Disputa destaca segurança pública, moderação política e efeitos do voto obrigatório.
por
Fábio Pinheiro
Antônio Bandeira de Melo Carvalho Valle
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26/11/2025 - 12h

O Chile chega ao segundo turno das eleições presidenciais de 2025 em meio a intensos debates sobre segurança, migração e economia, após uma votação acirrada que colocou Jeannette Jara, do Partido Comunista do Chile (PCCh), e José Antonio Kast, do Partido Republicano (PLR), na disputa do segundo turno.

Apesar da filiação partidária, Jara adota um discurso mais moderado, enquanto Kast suavizou parte da retórica ao longo da campanha. O cenário reforça uma eleição marcada por movimentos ao centro e pela retomada do voto obrigatório.

Embora seja filiada ao Partido Comunista, Jara não deve ser interpretada como uma candidata de linha comunista clássica, explica Arthur Murta, professor de Relações Internacionais da PUC-SP: “O discurso dela é social-democrata, centro-esquerda. Ela sai das primárias com esse objetivo: reunir pautas amplas da esquerda e atrair setores moderados.” Segundo o professor, a candidata tenta recuperar votos de Franco Parisi e Evelyn Matthei, figuras que atraem eleitores flutuantes entre centro-direita e centro-esquerda.

A presença de Kast no segundo turno está diretamente ligada ao peso da segurança pública no debate chileno. Desde a pandemia, o país enfrenta aumento de furtos e crimes de menor potencial ofensivo, o que se tornou tema central no pleito. “O principal incômodo do chileno hoje é a segurança”, afirma Arthur. 

Ele explica que parte do eleitorado vinculou o aumento dos crimes à chegada de imigrantes — especialmente venezuelanos, colombianos e haitianos —, ainda que não haja dados que sustentem essa associação. Essa percepção, porém, alimenta o discurso da extrema-direita e fortalece candidaturas como a de Kast.
 

O Palácio de La Moneda
O Palácio de La Moneda. Foto: Wikimedia Commons

As chances de Jara reverter o cenário são consideradas baixas. Segundo Arthur, a candidata chegou com cerca de 26% dos votos — número insuficiente para equilibrar a disputa. “Ela precisa conquistar muitos votos, mas a maior parte dos eleitores dos candidatos derrotados é da direita”, avalia o professor. Apesar disso, ele aponta que parte dos votos do centro pode migrar para Jara, ainda que não em volume suficiente para garantir uma virada.

Outro ponto decisivo é o voto obrigatório. Esta é a primeira eleição presidencial chilena com participação compulsória, e a multa para ausência pode chegar a US$ 100. “Metade da população não votava. Agora, muitos irão às urnas pela primeira vez”, destaca Arthur. Para o professor, essa mudança tende a influenciar mais o comportamento eleitoral do que as instabilidades anteriores, como os protestos de 2019 ou o processo constitucional rejeitado em 2022.

Com o segundo turno marcado para 14 de dezembro, o Chile se vê diante de dois caminhos distintos. Jara tenta consolidar uma frente moderada capaz de ampliar sua base, enquanto Kast se apoia no discurso de segurança e no sentimento de urgência que vem crescendo no país. Em meio a transformações sociais e a um eleitorado expandido pelo novo sistema de participação, o país decide seu próximo capítulo político.

Segundo professora da Unifesp, países não demonstram mais interesse no funcionamento da instituição
por
Renata Bittar
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13/11/2025 - 12h

Fundada em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) representa um marco histórico e o compromisso da humanidade na cooperação para a paz. Atualmente, no entanto, a organização se encontra em uma posição de risco e vulnerabilidade diante da multiplicação de conflitos e governos autocráticos que desprezam os princípios do multilateralismo.

Segundo Cristina Pecequillo, professora livre docente de política internacional da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o 80° aniversário da ONU, embora digno de comemoração, ocorre em um momento de perda de influência da instituição. Na visão da pesquisadora, a data é um convite à reflexão sobre os caminhos que a entidade poderá trilhar para se manter essencial no âmbito internacional.  

Cristina observa que a geopolítica mundial se transforma dia após dia e coloca em xeque a segurança e a soberania de cada nação. Situações delicadas, como a de Israel e Gaza, são cada vez mais comuns. Da mesma forma, discursos autoritários como os de Donald Trump estão cada vez mais fortes, fragilizando as relações diplomáticas. A especialista afirma que a ONU vem gradualmente perdendo relevância e passa por um longo processo de definhamento financeiro e político. Segundo Cristina, a instituição se transformou em um instrumento de interesse do governo dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, serve de palco para as ações de Trump e impõe barreiras a elas. 

Para Cristina, Trump tem diversas alternativas políticas para cada nação e situação. “Trump tem como opção, aos demais organismos multilaterais, a completa destruição, uma repactuação de relações e, no caso das Nações Unidas, um meio termo, já que não investe mas precisa dessa visibilidade para passar algumas políticas para o sistema internacional”, afirma, acrescentando que as circunstâncias atuais exigem uma reforma que permita a ampliação do Conselho de Segurança e identifique novos rumos e missões para o órgão.

Conforme a professora, as nações divergem em relação a como deve ser feita a transformação e o fortalecimento da ONU. “Nem todos os membros estão satisfeitos com o sistema multilateral: uns vão querer reformar, como o Brasil e a China, e outros vão querer fazer uma transformação mais séria e utilizar o organismo para os seus próprios objetivos”, afirma. 

Segundo ela, o interesse e o investimento na instituição ocorreram mais devido ao individualismo do que à proteção geral. Cristina explica que, se a organização não tiver apoio ou respeito de seus integrantes, ela não irá funcionar.

De acordo com a estudiosa, a instituição, que anteriormente representava manutenção e mediação da paz entre nações, ficou em segundo plano e perdeu o sentido para os Estados. Essa ausência de interesse é evidente e contestada. A organização, ainda que desempenhe algum papel em conflitos globais, foi enfraquecida e se distanciou das responsabilidades políticas. Seu funcionamento está inteiramente dependente do comportamento de grandes potências, nações com mais dinheiro e poder que controlam a política e a economia.

Em seu aniversário de 80 anos, a ONU, que se manteve firme em conflitos como a Guerra Fria, desenvolveu um novo projeto de operação devido ao aumento das crises globais e desigualdade. O projeto “ONU 80”, anunciado em março de 2025 pelo secretário-geral Antônio Guterres, busca modernizar o exercício da organização e reafirmar seu impacto. A proposta tem como principal objetivo aumentar a relevância do órgão por meio de três pilares: mais eficiência e menos burocracia, revisão de mandatos e ajustes na estrutura e nos programas.

