Entre ocupações e assembleias, universitários fazem da moda um instrumento de protesto
por
Maria Julia Malagutti.
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26/06/2025 - 12h

Nas ruas e universidades, a moda afirma-se como linguagem política: um código visual capaz de expressar ideologias, indignações e identidades coletivas. Em um Brasil marcado por tensões sociais, reações conservadoras e a articulação de movimentos progressistas, o corpo torna-se campo de disputa simbólica.

Esse uso da estética como resistência não é novo. Nos anos 1960 e 1970, movimentos como o feminismo, o black power e o punk já faziam do vestuário uma ferramenta de contestação. Hoje, esse gesto se atualiza: a camiseta da seleção brasileira, antes símbolo nacional, virou objeto de disputa ideológica, enquanto outras peças se consolidam como marcas visuais de protesto, como os keffiyehs em atos pró-Palestina ou camisetas com frases como “Estado laico já”.

Em entrevista à AGEMT, a estilista Isadora Barbozza afirma que “o vestuário é essencial para transmitir mensagens sociais, culturais, ideológicas e políticas”. Para ela, é possível reconhecer, à primeira vista, a filiação a uma causa, crença ou identidade coletiva. “Você consegue, num olhar, identificar uma roupa de matriz africana. É muito expressivo”, destaca. Ela lembra que religiões, culturas e instituições sempre usaram a roupa como marcador simbólico — mostrando que o corpo vestido participa da construção de sentidos sociais.

Na universidade, esse fenômeno se intensifica. Na PUC-SP, onde o movimento estudantil voltou a se articular em 2025, com assembleias e protestos pela democratização interna e contra retrocessos nos direitos humanos, o vestir passou a compor o ato político. Camisetas com símbolos de partidos e movimentos sociais — como o PT, o MST e coletivos feministas — tomaram os corredores, transformando o corpo dos estudantes em suporte de convicções. A escolha da roupa deixa de ser neutra e se torna apoio ao debate.

A relação entre vestuário e engajamento também aparece na fala de Martim Tarifa, estudante de Jornalismo da PUC-SP. Em entrevista à AGEMT, ele conta que escolheu sua roupa com intenção ao participar da assembleia da ocupação estudantil. “Não fazia sentido ir com qualquer roupa. Vesti minha camiseta antifascista porque, da minha casa até lá, queria deixar claro meu apoio à mobilização”, explica. Para ele, mesmo quando não há uma intenção explícita, o modo de se vestir carrega significados. “Só de olhar para o estilo de uma pessoa, já dá pra perceber uma possível posição política. É uma forma de se posicionar e também de se identificar”, acrescenta.

 

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Confira como foram os desfiles do último dia da semana de moda paulistana
por
Pedro da Silva Menezes
Helena Haddad
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23/04/2025 - 12h

Na sexta-feira (11), o último dia da 59ª edição da São Paulo Fashion Week foi marcado por três desfiles de estilos distintos. A capital paulista recebeu as novas coleções da Handred, Patricia Vieira e PIET que encerraram o evento.

Handred

Abrindo o  dia, Handred apresentou uma coleção cheia de referências artísticas brasileiras e inspiradas na tapeçaria. Ponto Brasileiro – nome da coleção assinada pelo estilista André Namitala- traduziu a homenagem desejada pelo artista: “Uma ode ao legado dos grandes mestres tapeceiros”

O desfile ocorreu na galeria Passado Composto, no bairro do Jardins. Enquanto os modelos passavam apresentando a coleção, André narrava o desfile comentando os looks, suas técnicas e seus pensamentos, uma ambientação única e intimista. A  Handred trouxe excelência na necessidade atual de experiências imersivas para a passarela.

A coleção acentua os trabalhos manuais do ateliê e comemora brasilidade – as cores vibrantes, peças inspiradas em obras de Jacques Douchez e na ilustração “Jardim Brasileiro” do artista Filipe Jardim. As técnicas refinadas com ajuda do Apara Studio relembram Genaro de Carvalho, tapeceiro brasileiro que incorporava cores e a cultura brasileira em suas obras.

Uma coleção com bordados, organza, lã, veludo e seda, tudo conversa com as obras. Outro ponto alto foi a beleza assinada por Carla Biriba, a maquiagem dos modelos conversava diretamente com as peças e passavam do corpo para o rosto. A linha transcende a moda e mostra como caminhar junto da arte brasileira.

Modelo no desfile da Handred
Desfile Handred. Fonte: Reprodução/Agfotosite

 

Patricia Viera 

Marca consolidada na SPFW e conhecida pelo trabalho com couro, Patricia Viera apresentou sua nova coleção na Casa Higienópolis, em parceria com o artista Jardel Moura, responsável pelo desenvolvimento do corte tipo richelieu - caracterizado por desenhos vazados, muitas vezes com flores, folhagens ou padrões geométricos . 

Sempre buscando inovação com sustentabilidade, Viera traz uma coleção que reforça seus atributos ao usar tecnologia a laser na construção do couro. Inspirada no Art Déco, a estilista aposta em tons sóbrios, como bordô, marinho e até metálicos, aliados à geometria. Os mosaicos, criados por meio do programa Zero Waste, reutilizam sobras de couro do ateliê, promovendo uma produção mais consciente.

Com uma ambientação clássica, a coleção revisita o passado sem deixar de valorizar o presente, trazendo elementos como um vestido de noiva e o uso de animal print. O trabalho artesanal das peças é único e reafirma o luxo característico da marca. Pela primeira vez, a marca apresentou uma coleção própria de sapatos, expandindo seu portfólio de produtos.

