Saiba qual será o desfecho das acusações criminais e condenações de Donald Trump após ser eleito o 47º presidente dos Estados Unidos.
por
Manuela Schenk Scussiato
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11/11/2024 - 12h

Após uma longa campanha pela Casa Branca, marcada por acusações e investigações criminais, Donald Trump foi, mesmo assim, reeleito presidente da maior democracia do mundo. Agora a principal questão é: o que acontecerá com suas condenações pendentes?

 

6 de janeiro

O recém eleito presidente foi acusado criminalmente pelo procurador Jack Smith por compra de votos, pressão de autoridades para a subversão do resultado democrático e iniciar o motim no Capitólio com o intuito de atrasar a posse do presidente Biden.

Invasão ao Capitólio em Washington DC realizada pelos eleitores de Trump após sua derrota na corrida eleitoral de 2020. A ação foi encorajada pelo próprio ex-presidente. Foto: Leah Millis/REUTERS

Mesmo com as incansáveis tentativas de Smith para a condenação de Trump, a Suprema Corte dos Estados Unidos o deixou parcialmente imune a processos criminais sobre ocorrências em seu mandato. Agora, com sua vitória, esse caso será completamente arquivado. Caso o procurador se recuse a fazê-lo, Trump disse em uma entrevista em rádio no mês de outubro que: “o demitiria em dois segundos”.

Segundo Neama Rahmani, ex-procurador federal: “Está bem estabelecido que um presidente em exercício não pode ser processado, portanto, o processo de fraude eleitoral no Tribunal Distrital de DC vai ser arquivado”.

 

Suborno em NY

Trump já tem 34 acusações no estado de Nova Iorque envolvendo falsificação de registros financeiros. O presidente foi condenado em maio deste ano no estado por júri popular sobre a compra do silêncio da atriz pornô Stormy Daniels no ano de 2016. Sua sentença está em aberto e será divulgada até o dia 15 de novembro pelo juiz do caso, Juan Merchan. O mesmo fez a escolha de adiar a revelação para depois do resultado das eleições.

É improvável que Trump seja condenado a viver atrás das grades por ser um réu primário de 78 anos. Caso isso ocorra, seus advogados podem entrar com recursos que facilmente impedirão sua prisão, o que pode adiar a execução da pena por anos. O mais provável, no entanto,  é um novo adiamento da sentença para o fim de seu mandato.

Trump após sua condenação no estado de Nova Iorque Foto: Seth Wenig/REUTERS
Trump após sua condenação no estado de Nova Iorque
Foto: Seth Wenig/REUTERS

De todos os casos em aberto, esse é o único que torna Trump, de fato, um criminoso condenado e, como se trata de uma acusação estadual, ele não tem o direito de se perdoar.

 

Eleições de 2020 na Geórgia

As acusações carregadas por Trump nesse estado vem de sua tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020, quando os democratas levaram os delegados da Geórgia após uma disputa acirradíssima entre os dois candidatos.

O julgamento do caso foi atrasado algumas vezes, principalmente pelas tentativas de retirar a promotora Fani Willis, o que ainda não ocorreu, após ser descoberto seu envolvimento pessoal com um dos advogados do caso. Agora, com a eleição de Trump confirmada, o processo será interrompido pela duração de seu mandato.

 

Documentos confidenciais

Jack Smith, o mesmo procurador do caso da invasão ao Capitólio em 2021, também lidera as acusações de manipulação indevida de documentos oficiais que o futuro presidente enfrenta, caso que o mesmo nega firmemente.

O processo diz que Trump levou documentos da Casa Branca para sua residência em Mar-a-Lago, no estado da Flórida, após deixar a presidência em 2020, além de impedir as autoridades de realizarem a retirada dos papeis.

A juíza do caso, nominada pelo próprio Trump, retirou as acusações e, mesmo com Smith recorrendo a decisão, nada será feito antes da posse, o que dará a este caso o mesmo destino dos supracitados, o arquivo pelos próximos quatro anos.

