A menos de um mês da eleição presidencial nos Estados Unidos, dois estados considerados decisivos no processo eleitoral, Geórgia e Carolina do Norte, deram início à votação antecipada. Na Geórgia, os eleitores começaram a ir às urnas na terça-feira (15), enquanto os cidadãos da Carolina do Norte iniciaram a votação nesta quinta-feira (17).
De acordo com as autoridades locais, a participação na votação antecipada já alcançou números expressivos. Até a noite de quarta-feira (16), mais de 300 mil eleitores haviam registrado seus votos na Geórgia, superando recordes anteriores de comparecimento.

O conceito de votação antecipada permite que os eleitores escolham seus candidatos antes do dia oficial da eleição, que ocorrerá em 5 de novembro. Dependendo do estado, essa votação pode ocorrer presencialmente, pelo correio ou em locais designados especificamente para este fim, com variações nas normas de cada região.
Mudanças e controvérsias na Geórgia
Desde a última eleição presidencial, o estado da Geórgia implementou alterações significativas nas regras eleitorais, endurecendo os requisitos para a votação por correio e reduzindo o número de caixas de coleta de cédulas, o que pode tornar a votação presencial mais atraente Além disso, novas leis exigem que os eleitores possam votar em dois sábados e, opcionalmente, em dois domingos antes do dia principal da eleição.
Porém, algumas medidas controversas também foram implementadas, como a proibição de oferecer alimentos ou bebidas aos que aguardam na fila para votar, uma regra que sobreviveu a diversas batalhas judiciais. Agora, fornecer água ou lanche a eleitores a menos de 45 metros de um local de votação é considerado crime.
Em meio às mudanças, a Junta Eleitoral da Geórgia, formada por maioria republicana, aprovou novas regras que criam incertezas sobre o processo de apuração. Uma das novas exigências é a contagem manual das cédulas em cada local de votação, o que pode atrasar a divulgação dos resultados. Além disso, as autoridades podem revisar documentos eleitorais extensos antes de certificar os resultados, aumentando a preocupação sobre possíveis atrasos e contestação judicial.
Essas alterações geraram receios entre os democratas e defensores dos direitos eleitorais, que temem o uso dessas regras para atrasar ou contestar o resultado final.
Carolina do Norte: Desafios adicionais devido ao furacão
Enquanto isso, na Carolina do Norte, a votação presencial antecipada enfrenta outro desafio: a recuperação após a passagem do furacão Helene. Apesar dos danos causados pelo desastre natural, 75 dos 80 locais de votação planejados nos condados mais afetados estão operacionais no início da votação.

Outra mudança significativa na Carolina do Norte é a exigência, pela primeira vez em uma eleição presidencial, de que os eleitores apresentem identificação com foto no momento da votação. Isso inclui carteira de motorista, passaporte ou documentos estudantis aprovados pelo conselho eleitoral estadual. Existem, no entanto, exceções, como em casos de desastre natural, onde os eleitores podem preencher um formulário de exceção.
Diferente das eleições de 2020, a Carolina do Norte não permitirá mais um período de carência para a chegada de cédulas pelo correio. Agora, os votos devem ser recebidos até às 19h30 no dia oficial da eleição, eliminando os três dias extras concedidos anteriormente.
Importância das eleições antecipadas
Tanto Geórgia quanto Carolina do Norte são estados pêndulo, que podem definir o resultado final da eleição, dada a disputa acirrada entre os candidatos. A Geórgia, em particular, é vista como crucial para as pretensões de Donald Trump, que já tentou, sem sucesso, reverter os resultados da última eleição no estado.
O impacto dessas mudanças nas regras e nos procedimentos eleitorais será testado nos próximos dias, enquanto o país se prepara para mais uma disputa que pode ser decisiva para o futuro político dos Estados Unidos.
Uma pesquisa do instituto Ipsos/Reuters, divulgada em 7 de outubro, ouviu 1.272 eleitores americanos e revelou que a vice-presidente Kamala Harris lidera a corrida presidencial dos Estados Unidos, com 46% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente republicano Donald Trump tem 43%. Apesar da vantagem de Harris, os dois candidatos estão tecnicamente empatados, considerando a margem de erro de três pontos percentuais, o que reforça o cenário acirrado para as eleições presidenciais, marcadas para 5 de novembro.