Modelo com vestido de noiva no desfile da Patricia Viera
Vestido de noiva em couro. Fonte: Agfotosite/Zé Takahashi

 

PIET

Com trilha sonora de Marcelo D2 e Nave Beats, Pedro Andrade criou um cenário único no estádio do Pacaembu para apresentar o desfile da PIET. O futebol foi o protagonista da coleção. O estilista explicou à CAPRICHO que a apresentação funciona como uma linha do tempo que começa nas memórias de infância, que ajudam a formar o imaginário coletivo da população sobre o esporte. “O futebol está no nosso DNA”, declarou.

Ele explora diversos personagens nas roupas: do torcedor ao técnico, passando pelo jogador e até mesmo pelo soldado na reserva, que passa a maior parte do tempo jogando bola. Por meio de uma combinação de modelagens justas e oversized, meiões, releituras de camisas de time e estampas camufladas, o estilista traduz essas personas em suas peças.

Modelos no desfile da Piet no campo do estádio do Pacaembu
Desfile da PIET na SPFW N59. Fonte: Agfotosite/Marcelo Soubiha

 

A maquiagem também teve destaque na passarela. Helder Rodrigues foi o responsável pela beleza dos modelos, que apareceram desde apenas com blush, até rostos completamente pintados, que evocaram a paixão dos fanáticos pelo esporte.

Desde 2022, a São Paulo Fashion Week passou a vender ingressos, mas o evento da marca de streetwear foi em contrapartida ao disponibilizar 4 mil entradas gratuitas para o público e reuniu uma comunidade fiel à marca. A escolha foi certeira, já que os torcedores formam parte essencial desse “jogo da moda”.

Estreante na SPFW em 2018, a PIET conquistou reconhecimento internacional ao firmar parcerias com marcas como Oakley, Puma e Levi’s. Com o encerramento da semana de moda, ela trouxe uma atmosfera de final de Copa do Mundo e reafirmou a democratização dos espaços da moda com a coleção “Farmers League”.

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Grandes marcas enfrentam críticas sobre métodos de produção e as reais práticas do mercado de luxo
por
Isabelli Albuquerque
Vitória Nascimento
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22/04/2025 - 12h

No começo do mês de abril, o jornal americano Women's Wear Daily (WWD) divulgou em suas redes sociais um vídeo que mostrava os bastidores da fabricação da bolsa 11.12, um dos modelos mais populares da histórica francesa Chanel. Intitulado “Inside the Factory That Makes $10,000 CHANEL Handbags” (“Dentro da Fábrica que Produz Bolsas Chanel de US$10.000”), o material buscava justificar o alto valor do acessório, mas acabou provocando controvérsia ao exibir etapas mecanizadas do processo, incluindo a costura.

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Imagem do vídeo postado pelo WWD que foi deletado em seguida. Foto: Reprodução/Tiktok/@hotsy.magazine

Embora o vídeo também destacasse momentos artesanais, como o trabalho manual de artesãs, a revelação de uma linha de produção mais automatizada do que o esperado causou estranhamento entre o público nas redes sociais. A repercussão negativa levou à exclusão do conteúdo poucas horas após a publicação, mas o vídeo continua circulando por meio de republicações. 

Além do material audiovisual, a WWD publicou uma reportagem detalhada sobre o processo de confecção das bolsas. Foi a primeira vez que a maison fundada por Coco Chanel, em 1910, abriu as portas de uma de suas fábricas de artigos em couro. A iniciativa está alinhada ao Regulamento de Ecodesign para Produtos Sustentáveis, que visa ampliar a transparência ao oferecer informações claras sobre a origem dos produtos, os materiais utilizados, seus impactos ambientais e orientações de descarte através de um passaporte digital dos produtos.

Em entrevista à publicação, Bruno Pavlovsky, presidente de moda da Chanel, afirmou: “Se não mostrarmos por que é caro, as pessoas não saberão”. Ao contrário do vídeo, as imagens incluídas na matéria priorizam o trabalho manual dos artesãos, reforçando a narrativa de exclusividade e cuidado artesanal.

Para a jornalista de moda Giulia Azanha, a polêmica evidencia um atrito entre a imagem construída pela marca e a realidade do processo produtivo. “Acaba criando um rompimento entre a qualidade percebida pelo cliente e o que de fato é entregue”, afirma. Segundo ela, a reação negativa afeta principalmente os consumidores em potencial, ainda seduzidos pelo imaginário construído pela grife, enquanto os compradores habituais já estão acostumados com o funcionamento e polêmicas do mercado de luxo.

Atualmente, a Chanel administra uma série de ateliês especializados em ofícios artesanais por meio de sua subsidiária Paraffection S.A., reunidos no projeto Métiers d’Art, voltado à preservação de técnicas manuais tradicionais. A marca divulga sua produção feita à mão como um de seus pilares. No entanto, ao longo dos anos, parte da fabricação tornou-se mais automatizada — sem que isso tenha sido refletido nos preços finais.

Em 2019, a bolsa 11.12 no tamanho médio custava US$ 5.800. Hoje, o mesmo modelo é vendido por US$ 10.800 — um aumento de 86%. Para Giulia, não é o produto em si que mantém o caráter exclusivo, mas sim a história da marca, a curadoria estética e seu acesso extremamente restrito: “No final, essas marcas não vendem bolsas, roupas, sapatos, mas sim a sensação de pertencimento, de sofisticação e inacessibilidade, mesmo que seja simbólico”.

A jornalista de moda acredita que grande parte das outras grifes também adota um modelo híbrido de produção, que combina processos artesanais e mecanizados. Isso se justifica pela alta demanda de modelos como as bolsas 11.12 e 2.55, os mais vendidos da Chanel, o que exige uma produção em escala. No entanto, Giulia ressalta que a narrativa em torno do produto é tão relevante quanto sua fabricação: “O conceito de artesanal e industrial no setor da moda é uma linha muito mais simbólica do que técnica”, afirma.

