Confira como foram os desfiles do último dia da semana de moda paulistana
por
Pedro da Silva Menezes
Helena Haddad
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23/04/2025 - 12h

Na sexta-feira (11), o último dia da 59ª edição da São Paulo Fashion Week foi marcado por três desfiles de estilos distintos. A capital paulista recebeu as novas coleções da Handred, Patricia Vieira e PIET que encerraram o evento.

Handred

Abrindo o  dia, Handred apresentou uma coleção cheia de referências artísticas brasileiras e inspiradas na tapeçaria. Ponto Brasileiro – nome da coleção assinada pelo estilista André Namitala- traduziu a homenagem desejada pelo artista: “Uma ode ao legado dos grandes mestres tapeceiros”

O desfile ocorreu na galeria Passado Composto, no bairro do Jardins. Enquanto os modelos passavam apresentando a coleção, André narrava o desfile comentando os looks, suas técnicas e seus pensamentos, uma ambientação única e intimista. A  Handred trouxe excelência na necessidade atual de experiências imersivas para a passarela.

A coleção acentua os trabalhos manuais do ateliê e comemora brasilidade – as cores vibrantes, peças inspiradas em obras de Jacques Douchez e na ilustração “Jardim Brasileiro” do artista Filipe Jardim. As técnicas refinadas com ajuda do Apara Studio relembram Genaro de Carvalho, tapeceiro brasileiro que incorporava cores e a cultura brasileira em suas obras.

Uma coleção com bordados, organza, lã, veludo e seda, tudo conversa com as obras. Outro ponto alto foi a beleza assinada por Carla Biriba, a maquiagem dos modelos conversava diretamente com as peças e passavam do corpo para o rosto. A linha transcende a moda e mostra como caminhar junto da arte brasileira.

Modelo no desfile da Handred
Desfile Handred. Fonte: Reprodução/Agfotosite

 

Patricia Viera 

Marca consolidada na SPFW e conhecida pelo trabalho com couro, Patricia Viera apresentou sua nova coleção na Casa Higienópolis, em parceria com o artista Jardel Moura, responsável pelo desenvolvimento do corte tipo richelieu - caracterizado por desenhos vazados, muitas vezes com flores, folhagens ou padrões geométricos . 

Sempre buscando inovação com sustentabilidade, Viera traz uma coleção que reforça seus atributos ao usar tecnologia a laser na construção do couro. Inspirada no Art Déco, a estilista aposta em tons sóbrios, como bordô, marinho e até metálicos, aliados à geometria. Os mosaicos, criados por meio do programa Zero Waste, reutilizam sobras de couro do ateliê, promovendo uma produção mais consciente.

Com uma ambientação clássica, a coleção revisita o passado sem deixar de valorizar o presente, trazendo elementos como um vestido de noiva e o uso de animal print. O trabalho artesanal das peças é único e reafirma o luxo característico da marca. Pela primeira vez, a marca apresentou uma coleção própria de sapatos, expandindo seu portfólio de produtos.

Modelo com vestido de noiva no desfile da Patricia Viera
Vestido de noiva em couro. Fonte: Agfotosite/Zé Takahashi

 

PIET

Com trilha sonora de Marcelo D2 e Nave Beats, Pedro Andrade criou um cenário único no estádio do Pacaembu para apresentar o desfile da PIET. O futebol foi o protagonista da coleção. O estilista explicou à CAPRICHO que a apresentação funciona como uma linha do tempo que começa nas memórias de infância, que ajudam a formar o imaginário coletivo da população sobre o esporte. “O futebol está no nosso DNA”, declarou.

Ele explora diversos personagens nas roupas: do torcedor ao técnico, passando pelo jogador e até mesmo pelo soldado na reserva, que passa a maior parte do tempo jogando bola. Por meio de uma combinação de modelagens justas e oversized, meiões, releituras de camisas de time e estampas camufladas, o estilista traduz essas personas em suas peças.

Modelos no desfile da Piet no campo do estádio do Pacaembu
Desfile da PIET na SPFW N59. Fonte: Agfotosite/Marcelo Soubiha

 

A maquiagem também teve destaque na passarela. Helder Rodrigues foi o responsável pela beleza dos modelos, que apareceram desde apenas com blush, até rostos completamente pintados, que evocaram a paixão dos fanáticos pelo esporte.

Desde 2022, a São Paulo Fashion Week passou a vender ingressos, mas o evento da marca de streetwear foi em contrapartida ao disponibilizar 4 mil entradas gratuitas para o público e reuniu uma comunidade fiel à marca. A escolha foi certeira, já que os torcedores formam parte essencial desse “jogo da moda”.

Estreante na SPFW em 2018, a PIET conquistou reconhecimento internacional ao firmar parcerias com marcas como Oakley, Puma e Levi’s. Com o encerramento da semana de moda, ela trouxe uma atmosfera de final de Copa do Mundo e reafirmou a democratização dos espaços da moda com a coleção “Farmers League”.

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Grandes marcas enfrentam críticas sobre métodos de produção e as reais práticas do mercado de luxo
por
Isabelli Albuquerque
Vitória Nascimento
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22/04/2025 - 12h

No começo do mês de abril, o jornal americano Women's Wear Daily (WWD) divulgou em suas redes sociais um vídeo que mostrava os bastidores da fabricação da bolsa 11.12, um dos modelos mais populares da histórica francesa Chanel. Intitulado “Inside the Factory That Makes $10,000 CHANEL Handbags” (“Dentro da Fábrica que Produz Bolsas Chanel de US$10.000”), o material buscava justificar o alto valor do acessório, mas acabou provocando controvérsia ao exibir etapas mecanizadas do processo, incluindo a costura.

