Indústria aposta em preço e modelagem para manter a demanda
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Larissa Pereira José
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26/11/2025 - 12h

 

O jeans continua entre as peças mais consumidas no Brasil e mantém relevância estratégica para a indústria têxtil e para o varejo de moda. Mesmo após mudanças no comportamento do consumidor nos últimos anos, o denim permanece como um dos principais motores de vendas do setor.

Segundo levantamento do IEMI – Inteligência de Mercado, o Brasil produziu cerca de 280 milhões de peças de jeans em 2023. O faturamento do segmento chegou a aproximadamente R$14,7 bilhões no mesmo período. O estudo “Comportamento do Consumidor de Jeanswear no Brasil”, desenvolvido pelo IEMI em parceria com a Vicunha Têxtil, aponta que o jeans responde por cerca de 10% de todo o volume comercializado no mercado de vestuário nacional.

Uma pesquisa divulgada pela Vicunha Têxtil mostra que 80% dos brasileiros consideram o jeans uma peça obrigatória no guarda-roupa. O dado ajuda a explicar a presença constante do produto nas vitrines, campanhas promocionais e estratégias comerciais das grandes redes.

Para Diego Amaral, gerente comercial de uma grande varejista nacional, o desempenho do jeans segue consistente. “O jeans é um dos pilares do faturamento. Ele traz fluxo de clientes para a loja e influencia o desempenho de outras categorias. Quando o jeans performa bem, o restante da coleção tende a acompanhar”, afirma.

Ele explica que o consumo segue forte porque o produto atende diferentes perfis de consumidores. “Vendemos desde modelos clássicos até modelagens mais amplas, como wide leg e cargo. O jovem busca tendência, enquanto o cliente mais velho procura modelos tradicionais. O jeans atravessa gerações”, diz.

De acordo com o IEMI, o comércio eletrônico já representa mais de 5% das vendas de jeans no Brasil, com crescimento contínuo desde 2020. Apesar desse avanço, a loja física segue decisiva na jornada de compra. “O cliente pesquisa online, compara preço, avalia fotos e comentários. Mas o provador ainda define a compra de jeans”, afirma Amaral.

Outro estudo do IEMI, em parceria com o Guia Jeanswear, mostra que preço, caimento e exposição na vitrine são os principais fatores de decisão de compra. A mesma pesquisa aponta que 43% dos consumidores não se lembram da marca do jeans adquirido, o que reforça o peso da experiência no ponto de venda.

“O cliente entra pela promoção, olha a vitrine e decide pelo conforto. Se a peça veste bem, a marca passa a ser secundária”, explica o gerente comercial. Ele afirma que, embora o tíquete médio do jeans seja maior do que o de outras categorias, o consumidor aceita pagar mais quando percebe a durabilidade da peça. “O cliente pensa no custo por uso. Uma calça que dura mais tempo é vista como investimento”, diz.

O consumo de jeans enfrenta pressão ambiental crescente. Estudos da Water Footprint Network indicam que a produção de uma calça jeans pode consumir milhares de litros de água ao longo de toda a cadeia produtiva. Parte desse impacto está concentrada nos processos de lavanderia industrial e acabamento do tecido.

Esse relatório sobre polos de produção de jeans no Brasil aponta desafios no descarte de resíduos têxteis e no uso de produtos químicos, especialmente em regiões com forte concentração de lavanderias industriais, como o agreste pernambucano. O tema passou a ganhar espaço em debates setoriais e em políticas de sustentabilidade nos últimos anos.

Segundo Amaral, essa pauta já chegou ao consumidor final. “O cliente pergunta de onde vem o algodão e se a loja trabalha com práticas sustentáveis. Ainda não é a maioria, mas cresce todo ano”, afirma. Ele diz que a varejista passou a priorizar fornecedores com tecnologias de redução do consumo hídrico e processos menos agressivos ao meio ambiente.

A cadeia têxtil brasileira movimenta cerca de R$ 190 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Dentro desse cenário, o jeanswear segue como um dos segmentos mais sólidos do setor, com demanda contínua e forte presença no cotidiano do consumidor brasileiro.

Para o gerente comercial, o principal desafio agora é equilibrar preço, velocidade e responsabilidade. “O consumidor quer novidades, quer preço acessível e quer entender o impacto do produto. O jeans continua forte, mas o jeito de vender mudou”, conclui.

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Consumidores exigem práticas responsáveis e mercado responde com economia circular, inovação de materiais e inclusão social
por
Larissa Pereira
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21/10/2025 - 12h

 

A moda sustentável deixou de ser nicho e passou a ocupar espaço central nas escolhas de consumo. A pesquisa de 2023 do Instituto Akatu em parceria com a consultoria GlobeScan mostrou que 87,5% dos brasileiros preferem comprar roupas de marcas que adotam práticas sustentáveis. A tendência se confirma em levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apontou que nove em cada dez consumidores se sentem desconfortáveis ao adquirir produtos que prejudicam o meio ambiente.

