Enfim aconteceu mais uma edição do Met Gala!
O tema da exposição que justifica o Met Gala 2023 – arrecadar fundos para o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque – é “Karl Lagerfeld: A Line of Beauty”, uma homenagem a imensa obra e vida de Karl Lagerfeld, estilista e designer de moda alemão que faleceu em 2019. Lagerfeld esteve à frente de Fendi, Chanel e sua grife homônima, além de passagens em outras marcas da alta costura como Balmain, Jean Patou e Chloé.
Além de toda sua trajetória, 150 peças originais desenhadas por Lagerfeld, serão expostas ao público. Portanto, o dress code do evento foi definido como “In honor of Karl” (“Em homenagem a Karl”). Anna Wintour, editora chefe da Vogue America e presidente do Met Gala, convidou Penélope Cruz, Michaela Coel, Roger Federer e Dua Lipa para serem os co-apresentadores da noite exclusiva.
Lagerfeld foi polêmico inúmeras vezes por fazer comentários indelicados. Apesar de ser progressista nos desenhos, o estilista idolatrava a magreza, já foi acusado de xenofobia, misoginia, machismo e ainda se mostrou contra as causas animais que visam acabar com o uso de animais em roupas, bolsas e sapatos.
Separamos alguns dos momentos que fizeram história ao longo dos anos. Reunindo celebridades, estilistas, designers, modelos e o melhor do mundo artístico, mergulhe nessa linha do tempo:
Cher Met Gala 1974
No Met Gala de 1974, o tema foi "Romantic and Glamorous Hollywood Design". A exposição e o evento celebraram a moda e o estilo da Era de Ouro de Hollywood, homenageando os designers e estilistas que contribuíram para o glamour e o romance do cinema. O tema permitiu aos convidados explorar o estilo clássico e sofisticado dos filmes e estrelas da época, destacando-se com trajes elegantes inspirados na moda hollywoodiana.
Neste ano o vestido de Cher, feito pelo renomado estilista Bob Mackie, causou muita agitação. O vestido foi considerado um dos Naked Dresses (vestido transparente) mais famosos de todos os tempos.

Um vestido transparente bordado com mangas e saia de penas brancas. Quase tudo era visível, incluindo os mamilos de Cher (os protetores de mamilos ainda não eram usados naquela época).
Um tempo depois, ela usou o vestido em uma fotografia que apareceu na capa da revista Time, que na época reservava o lugar de destaque para líderes mundiais ou pessoas que tivessem destaque revolucionário, em contrapartida, Cher estampava a capa usando a peça polêmica, o que fez com que a revista esgotasse quase que imediatamente nas bancas de jornais. A repercussão foi tamanha que algumas cidades chegaram a proibir a venda da edição.
Rihanna Met Gala 2015
O tema deste ano foi "China: Through the Looking Glass" (China: Através do Espelho). A temática do evento explorou a influência da cultura chinesa na moda ocidental ao longo dos anos, além de combinar elementos tradicionais chineses com interpretações modernas e contemporâneas, examinando como a estética chinesa influenciou e inspirou os designers de moda.
O resultado foi a incorporação de elementos inovadores na estética americana, o que enriqueceu a exposição dos trajes no tapete vermelho. Muitos convidados abraçaram o tema com a introdução desses elementos e referências da cultura chinesa em seus looks. Rihanna fez uma entrada ousada e icônica com seu visual que se tornou um dos mais comentados e memoráveis da noite.

Ela vestia um vestido amarelo extravagante, criado pelo estilista chinês Guo Pei. O vestido era extremamente volumoso, com uma cauda longa que se estendia pelo tapete vermelho. Feito de seda amarela vibrante, apresentava uma mistura de elementos tradicionais chineses e um design contemporâneo. Era ricamente decorado com bordados intrincados, detalhes florais em 3D e contas douradas.
O look de Rihanna foi tão impactante que foi apelidado de "omelete" ou "pizza" nas redes sociais, devido ao seu formato circular e tamanho exuberante. O vestido levou dois anos para ser criado e foi uma escolha arrojada que capturou a atenção de todos no evento.
Zendaya Met Gala 2019
Em 2019, o tema da edição foi “Camp: Notes on Fashion”, inspirado pelo ensaio de Susan Sontag, intitulado “Notes On Camp” em 1964. O termo “camp” refere-se a uma estética extravagante, exagerada e irônica, que celebra o artificial, o teatral e o exagerado na moda.
Neste ano, o tapete vermelho foi repleto de looks ousados e extravagantes. Muitos convidados abraçaram a oportunidade de usar roupas dramáticas, cores vibrantes, estampas chamativas e elementos que captassem o espírito camp, entretanto, um look em específico chamou a atenção.
Zendaya e seu estilista Law Roach apostaram em uma entrada teatral, recriando um momento de conto de fadas. Enquanto caminhava pelo tapete vermelho, o estilista segurava uma varinha de fada e acionava efeitos especiais para transformar seu vestido em uma cor brilhante de azul, como uma referência ao vestido mágico da Cinderela.

