores da fabricação da bolsa 11.12, um dos modelos mais populares da histórica francesa Chanel. Intitulado “Inside the Factory That Makes $10,000 CHANEL Handbags” (“Dentro da Fábrica que Produz Bolsas Chanel de US$10.000”), o material buscava justificar o alto valor do acessório, mas acabou provocando controvérsia ao exibir etapas mecanizadas do processo, incluindo a costura.

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Imagem do vídeo postado pelo WWD que foi deletado em seguida. Foto: Reprodução/Tiktok/@hotsy.magazine

Embora o vídeo também destacasse momentos artesanais, como o trabalho manual de artesãs, a revelação de uma linha de produção mais automatizada do que o esperado causou estranhamento entre o público nas redes sociais. A repercussão negativa levou à exclusão do conteúdo poucas horas após a publicação, mas o vídeo continua circulando por meio de republicações. 

Além do material audiovisual, a WWD publicou uma reportagem detalhada sobre o processo de confecção das bolsas. Foi a primeira vez que a maison fundada por Coco Chanel, em 1910, abriu as portas de uma de suas fábricas de artigos em couro. A iniciativa está alinhada ao Regulamento de Ecodesign para Produtos Sustentáveis, que visa ampliar a transparência ao oferecer informações claras sobre a origem dos produtos, os materiais utilizados, seus impactos ambientais e orientações de descarte através de um passaporte digital dos produtos.

Em entrevista à publicação, Bruno Pavlovsky, presidente de moda da Chanel, afirmou: “Se não mostrarmos por que é caro, as pessoas não saberão”. Ao contrário do vídeo, as imagens incluídas na matéria priorizam o trabalho manual dos artesãos, reforçando a narrativa de exclusividade e cuidado artesanal.

Para a jornalista de moda Giulia Azanha, a polêmica evidencia um atrito entre a imagem construída pela marca e a realidade do processo produtivo. “Acaba criando um rompimento entre a qualidade percebida pelo cliente e o que de fato é entregue”, afirma. Segundo ela, a reação negativa afeta principalmente os consumidores em potencial, ainda seduzidos pelo imaginário construído pela grife, enquanto os compradores habituais já estão acostumados com o funcionamento e polêmicas do mercado de luxo.

Atualmente, a Chanel administra uma série de ateliês especializados em ofícios artesanais por meio de sua subsidiária Paraffection S.A., reunidos no projeto Métiers d’Art, voltado à preservação de técnicas manuais tradicionais. A marca divulga sua produção feita à mão como um de seus pilares. No entanto, ao longo dos anos, parte da fabricação tornou-se mais automatizada — sem que isso tenha sido refletido nos preços finais.

Em 2019, a bolsa 11.12 no tamanho médio custava US$ 5.800. Hoje, o mesmo modelo é vendido por US$ 10.800 — um aumento de 86%. Para Giulia, não é o produto em si que mantém o caráter exclusivo, mas sim a história da marca, a curadoria estética e seu acesso extremamente restrito: “No final, essas marcas não vendem bolsas, roupas, sapatos, mas sim a sensação de pertencimento, de sofisticação e inacessibilidade, mesmo que seja simbólico”.

A jornalista de moda acredita que grande parte das outras grifes também adota um modelo híbrido de produção, que combina processos artesanais e mecanizados. Isso se justifica pela alta demanda de modelos como as bolsas 11.12 e 2.55, os mais vendidos da Chanel, o que exige uma produção em escala. No entanto, Giulia ressalta que a narrativa em torno do produto é tão relevante quanto sua fabricação: “O conceito de artesanal e industrial no setor da moda é uma linha muito mais simbólica do que técnica”, afirma.

Na mesma reportagem da WWD, Pavlovsky afirmou que a Chanel pretende ampliar a divulgação de informações sobre o processo de fabricação de seus produtos. A iniciativa acompanha a futura implementação do passaporte digital, que será exigido em produtos comercializados na União Europeia. A proposta é detalhar como os itens são produzidos, incluindo dados voltados ao marketing e à valorização dos diferenciais que tornam as peças da marca únicas. A matéria da WWD foi uma primeira tentativa nesse sentido, mas acabou não gerando a repercussão esperada.

“O não saber causa um efeito psicológico e atiça o desejo por consumo, muito mais rápido do que a transparência”, observa Giulia, destacando o papel do mistério no universo do luxo. Para ela, as marcas enfrentam o dilema de até que ponto devem revelar seus processos sem comprometer a aura de exclusividade. Embora iniciativas como a da Chanel pareçam valorizar aspectos como a responsabilidade ambiental e o trabalho manual — atributos bem recebidos na era das redes sociais, a jornalista acredita que a intenção vai além da educação do consumidor: “A ideia é parecer engajado e preocupado com a produção e seus clientes, mas a intenção por trás está muito mais ligada a humanizar a grife do que, de fato, educar o público”.

 

Até onde as práticas de fabricação importam?

 

Também no início de abril, diversos perfis chineses foram criados no aplicativo TikTok. Inicialmente, vídeos aparentemente inocentes mostrando a fabricação de bolsas e outros acessórios de luxo foram postados. Porém, com o aumento das taxas de importação causada pelo presidente americano, Donald Trump, estes mesmos perfis começaram a postar vídeos comprovando que produtos de diversas grifes de luxo são fabricados na China.

Estes vídeos se tornaram virais, arrecadando mais de 1 milhão de visualizações em poucos dias no ar. Um dos perfis que ganharam mais atenção foi @sen.bags_ - agora banido da plataforma -, usado para expor a fabricação de bolsas de luxo. Em um dos vídeos postados no perfil, um homem mostra diversas “Birkin Bags” - bolsas de luxo fabricadas pela grife francesa Hermés, um dos itens mais exclusivos do mercado, chegando a custar entre US$200 mil e US$450 mil - que foram produzidas em sua fábrica.

