Saiba qual será o desfecho das acusações criminais e condenações de Donald Trump após ser eleito o 47º presidente dos Estados Unidos.
por
Manuela Schenk Scussiato
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11/11/2024 - 12h

Após uma longa campanha pela Casa Branca, marcada por acusações e investigações criminais, Donald Trump foi, mesmo assim, reeleito presidente da maior democracia do mundo. Agora a principal questão é: o que acontecerá com suas condenações pendentes?

 

6 de janeiro

O recém eleito presidente foi acusado criminalmente pelo procurador Jack Smith por compra de votos, pressão de autoridades para a subversão do resultado democrático e iniciar o motim no Capitólio com o intuito de atrasar a posse do presidente Biden.

Invasão ao Capitólio em Washington DC realizada pelos eleitores de Trump após sua derrota na corrida eleitoral de 2020. A ação foi encorajada pelo próprio ex-presidente. Foto: Leah Millis/REUTERS

Mesmo com as incansáveis tentativas de Smith para a condenação de Trump, a Suprema Corte dos Estados Unidos o deixou parcialmente imune a processos criminais sobre ocorrências em seu mandato. Agora, com sua vitória, esse caso será completamente arquivado. Caso o procurador se recuse a fazê-lo, Trump disse em uma entrevista em rádio no mês de outubro que: “o demitiria em dois segundos”.

Segundo Neama Rahmani, ex-procurador federal: “Está bem estabelecido que um presidente em exercício não pode ser processado, portanto, o processo de fraude eleitoral no Tribunal Distrital de DC vai ser arquivado”.

 

Suborno em NY

Trump já tem 34 acusações no estado de Nova Iorque envolvendo falsificação de registros financeiros. O presidente foi condenado em maio deste ano no estado por júri popular sobre a compra do silêncio da atriz pornô Stormy Daniels no ano de 2016. Sua sentença está em aberto e será divulgada até o dia 15 de novembro pelo juiz do caso, Juan Merchan. O mesmo fez a escolha de adiar a revelação para depois do resultado das eleições.

É improvável que Trump seja condenado a viver atrás das grades por ser um réu primário de 78 anos. Caso isso ocorra, seus advogados podem entrar com recursos que facilmente impedirão sua prisão, o que pode adiar a execução da pena por anos. O mais provável, no entanto,  é um novo adiamento da sentença para o fim de seu mandato.

Trump após sua condenação no estado de Nova Iorque Foto: Seth Wenig/REUTERS
Trump após sua condenação no estado de Nova Iorque
Foto: Seth Wenig/REUTERS

De todos os casos em aberto, esse é o único que torna Trump, de fato, um criminoso condenado e, como se trata de uma acusação estadual, ele não tem o direito de se perdoar.

 

Eleições de 2020 na Geórgia

As acusações carregadas por Trump nesse estado vem de sua tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020, quando os democratas levaram os delegados da Geórgia após uma disputa acirradíssima entre os dois candidatos.

O julgamento do caso foi atrasado algumas vezes, principalmente pelas tentativas de retirar a promotora Fani Willis, o que ainda não ocorreu, após ser descoberto seu envolvimento pessoal com um dos advogados do caso. Agora, com a eleição de Trump confirmada, o processo será interrompido pela duração de seu mandato.

 

Documentos confidenciais

Jack Smith, o mesmo procurador do caso da invasão ao Capitólio em 2021, também lidera as acusações de manipulação indevida de documentos oficiais que o futuro presidente enfrenta, caso que o mesmo nega firmemente.

O processo diz que Trump levou documentos da Casa Branca para sua residência em Mar-a-Lago, no estado da Flórida, após deixar a presidência em 2020, além de impedir as autoridades de realizarem a retirada dos papeis.

A juíza do caso, nominada pelo próprio Trump, retirou as acusações e, mesmo com Smith recorrendo a decisão, nada será feito antes da posse, o que dará a este caso o mesmo destino dos supracitados, o arquivo pelos próximos quatro anos.

 

 

Democrata aponta desafios atuais e convoca sociedade a proteger valores democráticos
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
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08/11/2024 - 12h

 

Em discurso, em Washington na quarta-feira (06), após a derrota na corrida pela Casa Branca, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, fez um alerta sobre o estado atual da democracia americana. Harris destacou que, mais do que nunca, o país enfrenta ameaças que exigem uma resposta firme e coletiva para proteger os princípios democráticos.

“Nosso sistema democrático está em uma encruzilhada”, afirmou a vice-presidente. Harris mencionou que essa conjuntura não é apenas um reflexo do momento atual, mas sim uma acumulação de desafios que vêm se agravando. “Aceito a derrota, mas continuarei na luta”, declarou, reforçando seu compromisso em seguir defendendo os valores democráticos mesmo após o resultado eleitoral.

Em seu pronunciamento, Kamala enfatizou a importância de manter a vigilância sobre “ameaças tanto internas quanto externas” e destacou o papel fundamental de instituições livres e da sociedade civil.

A vice-presidente direcionou parte de seu discurso à imprensa, que, segundo ela, desempenha um papel indispensável em momentos de crise democrática. “A democracia depende de nossa capacidade de proteger a verdade e assegurar que todos tenham voz”, disse, sublinhando o impacto negativo da desinformação e a necessidade de preservar o acesso dos cidadãos a informações precisas e de qualidade.

Vice-presidente Kamala Harris discursa após derrota, em Washington. Foto: SAUL LOEB/AFP.
Vice-presidente Kamala Harris discursa após derrota, em Washington. Foto: SAUL LOEB/AFP.

Além disso, Harris expressou preocupação com as mudanças recentes na legislação eleitoral de alguns estados, que, segundo ela, dificultam o acesso ao voto para muitos americanos.

“É nossa responsabilidade coletiva defender o acesso igualitário às urnas, sem discriminação ou obstáculos desnecessários”, declarou. A vice-presidente fez questão de lembrar que políticas que restringem o acesso às urnas enfraquecem a essência democrática dos Estados Unidos.

O tom do discurso de Harris foi de mobilização, e ela não hesitou em convidar a população a atuar de forma ativa na proteção da democracia. “Precisamos de todos engajados para superar os desafios e assegurar que as gerações futuras herdem um país onde a democracia prospere”, pontuou, pedindo união e comprometimento para enfrentar as ameaças que colocam em risco os valores fundamentais do país.

Com o discurso, Harris também relembrou o dever da atual geração em "manter vivos os ideais de igualdade e justiça", e alertou que, sem o envolvimento coletivo, os ganhos democráticos das últimas décadas podem ser comprometidos. 

Para ela, é indispensável que a sociedade continue a participar do processo democrático, defendendo as instituições e preservando as liberdades civis para que estas resistam ao passar do tempo.

Kamala Harris concluiu o discurso chamando a atenção para o papel de cada cidadão e a importância de resistir a ameaças que podem comprometer a estabilidade democrática. "Este é o momento de escolhermos qual legado queremos deixar", concluiu, apontando para o impacto de ações e omissões no futuro da democracia nos Estados Unidos.

Logo após a vitória do republicano, o dólar bateu recorde R$ 6,19
por
Vicklin Moraes
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08/11/2024 - 12h

 

Nas vésperas das eleições que definiriam o futuro presidente dos Estados Unidos, o dólar disparou, alcançando R$ 5,87, o maior valor desde a pandemia. Após a vitória de Donald Trump sobre a democrata Kamala Harris, a moeda americana oscilou, atingindo R$ 6,19, um recorde histórico.

Segundo Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), a alta do dólar nas vésperas da eleição reflete um padrão observado em edições anteriores, intensificado pela forte rivalidade entre Trump e Harris. Essa instabilidade impacta diretamente o mercado financeiro, que não aprecia grandes riscos.

De acordo com o professor, o principal efeito na economia brasileira será nas exportações de produtos para os Estados Unidos. “O que Trump promovia em seu governo anterior era uma prática de protecionismo comercial, desvalorizando produtos estrangeiros em favor dos produtos norte-americanos. Isso pode prejudicar a entrada de produtos brasileiros, levando a uma sobretaxação”, afirma Amaral.

A política de protecionismo comercial implementada por Trump não é nova,durante seu primeiro mandato, o Brasil já sentiu grandes impactos devido aos altos impostos sobre a exportação de ferro e aço. Entretanto, o país que mais sofrerá com essa política será a China, que exporta desde aparelhos eletrônicos até soja. Com o baixo comércio entre Brasil e Estados Unidos, a tendência é que o dólar se torne cada vez mais caro.

Em outubro, durante sua campanha presidencial, Trump afirmou que aplicaria tarifas de 100% contra países que tentassem reduzir o valor do dólar ou abandonar a reserva da moeda americana. Em 2025, o Brasil assumirá a presidência do BRICS, e uma das missões será decidir sobre o uso de moedas locais. Caso opte por outra moeda que não seja a americana, o país poderá enfrentar sanções comerciais e sobretaxações.

Presidente Lula em encontro de líderes do Brics, na África do Sul, em 2023 — Foto: Ricardo Stuckert
Presidente Lula em encontro de líderes do Brics, na África do Sul, em 2023 — Foto: Ricardo Stuckert

 

Em relação à política externa, Rodrigo Amaral acredita que não haverá grandes mudanças sob a presidência de Trump, mas sim a manutenção das posturas tradicionais adotadas pelos Estados Unidos

 

Com 34 senadores e 203 deputados, o partido de Trump conquista a maioria dos votos
por
Vicklin Moraes
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07/11/2024 - 12h

Nesta terça-feira (06), os Estados Unidos confirmaram a vitória de Donald Trump na corrida pela Casa Branca. O republicano irá, pela segunda vez, ocupar o cargo de presidente do país. Porém, além da vitória de Trump, o Partido Republicano dominou as eleições, elegendo 34 senadores e 203 deputados.

Com 34 senadores, o partido de Donald Trump conquistou a maioria das cadeiras do Senado, retomando o controle da Casa, que estava com os democratas desde 2020. Das 100 cadeiras, os republicanos terão 54, formando a maioria. Até então, o Senado era composto por 51 democratas e 49 republicanos.

O Partido Democrata perdeu uma cadeira na Virgínia Ocidental com a vitória do republicano Jim Justice e outra em Ohio, onde os republicanos derrubaram o senador democrata Sherrod Brown e elegeram Bernie Moreno. 

O democrata Jon Tester, que vinha de um mandato popular de três mandatos, perdeu para Tim Sheehy, apoiado por Trump. Sheehy é um ex-militar da Marinha que fez comentários depreciativos sobre os nativos americanos, chegando a dizer que eles “ficavam bêbados às 08h da manhã”. Apesar disso, ele saiu vitorioso contra o democrata. 

Nos Estados Unidos, cada senador tem um mandato de seis anos, com eleições realizadas a cada dois anos para renovar um terço das cadeiras.

Já na eleição para a Câmara, diferentemente do Senado, todos os 435 assentos estavam em disputa. A renovação integral ocorre a cada dois anos. Os republicanos asseguraram 203 cadeiras, enquanto o Partido Democrata conquistou 181, algumas vagas ainda aguardam a conclusão da contagem.

Com a maioria na Câmara e no Senado, o Partido Republicano terá o controle das pautas nas casas. A presidência do Senado é sempre do vice-presidente, que, a partir do próximo ano, será JD Vance.

Além disso, há a possibilidade de Trump indicar mais representantes para a Suprema Corte, caso algum dos ministros se aposente. Quem vota na indicação do presidente é sempre o Senado e, com a maioria, isso ocorrerá.

 

Donald Trump na cerimônia de vitória, ao lado da esposa Melania Trump
Donald Trump na cerimônia de vitória, ao lado da esposa Melania Trump. Foto: Brian Snyder/Reuters

 

Magnata é o primeiro a assumir presidência mesmo condenado
por
Octávio Alves
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07/11/2024 - 12h

Com vantagem esmagadora, Donald Trump conquista a Casa Branca e derrota a democrata Kamala Harris na corrida eleitoral nos Estados Unidos nesta quarta-feira (06). A vitória do magnata  não deixa dúvidas do seu impacto sobre o cenário político global e representa uma forte conquista para os partidos de direita no mundo ocidental. 

Aos 78 anos, ele se torna o presidente mais velho da história dos Estados Unidos, o primeiro com uma condenação da justiça e  o segundo presidente americano a retornar ao poder - o primeiro foi o democrata Grover Cleveland em 1892.

Trump ao lado da esposa.
Trump se declara vencedor após vencer na Pensilvânia . Foto: Doug Mills/The New York Times

 

Com uma campanha que apostou em controle migratório, patriotismo, recuperação econômica e o famoso slogan "Make America Great Again" -  “fazer a América grande de novo", em tradução livre -  foi declarado presidente após conquistar 277 delegados, 7 a mais do que o necessário, e se consagrou 47º presidente. 

Trump assume o cargo com a promessa de endurecer as políticas de imigração, fortalecer o mercado interno e reforçar a posição dos Estados Unidos como uma potência econômica e militar. O impacto de sua vitória reflete um desejo de mudança expressado por eleitores insatisfeitos com as políticas da administração anterior de Joe Biden. O retorno de Trump marca uma guinada conservadora mundial.

Esta vitória arrasadora foi um choque para todas as pesquisas. Trump ganhou em todos os estados-pêndulo e derrubou a muralha azul em Wisconsin, Michigan e Pensilvânia. 

Até a finalização desta matéria, Donald Trump contabilizava 50,9% dos votos (295 delegados) frente aos 47,6% (266 delegados) de Kamala Harris. 

Trump apontando
Trump venceu Harris em todos os estados-pêndulo.  Foto: Brian Snyder/Reuters

 

A coligação de centro-direita conquistou a maioria das cadeiras no Parlamento, mas precisará fazer aliança para governar
por
Octávio Alves
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12/03/2024 - 12h
Luís Montenegro discursando
Líder da Aliança Democrática, Luís Montenegro, em discurso após as eleições portuguesas . Foto: Pedro Nunes/Reuters

 

Portugal elegeu, no último domingo (10), os deputados para a Assembleia da República, o Parlamento do país. A Aliança Democrática, coalizão de partidos de centro-direita, obteve a maior parte das cadeiras disponíveis (79) e superou a soberania do Partido Socialista (PS) que esteve à frente da Casa nos últimos nove anos. O PS conquistou 77 assentos nessas eleições.
Já foram contabilizados 99.01% dos votos, faltando apenas os votos do exterior que devem ser apurados até o fim da semana. 226 das 230 cadeiras já foram ocupadas. 

O partido de extrema-direita, Chega, liderado pelo político André Ventura conquistou 48 cadeiras. O resultado mostra uma ascensão da extrema-direita desde a última eleição, o número de deputados eleitos pela legenda quadruplicou neste ano. 

“Não sabemos ainda como é que esta noite ficará conhecida na história de Portugal, mas há um dado que já temos a certeza: esta é a noite em que acabou o bipartidarismo em Portugal”, disse Ventura após o resultado. 

Gráfico
Na última eleição o Chega, partido de extrema direita, tinha conquistado apenas 12 cadeiras. Fonte: Jornal Público Portugal/ Reprodução. 

As eleições legislativas estavam previstas, originalmente, para  2026, mas foram antecipadas após a renúncia do primeiro-ministro António Costa  (PS), acusado de corrupção pelo Ministério Público português. As acusações se mostraram infundadas uma semana depois e o MP veio a público dizer que o acusado não era o político socialista, mas um homônimo.

Como funciona as eleições em Portugal? 

O país vive sob um regime semipresidencialista. O presidente, Marcelo de Sousa, exerce a função de Chefe de Estado e governa juntamente com o primeiro-ministro.

Os votos são por partido e não por candidato, caso a legenda consiga eleger pelo menos 116 deputados ganha o controle do legislativo. Se isso não ocorrer, a sigla que conseguiu maior número de cadeiras  pode se agrupar com partidos menores até chegar no número mínimo de  assentos necessários. O primeiro-ministro poderá ser, inclusive, de um desses partidos. 

Os próximos passos

Os principais candidatos
Pedro Nuno Santos (PS), Luís Montenegro (PSD) e André Ventura (Chega) — Foto: Reuters

Como o Aliança Democrática, liderado por Luís Montenegro, não conseguiu o número de assentos necessários, a legenda precisará fazer alianças para governar.

O que pode se revelar um desafio, já que Montenegro havia mencionado que não faria alianças com o Chega e reiterou isso após o resultado: "Nunca faria a mim próprio, ao meu partido e à democracia portuguesa tamanha maldade que seria incumprir compromissos que assumi de forma tão clara” disse.

Por outro lado, Pedro Nuno Santos, líder do Partido Socialista disse que apesar de não impedir a constituição de um governo minoritário da AD, não irá contribuir para uma aliança entre as legendas:  "A AD que não conte com o PS para governar. Não é a nós que [os deputados da aliança] têm de pedir para suportar um governo [da AD]”, declarou. 

O líder do Chega, André Ventura, que se mostrou favorável à uma coligação de direita,  se manifestou sobre a recusa de Luís Montenegro à formação de uma aliança: " Só um líder e um partido muito irresponsáveis deixarão o PS governar quando temos na nossa mão a possibilidade de fazer um governo de mudança”. 

O presidente, Marcelo de Sousa, anunciou que irá convidar o líder do partido vencedor para tentar formar um governo. A consulta que teve início nesta terça-feira (12) se prolongará até 20 de março. Se até lá os partidos não apresentarem nenhuma aliança que garanta o número mínimo de assentos, o chefe de Estado pode convocar novas eleições. 

O direito ao aborto está na Carta Magna e passa a ser irreversível no país. França é o primeiro país a consolidar este direito.
por
Mohara Ogando Cherubin
Sônia Xavier
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08/03/2024 - 12h

 

A decisão de tornar o direito ao aborto constitucional foi tomada no ínicio dessa semana (4). A aprovação alcançou a maioria necessária de pelo menos três quintos dos votos dos parlamentares para que a Constituição de 1958 fosse revista e a lei de direito ao aborto incluída.

A inscrição “A lei determina as condições de que a mulher tenha a liberdade garantida de recorrer ao aborto” foi adicionada nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, no atrigo 34 da Constituição francesa em cerimônia ao ar livre em Paris. 

A decisão torna, agora, o direito ao aborto irreversível no país segundo Macron. Ainda durante seu discurso, o presidente anunciou que pretende lutar para que o direito se expanda pela União Europeia. 

Projeção na Torre Eiffel diz: Meu corpo minha escolha
Projeção  na Torre Eifel  diz: “Meu corpo, Minha Escolha” após votação na segunda-feira (4) para constitucionalização do aborto. Foto: Abdul Saboor/Reuters

 

Por que recorrer à constitucionalização do aborto?

O aborto é permitido na França desde 1975. A lei já teve seu texto alterado nove vezes, a última modificação, ocorrida em 2022, passou a permitir abortos até a 14ª semana de gravidez, financiados pelo sistema de seguridade social francês e sem necessidade de justificativas. 

A decisão de incluir o direito ao aborto na Constituição do país surgiu após a deliberação da Suprema Corte dos Estados Unidos de revogar o direito federal ao aborto, revertendo o julgamento de Roe v. Wade. A decisão da Corte norte-americana delegou a tribunais e autoridades estaduais o poder de restringir ou proteger o acesso das mulheres ao aborto legal. 

A advogada Juliana Tanno, explicou, em entrevista à AGEMT que “aquilo que é permitido perante a lei ainda pode ser questionável se violar os princípios e disposições da Constituição”. "A Constituição é a lei fundamental que define a estrutura do governo e os direitos fundamentais do cidadão, ou seja, é a lei suprema de um país", complementa. 

Mulheres segurando cartazes e faixas em manifestação a favor do aborto
Manifestação na França a favor da constitucionalização do aborto após decreto dos EUA. Foto: Reprodução/Reuters

 

Temendo que a França fosse influenciada por esse decreto dos Estados Unidos e pelo avanço da extrema-direita no país, feministas e políticos progressistas passaram a levantar a discussão a cerca da constitucionalização do aborto, com objetivo de assegurar o direito das mulheres de realizar o procedimento. Foram apresentados no Parlamento francês mais de cinco projetos de lei pela inclusão do direito na Carta Magna.

"Liberdade garantida" 

O projeto da presidente do La France Insoumise (LFI), Mathilde Panot, até então aprovado pela Assembleia Nacional no ano anterior, passou por alterações em seu texto em fevereiro de 2023. 

Através de ações de partidos de direita, o termo "direito" foi substituído por "liberdade" da mulher de realizar um aborto. Essa modificação no documento enfureceu os movimentos feministas do país, tendo em vista que o Governo francês poderia restringir o acesso ao procedimento com mais facilidade, pois a ação deixava de ser um direito.

O projeto de Panot demandaria novamente a aprovação da Assembleia, sem demais modificações, e por ser uma iniciativa do Parlamento, precisaria da validação de um referendo também. 

Após pressão dos movimentos feministas, o presidente Emmanuel Macron elaborou seu próprio texto, agora com o termo “liberdade garantida”. O projeto foi enviado ao Parlamento em outubro de 2023, a Assembleia Nacional aprovou em janeiro e o Senado no dia 18 de fevereiro. 

 

A luta pelo direito da mulher na França: um contexto histórico

A decisão de incluir o aborto na Constituição francesa é marcada por séculos de enfrentamento dos movimentos feministas. A busca por direitos iguais se inicia no século XV com a escritora Christine de Pizan, que defendia em suas obras os direitos das mulheres à educação, tal como a escrita e a independência feminina. 

Mais tarde, no século XVIII, a ativista Olímpia de Gouges proclamou na "Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã" que a mulher possuía direitos naturais idênticos aos dos homens e que, desse modo, tinha o direito de participar, direta ou indiretamente, da formulação das leis e da política em geral após a exclusão das mulheres da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” durante Revolução Francesa. 

Em 1949, Simone de Beauvoir publicou a obra "O Segundo Sexo", que aborda um novo modelo de pensamento sobre a mulher na sociedade, juntamente à definição de feminismo moderno a partir da opressão sofrida pela figura masculina.

Confusão entre mulheres e policiais em marcha pelo aborto na França em 1972
Manifestação a favor da legalização do aborto na França em 1972. Foto: Reprodução/ Getty Images

 

No ano de 1971 foi realizado o “Movimento das 343”, divulgado pelo Nouvel Observateur, no qual centenas de mulheres assinaram uma petição para legalizar o aborto no país e adimitiram já ter interrompido ilegalmente uma gestação. 

Em 1973, surgiu o MLAC (Movimento pela Liberalização do Aborto e da Contracepção) que reúne tanto as feministas quanto os membros da classe médica que passam a praticar aborto seguro, ainda que ilegal. Posteriormente, em 1974, a Ministra da Saúde e sobrevivente do Holocausto, Simone Veil, aprovou um projeto de lei que descriminalizou o método de aborto no país, e por fim, em 1975, a interrupção voluntária da gravidez foi legalizada perante a lei francesa. A Lei Veil representou um avanço da legislação sobre o aborto na França e um vitória após anos de luta dos movimentos feministas.

Entenda o que é, como surgiu e de que modo funciona o grupo islâmico responsável pela ofensiva no início de outubro de 2023
por
Luan Leão
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06/05/2024 - 12h

No dia 07 de outubro de 2023, integrantes do grupo Hamas realizaram uma ofensiva contra Israel, com uma incursão pelo sul do país. O resultado foi a morte de cerca de mil israelenses e outros 200 foram feitos reféns. Em resposta, a contraofensiva israelense - que já dura mais de seis meses - resultou na morte de mais de 30 mil palestinos, além de um cerco à Faixa de Gaza.

Para entender o conflito de décadas, a AGEMT preparou uma série especial de quatro reportagens sobre o conflito Palestina e Israel. Nesta reportagem você vai ver como surgiu o grupo Hamas, a influência política e o impacto na resistência Palestina. Além do Hamas, vamos falar sobre o Hezbollah, grupo que atua no sul do Líbano, também contrário a Israel.

Grupo Hamas tem atuação política na Palestina
Hamas surgiu na década de 1980, com atuação pelo bem-estar social.
Foto: Mohammed Abed/Getty Images

Hamas: resistência armada, política e bem-estar social

O grupo tem origem ideológica na Irmandade Muçulmana, maior e mais antiga organização islâmica do Egito, e surgiu no contexto da Primeira Intifada, em 1987. Fundado pelo Xeque Ahmed Yassin e Abdel Aziz al-Rantissi, Hamas é um acrônimo para Harakat al-Muqawama al-Islamiya (Movimento de Resistência Islâmica), e significa zelo. No seu emblema, o Hamas tem o Domo da Rocha de Jerusalém, bandeiras palestinas e o contorno de um Estado palestino, incluindo o território de Israel.

No estatuto da sua criação, o Hamas definiu o território da Palestina histórica, incluindo a atual Israel, como terra islâmica. Segundo o documento, o grupo também exclui a possibilidade de paz permanente com o Estado de Israel. Ainda pelo estatuto, o Hamas é acusado de antissemitismo, já que trechos atacam aos judeus enquanto povo. No documento, por exemplo, o grupo palestino se comprometia com a destruição do Estado de Israel.

Inicialmente, o Hamas pretendia se fortalecer em duas frentes: o braço armado contra Israel, com as Brigadas Izz al-Din al-Qassam (IQB), e a promoção de bem-estar social aos palestinos como uma espécie de entidade social com construção de escolas, hospitais, distribuição de comida e etc. Na fundação, o grupo não demonstrava interesse em manter um braço político, o que aconteceu anos mais tarde.


Dawah

Apesar da forte associação com a luta armada, o Hamas possui um braço de serviços sociais chamado Dawah. A atuação se dá, em sua maioria, na região da Faixa de Gaza, região de alta concentração populacional e bastante empobrecida. O Dawah atua na gestão de escolas, orfanatos, restaurantes populares e clubes esportivos. Assim como feito pela Irmandade Muçulmana no Egito, o Hamas entende que a assistência social está na religião e é parte da resistência.

Dawah, em tradução literal, significa “chamado de Deus”. Pela religião, este chamado obriga os fiéis a ajudar uns aos outros por meio de obras de caridade. Para entender a atuação do Dawah, em 1990, cerca de 85% do orçamento do Hamas foi destinado para assistência social. Já em 2000, 40% das instituições sociais divididas entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, eram dirigidas pelo grupo.

Em 2005, a organização ajudava financeiramente cerca de 120 mil pessoas em Gaza. Dois anos depois, com apoio do Irã, o Dawah ofereceu um auxílio mensal de 100 dólares para 100 mil trabalhadores e 3 mil pescadores, impedidos de trabalhar por restrições de Israel à pesca. A concessão dos subsídios, no entanto, têm rigorosa avaliação de custo-benefício de como os beneficiados poderão apoiar o Hamas.


Brigadas Qassam

As brigadas Izz al-Din al-Qassam são o maior e mais organizado grupo armado palestino, mantendo atividades não apenas em Gaza, território em que hoje o Hamas atua, como também nos territórios ocupados na Cisjordânia. O braço militar foi fundado no começo da década de 1990, por Salah Shehadeh, morto por forças militares israelenses em um ataque aéreo em 2002. No início, se utilizou de diversos atentados suicidas para atacar Israel.

Em 1996, realizou uma série de atentados em ônibus, que culminou na morte de cerca de 60 israelenses. Os atentados foram uma resposta a morte de Yahya Ayyash, fabricante de bombas do Hamas, em 1995. A escalada de ataques do grupo foi tida como determinante para que o jovem político de direita Benjamin Netanyahu - contrários aos acordos de Oslo - fosse eleito primeiro-ministro de Israel, se distanciado das tratativas de paz na região e intensificando a expansão dos assentamentos israelenses e a repressão ao povo palestino.

O nome do braço militar é inspirado no combatente sírio Ezzedine Al-Qassam, que lutou contra colonizadores europeus durante o levante. Após ser expulso pelos franceses, assumiu a causa palestina, recorrendo à resistência armada contra judeus e colonizadores britânicos. Al-Qassam foi morto por autoridades britânicas em 1935, e acredita-se que a morte desencadeou a Revolta Árabe de 1936 a 1939. O atual comandante militar das Brigadas Qassam é Mohammed Deif, e o seu braço direito é Marwan Issa. 

Brigadas Qassam são responsáveis pelas ações militares do Hamas
Com cerca de 25 mil combatentes, a Brigada Qassam foi responsável pelo ataque de 07 de outubro.
Foto: Adel Hana/AP

De acordo com o CIA World Factbook - relatório das forças de inteligência dos Estados Unidos - estima-se que as Brigadas Qassam possuem entre 20 mil e 25 mil membros, um número não confirmado pelo grupo. O arsenal bélico do grupo não é publicamente conhecido, no entanto, os ataques são quase sempre realizados com granadas e foguetes improvisados.

Com a retirada das tropas israelenses de Gaza em 2005, o Hamas assumiu o controle político da região e desenvolveu a sua força militar. O Irã - potência militar da região - é tido, de maneira informal, como um financiador da evolução militar do grupo palestino. Recentemente o grupo também incorporou drones ao seu arsenal. Foi possível notar o uso dos equipamentos na ofensiva do último dia 07 de outubro.

Dados do Departamento de Estado dos Estados Unidos, em 2021, nos confrontos com Israel, as Brigadas Al-Qassam lançaram cerca de 4.400 foguetes. Os relatórios afirmam que o grupo palestino tem experiência com explosivos improvisados, e salientam que dependem de estratégia para os ataques. Além disso, o Hamas conta com uma poderosa estrutura de túneis que permite os combatentes se movimentarem sem serem detectados.


Massacre de Sabra e Chatila

Em 15 de setembro de 1982, a mando do então ministro da Defesa israelense, Ariel Sharon, o Tshal - força de defesa de Israel - cercou por inteiro o campo de refugiados de Sabra e Chatila, no Líbano. A ação foi uma resposta de Israel após um atentado de forças pró-Síria e pró-Palestina resultar na morte de cerca de 40 pessoas um dia antes. Sharon se reuniu com a milícia cristã-falange libanesa, para que invadissem o acampamento de refugiados.

Às 18h do dia 16 de setembro, cerca de 150 falangistas invadiram o campo de refugiados, armados com pistolas, facas e machados. A suposta missão do grupo era localizar guerrilheiros da Organização para a Libertação Palestina (OLP), mas não foi o que aconteceu. O grupo coordenou um massacre em sua maioria de mulheres, crianças e idosos.

A alegação do governo israelense, à época chefiado por Menachem Begin, era de que não sabiam o que se passava no acampamento. O jornal israelense Yedioth Ahronoth contradisse o governo e afirmou que oficiais israelenses sabiam sim do massacre. “Na quinta e na sexta-feira pela manhã, os ministros e funcionários (do governo de Israel) já sabiam da matança e nada fizeram para detê-la. O governo sabia desde a noite de quinta-feira e não moveu um dedo nem fez nada para evitá-la”, dizia o jornal. Além das mortes, os falangistas torturam e estupraram refugiados.

Os números de mortos no massacre não são exatos, mas números da Cruz Vermelha afirmam que pelo menos 2.400 pessoas morreram. O governo israelense foi pressionado a investigar e punir Ariel Sharon, no entanto, apenas o passou para a reserva.


Segunda Intifada

Em setembro de 2000, no dia 28 de setembro, o líder da oposição, Ariel Sharon, visitou a mesquita de Al-Aqsa escoltado por policiais e soldados israelenses fortemente armados. De acordo com o porta-voz do partido de Sharon, a visita foi para “demonstrar assim que, sob o governo do Likud, a Mesquita de Al-Aqsa permaneceria subjugada à soberania israelense”. A ação foi considerada uma afronta aos palestinos, que celebravam a memória dos dezoito anos do massacre de Sabra e Chatila, o mesmo em que Sharon foi responsabilizado pela conivência.

O resultado do descontentamento foi o segundo levante palestino contra Israel. A Segunda Intifada foi mais sangrenta que a Primeira, e durou de 2000 até 2005, quando foi declarado o cessar-fogo. Segundo o jornal israelense Haaretz, nos cinco anos de conflito, foram 3.300 mortes de palestinos e 1.330 mortes de israelenses.

Dentre as mortes, uma chamou a atenção do mundo. Em 30 de setembro, Muhammad Al-Durrah, de apenas 12 anos, foi assassinado por forças israelenses. Um vídeo registrou a criança com o seu pai, se abrigando de um tiroteio, o pai de Muhammad fazia sinais para que parassem os tiros. O cessar-fogo não aconteceu, e um dos disparos matou Muhammad Al-Durrah.


O Partido

Em 2004, o então primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, anunciou a intenção do governo de retirar as tropas e os colonos israelenses dos assentamentos - considerados ilegais pela Organização das Nações Unidas - na Faixa de Gaza. A saída de cerca de 8 mil colonos e o desmanche de 21 assentamentos aconteceu em agosto de 2005. Os militares israelenses saíram pouco mais de um mês depois, em 11 de setembro. A retirada das tropas marcou o fim de uma ocupação militar que durou 38 anos.

O Hamas organizou um desfile em Neve Dekalim, antiga capital dos colonos na Faixa de Gaza. Sem as tropas israelenses, a Palestina vivia uma situação inédita no território de Gaza, e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) tinha um desafio pela frente. Mais da metade da população vivia abaixo da linha da pobreza e os movimentos armados - incluindo o Hamas - atraiam o apoio principalmente dos jovens.

Em 2006, com um resultado inédito, o Hamas derrotou o tradicional Fatah, de Abbas, e venceu as eleições para o legislativo palestino. Com a vitória do grupo, considerado terrorista por países como Estados Unidos, Israel, e blocos como a União Europeia, o então primeiro-ministro palestino, Ahmed Qorei, anunciou sua renúncia. A eleição foi acompanhada por observadores internacionais e considerada limpa, o resultado, no entanto, surpreendeu ao mundo.

Pelo resultado da eleição, o Hamas conquistou 76 dos 132 assentos do Conselho Legislativo Palestino, enquanto o Fatah alcançou apenas 43. Pouco depois do anúncio dos resultados, o presidente palestino, Mahmmoud Abbas - líder do Fatah e eleito pelo voto popular em janeiro de 2005-, disse em pronunciamento que continuaria com as negociações de paz com Israel. “Estou comprometido em implementar o programa para o qual vocês me elegeram no ano passado. É um programa baseado em negociações e um acordo pacífico com Israel”, disse Abbas em pronunciamento televisionado.

Sem ser reconhecido como governo, depois de conflitos internos, o Hamas expulsou o Fatah de Gaza, causando a divisão que conhecemos hoje. A Cisjordânia, que tem como capital Ramallah, segue sendo governada pela ANP, enquanto a Faixa de Gaza passou a ter o Hamas como representante político. Essa realidade, porém, trouxe uma série de bloqueios impostos por Israel e pelo Egito, que fazem fronteira com a região.


"O Fatah e o Hamas, eles se diferenciam por várias coisas, mas entre eles estavam numa disputa por corações e mentes e por uma agenda em conseguir popularidade e, lógico, conseguir apoio para as escolhas políticas que cada um fez", avalia Arturo Hartmann, pesquisador, doutor em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP, Unicamp e PUC-SP) e membro do Centro Internacional de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade Federal de Sergipe.

Hamas surpreendeu ao vencer eleições de 2006
Vitória eleitoral do Hamas, em 2006, aconteceu por descontentamento da população com ações de Israel no território Palestino. Foto: Mohammed Saleh/Reuters (2021)

"O Hamas vinha crescendo, obviamente, toda a ação dentro da Segunda Intifada e como você vendia as suas ações, a noção da defesa da luta anticolonial palestina, tinha a questão religiosa e moral. [...] Eles ganharam com 60%. Então, muita gente votou como um voto de protesto, pessoas que talvez não necessariamente fossem muito simpatizantes da agenda do Hamas, não em relação à resistência, mas em relação à questão do tecido social", analisa Hartmann. "Foi um voto no Hamas para algumas pessoas, mas para outras foi um plebiscito contra o processo de paz e contra a solução que não só as lideranças israelenses e palestinas, mas que a comunidade internacional tinha endossado", conclui o pesquisador.

Quando venceu as eleições, Khaled Meshaal era o líder político do Hamas. Considerado um dos fundadores do Hamas e integrante do gabinete político desde a criação, Meshaal foi escolhido como líder após a morte do xeque Ahmed Yassin, em 2004. Em 1997, o Mossad, serviço secreto de Israel, tentou assassinar Meshaal por envenenamento na Jordânia. Na ocasião, o rei jordaniano, Hussein bin Tal, e o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, tiveram que convencer Benjamin Netanyahu, premiê israelense, a enviar o antídoto.

Khaled Meshaal, também conhecido como Abu Al-Walid, permaneceu como líder do gabinete político até 2017, quando foi substituído por Ismail Haniyeh. O escritório político do Hamas também conta com outras lideranças como Yahya Sinwar, criador do “Majd”, uma espécie de serviço de segurança interna do Hamas. O Majd evoluiu com o tempo e, de forma limitada, trabalha com rastreio dos serviços de inteligência israelense.

Sinwar foi preso três vezes e só foi libertado em 2011, após um acordo entre o governo de Israel e Hamas e Fatah, em uma troca pelo soldado Gilad Shalit. Na troca, mil prisioneiros foram soltos, dentre eles Sinwar. Em setembro de 2015, os Estados Unidos incluiu o político na lista “terroristas internacionais”.

Outra liderança do Hamas é Mahmoud Al-Zahar, formado em medicina geral pela Universidade Ain Shams, no Cairo, Egito. Al-Zahar exerceu suas funções em Gaza e na cidade de Khan Younis, mas foi demitido pelo governo israelense devido a suas posições políticas. Em 2003, as forças israelenses tentaram o assassinar com uma bomba de meia tonelada lançada de um avião F-16 sobre a sua casa, em Gaza. Al-Zahar teve ferimentos leves, mas seu filho mais velho morreu.

Com a vitória nas eleições de 2005, Zahar serviu como ministro das Relações Exteriores. Forte liderança intelectual, é autor do livro “O Problema da Nossa Sociedade Contemporânea… Um Estudo do Alcorão e Sem lugar sob o sol”. A publicação é tida como uma resposta ao livro “O Discurso político islâmico”, escrito por Benjamin Netanyahu.


Operação Al-Aqsa Flood

Em 06 de outubro de 1973, Egito e Síria conduziram uma ofensiva contra o Estado de Israel. O conflito ficou conhecido como a Guerra do Yom Kippur, em referência às comemorações do feriado judaico do dia do perdão - Yom Kippur, em hebraico. O feriado é o mais importante do calendário hebraico e o país estava paralisado para as celebrações.

O principal motivo da guerra foi a anexação de territórios sírios e egípcios por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em julho de 1967. A Guerra do Yom Kippur foi considerada o último grande conflito árabe-israelense. A ofensiva foi elaborada pelo presidente do Egito, Anwar Sadat, e Hafez Al-Assad, presidente da Síria. Ao todo, o conflito durou 18 dias e terminou na morte de 15 mil egípcios, 3.500 sírios e 2.600 israelenses.

No dia 07 de outubro de 2023,  exatos 50 anos e um dia depois do início da guerra do Yom Kippur, o Hamas fez uma ofensiva contra militares e civis no sul de Israel, eclodindo no conflito com mais mortes da história entre Palestina e Israel. A Operação Al-Aqsa Flood, ou dilúvio, se tornou o primeiro embate direto no território de Israel desde a primeira guerra árabe-israelense, em 1948. A ação coordenada pelo grupo islâmico entrou no território de Israel por mar, terra e ar, e foi considerada uma falha do sistema de defesa israelenses. “Este é o dia da maior batalha para acabar com a última ocupação da Terra”, afirmou Deif,  comandante das Brigadas Qassam. O grupo queria encorajar outras nações muçulmanas a se unir no ataque.

Horas após o ataque, o Primeiro-Ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou guerra contra o Hamas. Essa foi a primeira vez que o Estado de Israel se colocou abertamente em guerra desde o conflito do Yom Kippur. Em resposta, os israelenses lançaram a Operação Espadas de Ferro.

O conflito atual já deixou 15.523 mortes do lado palestino, em Gaza, e 1.402 mortes do lado israelenses, além de cerca de 200 reféns que foram levados para o território da Faixa de Gaza. Apesar da surpresa pelo ataque, o decorrer do conflito mostrou o baixo potencial ofensivo do Hamas contra o Estado de Israel, que segue com os ataques e também com incursões por terra.


Ao norte volver

Na fronteira norte de Israel, região do sul do Líbano, outro grupo também desperta a atenção: o Hezbollah. Apesar de uma corrente religiosa diferente do Hamas - que é sunita - os grupos têm em comum o objetivo de combater o estado de Israel.

Com origem muçulmana xiita, o grupo teve sua primeira formação em 1982, sob o nome de Resistência Islâmica Libanesa. O surgimento do Hezbollah - que em árabe significa “Partido de Deus” - está associado à invasão israelense ao território libanês que aconteceu em dois momentos. O início em 1978 e, depois, com a incursão por terra, água e mar em 1982.


 

Hezbollah é parte do xadrez de tensões no Oriente Médio
Hezbollah conta com apoio de considerável parte da população libanesa.
Foto: Francisco Volpi/Getty Images

O grupo ganha o nome de Hezbollah em 1984, e se oficializa em 1985, com a divulgação de uma carta aberta com suas três ideias principais: combater tendências colonialistas, julgar membros da Falange - partido Libanês criado em 1936 - pelos crimes cometidos e estabelecer um estado muçulmano no Líbano.

A ligação entre o grupo e a causa Palestina data das origens do Hezbollah, como contextualiza Karime Cheaito, mestre em Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), membro do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (GECI/PUC-SP) e pesquisadora de assuntos voltados ao Hezbollah e organizações armadas não-estatais.

“O principal objetivo do Hezbollah era a libertação das terras libanesas ocupadas, a retomada da soberania do Líbano e, neste documento (o manifesto de 1985), também ganha destaque a libertação de Jerusalém, sendo a causa Palestina central, então, desde a fundação da organização”, explica.

Em 1989, com o fim da guerra civil que havia começado em 1975, o Hezbollah passou a se organizar como um partido político, com o intuito de representar politicamente os xiitas, classe que, até então, era subrepresentada politicamente.

Os líderes do grupo foram, em grande parte, influenciados pelos ideais do aiatolá Khomeini - antigo líder supremo do Irã e idealizador da Revolução Iraniana em 1979. Os membros tiveram uma espécie de “formação” pela Guarda Revolucionária Iraniana. Assim como o Hamas, o Hezbollah é dividido entre atuação política, social e armada. O braço armado do grupo, por exemplo, é maior do que as Forças Armadas libanesas.

De acordo com o Departamento de Estado dos Estados Unidos, o Irã é responsável por financiar o Hezbollah com treinamentos, armamentos e explosivos. Em 2021, o líder do grupo, Sayyed Hassan Nasrallah, disse em uma entrevista que o braço militar do Hezbollah contava com cerca de 100 mil combatentes.

Apesar de alguns bombardeios na fronteira norte de Israel, não é possível afirmar que o Hezbollah entrou de fato no conflito. “Ainda não temos uma resposta oficial, nem uma indicação precisa. Tudo depende de como as negociações e decisões políticas vão se desdobrar. Até o momento, os atritos que tem se desenvolvido na região da fronteira entre Líbano-Israel são pontuais, geograficamente localizados e não tem caminhado para uma escalada”, analisa Cheaito.

Controverso e acusado de crimes de guerra, político americano pautou a política internacional dos Estados Unidos no século XX.
por
Artur Maciel Rodrigues
|
04/12/2023 - 12h

 

(Kissinger em 2023, foto: Janek Skarzysnki/AFP)

 

Morreu aos 100 anos o diplomata estadunidense Henry Kissinger. A informação foi divulgada na quarta-feira (29) através de um comunicado da Kissinger Associates Inc. Ainda segundo a nota, o diplomata morreu em sua casa em Connecticut, nos Estados Unidos. Dono de um Nobel da Paz. Uma das principais personalidades internacionais do século 20, Kissinger é apontado por muitos como criminoso de guerra, pelas suas ações na Indochina e pelo seu apoio a ditaduras no mundo, em especial na América Latina. 

 

Refugiado de família judaica, Kissinger nasceu na Alemanha, em 1923, e se naturalizou estadunidense aos 20 anos. Durante sua juventude, participou do Exército americano na 84° infantaria, onde participou na Batalha das Ardenas, a última ofensiva do exercito nazista. Se tornou parte da corporação de contrainteligência, responsável por rastrear membros da Gestapo, uma espécie de polícia secreta do governo nazista. Na volta da guerra, iniciou sua carreira acadêmica estudando em Harvard, onde se tornou doutor e, posteriormente, professor da universidade.

 

Desde da década de 1960, Kissinger foi um importante consultor internacional do governo Americano. Em 1969, foi parte importante dos bombardeios no Camboja, e nos anos seguintes organizou a campanha de invasão ao país e os ataques ao Khmer Vermelho, seguidores do partido comunista que governou o país de 1975 até 1979. Os bombardeios deixaram cerca de 500 mil mortes e resultaram no genocídio da população do Camboja onde mais de dois milhões de pessoas morreram.

 

Durante a gestão de Richard Nixon, na década de 1970, o diplomata foi secretário de Estado e teve destaque na política de abertura diplomática da China. Kissinger também foi responsável pela mediação das tensões entre Israel e os países árabes vizinhos na Guerra do Yom Kippur. 

 

A relevância de Kissinger não diminuiu mesmo com a renúncia de Nixon. Até no atual governo Biden, o diplomata continuou sendo uma força da agenda política internacional do país. Em 2023, por exemplo, foi a Pequim para um encontro surpresa com o presidente chinês Xi Jinping. 

 

O ex-secretário sempre será lembrado na América Latina pela Operação Condor, que bancou as ditaduras nas Américas. A postura de Kissinger é bastante criticada, principalmente seu apoio à ditadura no Chile. Comandada por Augusto Pinochet, a ditadura começou com um golpe de estado - apoiado pelo serviço secreto americano - no presidente eleito Salvador Allende. Pinochet permaneceu no poder de 1973 até 1990, e o resultado foi mais de três mil mortes, milhares de torturados e cerca de 200 mil chilenos exilados. 

 

Outra atuação questionada foi o apoio estadunidense a Margaret Thatcher, Primeira-Ministra do Reino Unido, na disputa das Ilhas Malvinas, arquipélago localizado a 500 quilômetros da costa Argentina. Em 1982, ingleses e argentinos travaram uma guerra de dois meses pelo território, que terminou se mantendo sob poder dos britânicos. 

 

Sobre a Guerra do Vietnã, Kissinger disse em entrevista à jornalista italiana, Oriana Fallaci, que se tratava de: “Uma guerra inútil”. Foi justamente pelo cessar fogo desta guerra que o diplomata recebeu um prêmio Nobel da Paz, em 1976. A premiação foi em conjunto com Le Duc Tho, diplomata do Vietnã do Norte. No entanto, Duc Tho recusou o prêmio, na que é considerada umas das premiações mais controversas da história do Nobel da Paz. 

 

Em 2023, ano do seu centenário, Henry Kissinger seguiu concedendo entrevistas a jornais renomados sobre conflitos internacionais como Rússia e Ucrânia. No dia 11 de outubro, falou sobre a ofensiva entre Hamas e Israel. “Foi um ato de agressão aberto. O único objetivo foi mobilizar o mundo árabe contra Israel e seu histórico de negociações pacíficas”, disse Kissinger para o jornal Die Welt, subsidiário alemão da revista Insider.

 

A morte de Kissinger foi repercutida por figuras públicas e nas redes sociais. Em nota, o ex-presidente americano George W. Bush, o chamou de “uma das vozes mais fiáveis e mais ouvidas na política externa”. Vladimir Putin, presidente da Rússia, descreveu o diplomata como “visionário”. “Morreu um diplomata muito notável, um estadista sábio e visionário”, disse Putin. 

 

Nas redes sociais a comoção foi oposta. Uma das publicações que viralizaram foi um trecho do livro “A Cook’s Tour: Global Adventures in Extreme Cuisines” de Anthony Bourdain, escritor e documentarista. “Uma vez que você for no Camboja, você nunca mais vai parar de querer espancar Henry Kissinger até a morte com as próprias mãos”, escreveu Bourdain.  

Uma conta intitulada “Is Henry kissinger dead yet?” ( “Henry Kissinger está morto? - em tradução para o português) repostou a morte do diplomata, rendendo ao post 22 milhões de visualizações e quase meio milhão de curtidas.

Composto por performances e discursos gravados, evento não é mais o que se espera de uma premiação
por
Victória da Silva
Vitor Nhoatto
|
23/11/2023 - 12h

Estreando seu novo formato totalmente digital e acontecendo em nova data, o Billboard Music Awards 2023 consagrou neste domingo (19) artistas como Karol G, Drake e Taylor Swift. No entanto, formado por vídeos pré-gravados e sem  tapete vermelho ao vivo. A premiação foi marcada pela baixa repercussão midiática e desapontamento com o modelo adotado.

Tradicionalmente realizado nos Estados Unidos, desde 2011, anualmente em maio, o evento promovido pela revista Billboard este ano foi reagendado para substituir o American Music Awards (AMAs). A empresa Dick Clark Production, dona de ambas as premiações, realocou o AMAs para o ano de 2024, o que gerou certa estranheza dos espectadores desde o início.

Somado a isso e a configuração inédita de performances e discursos gravados, o público ainda foi surpreendido pela transmissão não televisionada do evento pela primeira vez, tendo ficado restrita ao site da Billboard. A lista de vencedores foi divulgada durante o evento. No entanto, os artistas já haviam sido informados semanas antes do programa, e já estavam com as estatuetas nos vídeos de agradecimento. 

Performances

Cantora americana Bebe Rexha durante uma performance da música I’m Good (Blue) com os braços abertos em um cenário escuro profundo com fumaça ao fundo e uma orquestra sinfônica. Ela está em frente a um microfone e veste um vestido preto com detalhes em prateado e luvas de renda preta e com um cabelo platinado liso.
Performance de Bebe Rexha da sua música "I'm Good (Blue)” feat. David Guetta. - Foto: Reprodução/Youtube

Abrind os trabalhos da noite de domingo, Karol G apresentou um medley das músicas ‘QLONA’, ‘Labios Mordidos’ e ‘OJOS FERRARI’. Gravada em Los Angeles, a performance da cantora colombiana contou com vários dançarinos e coreografia afiada em um palco coberto por água, sendo marcada por movimentos sensuais e belos efeitos no molhado cenário.

Mesmo com o ‘flop’ do evento, fãs de Mariah Carey conseguiram apreciar a performance da aclamada música natalina ‘All I Want For Christmas Is You’ que teve pela primeira vez uma apresentação em premiações. Além disso, a cantora foi homenageada pelo prêmio Billboard Chart Achievement, já que marcou a lista Hot 100 da Billboard em várias décadas diferentes, em especial com a canção de natal apresentada — que todo final de ano volta a aparecer na parada de sucesso norte-americana.

Com direito à orquestra sinfônica e efeitos cinematográficos, Bebe Rexha entregou uma performance impecável do seu estrondoso sucesso 'I'm Good (Blue)' em parceria com David Guetta. Em seguida, em um cenário diferente e com várias dançarinas, a cantora americana cantou o seu último lançamento em conjunto ao DJ, 'One In A Million', indicada ao Grammys 2024. 

Outro destaque foi a apresentação de Tate McRae com a música 'Greedy', que viralizou no TikTok recentemente e domina as paradas de sucesso do mundo todo. Gravada em um hotel em Los Angeles, a performance foi marcada pela intensa coreografia por parte de Tate e das dezenas de dançarinos.

Para a felicidade dos stays, o grupo sul-coreano Stray Kids apresentou as faixas “S-Class” e “LALALA” com uma performance coreografada, figurinos impactantes e vários dançarinos. Mesmo não sendo ao vivo, a apresentação foi um marco para os fãs do octeto e para o próprio grupo de K-pop, já que foi sua estreia no palco da Billboard Music Awards.

Sendo o maior vencedor da edição deste ano com 11 estatuetas no total, o cantor country Morgan Wallen também se apresentou. Envolvido em polêmicas com falas racistas em 2021, ele fechou a premiação cantando sua música em homenagem ao time de baseball Atlanta Braves intitulada '98 Braves'. 

Premiações

Cantora norte-americana Karol G em um vestido de látex quase transparente bem colado ao corpo com cabelo loiro molhado segurando um troféu do Billboard Music Awards na mão esquerda com o braço para baixo, e com um microfone na mão direita para cima ao comemorar a recepção do prêmio em um estúdio de gravação totalmente branco com luzes dando um efeito degradê levemente alaranjado
Karol G durante vídeo de agradecimento ao receber prêmios no BBMAs 2023. -  Foto: Gilbert Flores 

Mesmo com a informação de que os ganhadores da BBMAs haviam sido notificados com antecedência sobre seus prêmios e não com os gritos e reação do público, ainda houve a curiosidade de quais foram os principais vencedores. De várias partes do mundo, os ganhadores enviaram vídeos já com os troféus em mãos, muitos nos cenários de suas performances e com o mesmo look do tapete vermelho.

Nessa noite de domingo, Taylor Swift levou para casa 10 das 20 estatuetas que estava concorrendo, se igualando ao rapper Drake como artista com mais BBMAs, cada um com 39 no total. Ela faturou categorias como Melhor Artista e Melhor Música em Vendas com 'Anti-Hero'. Enquanto isso, o rapper norte-americano ganhou 5 das 14 indicações que teve, dentre elas Melhor Artista de Rap e Melhor Artista Masculino de Rap. 

Tendo sido o grande vencedor da noite, o cantor Morgan Wallen ganhou 11 categorias das 17 indicações que teve, incluindo: Melhor Artista Masculino, Melhor Álbum da Billboard 200 com ‘One Thing at a Time’ e ainda, Melhor Música Hot 100 e Melhor Música em Streaming com a canção “Last Night”.

Zach Bryan se destacou ganhando 4 prêmios, dentre eles Melhor Artista Novo e Melhor Álbum de Rock com “American Heartbreak”. Além disso, Karol G marcou presença além da performance ao faturar dois prêmios, sendo eles Melhor Artista Feminina Latina e Melhor Artista Latino de Turnê, enquanto Bebe Rexha junto a David Guetta levou em Melhor Música Dance/Eletrônica por I'm Good (Blue).

SZA ganhou 4 das 17 categorias em que havia sido indicada, incluindo Melhor Artista de R&B, Melhor Artista Feminina de R&B, Melhor Álbum de R&B com ‘SOS’ e Melhor Música de R&B com a faixa “Kill Bill”. The Weeknd também brilhou na edição deste ano, recebendo a estatueta de Melhor Artista Masculino de R&B.

No gospel, pela terceira vez consecutiva, Kanye West ganhou a categoria de Melhor Artista Gospel, causando um certo alvoroço nas redes sociais. O rapper competiu pela estatueta devido às suas composições de Hip-Hop Cristão presentes no álbum “Jesus is King” de 2019 e “Donda” de 2021. Como em todas as categorias da premiação, somente o desempenho em vendas e streams nas plataformas musicais é levado em consideração, não havendo votação aberta. 

Ganhando como Melhor Trilha Sonora, “Barbie: The Album” recebeu prestígio depois de todo o sucesso cinematográfico do filme de Greta Gerwig. Contando com artistas como Sam Smith, Dua Lipa, Tame Impala e Nicki Minaj, o trabalho também está indicado ao Grammys 2024.

Uma polêmica que repercutiu entre os kpoppers foi a nova categoria de Melhor Música de K-pop, que teve como ganhador o single “Seven” do cantor Jungkook em parceria com a rapper norte-americana Latto. No momento em que o prêmio foi anunciado, somente a imagem da cantora aparece, causando revolta nas armys que tanto admiram o compositor sul-coreano.

Abaixo a lista completa de vencedores das 71 categorias:

MELHOR ARTISTA
Drake
Luke Combs
Morgan Wallen
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)

ARTISTA REVELAÇÃO
Bailey Zimmerman
Ice Spice
Jelly Roll
Peso Pluma
Zach Bryan (VENCEDOR)

MELHOR ARTISTA MASCULINO
Drake
Luke Combs
Morgan Wallen (VENCEDOR)
The Weeknd
Zach Bryan

MELHOR ARTISTA FEMININA
Beyoncé
Miley Cyrus
Olivia Rodrigo
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)

MELHOR DUO/GRUPO
Eslabon Armado
Fifty Fifty
Fuerza Regida (VENCEDOR)
Grupo Frontera
Metallica

MELHOR ARTISTA BILLBOARD 200
Drake
Luke Combs
Morgan Wallen
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)

MELHOR COMPOSITOR HOT 100 [NOVA CATEGORIA]
Ashley Gorley
Jack Antonoff
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)
Zach Bryan

MELHOR PRODUTOR HOT 100 [NOVA CATEGORIA]
Jack Antonoff
Joey Moi (VENCEDOR)
Metro Boomin
Taylor Swift
Zach Bryan

MELHOR ARTISTA HOT 100
Drake
Luke Combs
Morgan Wallen (VENCEDOR)
SZA
Taylor Swift

MELHOR ARTISTA – STREAMING
Drake
Morgan Wallen (VENCEDOR)
SZA
Taylor Swift
Zach Bryan

MELHOR ARTISTA – VENDAS
Jason Aldean
Miley Cyrus
Morgan Wallen
Oliver Anthony Music
Taylor Swift (VENCEDORA)

MELHOR ARTISTA – RÁDIO
Miley Cyrus
Morgan Wallen
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)
The Weeknd

ARTISTA GLOBAL 200
Bad Bunny
Morgan Wallen
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)
The Weeknd

ARTISTA GLOBAL (EXCLUSIVO NOS EUA)
Bad Bunny
Ed Sheeran
NewJeans
Taylor Swift (VENCEDORA)
The Weeknd

MELHOR ARTISTA R&B
Beyoncé
Chris Brown
Rihanna
SZA (VENCEDORA)
The Weeknd

MELHOR ARTISTA R&B MASCULINO
Chris Brown
Miguel
The Weeknd (VENCEDOR)

MELHOR ARTISTA R&B FEMININA
Beyoncé
Rihanna
SZA (VENCEDORA)

MELHOR TURNÊ R&B
Beyoncé (VENCEDORA)

Bruno Mars
The Weeknd

MELHOR ARTISTA RAP
21 Savage
Drake (VENCEDOR)
Lil Baby
Metro Boomin
Travis Scott

MELHOR ARTISTA RAP MASCULINO
21 Savage
Drake (VENCEDOR)
Travis Scott

MELHOR ARTISTA RAP FEMININA
Doja Cat
Ice Spice
Nicki Minaj (VENCEDORA)

MELHOR TURNÊ RAP
50 Cent
Drake (VENCEDOR)
Snoop Dogg & Wiz Khalifa

MELHOR ARTISTA COUNTRY
Bailey Zimmerman
Luke Combs
Morgan Wallen (VENCEDOR)
Taylor Swift
Zach Bryan

MELHOR ARTISTA COUNTRY MASCULINO
Luke Combs
Morgan Wallen (VENCEDOR)
Zach Bryan

MELHOR ARTISTA COUNTRY FEMININA
Lainey Wilson
Megan Moroney
Taylor Swift (VENCEDORA)

MELHOR DUO/GRUPO COUNTRY
Old Dominion
Parmalee
Zac Brown Band (VENCEDOR)

MELHOR TURNÊ COUNTRY
George Strait
Luke Combs
Morgan Wallen (VENCEDOR)

MELHOR ARTISTA ROCK
Jelly Roll
Noah Kahan
Stephen Sanchez
Steve Lacy
Zach Bryan (VENCEDOR)

MELHOR DUO/GRUPO ROCK [NOVA CATEGORIA]
Arctic Monkeys (VENCEDOR)

Foo Fighters
Metallica

MELHOR TURNÊ ROCK
Coldplay (VENCEDOR)

Depeche Mode
Elton John

MELHOR ARTISTA LATINO
Bad Bunny (VENCEDOR)

Eslabon Armado
Fuerza Regida
Karol G
Peso Pluma

MELHOR ARTISTA LATINO MASCULINO
Bad Bunny (VENCEDOR)

Peso Pluma
Rauw Alejandro

MELHOR ARTISTA LATINA FEMININA
Karol G (VENCEDORA)

ROSALÍA
Shakira

MELHOR DUO/GRUPO LATINO
Eslabon Armado
Fuerza Regida (VENCEDOR)
Grupo Frontera

MELHOR TURNÊ LATINA
Daddy Yankee
Karol G (VENCEDORA)
RBD

MELHOR ARTISTA GLOBAL K-POP [NOVA CATEGORIA]
Jimin
NewJeans (VENCEDOR)
Stray Kids
TOMORROW X TOGETHER
TWICE

MELHOR TURNÊ K-POP [NOVA CATEGORIA]
BLACKPINK (VENCEDOR)

SUGA
TWICE

MELHOR ARTISTA AFROBEATS [NOVA CATEGORIA]
Burna Boy (VENCEDOR)

Libianca
Rema
Tems
Wizkid

MELHOR ARTISTA DANCE/ELETRÔNICA
Beyoncé (VENCEDORA)