A ONU enfrentou, e continua enfrentando, crises humanitárias de imensa dimensão e complexidade. Na guerra entre Ucrânia e Rússia, a instituição afirma trabalhar fortemente em ajuda humanitária e nos esforços que influenciam a diplomacia no conflito. Cristina afirma que a sociedade tende a ter uma visão muito positiva sobre o surgimento e a consolidação da ONU, o que se reflete nas grandes disputas geopolíticas e geoeconômicas de cada época.

António Guterres relembra, em sessão comemorativa aos 80 anos da ONU, que grande parte de antigos funcionários das Nações Unidas carregava marcas visíveis da guerra (ONU / Loey Felipe)

 

 

 

 

Oposição acusa governo de matar mais de 700 pessoas durante manifestações. Orgãos internacionais apontam irregularidades no pleito
por
Octavio Alves
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10/11/2025 - 12h

O país africano vive dias de tensão política, após as eleições gerais realizadas em 29 de outubro, que deram vitória à presidenta Samia Suluhu Hassan, do partido governista Chama Cha Mapinduzi (CCM). De acordo com os resultados oficiais divulgados pela Comissão Eleitoral Nacional do país, Samia conquistou cerca de 97,66% dos votos, garantindo um novo mandato de cinco anos. Ela atuava como vice-presidente quando o antecessor, John Magufuli, morreu em 2021. A morte de Maqufuli  transformou Samia na primeira presidenta da história do país e o pleito recente, na primeira presidenta eleita.

Embora os números sejam altos, as eleições foram duramente criticadas por observadores internacionais e organizações de direitos humanos, que relataram irregularidades, repressão a opositores e violência generalizada.

Durante o período pré-eleitoral, houve relatos de prisões arbitrárias, censura à imprensa, intimidação de ativistas e até o rompimento do sinal de internet, bem na semana do pleito. No dia da votação, diversos centros registraram falhas de comunicação e bloqueios de internet, o que dificultou a fiscalização do processo. 

O partido opositor Chadema denunciou que pelo menos 700 manifestantes foram mortos em três dias, número que subiu para 800 no sábado (08), segundo o porta-voz John Kitoka. Contudo, fontes hospitalares citadas pela agência EFE, afirmam que o número de mortos chega a, pelo menos, 150. Até o momento, a imprensa internacional não conseguiu averiguar a veracidade destes dados.

 

Samia na posse oficial se tornando a primeira presidente mulher eleita. Foto: Tanzania State House
Samia Suluhu Hassan durante a posse oficial como a primeira presidenta  eleita da Tanzânia. Foto: Tanzania State House

 

A Human Rights Watch e a Anistia Internacional denunciaram o uso excessivo da força, com dezenas de mortos e centenas de detidos, números ainda não confirmados oficialmente. A União Europeia e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) afirmaram que as eleições “não permitiram aos cidadãos expressar livremente a sua vontade democrática”.

Em seu discurso de posse, realizado em 3 de novembro, Samia Suluhu Hassan afirmou que sua vitória “representa a vontade do povo tanzaniano” e prometeu restaurar a ordem e focar em desenvolvimento econômico, educação e infraestrutura. No entanto, líderes da oposição questionam a legitimidade do resultado.

Desde a independência, em 1961, o CCM, sucessor do primeiro partido eleito TANU, domina o cenário político tanzaniano. Críticos têm apontado para a necessidade de uma reforma eleitoral, o que foi utilizado como justificativa à prisão do líder do partido Chadema, Tundu Lissu, sob acusação de traição.

Lissu está preso desde o mês de abril, acusado de traição por defender reformas eleitorais que, segundo ele, contribuiríam para uma votação livre e justa. Outra importante figura da oposição, Luhaga Mpina, do partido ACT-Wazalendo, foi impedida de concorrer.

Observadores da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), bloco econômico regional, afirmaram em comunicado que as eleições de 29 de outubro não atenderam aos princípios e diretrizes do grupo para eleições democráticas, citando principalmente a proibição da candidatura de opositores.

A retirada aconteceu depois de Kimmel criticar Donald Trump, em um comentário sobre a morte do influenciador e ativista conservador Charlie Kirk. O caso reacendeu o debate sobre censura
por
Matheus Henrique
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06/10/2025 - 12h

O apresentador estadunidense Jimmy Kimmel teve seu programa retirado do ar, após criticar o presidente Donald Trump, no dia 15 de setembro, durante a repercussão da morte do influenciador e ativista conservador Charlie Kirk. Ele questionou a reação do líder norte-americano e sugeriu que Tyler Robinson, autor do atentado que vitimou Kirk, seria republicano e trumpista.
 


Kimmel iniciou seu monólogo afirmando que o fim de semana havia trazido mais uma cena vergonhosa ao comentar a tentativa do movimento conservador MAGA, sigla para “Make America Great Again”, de se desvincular do acusado: "A gangue do MAGA está tentando desesperadamente caracterizar o garoto que assassinou Charlie Kirk como algo diferente de um deles, e faz tudo o que pode para ganhar pontos políticos com isso.” 

Ele comentou também sobre a reação inusitada de Trump quando um repórter perguntou como ele estava lidando com a morte de Kirk. O presidente respondeu que estava muito bem e começou a falar sobre a construção de um novo salão de baile na Casa Branca. O apresentador ironizou a situação e disse que essa não é a forma de um adulto lamentar a morte de alguém de quem dizia ser amigo. 

A emissora se posicionou sobre o caso e afirmou que os comentários foram ofensivos, optando por suspender o programa. Nas redes sociais, o presidente comemorou a suspensão e aproveitou para pedir o cancelamento de outros programas que criticam a sua gestão. 
 

trump
Grande notícia para os Estados Unidos: a ABC finalmente teve a coragem de fazer o que precisava ser feito. Kimmel não tem NENHUM talento e tem uma audiência pior que a do [Stephen] Colbert, se é que isso é possível. Agora restam Jimmy [Fallon] e Seth [Meyers], dois completos perdedores, na mentirosa NBC. A audiência deles também é horrível. Faça isso, NBC!!! Presidente Donald Trump - Reprodução: Truth Social

A suspensão repercutiu também entre os Democratas. Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, acusou o governo de censura, enquanto o senador pelo Estado de Vermont, Bernie Sanders, classificou o caso como mais um episódio de autoritarismo da gestão Trump. Ambos insistiram que o atual presidente busca calar vozes críticas. 

