jovem afegão relata os desafios de sua nova vida em São Paulo
por
Francisco Barreto
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29/04/2025 - 12h

De acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), entre janeiro de 2022 e julho de 2024, mais de 11 mil afegãos chegaram ao Brasil. A maioria se estabeleceu no estado de São Paulo, especialmente na região metropolitana. Estimativas da Organização Internacional para as Migrações (OIM) apontam que cerca de 28% residem na capital paulista e 20% em Guarulhos. Aos 20 anos, Habibullah Shariatee carrega em sua trajetória a força de quem precisou recomeçar a vida longe da terra natal. Natural do Afeganistão, ele chegou ao Brasil há três anos, fugindo da instabilidade provocada pela retomada do poder pelo grupo terrorista Talibã. Confira a entrevista exclusiva à AGEMT

 

O processo de nomeação ultrapassa a Capela Sistina e desperta curiosidade pelo mundo
por
Victória Rodrigues
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24/04/2025 - 12h

O Papa é o sucessor do apóstolo Pedro, a maior autoridade da Igreja Católica e chefe de Estado do Vaticano. No caso de sua morte ou renúncia, existem protocolos e ritos a serem seguidos para dar início ao processo de sucessão.

 

 

Quando um papa morre, são realizadas tradições litúrgicas. O Camerlengo (cardeal escolhido para exercer as funções interinas do papa) anuncia a morte do pontífice, declarando o tempo de luto.

O velório acontece na Basílica de São Pedro por nove dias, chamados de “Novendiale”. Esses dias são reservados para que fiéis, autoridades e líderes religiosos prestem suas homenagens.

Ao final deste período, um cortejo é realizado, seguido do sepultamento, que tradicionalmente acontece na Basílica de São Pedro, em Roma, exceto quando outro local é escolhido previamente pelo Santo Padre. Em caso de renúncia, é o próprio papa emérito quem anuncia sua decisão.

Até que um sucessor seja escolhido, o Camerlengo ficará à frente do governo da Igreja. Um tempo chamado de “Sé Vacante” ou “Sede Vacante” (sede vazia), que significa que a cadeira do líder da Igreja de Roma está vaga.

Este também é o período em que o Camerlengo reunirá o Colégio de Cardeais. A partir daí, começam as votações que definirão o próximo Pontífice. 

De “Sé Vacante” a “Habemus Papam” 

Entre 15 e 20 dias após a morte ou renúncia do Papa, o Colégio de Cardeais se reúne na Capela Sistina, onde é realizado o Conclave. 

Em entrevista à AGEMT, o padre Luiz Carlos Brito, da Diocese de Guarulhos, explicou esse processo:  “O Conclave é uma reunião sigilosa, significa ‘trancado com chave’. Nela, será definido o próximo Padre Santo. É sigilosa justamente para não haver influências externas, além de ser um momento de profunda oração para a Igreja”.  

Trancados em uma sala, os cardeais realizam as votações, sendo votante e elegíveis apenas aqueles  com menos de 80 anos. “Para ser eleito, é necessário que um dos cardeais elegíveis atinja pelo menos dois terços dos votos, podendo haver até quatro sessões de votação por dia”, afirma o presbítero. 

Após a contagem dos votos, se o número mínimo não for atingido ou se o escolhido pela votação não aceitar o cargo, uma fumaça preta tomará o céu, declarando encerradas as sessões daquele dia, e a Igreja seguirá sem um Papa.

No entanto, se o número mínimo de votos for atingido e o cardeal eleito aceitar a função de chefe do Vaticano e da Igreja Católica, uma fumaça branca sairá da chaminé da Capela Sistina, anunciando a boa nova ao mundo. 


Fumaça branca confirma a escolha do novo Papa | Foto: Agência Reuters

Em seguida, o cardeal protodiácono, que é o mais antigo do Colégio de Cardeais, tem o privilégio de anunciar “Habemus Papam”, temos um Papa. 

Não existe um período máximo para que o novo Bispo de Roma seja nomeado. O Conclave mais longo na história do catolicismo durou 34 meses, entre novembro de 1268 e setembro de 1271. Ao final foi eleito Teobaldo Visconti como Papa Gregório X. E a mais rápida das votações foi em 1939, que em duas sessões declarou o Papa Pio XII.

Ao ser eleito, o sucessor de Pedro adota um novo nome. De acordo com o Pe. Luiz, os motivos vão desde referência a nomes de santos ou outros papas, a uma facilidade de tradução para diferentes idiomas.

Os nomes geralmente são escolhidos em referência a algum outro papa ou a algum santo da Igreja Católica, como, por exemplo, Francisco é uma referência a São Francisco de Assis; João Paulo, além de fazer referência aos santos São João e São Paulo, juntou os nomes de seus dois antecessores. Além disso, nome próprio não se traduz, então o nome dos santos já tem  uma adaptação para  cada idioma” explica o sacerdote.

O Papa Francisco foi o 266° líder da Igreja Católica. Sua chegada dividiu opiniões. Nos últimos doze anos, o Santo Padre sofreu críticas por seu posicionamento progressista. Logo após assumir o papado, o Pontífice foi questionado sobre a homossexualidade e respondeu com a frase “Quem sou eu para julgar?”.

Além disso, Francisco seguiu a virtude da humildade de seu Santo patrono. Em uma declaração, disse que “Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade". Alguns fiéis chegaram a acusá-lo de heresia e até mesmo de comunismo.

Para o Pe. Luiz, a Igreja é uma instituição que deve se adaptar: “Cada Papa tem um perfil, então seu pontificado será direcionado de acordo com suas convicções, isso gera um impacto na igreja de certa forma. Há alguns progressistas, há outros mais conservadores, e a cada mudança a Igreja Católica Apostólica Romana precisa se adaptar ao novo mandato”.

Pontífice sofreu um AVC e insuficiência cardíaca nesta segunda-feira (21)
por
Lívia Rozada
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22/04/2025 - 12h

 

Francisco em sua última aparição pública na missa de páscoa realizada neste domingo (20) no Vaticano. (Gregorio Borgia/AP Photos)
Francisco em sua última aparição pública na missa de páscoa realizada neste domingo (20) no Vaticano. (Gregorio Borgia/AP Photos)

Às 9h45 da manhã no horário de Roma e 04h45 no horário de Brasília, apenas algumas horas após a última aparição pública do Papa Francisco, o Vaticano anunciou a morte do Papa Francisco, aos 88 anos. O Papa havia recebido alta hospitalar fazia um mês e estava sob cuidados médicos, após 40 dias internado com um quadro grave de pneumonia nos dois pulmões.

Em 13 de março de 2013, a Igreja Católica elegeu o primeiro papa latino-americano: Jorge Mario Bergoglio, que adotou o nome de Francisco. O pontífice nasceu em uma família de imigrantes italianos em Buenos Aires, capital argentina, no dia 17 de dezembro de 1936. Seu pai, Mario Giuseppe Bergoglio, emigrou da Itália no início do século XX para fugir das guerras no continente europeu e sua mãe, Regina Maria Sivori, nasceu em Buenos Aires e era filha de imigrantes. Jorge foi o primeiro dos cinco filhos do casal.

Formação e início da trajetória eclesiástica

Sua vocação religiosa o levou a entrar no noviciado da Companhia de Jesus aos 21 anos. Bergoglio fez o juniorado em Santiago, no Chile, e retornou à Argentina para estudar filosofia, formando-se na Universidade Católica de Buenos Aires em 1960. Entre 1964 e 1966, ensinou literatura e filosofia em escolas da Companhia de Jesus em Santa Fé e Buenos Aires. Em 1967, deu início aos estudos de teologia, que concluiu em 1970.

Em 1969, o jesuíta recebeu a ordenação presbiterial para se tornar sacerdote da Igreja Católica. Bergoglio foi à Espanha para completar seus estudos religiosos e retornou à Argentina em 1973, quando foi eleito superior provincial dos jesuítas no país e passou a chefiar a Companhia de Jesus argentina.

Após o provincialado, o então sacerdote retornou  ao meio acadêmico em 1980, lecionando em colégios jesuítas, e se tornou reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, cargo que ocupou até 1986, quando foi à Alemanha para concluir seu doutorado. Nos anos seguintes, Bergoglio foi confessor e diretor espiritual em Córdoba.

Episcopado

Durante a década de 1990, tornou-se uma figura de destaque dentro da Igreja Católica argentina. Em maio de 1992, o então Papa João Paulo II nomeou Bergoglio para o cargo de bispo auxiliar de Buenos Aires, posição que ocupou até 1997, quando foi nomeado arcebispo adjunto da cidade. No ano seguinte, com a morte do arcebispo metropolitano, Bergoglio passou a ocupar o cargo.

O arcebispo se destacava por sua humildade. Apesar de ocupar  um cargo de grande poder na Igreja Católica, o futuro papa continuava evitando os luxos da hierarquia católica e era reconhecido por se locomover de transporte público e morar sozinho em um apartamento simples na região central da cidade. 

Em 2001, durante o papado de João Paulo II, Bergoglio foi nomeado cardeal e recebeu o título de cardeal-presbítero de São Roberto Belarmino. Em vez de ir ao Vaticano para celebrar a nomeação, convenceu centenas de argentinos a não realizarem a viagem e pediu que destinassem o dinheiro aos pobres. Quatro anos depois, o cardeal participou do seu primeiro conclave, que elegeu o Papa Bento XVI.

Pontificado

Em fevereiro de 2013, o então Papa Bento XVI anunciou sua renúncia ao cargo, por motivos que só seriam revelados após sua morte, em 2022. A decisão do pontífice foi inédita na era moderna, ocorrendo cerca de 600 anos após a última renúncia papal, quando o Papa Gregório XII renunciou. No segundo dia do conclave para nomear uma nova pessoa para o cargo, Bergoglio foi eleito como o 266º papa.

O novo papa escolheu o nome de Francisco como uma referência a São Francisco de Assis, conhecido por sua simplicidade e dedicação aos pobres, tornando-se o primeiro pontífice a usar o nome. A escolha reforçou seu compromisso com a humildade, a paz e a defesa dos mais vulneráveis, traços que marcaram seu papado. Francisco foi o primeiro papa originário do continente americano e do hemisfério sul, além de ser o primeiro papa de origem não europeia em mais de 1200 anos, desde Papa Gregório III, nascido na Síria.

Sua primeira viagem internacional como papa foi ao Brasil. Em julho de 2013, Francisco desembarcou no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento realizado a cada dois ou três anos, que reúne o papa e milhões de jovens católicos de todo o mundo. Durante a missa celebrada na Praia de Copacabana, o papa reuniu mais de 3,5 milhões de fiéis. Além do Rio de Janeiro, o pontífice fez questão de visitar o Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida.

Papa fala à multidão de fiéis em Copacabana. Foto: Christophe Simon/AFP
Papa fala à multidão de fiéis em Copacabana. Foto: Christophe Simon/AFP

Francisco mantém uma relação de carinho com o Brasil. Alguns meses após a visita ao país, o pontífice recebeu os organizadores da JMJ e, em seu discurso de boas-vindas, brincou: “Os cariocas são ladrões, roubaram meu coração”. Em junho de 2023, o presidente Lula se reuniu com o papa no Vaticano e o agradeceu pela recepção e “boa conversa” sobre a paz no mundo. Um ano depois, na cúpula do G7, os dois se encontraram novamente. Segundo o presidente, conversaram sobre o combate à fome, a paz mundial e a importância de reduzir as desigualdades.

Legado

Francisco foi um dos líderes religiosos mais influentes do mundo. Em comparação com seus antecessores, o pontífice adotou uma postura progressista ao trazer posicionamentos mais liberais e modernos em relação a temas sensíveis para a Igreja Católica. Com mais de uma década à frente da Igreja Católica, implementou reformas e promoveu mais transparência no Vaticano e adotou medidas mais rígidas contra abusos sexuais no clero.

O papa recebeu repercussão mundial por sua postura mais acolhedora em relação à  comunidade LGBTQIAPN+ . Apesar dos seus posicionamentos conservadores, contrários ao aborto, cirurgias de redesignação sexual e casamento homoafetivo, por exemplo, Francisco, em diversas ocasiões, defendeu que membros da comunidade não devem ser marginalizados, mas sim integrados à sociedade. Em entrevista a jornalistas em 2013, o pontífice disse: “Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”.

 

Período de votação acontecerá em menos de dois meses
por
Octávio Alves
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22/04/2025 - 12h

 


O Governo sul-coreano anunciou uma nova eleição presidencial para o dia 3 de junho, após o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol. O comunicado foi feito em 8 de abril pelo primeiro-ministro Han Duck-soo, que exerce interinamente a presidência.

 

Manifestantes comemorando a primeira votação do impeachment em 14 de Dezembro.Foto: Reprodução AP/ Lee Jin-man
Manifestantes comemorando a primeira votação do impeachment em 14 de Dezembro. Foto: Reprodução AP/ Lee Jin-man

A crise teve início quando o então presidente decretou lei marcial em dezembro, alegando estar defendendo a democracia diante de tentativas dos opositores de “derrubar a democracia livre”, ao buscarem o impeachment de membros de seu gabinete e bloquear seus planos orçamentários. 

Foi a primeira vez desde 1980 que a lei marcial foi declarada no país. A medida gerou forte impacto negativo, inclusive entre parlamentares do próprio partido de Yoon, o conservador Partido do Poder do Povo. Diante da ampla oposição da classe política e de uma votação unânime no Parlamento contra suas ações, Yoon revogou a lei marcial poucas horas após tê-la decretado.

O ex-presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, declarando Lei Marcial na TV — Foto: Reprodução The Presidential Office/Handout via Reuters
O ex-presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, declarando Lei Marcial na TV .Foto: Reprodução The Presidential Office/Handout via Reuters

 

Com o impeachment efetivado em abril e a nova data da eleição definida, teve início oficialmente a corrida eleitoral para escolher o novo presidente sul-coreano.

A eleição presidencial na Coreia do Sul possui algumas particularidades. Não há segundo turno, o candidato mais votado no único turno é eleito. O presidente também tem o poder de nomear um primeiro-ministro, que precisa ser aprovado pelo Parlamento (chamado de Assembleia Nacional). Esse cargo exerce funções semelhantes às de um vice-presidente no Brasil. O mandato presidencial é de cinco anos.

De acordo com a legislação sul-coreana, uma nova eleição deve ser realizada em até 60 dias após a vacância do cargo. No atual cenário político, dois partidos se destacam: o governista Partido do Poder do Povo e o opositor Partido Democrata.

Os democratas têm como provável candidato o político Lee Jae-myung, que não enfrenta concorrência interna significativa. Lee, que perdeu por uma margem apertada para Yoon nas eleições de 2022, sofreu um atentado a faca no início de 2024 e liderou o partido durante a recente crise, quando tropas enviadas por Yoon cercaram a Assembleia Nacional durante a votação que revogou a lei marcial. 

No entanto, ele responde atualmente a cinco processos por corrupção. Caso seja eleito, esses processos serão suspensos, já que o presidente sul-coreano possui imunidade durante o mandato.

Pessoas assistem a uma mensagem em vídeo do Partido Democrata da Coreia, Lee Jae-myung, anunciando sua candidatura presidencial em uma tela de TV na Estação de Seul. Foto: The Korea Times/ Yonhap
Pessoas assistem a uma mensagem em vídeo do Partido Democrata da Coreia, Lee Jae-myung, anunciando sua candidatura presidencial em uma tela de TV na Estação de Seul. Foto: The Korea Times/ Yonhap

 

Já os conservadores devem realizar primárias para definir seu candidato, com mais de dez nomes cotados. Um dos grandes nomes até o momento é Oh Se-hoon, atual prefeito de Seul. Apesar de o partido ter sido abalado pelo impeachment, ainda conta com uma base de apoiadores fieis. As primárias estão marcadas para o dia 3 de maio.

A líder da extrema direita francesa foi julgada por desvio de dinheiro
por
Chloé Dana
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04/04/2025 - 12h

Nesta última segunda-feira (31), a líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, foi julgada pela justiça francesa por desviar verbas da União Europeia para beneficiar seu partido, Reagrupameto Nacional (RN). Le Pen foi foi sentenciada a quatro anos de prisão, ao pagamento de uma multa de 100 mil euros e cinco anos de inexigibilidade, o que a impede de concorrer à Presidência em 2027. 

A acusação do Ministério Público aponta que o RN e seu antecedente, a Frente Nacional, utilizaram recursos orçamentários de 21 mil euros (equivalente a R$131 mil) destinados ao pagamento de subsídios mensais para os assessores parlamentares de eurodeputados, sustentar funcionários que, na realidade, atuavam para o partido na França, focados em assuntos de política interna, de 2004 até 2016. 

A líder francesa nega irregularidades e afirma que o Ministério Público está em busca de seu fim político. Doze assistentes também foram sentenciados por ocultação de delito. O tribunal calculou que o esquema desviou 2,9 milhões de euros e todos os empregados do RN, incluindo Le Pen, foram proibidos de disputar cargos, com a juíza determinando que a proibição deve começar a valer imediatamente. 

 

Como isso afeta a direita radical francesa? 

Devido às medidas tomadas pela justiça, a francesa será incapaz de concorrer à presidência do ano que vem como planejava. Quando questionada sobre a possibilidade de tentar a presidência em 2027 se for autorizada, Le Pen inicialmente transmitiu a ideia de que não via essa possibilidade como viável, devido ao tempo requerido para que uma nova etapa do processo fosse concluída. No entanto, entrou com um recurso de apelação que poderia diminuir o período de inelegibilidade, ou removê-lo completamente, sendo julgado e acelerado no fim deste ano ou no início de 2026, embora suas chances sejam pequenas. 

Denunciando o que ela qualificou como uma decisão "política" do juiz e uma "transgressão ao estado de direito", ela solicitou um julgamento ágil de recurso, a fim de que seu nome pudesse ser limpo, ou pelo menos a inelegibilidade fosse suspensa a tempo das eleições de 2027. "Há milhões de franceses que acreditam em mim. Por 30 anos, tenho lutado contra a injustiça. É o que continuarei fazendo até o fim", afirma.


Porém, a figura do jovem de 29 anos, Jordan Bardella, pode ser considerada a situação mais realista do que possa vir. Ao ser questionada sobre a possibilidade de Bardella poder substituí-la na próxima disputa presidencial, ela demonstrou resistência. “Recorrer a Bardella muito rapidamente seria imprudente” concluiu Le Pen.

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​Le Pen e Bardella, uma nova figura para a extrema direita francesa. Foto: Raphael Lafargue/ABACAPRESS.COM//)

 

Número de vítimas pode chegar aos 600, segundo o departamento de Segurança Interna
por
João Victor Tiusso
Lucca Fresqui
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01/10/2024 - 12h

 

Foto: Marco Bello/Reuters
Foto: EFE/EPA/CITY OF ROCKY MOUNTAINES

A passagem do furacão Helene pelos Estados Unidos já deixou 133 mortos até esta terça-feira (01), tornando-o um dos fenômenos mais mortais a atingir o país nos últimos anos. Além disso, mais de 600 pessoas estão desaparecidas. 

O Helene atravessou seis estados: Flórida, Carolina do Sul, Carolina do Norte, Geórgia, Tennessee e Virgínia. Cidades ficaram em ruínas, estradas foram  inundadas e milhões de pessoas estão sem eletricidade. 

O furacão atingiu a costa estadunidense em 26 de setembro, perto de Tallahassee, capital da Flórida.  Com cerca de 560 quilômetros de largura e ventos que atingiram 225 km/h, o Helene foi classificado como categoria 4, em uma escala que vai até 5.

As grandes dimensões do fenômeno contribuíram  para a formação de uma tempestade extensa, trazendo consigo chuvas pesadas, que aceleraram de forma rápida. Mesmo após ter enfraquecido, ainda causou danos graves à infraestrutura de cidades, inundações, fechamento de rodovias e quedas de pontes.

Na segunda-feira (30), a conselheira do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Liz Sherwood-Randall, afirmou que o número de mortos pode chegar a 600.

Odesastre ocorre em meio à corrida eleitoral à presidência dos Estados Unidos. O presidente Joe Biden, que aprovou ajuda federal para vários estados após a passagem do furacão, prometeu que a assistência durará o tempo que for necessário.

Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial, afirmou que o governo fará tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar as pessoas afetadas pelo furacão.

O republicano Donald Trump visitou Valdosta, na Geórgia, o local onde houve a maior destruição devido às enchentes O candidato aproveitou a ocasião para atacar Biden e Harris pelo gerenciamento da crise. A Geórgia é um estado-chave nas eleições acirradas que serão realizadas dentro de apenas cinco semanas. 

O novo cargo faz parte da estratégia do país de se posicionar como líder global em tecnologia
por
Rafaela Eid
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01/10/2024 - 12h

No dia 21 de setembro, a França nomeou Clara Chappaz, de 35 anos, como Secretária de Estado responsável pela Inteligência Artificial (IA) e Digitalização. A medida faz parte da estratégia do país de se posicionar como líder global em tecnologia.

A nomeação foi realizada pelo presidente Emmanuel Macron, a partir de uma proposta do primeiro-ministro Michel Barnier, segundo informações do Ministério da Educação Nacional, Ensino Superior e Pesquisa da França.

Embora popularmente apelidada de "ministra da IA", Clara Chappaz não possui oficialmente esse título. No entanto, sua função terá um papel de destaque nas discussões sobre tecnologia, especialmente com a proximidade da Cúpula Internacional de IA, que será sediada pelo país em fevereiro de 2025.

A criação deste novo cargo faz parte da visão de Macron, que prevê o investimento de 500 milhões de euros até 2030 no desenvolvimento de polos de IA no país.

Graduada pela Essec Business School, em Cergy, na França, Cappaz iniciou sua carreira na Ásia, atuando em várias startups de comércio eletrônico. Em 2018, concluiu um MBA em Harvard e, posteriormente, assumiu a posição de diretora comercial na Vestiaire Collective, uma plataforma de revenda de produtos de luxo em Paris. Em 2021, passou a liderar a missão French Tech, que apoia startups tecnológicas inovadoras alinhadas às prioridades do governo francês.

Ali Kamal Abdallah é a primeira vítima brasileira morta no Líbano após bombardeios
por
Victor Trovão
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30/09/2024 - 12h

Um jovem brasileiro de 15 anos morreu durante bombardeios de Israel no Líbano, informou o Ministério de Relações Exteriores, Itamaraty, na quarta-feira, 25. Ele estava no vale do Bekaa, a leste da capital, Beirute, uma das regiões atacadas pelas tropas israelenses devido à presença de forças do Hezbollah, informação confirmada pelo Itamaraty. 

Natural de Foz do Iguaçu, município do Paraná, Ali morreu junto de seu pai  Kamal Hussein Abdallah, de 64 anos, após serem feridos por um foguete lançado por Israel que atingiu a cidade de Kelya. 

Ali
O brasileiro Ali Kamal Abdallah, 15, que morreu em ataque de Israel no Líbano - @all.eyes.on__lebanon no Instagram/Reprodução

Ainda que as circunstâncias da morte não estejam claras, em entrevista à RPC Paraná, Hanan Abdallah, irmã do adolescente, conta que Ali e seu pai morreram enquanto trabalhavam na pequena fábrica de produtos de limpeza da família. A Embaixada do Brasil em Beirute está prestando assistência aos familiares das vítimas.

“Ao solidarizar-se com a família, o governo brasileiro reitera sua condenação, nos mais fortes termos, aos contínuos ataques aéreos israelenses contra zonas civis densamente povoadas no Líbano e renova seu apelo às partes envolvidas para que cessem imediatamente as hostilidades", afirmou o Itamaraty em um comunicado oficial. 

O assassinato de Ali é a primeira morte de brasileiros no Líbano que o Ministério das Relações Exteriores pode reconhecer desde a escalada do conflito, no momento, informam que a documentação e translado dos corpos estão sendo tratadas por meio da Embaixada do Brasil em Beirute. 

O cenário apresenta alto risco no país, uma vez que o Líbano conta com cerca de 21 mil brasileiros, de acordo com os dados do Itamaraty. Milhares de pessoas estão aterrorizadas frente aos ataques iminentes de Israel e, por ora, os bombardeios acontecem mais ao sul libanês, fazendo a população local se refugiar ao norte. 

ataque
Momento do ataque de Israel à vila no Líbano. Ao menos 550 pessoas foram mortas pelos ataques israelenses e outras centenas ficaram feridas  - Foto: Rabih DAHER / AFP

Segundo dados do Ministério da Saúde libanês emitidos na última quarta (25) , ao menos 550 pessoas foram mortas pelos ataques israelenses e outras centenas ficaram feridas. 

Além do pronunciamento do Itamaraty ao lamentar a morte de Ali, durante entrevista concedida à imprensa americana após participar da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) que aconteceu em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou o conflito entre Israel e o Hezbollah no Líbano. 

“Em Gaza e na Cisjordânia assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente, que agora se estende perigosamente ao Líbano. Portanto eu condeno de forma veemente esse comportamento do governo de Israel que eu tenho certeza que a maioria do povo de Israel não concorda com esse genocídio”, expressou Lula. 

Presidente condenou a guerra que se estende por quase um ano na Faixa de Gaza e criticou as recentes ações de Israel no Líbano
por
Matheus Almeida
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26/09/2024 - 12h

O presidente Lula discursou, na última terça-feira (24), na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. Em sua fala, de cerca de 20 minutos, o mandatário destacou as ações de Israel em Gaza e, mais recentemente, no Líbano.  

Lula enfatizou que o mundo vive o período de maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial e constatou que os gastos militares no globo aumentaram pelo nono ano seguido, atingindo a marca de 2,4 trilhões de dólares.  

Sobre o Oriente Médio, ele classificou a situação como “uma das maiores crises da história recente”, e criticou Israel ao dizer que o “direito à defesa” alegado pelo país, se tornou um “direito de vingança” e que há uma punição coletiva para o povo palestino e não só ao Hamas, como diz o governo israelense.  

"São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria, mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo".  

O presidente brasileiro também citou brevemente os conflitos do Iêmen e do Sudão, esse na África, mas que afeta o maior número de pessoas em termos absolutos. Segundo dados da ONU, quase 25 dos 48,7 milhões de habitantes precisam de ajuda humanitária para sobreviver no país africano.  

Lula discursa na ONU. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Lula em discurso na ONU. Foto: Ricardo Stuckert

Guerra no Leste Europeu  

O presidente ainda lembrou da guerra entre Ucrânia e Rússia, que se estende desde fevereiro de 2022. Ele retomou o plano sino-brasileiro para a paz.  

“Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar. [...] Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento. Essa é a mensagem do entendimento de seis pontos que China e Brasil oferecem para que se instale um processo de diálogo e o fim das hostilidades.”  

Reforma na ONU  

Lula criticou a posição da própria ONU. Segundo ele, as Nações Unidas não conseguem assegurar a segurança e soberania da Palestina, sendo pouco eficaz em combater a violência, não só em Gaza, como também em outras partes do mundo. Ele também defendeu uma reforma, já que a Organização tem pouca representação dos países do Sul Global, e não abrange o mundo inteiro como na época que foi idealizada.  

“Prestes a completar 80 anos, a Carta das Nações Unidas nunca passou por uma reforma abrangente. A versão atual da Carta não trata de alguns dos desafios mais prementes da humanidade. Na fundação da ONU, éramos 51 países. Hoje somos 193. Várias nações, principalmente no continente africano, estavam sob domínio colonial e não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamento. A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial.”  

 

Após conflitos dos últimos dias, representantes mostram temor durante Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU)
por
Larissa Soler
Victória Toral
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26/09/2024 - 12h

Os ataques entre Hezbollah e Israel foram tema do discurso de diversos líderes mundiais presentes na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU),  na última terça-feira (24).

O Secretário Geral da organização, António Guterres, criticou países que descumprem resoluções da ONU, sem citar Israel, e afirmou que eles não podem deixar que o Líbano vire outra Gaza. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, acrescentou que uma guerra total no Oriente Médio “não interessa a ninguém”. 

O embaixador israelense na ONU informou que o país não tem interesse em invadir o território libanes. Após discurso na Assembleia, o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, condenou novamente as ações israelenses no norte do Líbano, na quarta-feira (25). 

Iniciado em outubro do ano passado, o conflito entre o grupo Hezbollah e o Estado de Israel começou após a organização que fica localizada no norte do Líbano, atacar a região fronteiriça onde soldados israelenses estavam posicionados.

A ação ocorreu em resposta à guerra na região da Faixa de Gaza entre o grupo Hamas e Israel, que completa um ano no dia 7 de outubro. Desde então, o grupo Hezbollah e o Estado de Israel vêm trocando ofensivas, mas foi na semana passada que o conflito entre os dois se intensificou. 

Um ataque terrorista ao sistema de comunicação móvel de integrantes do Hezbollah ocorreu na terça (17) e quarta-feira (18). O governo libanês e o Hezbollah acusam Israel pela autoria das explosões, já Israel nega qualquer envolvimento.

Na mesma semana, durante um ataque aéreo, na região de Beirute, o comandante da unidade de elite Radwan do Hezbollah, Ibrahim Akil, foi morto. Nos dois ataques pelo menos 82 pessoas morreram e cerca de 3.000 ficaram feridas. 

Segundo informações do Ministério da Saúde do Líbano, 650 pessoas, incluindo, pelo menos, 35 crianças e 58 mulheres, foram mortas em ataques israelenses desde a manhã de segunda-feira (23). O número representa mais da metade dos libaneses mortos na guerra de 34 dias entre Israel e Hezbollah em 2006. 

Em entrevista à Agemt, Rodrigo Amaral, professor do curso de Relações Internacionais da PUC-SP e pesquisador na área de política internacional no Oriente Médio, aponta que esses ataques podem ser uma tentativa do Estado de Israel de estender a conflitualidade contra o Hamas para a região norte do Líbano. 

“Tendo em vista que Gaza está sob escombros, o Hamas não tem qualquer possibilidade de reação por lá. A ideia israelense é muito provavelmente, tudo isso na prova da probabilidade, destruir o outro inimigo regional mais próximo que é o Hezbollah.” explica Rodrigo. 

Sobre as declarações dos líderes mundiais na Assembleia, Rodrigo diz que elas têm um impacto mínimo no conflito: “É um passo importante, porque significa que a comunidade internacional pode ser avessa ao que Israel está fazendo. Mas, não existe uma ação tão direta em decorrência das manifestações na Assembleia Geral das Nações Unidas”.

Amaral adiciona que as ações seriam mais eficazes se o Conselho de Segurança da organização determinasse uma resolução consensual para o fim do conflito, mas que “para que essa resolução ocorra, ela implicaria nos Estados Unidos barrarem as ações militares israelenses no Oriente Médio, algo que nunca aconteceu anteriormente” lembra o professor. 

Hezbollah:

O grupo fundamentalista nasce no contexto da Guerra Civil Libanesa, sendo uma associação político islâmico-libanês. 

“É uma organização política e social, então ele tem não apenas o braço paramilitar, que é o mais famoso que nós conhecemos, mas também um grupo que tem representação no parlamento libanês e que tem ações sociais de grande escala no sul do Líbano, onde esse grupo se desenvolveu” ,comentou. 

O professor explica que o Hezbollah surgiu nos anos 80 e 90, para ocupar a deficiência do Estado libanês na época e acabou se tornando um dos principais grupos de oposição contra o Estado de Israel. “Eles têm como aliados indiretos o eixo da resistência no Oriente Médio, forças de mobilização popular no Iraque, os houthis no Iêmen e de forma mais direta o Hamas, mas que também não há qualquer conexão material de aliança, é só uma questão de serem “inimigos” de Israel. Há também uma conexão diplomática com o Irã, mas não há confirmação de ligação de cooperação técnico militar”.

O grupo político islâmico-libanês e o Estado de Israel já estiveram em conflito antes, durante a Guerra do Líbano, em 2006. O conflito, que durou cinco semanas, teve início após membros da organização sequestrarem dois soldados israelenses. Nessa época quase 1.200 pessoas morreram no meio da guerra, sendo a maioria civis. 

Apesar da conexão diplomática entre o Hezbollah e o Irã, Amaral não vê o país entrando em um confronto com Israel: “Ele demonstrou que não tem vontade de fazer uma guerra direta com Israel e vice-versa. É improvável a inserção de forças militares iranianas, apesar de ser bastante factível o apoio indireto do Irã ao Hezbollah.”

Mossad: 

O pesquisador aponta que os ataques ao sistema de comunicação móvel de integrantes do Hezbollah na semana passada podem ter sido organizados taticamente pelo Mossad - Serviço de Inteligência de Israel e um dos mais desenvolvidos do mundo. Na ocasião, pagers e walkie-talkies de membros da organização foram utilizados como explosivos que atingiram milhares de pessoas. 

“O Mossad já atuou outras vezes na história de Israel, começou de maneira mais intensa a partir da Guerra dos Seis Dias em 1967 e desde então Israel tem ações de espionagem ativa contra os seus inimigos”. explica o professor. 

Porém, essa é a primeira vez que um ataque desse tipo é tão bem articulado tecnicamente e taticamente, o que demonstra a força da organização  “Vimos explosões simultâneas desses equipamentos, houve ali uma manipulação do hardware, de tecnologias que são dos anos 90, anos 2000 e que supostamente têm uma maior dificuldade de hackeamento”, comenta. 

O que esperar: 

Para os próximos dias, o pesquisador acredita que haja uma intensificação da ação militar israelense “há um risco alto dessa intensificação de operações aéreas militares se tornarem também operações em solo, lembrando que Israel já depositou a 98ª Batalhão das Forças Militares Israelenses na fronteira norte, que é a fronteira com o Líbano, portanto, acionou ali uma possibilidade de invasão, de ocupação, o que seria, basicamente, repetir o que aconteceu em 1982 e 2006”, finaliza. 

Destroços sendo retirados após ataque. Foto: AP Photo/Hassan Ammar
Destroços sendo retirados após ataque. Foto: AP Photo/Hassan Ammar