Na mesma reportagem da WWD, Pavlovsky afirmou que a Chanel pretende ampliar a divulgação de informações sobre o processo de fabricação de seus produtos. A iniciativa acompanha a futura implementação do passaporte digital, que será exigido em produtos comercializados na União Europeia. A proposta é detalhar como os itens são produzidos, incluindo dados voltados ao marketing e à valorização dos diferenciais que tornam as peças da marca únicas. A matéria da WWD foi uma primeira tentativa nesse sentido, mas acabou não gerando a repercussão esperada.

“O não saber causa um efeito psicológico e atiça o desejo por consumo, muito mais rápido do que a transparência”, observa Giulia, destacando o papel do mistério no universo do luxo. Para ela, as marcas enfrentam o dilema de até que ponto devem revelar seus processos sem comprometer a aura de exclusividade. Embora iniciativas como a da Chanel pareçam valorizar aspectos como a responsabilidade ambiental e o trabalho manual — atributos bem recebidos na era das redes sociais, a jornalista acredita que a intenção vai além da educação do consumidor: “A ideia é parecer engajado e preocupado com a produção e seus clientes, mas a intenção por trás está muito mais ligada a humanizar a grife do que, de fato, educar o público”.

 

Até onde as práticas de fabricação importam?

 

Também no início de abril, diversos perfis chineses foram criados no aplicativo TikTok. Inicialmente, vídeos aparentemente inocentes mostrando a fabricação de bolsas e outros acessórios de luxo foram postados. Porém, com o aumento das taxas de importação causada pelo presidente americano, Donald Trump, estes mesmos perfis começaram a postar vídeos comprovando que produtos de diversas grifes de luxo são fabricados na China.

Estes vídeos se tornaram virais, arrecadando mais de 1 milhão de visualizações em poucos dias no ar. Um dos perfis que ganharam mais atenção foi @sen.bags_ - agora banido da plataforma -, usado para expor a fabricação de bolsas de luxo. Em um dos vídeos postados no perfil, um homem mostra diversas “Birkin Bags” - bolsas de luxo fabricadas pela grife francesa Hermés, um dos itens mais exclusivos do mercado, chegando a custar entre US$200 mil e US$450 mil - que foram produzidas em sua fábrica.

As bolsas Birkin foram criadas em 1981 em homenagem à atriz Jane Birkin por Jean-Louis Dumas, chefe executivo da Hermés na época. O design da bolsa oferece conforto, elegância e praticidade, ganhando rapidamente destaque no mundo da moda.

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Jane Birkin usando a bolsa em sua homenagem. A atriz era conhecida por carregar diversos itens em sua Birkin, personalizando a bolsa com penduricalhos e chaveiros. Foto:Jun Sato/Wireimage.

A Hermés se orgulha em dizer que as Birkin são produtos exclusivos, principalmente devido ao lento processo de produção. De acordo com a marca, todo o processo de criação de uma Birkin é artesanal e o produto é fabricado com couros e outros materiais de difícil acesso. Porém, com a revelação do perfil @sen.bags_, o público começou a perceber que talvez a bolsa não seja tão exclusiva assim.

No mesmo vídeo mencionado anteriormente, o homem diz que tudo é fabricado na China, com os mesmos materiais e técnica, mas as bolsas são enviadas à Europa para adicionarem o selo de autenticidade da marca. Essa fala abriu um debate on-line, durante todo esse tempo, as pessoas só vêm pagando por uma etiqueta e não pelo produto em si?

Para Giulia, polêmicas desse nível não afetam de forma realmente impactante as grandes grifes de luxo, já que “A elite não para de consumir esses produtos, porque como já possuem um vínculo grande [com as marcas] não se trata de uma polêmica que afete sua visão de produto, afinal além de venderem um simples produto, as grifes vendem um estilo de vida compatível com seu público.

A veracidade destes vídeos não foi comprovada, mas a imagem das grifes está manchada no imaginário geral. Mesmo que a elite, público alvo destas marcas, não deixe de consumi-las, o resto dos consumidores com certeza se deixou afetar pelo burburinho.

Nas redes sociais, diversos internautas brincam dizendo que agora irão perder o medo de comprar itens nos famosos camelôs, alguns até pedem o nome dos fornecedores, buscando os prometidos preços baixos.

Financeiramente, a Chanel e outras marcas expostas, podem ter um pequeno baque, mas por conta de suas décadas acumulando capital, conseguiram se reequilibrar rapidamente. “Elas podem sentir um impacto imediato, mas que em poucos anos são contidos e substituídos por novos temas, como a troca repentina de um diretor criativo ou um lançamento de uma nova coleção icônica.”, acrescentou Giulia.

Outras grandes grifes já enfrentaram escandâlos, até muito maiores do que esse como menciona Giulia “A Chanel, inclusive passou por polêmicas diretamente ligadas a sua fundadora, até muito mais graves do que seu processo produtivo”, se referindo ao envolvimento de Coco Chanel com membros do partido nazista durante a Segunda Guerra. Porém, como apontado anteriormente, essas marcas conseguiram se reerguer divergindo a atenção do público a outro assunto impactante.

Esse caso foi apenas um de muitos similares na história da indústria da moda, mas, como apontado por Giulia: “A maior parte das grifes em questão tem ao menos 100 anos de história e já se reinventaram diversas vezes em meio a crises, logo a transformação será necessária.”

 

Tendências para próxima estação marcam presença na passarela em meio a referências inusitadas
por
Bruna Quirino Alves
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14/04/2025 - 12h


Weider Silveiro  

Weider Silveiro iniciou a sequência de desfiles da  quarta-feira (9) no Shopping JK Iguatemi. A inspiração de sua coleção de inverno foi a deusa do amor e da beleza, Vênus.