As bolsas Birkin foram criadas em 1981 em homenagem à atriz Jane Birkin por Jean-Louis Dumas, chefe executivo da Hermés na época. O design da bolsa oferece conforto, elegância e praticidade, ganhando rapidamente destaque no mundo da moda.

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Jane Birkin usando a bolsa em sua homenagem. A atriz era conhecida por carregar diversos itens em sua Birkin, personalizando a bolsa com penduricalhos e chaveiros. Foto:Jun Sato/Wireimage.

A Hermés se orgulha em dizer que as Birkin são produtos exclusivos, principalmente devido ao lento processo de produção. De acordo com a marca, todo o processo de criação de uma Birkin é artesanal e o produto é fabricado com couros e outros materiais de difícil acesso. Porém, com a revelação do perfil @sen.bags_, o público começou a perceber que talvez a bolsa não seja tão exclusiva assim.

No mesmo vídeo mencionado anteriormente, o homem diz que tudo é fabricado na China, com os mesmos materiais e técnica, mas as bolsas são enviadas à Europa para adicionarem o selo de autenticidade da marca. Essa fala abriu um debate on-line, durante todo esse tempo, as pessoas só vêm pagando por uma etiqueta e não pelo produto em si?

Para Giulia, polêmicas desse nível não afetam de forma realmente impactante as grandes grifes de luxo, já que “A elite não para de consumir esses produtos, porque como já possuem um vínculo grande [com as marcas] não se trata de uma polêmica que afete sua visão de produto, afinal além de venderem um simples produto, as grifes vendem um estilo de vida compatível com seu público.

A veracidade destes vídeos não foi comprovada, mas a imagem das grifes está manchada no imaginário geral. Mesmo que a elite, público alvo destas marcas, não deixe de consumi-las, o resto dos consumidores com certeza se deixou afetar pelo burburinho.

Nas redes sociais, diversos internautas brincam dizendo que agora irão perder o medo de comprar itens nos famosos camelôs, alguns até pedem o nome dos fornecedores, buscando os prometidos preços baixos.

Financeiramente, a Chanel e outras marcas expostas, podem ter um pequeno baque, mas por conta de suas décadas acumulando capital, conseguiram se reequilibrar rapidamente. “Elas podem sentir um impacto imediato, mas que em poucos anos são contidos e substituídos por novos temas, como a troca repentina de um diretor criativo ou um lançamento de uma nova coleção icônica.”, acrescentou Giulia.

Outras grandes grifes já enfrentaram escandâlos, até muito maiores do que esse como menciona Giulia “A Chanel, inclusive passou por polêmicas diretamente ligadas a sua fundadora, até muito mais graves do que seu processo produtivo”, se referindo ao envolvimento de Coco Chanel com membros do partido nazista durante a Segunda Guerra. Porém, como apontado anteriormente, essas marcas conseguiram se reerguer divergindo a atenção do público a outro assunto impactante.

Esse caso foi apenas um de muitos similares na história da indústria da moda, mas, como apontado por Giulia: “A maior parte das grifes em questão tem ao menos 100 anos de história e já se reinventaram diversas vezes em meio a crises, logo a transformação será necessária.”

 

Tendências para próxima estação marcam presença na passarela em meio a referências inusitadas
por
Bruna Quirino Alves
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14/04/2025 - 12h


Weider Silveiro  

Weider Silveiro iniciou a sequência de desfiles da  quarta-feira (9) no Shopping JK Iguatemi. A inspiração de sua coleção de inverno foi a deusa do amor e da beleza, Vênus.

Além de trazer um estudo de várias versões da figura mitológica, previamente retratadas na história, o estilista também se aprofundou nas representações humanas da divindade, ao aclamar artistas femininas conhecidas por, tanto por seus talentos, como suas belezas físicas, como Madonna, Cher e Joelma.

As peças da coleção trazem uma nova versão dos caimentos clássicos de busto, quadril e cintura, incorporando novos formatos e silhuetas para os cortes. Com paletas em tons pastéis, elementos que estão em alta no mundo da moda também foram incluídos nos looks, como a saia balonê e a modelagem assimétrica.

Modelo com vestido vinho desfilando na passarela
Weider Silverio SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo de vestido rosa vdesfilando na passarela
Weider Silverio SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reptilia

O segundo desfile do dia foi da marca Reptilia. A coleção “Tectônica” se inspira em falhas e deslocamentos geológicos, apresentando peças com tons terrosos e estampas que remetem ao solo. 

As peças foram pensadas a partir de uma proposta agênero e tal pluralidade ficou evidente  passarela. A cartela de cores predominante no desfile ficou estacionada nos  tons marrons, com leves toques de azuis, verdes e cinzas, remetendo  a pedras minerais.

A estamparia chamou atenção por um  detalhe particular da diretora criativa, Heloisa Strobel. As estampas foram feitas a partir de fotos tiradas pela própria designer com uma câmera analógica de 35mm durante uma viagem ao Oriente Médio.

A composição de looks conta com sobreposições, peças modulares, tecidos fluídos e alfaiataria que é característica da marca. Além disso, o processo de produção inova ao combinar corte a laser com bordado manual e uso de retalhos. O reaproveitamento de tecidos reafirma o compromisso da marca com a moda sustentável.

Modelo desfilando com vestido estampado
Reptilia SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando na passarela com roupa preta e branca
Reptilia SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Led

O desfile da marca Led foi o terceiro do dia, com a irreverência de ser inspirado em novelas brasileiras.

