O professor de matemática, Alexandre Arrigoni (46), conta que encontrou dificuldades em se adaptar ao ensino à distância. “Nossa casa não está preparada com escritório adequado, com lousa ou até mesmo na parte tecnológica.” Mesmo assim, este não se revela o pior problema, já que o impasse está na conciliação entre a profissão e a rotina familiar. Arrigoni trabalha no período da manhã, o mesmo período de aulas da filha, Larissa Arrigoni (12). “Não tem como eu largar minha aula para ajudá-la e nem ela pode sair da própria aula para pedir por minha ajuda.”.
Do outro lado, a professora da educação infantil, Gabriela Rodrigues da Silva (33) revela que não consegue combinar todos os afazeres. “É verdade que não dou conta de conciliar tudo. Fazemos na medida do que é possível e a escola compreendeu que não conseguimos realizar todas as propostas nos dias em que são solicitadas.”.
Acervo pessoal de Gabriela Rodrigues da Silva |
Rodrigues ainda conta que para a sua modalidade de aulas, o ensino à distância é inviável. “Esta etapa possui suas próprias características, brincar e interagir são os pilares, ela [a etapa] não existe longe do espaço escolar.”. O filho da professora, Daniel Fernandes Nóbrega (4) estuda em uma instituição da prefeitura de São Paulo e ambos também têm aulas no mesmo período.
A professora do ensino fundamental, Isabela Fumo (39), leciona língua portuguesa em uma escola privada em Guarulhos. Fumo revela que em sua casa essa questão é duplicada, pois o marido também é professor e ainda leciona online em seu canal no Youtube (Literatura Fora da Escola). “Tentamos montar horários para poder ficar online junto com nosso filho. Revezamos na maior parte dos dias. Mas quando não tem jeito, ele perde a aula online e assistimos às gravações que ficam disponíveis na plataforma.”
Acervo pessoal de Isabela Fumo |
Em matéria de auxílio ao filho Giuseppe (4), a professora confessa que o garoto precisa de ajuda constante durante as aulas, o que é complicado para o casal de professores, já que precisam administrar suas próprias aulas e tarefas. “Está na fase de aprender as letras e os números. Tem sempre que ter alguém com ele na aula. Sozinho é inviável.”
Por outro lado, os professores relatam que o maior obstáculo do ensino à distância é, na realidade, a falta de contato com os alunos. “Sinto muita falta da presença do aluno, do olhar do aluno, o contato. Isso é algo que me frustra e me deixa inseguro, sobre a forma como eles estão aprendendo.” relata o professor Arrigoni.
Contudo, a questão vai além do que somente a proximidade entre aluno e professor. A professora de língua portuguesa, diz que o obstáculo está na ausência de interação, isto é, o lado humano do aprender é deixado em segundo plano nas aulas online. “No começo foi pior ainda. Muitos se negavam em abrir a câmera e tivemos que entender, porém não, essa atitude não viabiliza a interação.”
Acervo pessoal de Alexandre Arrigoni. |
Por outro lado, o ensino à distância é bastante seletivo, uma vez que nem todos possuem acesso à internet ou aos equipamentos adequados para se adaptar às aulas. “Nem todas as pessoas têm acesso à internet ou mais de um dispositivo para este acesso em casa. então é bem complicado pensar neste ensino à distância.”
Os professores contam que conseguiram tirar algo de positivo dessa mudança repentina no cotidiano das famílias. Os três revelam que agora conseguem de alguma forma passar mais tempo juntos de seus respectivos filhos. “Eu consigo dormir um pouco mais, consigo tomar café com a minha filha, coisas que rotineiramente não fazíamos. Creio que estamos sentindo mais a nossa família.” relata Arrigoni.
Juntando-se ao professor, a mãe de Daniel confessa que é muito bom estar mais próxima da família, porém com as crianças o serviço se torna mais complicado. “É difícil conciliar o trabalho estando em casa com dois filhos pequenos. Eles não compreendem que estou trabalhando e solicitam minha atenção o tempo todo.”