Além de trazer um estudo de várias versões da figura mitológica, previamente retratadas na história, o estilista também se aprofundou nas representações humanas da divindade, ao aclamar artistas femininas conhecidas por, tanto por seus talentos, como suas belezas físicas, como Madonna, Cher e Joelma.

As peças da coleção trazem uma nova versão dos caimentos clássicos de busto, quadril e cintura, incorporando novos formatos e silhuetas para os cortes. Com paletas em tons pastéis, elementos que estão em alta no mundo da moda também foram incluídos nos looks, como a saia balonê e a modelagem assimétrica.

Modelo com vestido vinho desfilando na passarela
Weider Silverio SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo de vestido rosa vdesfilando na passarela
Weider Silverio SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reptilia

O segundo desfile do dia foi da marca Reptilia. A coleção “Tectônica” se inspira em falhas e deslocamentos geológicos, apresentando peças com tons terrosos e estampas que remetem ao solo. 

As peças foram pensadas a partir de uma proposta agênero e tal pluralidade ficou evidente  passarela. A cartela de cores predominante no desfile ficou estacionada nos  tons marrons, com leves toques de azuis, verdes e cinzas, remetendo  a pedras minerais.

A estamparia chamou atenção por um  detalhe particular da diretora criativa, Heloisa Strobel. As estampas foram feitas a partir de fotos tiradas pela própria designer com uma câmera analógica de 35mm durante uma viagem ao Oriente Médio.

A composição de looks conta com sobreposições, peças modulares, tecidos fluídos e alfaiataria que é característica da marca. Além disso, o processo de produção inova ao combinar corte a laser com bordado manual e uso de retalhos. O reaproveitamento de tecidos reafirma o compromisso da marca com a moda sustentável.

Modelo desfilando com vestido estampado
Reptilia SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando na passarela com roupa preta e branca
Reptilia SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Led

O desfile da marca Led foi o terceiro do dia, com a irreverência de ser inspirado em novelas brasileiras.

LED apresenta a sua coleção “BR SHOW”, ambientada como um programa de televisão. A trilha sonora contava com um remix de bordões icônicos da teledramaturgia brasileira, falas de apresentadores e aberturas de programas famosos.

O estilista, Celio Dias, disse em entrevista à Globo que aproveitou a estreia da nova versão de “Vale Tudo” para embarcar na atmosfera das novelas brasileiras, sob a perspectiva de alguém que acompanhou o surgimento de tendências que vieram dessas produções.

As peças da coleção são maximalistas e contam com mistura de estampas: animal print, listras e bolinhas, além de ornamentos como franjas e pelúcia, também incorporando pontos de tricô e crochê em alguns modelos.

O streetwear teve grande destaque no desfile, com a presença de calças cargo, casacos esportivos, moletons, camisetas gráficas com trocadilhos e tênis de corrida.
 

Modelo desfilando com macacão listrado
LED SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando com vestido listrado preto e branco
LED SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

À La Garçonne

O último desfile da noite foi da marca À La Garçonne, com sua coleção mesclada entre streetwear e alfaiataria.

O estilista Fábio Souza não pensou em nenhum tema específico para basear a sua coleção, seu foco era criar peças usáveis prezando o conforto acima da estética.

O vestuário apresentado chamou atenção pela mistura de estampas, com destaque para o xadrez, que é a tendência da estação. Silhuetas bem estruturadas, uso de pregas, caimento oversized e tênis esportivos compuseram os looks.

A paleta de cores é sóbria em tons de verde militar, marrom e grafite, com o contraste de alguns relances em tons de vermelho e roxo.

O processo de produção da coleção foi realizado a partir do upcycling de tecidos vintage da própria marca e garimpado de outras. O estilista reforça o conceito de moda consciente e reuso de materiais têxteis, criando novas peças customizadas e sustentáveis.

Modelo desfilando com terno xadrez
À La Garçonne SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando vestido e calça de terno
À La Garçonne SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite


 

 

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Com grandes nomes da moda brasileira, evento chega ao seu penúltimo dia
por
Gustavo Oliveira de Souza
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14/04/2025 - 12h
Foto de desfile
Modelo durante desfile da Dendezeiro. Foto: Mauricio Santana, Getty Images
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Na quinta-feira (10), o quinto dia de desfiles na São Paulo Fashion Week  trouxe aos holofotes marcas fundamentais ao cenário nacional, pilares do reconhecimento da moda brasileira país a fora.

João Pimenta 

O primeiro desfile do dia foi do estilista João Pimenta. O já consagrado artista, que por alguns anos misturou elementos da moda voltada aos dois gêneros decidiu apostar em um conceito quase todo concentrado  no vestuário masculino. O desfile aconteceu na estação Júlio Prestes do metrô, com o nome “Em Construção”. Sua obra buscou questionar os rumos da tecnologia na moda e valorizar o trabalho manual.

Dendezeiro

No JK Iguatemi, a Dendezeiro foi a segunda grife do dia a desfilar. A marca baiana da dupla Hisan Silva e Pedro Batalha trouxe um conceito que homenageava a região Norte do Brasil, com muito destaque à Amazônia. Chamada de “Brasiliano 2: A Puxada para o Norte”, o desfile destacou a fauna, com estampas de peixe e bolsas em formato de capivara, além de camisetas com frases exaltando a cultura local.

MNMAL

O penúltimo desfile do dia foi da estreante MNMAL. Fundada em 2022, a marca tem seu conceito baseado no minimalismo, e na passarela não foi diferente. Assinada pelo estilista Flávio Gamaum, as peças têm como principal destaque o conforto, pensada para o cotidiano no lar e home-office. Mesmo com todo o conforto, a elegância não é deixada de lado.