LED apresenta a sua coleção “BR SHOW”, ambientada como um programa de televisão. A trilha sonora contava com um remix de bordões icônicos da teledramaturgia brasileira, falas de apresentadores e aberturas de programas famosos.

O estilista, Celio Dias, disse em entrevista à Globo que aproveitou a estreia da nova versão de “Vale Tudo” para embarcar na atmosfera das novelas brasileiras, sob a perspectiva de alguém que acompanhou o surgimento de tendências que vieram dessas produções.

As peças da coleção são maximalistas e contam com mistura de estampas: animal print, listras e bolinhas, além de ornamentos como franjas e pelúcia, também incorporando pontos de tricô e crochê em alguns modelos.

O streetwear teve grande destaque no desfile, com a presença de calças cargo, casacos esportivos, moletons, camisetas gráficas com trocadilhos e tênis de corrida.
 

Modelo desfilando com macacão listrado
LED SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando com vestido listrado preto e branco
LED SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

À La Garçonne

O último desfile da noite foi da marca À La Garçonne, com sua coleção mesclada entre streetwear e alfaiataria.

O estilista Fábio Souza não pensou em nenhum tema específico para basear a sua coleção, seu foco era criar peças usáveis prezando o conforto acima da estética.

O vestuário apresentado chamou atenção pela mistura de estampas, com destaque para o xadrez, que é a tendência da estação. Silhuetas bem estruturadas, uso de pregas, caimento oversized e tênis esportivos compuseram os looks.

A paleta de cores é sóbria em tons de verde militar, marrom e grafite, com o contraste de alguns relances em tons de vermelho e roxo.

O processo de produção da coleção foi realizado a partir do upcycling de tecidos vintage da própria marca e garimpado de outras. O estilista reforça o conceito de moda consciente e reuso de materiais têxteis, criando novas peças customizadas e sustentáveis.

Modelo desfilando com terno xadrez
À La Garçonne SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando vestido e calça de terno
À La Garçonne SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite


 

 

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Com grandes nomes da moda brasileira, evento chega ao seu penúltimo dia
por
Gustavo Oliveira de Souza
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14/04/2025 - 12h
Foto de desfile
Modelo durante desfile da Dendezeiro. Foto: Mauricio Santana, Getty Images
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Na quinta-feira (10), o quinto dia de desfiles na São Paulo Fashion Week  trouxe aos holofotes marcas fundamentais ao cenário nacional, pilares do reconhecimento da moda brasileira país a fora.

João Pimenta 

O primeiro desfile do dia foi do estilista João Pimenta. O já consagrado artista, que por alguns anos misturou elementos da moda voltada aos dois gêneros decidiu apostar em um conceito quase todo concentrado  no vestuário masculino. O desfile aconteceu na estação Júlio Prestes do metrô, com o nome “Em Construção”. Sua obra buscou questionar os rumos da tecnologia na moda e valorizar o trabalho manual.

Dendezeiro

No JK Iguatemi, a Dendezeiro foi a segunda grife do dia a desfilar. A marca baiana da dupla Hisan Silva e Pedro Batalha trouxe um conceito que homenageava a região Norte do Brasil, com muito destaque à Amazônia. Chamada de “Brasiliano 2: A Puxada para o Norte”, o desfile destacou a fauna, com estampas de peixe e bolsas em formato de capivara, além de camisetas com frases exaltando a cultura local.

MNMAL

O penúltimo desfile do dia foi da estreante MNMAL. Fundada em 2022, a marca tem seu conceito baseado no minimalismo, e na passarela não foi diferente. Assinada pelo estilista Flávio Gamaum, as peças têm como principal destaque o conforto, pensada para o cotidiano no lar e home-office. Mesmo com todo o conforto, a elegância não é deixada de lado.

Walério Araújo 

Fechando o dia 10, o importante estilista Walério Araújo trouxe seu conceito usualmente impactante. Já tendo sido considerado um dos maiores estilistas do mundo, o pernambucano traz, novamente, a ousadia. Com diversas homenagens às mulheres trans, a bandeira de arco-íris apareceu em vestidos e peças mais casuais. Como novidade, a alfaiataria esteve presente, com peças que mostram a diferença na manifestação de gênero em locais públicos e privados.

Todos os desfiles marcaram, novamente, uma nova trajetória na moda brasileira. Sendo dos mais novos aos mais veteranos, quem esteve presente pôde acompanhar mais um capítulo da história do fashion no Brasil. 

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Reviva alguns dos looks e histórias mais marcantes de um dos maiores eventos de moda
por
Maria Fernanda Muller
Mariana Souza
Yasmin Solon
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04/05/2023 - 12h

Enfim aconteceu mais uma edição do Met Gala!

 O tema da exposição que justifica o Met Gala 2023 – arrecadar fundos para o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque – é “Karl Lagerfeld: A Line of Beauty”, uma homenagem a imensa obra e vida de Karl Lagerfeld, estilista e designer de moda alemão que faleceu em 2019. Lagerfeld esteve à frente de Fendi, Chanel e sua grife homônima, além de passagens em outras marcas da alta costura como Balmain, Jean Patou e Chloé.

Além de toda sua trajetória, 150 peças originais desenhadas por Lagerfeld, serão expostas ao público. Portanto, o dress code do evento foi definido como “In honor of Karl” (“Em homenagem a Karl”). Anna Wintour, editora chefe da Vogue America e presidente do Met Gala, convidou Penélope Cruz, Michaela Coel, Roger Federer e Dua Lipa para serem os co-apresentadores da noite exclusiva.