Esse movimento já se reflete no mercado. Segundo a consultoria Research and Markets, o setor de moda sustentável no Brasil foi avaliado em 200,7 milhões de dólares em 2022, com crescimento médio de 3,7% ao ano desde 2017. Projeções indicam que a moda circular, baseada em brechós, aluguel de roupas e reaproveitamento de tecidos, deve crescer entre 15% e 20% ao ano até 2030.

O impacto ambiental da moda, no entanto, continua elevado. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) revelam que o país gera cerca de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, sendo que 85% desse volume acaba em aterros. Em escala global, a ONU Meio Ambiente estima que a moda é responsável por 10% das emissões de carbono e ocupa a posição de segundo maior poluidor de água doce. A produção anual chega a 80 bilhões de peças, mas menos de 1% desse total é reciclado.

Diversos projetos mostram caminhos de transformação. A rede Justa Trama reúne agricultores, fiadoras, tecelãs e costureiras em cinco estados na produção de algodão agroecológico cooperado, com renda distribuída de forma justa. Na Amazônia, iniciativas como Selvática, que reaproveita retalhos de estofados, e Yara Couro, que cria materiais a partir de pigmentos vegetais, demonstram o potencial da economia criativa aliada à preservação ambiental.

Entre as grandes redes do varejo brasileiro, C&A, Renner e Riachuelo começaram a adotar iniciativas relacionadas ao uso de algodão sustentável, coleções com fibras recicladas e programas de logística reversa. Essas medidas ainda representam uma fração pequena da produção total, mas indicam que a pressão dos consumidores começa a influenciar também o fast fashion.

Apesar dos avanços, trazer produtos sustentáveis para as lojas de departamento não é tarefa simples. Em entrevista exclusiva para a AGEMT, Luiz Gustavo Freitas da Rosa, dono e criador da marca sustentável Tairú, conta que a iniciativa nasceu em 2023 a partir do contato com um projeto experimental de calçados em Tyvek e de uma pesquisa sobre cânhamo, fibra natural com propriedades ambientais superiores ao algodão. “Desenvolvi protótipos, apresentei amostras na Europa e, ao retornar ao Brasil, lançamos uma primeira coleção com seis modelos de tênis e mais de 40 variações, além de camisetas em algodão orgânico e tingimento natural”, relata.

Luiz Gustavo aponta barreiras importantes: o cânhamo não pode ser cultivado legalmente no Brasil para uso têxtil, o que obriga a importação; fábricas nacionais nem sempre estão preparadas para materiais alternativos como couro vegetal à base de milho; e o algodão orgânico tem custo superior ao convencional, encurtando margens e alongando a cadeia produtiva. “Produzir de forma sustentável ainda é mais caro. Trabalhamos com pequenas tiragens, fornecedores especializados e processos que incluem inclusão social, o que eleva o preço final”, explica.

Sobre a competição com as grandes magazines, ele afirma que a estratégia da Tairú não é disputar preço, mas oferecer uma alternativa de valor: “O consumidor da nossa marca compra conforto, design e propósito; não apenas um produto barato.” Para furar a bolha dos consumidores já engajados, a Tairú se posiciona como marca de lifestyle urbano e investe em ativações culturais, collabs e na Casa Tairú, espaços que atraem público pela música e pela cultura e só depois revelam os atributos sustentáveis dos produtos.

Na comunicação, Luiz Gustavo destaca a transparência como prática contra o greenwashing: a marca revela a origem dos materiais, mostra quem produz as peças e admite limitações. Ele cita exemplos concretos, como fábricas compostas por mulheres, ecobags produzidas por ex-detentos e etiquetas fornecidas por cooperativas que empregam pessoas com deficiência. “Não romantizamos nem prometemos perfeição; mostramos passos concretos e os desafios que ainda temos”, afirma.

Segundo ele, o maior obstáculo é transformar a consciência em hábito de compra. Para que a sustentabilidade deixe de ser exceção e se torne regra, Luiz Gustavo defende investimento em comunicação clara e aumento da escala produtiva para reduzir preços, além de mudanças estruturais na cadeia têxtil.

O debate avança em escala internacional. O relatório Fashion Transparency Index 2024, da Fashion Revolution, mostrou que a maior parte das grandes marcas ainda não divulga informações completas sobre suas cadeias de fornecimento. Já o State of Fashion 2024, da McKinsey em parceria com o Business of Fashion, destaca que a pressão regulatória tende a tornar mais rígidos os critérios de produção e comercialização, principalmente na Europa e nos Estados Unidos.

A combinação de dados, iniciativas e mudanças de comportamento mostra que a moda sustentável não é apenas uma promessa. Ela se consolida como exigência de mercado e como caminho inevitável para reduzir o impacto de uma das indústrias mais poluentes do mundo.

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Minimalismo, funcionalidade e inovação refletem mudanças econômicas e sociais
por
Luana Marinho
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18/09/2025 - 12h

A moda, frequentemente apontada como um espelho dos tempos, volta seus olhos para tempos de escassez. Em meio à instabilidade econômica global, marcada por inflação persistente e crises políticas ao redor do mundo, ganha força o chamado “Recessioncore” (estética da recessão), que traduz, de forma visual, a precariedade e o desânimo de uma geração.