Walério Araújo 

Fechando o dia 10, o importante estilista Walério Araújo trouxe seu conceito usualmente impactante. Já tendo sido considerado um dos maiores estilistas do mundo, o pernambucano traz, novamente, a ousadia. Com diversas homenagens às mulheres trans, a bandeira de arco-íris apareceu em vestidos e peças mais casuais. Como novidade, a alfaiataria esteve presente, com peças que mostram a diferença na manifestação de gênero em locais públicos e privados.

Todos os desfiles marcaram, novamente, uma nova trajetória na moda brasileira. Sendo dos mais novos aos mais veteranos, quem esteve presente pôde acompanhar mais um capítulo da história do fashion no Brasil. 

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Os precursores, os destaques e as figuras históricas do país no desfile mais famoso do mundo
por
Davi Garcia
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23/06/2023 - 12h
Gisele Bündchen, no MetGala 2023. (Foto: Getty Images)
Gisele Bündchen, no MetGala 2023. (Foto: Getty Images)

No começo de maio, aconteceu em Nova York a 43º edição do MetGala, desfile beneficente com propósito de arrecadar dinheiro para a Instituição Metropolitana do Museu de Arte de Nova York. Com isso, duas estrelas brasileiras estiveram presentes: Anitta, na sua terceira participação, e Gisele Bündchen, figurinha carimbada no desfile. Ambas cumpriram a temática da noite e representaram o Brasil num dos maiores desfiles do mundo. Porém, o que é o MetGala?


Nele, celebridades do mundo inteiro se concentram para mostrar suas roupas e acessórios inspirados em uma temática que muda a cada ano. Em 2023, a Vogue – realizadora do MetGala – e seus presidentes (que mudam de acordo com a temática), Dua Lipa, Roger Federer, Penelope Cruz, homenagearam o estilista e diretor criativo da Chanel, Karl Lagerfeld, tendo os looks baseados na trajetória do alemão, além do uso de referências e objetos sobre sua vida.


O MetGala impulsiona artistas como referências e inspirações no mundo da moda, por ter a maior cobertura de um desfile pela televisão, chegando a aproximar e trazer mais pessoas ao universo fashion. Além disso, ter a cultura style acessível, mesmo utilizando de looks experimentais e criativos, ajuda estilistas menores a terem seu espaço e reconhecimento.

Ao voltar na história do MetGala, fora Anitta e Gisele, outros brasileiros estiveram presentes no tapete vermelho, como a modelo e empresária Adriana Lima, que ganhou muito destaque na década passada pela simplicidade e beleza dos looks, como em 2015 e 2017, quando foi elogiada pela mídia internacional pelo impacto e o vestido da Versace.

Adriana Lima, no MetGala 2017. (Foto: Getty Images)
Adriana Lima, no MetGala 2017. (Foto: Getty Images)

Carol Trentini foi mais uma brasileira a pisar no tapete vermelho, com um vestido feito à mão que impressionou, em 2022 pela sua delicadeza. Também fez presença Alessandra Ambrósio, que se destacou em 2016, quando usou um Balmain compatível com a temática daquele ano, “Mão x Máquina: a moda na era da tecnologia”. Isabeli Fontana e Camila Coelho foram outras modelos e influenciadoras tupiniquins que participaram do evento. Porém, o primeiro nome a pisar nos corredores do MetGala foi a atriz e modelo Sônia Braga, ainda em 1990.

Sônia Braga, a primeira brasileira a ir no MetGala, em 1990. (Foto:  Getty Images)
Sônia Braga, a primeira brasileira a ir no MetGala, em 1990. (Foto:
Getty Images)

Liz Ortiz, estudante e produtora de moda, comenta sobre as brasileiras que frequentaram o tapete vermelho recentemente, dando ênfase à Gisele Bündchen e Anitta. Liz destaca a cantora carioca como alguém que: “Recebeu muito destaque nesses últimos trêsanos que tem frequentado o baile. E complementa: “está frequentando e cada vez mais com looks marcantes e ousados”. Por fim, a produtora de moda cita Carol Trentini e Valentina Sampaio como as únicas que cruzaram o MetGala.

Liz Ortiz, estudante e produtora de moda. (Arquivo Pessoal)
Liz Ortiz, estudante e produtora de moda. (Arquivo Pessoal)

Um nome importante na área é Francisco Mota, diretor criativo da Calvin Klein de 2003 a 2016. Muitos looks vistos no MetGala, durante esse tempo, passaram na mão do brasileiro, que ganhou prêmios como o de Designer de Moda Feminina do Ano, em 2006 e 2008; e o Estilista do Ano no National Design Award, em 2009. E, em se tratando de temáticas, Liz comenta que o Brasil nunca esteve diretamente envolvido: “O mais perto que tivemos foi o tema “American Woman: Fashioning a National Identity”, mas mesmo assim o tema não foi explorado por nenhum brasileiro”.


Outro destaque foi a brasileira Valentina Sampaio, a primeira mulher trans a ser capa da Vogue Paris. Desfilou também pelo Victoria's Secret Fashion, evento promovido pela marca de lingeries para divulgar seu produto no mais alto nível da moda marcando história na premiação, principalmente por ser brasileira.


Em 2021, usando um vestido assinado por Iris von Herper, a cearense, em entrevista à Vogue comenta sobre ser chamada para o desfile: “Eu me sinto honrada de ter sido convidada para o Met Gala que, hoje, é o maior evento no mundo para o Fashion Business”. E sobre seu vestido, ressaltou principalmente o significado social dele: “Eu acho o assunto super-atual neste momento histórico de pandemia e, principalmente, após as recentes eleições presidenciais, que dividiram fortemente o país em dois partidos: Democratas e Republicanos. A escolha do vestido foi o momento mais delicado, pois o red carpet do Met Gala é o maior do mundo. Nele, sempre vimos looks incríveis e icônicos. Sobre o meu, posso afirmar que é maravilhoso!”.