Lagerfeld foi polêmico inúmeras vezes por fazer comentários indelicados. Apesar de ser progressista nos desenhos, o estilista idolatrava a magreza, já foi acusado de xenofobia, misoginia, machismo e ainda se mostrou contra as causas animais que visam acabar com o uso de animais em roupas, bolsas e sapatos.

Separamos alguns dos momentos que fizeram história ao longo dos anos. Reunindo celebridades, estilistas, designers, modelos e o melhor do mundo artístico, mergulhe nessa linha do tempo: 

Cher Met Gala 1974

No Met Gala de 1974, o tema foi "Romantic and Glamorous Hollywood Design". A exposição e o evento celebraram a moda e o estilo da Era de Ouro de Hollywood, homenageando os designers e estilistas que contribuíram para o glamour e o romance do cinema. O tema permitiu aos convidados explorar o estilo clássico e sofisticado dos filmes e estrelas da época, destacando-se com trajes elegantes inspirados na moda hollywoodiana.

Neste ano o vestido de Cher, feito pelo renomado estilista Bob Mackie, causou muita agitação. O vestido foi considerado um dos Naked Dresses (vestido transparente) mais famosos de todos os tempos. 

cher met 1974
Cher chegando no MET de 1974, com o vestido feito por Bob Mackie - Foto: Ron Galella / Getty Images

Um vestido transparente bordado com mangas e saia de penas brancas. Quase tudo era visível, incluindo os mamilos de Cher (os protetores de mamilos ainda não eram usados naquela época).

Um tempo depois, ela usou o vestido em uma fotografia que apareceu na capa da revista Time, que na época reservava o lugar de destaque para líderes mundiais ou pessoas que tivessem destaque revolucionário, em contrapartida, Cher estampava a capa usando a peça polêmica, o que fez com que a revista esgotasse quase que imediatamente nas bancas de jornais. A repercussão foi tamanha que algumas cidades chegaram a proibir a venda da edição.

 

Rihanna Met Gala 2015

O tema deste ano foi "China: Through the Looking Glass" (China: Através do Espelho). A temática do evento explorou a influência da cultura chinesa na moda ocidental ao longo dos anos, além de combinar elementos tradicionais chineses com interpretações modernas e contemporâneas, examinando como a estética chinesa influenciou e inspirou os designers de moda. 

O resultado foi a incorporação de elementos inovadores na estética americana, o que enriqueceu a exposição dos trajes no tapete vermelho. Muitos convidados abraçaram o tema com a introdução desses elementos e referências da cultura chinesa em seus looks. Rihanna fez uma entrada ousada e icônica com seu visual que se tornou um dos mais comentados e memoráveis da noite. 

rihanna met 2015
Rihanna foi um dos destaques no tapete vermelho do MET de 2015 - Foto: Mike Coppola / Getty Images

Ela vestia um vestido amarelo extravagante, criado pelo estilista chinês Guo Pei. O vestido era extremamente volumoso, com uma cauda longa que se estendia pelo tapete vermelho. Feito de seda amarela vibrante, apresentava uma mistura de elementos tradicionais chineses e um design contemporâneo. Era ricamente decorado com bordados intrincados, detalhes florais em 3D e contas douradas.

O look de Rihanna foi tão impactante que foi apelidado de "omelete" ou "pizza" nas redes sociais, devido ao seu formato circular e tamanho exuberante. O vestido levou dois anos para ser criado e foi uma escolha arrojada que capturou a atenção de todos no evento.

 

Zendaya Met Gala 2019 

Em 2019, o tema da edição foi “Camp: Notes on Fashion”, inspirado pelo ensaio de Susan Sontag, intitulado “Notes On Camp” em 1964. O termo “camp” refere-se a uma estética extravagante, exagerada e irônica, que celebra o artificial, o teatral e o exagerado na moda.

Neste ano, o tapete vermelho foi repleto de looks ousados e extravagantes. Muitos convidados abraçaram a oportunidade de usar roupas dramáticas, cores vibrantes, estampas chamativas e elementos que captassem o espírito camp, entretanto, um look em específico chamou a atenção.

Zendaya e seu estilista Law Roach apostaram em uma entrada teatral, recriando um momento de conto de fadas. Enquanto caminhava pelo tapete vermelho, o estilista segurava uma varinha de fada e acionava efeitos especiais para transformar seu vestido em uma cor brilhante de azul, como uma referência ao vestido mágico da Cinderela.

zendays 2019
O vestido de Zendaya se transformou no meio do tapete, em 2019 - Foto: Getty Images

O vestido de Zendaya foi uma homenagem à famosa atriz e cantora americana, Dorothy Dandridge, que foi a primeira mulher negra indicada ao Oscar de Melhor Atriz. O look de Zendaya foi inspirado no icônico vestido de Dandridge no filme "Carmen Jones" (1954). 

O vestido da grife Tommy Hilfiger, criado em colaboração com a estilista Law Roach, foi altamente aclamado e se tornou um dos mais comentados e elogiados da noite. A homenagem da atriz e a abordagem criativa para representar a transformação da Cinderela a tornaram uma das estrelas mais memoráveis do evento.


 

Kim Kardashian Met Gala 2021 e 2022

Em eventos grandes como o Met Gala, é impossível não existir nenhuma polêmica. Kim Kardashian já é uma convidada frequente, e mesmo sendo uma figura importante, não foge das críticas. Veja dois looks que dividiram opiniões e levaram a empresária a ser alvo de alguns julgamentos. 