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Imagem do vídeo postado pelo WWD que foi deletado em seguida. Foto: Reprodução/Tiktok/@hotsy.magazine

Embora o vídeo também destacasse momentos artesanais, como o trabalho manual de artesãs, a revelação de uma linha de produção mais automatizada do que o esperado causou estranhamento entre o público nas redes sociais. A repercussão negativa levou à exclusão do conteúdo poucas horas após a publicação, mas o vídeo continua circulando por meio de republicações. 

Além do material audiovisual, a WWD publicou uma reportagem detalhada sobre o processo de confecção das bolsas. Foi a primeira vez que a maison fundada por Coco Chanel, em 1910, abriu as portas de uma de suas fábricas de artigos em couro. A iniciativa está alinhada ao Regulamento de Ecodesign para Produtos Sustentáveis, que visa ampliar a transparência ao oferecer informações claras sobre a origem dos produtos, os materiais utilizados, seus impactos ambientais e orientações de descarte através de um passaporte digital dos produtos.

Em entrevista à publicação, Bruno Pavlovsky, presidente de moda da Chanel, afirmou: “Se não mostrarmos por que é caro, as pessoas não saberão”. Ao contrário do vídeo, as imagens incluídas na matéria priorizam o trabalho manual dos artesãos, reforçando a narrativa de exclusividade e cuidado artesanal.

Para a jornalista de moda Giulia Azanha, a polêmica evidencia um atrito entre a imagem construída pela marca e a realidade do processo produtivo. “Acaba criando um rompimento entre a qualidade percebida pelo cliente e o que de fato é entregue”, afirma. Segundo ela, a reação negativa afeta principalmente os consumidores em potencial, ainda seduzidos pelo imaginário construído pela grife, enquanto os compradores habituais já estão acostumados com o funcionamento e polêmicas do mercado de luxo.

Atualmente, a Chanel administra uma série de ateliês especializados em ofícios artesanais por meio de sua subsidiária Paraffection S.A., reunidos no projeto Métiers d’Art, voltado à preservação de técnicas manuais tradicionais. A marca divulga sua produção feita à mão como um de seus pilares. No entanto, ao longo dos anos, parte da fabricação tornou-se mais automatizada — sem que isso tenha sido refletido nos preços finais.

Em 2019, a bolsa 11.12 no tamanho médio custava US$ 5.800. Hoje, o mesmo modelo é vendido por US$ 10.800 — um aumento de 86%. Para Giulia, não é o produto em si que mantém o caráter exclusivo, mas sim a história da marca, a curadoria estética e seu acesso extremamente restrito: “No final, essas marcas não vendem bolsas, roupas, sapatos, mas sim a sensação de pertencimento, de sofisticação e inacessibilidade, mesmo que seja simbólico”.

A jornalista de moda acredita que grande parte das outras grifes também adota um modelo híbrido de produção, que combina processos artesanais e mecanizados. Isso se justifica pela alta demanda de modelos como as bolsas 11.12 e 2.55, os mais vendidos da Chanel, o que exige uma produção em escala. No entanto, Giulia ressalta que a narrativa em torno do produto é tão relevante quanto sua fabricação: “O conceito de artesanal e industrial no setor da moda é uma linha muito mais simbólica do que técnica”, afirma.

Na mesma reportagem da WWD, Pavlovsky afirmou que a Chanel pretende ampliar a divulgação de informações sobre o processo de fabricação de seus produtos. A iniciativa acompanha a futura implementação do passaporte digital, que será exigido em produtos comercializados na União Europeia. A proposta é detalhar como os itens são produzidos, incluindo dados voltados ao marketing e à valorização dos diferenciais que tornam as peças da marca únicas. A matéria da WWD foi uma primeira tentativa nesse sentido, mas acabou não gerando a repercussão esperada.

“O não saber causa um efeito psicológico e atiça o desejo por consumo, muito mais rápido do que a transparência”, observa Giulia, destacando o papel do mistério no universo do luxo. Para ela, as marcas enfrentam o dilema de até que ponto devem revelar seus processos sem comprometer a aura de exclusividade. Embora iniciativas como a da Chanel pareçam valorizar aspectos como a responsabilidade ambiental e o trabalho manual — atributos bem recebidos na era das redes sociais, a jornalista acredita que a intenção vai além da educação do consumidor: “A ideia é parecer engajado e preocupado com a produção e seus clientes, mas a intenção por trás está muito mais ligada a humanizar a grife do que, de fato, educar o público”.

 

Até onde as práticas de fabricação importam?

 

Também no início de abril, diversos perfis chineses foram criados no aplicativo TikTok. Inicialmente, vídeos aparentemente inocentes mostrando a fabricação de bolsas e outros acessórios de luxo foram postados. Porém, com o aumento das taxas de importação causada pelo presidente americano, Donald Trump, estes mesmos perfis começaram a postar vídeos comprovando que produtos de diversas grifes de luxo são fabricados na China.

Estes vídeos se tornaram virais, arrecadando mais de 1 milhão de visualizações em poucos dias no ar. Um dos perfis que ganharam mais atenção foi @sen.bags_ - agora banido da plataforma -, usado para expor a fabricação de bolsas de luxo. Em um dos vídeos postados no perfil, um homem mostra diversas “Birkin Bags” - bolsas de luxo fabricadas pela grife francesa Hermés, um dos itens mais exclusivos do mercado, chegando a custar entre US$200 mil e US$450 mil - que foram produzidas em sua fábrica.

As bolsas Birkin foram criadas em 1981 em homenagem à atriz Jane Birkin por Jean-Louis Dumas, chefe executivo da Hermés na época. O design da bolsa oferece conforto, elegância e praticidade, ganhando rapidamente destaque no mundo da moda.

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Jane Birkin usando a bolsa em sua homenagem. A atriz era conhecida por carregar diversos itens em sua Birkin, personalizando a bolsa com penduricalhos e chaveiros. Foto:Jun Sato/Wireimage.