Valentina Sampaio, com seu Iris van  Herper, em 2021. (Foto: Getty Images)
Valentina Sampaio, com seu Iris van Herper, em 2021. (Foto: Getty Images)

Porém, não há como fugir do maior nome da moda brasileira e uma das maiores do mundo: Gisele Bündchen. A super modelo gaúcha já foi a mais bem paga do mundo, e marcou história ao inovar em poses e movimentos em suas fotos. Além disso, já atuou em diversos filmes, como no sucesso “Diabo veste Prada”. Quando se trata de MetGala, a brasileira esteve presente em quase todos os desfiles desde 1999, impressionando sempre pela sua simplicidade, fidelidade ao tema e impacto.


No Brasil, a moda também vem crescendo e sendo marcada por eventos internacionais, como o MetGala, e também nacionais. Liz destaca: “A moda brasileira tem ganhado cada vez mais espaço e mais comentada e apreciada, principalmente por artistas”. Ela complementa: “O que temos de mais parecido com o Met Gala no Brasil, é o Baile da Vogue, um evento já tradicional que inicia o calendário de festas e comemorações de carnaval no Rio de Janeiro há 18 anos.” O Baile da Vogue se utiliza da época de pré- carnaval para inspirar os looks e maquiagens do evento, com mais expressão e características abrasileiradas.

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A influenciadora Gi Sayuri destaca benefícios econômicos e culturais do maior evento de moda do país
por
Laura Paro
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23/06/2023 - 12h
A influenciadora de moda e lifestyle Gi Sayuri tem apenas 21 anos e já alcança mais de 700 mil seguidores no TikTok. (Imagem: arquivo pessoal)
A influenciadora de moda e lifestyle Gi Sayuri tem apenas 21 anos e já alcança mais de 700 mil seguidores no TikTok. (Imagem: arquivo pessoal) 

A São Paulo Fashion Week (SPFW) é o maior evento de moda do Brasil e o mais importante da América Latina. Ocupa o quinto lugar entre as maiores semanas de moda do mundo, perdendo apenas para as de Paris, Milão, Nova York e Londres. Para além da união de grifes brasileiras, estilistas, modelos e ícones da moda, o evento tem grande relevância ao refletir acontecimentos e comportamentos sociais através da roupa e dar espaço às pautas de interesse público. “A Fashion Week tem um grande peso em uma questão social, uma vez que valoriza cada região do país e coloca holofotes para nossa própria cultura. A moda nacional é esquecida e, num evento desse tamanho, podemos relembrar que o mercado fashion brasileiro move muito além de tendências: gera empregos, melhora a vida das pessoas e, em grande plano, mostra como é rica a produção de moda no Brasil”, afirma a influenciadora de moda Gi Sayuri, de 21 anos.  

Na edição deste ano, realizada entre 25 e 28 de maio, o tema “Origens” marcou as passarelas e mais de vinte marcas participaram do desfile, que ocupou espaços no Shopping Iguatemi, Senac Faustolo e Komplexo Tempo. Quase trinta anos após sua primeira edição, a Semana, além de gerar um grande movimento econômico, também abordou questões como a importância da sustentabilidade. "O evento simboliza, desde coincidências e convergências a sentido de revolução. A moda brasileira vive um momento especial e isso é muito bom para o mercado. É importante que a gente pense sempre em inovação. Nós investimos um protagonismo para esta indústria”, afirma Paulo Borges, sócio e criador da SPFW. 

Com o objetivo de organizar a produção de moda do Brasil, internacionalizar os desfiles e potencializar novos negócios no setor, os investimentos no evento começaram em torno de R$ 600 mil e hoje chegam a mais de R$ 5 milhões aedição. Hoje, participam da Semana 34 estilistas e mais de dois mil jornalistas para fazer a cobertura. A organização é feita meses antes da data do evento para que a indústria tenha ideias de quais serão as tendências futuras, com tempo de sobra para comercializar.  

Para Sayuri, tamanha é a influência do evento, que às vezes ocorre de forma imperceptível pelas redes sociais.  “Se você está passando pelo seu Instagram e vê uma pessoa com uma combinação de look legal, você se inspira e monta algo parecido instantaneamente. A mesma coisa acontece nos desfiles, onde você não só vê o que está chegando nas próximas temporadas como já pega várias ideias de composições”, afirma.  

Com o Instagram e o TikTok, o movimento fashionista ganha cada vez mais força e recebe uma proporção tão grande que não consegue ser ignorada pela mídia. As redes sociais também proporcionam um espaço para a representatividade e a diversidade no mundo da moda. “Cada vez mais, ainda mais com o poder da internet, as pautas sociais estão presentes, e as marcas estão abraçando as causas. Seja por representatividade regional, de corpos ou de gêneros, a SPFW tem se tornado uma vitrine para exibir tudo o que compõe o nosso país na pluralidade que ele sempre teve”, diz a influenciadora.  

Sayuri destaca a importância cultural da SPFW. Segundo ela, os desfiles contam histórias e as roupas exibidas funcionam como a caracterização de uma ideia, lugares e sentimentos. Inclusive, a cultura brasileira se mostra sempre presente no evento: “Acredito que cada Fashion Week traz a essência do lugar através dos desfiles e do que é desfilado, uma forma de mostrar, seja qual for o país, um pouco da cultura local. Para qualquer um de fora que queira saber como funciona a produção de moda brasileira, é num evento desse porte que é possível conhecer cada detalhe, tanto criativo quanto social da nossa moda”, conclui Sayuri. 