Em 2021 o tema do Met Gala foi “Na América: Um Léxico da Moda”, e Kim surpreendeu todos ao aparecer com corpo inteiramente coberto por um tecido preto. O look era um design da marca de luxo Balenciaga, mas aparentemente não agradou muito o público. Em comparação com os anos anteriores, a mídia ficou decepcionada que a empresária não entregou o esperado.

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Kim Kardashian, de Balenciaga, foi alvo de críticas nas redes sociais - Foto: Mike Coppola / Getty Images

Já em 2022 a polêmica desagradou muito mais a mídia e os fãs do evento. Para o tema deste ano, “Gilded Glamour and White Tie”, a inspiração era a Era Dourada do século 19 nos Estados Unidos. Kim Kardashian foi longe demais com sua proposta e usou o icônico vestido de Marilyn Monroe, de quando a atriz cantou o então polêmico "Parabéns” ao Presidente John F. Kennedy. 

Apesar da surpreendente homenagem, ao devolver a peça, o colecionador Scott Fortner diz que o tecido do vestido estava esgarçado e alguns cristais estavam faltando. No Instagram, a conta The Marilyn Monroe Collection postou a comparação do antes e pós evento.

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O antes e depois do vestido original usado por Marilyn Monroe - Foto: Reprodução via Instagram (@MarilynMonroeCollection)
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O vestido usado por Kim Kardashian, em 2022, causou polêmica nas redes sociais - Foto: John Shearer / Getty Images

 

Gigi Hadid Met Gala 2022

A modelo apostou em um look inteiramente vinho da Versace. Gigi já é a cara da marca de luxo e internautas acreditam que o visual captou bem a essência da grife. A construção da roupa é composta por um casaco puffer oversized - e um corset sobreposto a um macacão de látex.

O impacto que Gigi Hadid causou com sua extravagância rendeu vários elogios. A sua superprodução foi chamada de "excêntrica", “ousada”, “marcante”. Além disso, a modelo deu show de elegância e carisma no Red Carpet, roubando os holofotes.

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Gigi Hadid, de Versace, arrancou elogios com a sua produção, em 2022 - Foto: Jamie McCarthy / Getty Images 

Contando com a maquiagem e o colar na mesma paleta de cores, o figurino foi uma aposta e tanto. Marcou o conhecido “ano do exagero” no Met Gala e fez história no evento.

 

Blake Lively e o Met Gala

Por falar em fazer história, podemos fazer uma menção honrosa a atriz. A mais esperada todos os anos infelizmente não compareceu no Met Gala deste ano. Mas vale a pena relembrar a história que Blake fez até então.

Blake Lively já teve sua presença marcada por várias marcas luxuosas, como Gucci, Chanel, Versace, Ralph Lauren e Marchesa. A atriz já participou do evento 11 vezes, só teve ausência em 2019, 2020 e 2021 desde o primeiro convite em 2008.

Seus looks mais icônicos e conhecidos são os de 2018 e o de 2022. No de 2018 o tema foi "Corpos Celestiais: Moda e a Imaginação Católica”, e ela chamou a atenção de todos com um vestido vermelho Versace. A elegância dela e o look a levaram para a lista das mais bem vestidas do evento.

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Em 2018, Blake foi com um dos principais looks da noite, de Versace - Foto: Getty Images

Quatro anos mais tarde, Blake revolucionou o Met Gala. Em sua primeira aparição desde 2018, ela se tornou anfitriã da cerimônia e marcou seu nome para sempre. Novamente com uma peça assinada pela Versace, seu look passou por uma transformação enquanto subia as escadarias. 

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Blake abriu o laço no vestido, inspirado na Estátua da Liberdade, revelando uma nova cauda - Fotos: Getty Images

Inicialmente cor de cobre inspirado no Art Deco, de repente revela um verde água que estava escondido no laço de seu vestido até então. Inspirado em Nova York e as cores remetendo à Estátua da Liberdade, Blake roubou os holofotes mais uma vez.

 

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Estudantes compartilham dicas e conhecimentos sobre o mundo fashion em plataforma viral
por
Lorrane de Santana Cruz
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02/05/2023 - 12h

Por Lorrane de Santana Cruz

Os conteúdos criados na internet hoje são consumidos por vários países e usuários. Uma das redes mais viralizadas do momento é o TikTok. E é nela que milhares de pessoas usam a criatividade para se mostrar ao mundo. Assim como tudo foi se transformando, com as tendências fashionistas não seria diferente. Chamado de Fashion TikTok, os influenciadores mostram ideias e particularidades no modo de se vestir e se expressar.

 

   Fonte: Instagram

 

 Fonte: Instagram

As influenciadoras Luísa Masson, com 4.7 k seguidores, e Thiemy Tamura, com 32.8 k produzem conteúdos para a plataforma TikTok, e por lá mostram estilos, tendências e suas criações no mundo fashionista. Para Luísa, o interesse na moda surgiu ainda cedo, quando ela era criança. "Meu interesse pela moda vem desde a infância, antes por um hobby e hoje se tornou um trabalho que me inspira a ter vários sonhos. Durante minha infância eu fazia roupas novas para as minhas Barbies, assistia filmes que tinham a moda em sua narrativa, como “Barbie moda e magia”, o interesse pela moda surgiu de forma natural e espontânea".

Já para Thiemy, o interesse surgiu durante a pandemia da Covid-19. "Meu interesse surgiu na pandemia, quando eu comecei a consumir mais esse conteúdo nas redes sociais". A moda é algo singular e particular de cada indivíduo, e vai muito além de vestir. Para Masson a moda está ligada à sociedade. "A moda no meu ponto de vista é um reflexo da sociedade, ela vai muito além das roupas e acessórios. Moda é comunicação, cultura, economia, política, é por meio dela que conseguimos criar diálogos, nos conectamos com as pessoas ao nosso redor e expressamos nossa personalidade ao mundo".