Acervo pessoal de Gabriela Rodrigues. |
A pandemia de Covid-19, declarada pela OMS em 11 de março desse ano, provocou o fechamento dos templos para evitar o contágio da população. O período longe dos cultos tem feito com que várias pessoas se afastem de suas práticas religiosas.
Localizado em São Paulo, na Vila São José, está o Templo de Umbanda Forças de Aruanda, que realizou algumas alterações nas suas atividades em decorrência do surto de Covid-19. O terreiro era aberto diariamente para atividades religiosas, estudos e atividades culturais, mas desde o início da quarentena, os encontros tiveram de ser suspensos. Entretanto, todas as atividades que eram realizadas presencialmente, agora estão acontecendo através de reuniões online, com exceção das giras, que ocorriam todas as sextas-feiras.
O pai de santo do templo Forças de Aruanda, Cristiano Trevelino, comentou que algumas pessoas se distanciaram da Umbanda em decorrência do longo período longe dos terreiros. “As pessoas buscam a fé por conta de milagres, e se elas não os têm constantemente, acabam se afastando. Já ocorreu esse distanciamento entre os meus filhos de santo, alguns deles nem participaram das atividades online.”

Além disso, Trevelino acredita que a experiência religiosa vai ser afetada, principalmente por conta da ausência das incorporações de santos e do desequilíbrio energético das pessoas durante a pandemia, mas pensa que a quarentena pode proporcionar uma busca interna mais profunda. “A meu ver, o que se ganha é um conhecimento maior de si próprio em relação à fé e à espiritualidade, mas só para aqueles que estão dispostos, mas nem todos estão", disse.
O “Babá" do Templo Forças de Aruanda espera que, com a volta das atividades presenciais, a maioria daqueles que se afastaram da Umbanda volte a frequentar o terreiro. “Quando retornarmos, as pessoas talvez voltem mais rápido, principalmente pela necessidade e pelo esgotamento que esse tempo tem causado.”
Assim como Trevelino, a missionária cristã, Fernanda Souza, também notou que as pessoas têm se afastado das instituições religiosas. A missionária se mudou para a cidade de Derby, Inglaterra, em 2019 para prestar serviços voluntários à uma organização cristã chamada YWAM (sigla para Youth With A Mission). Na Europa, a brasileira frequenta uma igreja anglicana chamada Derby City Church.

Segundo a paulistana, o coronavírus obrigou a Igreja a se reinventar. “Descobrimos que nós podemos ser uma família sem estarmos no mesmo lugar. A igreja não é um espaço, nós somos a igreja.” Em contrapartida, ela acredita que essa situação de pandemia pode afastar algumas pessoas da religião. “Nesse contexto, só fica quem quer, porque quem não quer nem participa das lives. Quem não tá, não tá."
Souza disse que a sua igreja se preocupa muito com os seus membros, pois sempre liga para eles e visita, com distanciamento, os mais idosos. Ela crê que esse contato constante é essencial para manter os seus irmãos na fé firmes durante esse tempo. "Em relação às outras igrejas, não sei se estão correndo atrás das pessoas. Na Inglaterra estamos correndo. Um ajuda o outro, e isso fortalece os nossos laços.”
A Derby City Church tem gravado semanalmente os seus conteúdos, que são transmitidos aos domingos. Além disso, as reuniões semanais que ocorriam nas casas dos membros agora são feitas através de ligações de vídeo. "A igreja é como uma família. A família se reunia semanalmente, mas agora não pode mais. Ela se reúne online e você nem sabe quem realmente está participando”, disse.
Ao contrário de Souza e de Trevelino, Aboo Abudo Atibo, sheik da Mesquita de Guarulhos, acredita que os fiéis de sua religião não terão a sua fé abalada pela quarentena. “O muçulmano é um peixe que vive em todos os ambientes. O homem pode criar um templo em qualquer lugar”, afirmou.