O vestido de Zendaya foi uma homenagem à famosa atriz e cantora americana, Dorothy Dandridge, que foi a primeira mulher negra indicada ao Oscar de Melhor Atriz. O look de Zendaya foi inspirado no icônico vestido de Dandridge no filme "Carmen Jones" (1954).
O vestido da grife Tommy Hilfiger, criado em colaboração com a estilista Law Roach, foi altamente aclamado e se tornou um dos mais comentados e elogiados da noite. A homenagem da atriz e a abordagem criativa para representar a transformação da Cinderela a tornaram uma das estrelas mais memoráveis do evento.
Kim Kardashian Met Gala 2021 e 2022
Em eventos grandes como o Met Gala, é impossível não existir nenhuma polêmica. Kim Kardashian já é uma convidada frequente, e mesmo sendo uma figura importante, não foge das críticas. Veja dois looks que dividiram opiniões e levaram a empresária a ser alvo de alguns julgamentos.
Em 2021 o tema do Met Gala foi “Na América: Um Léxico da Moda”, e Kim surpreendeu todos ao aparecer com corpo inteiramente coberto por um tecido preto. O look era um design da marca de luxo Balenciaga, mas aparentemente não agradou muito o público. Em comparação com os anos anteriores, a mídia ficou decepcionada que a empresária não entregou o esperado.

Já em 2022 a polêmica desagradou muito mais a mídia e os fãs do evento. Para o tema deste ano, “Gilded Glamour and White Tie”, a inspiração era a Era Dourada do século 19 nos Estados Unidos. Kim Kardashian foi longe demais com sua proposta e usou o icônico vestido de Marilyn Monroe, de quando a atriz cantou o então polêmico "Parabéns” ao Presidente John F. Kennedy.
Apesar da surpreendente homenagem, ao devolver a peça, o colecionador Scott Fortner diz que o tecido do vestido estava esgarçado e alguns cristais estavam faltando. No Instagram, a conta The Marilyn Monroe Collection postou a comparação do antes e pós evento.


Gigi Hadid Met Gala 2022
A modelo apostou em um look inteiramente vinho da Versace. Gigi já é a cara da marca de luxo e internautas acreditam que o visual captou bem a essência da grife. A construção da roupa é composta por um casaco puffer oversized - e um corset sobreposto a um macacão de látex.
O impacto que Gigi Hadid causou com sua extravagância rendeu vários elogios. A sua superprodução foi chamada de "excêntrica", “ousada”, “marcante”. Além disso, a modelo deu show de elegância e carisma no Red Carpet, roubando os holofotes.

Contando com a maquiagem e o colar na mesma paleta de cores, o figurino foi uma aposta e tanto. Marcou o conhecido “ano do exagero” no Met Gala e fez história no evento.
Blake Lively e o Met Gala
Por falar em fazer história, podemos fazer uma menção honrosa a atriz. A mais esperada todos os anos infelizmente não compareceu no Met Gala deste ano. Mas vale a pena relembrar a história que Blake fez até então.
Blake Lively já teve sua presença marcada por várias marcas luxuosas, como Gucci, Chanel, Versace, Ralph Lauren e Marchesa. A atriz já participou do evento 11 vezes, só teve ausência em 2019, 2020 e 2021 desde o primeiro convite em 2008.
Seus looks mais icônicos e conhecidos são os de 2018 e o de 2022. No de 2018 o tema foi "Corpos Celestiais: Moda e a Imaginação Católica”, e ela chamou a atenção de todos com um vestido vermelho Versace. A elegância dela e o look a levaram para a lista das mais bem vestidas do evento.

Quatro anos mais tarde, Blake revolucionou o Met Gala. Em sua primeira aparição desde 2018, ela se tornou anfitriã da cerimônia e marcou seu nome para sempre. Novamente com uma peça assinada pela Versace, seu look passou por uma transformação enquanto subia as escadarias.

Inicialmente cor de cobre inspirado no Art Deco, de repente revela um verde água que estava escondido no laço de seu vestido até então. Inspirado em Nova York e as cores remetendo à Estátua da Liberdade, Blake roubou os holofotes mais uma vez.
Por Lorrane de Santana Cruz
Os conteúdos criados na internet hoje são consumidos por vários países e usuários. Uma das redes mais viralizadas do momento é o TikTok. E é nela que milhares de pessoas usam a criatividade para se mostrar ao mundo. Assim como tudo foi se transformando, com as tendências fashionistas não seria diferente. Chamado de Fashion TikTok, os influenciadores mostram ideias e particularidades no modo de se vestir e se expressar.
As influenciadoras Luísa Masson, com 4.7 k seguidores, e Thiemy Tamura, com 32.8 k produzem conteúdos para a plataforma TikTok, e por lá mostram estilos, tendências e suas criações no mundo fashionista. Para Luísa, o interesse na moda surgiu ainda cedo, quando ela era criança. "Meu interesse pela moda vem desde a infância, antes por um hobby e hoje se tornou um trabalho que me inspira a ter vários sonhos. Durante minha infância eu fazia roupas novas para as minhas Barbies, assistia filmes que tinham a moda em sua narrativa, como “Barbie moda e magia”, o interesse pela moda surgiu de forma natural e espontânea".
Já para Thiemy, o interesse surgiu durante a pandemia da Covid-19. "Meu interesse surgiu na pandemia, quando eu comecei a consumir mais esse conteúdo nas redes sociais". A moda é algo singular e particular de cada indivíduo, e vai muito além de vestir. Para Masson a moda está ligada à sociedade. "A moda no meu ponto de vista é um reflexo da sociedade, ela vai muito além das roupas e acessórios. Moda é comunicação, cultura, economia, política, é por meio dela que conseguimos criar diálogos, nos conectamos com as pessoas ao nosso redor e expressamos nossa personalidade ao mundo".
"Moda para mim é um jeito de se expressar e mostrar a sua personalidade sem falar nada, apenas pelo visual". Reflete Tamura. Muitas pessoas começaram a arriscar uma carreira na internet, e para isso é necessário tempo e dedicação. "Eu concilio a minha rotina de estudante de engenharia com a de influencer, costumo deixar um dia da semana para gravar conteúdos para o tiktok e vou postando 1 vídeo por dia", declara Thiemy. Para mais, a mesma precisa levar em conta os algoritmos da plataforma e o alcance que os vídeos vão obter já que não é muito fácil crescer.
"Sim, o conteúdo viraliza por um tempo, depois não e fica nesse ciclo. Sinto que não depende do conteúdo em si, mas sim da “sorte” do vídeo viralizar". Por outro lado, Luísa também compartilhou sua percepção: "Sim, o medo e a dificuldade de gravar os conteúdos existem. No início, quando comecei a compartilhar, postava em total segredo, tinha muito receio do que meus amigos e conhecidos poderiam dizer. Atualmente, encaro essa situação com normalidade, acredito que quem não é visto não é lembrado, e enxergo a produção de conteúdo como um trabalho. Porém, as dificuldades sempre vão existir e o medo também, mas eles não podem ser maiores do que seu sonho e não podem te paralisar".
Quando postados nas redes sociais, os vídeos e na grande maioria das vezes os criadores estão sujeitos a críticas. Respondendo se já lidou com comentários negativos, Tamura alega: "Sim, mas nada desrespeitoso. Apenas críticas sobre a roupa que escolhi ou formato de vídeo, alguns grosseiros".
No caso de Luísa, as coisas não mudam tanto assim. "As críticas são outro ponto que sempre estarão presentes. No meu primeiro vídeo que viralizou recebi diversas críticas, algumas construtivas e outras nem tanto, mas preferi encarar de forma positiva e pensar que ninguém agrada todo mundo e se eu tiver conseguido ajudar uma pessoa ou possibilitar um novo insight a alguém, já valeu a pena!".
Há alguns bônus em trabalhar no meio digital. Por exemplo, Luísa estuda moda, e se mostra realizada tanto na faculdade, quanto gravando vídeos. "A melhor parte da faculdade de moda na minha visão é poder explorar a criatividade, conhecer novas áreas dentro da moda e consequentemente, sair da famosa “zona de conforto”. A faculdade me possibilitou viver novas experiências e introduzi-las em minhas criações".
Seguramente Thiemy se mostra no caminho quando o assunto é trabalhar com internet, e perceber o resultado de tudo isso: "Para mim é a “leveza”, consigo fazer algo que eu gosto e ser recompensada por isso".

A obsessão da moda por corpos magros é um fenômeno que tem sido observado há décadas nessa indústria e no mundo do entretenimento. Desde as décadas de 1960 e 1970, o padrão de beleza idealizado passou a ser cada vez mais magro, especialmente para as mulheres. Movimentos sociais como body positive, vem para mostrar que todos os corpos devem ser aceitos, livrando as mulheres da pressão estética imposta pela sociedade.
Nos últimos anos de Fashion Week, foi observado um progresso significativo em termos de diversidade de corpos. A luta pela inclusão caminhou em passos lentos, mas aos poucos, modelos plus size e mid size ganharam espaço nas passarelas, promovendo maior representatividade e identificação com seus consumidores. A modelo mid size Maria Clara Lima destaca a importância de a moda enxergar corpos reais: “Acho que pessoas gordas têm que passar a ser vistas como parte da sociedade, não é exceção o que você está fazendo com a sua marca de ter um tamanho maior, é o normal, é o que deveria ser normal”.
A inclusão de modelos plus size em desfiles é de extrema importância para consolidar a representatividade e construção da imagem corporal positiva, pois mostra que a beleza não se limita a um único tipo de corpo. Maria Clara desabafa sobre o mercado: “Se as marcas passassem a encarar o público plus size como um público ativo que de fato gasta e investe em roupa, e tivesse investimento em modelos e blogueiras, talvez a oferta passasse a ser geral, pois você se enxergar nesse local de representatividade é essencial para que você se enxergue como uma parte importante da indústria e da sociedade.”

Na temporada de 2023, surgiu o questionamento: Onde foram parar os corpos reais e toda representatividade? De New York Fashion Week a Paris, o que vimos foi a predominância do cenário da extrema magreza, interrompendo tudo que já foi conquistado. É notável a volta da estética dos anos 2000, as características dessa tendência estão por todos os lugares, como na maquiagem, nas roupas, nos penteados e também no formato do corpo. Naquela época, a magreza foi incorporada como acessório e era desejada por muitas mulheres.
O artista visual, estilista e figurinista, Alexandre dos Anjos, expõe os motivos da falta de mudança e diversidade nas passarelas: “Foi criada uma cultura em cima da idealização de um corpo específico, este corpo foi mudando ao longo de séculos, mas na maioria das vezes, estava focado em pessoas magras e brancas. Todo este pensamento é colonialista e patriarcal, como se não houvesse diversidade no mundo. Quem detém os meios de poder prefere manter do jeito que está, a fim de que todes se encaixem neste padrão”.
Voltamos ao pensamento que a moda tem um corpo específico, o qual nunca deixou de ser tendência. A obsessão pela magreza teve um impacto significativo na imagem corporal das pessoas, desencadeando muitas vezes distúrbios alimentares e uma visão distorcida do corpo. No tiktok, todos os dias são publicados vídeos sobre o Ozempic - um medicamento desenvolvido para diabetes tipo 2 - e que ganhou popularidade pelo uso indevido para o emagrecimento, ultrapassando 600 milhões de visualizações.
Mesmo em lojas de departamento, onde as roupas em teoria são mais acessíveis, os tamanhos não vestem a todos: “Sobre a positividade dos corpos, compreende-se a igualdade. Mas se corpos gordos não se veem representados, como manter essa positividade?” reflete Alexandre dos Anjos. Esse cenário é alarmante, pois a moda deve representar a diversidade da sociedade em que vivemos, a falta de espaço para corpos que fujam do “padrão” acaba em uma busca perigosa por um ideal de beleza irrealista.
A consumidora Laís Stephano relata suas impressões sobre a experiência de ir às compras: "Muitas marcas acabam oferecendo roupas para um público muito específico, geralmente um público magro. Então, muitas vezes você olha a numeração da etiqueta e fala “isso deveria me servir”, mas na verdade não serve. Eu sinto que algumas marcas fazem roupas exclusivamente para pessoas magras.”
Essa sensação de que as roupas estão cada vez menores é algo recorrente, isso porque a indústria da moda não se desvinculou da cultura da magreza. As marcas, para tentarem servir uma “diversidade” - sem precisar fazer isso de fato - passam a diminuir os tamanhos de seus manequins, dando a impressão de que cumprem com a promessa, mas na realidade, a pessoa que usa uma roupa 42 passará a usar 44 ou 46.
A experiência do provador, pode causar gatilhos para transtornos alimentares e problemas com a autoestima. “Primeiro você fica frustrado por aquilo não te servir e provavelmente é algo que você queria, depois um sentimento de culpa. Será que eu deveria ser mais magra? Será que eu deveria fazer algo diferente? Será que eu deveria mudar minha alimentação? Acho que isso acaba afetando nossa relação com autoestima, querendo ou não, a gente relaciona muito o corpo e como a gente enxerga ele através do número das roupas que a gente veste” comenta Laís.
A falta de responsabilidade daquele que produz pode adoecer milhares de consumidores, sobre isso, o estilista Alexandre dos Anjos afirma: “A moda tem como base deixar quase tudo efêmero, inclusive corpos humanos, tornando tudo descartável. Automaticamente o interesse em inclusão é pequeno, tendo em vista as últimas semanas de moda mundial que quase não trouxe modelos plus em suas passarelas.”

A moda é um fator na sociedade que, além da necessidade básica de cobrir e proteger o corpo, também é um mecanismo para reafirmar sua identidade, personalidade e vivência. Alexandre vê a inclusão de corpos mid e plus size na moda como uma mudança dentro dos meios que a produzem e propagam: “A resposta está em quem produz moda, são estes os agentes que mantêm a moda do jeito que é vista hoje. Se houvesse uma conscientização das pessoas que desenvolvem produtos em torno de uma mudança, em busca de melhorias para a população que consome, talvez ela pudesse ser mais inclusiva”. Isso reforça a necessidade de políticas sociais inclusivas, que exaltem no outro características que constroem sua individualidade e a beleza presente nos corpos diversos.
Depois de 7 anos desde sua primeira estréia no Brasil, o musical original da Broadway "Wicked" retorna aos palcos brasileiros com uma proposta de produção não-réplica, ou seja, uma produção completamente diferente da original. Surgiram novas formas de atuação, mudanças no cenário, adaptações na coreografia e a alteração que mais encantou o público: a produção dos figurinos.
Wicked é um musical baseado no romance de 1995 de Gregory Maguire, que nada mais é do que uma reimaginação do filme de 1939 O Mágico de Oz, contando a história não contada das bruxas de Oz, Glinda (a bruxa boa do norte) e Elphaba (a bruxa má do oeste), anos antes da chegada de Dorothy.
A proposta na mudança dos figurinos é homenagear a época e a obra que deu origem a história, como é visto no novo vestido da personagem Glinda, que remete ao figurino da personagem original de 1939.


A produção dos figurinos se destaca por contar com mais de 900 tecidos importados de Londres, contendo cerca de 200 padronagens e um vestido de escamas feito a laser, construído manualmente com 15 tipos de materiais diferentes. Todo esse processo é assinado por Morgan Large, designer premiado de figurino e cenografia. Morgan já trabalhou em inúmeras peças e musicais do West End em Londres, com produções pelo mundo todo. Além dele, a produção conta com 37 costureiras e alfaiates responsáveis pela confecção dos figurinos, tornando toda essa magia possível.
Os fãs do espetáculo se surpreenderam positivamente com todas essas inovações, o que era um medo da produção. Wicked possui uma legião de fãs no Brasil e, segundo o produtor Vinícius Munhoz, uma das maiores dificuldades da produção era contentar esses fãs, o que fez com que durante o processo criativo eles sempre pensassem no que os fãs iriam achar, e essa estratégia não poderia ter dado mais certo. O musical está em cartaz hoje no Teatro Santander em São Paulo tendo sua semana de estreia esgotada e sessões lotadas toda semana. Wicked é um fenômeno mundial e essa nova montagem brasileira promete fazer com que você saia uma pessoa diferente da que entrou.
Ficou curioso para conhecer essa história e ver esses novos figurinos de perto? O musical está em cartaz de quinta a domingo, não deixe de garantir seus ingressos:

A sigla Y2K significa: year 2000 ou, em português, anos 2000. Essa tendência tem sido amplamente disseminada por influenciadores e fashionistas no TikTok que compartilham looks inspirados na época e resgatam elementos da moda dos anos 1990 e 2000. Por meio da plataforma, uma nova geração está se apropriando e reinterpretando essa estética, trazendo referências do antigo estilo e mesclando com tendências contemporâneas.
3 tendências que remetem ao estilo Y2K:
- Calça cargo: Desde 2022 elas vêm ganhando destaque e são usadas em diversos estilos, desde o casual até o mais elegante. Com bolsos laterais e corte largo, tornou-se um item indispensável de se ter no guarda-roupa.
Rihanna - Reprodução/Backgrid
- Look All jeans: Essa tendência consiste em vestir peças feitas de jeans em sua totalidade, tanto partes de cima como partes de baixo. O jeans é conhecido por ser versátil e atemporal, além de possuir várias tonalidades, lavagens e texturas para composição do look.

- Bolsas baguette: Esse acessório ganha destaque por ser versátil. Sendo pequena e alongada, a bolsa é usada rente ao braço, abaixo do ombro. O nome surgiu de uma semelhança com um tipo de pão de formato retangular, carregado pelos franceses debaixo do braço. O modelo se popularizou após a personagem Carrie Bradshaw - interpretada pela atriz Sarah Jessica Parker - usar vários modelos da marca italiana Fendi no seriado "Sex & the City".

Como tudo que evolui ao longo dos anos, em 2023 se tem maior aceitação do que conhecemos como corpos reais. Atualmente, o padrão de magreza e vem perdendo espaço nas capas de revista e passarelas, há um cenário mais diversificado em comparação com os anos 1990/2000, mesmo que com visibilidade menor do que gostaríamos.
Com a volta da tendência Y2K, os corpos quase que cadavéricos das celebridades voltaram a ser vistos com admiração e como objeto de desejo. O corpo magro e de barriga “chapada” se torna um objeto de ostentação, isso retoma a ideia de culto à magreza – bastante popular há 23 anos atrás - além de acentuar a margem para o desenvolvimento de diversos transtornos alimentares nos jovens de hoje.
Somado a isso, muitas pessoas recorrem também a aplicativos de edição, como o Photoshop, na tentativa de se aproximar do “padrão de beleza ideal”, esse padrão de magreza é praticamente inalcançável para determinados biotipos, especialmente para as mulheres, o que aumenta o pressão em relação às expectativas que a sociedade coloca sobre elas, além dos constantes julgamentos e discriminações por não se adequarem ao padrão imposto.
Algumas celebridades como a socialite Paris Hilton, a cantora norte-americana Britney Spears, a atriz norte-americana Lindsay Lohan e a antiga banda Destiny’s Child - composta por Beyoncé, Kelly Rowland e Michelle Williams – exemplificavam como os corpos deveriam ser, de acordo com o padrão.




O retorno dessa tendência é preocupante. Nos dias de hoje, compreendemos através de estudos e pesquisas, os malefícios que a ambição por ter um corpo magro não saudável pode trazer à saúde, tanto física quanto mental, de homens e mulheres.
De acordo com o site Sincofarma (Sind. do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo), a injeção Ozempic – liberada pela Anvisa em janeiro desse ano para tratar pacientes diabéticos tipo 2 - esgotou das prateleiras das farmácias. O medicamento, somado à prática de exercícios físicos e alimentação saudável facilita a perda de peso, entretanto, a maior parte das pessoas que o adquiriram não necessitavam fazer o uso do fármaco, o utilizando apenas para fins estéticos.
A busca pela droga acontece em função de que ela também age como uma espécie de “pílula emagrecedora”, mas que não deve ser utilizada com esse intuito. O preço também não é tão convidativo quanto sua finalidade, já que cada caneta da medicação custa, em média, R$800,00.
É fundamental preservar a luta por uma indústria mais consciente e inclusiva, além de valorizar a diversidade conquistada contra padrões ultrapassados. A moda deve ser um espaço de expressão para todos, e não só uma indústria voltada para o consumo.