Calvin Harris
David Guetta
Drake
Tiësto

MELHOR ARTISTA CRISTÃO
Brandon Lake
Elevation Worship
for KING & COUNTRY
Lauren Daigle (VENCEDORA)
Phil Wickham

MELHOR ARTISTA GOSPEL
CeCe Winans
Elevation Worship
Kanye West (VENCEDOR)
Kirk Franklin
Maverick City Music

ÁLBUM BILLBOARD 200
Drake & 21 Savage, Her Loss
Metro Boomin, HEROES & VILLAINS
Morgan Wallen, One Thing at a Time (VENCEDOR)
SZA, SOS
Taylor Swift, Midnights

MELHOR TRILHA SONORA
Barbie: The Album (VENCEDORA)

Pantera Negra: Wakanda para Sempre
ELVIS
Homem-Aranha Através do Aranhaverso
Top Gun: Maverick

MELHOR ÁLBUM R&B
Beyoncé, RENAISSANCE
Brent Faiyaz, WASTELAND
Drake, Honestly, Nevermind
Steve Lacy, Gemini Rights
SZA, SOS (VENCEDOR)

MELHOR ÁLBUM RAP
Drake & 21 Savage, Her Loss (VENCEDOR)

Future, I Never Liked You
Lil Baby, It’s Only Me
Metro Boomin, HEROES & VILLAINS
Travis Scott, UTOPIA

MELHOR ÁLBUM COUNTRY
Luke Combs, Gettin’ Old
Luke Combs, Growin’ Up
Morgan Wallen, One Thing at a Time (VENCEDOR)
Taylor Swift, Speak Now (Taylor’s Version)
Zach Bryan, American Heartbreak

MELHOR ÁLBUM ROCK
HARDY, the mockingbird & THE CROW
Jelly Roll, Whitsitt Chapel
Noah Kahan, Stick Season
Steve Lacy, Gemini Rights
Zach Bryan, American Heartbreak (VENCEDOR)

MELHOR ÁLBUM LATINO
Bad Bunny, Un Verano Sin Ti (VENCEDOR)

Eslabon Armado, DESVELADO
Ivan Cornejo, Dañado
Karol G, MAÑANA SERÁ BONITO
Peso Pluma, GÉNESIS

MELHOR ÁLBUM K-POP [NOVA CATEGORIA]
Jimin, FACE
NewJeans, 2nd EP ‘Get Up’
Stray Kids, 5-STAR (VENCEDOR)
TOMORROW X TOGETHER, The Name Chapter: TEMPTATION
TWICE, READY TO BE: 12th Mini Album

MELHOR ÁLBUM DANCE/ELETRÔNICO
Beyoncé, RENAISSANCE (VENCEDOR)

Drake, Honestly, Nevermind
ILLENIUM, ILLENIUM
Kim Petras, Feed the Beast
Tiësto, DRIVE

MELHOR ÁLBUM CRISTÃO
Anne Wilson, My Jesus (VENCEDOR)

Brandon Lake, House of Miracles
CAIN, Rise Up
Elevation Worship, LION
Lauren Daigle, Lauren Daigle

MELHOR ÁLBUM GOSPEL
Jonathan McReynolds, My Truth
Maverick City Music x Kirk Franklin, Kingdom Book One (VENCEDOR)
Tye Tribbett, All Things New
Whitney Houston, I Go to the Rock: The Gospel Music of Whitney Houston
Zacardi Cortez, Imprint (Live in Memphis)

MÚSICA HOT 100
Metro Boomin, The Weeknd & 21 Savage, “Creepin’”
Miley Cyrus, “Flowers”
Morgan Wallen, “Last Night” (VENCEDORA)
SZA, “Kill Bill”
Taylor Swift, “Anti-Hero”

MELHOR MÚSICA – STREAMING
Miley Cyrus, “Flowers”
Morgan Wallen, “Last Night” (VENCEDORA)
SZA, “Kill Bill”
Taylor Swift, “Anti-Hero”
Zach Bryan, “Something in the Orange”

MÚSICA MAIS VENDIDA
Jason Aldean, “Try That in a Small Town”
Jimin, ‘Like Crazy”
Miley Cyrus,“Flowers”
Oliver Anthony Music, “Rich Men North of Richmond”
Taylor Swift, “Anti-Hero” (VENCEDORA)

MELHOR MÚSICA – RÁDIO
Metro Boomin, The Weeknd & 21 Savage, “Creepin’”
Miley Cyrus, “Flowers” (VENCEDORA)
Rema & Selena Gomez, “Calm Down”
Taylor Swift, “Anti-Hero”
The Weeknd & Ariana Grande “Die for You”

MELHOR COLABORAÇÃO
David Guetta & Bebe Rexha, “I’m Good (Blue)”
Metro Boomin, The Weeknd & 21 Savage, “Creepin’” (VENCEDORA)
Rema & Selena Gomez, “Calm Down”
Sam Smith & Kim Petras, “Unholy”
The Weeknd & Ariana Grande, “Die for You”

MÚSICA GLOBAL 200
Miley Cyrus, “Flowers” (VENCEDORA)

Rema & Selena Gomez, “Calm Down”
SZA, “Kill Bill”
Taylor Swift, “Anti-Hero”
The Weeknd & Ariana Grande, “Die for You”

MÚSICA GLOBAL (EXCLUSIVO NOS EUA)
David Guetta & Bebe Rexha, “I’m Good (Blue)”
Harry Styles, “As It Was”
Miley Cyrus, “Flowers” (VENCEDORA)
Rema & Selena Gomez, “Calm Down”
The Weeknd & Ariana Grande, “Die for You”

MELHOR MÚSICA R&B
Metro Boomin, The Weeknd & 21 Savage, “Creepin’”
Miguel, “Sure Thing”
The Weeknd & Ariana Grande, “Die for You”
SZA, “Kill Bill” (VENCEDORA)
SZA, “Snooze”

MELHOR MÚSICA RAP
Coi Leray, “Players”
Drake & 21 Savage, “Rich Flex” (VENCEDORA)
Gunna, “fukumean”
Lil Durk ft. J. Cole, “All My Life”
Toosii, “Favorite Song”

MELHOR MÚSICA COUNTRY
Bailey Zimmerman, “Rock and a Hard Place”
Luke Combs, “Fast Car”
Morgan Wallen, “Last Night” (VENCEDORA)
Morgan Wallen, “You Proof”
Zach Bryan, “Something in the Orange”

MELHOR MÚSICA ROCK
Jelly Roll, “Need A Favor”
Stephen Sanchez, “Until I Found You”
Steve Lacy, “Bad Habit”
Zach Bryan ft. Kacey Musgraves, “I Remember Everything”
Zach Bryan, “Something in the Orange” (VENCEDORA)

MELHOR MÚSICA LATINA
Eslabon Armado x Peso Pluma, “Ella Baila Sola” (VENCEDORA)

Fuerza Regida x Grupo Frontera, “Bebe Dame”
Grupo Frontera x Bad Bunny, “un x100to”
Karol G & Shakira, “TQG”
Yng Lvcas x Peso Pluma, “La Bebe”

MELHOR MÚSICA K-POP [NOVA CATEGORIA]
Fifty Fifty, “Cupid”
Jimin, “Like Crazy”
Jungkook ft. Latto, “Seven” (VENCEDORA)
NewJeans, “Ditto”
NewJeans, “OMG”

MELHOR MÚSICA AFROBEATS [NOVA CATEGORIA]
Ayra Starr, “Rush”
Libianca, “People”
Oxlade, “KU LO SA”
Rema & Selena Gomez, “Calm Down” (VENCEDORA) 
Victony, Rema, & Tempoe ft. Don Toliver, “Soweto”

MELHOR MÚSICA DANCE/ELETRÔNICA
Bizarrap & Shakira, “Shakira: Bzrp Music Sessions, Vol. 53”
David Guetta, Anne-Marie & Coi Leray, “Baby Don’t Hurt Me”
David Guetta & Bebe Rexha, “I’m Good (Blue)” (VENCEDORA)
Elton John & Britney Spears, “Hold Me Closer”
Tiësto ft. Tate McRae, “10:35”

MELHOR MÚSICA CRISTÃ
Brandon Lake, “Gratitude” (VENCEDORA)
Chris Tomlin, “Holy Forever”
for KING & COUNTRY with Jordin Sparks, “Love Me Like I Am”
Lauren Daigle, “Thank God I Do”
Phil Wickham, “This Is Our God”

MELHOR MÚSICA GOSPEL
CeCe Winans, “Goodness of God” (VENCEDORA)

Crowder & Dante Bowe ft. Maverick City Music, “God Really Loves Us”
Elevation Worship ft. Chandler Moore & Tiffany Hudson, “More Than Able”
Maverick City Music & Kirk Franklin ft. Brandon Lake & Chandler Moore, “Fear is Not My Future”
Zacardi Cortez, “Lord Do It for Me (Live in Memphis)”