 

 

Democrata aponta desafios atuais e convoca sociedade a proteger valores democráticos
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
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08/11/2024 - 12h

 

Em discurso, em Washington na quarta-feira (06), após a derrota na corrida pela Casa Branca, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, fez um alerta sobre o estado atual da democracia americana. Harris destacou que, mais do que nunca, o país enfrenta ameaças que exigem uma resposta firme e coletiva para proteger os princípios democráticos.

“Nosso sistema democrático está em uma encruzilhada”, afirmou a vice-presidente. Harris mencionou que essa conjuntura não é apenas um reflexo do momento atual, mas sim uma acumulação de desafios que vêm se agravando. “Aceito a derrota, mas continuarei na luta”, declarou, reforçando seu compromisso em seguir defendendo os valores democráticos mesmo após o resultado eleitoral.

Em seu pronunciamento, Kamala enfatizou a importância de manter a vigilância sobre “ameaças tanto internas quanto externas” e destacou o papel fundamental de instituições livres e da sociedade civil.

A vice-presidente direcionou parte de seu discurso à imprensa, que, segundo ela, desempenha um papel indispensável em momentos de crise democrática. “A democracia depende de nossa capacidade de proteger a verdade e assegurar que todos tenham voz”, disse, sublinhando o impacto negativo da desinformação e a necessidade de preservar o acesso dos cidadãos a informações precisas e de qualidade.

Vice-presidente Kamala Harris discursa após derrota, em Washington. Foto: SAUL LOEB/AFP.
Vice-presidente Kamala Harris discursa após derrota, em Washington. Foto: SAUL LOEB/AFP.

Além disso, Harris expressou preocupação com as mudanças recentes na legislação eleitoral de alguns estados, que, segundo ela, dificultam o acesso ao voto para muitos americanos.

“É nossa responsabilidade coletiva defender o acesso igualitário às urnas, sem discriminação ou obstáculos desnecessários”, declarou. A vice-presidente fez questão de lembrar que políticas que restringem o acesso às urnas enfraquecem a essência democrática dos Estados Unidos.

O tom do discurso de Harris foi de mobilização, e ela não hesitou em convidar a população a atuar de forma ativa na proteção da democracia. “Precisamos de todos engajados para superar os desafios e assegurar que as gerações futuras herdem um país onde a democracia prospere”, pontuou, pedindo união e comprometimento para enfrentar as ameaças que colocam em risco os valores fundamentais do país.

Com o discurso, Harris também relembrou o dever da atual geração em "manter vivos os ideais de igualdade e justiça", e alertou que, sem o envolvimento coletivo, os ganhos democráticos das últimas décadas podem ser comprometidos. 

Para ela, é indispensável que a sociedade continue a participar do processo democrático, defendendo as instituições e preservando as liberdades civis para que estas resistam ao passar do tempo.

Kamala Harris concluiu o discurso chamando a atenção para o papel de cada cidadão e a importância de resistir a ameaças que podem comprometer a estabilidade democrática. "Este é o momento de escolhermos qual legado queremos deixar", concluiu, apontando para o impacto de ações e omissões no futuro da democracia nos Estados Unidos.

Logo após a vitória do republicano, o dólar bateu recorde R$ 6,19
por
Vicklin Moraes
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08/11/2024 - 12h

 

Nas vésperas das eleições que definiriam o futuro presidente dos Estados Unidos, o dólar disparou, alcançando R$ 5,87, o maior valor desde a pandemia. Após a vitória de Donald Trump sobre a democrata Kamala Harris, a moeda americana oscilou, atingindo R$ 6,19, um recorde histórico.

Segundo Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), a alta do dólar nas vésperas da eleição reflete um padrão observado em edições anteriores, intensificado pela forte rivalidade entre Trump e Harris. Essa instabilidade impacta diretamente o mercado financeiro, que não aprecia grandes riscos.

De acordo com o professor, o principal efeito na economia brasileira será nas exportações de produtos para os Estados Unidos. “O que Trump promovia em seu governo anterior era uma prática de protecionismo comercial, desvalorizando produtos estrangeiros em favor dos produtos norte-americanos. Isso pode prejudicar a entrada de produtos brasileiros, levando a uma sobretaxação”, afirma Amaral.