Atibo acredita que ao invés de enfraquecer a fé do muçulmano, a quarentena deve fortalecê-la. “Nada afeta o crente, a menos que seja para melhorá-lo", disse baseado em um dos ensinamentos de Maomé. Ele acredita que a única diferença que os fiéis devem sentir é a falta de abraços e beijos, que segundo o moçambicano, é uma das bases da cultura islâmica.
O sheik contou que a mesquita que ele lidera tem realizado transmissões todas as sextas-feiras, dia sagrado do Islã, ao meio dia, com mensagens e ensinamentos aos muçulmanos. Além disso, as aulas que ele dava às crianças ainda continuam acontecendo, mas agora são realizadas através de ligações de vídeo.
A 20ª edição do reality show da TV Globo tomou conta das redes sociais. Grande parte da discussão vem das estratégias de marketing adotadas pelos participantes, principalmente Bianca Andrade e Manu Gavassi. A estratégia foi convidar personalidades da internet para participar ao lado de anônimos, trazendo não apenas a renovação da audiência do programa, mas também grandes lições de marketing digital para o mercado.
Os famosos do BBB 20 encontraram maneiras de continuar ganhando dinheiro, influência e até dar uma melhorada na carreira mesmo isolados do convívio social e virtual. Eles possuem grande alcance no mundo digital, mas existem pessoas que não são atingidas com seus canais, mas que continuam sendo um público consumidor interessante.
Um exemplo é a carioca, Bianca Andrade de 25 anos, conhecida popularmente na internet como Boca Rosa. Começou no Youtube e hoje contabiliza 10 milhões de seguidores. Ela lançou uma linha de cosméticos que é vendida em lojas de departamentos de todo o país.
Escolheu ir para o Big Brother como uma forma de fazer propaganda da sua linha, sem custo financeiro e em rede nacional, diante de uma audiência que ela nunca alcançaria no digital.
O Big Brother marcou 28 pontos na Grande São Paulo (cada ponto equivale a pouco mais de 74.987 domicílios no Kantar Ibope), o recorde do programa até fechamento desta reportagem. E de acordo com a blogueira, a venda de seus produtos, triplicaram enquanto ela estava confinada. Bianca também deu uma ajudinha, fazendo um tutorial de make dentro do programa, usando apenas seus produtos.
Além disso, a equipe da blogueira aproveitava para compartilhar no Instagram todos os looks, planejados e fotografados previamente, que ela utilizava no programa. Ao ser eliminada, a própria Bianca contou nos stories do seu Instagram que ela memorizou as roupas e makes que tinha que usar a cada semana. As cores das roupas dela combinavam com a cor das postagens no feed da semana, o que remetia a um produto de sua marca, já que ela usava um batom que combinasse com o look.
No caso de Bianca, o consumidor que a vê utilizando o produto no BBB, consegue descobrir qual é esse produto e perceber seus efeitos na pele. Gostando do que assiste pode comprá-lo no mesmo momento, acessando o Instagram. Uma verdadeira aula de consumo digital.
Várias plataformas integradas
Escrever uma narrativa transmídia é agregar várias plataformas de comunicação, que entrelaçadas geram diversos conteúdos digitais com forte impacto de compartilhamento. E embora esse termo já exista há 10 anos cunhado pelo pesquisador norte-americano Henry Jenkins (http://henryjenkins.org/), atualmente, ele apresenta mais recursos para transcender essa mensagem.
Vale mencionar que a história aplicada à transmídia deve apresentar em seu contexto os valores de alguma marca e não apenas a trajetória da pessoa. É necessário que valores e enredo estejam aliados de forma interessante e atraente. Produzir conteúdo transmídia não é uma tarefa fácil, mesmo porque requer conhecimento em diversas áreas: marketing, design, cinema e jornalismo.