“Quando falamos de recessões, de crises econômicas, dá para ver esse reflexo diretamente na moda. Hoje, vivemos uma grande incerteza econômica, e muitas marcas de luxo começaram a lançar campanhas desperdiçando comida, baguetes sendo amassadas, frutas jogadas no chão da feira, alimentos destruídos”, afirma Audry Mary, especialista em marketing de moda e influenciadora digital. “É uma forma de comunicação: enquanto a base está sofrendo com a falta, quem consome a marca pode esbanjar. E isso é extremamente político”, acrescenta Audry.

Se nos anos de crescimento econômico os desfiles explodem em cores vibrantes, brilhos e ostentação, em momentos de incerteza o figurino muda: tons neutros, silhuetas sóbrias e peças utilitárias assumem o protagonismo. É o que se vê agora com a ascensão da estética “clean girl”, termo popularizado no TikTok e em outras redes sociais que descreve um estilo minimalista, com peças básicas, cores neutras e cortes discretos 

"Elas são mais acessíveis, carregam pouca informação de moda e seguem um estilo mais recatado, mais doméstico”, diz Audry sobre as roupas identificadas com o estilo. “É conservador, e as marcas estão apostando muito nisso”, explica.

Segundo a especialista, a estética “clean girl” não surge isoladamente: é resultado direto de um contexto econômico instável, no qual o crescimento do "quiet luxury" (luxo silencioso) e de coleções minimalistas indica que as marcas buscam transmitir segurança e sobriedade. Historicamente, períodos de recessão geraram mudanças semelhantes. Durante a Grande Depressão, cortes retos e tecidos duráveis se tornaram padrão, enquanto a crise de 2008 reforçou o consumo de fast fashion e peças de baixo custo, ainda que de qualidade inferior.

O impacto econômico também se reflete no crescimento do mercado de roupas de segunda mão, que se tornou um indicativo claro das mudanças no comportamento de consumo. Nos Estados Unidos, o mercado de moda de segunda mão alcançou US$ 50 bilhões em 2024, com projeção de crescimento para US$ 73 bilhões até 2028, impulsionado principalmente por millennials e pela geração Z, nascidos entre 1981 e 2010, que buscam alternativas mais acessíveis e responsáveis. Esse movimento transforma o mercado de segunda mão em uma tendência não apenas econômica, mas também cultural, refletindo valores de sustentabilidade e consumo consciente.

No Brasil, a ascensão dos brechós segue a mesma lógica: adaptação à crise econômica, respeito às prioridades financeiras e resposta às incertezas sociais. Segundo dados do Sebrae, o país contava com mais de 118 mil brechós ativos em 2023, representando um aumento de 30,97% em relação aos cinco anos anteriores. Além disso, o mercado de brechós no Brasil deve movimentar cerca de R$ 24 bilhões até 2025, superando o mercado de “fast fashion” até 2030, conforme projeções da Folha de São Paulo.

O crescimento do mercado de brechós também é impulsionado por plataformas digitais. O Enjoei, com mais de 1 milhão de compradores e 2 milhões de vendedores ativos, abriu recentemente sua primeira loja física no Rio de Janeiro e adquiriu a Gringa, plataforma de revenda de artigos de luxo de segunda mão, por R$ 14 milhões, evidenciando a demanda crescente por itens de alto valor.

Esse movimento também pressiona a indústria tradicional, que já responde com novas estratégias. O aumento dos custos de produção deve acelerar o uso de matérias-primas alternativas, como tecidos reciclados e fibras de origem vegetal, além de experimentos com couro vegetal e biotêxteis. Ao mesmo tempo, cresce a exigência por transparência nas cadeias de produção: passaportes digitais de produtos, rastreabilidade de origem e relatórios de impacto ambiental podem deixar de ser tendência para se tornar padrão da indústria.

Olhando para o futuro, a moda deve consolidar caminhos cada vez mais funcionais, atendendo à demanda de consumidores impactados pela instabilidade econômica, que priorizam praticidade e durabilidade. Segundo Audry, essa tendência deve se intensificar. “Acredito que vamos ver cada vez mais peças utilitárias, roupas multiuso e tecidos resistentes ganhando protagonismo, porque o consumidor está buscando longevidade e funcionalidade em tudo o que veste”, afirma.

O minimalismo, já consolidado, deve permanecer central, mas com variações sutis. “Minha aposta é que tons terrosos, cortes amplos e peças que permitam personalização vão se tornar ainda mais comuns, enquanto pequenos revivals dos anos 2000 e 2010 reinterpretam itens básicos para novas gerações”, diz a influenciadora, que também projeta expansão de modelos híbridos, que combinam venda de peças novas, revenda, aluguel e customização, fortalecendo a economia circular como resposta prática às restrições financeiras. 

A tecnologia surge ainda como aliada estratégica, com inteligência artificial e provadores digitais ajudando marcas a reduzir desperdícios e aproximar consumidor e produto. “A inovação permite que a indústria transforme limitações econômicas em oportunidades criativas”, conclui Audry, reforçando que, para o futuro, a moda funcionará como um laboratório de soluções, mais do que apenas reflexo de crise.