A política de protecionismo comercial implementada por Trump não é nova,durante seu primeiro mandato, o Brasil já sentiu grandes impactos devido aos altos impostos sobre a exportação de ferro e aço. Entretanto, o país que mais sofrerá com essa política será a China, que exporta desde aparelhos eletrônicos até soja. Com o baixo comércio entre Brasil e Estados Unidos, a tendência é que o dólar se torne cada vez mais caro.

Em outubro, durante sua campanha presidencial, Trump afirmou que aplicaria tarifas de 100% contra países que tentassem reduzir o valor do dólar ou abandonar a reserva da moeda americana. Em 2025, o Brasil assumirá a presidência do BRICS, e uma das missões será decidir sobre o uso de moedas locais. Caso opte por outra moeda que não seja a americana, o país poderá enfrentar sanções comerciais e sobretaxações.

Presidente Lula em encontro de líderes do Brics, na África do Sul, em 2023 — Foto: Ricardo Stuckert
Presidente Lula em encontro de líderes do Brics, na África do Sul, em 2023 — Foto: Ricardo Stuckert

 

Em relação à política externa, Rodrigo Amaral acredita que não haverá grandes mudanças sob a presidência de Trump, mas sim a manutenção das posturas tradicionais adotadas pelos Estados Unidos

 

Com 34 senadores e 203 deputados, o partido de Trump conquista a maioria dos votos
por
Vicklin Moraes
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07/11/2024 - 12h

Nesta terça-feira (06), os Estados Unidos confirmaram a vitória de Donald Trump na corrida pela Casa Branca. O republicano irá, pela segunda vez, ocupar o cargo de presidente do país. Porém, além da vitória de Trump, o Partido Republicano dominou as eleições, elegendo 34 senadores e 203 deputados.

Com 34 senadores, o partido de Donald Trump conquistou a maioria das cadeiras do Senado, retomando o controle da Casa, que estava com os democratas desde 2020. Das 100 cadeiras, os republicanos terão 54, formando a maioria. Até então, o Senado era composto por 51 democratas e 49 republicanos.

O Partido Democrata perdeu uma cadeira na Virgínia Ocidental com a vitória do republicano Jim Justice e outra em Ohio, onde os republicanos derrubaram o senador democrata Sherrod Brown e elegeram Bernie Moreno. 

O democrata Jon Tester, que vinha de um mandato popular de três mandatos, perdeu para Tim Sheehy, apoiado por Trump. Sheehy é um ex-militar da Marinha que fez comentários depreciativos sobre os nativos americanos, chegando a dizer que eles “ficavam bêbados às 08h da manhã”. Apesar disso, ele saiu vitorioso contra o democrata. 

Nos Estados Unidos, cada senador tem um mandato de seis anos, com eleições realizadas a cada dois anos para renovar um terço das cadeiras.

Já na eleição para a Câmara, diferentemente do Senado, todos os 435 assentos estavam em disputa. A renovação integral ocorre a cada dois anos. Os republicanos asseguraram 203 cadeiras, enquanto o Partido Democrata conquistou 181, algumas vagas ainda aguardam a conclusão da contagem.

Com a maioria na Câmara e no Senado, o Partido Republicano terá o controle das pautas nas casas. A presidência do Senado é sempre do vice-presidente, que, a partir do próximo ano, será JD Vance.

Além disso, há a possibilidade de Trump indicar mais representantes para a Suprema Corte, caso algum dos ministros se aposente. Quem vota na indicação do presidente é sempre o Senado e, com a maioria, isso ocorrerá.

 

Donald Trump na cerimônia de vitória, ao lado da esposa Melania Trump
Donald Trump na cerimônia de vitória, ao lado da esposa Melania Trump. Foto: Brian Snyder/Reuters

 

Magnata é o primeiro a assumir presidência mesmo condenado
por
Octávio Alves
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07/11/2024 - 12h

Com vantagem esmagadora, Donald Trump conquista a Casa Branca e derrota a democrata Kamala Harris na corrida eleitoral nos Estados Unidos nesta quarta-feira (06). A vitória do magnata  não deixa dúvidas do seu impacto sobre o cenário político global e representa uma forte conquista para os partidos de direita no mundo ocidental. 