 "Moda para mim é um jeito de se expressar e mostrar a sua personalidade sem falar nada, apenas pelo visual". Reflete Tamura. Muitas pessoas começaram a arriscar uma carreira na internet, e para isso é necessário tempo e dedicação. "Eu concilio a minha rotina de estudante de engenharia com a de influencer, costumo deixar um dia da semana para gravar conteúdos para o tiktok e vou postando 1 vídeo por dia", declara Thiemy. Para mais, a mesma precisa levar em conta os algoritmos da plataforma e o alcance que os vídeos vão obter já que não é muito fácil crescer.

"Sim, o conteúdo viraliza por um tempo, depois não e fica nesse ciclo. Sinto que não depende do conteúdo em si, mas sim da “sorte” do vídeo viralizar". Por outro lado, Luísa também compartilhou  sua percepção: "Sim, o medo e a dificuldade de gravar os conteúdos existem. No início, quando comecei a compartilhar, postava em total segredo, tinha muito receio do que meus amigos e conhecidos poderiam dizer. Atualmente, encaro essa situação com normalidade, acredito que quem não é visto não é lembrado, e enxergo a produção de conteúdo como um trabalho. Porém, as dificuldades sempre vão existir e o medo também, mas eles não podem ser maiores do que seu sonho e não podem te paralisar".

Quando postados nas redes sociais, os vídeos e na grande maioria das vezes os criadores estão sujeitos a críticas. Respondendo se já lidou com comentários negativos, Tamura alega: "Sim, mas nada desrespeitoso. Apenas críticas sobre a roupa que escolhi ou formato de vídeo, alguns grosseiros". 

No caso de Luísa, as coisas não mudam tanto assim. "As críticas são outro ponto que sempre estarão presentes. No meu primeiro vídeo que viralizou recebi diversas críticas, algumas construtivas e outras nem tanto, mas preferi encarar de forma positiva e pensar que ninguém agrada todo mundo e se eu tiver conseguido ajudar uma pessoa ou possibilitar um novo insight a alguém, já valeu a pena!".

Há alguns bônus em trabalhar no meio digital. Por exemplo, Luísa estuda moda, e se mostra realizada tanto na faculdade, quanto gravando vídeos. "A melhor parte da faculdade de moda na minha visão é poder explorar a criatividade, conhecer novas áreas dentro da moda e consequentemente, sair da famosa “zona de conforto”. A faculdade me possibilitou viver novas experiências e introduzi-las em minhas criações". 

Seguramente Thiemy se mostra no caminho quando o assunto é trabalhar com internet, e perceber o resultado de tudo isso: "Para mim é a “leveza”, consigo fazer algo que eu gosto e ser recompensada por isso".

 

 

 

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A luta pela representatividade de corpos reais nas passarelas e na sociedade.
por
Ana Kézia Andrade
Bruna Parrillo
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13/04/2023 - 12h
Arte por: Bruna Parrillo
Arte por: Bruna Parrillo

A obsessão da moda por corpos magros é um fenômeno que tem sido observado há décadas nessa indústria e no mundo do entretenimento. Desde as décadas de 1960 e 1970, o padrão de beleza idealizado passou a ser cada vez mais magro, especialmente para as mulheres. Movimentos sociais como body positive, vem para mostrar que todos os corpos devem ser aceitos, livrando as mulheres da pressão estética imposta pela sociedade. 

Nos últimos anos de Fashion Week, foi observado um progresso significativo em termos de diversidade de corpos. A luta pela inclusão caminhou em passos lentos, mas aos poucos, modelos plus size e mid size ganharam espaço nas passarelas, promovendo maior representatividade e identificação com seus consumidores. A modelo mid size Maria Clara Lima destaca a importância de a moda enxergar corpos reais: “Acho que pessoas gordas têm que passar a ser vistas como parte da sociedade, não é exceção o que você está fazendo com a sua marca de ter um tamanho maior, é o normal, é o que deveria ser normal”.

       A inclusão de modelos plus size em desfiles é de extrema importância para consolidar a representatividade e construção da imagem corporal positiva, pois mostra que a beleza não se limita a um  único tipo de corpo. Maria Clara desabafa sobre o mercado: “Se as marcas passassem a encarar o público plus size como um público ativo que de fato gasta e  investe em roupa, e tivesse investimento em modelos e blogueiras, talvez a oferta passasse a ser geral, pois você se enxergar nesse local de representatividade é essencial para que você se enxergue como uma parte importante da indústria e da sociedade.”

Arte por: Bruna Parrillo
Arte por: Bruna Parrillo

Na temporada de 2023, surgiu o questionamento: Onde foram parar os corpos reais e toda representatividade? De New York Fashion Week a Paris, o que vimos foi a predominância do cenário da extrema magreza, interrompendo tudo que já foi conquistado. É notável a volta da estética dos anos 2000, as características dessa tendência estão por todos os lugares, como na maquiagem, nas roupas, nos penteados e também no formato do corpo. Naquela época, a magreza foi incorporada como acessório e era desejada por muitas mulheres.  

 O artista visual, estilista e figurinista, Alexandre dos Anjos, expõe os motivos da falta de mudança e diversidade nas passarelas: “Foi criada uma cultura em cima da idealização de um corpo específico, este corpo foi mudando ao longo de séculos, mas na maioria das vezes, estava focado em pessoas magras e brancas. Todo este pensamento é colonialista e patriarcal, como se não houvesse diversidade no mundo.  Quem detém os meios de poder prefere manter do jeito que está, a fim de que todes se encaixem neste padrão”.