Quem também está usando dos recursos transmídia é a Manu Gavassi, que fez sucesso em 2010 com a sua música Garoto Errado (https://www.youtube.com/watch?v=OeczcR5zKfo). Entrou no programa com o objetivo de se descobrir, entender quem é "Manu Gavassi", a própria chamou o BBB de "Retiro espiritual" (https://www.youtube.com/watch?v=kyhnChgDZK4). Um pouco sumida dos holofotes, Manu voltou com tudo em 2018, investindo na produção de conteúdo autoral para seus canais na internet, ganhando o status de influencer, pessoa capaz de influenciar o comportamento e opinião de milhares de pessoas por meio do conteúdo que publica em seus canais de comunicação, como Facebook, Instagram, Twitter e YouTube. Seu principal projeto do ano foi uma websérie para o Youtube chamado "Garota Errada", em que tira sarro de sua própria trajetória de ídolo teen.
Manu também se planejou para o reality e deixou gravado novos episódios da websérie, onde respondia perguntas que o público teria quando a visse no programa, como quem ela é e porque ela foi para o BBB.
Todo o conteúdo foi produzido de forma cronológica e fortemente trabalhado no storytelling (capacidade de contar histórias de maneira relevante), onde os recursos audiovisuais são utilizados juntamente com as palavras. É um método que promove o seu negócio sem que haja a necessidade de fazer uma venda direta), para dialogar com o tempo de confinamento da cantora.
Manu também apela para o lado dos memes, suas frases e poses típicas no programa viralizam no exato momento que são faladas ou feitas. Consequentemente, as pessoas sentem a curiosidade de saber quem é essa pessoa e vão atrás do seu Instagram (https://www.instagram.com/manugavassi/?hl=pt-br). A cantora começou no programa com 5 milhões de seguidores e hoje está com 9 milhões. Os novos episódios da websérie não passaram de um marketing de vendas de produtos para construir e qualificar a audiência até que estivessem preparados para “comprar” sua música.
Para falar mais sobre o assunto entrevistamos duas jornalistas. Rosa Santos, especialista em Marketing Digital e sócia da agência de comunicação digital Original Marketing e Media e Priscila Fonseca que trabalha há 3 anos como assessora de comunicação da SMPED.
O que você achou sobre a estratégia do BBB20 de convidar celebridades?
Rosa: Logo que saíram as primeiras informações de que o Big Brother Brasil 20 seria uma mistura de convidados celebridades e pessoas que tinham se inscrito, eu fui uma das pessoas que falei "nossa, mas é muito injusto essa disputa, porque a pessoa tem um público muito grande aqui fora, para que precisa disso?", só que me enganei. Acho que foi uma receita que deu super certo, já que desde o Big Brother 10 a gente não tinha uma temporada tão boa em termos de estratégia e de elenco. Isso se deve muito por conta do time todo, são pessoas de personalidade muito forte. E falando dos famosos, cada um que entrou já tinha traçado todos os seus objetivos, tudo o que eles queriam. Tudo foi muito planejado com as equipes, o objetivo pelo qual eles entraram, porque obviamente não é pelo dinheiro, eles quiseram ser mais reconhecidos em um outro nível, sair da internet para ir para uma mídia de massa, que eles não conseguiriam só com a internet restrita. Acho que foi um grande desafio, foram corajosos, muito corajosos.
Por que você acredita que a produção resolveu optar por chamar influencers para esse BBB?
Rosa: O Big Brother está na 20 edição e a dinâmica do programa todo mundo já tinha conhecimento. Como vinham os times, que tipo de pessoa que poderia estar, é uma receita que já estava pronta. Eu acho que por ser uma edição histórica, a direção quis fazer uma coisa completamente diferente, então como poderia ser mais diferente do que você convidar pessoas que influenciam outras, pelo seu trabalho. Foi uma estratégia que funcionou demais, que fez muita gente errar nessa avaliação inicial de que por eles serem conhecidos, eles já teriam vantagens na frente dos anônimos, o que desde o começo a gente viu que não seria assim. Eles conseguiram se renovar, conseguiram dar ao programa o que tinham perdido nos últimos 10 anos, que era a torcida vibrando com as atitudes, conquistas e derrotas dos participantes. O Twitter está pegando fogo por causa do programa e todos estão falando dessa edição, foi um tiro mais que certeiro.