Aos 78 anos, ele se torna o presidente mais velho da história dos Estados Unidos, o primeiro com uma condenação da justiça e  o segundo presidente americano a retornar ao poder - o primeiro foi o democrata Grover Cleveland em 1892.

Trump ao lado da esposa.
Trump se declara vencedor após vencer na Pensilvânia . Foto: Doug Mills/The New York Times

 

Com uma campanha que apostou em controle migratório, patriotismo, recuperação econômica e o famoso slogan "Make America Great Again" -  “fazer a América grande de novo", em tradução livre -  foi declarado presidente após conquistar 277 delegados, 7 a mais do que o necessário, e se consagrou 47º presidente. 

Trump assume o cargo com a promessa de endurecer as políticas de imigração, fortalecer o mercado interno e reforçar a posição dos Estados Unidos como uma potência econômica e militar. O impacto de sua vitória reflete um desejo de mudança expressado por eleitores insatisfeitos com as políticas da administração anterior de Joe Biden. O retorno de Trump marca uma guinada conservadora mundial.

Esta vitória arrasadora foi um choque para todas as pesquisas. Trump ganhou em todos os estados-pêndulo e derrubou a muralha azul em Wisconsin, Michigan e Pensilvânia. 

Até a finalização desta matéria, Donald Trump contabilizava 50,9% dos votos (295 delegados) frente aos 47,6% (266 delegados) de Kamala Harris. 

Trump apontando
Trump venceu Harris em todos os estados-pêndulo.  Foto: Brian Snyder/Reuters

 

Secretário de Estado americano, Antony Blinken, está em Tel Aviv para pressionar andamento de negociações de trégua
por
Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
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20/08/2024 - 12h

Desde o início do conflito na Faixa de Gaza, diversas tentativas de cessar-fogo foram realizadas, refletindo a complexidade das negociações e a persistência das partes envolvidas. Anteriormente, os esforços para interromper as hostilidades foram marcados por intensos diálogos entre os mediadores e um contínuo desgaste das condições em campo. No entanto, essas tentativas ainda não conseguiram estabelecer uma trégua duradoura.

Na última segunda-feira (19), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou um novo desenvolvimento significativo: o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aceitou uma proposta de cessar-fogo formulada pelos mediadores dos EUA, Catar e Egito. Esta proposta foi apresentada durante a rodada mais recente de negociações realizada em Doha, no Catar.

Blinken, que está em Tel Aviv desde domingo (18), informou que se reuniu com Netanyahu para discutir o novo plano. De acordo com a declaração de Blinken, a proposta dos EUA visa "resolver as lacunas restantes" nas negociações e permitir uma "rápida implementação" se for aceita por todas as partes envolvidas. Embora os detalhes da proposta ainda não tenham sido divulgados, o clima entre os negociadores é de otimismo após as conversas da semana passada.

Até o momento, o Hamas ainda não se pronunciou oficialmente sobre a nova proposta. As negociações deverão continuar ao longo desta semana, e Blinken expressou a expectativa de que o Hamas se comprometa com a proposta para avançar nas discussões. O secretário de estado dos EUA também alertou que esta pode ser uma oportunidade crucial para a devolução dos reféns mantidos pelo Hamas e para alcançar um desfecho mais amplo do conflito.

 O governo israelense informou que o Hamas ainda detém 111 pessoas sequestradas desde o ataque de 7 de outubro de 2023, que iniciou a guerra na Faixa de Gaza. A proposta de cessar-fogo enfrenta desafios significativos, incluindo a exigência de Israel pela destruição total do Hamas e a demanda do grupo terrorista por um cessar-fogo permanente, em vez de uma trégua temporária. Divergências também permanecem em relação à presença militar de Israel em Gaza, à movimentação dos palestinos e à identidade e quantidade de prisioneiros a serem libertados em uma possível troca.