A Hermés se orgulha em dizer que as Birkin são produtos exclusivos, principalmente devido ao lento processo de produção. De acordo com a marca, todo o processo de criação de uma Birkin é artesanal e o produto é fabricado com couros e outros materiais de difícil acesso. Porém, com a revelação do perfil @sen.bags_, o público começou a perceber que talvez a bolsa não seja tão exclusiva assim.

No mesmo vídeo mencionado anteriormente, o homem diz que tudo é fabricado na China, com os mesmos materiais e técnica, mas as bolsas são enviadas à Europa para adicionarem o selo de autenticidade da marca. Essa fala abriu um debate on-line, durante todo esse tempo, as pessoas só vêm pagando por uma etiqueta e não pelo produto em si?

Para Giulia, polêmicas desse nível não afetam de forma realmente impactante as grandes grifes de luxo, já que “A elite não para de consumir esses produtos, porque como já possuem um vínculo grande [com as marcas] não se trata de uma polêmica que afete sua visão de produto, afinal além de venderem um simples produto, as grifes vendem um estilo de vida compatível com seu público.

A veracidade destes vídeos não foi comprovada, mas a imagem das grifes está manchada no imaginário geral. Mesmo que a elite, público alvo destas marcas, não deixe de consumi-las, o resto dos consumidores com certeza se deixou afetar pelo burburinho.

Nas redes sociais, diversos internautas brincam dizendo que agora irão perder o medo de comprar itens nos famosos camelôs, alguns até pedem o nome dos fornecedores, buscando os prometidos preços baixos.

Financeiramente, a Chanel e outras marcas expostas, podem ter um pequeno baque, mas por conta de suas décadas acumulando capital, conseguiram se reequilibrar rapidamente. “Elas podem sentir um impacto imediato, mas que em poucos anos são contidos e substituídos por novos temas, como a troca repentina de um diretor criativo ou um lançamento de uma nova coleção icônica.”, acrescentou Giulia.

Outras grandes grifes já enfrentaram escandâlos, até muito maiores do que esse como menciona Giulia “A Chanel, inclusive passou por polêmicas diretamente ligadas a sua fundadora, até muito mais graves do que seu processo produtivo”, se referindo ao envolvimento de Coco Chanel com membros do partido nazista durante a Segunda Guerra. Porém, como apontado anteriormente, essas marcas conseguiram se reerguer divergindo a atenção do público a outro assunto impactante.

Esse caso foi apenas um de muitos similares na história da indústria da moda, mas, como apontado por Giulia: “A maior parte das grifes em questão tem ao menos 100 anos de história e já se reinventaram diversas vezes em meio a crises, logo a transformação será necessária.”

 

Tendências para próxima estação marcam presença na passarela em meio a referências inusitadas
por
Bruna Quirino Alves
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14/04/2025 - 12h


Weider Silveiro  

Weider Silveiro iniciou a sequência de desfiles da  quarta-feira (9) no Shopping JK Iguatemi. A inspiração de sua coleção de inverno foi a deusa do amor e da beleza, Vênus.

Além de trazer um estudo de várias versões da figura mitológica, previamente retratadas na história, o estilista também se aprofundou nas representações humanas da divindade, ao aclamar artistas femininas conhecidas por, tanto por seus talentos, como suas belezas físicas, como Madonna, Cher e Joelma.

As peças da coleção trazem uma nova versão dos caimentos clássicos de busto, quadril e cintura, incorporando novos formatos e silhuetas para os cortes. Com paletas em tons pastéis, elementos que estão em alta no mundo da moda também foram incluídos nos looks, como a saia balonê e a modelagem assimétrica.

Modelo com vestido vinho desfilando na passarela
Weider Silverio SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo de vestido rosa vdesfilando na passarela
Weider Silverio SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reptilia

O segundo desfile do dia foi da marca Reptilia. A coleção “Tectônica” se inspira em falhas e deslocamentos geológicos, apresentando peças com tons terrosos e estampas que remetem ao solo. 

As peças foram pensadas a partir de uma proposta agênero e tal pluralidade ficou evidente  passarela. A cartela de cores predominante no desfile ficou estacionada nos  tons marrons, com leves toques de azuis, verdes e cinzas, remetendo  a pedras minerais.

A estamparia chamou atenção por um  detalhe particular da diretora criativa, Heloisa Strobel. As estampas foram feitas a partir de fotos tiradas pela própria designer com uma câmera analógica de 35mm durante uma viagem ao Oriente Médio.

A composição de looks conta com sobreposições, peças modulares, tecidos fluídos e alfaiataria que é característica da marca. Além disso, o processo de produção inova ao combinar corte a laser com bordado manual e uso de retalhos. O reaproveitamento de tecidos reafirma o compromisso da marca com a moda sustentável.

Modelo desfilando com vestido estampado
Reptilia SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando na passarela com roupa preta e branca
Reptilia SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Led

O desfile da marca Led foi o terceiro do dia, com a irreverência de ser inspirado em novelas brasileiras.

LED apresenta a sua coleção “BR SHOW”, ambientada como um programa de televisão. A trilha sonora contava com um remix de bordões icônicos da teledramaturgia brasileira, falas de apresentadores e aberturas de programas famosos.

O estilista, Celio Dias, disse em entrevista à Globo que aproveitou a estreia da nova versão de “Vale Tudo” para embarcar na atmosfera das novelas brasileiras, sob a perspectiva de alguém que acompanhou o surgimento de tendências que vieram dessas produções.

As peças da coleção são maximalistas e contam com mistura de estampas: animal print, listras e bolinhas, além de ornamentos como franjas e pelúcia, também incorporando pontos de tricô e crochê em alguns modelos.

O streetwear teve grande destaque no desfile, com a presença de calças cargo, casacos esportivos, moletons, camisetas gráficas com trocadilhos e tênis de corrida.
 