Quem dos influencers que estão no BBB teve a melhor estratégia de marketing?
Rosa: Só vamos saber se a estratégia deles deu certo, à medida que eles forem saindo. Então vamos usar o exemplo da Bianca Andrade que entrou na casa, se jogou e acho que ela realmente esqueceu que estava em um programa. Ela foi absolutamente ela mesmo, sem frase feita, sem textinho, sem coach. Entrou para fazer o dela, que era mostrar as maquiagens, mostrar como produzir, ela entrou com uma estratégia perfeita. A cada paredão ela estava com um look que simultaneamente era postado no seu Instagram, tudo estava organizado, ela deixou uma série de fotos prontas até o final do programa, organizou lançamentos. A Bianca acabou de fazer um lançamento de páscoa que se ela tivesse dentro da casa rolaria do mesmo jeito. A exposição no caso dela foi um ponto negativo, ela foi extremamente criticada por uma série de motivos, mas a estratégia dela não deu errado, porque ela conseguiu a meta dela que era chegar nos 10 milhões de seguidores, conseguiu vender três vezes mais os produtos dela, conseguiu zerar estoque e está conseguindo fazer os lançamentos que estavam previstos dentro do que ela imaginava. Mas ocorreram casos opostos também. Como o do Petrix Barbosa(https://www.instagram.com/petrixbarbosa/?hl=pt-br), um ginasta premiado, que entrou e acabou muito queimado. O objetivo dele também era ser conhecido nacionalmente, só que ele se enfiou numa enrascada lá dentro e foi muito detonado. Quando ele saiu, ele teve uma estratégia boa para lidar com a situação que foi bastante positiva, mas com certeza ele teve mais prejuízo do que benefício na passagem dele pelo Big Brother.
Qual é o impacto do Instagram nesse processo?
Rosa: O impacto é para todos, não só os influenciadores. Ao exemplo da Marcela, médica que logo no começo do programa ganhou a preferência do público. Ela passou de 26 mil seguidores para um milhão muito rapidamente. A semana passada atingiu 4 milhões, só que por uma série de fatores que o público começou a criticá-la, ela perdeu muito seguidores, tiveram que inclusive apagar o post dos 4 milhões. Ela perdeu 500 mil seguidores em algumas horas. Daí você já começa a perceber como as atitudes lá dentro influenciam aqui fora. Para os famosos, por mais que isso aconteça, a coisa não é tão vertiginosa porque eles já entraram com muitos seguidores. Impacta, mas não tanto. A Manu lançou álbum e uma turnê já esgotada, dentro do Big Brother, além de deixar vários vídeos gravados. Não dá para dizer que é ruim.
Qual o lado negativo de ser uma influencer e estar em um programa desses?
Rosa: Uma coisa é fato, você estar em um reality show confinado por três meses, com pessoas diferentes de você, seja você anônimo ou famoso, é uma exposição que você topa ciente de todos os riscos que você corre nessa situação. Quando você é um influenciador ou uma pessoa famosa o risco é muito maior porque você tem muito a perder. O anônimo vai voltar para vida dele, mas daqui a algum tempo a gente já esqueceu essas pessoas porque isso é normal. Já quando você é uma pessoa famosa, uma influenciadora, dependendo de como foi sua passagem por esse programa você pode ter muito a perder.
Você acredita que uma pessoa que não tem condições de comprar os produtos e roupas que as influencers usam, se sente afetada ao ver o BBB?
Priscila: De verdade eu acredito que não, acho que depende muito. Até porque os próprios produtos das influencers são vendidos a preço popular. Os produtos são vendidos tanto em lojas de grife, quanto em lojas com preço popular. Por exemplo Renner, Riachuelo, C&A, que são marcas mais populares, vendem os produtos que as influencers usam. No caso da Boca Rosa, também estão em lojas da 25 de março, em lojas de cosméticos mais comuns.
Como montar as redes sociais de forma de que essas sejam fiéis ao perfil dos influencers e seus produtos?
Priscila: O mais importante é aquela estratégia de marketing da persona, de você saber para quem esse produto está sendo direcionado e quem você quer alcançar. É importante também ser transparente e honesta com o seu público, o seu papel é sempre trazer a informação de uma forma correta, verdadeira e de uma forma extremamente única. O conteúdo ainda é o essencial e o influencer precisa focar na parte do engajamento que é desde as visualizações, até os compartilhamentos do seu perfil, se algumas postagens também estão sendo salvas e estão trazendo de fato algum tipo de interesse em cima disso.
Big Brother Brasil
O Big Brother Brasil é um reality show produzido e exibido pela Rede Globo. Os competidores ficam confinados em uma casa cenográfica, sendo vigiados por câmeras 24 horas por dia, não podendo se comunicar com seus parentes e amigos, ler jornais ou usar de qualquer outro meio para obter informações externas. O programa dura 3 meses. A eliminação dos participantes ocorre semanalmente pela votação do público, através do paredão indicado pela casa. O vencedor ganha R$1,5 milhão.
Por Isabella Mei e Giovanna Morais de Almeida
As queimadas começaram nas últimas semanas de agosto em pontos isolados no Centro-Oeste e Norte do país, ganhando repercussão mundial no dia 19 de setembro, quando a fuligem das queimadas trazidas pelo vento escureceu o céu de São Paulo.
O estado de Rondônia foi um dos mais atingidos pelas queimadas e o primeiro a decretar estado de emergência pelos inúmeros pontos de incêndio, que segundo o Corpo de Bombeiros tiveram aumento de 370% referente à mesma época no ano passado. A alta concentração de fumaça fez com que a cidade de Porto Velho fosse encoberta pela densa fumaça dos incêndios que acontecem na região e que podem ser observados do espaço, como apontam imagens dos satélites de monitoramento da NASA.

O mês de agosto registrou o maior número de queimadas desde 2010, 19% acima da média estipulada durante os últimos 21 anos. Recentemente foi divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que até o dia 23, segunda-feira, foram registrados 21.761 focos de queimada na Amazônia.
Em seis de agosto de 2019, o presidente Jair Bolsonaro se autodeclarava o “capitão motosserra”, em relação ao aumento agressivo do desmatamento da Amazônia, divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial). Os números que vêm sendo levantados desde junho não param de subir, causando cada vez mais degradações à pauta do meio ambiente.
Foi a partir das falas agressivas e despreocupadas de Bolsonaro que o “Dia do Fogo” trouxe mais problemas para a questão ambiental, que já não ia nada bem. Em 10 e 11 de agosto, um grupo de fazendeiros e empresários da região de Novo Progresso, no Pará, apontados como os organizadores do crime pela operação “Pacto de Fogo” da Polícia Civil e pela reportagem do Repórter Brasil, atearam fogo em grande parte da área florestal, pelo percurso da BR-163. A partir desse dia, a Amazônia que já estava queimando, teve o número de queimadas substancialmente aumentado por focos de incêndio em reservas florestais das cidades paraenses de Novo Progresso, Altamira e São Félix do Xingu.
No mesmo dia foram registrados 124 pontos de incêndio em Novo Progresso, com aumento de 300% ao dia anterior. Já em Altamira, registram-se 154 focos de incêndios ativos entre 6 e 8 de agosto, e entre 9 e 11 de agosto foram marcados 431 pontos, aumentando 179% em três dias. São Félix do Xingu apresentou aumentos mais significativos ainda: entre 6 e 8 de agosto, o município registrou 67 pontos de incêndios, já nos três dias seguintes, foram 288 focos – aumentando 329%.
As queimadas são consideradas comuns em territórios florestais, pois são tidas como “liberadores” de espaço para criação de pastagem de gado. 17 dias após o incidente do “Dia do Fogo” em 27 de agosto, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou em reunião com Jair Bolsonaro, que eram apenas queimadas " de floresta para fazer pasto. O sujeito vai lá, desmata, queima, faz um pasto e aluga a área para um produtor rural”. E a Amazônia continuava queimando.
Segundo Danicley Aguiar, da campanha Amazônia do Greenpeace “os que desmatam e destroem a Amazônia se sentem encorajados pelo discurso e pelas ações do governo Bolsonaro que, desde que tomou posse, tem praticado um verdadeiro desmonte da política ambiental do país”. A política bolsonarista em relação ao meio ambiente tem sido bastante omissa, tendo em vista que o orçamento federal para o Ministério do Meio Ambiente caiu 10%, saindo de 625 milhões para 561, e quanto à verba repassada para o setor de controle de incêndios caiu 34%, saindo de 45,5 milhões para 29,6. Bolsonaro, desde a campanha presidencial, prometia cortar investimentos aos fundos de proteção ao meio ambiente, além de flexibilizar as leis ambientais, favorecendo grupos de exploração.
O Ministério Público se encarregou de investigar os incêndios, e o uso da Forças Armadas na região desmatada foi autorizado pelo Presidente Jair Bolsonaro, em 24 de agosto, o auge da crise incendiária. Em 20 de setembro o uso dessas forças foi prorrogado até 24 de outubro.
Em setembro, o Ministério da Defesa divulgou atualizações sobre os casos apurados, entre eles, que R$36 milhões foram aplicados em multas por irregularidades. As penalidades foram aplicadas por órgãos como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Durante os 30 primeiros dias da ação das Forças Armadas na Amazônia, algumas medidas foram tomadas, em uma operação para tentar restabelecer o equilíbrio no local. Cerca de 20 mil metros cúbicos, que equivalem a oito piscinas olímpicas, de madeira foram apreendidos, quatro madeireiras ilegais foram interditadas, 15 caminhões, cinco tratores, seis embarcações e uma escavadeira foram apreendidas. 63 pessoas foram presas, responsabilizadas pelos crimes ambientais.
Dados divulgados pelo INPE revelam aumento no desmatamento na Amazônia
Desde junho de 2019, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial), vem divulgando dados que denunciam o aumento sintomático do desmatamento na Amazônia, em comparação aos anos anteriores. Em junho, verificou-se um aumento de 88%, comparado ao mesmo período em 2018. Em julho o número sobre o desmatamento da região amazônica subiu para 278%, segundo dados do Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que sinaliza as áreas de devastação da floresta para órgãos de fiscalização ambiental, como o Ibama.
Com base nas imagens de satélites disponibilizadas pelo INPE, em agosto os números de queimadas chegaram a 196%, com 30.901 focos de incêndios ativos, em comparação aos 10.421 focos no mesmo período em 2018, com bases em imagens de satélites. Considerando todo o território nacional, o crescimento das queimadas foi de 128% no mês de agosto, com 51.936 focos de incêndio, se comparados com os 22.774 focos do ano anterior.
Os dados divulgados não agradaram o presidente da república. Jair Bolsonaro respondeu aos números apresentados afirmando que eram dados falsos e sensacionalistas.
A repercussão das informações geradas pelo instituto culminou na exoneração de Ricardo Galvão, diretor do INPE. A decisão foi tomada após uma reunião em Brasília entre Galvão e o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Marcos Pontes, em 2 de agosto. O diretor se mostrou indignado com a demissão e em entrevista ao G1 afirmou que sua fala gerou constrangimentos ao presidente, sendo esse o motivo de sua exoneração.
Os ataques de Jair Bolsonaro começaram em 19 de julho, quando o presidente afirmou que Galvão estaria “a serviço de alguma ONG”. O então diretor reagiu com grande indignação, dizendo que as declarações do presidente foram indevidas e taxando-as de “conversa de botequim”. “Ele fez acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira, não estou dizendo só eu, mas muitas outras pessoas”, disse Galvão. A partir da última declaração, o presidente da República passou a cobrar que Galvão se demitisse, alegando que esses posicionamentos “dificultam” negociações comerciais com países estrangeiros.
O presidente exonerado não cedeu aos ataques de Bolsonaro, e acabou sendo de fato demitido, sob a premissa da “perda de confiança”. “Se quebrar a confiança, vai ser demitido sumariamente. Perdeu a confiança, no meu entender, isso é uma pena capital”, afirmou Bolsonaro em 1º de agosto, antecipando a decisão de exoneração.
Discurso de Bolsonaro na ONU acentua divergências políticas

Em 24 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro subiu ao púlpito da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, para afirmar, por meio de seu discurso agressivo, que a soberania brasileira deve ser respeitada, em questões relacionadas à Amazônia.
Bolsonaro fez sua estreia na ONU com um discurso agressivo de cerca de 30 minutos, iniciado afirmando que o Brasil estava à beira do socialismo nos governos anteriores. Em uma sucessão de ataques – aos governos da Venezuela e Cuba, e a Emmanuel Macron –, o presidente voltou a reiterar que o país sofreu ataques aos valores familiares e religiosos, além de uma situação de “corrupção generalizada, grave recessão econômica e altas taxas de criminalidade”.
O primeiro chefe de Estado a se apresentar na Assembleia Geral da ONU, em que os governantes brasileiros são os primeiros a falar desde 1955, Bolsonaro enfim entrou na pauta mais esperada de seus comentários: a Amazônia, anunciando “Senhorita Ysany Kalapalo, agora vamos falar da Amazônia”, referindo-se à indígena que embarcou para Nova York, junto com os representantes, para corroborar o discurso de Bolsonaro. Em mais uma tentativa de se mostrar atento às questões ambientais, o presidente afirmou com ênfase que seu governo está muito comprometido com a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável no Brasil.
Em meio ao discurso, o chefe do executivo ainda disse que a região amazônica permanece “praticamente intocada”, e que isso prova que o Brasil é um dos países que mais protegem o meio ambiente. Ao comparar o tamanho da região com a Europa Ocidental, justificou que o clima seco favorece as queimadas espontâneas e criminosas, ressaltando também que uma parcela do problema foi causado por indígenas, que tem como parte de sua cultura e sobrevivência “causar” incêndios.
Jair Bolsonaro voltou a atacar a mídia nacional e internacional chamando-as de sensacionalistas, e declarou que esses ataques “despertaram o sentimento patriótico brasileiro”. Utilizando os argumentos da Amazônia como pulmão do mundo e como patrimônio mundial como falácias, voltou a atacar indiretamente o presidente da França, Emmanuel Macron: “um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa, com espírito colonialista”, afirmando que a soberania nacional foi questionada.
Ainda durante seus 30 minutos de fala, o presidente reiterou que respeita e reconhece os territórios indígenas – inclusive, utilizou um colar de tradição indígena em seu “look do dia”, no jantar da noite que antecedeu a assembleia. Porém, reiterou que há muitas terras reservadas para poucos indígenas, só que dessa vez, com palavras mais polidas, em tom duro, como lhe é convencional.
Por fim, vale ressaltar que o presidente brasileiro foi deixado de fora da cúpula do clima, que ocorreu na segunda-feira, 23 de setembro, por ser considerado cínico em relação à questão ambiental. O discurso no evento apenas corrobora que está mais preocupado em salvar a própria imagem de suas posições destrutivas, do que de fato salvar o território em chamas, que tanto clama como pertencente à soberania nacional.