 Em resposta a essas complexas questões, Netanyahu afirmou que busca a libertação do "máximo de reféns vivos" durante a primeira fase do novo plano de três etapas proposto pelos EUA. Após sua reunião com Netanyahu, Blinken confirmou que o primeiro-ministro se comprometeu a enviar uma delegação para as novas negociações, previstas para esta semana em Doha ou no Egito. Blinken também estará presente nas discussões. Paralelamente, os confrontos continuam em Gaza, com uma nova operação israelense em Khan Yunes e um atentado reivindicado pelo Hamas em Tel Aviv no domingo, evidenciando a fragilidade e a intensidade do conflito em curso.

 

Comandantes das Forças Armadas foram destituídos; Em rede social, presidente Luis Arce pediu respeito à democracia do país
por
Artur Maciel
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26/06/2024 - 12h

(Soldados frente ao Palácio presidencial em La Paz. foto: Juan Karita AP) 

Na tarde desta quarta-feira (26), militares do Exército da Bolívia invadiram o palácio presidencial - antiga sede do governo -, colocaram tanques nas ruas e ocuparam a Praça Murillo, que fica em frente ao palácio presidencial, na capital La Paz. 

Em uma rede social, no início da tentativa de golpe, o presidente Luis Arce denunciou “movimentações irregulares” de unidades do exército boliviano. “A democracia deve respeito”, escreveu Arce. 


 

Presidente da Bolívia se manifesta após tentativa de golpe no país. Foto: Reprodução/X @LuchoXBolivia
Presidente da Bolívia se manifesta após tentativa de golpe no país. Foto: Reprodução/X @LuchoXBolivia

 

A invasão foi liderada pelo general Juan José Zuñiga, ex-comandante do exército. Entre os momentos de tensão, nas quase quatro horas de ação, o presidente Arce chegou a ficar cara a cara com Zuñiga na porta do palácio. Em transmissão de uma emissora local, Zuñiga disse que “o país não pode continuar assim” e pediu pela formação de um novo gabinete de ministros. 

No início da semana, o general havia sido destituído do cargo de comandante do exército após ameaçar prender o ex-presidente boliviano Evo Morales - que vai concorrer nas eleições - caso ele volte ao poder. Através das redes sociais, Morales convocou a população a defender a democracia de “alguns grupos militares que atuam contra a democracia e o povo”. 

O movimento golpista foi desmobilizado após ordens de Arce e do novo comandante do exército, José Wilson Sánchez, nomeado na terça-feira (25). Os militares que participaram da ação, deixaram o palácio escoltado por soldados que não aderiram aos planos de uma ruptura institucional. 

Em pronunciamento ao povo boliviano, o presidente do país anunciou a destituição dos comandantes das Marinha e Aeronáutica, e anunciou novos chefes para as duas Forças. A Procuradoria-Geral da Bolívia abriu investigação contra os envolvidos na tentativa de golpe, incluindo o general Zuñiga. A Suprema Corte boliviana condenou os atos e pediu apoio da comunidade internacional à democracia no país. 

As ações golpistas foram rechaçadas até por opositores do governo Arce, como a ex-presidente do país, Jeanine Áñez. “Repúdio total à mobilização de militares na Praça Murillo, pretendendo destruir a ordem constitucional. Nós bolivianos defendemos a democracia”, afirmou Áñez.

Líderes da América Latina se posicionaram contra o golpe. Por meio das redes sociais, o presidente Luís Inácio Lula da Silva condenou a tentativa e reafirmou o “compromisso com o povo e a democracia no país irmão".  

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil também emitiu nota. “O Governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”, disse. “O Governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao Presidente Luis Arce e ao Governo e povo bolivianos”, diz o Itamaraty.

Pedro Sanches (presidente da Espanha), Santiago Pena (presidente do Paraguai) Andre Manuel (presidente mexicano) e Alberto Fernandes (ex-presidente da Argentina) também repudiaram o ataque. 

Presidente francês anunciou decisão após resultado das eleições europeias
por
Khauan Wood
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18/06/2024 - 12h

O presidente da França Emmanuel Macron anunciou no domingo (09) a dissolução da Assembleia Nacional, casa legislativa francesa, e a convocação de novas eleições parlamentares para o fim do mês de junho.