Uma pesquisa do instituto Ipsos/Reuters, divulgada em 7 de outubro, ouviu 1.272 eleitores americanos e revelou que a vice-presidente Kamala Harris lidera a corrida presidencial dos Estados Unidos, com 46% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente republicano Donald Trump tem 43%. Apesar da vantagem de Harris, os dois candidatos estão tecnicamente empatados, considerando a margem de erro de três pontos percentuais, o que reforça o cenário acirrado para as eleições presidenciais, marcadas para 5 de novembro.
O levantamento destacou que a economia é a principal preocupação entre os eleitores. Aproximadamente 44% dos entrevistados acreditam que Trump possui a melhor abordagem para lidar com o aumento do custo de vida, que tem sido uma questão crítica nos últimos anos. Em comparação, 38% dos eleitores apontaram Harris como mais preparada para enfrentar esse desafio. O custo de vida, inclusive, foi apontado como o maior problema econômico que o próximo presidente deve enfrentar, superando outras questões como mercado de trabalho, impostos e melhoria das condições financeiras da população.
Embora Trump tenha mais apoio nas questões econômicas, o estudo também aponta que Kamala Harris é vista como a candidata mais qualificada para combater a desigualdade nos Estados Unidos. Cerca de 42% dos eleitores acreditam que a democrata está mais capacitada para reduzir a disparidade econômica e social, enquanto apenas 35% consideram que Trump seria o melhor nesse quesito. Esse ponto de vantagem reflete a ênfase que Harris tem dado ao longo de sua campanha, destacando políticas voltadas para a justiça social e a inclusão.

A imigração, tema que há anos tem sido polarizador no debate político americano, também foi abordada na pesquisa. As declarações de Trump de que imigrantes indocumentados representam um risco à segurança pública ainda influenciam a opinião de parte do eleitorado. O levantamento mostra que 53% dos entrevistados concordam com a visão de Trump de que esses imigrantes podem ser perigosos, enquanto 41% discordam. Mesmo com essa narrativa sendo frequentemente desmentida por estudos e especialistas, a questão continua sendo uma das bandeiras do ex-presidente e é um dos pilares de sua base eleitoral. Trump tem utilizado essa retórica em seus discursos de campanha, buscando atrair eleitores preocupados com a segurança e a imigração descontrolada.
Outro aspecto relevante da pesquisa é a percepção dos eleitores sobre a capacidade mental e a aptidão dos candidatos para assumir o cargo mais alto do país. Kamala Harris é vista como mais qualificada nesse sentido, com 55% dos entrevistados acreditando que ela é “mentalmente perspicaz e capaz de lidar com desafios”. Enquanto apenas 46% dos eleitores disseram o mesmo sobre Trump, o que pode ser um fator determinante para os indecisos e aqueles que estão preocupados com a estabilidade e a liderança do próximo presidente.
Apesar da vantagem geral de Harris na pesquisa, os chamados "estados-pêndulo" — regiões cruciais que podem decidir a eleição — mostram um cenário de empate entre os dois candidatos. Estados como Flórida, Pensilvânia e Michigan são historicamente voláteis e têm o poder de alterar o resultado final devido à sua grande quantidade de votos no Colégio Eleitoral. Em muitas dessas localidades, os resultados estão dentro da margem de erro, o que mantém a disputa em aberto.
Kamala Harris entrou na corrida presidencial após o atual presidente Joe Biden, que enfrentava críticas pela condução econômica e dificuldades em unir o país, decidir não buscar a reeleição. A retirada de Biden abriu caminho para que Harris assumisse o papel de candidata democrata, o que trouxe uma nova dinâmica à disputa. Antes da entrada de Harris, Trump era amplamente visto como favorito, especialmente devido à percepção de que ele seria mais forte em questões econômicas, que continuam sendo uma das maiores preocupações dos eleitores americanos.
Trump, por sua vez, busca capitalizar sobre o descontentamento de parte da população com os anos de governo democrata e usa a inflação elevada, que marcou a gestão Biden, como argumento para defender seu retorno ao cargo. No entanto, a pesquisa também indica que muitos eleitores estão preocupados com o estilo polarizador de Trump, especialmente em questões como imigração e segurança.