Modelo desfilando com macacão listrado
LED SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando com vestido listrado preto e branco
LED SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

À La Garçonne

O último desfile da noite foi da marca À La Garçonne, com sua coleção mesclada entre streetwear e alfaiataria.

O estilista Fábio Souza não pensou em nenhum tema específico para basear a sua coleção, seu foco era criar peças usáveis prezando o conforto acima da estética.

O vestuário apresentado chamou atenção pela mistura de estampas, com destaque para o xadrez, que é a tendência da estação. Silhuetas bem estruturadas, uso de pregas, caimento oversized e tênis esportivos compuseram os looks.

A paleta de cores é sóbria em tons de verde militar, marrom e grafite, com o contraste de alguns relances em tons de vermelho e roxo.

O processo de produção da coleção foi realizado a partir do upcycling de tecidos vintage da própria marca e garimpado de outras. O estilista reforça o conceito de moda consciente e reuso de materiais têxteis, criando novas peças customizadas e sustentáveis.

Modelo desfilando com terno xadrez
À La Garçonne SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando vestido e calça de terno
À La Garçonne SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite


 

 

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Com grandes nomes da moda brasileira, evento chega ao seu penúltimo dia
por
Gustavo Oliveira de Souza
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14/04/2025 - 12h
Foto de desfile
Modelo durante desfile da Dendezeiro. Foto: Mauricio Santana, Getty Images
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Na quinta-feira (10), o quinto dia de desfiles na São Paulo Fashion Week  trouxe aos holofotes marcas fundamentais ao cenário nacional, pilares do reconhecimento da moda brasileira país a fora.

João Pimenta 

O primeiro desfile do dia foi do estilista João Pimenta. O já consagrado artista, que por alguns anos misturou elementos da moda voltada aos dois gêneros decidiu apostar em um conceito quase todo concentrado  no vestuário masculino. O desfile aconteceu na estação Júlio Prestes do metrô, com o nome “Em Construção”. Sua obra buscou questionar os rumos da tecnologia na moda e valorizar o trabalho manual.

Dendezeiro

No JK Iguatemi, a Dendezeiro foi a segunda grife do dia a desfilar. A marca baiana da dupla Hisan Silva e Pedro Batalha trouxe um conceito que homenageava a região Norte do Brasil, com muito destaque à Amazônia. Chamada de “Brasiliano 2: A Puxada para o Norte”, o desfile destacou a fauna, com estampas de peixe e bolsas em formato de capivara, além de camisetas com frases exaltando a cultura local.

MNMAL

O penúltimo desfile do dia foi da estreante MNMAL. Fundada em 2022, a marca tem seu conceito baseado no minimalismo, e na passarela não foi diferente. Assinada pelo estilista Flávio Gamaum, as peças têm como principal destaque o conforto, pensada para o cotidiano no lar e home-office. Mesmo com todo o conforto, a elegância não é deixada de lado.

Walério Araújo 

Fechando o dia 10, o importante estilista Walério Araújo trouxe seu conceito usualmente impactante. Já tendo sido considerado um dos maiores estilistas do mundo, o pernambucano traz, novamente, a ousadia. Com diversas homenagens às mulheres trans, a bandeira de arco-íris apareceu em vestidos e peças mais casuais. Como novidade, a alfaiataria esteve presente, com peças que mostram a diferença na manifestação de gênero em locais públicos e privados.

Todos os desfiles marcaram, novamente, uma nova trajetória na moda brasileira. Sendo dos mais novos aos mais veteranos, quem esteve presente pôde acompanhar mais um capítulo da história do fashion no Brasil. 

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Tecnologia auxilia na análise de tendências, preferências do público e desempenho de vendas, otimizando a criação de coleções mais assertivas e sustentáveis
por
Larissa Pereira José
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24/03/2025 - 12h

A moda sempre foi um reflexo do comportamento humano, e nos últimos anos, a tecnologia tem desempenhado um papel crucial na forma como as coleções são criadas. No segmento fashion, que exige inovação constante para atender a um público cada vez mais exigente, a Inteligência Artificial (IA) tem se tornado uma ferramenta essencial. Desde a pesquisa de tendências até a análise de dados de vendas, a tecnologia vem revolucionando o processo criativo e estratégico.  

Para entender melhor essa transformação, conversamos com Nayara Graziela do Lago, estilista responsável pelo desenvolvimento de roupas fitness femininas para um grande magazine. Com anos de experiência no setor, ela destaca como a IA tem otimizado seu trabalho e impactado positivamente as coleções. “Antes, a pesquisa de tendências era um processo muito manual e baseado na intuição. Hoje, conseguimos usar IA para analisar um grande volume de informações e identificar padrões com muito mais precisão”, explica Nayara.  

Ferramentas de inteligência artificial são capazes de cruzar dados de redes sociais, desfiles internacionais, comportamento de busca na internet e até avaliações de clientes em e-commerce. Isso permite que a equipe de estilo tenha uma visão mais clara do que está em alta e do que realmente pode funcionar para o público-alvo. “No segmento fitness, por exemplo, percebemos que há uma crescente demanda por peças multifuncionais, que possam ser usadas tanto na academia quanto no dia a dia. A IA nos ajuda a confirmar essa tendência analisando o comportamento dos consumidores em tempo real”, acrescenta a Nayara.  

Além de prever tendências futuras, a inteligência artificial também tem um papel fundamental na análise de coleções passadas. A tecnologia permite avaliar quais peças tiveram melhor desempenho de vendas, quais cores e modelagens foram mais aceitas e até quais tecidos proporcionaram mais conforto ao consumidor.  

“A cada nova coleção, conseguimos acessar relatórios detalhados sobre o que funcionou e o que precisa ser ajustado. A IA cruza dados de vendas com feedbacks dos clientes e nos mostra, por exemplo, se determinada peça foi muito devolvida por problemas de caimento ou se uma estampa específica teve alta aceitação. Isso nos dá uma base muito mais sólida para criar novos produtos”, explica Nayara.  

Esse tipo de análise evita desperdícios e ajuda a direcionar melhor os investimentos na produção. Em um mercado cada vez mais competitivo, entender as preferências do público-alvo é essencial para criar coleções assertivas e bem-sucedidas. Outro aspecto revolucionário do uso da inteligência artificial na moda está na criação de estampas e modelagens. Hoje, já existem softwares que geram prints exclusivos baseados em combinações de cores e texturas identificadas como tendências. Além disso, ferramentas de simulação virtual permitem testar digitalmente o caimento das peças antes mesmo da confecção dos primeiros protótipos físicos.  

“Isso reduz drasticamente o desperdício de materiais e encurta o tempo de desenvolvimento das coleções. Antes, fazíamos diversos testes com tecidos e modelagens diferentes, o que demandava tempo e custos. Agora, conseguimos visualizar um look completo de forma digital e fazer ajustes antes de costurá-lo”, explica Nayara. 

Maquinário de fábrica têxtil que desenvolve peças sem costura.
Maquinário de fábrica têxtil que desenvolve produtos sem costura.

Apesar das inúmeras vantagens proporcionadas pela IA, Nayara faz questão de ressaltar que a tecnologia não substitui a criatividade humana. “A moda tem emoção, identidade e precisa criar conexão com o consumidor. A IA é uma ferramenta poderosa, mas o toque final ainda é do estilista. Somos nós que interpretamos os dados e transformamos essa informação em coleções que realmente conversam com o público.”  

Para a estilista, o futuro da moda passa pela combinação entre tecnologia e sensibilidade humana. “O uso da IA no desenvolvimento de coleções já é uma realidade e tende a crescer cada vez mais. Mas a essência da moda continua sendo a criatividade e a capacidade de contar histórias por meio das roupas”.  

Com um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo, a inteligência artificial se consolida como um diferencial estratégico para marcas que desejam inovar, reduzir desperdícios e entregar produtos alinhados às expectativas do consumidor moderno. E, como Nayara bem pontua, quando aliada ao olhar criativo do estilista, a tecnologia se torna uma poderosa ferramenta para transformar dados e estatísticas em coleções de sucesso.

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Estudantes compartilham dicas e conhecimentos sobre o mundo fashion em plataforma viral
por
Lorrane de Santana Cruz
|
02/05/2023 - 12h

Por Lorrane de Santana Cruz

Os conteúdos criados na internet hoje são consumidos por vários países e usuários. Uma das redes mais viralizadas do momento é o TikTok. E é nela que milhares de pessoas usam a criatividade para se mostrar ao mundo. Assim como tudo foi se transformando, com as tendências fashionistas não seria diferente. Chamado de Fashion TikTok, os influenciadores mostram ideias e particularidades no modo de se vestir e se expressar.

 

   Fonte: Instagram

 

 Fonte: Instagram

As influenciadoras Luísa Masson, com 4.7 k seguidores, e Thiemy Tamura, com 32.8 k produzem conteúdos para a plataforma TikTok, e por lá mostram estilos, tendências e suas criações no mundo fashionista. Para Luísa, o interesse na moda surgiu ainda cedo, quando ela era criança. "Meu interesse pela moda vem desde a infância, antes por um hobby e hoje se tornou um trabalho que me inspira a ter vários sonhos. Durante minha infância eu fazia roupas novas para as minhas Barbies, assistia filmes que tinham a moda em sua narrativa, como “Barbie moda e magia”, o interesse pela moda surgiu de forma natural e espontânea".

Já para Thiemy, o interesse surgiu durante a pandemia da Covid-19. "Meu interesse surgiu na pandemia, quando eu comecei a consumir mais esse conteúdo nas redes sociais". A moda é algo singular e particular de cada indivíduo, e vai muito além de vestir. Para Masson a moda está ligada à sociedade. "A moda no meu ponto de vista é um reflexo da sociedade, ela vai muito além das roupas e acessórios. Moda é comunicação, cultura, economia, política, é por meio dela que conseguimos criar diálogos, nos conectamos com as pessoas ao nosso redor e expressamos nossa personalidade ao mundo".

 "Moda para mim é um jeito de se expressar e mostrar a sua personalidade sem falar nada, apenas pelo visual". Reflete Tamura. Muitas pessoas começaram a arriscar uma carreira na internet, e para isso é necessário tempo e dedicação. "Eu concilio a minha rotina de estudante de engenharia com a de influencer, costumo deixar um dia da semana para gravar conteúdos para o tiktok e vou postando 1 vídeo por dia", declara Thiemy. Para mais, a mesma precisa levar em conta os algoritmos da plataforma e o alcance que os vídeos vão obter já que não é muito fácil crescer.

"Sim, o conteúdo viraliza por um tempo, depois não e fica nesse ciclo. Sinto que não depende do conteúdo em si, mas sim da “sorte” do vídeo viralizar". Por outro lado, Luísa também compartilhou  sua percepção: "Sim, o medo e a dificuldade de gravar os conteúdos existem. No início, quando comecei a compartilhar, postava em total segredo, tinha muito receio do que meus amigos e conhecidos poderiam dizer. Atualmente, encaro essa situação com normalidade, acredito que quem não é visto não é lembrado, e enxergo a produção de conteúdo como um trabalho. Porém, as dificuldades sempre vão existir e o medo também, mas eles não podem ser maiores do que seu sonho e não podem te paralisar".

Quando postados nas redes sociais, os vídeos e na grande maioria das vezes os criadores estão sujeitos a críticas. Respondendo se já lidou com comentários negativos, Tamura alega: "Sim, mas nada desrespeitoso. Apenas críticas sobre a roupa que escolhi ou formato de vídeo, alguns grosseiros". 

No caso de Luísa, as coisas não mudam tanto assim. "As críticas são outro ponto que sempre estarão presentes. No meu primeiro vídeo que viralizou recebi diversas críticas, algumas construtivas e outras nem tanto, mas preferi encarar de forma positiva e pensar que ninguém agrada todo mundo e se eu tiver conseguido ajudar uma pessoa ou possibilitar um novo insight a alguém, já valeu a pena!".

Há alguns bônus em trabalhar no meio digital. Por exemplo, Luísa estuda moda, e se mostra realizada tanto na faculdade, quanto gravando vídeos. "A melhor parte da faculdade de moda na minha visão é poder explorar a criatividade, conhecer novas áreas dentro da moda e consequentemente, sair da famosa “zona de conforto”. A faculdade me possibilitou viver novas experiências e introduzi-las em minhas criações". 

Seguramente Thiemy se mostra no caminho quando o assunto é trabalhar com internet, e perceber o resultado de tudo isso: "Para mim é a “leveza”, consigo fazer algo que eu gosto e ser recompensada por isso".

 

 

 

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A luta pela representatividade de corpos reais nas passarelas e na sociedade.
por
Ana Kézia Andrade
Bruna Parrillo
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13/04/2023 - 12h
Arte por: Bruna Parrillo
Arte por: Bruna Parrillo

A obsessão da moda por corpos magros é um fenômeno que tem sido observado há décadas nessa indústria e no mundo do entretenimento. Desde as décadas de 1960 e 1970, o padrão de beleza idealizado passou a ser cada vez mais magro, especialmente para as mulheres. Movimentos sociais como body positive, vem para mostrar que todos os corpos devem ser aceitos, livrando as mulheres da pressão estética imposta pela sociedade. 

Nos últimos anos de Fashion Week, foi observado um progresso significativo em termos de diversidade de corpos. A luta pela inclusão caminhou em passos lentos, mas aos poucos, modelos plus size e mid size ganharam espaço nas passarelas, promovendo maior representatividade e identificação com seus consumidores. A modelo mid size Maria Clara Lima destaca a importância de a moda enxergar corpos reais: “Acho que pessoas gordas têm que passar a ser vistas como parte da sociedade, não é exceção o que você está fazendo com a sua marca de ter um tamanho maior, é o normal, é o que deveria ser normal”.

       A inclusão de modelos plus size em desfiles é de extrema importância para consolidar a representatividade e construção da imagem corporal positiva, pois mostra que a beleza não se limita a um  único tipo de corpo. Maria Clara desabafa sobre o mercado: “Se as marcas passassem a encarar o público plus size como um público ativo que de fato gasta e  investe em roupa, e tivesse investimento em modelos e blogueiras, talvez a oferta passasse a ser geral, pois você se enxergar nesse local de representatividade é essencial para que você se enxergue como uma parte importante da indústria e da sociedade.”

Arte por: Bruna Parrillo
Arte por: Bruna Parrillo

Na temporada de 2023, surgiu o questionamento: Onde foram parar os corpos reais e toda representatividade? De New York Fashion Week a Paris, o que vimos foi a predominância do cenário da extrema magreza, interrompendo tudo que já foi conquistado. É notável a volta da estética dos anos 2000, as características dessa tendência estão por todos os lugares, como na maquiagem, nas roupas, nos penteados e também no formato do corpo. Naquela época, a magreza foi incorporada como acessório e era desejada por muitas mulheres.  

 O artista visual, estilista e figurinista, Alexandre dos Anjos, expõe os motivos da falta de mudança e diversidade nas passarelas: “Foi criada uma cultura em cima da idealização de um corpo específico, este corpo foi mudando ao longo de séculos, mas na maioria das vezes, estava focado em pessoas magras e brancas. Todo este pensamento é colonialista e patriarcal, como se não houvesse diversidade no mundo.  Quem detém os meios de poder prefere manter do jeito que está, a fim de que todes se encaixem neste padrão”.

Voltamos ao pensamento que a moda tem um corpo específico, o qual nunca deixou de ser tendência. A obsessão pela magreza teve um impacto significativo na imagem corporal das pessoas, desencadeando muitas vezes distúrbios alimentares e uma visão distorcida do corpo. No tiktok, todos os dias são publicados vídeos sobre o Ozempic - um medicamento desenvolvido para diabetes tipo 2 - e que ganhou popularidade pelo uso indevido para o  emagrecimento, ultrapassando 600 milhões de visualizações. 

Mesmo em lojas de departamento, onde as roupas em teoria são mais acessíveis, os tamanhos não vestem a todos: “Sobre a positividade dos corpos, compreende-se a igualdade. Mas se corpos gordos não se veem representados, como manter essa positividade?” reflete Alexandre dos Anjos. Esse cenário é alarmante, pois a moda deve representar a diversidade da sociedade em que vivemos, a falta de espaço para corpos que fujam do “padrão” acaba em uma busca perigosa por um  ideal de beleza irrealista.

A consumidora Laís Stephano relata suas impressões sobre a experiência de ir às compras: "Muitas marcas acabam oferecendo roupas para um público muito específico, geralmente um público magro. Então, muitas vezes você olha a numeração da etiqueta e fala “isso deveria me servir”, mas na verdade não serve. Eu sinto que algumas marcas fazem roupas exclusivamente para pessoas magras.”

Essa sensação de que as roupas estão cada vez menores é algo recorrente, isso porque a indústria da moda não se desvinculou da cultura da magreza. As marcas, para tentarem servir uma “diversidade” - sem precisar fazer isso de fato - passam a diminuir os tamanhos de seus manequins,  dando a impressão de que cumprem com a promessa, mas na realidade, a pessoa que usa uma roupa 42 passará a usar  44 ou 46.

A experiência do provador, pode causar gatilhos para transtornos alimentares e problemas com a autoestima. “Primeiro você fica frustrado por aquilo não te servir e provavelmente é algo que você queria,  depois um sentimento de culpa. Será que eu deveria ser mais magra? Será que eu deveria fazer algo diferente? Será que eu deveria mudar minha alimentação? Acho que isso acaba afetando nossa relação com autoestima, querendo ou não, a gente relaciona muito o corpo e como a gente enxerga ele através do número das roupas que a gente veste” comenta Laís.

  A falta de responsabilidade daquele que produz pode adoecer milhares de consumidores, sobre isso, o estilista Alexandre dos Anjos afirma: “A moda tem como base deixar quase tudo efêmero, inclusive corpos humanos, tornando tudo descartável. Automaticamente o interesse em inclusão é pequeno, tendo em vista as últimas semanas de moda mundial que quase não trouxe modelos plus em suas passarelas.”

Arte por: Bruna Parrillo
Arte por: Bruna Parrillo

A  moda é um fator na sociedade que, além da necessidade básica de cobrir e proteger o corpo, também é um mecanismo para reafirmar sua identidade, personalidade e vivência. Alexandre vê a inclusão de corpos mid e plus size na moda como uma mudança dentro dos meios que a produzem e propagam: “A resposta está em quem produz moda, são estes os agentes que mantêm a moda do jeito que é vista hoje. Se houvesse uma conscientização das pessoas que desenvolvem produtos em torno de uma mudança, em busca de melhorias para a população que consome, talvez ela pudesse ser mais inclusiva”. Isso reforça a necessidade de políticas sociais inclusivas, que exaltem no outro características que constroem sua individualidade e a beleza presente nos corpos diversos.

 

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Depois do sucesso em 2016, o musical homenageia peças da obra original com criatividade e inovação na segunda temporada de apresentações em São Paulo
por
Mariana Souza
|
30/03/2023 - 12h

Depois de 7 anos desde sua primeira estréia no Brasil, o musical original da Broadway "Wicked" retorna aos palcos brasileiros com uma proposta de produção não-réplica, ou seja, uma produção completamente diferente da original. Surgiram novas formas de atuação, mudanças no cenário, adaptações na coreografia e a alteração que mais encantou o público: a produção dos figurinos.

Wicked é um musical baseado no romance de 1995 de Gregory Maguire, que nada mais é do que uma reimaginação do filme de 1939 O Mágico de Oz, contando a história não contada das bruxas de Oz, Glinda (a bruxa boa do norte) e Elphaba (a bruxa má do oeste), anos antes da chegada de Dorothy. 

A proposta na mudança dos figurinos é homenagear a época e a obra que deu origem a história, como é visto no novo vestido da personagem Glinda, que remete ao figurino da personagem original de 1939.

Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação

 

A produção dos figurinos se destaca por contar com mais de 900 tecidos importados de Londres, contendo cerca de 200 padronagens e um vestido de escamas feito a laser, construído manualmente com 15 tipos de materiais diferentes. Todo esse processo é assinado por Morgan Large, designer premiado de figurino e cenografia. Morgan já trabalhou em inúmeras peças e musicais do West End em Londres, com produções pelo mundo todo. Além dele, a produção conta com 37 costureiras e alfaiates responsáveis pela confecção dos figurinos, tornando toda essa magia possível.

Os fãs do espetáculo se surpreenderam positivamente com todas essas inovações, o que era um medo da produção. Wicked possui uma legião de fãs no Brasil e, segundo o produtor Vinícius Munhoz, uma das maiores dificuldades da produção era contentar esses fãs, o que fez com que durante o processo criativo eles sempre pensassem no que os fãs iriam achar, e essa estratégia não poderia ter dado mais certo. O musical está em cartaz hoje no Teatro Santander em São Paulo tendo sua semana de estreia esgotada e sessões lotadas toda semana. Wicked é um fenômeno mundial e essa nova montagem brasileira promete fazer com que você saia uma pessoa diferente da que entrou.

Ficou curioso para conhecer essa história e ver esses novos figurinos de perto? O musical está em cartaz de quinta a domingo, não deixe de garantir seus ingressos:

www.wickedbrasil.com

Imagem: João Caldas
Imagem: João Caldas

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Nova onda resgata ícones da moda e entra na contramão de conquistas sociais inclusivas
por
Giovanna Montanhan
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29/03/2023 - 12h

    A sigla Y2K significa: year 2000 ou, em português, anos 2000. Essa tendência tem sido amplamente disseminada por influenciadores e fashionistas no TikTok que compartilham looks inspirados na época e resgatam elementos da moda dos anos 1990 e 2000. Por meio da plataforma, uma nova geração está se apropriando e reinterpretando essa estética, trazendo referências do antigo estilo e mesclando com tendências contemporâneas.

 

 3 tendências que remetem ao estilo Y2K:

 

  1. Calça cargo: Desde 2022 elas vêm ganhando destaque e são usadas em diversos estilos, desde o casual até o mais elegante. Com bolsos laterais e corte largo, tornou-se um item indispensável de se ter no guarda-roupa.
    Rihanna - Reprodução/Backgrid
    Rihanna - Reprodução/Backgrid

     

 

  1. Look All jeans: Essa tendência consiste em vestir peças feitas de jeans em sua totalidade, tanto partes de cima como partes de baixo. O jeans é conhecido por ser versátil e atemporal, além de possuir várias tonalidades, lavagens e texturas para composição do look.

 

 Richlove Rockson - Reprodução/Instagram
 Richlove Rockson - Reprodução/Instagram

 

  1. Bolsas baguette: Esse acessório ganha destaque por ser versátil. Sendo pequena e alongada, a bolsa é usada rente ao braço, abaixo do ombro. O nome surgiu de uma semelhança com um tipo de pão de formato retangular, carregado pelos franceses debaixo do braço. O modelo se popularizou após a personagem Carrie Bradshaw - interpretada pela atriz Sarah Jessica Parker - usar vários modelos da marca italiana Fendi no seriado "Sex & the City".

 

Sarah Jessica Parker - Reprodução/GETTY IMAGES
Sarah Jessica Parker - Reprodução/GETTY IMAGES

 

Como tudo que evolui ao longo dos anos, em 2023 se tem maior aceitação do que conhecemos como corpos reais. Atualmente, o padrão de magreza e vem perdendo espaço nas capas de revista e passarelas, há um cenário mais diversificado em comparação com os anos 1990/2000, mesmo que com visibilidade menor do que gostaríamos.

Com a volta da tendência Y2K, os corpos quase que cadavéricos das celebridades voltaram a ser vistos com admiração e como objeto de desejo. O corpo magro e de barriga “chapada” se torna um objeto de ostentação, isso retoma a ideia de culto à magreza – bastante popular há 23 anos atrás - além de acentuar a margem para o desenvolvimento de diversos transtornos alimentares nos jovens de hoje.

Somado a isso, muitas pessoas recorrem também a aplicativos de edição, como o Photoshop, na tentativa de se aproximar do “padrão de beleza ideal”, esse padrão de magreza é praticamente inalcançável para determinados biotipos, especialmente para as mulheres, o que aumenta o pressão em relação às expectativas que a sociedade coloca sobre elas, além dos constantes julgamentos e discriminações por não se adequarem ao padrão imposto.

Algumas celebridades como a socialite Paris Hilton, a cantora norte-americana Britney Spears, a atriz norte-americana Lindsay Lohan e a antiga banda Destiny’s Child - composta por Beyoncé, Kelly Rowland e Michelle Williams – exemplificavam como os corpos deveriam ser, de acordo com o padrão.

 

Paris Hilton - Reprodução/Getty Images
Paris Hilton - Reprodução/GETTY IMAGES

 

Britney Spears - Reprodução/Glamour
Britney Spears - Reprodução/Glamour

 

 

Lindsay Lohan - Frederick M. Brown/Getty Images
Lindsay Lohan - Frederick M. Brown/GETTY IMAGES

 

 

Destiny's Child - Reprodução/Pinterest
Destiny's Child - Reprodução/Pinterest

O retorno dessa tendência é preocupante. Nos dias de hoje, compreendemos através de estudos e pesquisas, os malefícios que a ambição por ter um corpo magro não saudável pode trazer à saúde, tanto física quanto mental, de homens e mulheres.

De acordo com o site Sincofarma (Sind. do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo), a injeção Ozempic – liberada pela Anvisa em janeiro desse ano para tratar pacientes diabéticos tipo 2 - esgotou das prateleiras das farmácias. O medicamento, somado à prática de exercícios físicos e alimentação saudável facilita a perda de peso, entretanto, a maior parte das pessoas que o adquiriram não necessitavam fazer o uso do fármaco, o utilizando apenas para fins estéticos.

A busca pela droga acontece em função de que ela também age como uma espécie de “pílula emagrecedora”, mas que não deve ser utilizada com esse intuito. O preço também não é tão convidativo quanto sua finalidade, já que cada caneta da medicação custa, em média, R$800,00.

É fundamental preservar a luta por uma indústria mais consciente e inclusiva, além de valorizar a diversidade conquistada contra padrões ultrapassados. A moda deve ser um espaço de expressão para todos, e não só uma indústria voltada para o consumo.

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Criador de algumas das coleções mais icônicas da grife, Jeremy Scott deixa a marca após mais de uma década de trabalho
por
Giovanna Montanhan
|
21/03/2023 - 12h

Na última segunda-feira, 20 de março, o mundo da moda foi surpreendido com a saída do estilista norte-americano Jeremy Scott, após uma década de trabalho como diretor criativo na Moschino, marca de grife que surgiu na Itália em 1983. Sua saída causou comoção entre os apaixonados pela área e fãs do seu trabalho.

Desde que chegou à Moschino, em 2013, Jeremy se destacou por suas coleções extravagantes e ousadas, com peças coloridas, divertidas e irreverentes, que desafiavam os limites da moda, conquistando a cada desfile, mais espaço nas passarelas e nas ruas.

 

Referência em vários segmentos

Reprodução/Divulgação
Reprodução/Divulgação

Em 2003 foi estabelecida uma colaboração entre Jeremy Scott e a marca esportiva Adidas. Em 2008 surgiram os primeiros frutos desse trabalho com a coleção “ADIDAS ORIGINALS”, o destaque vai para o tênis com asas que impressionou o mercado na época.

Confira os momentos mais icônicos de sua carreira na Moschino:

1. Coleção da rede de fast food MC Donald's

Outono/Inverno 2014 - Reprodução/Now Fashion
Outono/Inverno 2014 - Reprodução/Now Fashion

2. Coleção em homenagem a personagem Barbie

Primavera/Verão 2015 – Reprodução/Now Fashion
Primavera/Verão 2015 – Reprodução/Now Fashion

3. Coleção com referência ao universo dos jogos e desenhos animados

Outono/Inverno 2015 - Reprodução/Getty Images
Outono/Inverno 2015 - Reprodução/Getty Images
Outono/Inverno 2016 - Reprodução/Getty Images
Outono/Inverno 2016 - Reprodução/Getty Images

4. Frascos de perfume com imitação de produtos de limpeza

Frasco
Reprodução/Divulgação

Sem dúvidas, Jeremy Scott deixou sua marca não só na grife italiana, mas em toda história da moda. Seu legado na Moschino será lembrado e reverenciado por muitos anos, Jeremy está mantendo suspense sobre os próximos passos de sua carreira, mas certamente continuará a surpreender em outros projetos que virão pela frente.

 

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