Voltamos ao pensamento que a moda tem um corpo específico, o qual nunca deixou de ser tendência. A obsessão pela magreza teve um impacto significativo na imagem corporal das pessoas, desencadeando muitas vezes distúrbios alimentares e uma visão distorcida do corpo. No tiktok, todos os dias são publicados vídeos sobre o Ozempic - um medicamento desenvolvido para diabetes tipo 2 - e que ganhou popularidade pelo uso indevido para o  emagrecimento, ultrapassando 600 milhões de visualizações. 

Mesmo em lojas de departamento, onde as roupas em teoria são mais acessíveis, os tamanhos não vestem a todos: “Sobre a positividade dos corpos, compreende-se a igualdade. Mas se corpos gordos não se veem representados, como manter essa positividade?” reflete Alexandre dos Anjos. Esse cenário é alarmante, pois a moda deve representar a diversidade da sociedade em que vivemos, a falta de espaço para corpos que fujam do “padrão” acaba em uma busca perigosa por um  ideal de beleza irrealista.

A consumidora Laís Stephano relata suas impressões sobre a experiência de ir às compras: "Muitas marcas acabam oferecendo roupas para um público muito específico, geralmente um público magro. Então, muitas vezes você olha a numeração da etiqueta e fala “isso deveria me servir”, mas na verdade não serve. Eu sinto que algumas marcas fazem roupas exclusivamente para pessoas magras.”

Essa sensação de que as roupas estão cada vez menores é algo recorrente, isso porque a indústria da moda não se desvinculou da cultura da magreza. As marcas, para tentarem servir uma “diversidade” - sem precisar fazer isso de fato - passam a diminuir os tamanhos de seus manequins,  dando a impressão de que cumprem com a promessa, mas na realidade, a pessoa que usa uma roupa 42 passará a usar  44 ou 46.

A experiência do provador, pode causar gatilhos para transtornos alimentares e problemas com a autoestima. “Primeiro você fica frustrado por aquilo não te servir e provavelmente é algo que você queria,  depois um sentimento de culpa. Será que eu deveria ser mais magra? Será que eu deveria fazer algo diferente? Será que eu deveria mudar minha alimentação? Acho que isso acaba afetando nossa relação com autoestima, querendo ou não, a gente relaciona muito o corpo e como a gente enxerga ele através do número das roupas que a gente veste” comenta Laís.

  A falta de responsabilidade daquele que produz pode adoecer milhares de consumidores, sobre isso, o estilista Alexandre dos Anjos afirma: “A moda tem como base deixar quase tudo efêmero, inclusive corpos humanos, tornando tudo descartável. Automaticamente o interesse em inclusão é pequeno, tendo em vista as últimas semanas de moda mundial que quase não trouxe modelos plus em suas passarelas.”

Arte por: Bruna Parrillo
Arte por: Bruna Parrillo

A  moda é um fator na sociedade que, além da necessidade básica de cobrir e proteger o corpo, também é um mecanismo para reafirmar sua identidade, personalidade e vivência. Alexandre vê a inclusão de corpos mid e plus size na moda como uma mudança dentro dos meios que a produzem e propagam: “A resposta está em quem produz moda, são estes os agentes que mantêm a moda do jeito que é vista hoje. Se houvesse uma conscientização das pessoas que desenvolvem produtos em torno de uma mudança, em busca de melhorias para a população que consome, talvez ela pudesse ser mais inclusiva”. Isso reforça a necessidade de políticas sociais inclusivas, que exaltem no outro características que constroem sua individualidade e a beleza presente nos corpos diversos.

 

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Depois do sucesso em 2016, o musical homenageia peças da obra original com criatividade e inovação na segunda temporada de apresentações em São Paulo
por
Mariana Souza
|
30/03/2023 - 12h

Depois de 7 anos desde sua primeira estréia no Brasil, o musical original da Broadway "Wicked" retorna aos palcos brasileiros com uma proposta de produção não-réplica, ou seja, uma produção completamente diferente da original. Surgiram novas formas de atuação, mudanças no cenário, adaptações na coreografia e a alteração que mais encantou o público: a produção dos figurinos.

Wicked é um musical baseado no romance de 1995 de Gregory Maguire, que nada mais é do que uma reimaginação do filme de 1939 O Mágico de Oz, contando a história não contada das bruxas de Oz, Glinda (a bruxa boa do norte) e Elphaba (a bruxa má do oeste), anos antes da chegada de Dorothy. 

A proposta na mudança dos figurinos é homenagear a época e a obra que deu origem a história, como é visto no novo vestido da personagem Glinda, que remete ao figurino da personagem original de 1939.

Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação

 

A produção dos figurinos se destaca por contar com mais de 900 tecidos importados de Londres, contendo cerca de 200 padronagens e um vestido de escamas feito a laser, construído manualmente com 15 tipos de materiais diferentes. Todo esse processo é assinado por Morgan Large, designer premiado de figurino e cenografia. Morgan já trabalhou em inúmeras peças e musicais do West End em Londres, com produções pelo mundo todo. Além dele, a produção conta com 37 costureiras e alfaiates responsáveis pela confecção dos figurinos, tornando toda essa magia possível.

Os fãs do espetáculo se surpreenderam positivamente com todas essas inovações, o que era um medo da produção. Wicked possui uma legião de fãs no Brasil e, segundo o produtor Vinícius Munhoz, uma das maiores dificuldades da produção era contentar esses fãs, o que fez com que durante o processo criativo eles sempre pensassem no que os fãs iriam achar, e essa estratégia não poderia ter dado mais certo. O musical está em cartaz hoje no Teatro Santander em São Paulo tendo sua semana de estreia esgotada e sessões lotadas toda semana. Wicked é um fenômeno mundial e essa nova montagem brasileira promete fazer com que você saia uma pessoa diferente da que entrou.

Ficou curioso para conhecer essa história e ver esses novos figurinos de perto? O musical está em cartaz de quinta a domingo, não deixe de garantir seus ingressos:

www.wickedbrasil.com

Imagem: João Caldas
Imagem: João Caldas

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Nova onda resgata ícones da moda e entra na contramão de conquistas sociais inclusivas
por
Giovanna Montanhan
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29/03/2023 - 12h

    A sigla Y2K significa: year 2000 ou, em português, anos 2000. Essa tendência tem sido amplamente disseminada por influenciadores e fashionistas no TikTok que compartilham looks inspirados na época e resgatam elementos da moda dos anos 1990 e 2000. Por meio da plataforma, uma nova geração está se apropriando e reinterpretando essa estética, trazendo referências do antigo estilo e mesclando com tendências contemporâneas.

 

 3 tendências que remetem ao estilo Y2K:

 

  1. Calça cargo: Desde 2022 elas vêm ganhando destaque e são usadas em diversos estilos, desde o casual até o mais elegante. Com bolsos laterais e corte largo, tornou-se um item indispensável de se ter no guarda-roupa.
    Rihanna - Reprodução/Backgrid
    Rihanna - Reprodução/Backgrid

     

 

  1. Look All jeans: Essa tendência consiste em vestir peças feitas de jeans em sua totalidade, tanto partes de cima como partes de baixo. O jeans é conhecido por ser versátil e atemporal, além de possuir várias tonalidades, lavagens e texturas para composição do look.

 

 Richlove Rockson - Reprodução/Instagram
 Richlove Rockson - Reprodução/Instagram

 

  1. Bolsas baguette: Esse acessório ganha destaque por ser versátil. Sendo pequena e alongada, a bolsa é usada rente ao braço, abaixo do ombro. O nome surgiu de uma semelhança com um tipo de pão de formato retangular, carregado pelos franceses debaixo do braço. O modelo se popularizou após a personagem Carrie Bradshaw - interpretada pela atriz Sarah Jessica Parker - usar vários modelos da marca italiana Fendi no seriado "Sex & the City".

 

Sarah Jessica Parker - Reprodução/GETTY IMAGES
Sarah Jessica Parker - Reprodução/GETTY IMAGES

 

Como tudo que evolui ao longo dos anos, em 2023 se tem maior aceitação do que conhecemos como corpos reais. Atualmente, o padrão de magreza e vem perdendo espaço nas capas de revista e passarelas, há um cenário mais diversificado em comparação com os anos 1990/2000, mesmo que com visibilidade menor do que gostaríamos.

Com a volta da tendência Y2K, os corpos quase que cadavéricos das celebridades voltaram a ser vistos com admiração e como objeto de desejo. O corpo magro e de barriga “chapada” se torna um objeto de ostentação, isso retoma a ideia de culto à magreza – bastante popular há 23 anos atrás - além de acentuar a margem para o desenvolvimento de diversos transtornos alimentares nos jovens de hoje.

Somado a isso, muitas pessoas recorrem também a aplicativos de edição, como o Photoshop, na tentativa de se aproximar do “padrão de beleza ideal”, esse padrão de magreza é praticamente inalcançável para determinados biotipos, especialmente para as mulheres, o que aumenta o pressão em relação às expectativas que a sociedade coloca sobre elas, além dos constantes julgamentos e discriminações por não se adequarem ao padrão imposto.

Algumas celebridades como a socialite Paris Hilton, a cantora norte-americana Britney Spears, a atriz norte-americana Lindsay Lohan e a antiga banda Destiny’s Child - composta por Beyoncé, Kelly Rowland e Michelle Williams – exemplificavam como os corpos deveriam ser, de acordo com o padrão.

 

Paris Hilton - Reprodução/Getty Images
Paris Hilton - Reprodução/GETTY IMAGES

 

Britney Spears - Reprodução/Glamour
Britney Spears - Reprodução/Glamour

 

 

Lindsay Lohan - Frederick M. Brown/Getty Images
Lindsay Lohan - Frederick M. Brown/GETTY IMAGES

 

 

Destiny's Child - Reprodução/Pinterest
Destiny's Child - Reprodução/Pinterest

O retorno dessa tendência é preocupante. Nos dias de hoje, compreendemos através de estudos e pesquisas, os malefícios que a ambição por ter um corpo magro não saudável pode trazer à saúde, tanto física quanto mental, de homens e mulheres.

De acordo com o site Sincofarma (Sind. do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo), a injeção Ozempic – liberada pela Anvisa em janeiro desse ano para tratar pacientes diabéticos tipo 2 - esgotou das prateleiras das farmácias. O medicamento, somado à prática de exercícios físicos e alimentação saudável facilita a perda de peso, entretanto, a maior parte das pessoas que o adquiriram não necessitavam fazer o uso do fármaco, o utilizando apenas para fins estéticos.

A busca pela droga acontece em função de que ela também age como uma espécie de “pílula emagrecedora”, mas que não deve ser utilizada com esse intuito. O preço também não é tão convidativo quanto sua finalidade, já que cada caneta da medicação custa, em média, R$800,00.

É fundamental preservar a luta por uma indústria mais consciente e inclusiva, além de valorizar a diversidade conquistada contra padrões ultrapassados. A moda deve ser um espaço de expressão para todos, e não só uma indústria voltada para o consumo.

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