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Sucesso entre o público, marcas com fabricação particular criam seu espaço no mundo da moda
por
Iris Martins
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12/06/2023 - 12h

A moda é um setor em constante evolução, tanto em termos de conceitos quanto de técnicas de produção. Com a chegada da pandemia de COVID-19, as pessoas tiveram que adaptar suas vidas e formas de trabalho, inclusive no comércio de roupas. As lojas de vestuário migraram para o ambiente online, explorando o e-commerce como forma de driblar os prejuízos causados pela crise global. No Brasil, as vendas online atingiram números recordes em 2021, totalizando mais de 161 bilhões de reais, um crescimento de 26,9% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Neotrust, empresa que monitora o e-commerce no país.

Este foi o caso de Isadora Abelha, proprietária da loja virtual Shop Abelha. Em entrevista à AGEMT, Isadora conta como tudo começou: "Após fazer uma pós-graduação em empreendedorismo e gestão de negócios em 2021, senti um interesse crescente em ter minha própria empresa. Inicialmente, revendia peças de fornecedores, mas com o crescimento da loja, senti a necessidade de criar peças exclusivas, desenhadas e pensadas por mim. Em 2022, lancei uma mini coleção de confecção própria e, em 2023, foquei totalmente nesse segmento, encontrando parceiros na minha cidade e buscando profissionais, importadores de tecidos e modelagens que se alinhassem comigo e com meu público. Deu muito certo."

Croqui da loja Maezza - por: Lucca Bustamante
Croqui da loja Maezza (por: Lucca Bustamante)

Assim como Isadora, muitas pessoas encontraram oportunidades de negócio e reinventaram suas carreiras durante a pandemia. De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mais de 3,9 milhões de empresas se formalizaram como microempreendedores individuais (MEIs) em 2021, um crescimento de 19,8% em relação ao ano anterior e de 53,9% em relação a 2018. Amanda Ferreira, proprietária da marca de roupas Maezza, compartilhou sua história com o jornal, revelando que sua paixão por trabalhar na aviação foi interrompida pela pandemia. Ela decidiu adiantar outro sonho que tinha em mente: ter sua própria marca. Amanda destaca os desafios de ter uma confecção própria: "O maior desafio é lidar com a produção em si, desde a criação de processos até a entrega final ao cliente. Envolve uma cadeia complexa, desde a criação da coleção, modelagem, negociação e compra de tecidos, corte, costura, acabamento, embalagem, marketing, administração e contabilidade. É um desafio diário que demanda habilidades práticas e criativas."

Marianne Baptista, especialista em tendências na WGSN LATAM, destaca a crescente importância das marcas de confecção própria no mundo da moda, especialmente durante a pandemia: "Desde o início da crise, os consumidores têm apoiado cada vez mais pequenos e médios negócios nacionais, entendendo os impactos econômicos causados pela pandemia. Isso tem levado à atenção especial para marcas que possuem produção própria, principalmente entre os jovens adultos que valorizam marcas alinhadas aos seus valores e compreendem as mudanças que o mercado da moda passou, adaptando-se a uma comunicação remota mais eficaz." Com a COVID-19, muitas pessoas passaram a valorizar e comprar de marcas locais, fortalecendo esse mercado e impulsionando a criação de diversas lojas em diferentes nichos. Isabella Marcela, dona da loja de biquínis Maré Alta Store, afirma: "Nossa marca ganhou uma grande visibilidade, especialmente durante a pandemia, quando as lojas físicas estavam fechadas e as compras online se tornaram a principal opção. No entanto, o investimento em marketing é essencial."
 

Peças da Shop Abelha - por: reprodução da internet
Peças da Shop Abelha (por: reprodução da internet)


Os proprietários de marcas de confecção própria precisam estar sempre atentos às tendências. Livia Sampaio, dona da loja Favorito Crochê, relata em entrevista à AGEMT como identificou a demanda por roupas de crochê: "Após me destacar entre meus amigos com roupas feitas pela minha avó, percebi que havia um público interessado nesse tipo de peça, e o crochê estava em alta na mídia, inclusive entre os famosos. Decidi investir nessa ideia, mas sei que ter uma marca própria vai além de comprar e revender roupas. Exige um planejamento abrangente." "O diferencial dessas marcas está em entender os desejos do mercado brasileiro, trazendo produtos que valorizam a diversidade, brasilidade, peças exclusivas em termos de design, cores e estampas", complementa Marianne.

As marcas Apartamento 03 e The Paradise marcaram presença no SPFW no último dia 26, resgatando as brasilidades tradicionais e explosões de cores da modernidade
por
Manuela Mourão
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02/06/2023 - 12h

O estilista Luiz Claudio da Silva apresentou no último dia 26 a coleção feita para a grife Apartamento 03, desfilada no Shopping Iguatemi.

Mergulhando na história pouco conhecida do pintor Estevão Roberto Silva, o primeiro artista negro a se formar na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro no século XIX, Luiz usa suas peças para apresentar essa narrativa.

“Ele foi considerado o melhor pintor de natureza morta, adorava pintar frutos”, disse o estilista sobre Estevão Silva, em entrevista que foi publicada no Instagram da marca. Os frutos foram reproduzidos de forma abstrata em algumas estampas da coleção, muitas peças tiveram as partes de baixo cortadas em pontas assimétricas, tops com pontas soltas e até saias amarradas nas laterais, ajudando a construir a sobreposição em suas peças, cujo acervo também era composto por calças largas e macacões de festa.

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Luiz afirmou que gosta de explorar silhuetas: “Gosto de construir silhuetas em que você não sabe se é um vestido ou se é uma calça, se é um macacão, se é uma jaqueta, se é um casaco e um vestido…”

Vale ressaltar o trabalho em ateliê trazido para a coleção. Foram construídas flores tridimensionais com tecidos plissados, aplicados em vestidos e capas que pareciam pairar sobre os modelos. Peças metalizadas e quadriculadas também foram reveladas durante o desfile. 

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Luiz Cláudio da Silva, ao ser perguntado o porquê dessa criação, respondeu: “Eu acho que é o momento do país olhar para sua própria história, para a história das suas pessoas…Acho que é a maior riqueza que a gente tem e que não temos dado atenção para isso”, continuou dizendo sobre como o desfile era o trabalho de um “Silva” que estava no São Paulo Fashion Week, o mesmo que Estevão Silva, e os tantos Silvas que estão por aí, sem oportunidade de mostrar seus talentos.

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The Paradise: Um festival de cores 

Também no dia 26, a marca The Paradise fez sua estreia nas passarelas da SPFW, uma verdadeira festa, do início ao fim.

A marca dos estilistas Thomaz Azulay e Patrick Doering não desapontaram os fãs - que os conhecem pelo bom humor e pela paixão pela moda - já que realizaram um show colorido e vibrante.

Desfilaram a coleção de nome “Brechó Paradise”, uma mistura de peças características dos anos 1950 aos 1980, nas quais cada década ganhou uma estampa característica - marca registrada da grife, que é conhecida por seu trabalho com estamparias.

Thomas e Patrick realizaram o desfile sem nostalgia, com propostas atuais e um olhar voltado para as tecnologias que se conectam com o futuro. A coleção é bastante diversificada, tanto para o público masculino quanto feminino, além de apresentar um acabamento mais direcionado ao público jovem - de alma.

 

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Na passarela, nomes famosos deram as caras, como: José Loreto, Pati de Jesus, Luís Lobianco, Silvia Pfeiffer, Bete Prado e outros muitos, sem contar com as ilustres personalidades que estavam na plateia.

 

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O jeans foi um dos principais pilares da coleção, e também contou com muitas estampas. As peças incluíam compunham um guarda-roupas com ótimas variações de camisas, tops croppeds e bustiês. Os vestidos eram compostos por um toque vintage nos decotes, comprimentos médios e referências a Obis japoneses e capulanas africanas. 

Até mesmo as peças em couro, desenvolvidas em parceria com Patrícia Viera, receberam cores correspondentes às estampas da coleção, para os homens, há muitas ideias de conjuntos (estampados) que substituem os tradicionais ternos. 

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O ambiente criado pela marca merece ser reconhecido pela imersividade. Luzes coloridas e uma trilha sonora de festa, que contou com músicas como: Under Pressure, da banda Queen e de David Bowie e Sultans of Swing, do Dire Straits, que trouxeram a verdadeira energia de comemoração para a estreia.

 

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Patrícia Viera desfilou sua coleção nesta última quinta-feira (25), seguida do TA Studios, ambos abordando a diversidade em vários segmentos
por
Manuela Mourão
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02/06/2023 - 12h

O desfile aconteceu no Iguatemi São Paulo, no início da tarde. A marca conhecida pela exaltação da elegância feminina, reafirmou mais uma vez o perfil maduro, moderno e refinado da estilista.

Com uma coleção semelhante à desfilada pela grife em novembro, na edição 54 da São Paulo Fashion Week, Patrícia Viera aposta novamente em looks metalizados, mas com um trabalho novo, um olhar geométrico sob suas peças.

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A marca, que ganha o mesmo nome que a estilista carioca, apresentou pouco menos de 40 novos vestuários, contando quase que exclusivamente com vestidos em seu repertório. Mostrando a habilidade criada em 25 anos de história, o uso do couro é notavelmente profissional, inovando nos padrões e texturas únicas, e reiterando o cuidadoso trabalho artesanal de Patrícia. 

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Em um breve curta-metragem que antecedeu o espetáculo, Patrícia Viera apareceu dizendo: "Eu não estou de jaleco e fita métrica para ficar mais bonita, estou assim porque estou a serviço", mostrando o quanto a estilista leva a sério seu trabalho de criar, vestir e esculpir a mulher.

Finalizando com um inusitado vestido de noiva, a passarela se despediu do desfile com uma homenagem à recém falecida rainha do rock brasileiro, Rita Lee. 

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TA Studios

No mesmo dia, a estilista Gih Caldas desfilou sua coleção "Empinando Pipas e Sonhos", também no Shopping Iguatemi, para a marca TA Studios.

Buscando uma reflexão sobre saúde mental e as artes plásticas como um escape para problemas psicológicos, a carioca - conhecida pelo uso materiais sustentáveis, como: fibra de bananeira e de milho, algodão orgânico e viscose de reflorestamento, para a criação de suas peças - trouxe um belo desfile aos solos paulistanos. 

Dentro da proposta da edição N55, Gih Caldas conseguiu fundir seu diploma de terapeuta com o conceito que estabeleceu para as roupas, explorando suas origens e abordando de forma inovadora a perspectiva da saúde mental dentro da moda.

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O espetáculo foi bastante imagético, com cabelos altos, que remeteram à reflexão proposta pela estilista. Outro ponto favorável para a estilista se deu na cirúrgica escolha do casting, os modelos enriqueceram as passarelas de representatividade, trazendo os mais diversos biotipos e etnias. Suas peças tomaram vida diante dos holofotes sendo desfiladas por mulheres mais velhas, modelos negros, asiáticos, pessoas com deficiência e transexuais. 

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Sobre a coleção, os tons optados foram majoritariamente neutros, com a presença do patchwork no jeans, técnica que utiliza diversos recortes do tecido para a construção de peças geométricas ou orgânicas. As quase 20 peças se mantiveram dentro da especialidade da grife: a alfaiataria. 

 

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