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Depois de anos reclamando sobre a cultura do cancelamento, a atual administração levou isso a um novo e perigoso nível ao ameaçar rotineiramente com ações regulatórias contra empresas de mídia, a menos que silenciem ou demitam repórteres dos quais não gostam. -  Reprodução: X
bernie
O autoritarismo é isso: o governo silenciando vozes dissidentes. Colbert. Kimmel. Um processo de 15 bilhões de dólares contra o New York Times. Muita gente lutou e morreu para defender a liberdade. Não vamos deixar que Trump a tire de nós. - Reprodução: X 

O apresentador voltou ao ar no dia 23 de setembro. Em seu discurso, esclareceu que nunca teve a intenção de menosprezar o assassinato de um jovem e aproveitou para provocar Trump novamente: “Ele fez o possível para me cancelar, mas, em vez disso, obrigou milhões de pessoas a assistir ao programa. O tiro saiu pela culatra. Talvez agora ele tenha que divulgar os arquivos de Epstein para nos distrair disso.”

Kimmel ainda comentou sobre a decisão de que conteúdos jornalísticos terão de ser submetidos à análise antes da publicação: "Pete Hegseth [Secretário de Defesa dos Estados Unidos], anunciou uma nova política que exige que jornalistas com credenciais de imprensa do Pentágono assinem um termo de compromisso, prometendo não divulgar informações que não tenham sido explicitamente autorizadas. Eles querem escolher as notícias." 

Neste ano, a emissora americana CBS anunciou o encerramento do programa The Late Show, apresentado por Stephen Colbert. A suspeita é de que as recorrentes críticas feitas pelo apresentador a Donald Trump tenham motivado a decisão.

Maior evento europeu do setor continua na rota por novidades eletricas e mais concorrência a cada ano
por
Vítor Nhoatto
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22/09/2025 - 12h

Ocorrido entre os dias 9 e 14 de setembro, o IAA Mobility recebeu mais de 500 mil visitantes, superando a sua última edição em 2023. Estiveram presentes as germânicas Audi, BMW, Mercedes, Opel, Porsche e Volkswagen, mas Fiat, Peugeot e nenhuma japonesa compareceu. Com isso, mais uma vez uma grande parte de Munique foi palco para as chinesas se consolidarem e expandirem.

Com o lema “It’s all About Mobility”, em tradução livre, “É Tudo Sobre Mobilidade”, o foco da mostra se manteve em soluções inteligentes e inovadoras. Startups como a Linktour com  seus micro carros elétricos, e marcas de bicicletas e motocicletas elétricas estavam por todos os lados do München Expo Center. E repetindo o formato aplicado desde 2021, com o chamado “Open Space”, uma área de experiências interativas gratuitas ao ar livre, os visitantes podiam experimentar tudo isso.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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 Além disso, a inovação tecnológica foi tema de muitos debates e coletivas de imprensa com representantes da indústria. Fornecedoras como a Bosch, Aisin e Revolt, além de empresas de carregadores como a Charge X e E-Mobilio e a gigante de baterias CATL foram só alguns dos mais de 750 expositores presentes. 

Setor premium atento

Falando em eletricidade, ela estava no centro das atenções de todas as marcas, apesar das vendas de carros elétricos (BEV) terem sido prejudicada na Europa no ano passado. O fim ou diminuição de subsídios governamentais e metas de descarbonização estagnadas na União Europeia foram os principais motivos segundo o Global EV Outlook 2025 da International Energy Agency (IEA). No entanto, as projeções para esse ano e os próximos são de crescimento.

De olho nisso a BMW lançou o novo iX3, modelo mais importante em anos ao inaugurar uma nova era para a alemã. A segunda geração do modelo estreia uma plataforma sob medida e exclusiva para elétricos de nova geração, chamada de Neue Klasse. O destaque fica com a nova bateria de 108.7kWh de capacidade integrada ao chassi, compatível com carregamento ultrarrápido de até 800V - ganha 372km em apenas dez minutos - e autonomia de 805km em uma carga segundo o ciclo WLTP. 

No quesito design a ruptura com o passado é ainda mais evidente, com uma nova linguagem visual, inspirado nos modelos da BMW dos anos 80. No interior foi inaugurado o Panoramic iDrive, com o painel de instrumentos correndo ao longo de todo o para-brisa, um novo volante de quatro raios e um multimídia com inteligência artificial de 17,5 polegadas. “A Neue Klasse é o nosso maior projeto futuro e marca um grande salto em termos de tecnologias, experiência de condução e design”, frisou o presidente do conselho de administração da marca, Oliver Zipse.

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Alemã aproveitou o evento para apresentar o futuro Sedan i3, que seguirá o capítulo iniciado pelo SUV iX3,  irmão de plataforma. Foto: BMW Group / Divulgação 

Do outro lado do pavilhão, a Mercedes-Benz fez um movimento parecido, lançando a segunda geração do GLC elétrico. O modelo foi o primeiro elétrico da marca, ainda em 2018 como EQC. Mas pelas vendas baixas havia sido descontinuado no ano passado, e agora retorna com o nome “GLC With EQ Technology”, para evidenciar as mudanças. Rival direto do iX3, segue a linguagem de design inaugurada no novo CLA no ano passado, aqui com uma grade iluminada e enormemente proeminente.

Construído sob a inédita plataforma elétrica MB.EA Medium, independente do GLC, a combustão portanto, possui carregamento de até 800V e uma bateria de 94kWh, traduzidos em 713 km de autonomia. No interior, o SUV inaugura o “Hyperscreen”, transformando o painel inteiro em uma tela de 39.1 polegadas. O interior pode ser todo vegano e certificado, e a comunicação Car-to-X - que coleta e envia dados para comunicar outros veículos - se destaca no quesito segurança. O preço inicial deve girar em €60 mil quando chegar às lojas ainda esse ano, tal qual o rival.

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Faróis possuem tecnologia Matrix, e sob o capô há um espaço de 128 litros para bagagens. Foto: Mercedes-Benz / Reprodução

Mas nem só de SUVs o mercado premium é formado, e a Polestar compareceu a Munique para o lançamento mundial do seu novo modelo de topo, o sedã 5. A marca do grupo Geely, divisão de performance da Volvo até 2017, aposta em sustentabilidade e alta performance, estreando a nova plataforma PPA do grupo. São 872 cavalos, tração integral, aceleração de 0 a 100 em 3,2 segundos e ausência de janela traseira, tal qual no crossover 4.

Um presente e futuro elétrico

Nas duas últimas edições do Salão de Munique, ambientalistas protestaram em frente ao evento em defesa de uma mudança sistêmica da indústria, o que se repetiu. As ONGs Extinction Rebellion e Attac levaram placas pedindo por mais investimento em transporte público e justiça social, jogando atenção para uma mentalidade individualista e o preço dos elétricos. 

Em relação a essa questão, um estudo da empresa de consultoria, Gartner, mostra que até 2027 os BEVs serão mais baratos de produzir que os carros a combustão (ICEVs), e o Grupo Volkswagen promete preços competitivos para sua nova geração de elétricos. 

Foram revelados no evento quatro modelos para o segmento B baseados na plataforma MEB Entry do conglomerado. O principal deles foi o ID.Polo da Volkswagen, com previsão de início de vendas em maio na casa dos € 25 mil. Como o seu nome sugere, é a versão elétrica do hatch Polo, e contará com baterias de 38 e 56 kWh, com uma autonomia de 350 e 450 km respectivamente. Uma versão GTI do modelo será também comercializada, com 223 cavalos.

Continuando o apelo esportivo que a versão encurtada da plataforma em que os modelos do segmento C, ID.3 e ID.4, são construídos, a espanhola Cupra mostrou a versão de produção do Raval. Com dimensões e motorizações basicamente iguais às do ID.Polo, promete continuar a expansão da nova marca do grupo, antigamente uma divisão de performance da Seat.

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Cupra Raval, ID.Polo e ID.Polo GTI  (direita) serão lançados em março do ano que vem, enquanto os SUVs Epiq e ID.Cross (esquerda) chegarão no segundo semestre. Foto: Volkswagen AG / Divulgação

Como era de se esperar pela relação do Polo com o T-Cross, sua versão SUV, o conceito ID.Cross foi mostrado. Com o mesmo tamanho do modelo que substituirá em 2026, integra o segmento disputado dos B-SUV elétricos, formado por nomes como Peugeot e-2008, Renault 4 e Volvo EX30. Focando em espaço e ergonomia, marca a volta de botões físicos no volante e do ar condicionado, além de um maior uso de materiais reciclados. 

Por fim, a Skoda apresentou a sua versão do SUV, denominada Epiq. Tal qual os irmãos de plataforma, será construído em Pamplona, na Espanha, e contará com a capacidade de carregar dispositivos externos como eletrodomésticos (V2L). A velocidade de carregamento é de até 125 kW, indo de 10% a 80% em 20 minutos, e o modelo estreará uma nova identidade visual para a tcheca no ano que vem.

Ascensão chinesa continua 

Aprofundando essa questão dos preços, são as marcas chinesas que se destacam globalmente, como destaca a IEA. Com grandes reservas dos minérios utilizados nas baterias, as fábricas para construí-las e anos de investimento estatal na tecnologia, seguiram com sua expansão em solo alemão. 

A BYD, maior marca chinesa em números, marcou presença com o recém lançado Dolphin Surf - a versão europeia do Dolphin Mini. Avaliado com cinco estrelas pelo Euro NCAP, é um dos BEVs mais baratos hoje à venda na Europa, custando cerca de € 20 mil. No campo dos híbridos plug-in (PHEV) a Station Wagon do segmento D, Sealion 06, foi lançada, focada em conforto e tecnologia com até 1.092 km de autonomia combinada.

Outra marca com novidades foi a Leapmotor, que já vende o hatch subcompacto T03 e o D-SUV C10 no continente, de lançamento marcado para o Brasil ainda em 2025. Pertencendo 20% à Stellantis, que controla a sua operação internacional, apresentou o inédito hatch B05, rival de Volkswagen ID.3 e BYD Dolphin. Sob a mesma plataforma do C-SUV B10, terá cerca de 400 km de autonomia e início de vendas para o ano que vem por cerca de € 30 mil.

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"O B05 (direita) reflete nosso compromisso com a inovação, acessibilidade e a capacitação da próxima geração de motoristas em toda a Europa e além", declarou o CEO global da marca, Zhu Jiangming. Foto: Leapmotor / Divulgação

Munique foi para além de um lugar de novos modelos, mais uma vez o palco de marcas inteiras debutando em solo europeu. A marca AITO, do grupo Seres, que usa a tecnologia da Huawei, se lançou no mercado internacional com os SUVs 9, 7 e 5. Mirando as marcas premium alemãs nos segmentos E e D, podem ser tanto BEVs ou elétricos com extensor de autonomia (REEV), repetindo a abordagem da Leapmotor com o C10.

O grupo Changan Auto iniciou as operações da sua marca Deepal com os SUVs de apelo jovem e esportivo S05 e S07, ambos com opções de serem elétricos ou PHEVs. No campo de luxo, a marca Avatr da gigante chinesa mostrou seu primeiro concept car, o Xpectra, além dos modelos 06, 07 e 12, já comercializados em alguns países europeus e com planos de chegarem a 50 mercados em breve.

A premium Hongqi esteve presente e revelou o C-SUV elétrico EHS5, além de anunciar planos de expansão com 15 modelos e 200 pontos de venda pela Europa nos próximos anos. E aumentando a sua aposta no evento, a Xpeng teve um stand dentro do pavilhão e apresentou a nova geração do P7, sedã que começou a ser comercializado na Europa no IAA Mobility 2023.

Além disso, a recém chegada ao Brasil, GAC, estreou no velho continente levando cinco modelos para a mostra. Seguindo com o “European Plan Market” anunciado no ano passado, lançou como modelos de topo o novo GS7, um SUV grande híbrido plug-in, e a MPV híbrida (HEV) E9. Mas os destaques da marca foram o hatch AION UT, rival de BYD Dolphin, e o D-SUV rival de Tesla Model Y, o AION V.

O primeiro possui bateria de 60 kW/h com 430 km de autonomia e previsão de início da comercialização em 2026 na casa dos € 30 mil. Já para o segundo, comercializado no Brasil por R$214.990, o preço de € 35.990 foi anunciado, muito competitivo para o segmento. Com 510km de autonomia e cinco estrelas no teste do Euro NCAP - com mais ADAS que o brasileiro - será o primeiro a chegar às lojas, já em setembro em mercados como Portugal, Finlândia e Polônia. O plano é que a marca venda em todos os países europeus até 2028.

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Estava ainda em Munique o carro elétrico voador GOVI AirCab (ao fundo) buscando mostrar os avanços da indústria chinesa, segundo a empresa. Foto: GAC Group / Divulgação

Eletrificação em todos os níveis 

Para além das novatas, ícones do mercado aproveitaram os holofotes da feira para se renovarem completamente. Esse foi o caso da única francesa presente, a Renault, que lançou a sexta geração do hatch Clio, o segundo carro mais vendido no continente em 2024.

Construído sob a mesma plataforma que o seu predecessor, mantém o motor 1.2 TCe e uma opção movida a GPL, mas as semelhanças acabam por aqui. No powertrain, estreia um novo sistema full-hybrid (HEV) formado por um motor 1.8 e dois elétricos, resultando em 160 cavalos e modo de condução elétrico na cidade. Conforme a estratégia da marca, o Clio não terá versão elétrica, papel delegado ao hatch de estilo retrô, o 5.

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Hatch cresceu 6 centímetros em comprimento, evocando uma silhueta mais esportiva e afilada. Foto: Renault Group / Divulgação

No quesito design, o carro rompe por inteiro com a geração anterior, o oposto do que havia acontecido com a quinta geração em relação à quarta. A frente ostenta uma nova assinatura em DRL, que forma o símbolo da Renault, e a traseira possui lanternas duplas, nunca vistas em um Clio. O interior é todo novo também em relação ao antecessor, mas com o mesmo layout e sistema operacional do Google do irmão elétrico 5.

A Volkswagen foi outra que debutou no IAA uma nova geração de um best-seller, o T-Roc. Em sua segunda encarnação, também não terá versões elétricas, sendo o último novo carro a combustão desenvolvido pela marca. Haverão pela primeira vez no SUV opções micro-híbridas (MHEV), já conhecidas dos irmãos de plataforma como o Golf e A3, além de um novo sistema HEV, com 134 e 168 cavalos. Não haverá, pelo menos por ora, versões PHEV, sendo o único modelo sob a MEB Evo sem essa possibilidade, no entanto.

Seu exterior é uma evolução da primeira geração, mantendo linhas semelhantes e o seu apelo descolado, descrito pela marca. As dimensões aumentaram, 12 centímetros em comprimento, chegando a 4.37 metros, o colocando alinhado a rivais como o Toyota CH-R e Mazda CX-30. Por dentro a abordagem continua, com telas maiores e mais itens de conectividade e segurança assistida, mas com uma disposição de elementos clássica, vista nos últimos Golf e Tiguan.

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Modelo construído em Portugal foi o quinto carro mais vendido na Europa no ano passado. Foto: Volkswagen Group / Divulgação

Concorrência de todos os lados

Além das chinesas em franca expansão nos últimos anos no continente, outras concorrentes vêm se destacando na corrida pelos elétricos principalmente. A coreana Kia compareceu ao evento e mostrou ao público os novos integrantes da família EV, o EV4 e o EV5. 

O primeiro é um hatch do segmento C, acompanhado de uma variante sedã. Já o último se trata de um modelo lançado em 2023 - inclusive a venda no Brasil desde o ano passado - mas que chega só agora à União Europeia como a versão elétrica do Sportage. Sua conterrânea e marca irmã também esteve em Munique com o Concept 3, prevendo o futuro Hyundai Ioniq 3, equivalente do EV4.

Mas nem só da Ásia as novidades chegam, com a primeira marca turca de automóveis elétricos, a Togg, debutando em solo alemão a sua ofensiva no continente europeu. Fundada em 2018 e com a primeira fábrica inaugurada em 2022, apresentou o C-SUV T10X e o sedã T10F ao público. A pré-venda dos modelos começará em 29 de setembro na Alemanha, e no ano que vem a empresa pretende iniciar seus trabalhos na França e Itália, com meta de ter até 2030 um milhão de veículos em toda a Europa.

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Preços ainda não foram divulgados, mas devem ficar em torno de € 40 mil tomando como base as cifras no mercado turco. Foto: Togg / Divulgação

Construídos sob uma plataforma elétrica, ambos receberam nota máxima no Euro NCAP recentemente, com mais de 9% de proteção para adultos e 80% nos ADAS. A respeito do desempenho, a bateria possui 88.5 kWh de capacidade, e autonomias de até 500 e 600 km para o SUV e o sedã respectivamente. 

“Nossos modelos proporcionam uma experiência de mobilidade voltada para o usuário e voltada para o futuro”, comentou Gürcan Karakaş, CEO da marca durante o evento. A marca anunciou ainda que trabalha no terceiro de cinco modelos que irá lançar até o fim da década, o B-SUV T8X. Karakaş finalizou destacando que prepara para introduzir baterias de pirofosfato de lítio (LFP), e que a indústria deve estar preparada para as mudanças e maior concorrência.

Ao lado de seu vice J.D. Vance, o republicano reafirma alguns de seus planos de governo
por
Gustavo Oliveira de Souza
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07/11/2024 - 12h
Foto de Donald Trump
Trump durante discurso. Foto: BRENDAN MCDERMID

Na manhã da última quarta-feira (6), na Flórida, o agora reeleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez discurso de vitória para seus apoiadores. Juntamente com J.D. Vance, vice-presidente republicano, Trump promove posicionamento combativo e promete mudanças no país. 

Já no início da fala, Trump afirma que o país está “doente” e precisa de cura, colocando as fronteiras como parte do processo. Durante toda a fala, ele agradece os apoiadores e ressalta que foi eleito pelo povo. 

O republicano afirma que “este será verdadeiramente o auge dourado da América”. A frase foi celebrada por todos que estavam presentes no local, incluindo J.D. Vance e Dana White, empresário e dono do UFC, que também estavam no palanque. 

Trump aproveitou para atacar os veículos televisivos, ao se referir à Vance. “Ele é um cara destemido. Ele foi para o campo inimigo, certas redes, como CNN, NBC. Ele é o único que fica ansioso e depois vai e os destrói”. 

Outro citado por Donald Trump foi o empresário Elon Musk. Ele citou conversas entre os dois, além de uma visita dele à sede da Starlink. Afirmou que Musk é “gênio”, e que vai trabalhar em conjunto com o empresário em seu governo. 

Trump alfineta Arábia Saudita e Rússia. Disse que os Estados Unidos têm mais outro líquido, petróleo e gás do que o resto do mundo, incluindo os sauditas e os russos. Além deles, a China também foi alvo do republicano, que promete  reduzir os impostos e declarou que os Estados Unidos possuem poderes que os outros países não possuem. “A China não tem o que nós temos, ninguém tem o que nós temos. Temos as melhores pessoas também, isso é o mais importante.” Evidenciando o desejo pela hegemonia americana que pregou em seu último mandato e durante a campanha. 

Donald Trump terminou sua declaração agradecendo novamente os apoiadores e prometeu um futuro “maior, melhor, mais audacioso, mais rico, mais seguro e mais forte do que nunca antes.”

 

Donald Trump e Kamala Harris fazem seus últimos discursos uma semana antes das eleições estadunidenses.
por
Manuela Schenk Scussiato
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02/11/2024 - 12h

Nos dias 27 e 28 de outubro, Donald Trump e Kamala Harris, postulantes à Casa Branca pelos partidos Republicano e Democrata, fizeram seus discursos finais para as eleições nacionais que ocorrerão no dia 5 de novembro.

 

Donald Trump

O comício de Donald Trump ocorreu no Madison Square Garden, em Nova Iorque, alcançando a lotação máxima do local de 20 mil pessoas. A escolha do local foi inusitada pois, com todas as comparações ao fascismo em suas falas, Trump escolheu justamente o local do famoso comício de apoio ao nazismo em 1939.

Donald Trump em seu discurso no Madison Square Garden. Foto: Angela Weiss/AFP
Donald Trump em seu discurso no Madison Square Garden.
Foto: Angela Weiss/AFP

Discursos feitos por Trump e seus convidados deram um show de preconceito, trazendo falas direcionadas ao marido de Kamala Harris, chamando-o de “judeu de quinta categoria”. A própria vice-presidente sofreu injúrias como: “burra”, “prostituta”, “demônio” e “anticristo”. Além de se direcionar aos eleitores democratas como: “um bando de degenerados”. O último convidado da noite, o comediante Tony Hinchcliffe, em sua fala, chamou o território porto-riquenho de “uma grande ilha de lixo” e completou dizendo que os imigrantes não seriam uma quantidade tão expressiva se soubessem usar contraceptivos.

Trabalhadores próximos ao ex-presidente revelaram para a imprensa após o comício que Trump demonstra interesse em se livrar de Porto Rico, território estadunidense, caso seja eleito. O mesmo já perguntou se seria possível se livrar da ilha, ou trocá-la pela Groenlândia, já que lá não tem “moradores sujos e pobres”, nas palavras do concorrente a Casa Branca.

Mas se engana quem pensa que os absurdos acabam pelos convidados. Donald Trump subiu ao palco para realizar o que está sendo chamado de “O argumento final mais extremo da história moderna”. O discurso foi repleto de mentiras, injúrias e exageros, com muitas falas baseadas no racismo, machismo e seus ideais anti-imigratórios.

Trump trouxe um discurso muito comum entre líderes de extrema-direita ao sugerir que os imigrantes, principalmente os latino-americanos, são culpados pelas frustrações econômicas que os americanos vêm passando durante o governo Biden, ele afirma que a população estava melhor na economia de seu governo e que os imigrantes são os maiores culpados disso. Falas nesse sentido foram comparadas aos discursos de políticos como Hitler e Mussolini nos anos 40 por vários eleitores democratas incluindo Tim Walz, candidato à vice-presidência pela chapa de Kamala Harris.

Com mais polêmica, Trump continua suas falas anti-imigratórias. Segundo ele, a mistura do sangue do imigrante com o sangue americano é um perigo para a raça americana. Além de trazer falas anti-democráticas como: “Essa vai ser a última vez que a América precisa votar em mim”.

Trump foi extremamente criticado internacionalmente pelo discurso durante o comício, mas isso não afetou suas chances de vitória por enquanto.



Kamala Harris

O discurso final de Kamala Harris, um dia após o de Trump, foi realizado no Ellipse, parque ao sul da Casa Branca, o local trouxe 40 mil pessoas para ouvirem o discurso da vice-presidente, o dobro do que ouviu Trump no dia anterior. Sua fala focou na sua promessa de que, caso ganhe a disputa, seu governo trabalhará contra o extremismo que as ideologias de Donald Trump instalaram no país. No atual cenário, onde ambos os candidatos estão empatados tecnicamente, Kamala se dirigiu àqueles indecisos ou com pouca vontade de votar até terça-feira.

Kamala Harris durante seu argumento final no parque Ellipse. Foto: Bonnie Cash/UPI
Kamala Harris durante seu argumento final no parque Ellipse.
Foto: Bonnie Cash/UPI

A primeira crítica da candidata a seu oponente foi que Trump está muito focado em sua “lista de inimigos” enquanto ela trabalha em sua “lista de tarefas”. Kamala também relembra que, há quatro anos, Trump esteve no mesmo local que ela para incentivar a população a invadir o Capitólio no famoso 6 de janeiro de 2021. Ela também se posicionou contra as falas de seu concorrente sobre os imigrantes latinos, em especial a população porto-riquenha.

“Donald Trump pretende usar o exército dos Estados Unidos contra os cidadãos americanos que simplesmente discordam dele. Pessoas que ele chama de ‘o inimigo de dentro’. Este não é o melhor candidato à presidência que está pensando em como tornar sua vida melhor”, disse a vice-presidente. “Este é alguém instável, obcecado por vingança, consumido por queixas e em busca de poder descontrolado”.

Sobre suas próprias propostas, Harris falou sobre expandir o MediCare para a cobertura de assistência médica a domicílio, e apoiar os direitos reprodutivos das mulheres. A democrata também reforçou que acabar com a guerra em Gaza será parte crucial de seu governo.

Ela reforçou que fará uma reforma no sistema migratório do país, dizendo que “não há motivo para trabalhar a imigração como um problema para assustar o eleitor”. Ela ainda pretende ser severa em relação a imigração ilegal, pressionar os cartéis e dar apoio a patrulha fronteireira, mas afirmou que vai proteger os imigrantes legais em território estadunidense.

Conheça o vice do candidato republicano Donald Trump
por
Gustavo Oliveira de Souza
|
31/10/2024 - 12h
Foto de J.D Vance
J.D Vance discursando em Charlotte. Foto: Melissa Melvin-Rodriguez

Nascido em Ohio, James David Vance é senador júnior do estado, eleito em 2023. Filho de Beverly Carol (1961) e Donald Ray Bowman (1959 - 2023), J.D é bacharel em Ciências Políticas e Filosofia formado pela Ohio State University em 2007, e atuou em um escritório de direito por dois anos. 

Relação com o empresariado americano 

A carreira política começou há alguns anos, após ter fundado a Our Ohio Renewal, em 2017. Segundo o próprio candidato, o instituto tinha o intuito de “tornar mais fácil para as crianças carentes realizarem seus sonhos”. Mas ele negava que tivesse algum intuito político. 

Entretanto, uma matéria publicada pelo New York Times em 2022 revelou que a instituição estava apenas focada em trabalhar para a campanha de Vance. O jornal ainda analisou documentos do instituto e descobriu que Vance mentiu sobre o dinheiro arrecadado e o classificou como “organização de bem-estar social” para o governo americano, apenas como forma de trabalhar para a sua campanha eleitoral. Ao todo, o projeto arrecadou 200.000 dólares e terminou oficialmente em 2021. 

Desde que se tornou um potencial político, Vance foi apoiado por grandes empresários de Ohio. Em 2018, considerou concorrer ao senado contra o candidato democrata Sherrod Brown, mas desistiu.
 

Carreira política

Em março de 2021, Peter Thiel, cofundador do PayPal, doou 10 milhões de dólares para o comitê de J.D, chamado de Protect Ohio Values. Além dele, o cientista de dados Robert Mercer também doou uma quantia que não foi revelada. No dia 1° de julho daquele mesmo ano, o republicano anunciou sua candidatura para o Senado de seu estado. 

Durante o período eleitoral, ele derrotou Josh Mandel e Matt Dolan nas eleições primárias e nas eleições gerais, bateu o candidato democrata Tim Ryan, com 53% dos votos totais. No dia 3 de janeiro de 2023, J. D Vance tomou posse como membro do 118° Congresso dos Estados Unidos. 

Uma pesquisa feita em julho deste ano mostrou que Vance fez 45 discursos no Senado e participou de 57 projetos de lei, sendo nenhum deles aprovado pelo Senado. Além disso, foi co-participante de 288 outros projetos de lei, e dois deles foram aprovados pelo Senado, mas logo foram barrados pelo presidente Biden. 

Em junho de 2023, James votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2023, que proibiu o aumento do teto de gastos do país. Em julho daquele ano, o senador apresentou um projeto que penalizava qualquer um que participasse do fornecimento de cuidados de gênero para menores de idade. O projeto tornaria o cuidado de afirmação de gênero um crime federal, com pena de até 12 anos de prisão. No último dia 15 de julho, J.D foi anunciado por Trump como vice do candidato, após ter apoiado o candidato à presidência  nas eleições primárias. 

Por sua posição política, J.D Vance é descrito como conservador. Além de ser contrário ao aborto, ele se posiciona contra o casamento homoafetivo e ao controle de armas. Em algumas oportunidades, afirmou que a ausência de filhos em adultos está ligada à sociopatia e classificou as universidades como “inimigas”. 


 

 

Bilionário tenta voltar ao comando da Casa Branca pelo Partido Republicano
por
Octávio Alves
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30/10/2024 - 12h

Muito antes de ser presidente e fazer suas falas polêmicas, Donald John Trump já era conhecido no cenário nacional americano como o bilionário mais excêntrico do país. Ele teve três esposas: Ivana Trump, de 1977 a 1992, com quem teve três filhos, Donald Jr., Eric e Ivanka; Marla Maples, de 1993 a 1999, com quem teve Tiffany Trump; e, no último e atual casamento, Melania Trump, em 2005 que teve o seu último filho Barron Trump .
 

Trump nasceu em Nova York, em 1946, é o quarto filho do magnata do setor imobiliário de Nova York, Frederick Cristo Trump (1905-1999), apesar da riqueza da família, estaria destinado a ocupar cargos de menor escalão na empresa do seu pai, por ser o quarto filho. 

Com 13 anos ele foi matriculado em um colégio militar devido ao mau comportamento que ele tinha na escola. Depois de concluir o ensino médio, Trump estudou e se formou na Escola Wharton de administração da Universidade da Pensilvânia.

Trump no colégio militar
Trump com 18 anos, anuário na academia militar. Foto:  New York Military Academy yearbook 

Após se formar, aos 22 anos Donald Trump entrou nos negócios do seu pai, Trump Management, que possuía moradias para aluguel de classe média nos bairros periféricos da cidade de Nova York. Após os seus primeiros anos,  Trump acabou sendo cotado como o favorito para ser o herdeiro dos negócios do pai, logo após o irmão mais velho dele, Fred Trump Jr. (1938-1981),  decidir se tornar piloto de aviões.

 

Com o sucesso  em administrar o extenso portfólio do seu pai em Nova York, ele assumiu o controle da companhia em 1971, mudando seu nome para "The Trump Organization", Organização Trump em tradução livre

Donald Trump 1976
Donald Trump construindo a sua carreira como empresário, foto em 1976, Nova York. Foto: Bettmann / Getty Images

 

Marca Trump

 

Agora com os negócios da família nas mãos, Trump começou a mudar da construção de unidades residenciais no Brooklyn e no Queens para luxuosos projetos em Manhattan, sendo projetos como hoteis, cassinos e campos de golfe. Trump gosta de dizer que começou seus próprios negócios modestamente, com “um pequeno empréstimo de US$ 1 milhão” de seu pai.

 

Podemos dizer que seu primeiro grande negócio foi com o Hotel Commodore, em 1976, foi um projeto de grande risco, já que na época Nova York não era considerada um destino do turismo de luxo.

Trump em cima da Trump Tower
Donald Trump no topo da Trump Tower em 1987. Foto: Harry Benson/Getty Images

 

Depois deste sucessos os empreendimentos de Trump não pararam, ainda teve a Trump Tower, o Trump Plaza, além de cassinos em Atlantic City, em Nova Jersey. No começo da década de 90, três dos seus cassinos entraram por causa de dívidas, na tentativa de reestruturar o investimento.

 

Mídia

 

Para contornar os problemas que teve no início dos anos 90, Trump vendeu  seu iate e companhia aérea. Ele ainda  surpreendeu a todos com a compra dos direitos dos concursos Miss USA, Miss Universo e Miss Teen, tornando-se seu produtor executivo. 

 

Trump fez várias aparições em programas de televisão, incluindo o famoso programa da Oprah, onde, em 1988, foi questionado se ele iria concorrer à presidência, ele respondeu: "Provavelmente não." Muitos brasileiros o reconheceram pela primeira vez em sua breve aparição no filme Esqueceram de Mim 2, lançado em 1992.

 

Mas o que podemos dizer que foi o momento que ele entrou no entretenimento americano foi o programa “The Apprentice”, O Aprendiz, de 2003, em que tinha o poder de demitir os participantes, que ficou marcado com a famosa frase "You are fired", você está demitido . Em 2007, Trump recebeu uma estrela na Calçada da Fama por sua contribuição à televisão. Essa estrela foi alvo de ataques de vândalos durante a campanha presidencial de 2016.

O aprendiz
Trump fazendo o seu principal bordão do programa, “Você está demitido”. Foto: Frazer Harrison/Getty Images

Depois de entrar na corrida presidencial, Trump parou de apresentar o programa e em junho de 2015, a NBC rescindiu o contrato com Trump após as declarações polêmicas do bilionário a respeito dos mexicanos

 

Carreira política 

 

Trump foi filiado ao Partido Republicano  (1987-1999), depois foi membro do Partido da Reforma (1999-2001), onde flertou com a ideia de disputar a presidência, mas desistiu,e em 2001 se filiou ao Democrata ficando no Partido até 2009.  Após essa passagem, voltou a se filiar ao Republicanos em 2012. 

No dia 16 de junho de 2015, em entrevista coletiva na Trump Tower, Donald desceu as escadas rolantes ao lado da atual esposa, Melania, e anunciou que iria entrar na corrida para ser o candidato republicano à Casa Branca.

 

No início a campanha foi tratada como piada sendo um dos candidatos alternativos, porém com uma boa atuação nos debates, e sempre apertando na mesma tecla anti imigração com falas polêmicas , referindo- se aos imigrantes mexicanos como estupradores e traficantes, e contrário ao projeto chamado Obamacare. Por conta disso, ele acabou sendo escolhido como candidato republicano para as eleições de 2016 para presidente

 

Com propostas fora do comum, como a construção do muro entre a fronteira do México e Estados Unidos,  e um discurso anti imigrante, de maneira surpreendente, Trump derrotou Hillary Clinton, candidata democrata,  ao conquistar 306 votos no Colégio Eleitoral, contra 232 de Clinton.

 

Trump discurso da vitória
Discurso da vitória de Trump, em Nova York. Foto: Chip Somodevilla/Getty Images

 

Presidência:

 

A sua gestão foi marcada por uma série de políticas controversas e um estilo de liderança polarizador. Ele adotou uma postura populista e "America First", priorizando interesses econômicos dos EUA, promovendo cortes de impostos, reduzindo regulamentações, tolerância zero com imigrantes. 

 

No cenário internacional, Trump retirou os EUA de acordos globais importantes, como o Acordo de Paris sobre o clima e o Acordo Nuclear com o Irã, e tensionou as relações comerciais, especialmente com a China.

 

Apesar dos avanços econômicos iniciais, como a baixa taxa de desemprego antes da pandemia, sua gestão foi altamente divisiva e deixou um legado de forte polarização política nos Estados Unidos, principalmente com a Coivd 19.

 

Ele foi muito questionado, e com crise racial no país, como a morte de George Floyd, resultou em um cenário bem polarizado na corrida eleitoral de 2020. Ele enfrentou o ex-vice presidente de Obama, Joe Biden, e com uma disputa acirrada perdeu a corrida, por 306 votos para Biden contra 232 do Trump.

 

Seu mandato terminou com seu segundo processo de impeachment, após o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021, quando apoiadores de Trump tentaram reverter os resultados da eleição de 2020, que ele mesmo alegou falsamente ter sido fraudada nas eleições.

 

Trump Capitólio
Trump na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Foto: AP Photo /Jacquelyn Martin

 

 

Corrida presidencial 2024:

 

As eleições de 2024, marcadas para 5 de novembro, será uma disputa acirrada entre os partidos Republicano e Democrata, com o retorno do polêmico Trump. Mesmo condenado por usar dinheiro de campanha para pagar uma atriz pornô, além de outras acusações, como tentativa de golpe contra o Estado democrático, fraude fiscal e assédio, ele segue na corrida presidencial.

Trump discursasndo
Trump em um comício republicano. Foto:Eric Thayer / The Washington Post


Desta vez o republicano vai encarar a vice presidente de Biden, Kamala Harris, que entrou na disputa após desistência do atual presidente à reeleição , devido a perca de força na corrida após o atentado contra Donald Trump.  

Trump luta
Trump, após o atentado sendo escoltado por guardas. Foto: Evan Vucci / AP Photo

Se eleito, Trump vai se tornar o homem mais velho a subir no poder, com 78 anos, se cumprir o mandato vai sair aos 82 anos.

Entrada de novos países membros e conflitos ao redor do mundo estiveram entre os principais temas
por
João Victor Tiusso
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29/10/2024 - 12h

 

Foto: Alexander Nemenov
Foto: Alexander Nemenov

A cúpula dos BRICS terminou na última quinta-feira (24), após três dias de reuniões. O evento foi realizado na cidade russa de Kazan e o anfitrião da cúpula foi o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

A entrada de 13 novos integrantes ao bloco de cooperação mútua foi aprovada. A Rússia, que ocupa a presidência rotativa do grupo neste ano, agora será responsável por convidar os novos integrantes.Os países convidados são: Turquia, Indonésia, Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.

O BRICS já havia passado por uma expansão. O grupo que até o final do ano passado era composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul passou a integrar também Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia em 2024.

A entrada de novos membros faz parte da agenda internacional russa e chinesa, que buscam impulsionar a ideia de que não estão isolados politicamente e reforçar sua posição na geopolítica mundial. A presidência da Rússia no sistema rotativo e a própria dinâmica da política internacional atual contribuíram para configurar os BRICS como uma alternativa às alianças econômicas ocidentais.

Dois países interessados em fazer parte da nova categoria de parceiros dos BRICS e que ficaram de fora da lista final são a Venezuela e a Nicarágua.

O governo do presidente Lula não apoia o ingresso de nenhuma das duas nações e, segundo interlocutores presentes na reunião, um veto informal fez com que a vontade do Brasil prevalecesse. 

O presidente brasileiro tem feito críticas a Nicolás Maduro e à sua recusa em divulgar as atas das eleições de julho, das quais diz ter saído vitorioso. No caso da Nicarágua, o desconforto brasileiro é motivado pelo recente congelamento das relações com o país.

Além da expansão do bloco, também houveram discussões a respeito do conflito no Oriente Médio. Em uma declaração conjunto emitida no dia 23, os países membros fizeram críticas a Israel ao dizer que os BRICS veem com "grave preocupação a deterioração da situação e a crise humanitária no Território Palestino Ocupado, em particular a escalada sem precedentes da violência na Faixa de Gaza e na Cisjordânia como resultado da ofensiva militar israelense, que levou a mortes e ferimentos em massa de civis, deslocamento forçado e destruição generalizada da infraestrutura civil."

A guerra na Ucrânia não foi pauta na cúpula, porém o bloco criticou as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, classificando-as como ilegais e como "medidas coercitivas unilaterais": "Estamos profundamente preocupados com o efeito perturbador de medidas coercitivas unilaterais ilegais, incluindo sanções ilegais, sobre a economia mundial, o comércio internacional e a realização das metas de desenvolvimento sustentável."

No campo econômico, a presidenta do Banco do Brics, Dilma Rousseff, defendeu a ampliação do bloco e o aumento dos financiamentos em moedas nacionais, em substituição ao dólar.