O anúncio foi feito logo após o resultado da eleição do Parlamento Europeu, que deu ao Reagrupamento Nacional (RN), partido de Marine Le Pen, principal opositora de Macron, 31,5% dos votos contra 15,2% do Renascimento (RE), sigla que abriga o presidente.

Após a divulgação dos resultados, Jordan Bardella, presidente nacional do RN e forte nome da extrema-direita para assumir o cargo de Primeiro-Ministro no país caso o grupo vença as eleições, fez um discurso onde comemorava o resultado do pleito europeu e desafiava Macron a convocar novas eleições para o Parlamento local.

No ato, Bardella disparou: “o presidente não pode ficar surdo à mensagem enviada pelos franceses [...] pedimos que organize novas eleições legislativas”, o político disse ainda que “um vento de esperança sopra sobre a França e está apenas começando”.

Horas depois, veio o comunicado de Macron que anunciava a dissolução do Parlamento e marcava novas eleições para os dias 30 de junho (1º turno). Caso um segundo turno seja necessário, ele ocorrerá em 07 de julho.

As eleições da câmara baixa do Parlamento francês estavam inicialmente previstas para ocorrer somente após a disputa presidencial, em junho de 2027. O presidente definiu sua decisão como “um ato de confiança” na população francesa.

 

Caso o partido de Macron saia derrotado, a França teria que lidar com um cenário governamental difícil, a chamada “coabitação”, ou seja, teria o presidente e primeiro-ministro em posições políticas opostas. 

Macron continuaria em seu papel de Chefe de Governo e seguiria com o poder de decisão de políticas externas, porém perderia o controle das políticas nacionais, justamente por não ter o controle do Parlamento, fenômeno que dificultaria ainda mais a aprovação de projetos de interesse de sua equipe.

O fenômeno da coabitação ocorreu pela última vez entre os anos de 1997 e 2002, quando o então presidente de centro-direita Jacques Chirac (1932-2019) fez um movimento semelhante ao de Macron, dissolvendo o Parlamento por questões políticas e com a esperança de sair vitorioso, porém viu seu adversário Lionel Jospin, do Partido Socialista, ser eleito como primeiro-ministro e dificultando cinco de seus doze anos de mandato.

Candidata da esquerda vence as eleições e se torna a primeira mulher a comandar o país
por
Beatriz Alencar
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05/06/2024 - 12h

A candidata do Movimento Regeneração Nacional (Morena), de 61 anos, venceu as eleições presidenciais do México no último domingo (2), se tornando a primeira mulher no cargo da presidência do país.

 

Claudia Sheinbaum
Claudia Sheinbaum celebra vitória eleitoral no México (03/06/2024) |  Foto:Reuters/Alexandre Meneghini

Sua vitória veio após a contagem preliminar oficial dos votos. Sheinbaum conquistou entre 58,3% e 60,7% dos votos, a maior porcentagem contabilizada na história da região.

Já a opositora da candidata, Xóchitl Gálvez (PAN), obteve entre 26,6% e 28,6% dos votos.

A sucessora do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador (conhecido como AMLO), assumirá o papel de nova líder do país a partir de 1 de outubro.

Claudia Sheinbaum terá que enfrentar as dificuldades recentes na Cidade do México, como a seca e a violência com cartéis ligados ao fornecimento de drogas para os Estados Unidos.

Em declaração, a nova presidente agradeceu a cada voto e relembrou o momento histórico dessa eleição "pela primeira vez em 200 anos de República, haverá uma mulher presidente e ela será transformadora. Obrigada a cada voto mexicano. Hoje demonstramos com o nosso voto que somos um povo democrático", afirmou.

A primeira mulher eleita também acrescentou que a luta para chegar até o cargo não foi feita sozinha, mas sim "com nossas heroínas que nos deram essa pátria, com nossos ancestrais, nossas mães, nossas filhas e nossas netas", declarou.