Os ataques israelenses contra agentes da Unifil, a missão de manutenção da paz da ONU, receberam ampla condenação internacional após dois incidentes em menos de 48 horas.
No dia 10 de outubro, dois soldados da Unifil ficaram feridos após um tanque israelense disparar contra uma torre de observação de uma das bases da ONU. No dia 11, outros dois agentes também foram feridos em um bombardeio israelense.
Além das duas ações, militares das forças de paz relataram soldados israelenses utilizando escavadeiras para remover barreiras da ONU ao longo da fronteira entre Israel e o Líbano.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou o ataque como “intolerável e não pode se repetir”. O portugues foi considerado persona non grata por Israel no início do mês por não condenar o Irã, após lançamentos de mísseis contra o Estado judeu.
Na última segunda-feira (14), Itália, Reino Unido, França e Alemanha afirmaram que os ataques de Israel são contrários ao direito humanitário internacional e devem parar imediatamente. Em uma declaração conjunta, as quatro nações reafirmaram “o papel estabilizador essencial” desempenhado pela Unifil no sul do Líbano, acrescentando que Israel e outras partes tinham que garantir a segurança das forças de paz em todos os momentos.
A situação entre os países europeus e Israel é ainda mais tensa. A missão de paz conta com centenas de soldados europeus, que têm sido repetidamente atacados pelos militares israelenses. Israel pediu à ONU que retire as tropas da área, pois ela tem como alvo as forças do Hezbollah.
O governo braisleiro também emitiu um comunicado, condenando a invasão israelense à base da Unifil.
“Ataques deliberados contra integrantes de missões de manutenção da paz e instalações da ONU são absolutamente inaceitáveis e constituem grave violação do Direito Internacional, do Direito Internacional Humanitário e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, declarou o governo brasileiro.

O furacão Milton, que atingiu a Flórida na última semana, foi um dos fenômenos mais perigosos a atingir os Estados Unidos nos últimos anos. Pelo menos 17 pessoas morreram. As autoridades ainda trabalham nos locais atingidos para atender à população.
A tempestade chegou à costa perto de Siesta Key, na Flórida, como uma perigosa tempestade de categoria 3, em escala que vai até 5, gerando ventos de até 200 km/h e chuvas fortes, além de inundações e tornados.
Mesmo após ter sido rebaixado para a categoria 1, o fenômeno deixou um rastro de destruição, destelhando casas, derrubando árvores, postes e um guindaste. Além dos mortos e feridos, cerca de 3 milhões de pessoas ficaram sem energia.
Os danos projetados com o furacão Milton são bilionários e podem variar, de acordo com um funcionário da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA). O custo estimado de reconstrução fica entre US$ 123 bilhões e US$ 174 bilhões, segundo dados da CoreLogic, empresa de análise de propriedades.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, alertou que áreas alagadas ainda são um risco por causa de fios desencapados e destroços. Ele falou que vai acelerar a remoção de entulho. Vários caminhões estão passando pela cidade para retirar todo o entulho. Mas a limpeza pode levar semanas.
O Milton foi o terceiro furacão a atingir os EUA esse ano, apenas duas semanas depois da passagem do furacão Helene, que deixou mais de 230 mortos, 15 deles na Flórida.
O ataque do Irã contra Israel, ocorrido em 1º de outubro deste ano, marcou uma nova fase no conflito que teve início em 7 de outubro de 2023, quando o grupo palestino Hamas invadiu o território israelense. Desde então, Israel tem respondido com uma série de ataques retaliatórios, cujo objetivo declarado é desmantelar o Hamas.
O conflito já causou milhares de mortes e deixou muitos gravemente feridos, com a Faixa de Gaza sendo o epicentro da devastação. Dados do Ministério da Saúde palestino indicam que cerca de 42 mil pessoas morreram em Gaza desde o início dos confrontos, e mais de 96 mil ficaram feridas.
A troca de ataques entre Israel e o Hamas agravou ainda mais a tensão em uma região historicamente marcada por conflitos. Em setembro deste ano, o Líbano também foi envolvido nos embates.
Explosões de pagers e walkie-talkies, provocadas por Israel nos dias 17 e 18 de setembro, resultaram em ataques que atingiram civis e soldados libaneses. No primeiro dia, 12 pessoas morreram e mais de 2 mil ficaram feridas; no segundo dia, pelo menos 25 pessoas morreram e 600 ficaram feridas.

A professora de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Isabela Agostinelli, explicou que os ataques israelenses têm como objetivo enfraquecer o chamado Eixo da Resistência.
“Os ataques terroristas de Israel - no caso das explosões de pagers e walkie-talkies - respondem à tentativa de eliminar o chamado Eixo da Resistência, composto por Irã e atores não-estatais, como Hamas, Hezbollah e Houthis, e que se coloca contra as ações imperialistas dos EUA, levadas à cabo no Oriente Médio com apoio de Israel”, explicou Agostinelli.
Desde então, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu iniciou uma série de ataques ao território libanês, com a justificativa de proteger as comunidades israelenses, do norte de Israel, de ofensivas do Hezbollah, aliado do Hamas. Por consequência disso, em 27 de setembro, Hassan Nasrallah, na época líder do Hezbollah, foi morto após uma onda de ataques aéreos aos subúrbios ao sul de Beirute, capital do Líbano.
Em resposta à ofensiva israelense, o Irã, financiador do Hamas e do Hezbollah, bombardeou Tel Aviv no dia 1º de outubro. O grupo lançou cerca de 180 mísseis balísticos contra Israel, mirando instalações militares e de inteligência na capital e em todo o país. A maior parte dos mísseis foi interceptada.
“O Irã já deu um recado no dia 1º de outubro, destruiu parcialmente várias bases militares de Israel, numa demonstração de que o Irã pode penetrar a defesa de Israel. Não quis até agora, atacar a população civil, assim como Hezbollah não quis atacar a população civil, mas, se a guerra escalar, eles vão fazer isso. Isso ameaça incendiar toda a região”, pontuou José Arbex Jr, jornalista e ex-professor de Relações Internacionais da PUC-SP.
Crise humanitária e migração
Além dos 42 mil mortos no conflito em Gaza, a guerra obrigou grande parte da população a se descolar. Nove em cada dez habitantes de Gaza foram deslocados internamente, e alguns foram obrigados a se mudar dez ou mais vezes durante o último ano, de acordo com o The Intercept Brasil.
Sem comida suficiente, sem água potável, com sistema de saúde precário, escassez de combustível e remédios, os palestinos sobrevivem em tendas improvisadas. Em julho, o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), disse que a crise humanitária em Gaza havia atingido “proporções alarmantes”. Ainda segundo a organização, desde outubro do ano passado, pelo menos 19 mil crianças foram separadas de seus pais.
“Qualquer lugar fora de Gaza, que se tornou uma terra arrasada, mas de onde os palestinos são proibidos de sair, visto que todas as fronteiras foram fechadas por Israel, que não permite a entrada e saída de pessoas, alimentos, medicamentos. Ao mesmo tempo, porém, os palestinos de Gaza temem abandonar suas casas, uma vez que as pretensões coloniais da ocupação israelense significam a não garantia do direito de retorno dos palestinos, algo que Israel faz desde pelo menos 1948”, disse Agostinelli, após ser questionada sobre os destinos procurados pelos palestinos.
No Líbano, dados da Confederação Nacional das Entidades Líbano-Brasileiras (Confelibra) dizem que, desde o início da guerra, mais de 2 mil pessoas foram mortas, mais de 10 mil ficaram feridas e 1,5 milhão saíram do sul do país - território alvo dos ataques vindos de Israel nas últimas semanas.
Estados Unidos na guerra
Na última quarta-feira (09), o presidente americano Joe Biden e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, conversaram por telefone em meio às tensões com o Irã. A ligação entre os dois líderes coincide com a escalada do conflito entre Israel, Irã e Hezbollah.
Desde 7 de outubro de 2023, os Estados Unidos têm demonstrado forte apoio a Israel, seu principal aliado na região. Segundo um relatório feito pela Universidade de Brown, o governo americano forneceu quase 18 bilhões de dólares em armamentos para o país, incluindo munições e sistemas de defesa.

Com o envolvimento do Irã e do Líbano na guerra, o governo dos EUA intensificou ainda mais seu apoio militar a Israel. O Departamento de Defesa anunciou o envio de milhares de militares ao Oriente Médio, com o objetivo de proteger Israel, bem como suas instalações e interesses na região.
Segundo Isabela Agostinelli, Israel busca o envolvimento do Irã na guerra, trazendo para ainda mais perto a atuação dos Estados Unidos. “Um envolvimento direto do Irã na guerra, que é o que Israel tem buscado, resultaria em uma guerra regional de larga escala. Além disso, traria um envolvimento mais direto dos EUA, que enxerga o Irã como grande inimigo na região desde 1979. Uma guerra entre Irã, de um lado, e EUA e Israel, de outro, significaria um custo altíssimo em termos de armamentos, investimentos na guerra, e principalmente o custo humano”, declarou a professora.
Até o momento, Israel não retaliou o ataque de Teerã a Tel Aviv, mas o ministro da Defesa, Yoav Gallent, prometeu uma resposta “letal, precisa e surpreendente”. Paralelamente, na última sexta-feira (11), os EUA impuseram novas sanções ao setor de petróleo do Irã, bloqueando 16 entidades envolvidas no transporte de produtos iranianos.