 

 

 

A semana de moda americana deu start na temporada internacional que marca o mês de Setembro
por
Felipe Volpi Botter
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15/09/2025 - 12h

De 11 a 16 de setembro, a cidade de Nova Iorque abre espaço em sua frenética rotina para as passarelas apresentarem as novidade da Primavera/Verão 2026 e abrilhantar os olhos dos fãs de moda.

No dia de ontem, 14, Manhattan foi banhada por looks com mistura de texturas entre tecidos fluidos, bordados, transparências. Além de um protagonismo para uma alfaiataria reformulada, com cortes ousados e proporções exageradas.

Cores neutras mescladas com pontos de cores vibrantes de (vermelho, laranja e estampas arriscadas), marcaram o quarto dia de evento, que integra o calendário das chamadas "Big Four" ao lado de Paris, Milão e Londres.

O street style acompanhou essa atmosfera de contrastes: looks mais sóbrios recebendo toques fortes com a adesão de acessórios chamativos, sobreposições e cortes assimétricos.

A beleza esteve com foco em peles naturais, "menos pesado”, valorizando textura natural da pele, evidenciando seu brilho sutil.

Alguns desfiles se ressaltaram na mídia pela forte identidade visual, seja pelas temáticas ou pela presença de celebridades, como Oprah Winfrey, Lizzo, Natasha Lyonne e outros.

Kai Schreiber, filha trans de Naomi Watts e Liev Schreiber, abriu o desfile de Jason Wu. O show homenageou o artista Robert Rauschenberg, mesclando arte e moda fortemente influenciadas pelo seu legado.
 

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A modelo Kai Schreiber abrindo o desfile de Jason Wu (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

O designer Christian Siriano apresentou uma coleção primavera/verão 2026 com inspiração no velho glamour de Hollywood; houve vestidos longos, looks dramáticos, mistura de masculinidade e feminilidade com peças ousadas, além de chapéus impactantes.
 

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Desfile Christian Siriano (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

Sergio Hudson mostrou uma coleção vibrante, com ternos trabalhados, uso de estampas e bordados com inspiração africana, foco em alfaiataria refinada.

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Desfile Sergio Hudson, com inspiração no glamour da moda africana (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

Momentos de street style e aparições de celebridades: muita gente do mundo artístico presente nos desfiles e eventos de moda, com looks chamativos, acessórios fortes, e aquele mix de elegância + ousadia.

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Celebridades presentes no evento, como Katie Holmes e Whoopi Goldberg (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)



Vivian Wilson (filha de Elon Musk) fez sua estreia em passarela, desfilando para Alexis Bittar. O desfile abordou uma temática social/política, misturando teatralidade e crítica em sua estética.

 

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Vivian Wilson no desfile da Alexis Bittar (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

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Setor têxtil cresce com foco em bem-estar, tecnologia e sustentabilidade
por
Larissa Pereira José
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05/09/2025 - 12h

 

Gradualmente, a busca pelo bem-estar deixou de ser apenas mais uma tendência momentânea e se consolidou como um dos principais motores da moda. No Brasil, de acordo com o Sebrae Paraná, o setor fitness movimenta cerca de R$ 8 bilhões por ano e cresce em média 8,2% ao ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O país ocupa a segunda posição no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, e atrai investimentos que unem estilo, performance e consciência ambiental.

O fenômeno é reforçado pelo enclothed cognition, conceito que descreve como as roupas influenciam o comportamento. Vestir roupas esportivas aumenta a disposição para a prática de exercícios, unindo moda e psicologia. No Brasil, casos de sucesso confirmam o potencial. A marca catarinense Live! cresce cerca de 45% ao ano e já exporta para Ásia e Oriente Médio, consolidando a vocação nacional para o segmento.

Em entrevista exclusiva para a AGEMT, a estilista Dafne Setton, especialista em moda fitness, defende que esse cenário reflete uma transformação no comportamento do consumidor. “Hoje as pessoas querem se sentir bem durante todo o dia. A roupa precisa ter conforto, permitir mobilidade e, ao mesmo tempo, transmitir estilo. É por isso que o athleisure se tornou um símbolo de estilo de vida. Ele expressa disciplina e descontração”, afirma.

As novas preferências apontam para silhuetas mais amplas, como calças cargo e trackpants oversized, em substituição às leggings ajustadas ao corpo. Ao mesmo tempo, cresce a exigência por sustentabilidade, reforçando o protagonismo de tecidos tecnológicos que unem compressão, respirabilidade e fibras recicladas. “Tecido ecológico não é mais um diferencial e sim um requisito. O consumidor jovem exige isso”, explica Dafne. O mercado de luxo também se aproxima desse movimento, criando um fenômeno conhecido como cardio couture — tradução livre “alta costura do cardio”, expressão usada para definir treinos ou práticas esportivas que incorporam estética e sofisticação típicas da moda de luxo, transformando o exercício físico em experiência de estilo. Grifes como Louis Vuitton e Prada lançaram acessórios esportivos sofisticados, transformando o athleisure em um item de estilo de vida.

O clima tropical brasileiro também favorece o uso cotidiano de roupas leves, que transitam facilmente entre o ambiente de treino e o lazer. Além disso, a forte cultura de praia e a valorização da estética corporal ajudam a consolidar um estilo de vida em que o bem-estar é parte do cotidiano. Esse contexto cria um mercado interno robusto e uma vitrine atraente para a exportação de marcas nacionais.

Outro ponto de destaque é a crescente adesão das academias e estúdios de bem-estar a estratégias de branding ligadas à moda. Muitas oferecem coleções próprias de roupas e acessórios, transformando a experiência do aluno em um pacote completo, que vai do exercício ao consumo de estilo. Essa convergência entre saúde, moda e consumo reforça o wellness como um setor multifacetado, em constante expansão e com impacto cultural direto no modo de vestir dos brasileiros.

As redes sociais também impulsionam o processo. Plataformas como TikTok e Instagram transformaram a estética wellness em repertório visual que mistura treino, alimentação saudável e moda esportiva. “As pessoas não compram só a roupa, compram a ideia de vida equilibrada — e isso é altamente compartilhado online”, observa a estilista. Para ela, o futuro da moda fitness estará ligado à tecnologia, personalização e monitoramento em tempo real. Tecidos inteligentes capazes de acompanhar sinais vitais já estão em desenvolvimento e devem ganhar espaço. “Wellness é uma nova forma de viver. Quem entender isso estará à frente do mercado”, conclui.

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Sucesso entre o público, marcas com fabricação particular criam seu espaço no mundo da moda
por
Iris Martins
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12/06/2023 - 12h

A moda é um setor em constante evolução, tanto em termos de conceitos quanto de técnicas de produção. Com a chegada da pandemia de COVID-19, as pessoas tiveram que adaptar suas vidas e formas de trabalho, inclusive no comércio de roupas. As lojas de vestuário migraram para o ambiente online, explorando o e-commerce como forma de driblar os prejuízos causados pela crise global. No Brasil, as vendas online atingiram números recordes em 2021, totalizando mais de 161 bilhões de reais, um crescimento de 26,9% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Neotrust, empresa que monitora o e-commerce no país.

Este foi o caso de Isadora Abelha, proprietária da loja virtual Shop Abelha. Em entrevista à AGEMT, Isadora conta como tudo começou: "Após fazer uma pós-graduação em empreendedorismo e gestão de negócios em 2021, senti um interesse crescente em ter minha própria empresa. Inicialmente, revendia peças de fornecedores, mas com o crescimento da loja, senti a necessidade de criar peças exclusivas, desenhadas e pensadas por mim. Em 2022, lancei uma mini coleção de confecção própria e, em 2023, foquei totalmente nesse segmento, encontrando parceiros na minha cidade e buscando profissionais, importadores de tecidos e modelagens que se alinhassem comigo e com meu público. Deu muito certo."

Croqui da loja Maezza - por: Lucca Bustamante
Croqui da loja Maezza (por: Lucca Bustamante)

Assim como Isadora, muitas pessoas encontraram oportunidades de negócio e reinventaram suas carreiras durante a pandemia. De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mais de 3,9 milhões de empresas se formalizaram como microempreendedores individuais (MEIs) em 2021, um crescimento de 19,8% em relação ao ano anterior e de 53,9% em relação a 2018. Amanda Ferreira, proprietária da marca de roupas Maezza, compartilhou sua história com o jornal, revelando que sua paixão por trabalhar na aviação foi interrompida pela pandemia. Ela decidiu adiantar outro sonho que tinha em mente: ter sua própria marca. Amanda destaca os desafios de ter uma confecção própria: "O maior desafio é lidar com a produção em si, desde a criação de processos até a entrega final ao cliente. Envolve uma cadeia complexa, desde a criação da coleção, modelagem, negociação e compra de tecidos, corte, costura, acabamento, embalagem, marketing, administração e contabilidade. É um desafio diário que demanda habilidades práticas e criativas."

Marianne Baptista, especialista em tendências na WGSN LATAM, destaca a crescente importância das marcas de confecção própria no mundo da moda, especialmente durante a pandemia: "Desde o início da crise, os consumidores têm apoiado cada vez mais pequenos e médios negócios nacionais, entendendo os impactos econômicos causados pela pandemia. Isso tem levado à atenção especial para marcas que possuem produção própria, principalmente entre os jovens adultos que valorizam marcas alinhadas aos seus valores e compreendem as mudanças que o mercado da moda passou, adaptando-se a uma comunicação remota mais eficaz." Com a COVID-19, muitas pessoas passaram a valorizar e comprar de marcas locais, fortalecendo esse mercado e impulsionando a criação de diversas lojas em diferentes nichos. Isabella Marcela, dona da loja de biquínis Maré Alta Store, afirma: "Nossa marca ganhou uma grande visibilidade, especialmente durante a pandemia, quando as lojas físicas estavam fechadas e as compras online se tornaram a principal opção. No entanto, o investimento em marketing é essencial."
 

Peças da Shop Abelha - por: reprodução da internet
Peças da Shop Abelha (por: reprodução da internet)


Os proprietários de marcas de confecção própria precisam estar sempre atentos às tendências. Livia Sampaio, dona da loja Favorito Crochê, relata em entrevista à AGEMT como identificou a demanda por roupas de crochê: "Após me destacar entre meus amigos com roupas feitas pela minha avó, percebi que havia um público interessado nesse tipo de peça, e o crochê estava em alta na mídia, inclusive entre os famosos. Decidi investir nessa ideia, mas sei que ter uma marca própria vai além de comprar e revender roupas. Exige um planejamento abrangente." "O diferencial dessas marcas está em entender os desejos do mercado brasileiro, trazendo produtos que valorizam a diversidade, brasilidade, peças exclusivas em termos de design, cores e estampas", complementa Marianne.

As marcas Apartamento 03 e The Paradise marcaram presença no SPFW no último dia 26, resgatando as brasilidades tradicionais e explosões de cores da modernidade
por
Manuela Mourão
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02/06/2023 - 12h

O estilista Luiz Claudio da Silva apresentou no último dia 26 a coleção feita para a grife Apartamento 03, desfilada no Shopping Iguatemi.

Mergulhando na história pouco conhecida do pintor Estevão Roberto Silva, o primeiro artista negro a se formar na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro no século XIX, Luiz usa suas peças para apresentar essa narrativa.

“Ele foi considerado o melhor pintor de natureza morta, adorava pintar frutos”, disse o estilista sobre Estevão Silva, em entrevista que foi publicada no Instagram da marca. Os frutos foram reproduzidos de forma abstrata em algumas estampas da coleção, muitas peças tiveram as partes de baixo cortadas em pontas assimétricas, tops com pontas soltas e até saias amarradas nas laterais, ajudando a construir a sobreposição em suas peças, cujo acervo também era composto por calças largas e macacões de festa.

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Foto/divulgação

Luiz afirmou que gosta de explorar silhuetas: “Gosto de construir silhuetas em que você não sabe se é um vestido ou se é uma calça, se é um macacão, se é uma jaqueta, se é um casaco e um vestido…”

Vale ressaltar o trabalho em ateliê trazido para a coleção. Foram construídas flores tridimensionais com tecidos plissados, aplicados em vestidos e capas que pareciam pairar sobre os modelos. Peças metalizadas e quadriculadas também foram reveladas durante o desfile. 

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Foto/divulgação

Luiz Cláudio da Silva, ao ser perguntado o porquê dessa criação, respondeu: “Eu acho que é o momento do país olhar para sua própria história, para a história das suas pessoas…Acho que é a maior riqueza que a gente tem e que não temos dado atenção para isso”, continuou dizendo sobre como o desfile era o trabalho de um “Silva” que estava no São Paulo Fashion Week, o mesmo que Estevão Silva, e os tantos Silvas que estão por aí, sem oportunidade de mostrar seus talentos.

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Foto/divulgação

 

The Paradise: Um festival de cores 

Também no dia 26, a marca The Paradise fez sua estreia nas passarelas da SPFW, uma verdadeira festa, do início ao fim.

A marca dos estilistas Thomaz Azulay e Patrick Doering não desapontaram os fãs - que os conhecem pelo bom humor e pela paixão pela moda - já que realizaram um show colorido e vibrante.

Desfilaram a coleção de nome “Brechó Paradise”, uma mistura de peças características dos anos 1950 aos 1980, nas quais cada década ganhou uma estampa característica - marca registrada da grife, que é conhecida por seu trabalho com estamparias.

Thomas e Patrick realizaram o desfile sem nostalgia, com propostas atuais e um olhar voltado para as tecnologias que se conectam com o futuro. A coleção é bastante diversificada, tanto para o público masculino quanto feminino, além de apresentar um acabamento mais direcionado ao público jovem - de alma.

 

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Na passarela, nomes famosos deram as caras, como: José Loreto, Pati de Jesus, Luís Lobianco, Silvia Pfeiffer, Bete Prado e outros muitos, sem contar com as ilustres personalidades que estavam na plateia.

 

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Foto/divulgação
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Foto/divulgação

 

O jeans foi um dos principais pilares da coleção, e também contou com muitas estampas. As peças incluíam compunham um guarda-roupas com ótimas variações de camisas, tops croppeds e bustiês. Os vestidos eram compostos por um toque vintage nos decotes, comprimentos médios e referências a Obis japoneses e capulanas africanas. 

Até mesmo as peças em couro, desenvolvidas em parceria com Patrícia Viera, receberam cores correspondentes às estampas da coleção, para os homens, há muitas ideias de conjuntos (estampados) que substituem os tradicionais ternos. 

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Foto/divulgação

 

O ambiente criado pela marca merece ser reconhecido pela imersividade. Luzes coloridas e uma trilha sonora de festa, que contou com músicas como: Under Pressure, da banda Queen e de David Bowie e Sultans of Swing, do Dire Straits, que trouxeram a verdadeira energia de comemoração para a estreia.

 

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Patrícia Viera desfilou sua coleção nesta última quinta-feira (25), seguida do TA Studios, ambos abordando a diversidade em vários segmentos
por
Manuela Mourão
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02/06/2023 - 12h

O desfile aconteceu no Iguatemi São Paulo, no início da tarde. A marca conhecida pela exaltação da elegância feminina, reafirmou mais uma vez o perfil maduro, moderno e refinado da estilista.

Com uma coleção semelhante à desfilada pela grife em novembro, na edição 54 da São Paulo Fashion Week, Patrícia Viera aposta novamente em looks metalizados, mas com um trabalho novo, um olhar geométrico sob suas peças.

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Foto/divulgação

A marca, que ganha o mesmo nome que a estilista carioca, apresentou pouco menos de 40 novos vestuários, contando quase que exclusivamente com vestidos em seu repertório. Mostrando a habilidade criada em 25 anos de história, o uso do couro é notavelmente profissional, inovando nos padrões e texturas únicas, e reiterando o cuidadoso trabalho artesanal de Patrícia. 

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Em um breve curta-metragem que antecedeu o espetáculo, Patrícia Viera apareceu dizendo: "Eu não estou de jaleco e fita métrica para ficar mais bonita, estou assim porque estou a serviço", mostrando o quanto a estilista leva a sério seu trabalho de criar, vestir e esculpir a mulher.

Finalizando com um inusitado vestido de noiva, a passarela se despediu do desfile com uma homenagem à recém falecida rainha do rock brasileiro, Rita Lee. 

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TA Studios

No mesmo dia, a estilista Gih Caldas desfilou sua coleção "Empinando Pipas e Sonhos", também no Shopping Iguatemi, para a marca TA Studios.

Buscando uma reflexão sobre saúde mental e as artes plásticas como um escape para problemas psicológicos, a carioca - conhecida pelo uso materiais sustentáveis, como: fibra de bananeira e de milho, algodão orgânico e viscose de reflorestamento, para a criação de suas peças - trouxe um belo desfile aos solos paulistanos. 

Dentro da proposta da edição N55, Gih Caldas conseguiu fundir seu diploma de terapeuta com o conceito que estabeleceu para as roupas, explorando suas origens e abordando de forma inovadora a perspectiva da saúde mental dentro da moda.

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Foto/divulgação

O espetáculo foi bastante imagético, com cabelos altos, que remeteram à reflexão proposta pela estilista. Outro ponto favorável para a estilista se deu na cirúrgica escolha do casting, os modelos enriqueceram as passarelas de representatividade, trazendo os mais diversos biotipos e etnias. Suas peças tomaram vida diante dos holofotes sendo desfiladas por mulheres mais velhas, modelos negros, asiáticos, pessoas com deficiência e transexuais. 

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Sobre a coleção, os tons optados foram majoritariamente neutros, com a presença do patchwork no jeans, técnica que utiliza diversos recortes do tecido para a construção de peças geométricas ou orgânicas. As quase 20 peças se mantiveram dentro da especialidade da grife: a alfaiataria. 

 

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Marca baiana reúne globais em desfile ultra colorido que celebra a cultura africana
por
Nina Januzzi da Gloria
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05/06/2023 - 12h

Meninos Rei trazem afrofuturismo e ancestralidade para o SPFW

Marca baiana reúne globais em desfile ultra colorido que celebra a cultura africana

 

 

Na quinta-feira (25) a grife Meninos Rei, comanda pelos irmãos Júnior e Céu Rocha, desfilou sua coleção Pop Ancestral, durante o SPFW (São Paulo Fashion Week). O tema escolhido pelos designers resgata as contribuições do povo africano para a história da sociedade, a partir de uma visão afrofuturista.

Baseado na cidade de Salvador, a grife é a queridinha de famosos, como Ivete Sangalo e Taís Araujo. Conhecida por suas estampas ultra coloridas, mantém suas raízes baianas e serve ao público um banquete visual com tecidos africanos que são importados da Guiné-Bissau. 

O patchwork- técnica artesanal com retalhos- característico do trabalho dos irmãos vem do desejo de ambos em criarem roupas que fogem do tradicional, contando mais sobre a trajetória e ancestralidade dos dois.

 

Meninos Rei. | Foto: Agência Fotosite

Roupa da coleção Pop Ancestral Foto: Agência Fotosite

Durante o desfile passaram pela passarela famosos como a cantora e ex-bbb Marvvila, o ator Samuel de Assis, a médica e também ex participante do Big Brother, Thelma Assis, o jornalista Manoel Soares e a apresentadora Larissa Luz, que desfilou enquanto cantava Elsa Soares.

A maquiagem do desfile foi assinada por Ju Coelho, que optou por um maxidelineado invertido e prateado, que conversava com os pontos brancos das roupas.

Meninos Rei. | Foto: Agência Fotosite

Maquiagem feita por Ju Coelho Foto: Agência Fotosite

A grife baiana por meio dessa coleção buscou mostrar a conexão entre passado, presente e futuro. Os looks foram marcados pelo afro futurismo, movimento que junta a ancestralidade africana – representada por cores vibrantes, animal print e estampas étnicas tradicionais - e a tecnologia, trazida na modelagem das roupas, como jaquetas puffer e mangas bufantes.

Feitos com recortes assimétricos, diferentes volumes e geometrias preto e branco, o estilo escolhido pelos estilistas confere a suas produções uma linguagem moderna e com personalidade, que segue a tendência street style, confortável e inclusiva da marca.

 

Meninos Rei | São Paulo | N55 — Foto: Divulgação/@agfotosite

Meninos Rei | São Paulo | N55 — Foto: Divulgação/@agfotosite

 

O afrofuturismo é um movimento estético que busca elementos para firmar o protagonismo negro em diversos âmbitos. O movimento trazido pelos irmãos busca colocar em destaque em sua nova coleção uma população que por muito tempo foi desprezada e deixada de lado, a abordando como elemento principal de sua própria história, a partir de uma visão futurista.

Durante o evento, a coreógrafa Tainara Cerqueira usou um look vermelho esvoaçante e trouxe vida as passarelas ao dar um show de dança afro, mostrando mais uma vez a intenção dos estilistas em celebrarem a cultura africana e suas tradições.

 

 

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No segundo dia da São Paulo Fashion Week, a estilista Isaac Silva levou as passarelas para a Ocupação 9 de Julho
por
Nina Januzzi da Gloria
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26/05/2023 - 12h

Com o tema “Banho de Axé”, inspirado na canção de Banho de Folha, de Luedji Luna, a grife de Isaac Silva teve seu desfile-manifesto montado em uma ocupação do movimento sem-teto, que fica no Centro de São Paulo. O evento ocorreu durante o dia 24 de maio (quarta-feira) e contou com a presença de diversos famosos, como os ex-bbs Gabriel Santana e João Luiz.

A escolha de Silva por essa locação não foi por acaso. A designer escolheu a Ocupação 9 de Julho para homenagear Carmen Silva, que trabalha e lidera o Movimento Sem-Teto do Centro [MSTC], e mostrar a importância e o objetivo do movimento. Além disso, a nova coleção ter sido exibida nessa localização, tinha como objetivo passar ao público a mensagem de que passou da hora de uma nova moda estar sob os holofotes.

Buscando passar a mensagem de inclusão e diversidade de sua grife para essa coleção, a estilista optou em suas roupas por modelagens e estruturas diversas, em comprimentos e formatos para todos os sexos e públicos, desfilados por pessoas de silhuetas e gêneros diversos. Entre o casting de modelos, a marca convidou moradores da ocupação para participarem.

Durante a passagem pela passarela, desfilaram looks jeans com dois diferentes tons, roupas estampadas, baseadas na obra da artista plástica Heloísa Ariadne, que contavam com detalhes em verde e off-white. Em seguida contando com a participação de figuras como, a cantora Jojo Todynho, Marcia Pantera e os ex-bbs Fred Nicácio e Tina Calamba, entraram produções com cores vibrantes e cheia de vida.

Algumas produções ainda contaram com a escolha do verde liso, como os que foram desfilados pelos convidados do MSTC e do jornalista Manoel Soares, que contavam também em seu look com a frase, slogan da grife, “Acredite no Seu Axé”.

A coleção também busca celebrar maneiras de se fazer roupas de uma maneira consciente, humanizada e ecológica. Para isso, as parcerias firmadas refletem o trabalho sustentável da marca, como exemplo temos a líder em produção de jeans no Brasil, Vicunha e a marca Glow Têxtil, que foi responsável pelas estampas da coleção.

Ainda seguindo a linha sustentável escolhida pela designer, os acessórios usados são feitos a mão por meio de processos de reciclagem de resina e são assinados pela marca MKWC. Outros adornos, como as bolsas-bola, feitas de fibras naturais, são de uma colaboração da grife de Silva com as artesãs quilombolas de São Lourenço de Goiana, em Pernambuco.

Ao final do evento Carmen Silva, e suas filhas Preta Ferreira e Kellen Wini, também desfilaram usando looks verde, finalizando o evento com uma bandeira do movimento MSTC, reafirmando assim a filosofia de inclusão da marca.

Desfile de Isaac Silva acontece no Centro de São Paulo e conta com a participação de famosos  Foto: Fabiano Battaglin/gshow
Desfile de Isaac Silva acontece no Centro de São Paulo e conta com a participação de famosos  Foto: Fabiano Battaglin/gshow
Jojo Todynho desfila para Isaac Silva Foto: Agência Brazil News / Elas no Tapete Vermelho
Jojo Todynho desfila para Isaac Silva
Foto: Agência Brazil News / Elas no Tapete Vermelho
Fred Nicácio Foto: Agência Brazil News / Elas no Tapete Vermelho
Fred Nicácio
Foto: Agência Brazil News / Elas no Tapete Vermelho

 

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