Entre suas promessas de campanha, a sucessora afirma querer mais pluralidade, diversidade e democracia no país. Ela compartilha apoio a políticas de valorização de renda e concessão de bolsas para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Porém, apesar desse apoio, Claudia Sheinbaum seguirá o projeto de política de segurança, criado por AMLO, que defende a militarização da segurança pública no México. Tal decisão evidencia disparidades entre suas propostas de transformação e o que será, de fato, realizado.

Vida e carreira

Além de ser ex-prefeita e secretária de Meio-Ambiente da Cidade do México, Claudia Sheinbaum possui formação em física pela Universidade Nacional Autônoma do México.

É filha de descendentes de imigrantes judeus lituanos e búlgaros que fugiram da perseguição na Europa no início do século 20. Tem no currículo um Prêmio Nobel da Paz, de quando participou do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, em 2007. 

Mandatário era um dos passageiros da aeronave que caiu em região montanhosa ao norte da capital
por
Ana Julia Mira
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28/05/2024 - 12h

Na última segunda-feira (20) foi confirmado o falecimento do Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, de 63 anos. A aeronave, que levava 8 passageiros, caiu na fronteira com o Azerbaijão, a 500km da capital iraniana, Teerã. Não houve sobreviventes.

Televisão estatal mostra Ebrahim Raisi em helicóptero pouco antes da queda.
Ebrahim Raisin pouco antes do acidente. Foto: TV Estatal do Irã

Entre os passageiros estava o Ministro das Relações Exteriores, Hossen Amirabdollahiab, o Governador da província iraniana do Azerbaijão Oriental, Malek Rhamati, e o líder religioso Hojjatoleslam Al Hashem. 

Segundo a imprensa oficial iraniana, o acidente aconteceu por uma “falha técnica”. A frota aérea do país é antiga e sofre com a falta de manutenção devido às diversas sanções impostas pelos Estados Unidos, sendo a mais recente em razão do programa de armas nucleares desenvolvido no Irã. 

A imprensa ainda afirma que não há indícios de atentado no local do acidente e que as más condições climáticas também contribuíram para a queda da aeronave.

Novas Eleições 

O vice-presidente, Mohammad Mokhber, foi nomeado presidente interino pela liderança suprema iraniana, o aiatolá Ali Khamenei. Mokhber governará até que sejam realizadas novas eleições, marcadas para  28 de junho.  

Por sua proximidade com Khamenei, o Raisi possuía preferência na sucessão para o cargo de Chefe de Estado do Irã, o aiatolá. Após seu falecimento, espera-se o início de uma luta intensa de outros candidatos a essa posição que é detentora de decisões centrais no país.

Eleito em 2021, foi escolhido para presidência com 62% dos votos. Jamal Orf, presidente da Comissão Nacional Eleitoral, afirmou na época que com 28,6 milhões de votos apurados, Raisi obteve mais de 17.800.000. Entretanto, menos da metade da população iraniana votou e muitos candidatos reformistas e moderados foram impedidos de participar das eleições. 

O que acontece agora

Segundo Monique Sochaczewski, professora no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa e pesquisadora especializada em História do Oriente Médio, a principal questão levantada após a morte de Raisi, é a geração de uma janela de instabilidade no regime iraniano, com novas manifestações por parte da população.

Sochaczewski acredita que o movimento será parecido com o que houve durante os protestos em razão da morte de Mahsa Amini, jovem que morreu em 2022 após ser detida pela polícia da moralidade por não usar o hijab corretamente - véu de uso obrigatório às mulheres iranianas.

O funeral do ex-presidente iniciou no dia 21, contando com milhares de pessoas que acompanharam seu trajeto até o caminhão que o levou ao local islâmico mais sagrado do Irã, a cidade Mashhad. 

A multidão lançava flores e prestava homenagem ao seu caixão enquanto passava em uma carreata pela cidade de Birjand. 

Raisi foi enterrado no santuário Imam Reza. O país decretou cinco dias de luto devido ao falecimento do líder.

Vista do caixão de Ebrahim Raisi visto de cima, está coberto por uma bandeira do Irã. Uma multidão cerca o caixão.
Funeral de Ebrahim Raisi. Foto: Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS