Professora de Ciências Sociais aponta a polarização intensificada como motivo da última eleição brasileira ter sido a mais acirrada da história
por
Pedro Rossetti
Gabriel Ferro
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18/09/2023 - 12h

As eleições no Brasil são, muitas vezes, um espetáculo de intensidade política e competição acirrada. Em 2022, a disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro pela Presidência da República se tornou a mais parelha e toda história democrática brasileira, com menos de dois pontos percentuais de votos, onde o candidato do PT foi eleito com 50,90% contra 49,10% do então presidente, com 99,96% das urnas apuradas em todo o país.

Desde a redemocratização em 1988, apenas 6 eleições haviam chegado ao segundo turno, sendo a primeira de 1989 e as últimas cinco que vão de 2002 até 2018. Analisando a diferença entre os percentuais dos candidatos é possível ver que não há muita discrepância entre eles, porém, cada vez mais, o país passou a se dividir e formar disputas muito acirradas pelo cargo de poder mais alto do país.

Lula e Bolsonaro em debate durante as eleições de 2022. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Lula e Bolsonaro em debate durante as eleições de 2022. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Para entendermos como o Brasil passou a separar se em partidos políticos, Rose Segurado, Professora de Ciências Sociais da PUC-SP, compartilhou em entrevista com a Agemt, alguns insights valiosos sobre os fatores que alimentam essa disputa eleitoral apaixonante, destacando o peso do poder econômico, a influência das elites políticas e os desafios inerentes a um sistema político diversificado.

Conforme Segurado afirma, “A influência das eleições depende do contexto e da conjuntura política do momento, variando ao longo do período eleitoral. No entanto, um fator crucial que sempre se destaca é o poder econômico. Os interesses do capital e das elites políticas estão constantemente presentes e influenciam os resultados à medida que financiam e investem em candidatos alinhados com seus projetos políticos.”. É inegável que o poder econômico desempenha um papel significativo nas eleições, conferindo vantagens consideráveis a candidatos apoiados financeiramente pelas elites. Esta influência não apenas molda a agenda política, mas também exerce impacto nas escolhas dos eleitores.

Outro ponto de destaque feito pela especialista é a complexa paisagem partidária do Brasil: “Atualmente, contamos com uma miríade de partidos políticos, chegando a cerca de 35. Muitos destes partidos têm abordagens fisiológicas, priorizando a manutenção de determinados grupos no poder ou servindo como apoio, especialmente os chamados ‘partidos nanicos’,” A fragmentação do sistema político brasileiro pode tornar a escolha dos eleitores uma tarefa desafiadora, já que muitos partidos têm agendas pouco claras e frequentemente buscam alianças com as principais forças políticas em busca de poder e recursos. O resultado é uma falta de clareza sobre as opções disponíveis.

A professora enfatiza que embora haja evoluções ao longo do tempo, as raízes dos desafios eleitorais persistem. Ela destaca, com urgência, a necessidade de uma reforma política abrangente no Brasil para abordar essas questões estruturais, porém existe um empecilho: “Claro que nós temos mudanças ao longo do tempo, mas não muda substancialmente, a raiz das questões continua as mesmas. É muito difícil fazer uma reforma política radical, porque quem vota por essa reforma são os próprios parlamentares, então, evidentemente, como eles querem a perpetuação de um dado jogo político, eles não têm interesses em mudanças que sejam mais substanciais.”

            Por fim, uma questão que tem sido pauta em diversas áreas na atualidade é o avanço tecnológico e principalmente, as redes sociais. Não é apenas no Brasil que as eleições passaram a ter uma divisão muito grande de opinião popular, Estados Unidos, Angola e Israel, por exemplo, tiveram suas últimas eleições marcadas pelos detalhes nos números de votos, que se tornaram as mais acirradas de suas histórias democráticas.

Rose buscou destacar essa influência da internet na última eleição, especialmente destacando a propagação de Fake News, “Pela influência das redes sociais, as campanhas se tornam mais pulverizadas e com usos tecnológicos, algorítmicos e muito dinheiro, financiam algumas candidaturas ou distribuem fake news e desinformação pelas redes para afetar adversários políticos dessa tal candidatura. Isso vem contaminando muito o processo eleitoral, sobretudo nos últimos anos e as pessoas acabam escolhendo muitas vezes um candidato ou partido com base em um conjunto de mentiras e informações que não tem base nos fatos, então, esse é um problema muito grande para a democracia representativa na atualidade”. Além disso, completa com a questão da falsa sensação de ligação entre o candidato e seus eleitores, “A gente pensa que as redes podem garantir uma comunicação direta com o candidato, e essa é uma sensação falsa obviamente, candidatos têm uma equipe para promover essa interação e fazer com que o eleitor sinta que o candidato está falando diretamente com ele, sem nenhum tipo de mediação”.

Em resumo, as eleições no Brasil são constantemente disputadas devido a uma série de fatores complexos. A influência do poder econômico, a fragmentação do sistema político, a necessidade de reforma política e a crescente influência das redes sociais e da tecnologia são elementos que contribuem para a intensidade desse processo democrático. A compreensão desses desafios é essencial para fortalecer a democracia e buscar soluções que promovam eleições mais transparentes e representativas.

 

Esta reportagem foi produzida como atividade extensionista do curso de Jornalismo da PUC-SP.

 

Em seu próximo governo, "centrão" será peça fundamental
por
Antônio Bandeira de Melo
Gustavo Manfio
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18/11/2022 - 12h

No dia 30 de outubro de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva, Partido dos Trabalhadores (PT), foi, pela terceira vez, eleito presidente do Brasil. Com 50,9% dos votos válidos, Lula derrotou Jair Bolsonaro, Partido Liberal (PL), no 2° turno mais apertado da história. Pouco mais de 2,1 milhões de votos separaram os dois candidatos. Lula já havia ocupado o cargo duas vezes, sendo a autoridade máxima do Poder Executivo entre 2003 e 2011. Mas, este seu terceiro mandato tem uma grande diferença para os anteriores: a base de apoio ao presidente parece enfraquecida. Nos últimos anos, com a polaridade da política brasileira o antipetismo se fez forte, o que levou ao crescimento da extrema direita no Brasil. Dessa vez Lula enfrentará maiores desafios para sua governabilidade.

Oswaldo Amaral, cientista político e professor da UNICAMP, explica que a pouca diferença entre os candidatos ocorreu por dois fatores. O primeiro é uma corrida eleitoral injusta. “Muitas das regras eleitorais foram violadas ou burladas, especialmente no que se toca a gastos. Foram mais de 50 bilhões de reais gastos em poucos meses, com clara finalidade eleitoral. Então isso fez com que, mesmo com a mal avaliação do governo Bolsonaro na maior parte do tempo, as eleições fossem equilibradas. A quantidade de recursos despejadas na economia fez o atual presidente ser mais competitivo.” O segundo era o antipetismo, e o fato de serem dois concorrentes com grande rejeição.

O Congresso Nacional é órgão constitucional que exerce as funções do poder legislativo. Ele é bicameral, então, é composto por duas casas: o Senado Federal, câmara alta, e a Câmara dos Deputados, câmara baixa. O Senado é integrado por 81 senadores que representam as 27 unidades federativas. Os mandatos são de 8 anos, então a cada 4 anos se renova um ou dois terços do Senado. Para exemplificar: em 2022, foram 27 senadores eleitos, um de cada unidade federativa, ou seja, um terço do Senado foi renovado. Nas próximas eleições serão dois terços. Ao todo, cada estado é representado por 3 senadores. Para 2023, os partidos políticos com mais eleitos são: PL (13), União (12), PSD (11), MDB (10) e PT (9).

Já na Câmara dos Deputados são 513 deputados federais que representam o povo. O número de deputados federais eleitos por estado leva em consideração o tamanho de sua população. Desse modo, o limite máximo por unidade federativa é de 70 deputados, caso de São Paulo, e o mínimo é 8, caso do Acre. Seus mandatos são de 4 anos, e em cada eleição se renova toda a Câmara Baixa. Se somarmos os partidos considerados de esquerda, que tendem a apoiar Lula, são 126 eleitos, sendo 68 do PT. Em contrapartida, o partido com maior número de representantes é o PL, de seu opositor, e atual presidente, Jair Bolsonaro, com 99 representantes. União Brasil (59), PP (47), PSD (42), MDB (42) e Republicanos (41) são os outros partidos com mais representantes. Os números mostram uma governabilidade difícil para o futuro chefe de poder.

Amaral cita algumas diferenças entre o futuro mandato de Luís Inácio e seu primeiro, em 2002. “A presidência da República está mais enfraquecida na sua relação com o Parlamento. Então, antes, o presidente tinha o poder de agenda maior, o que facilitava para ele a construção das coalisões para governar. Agora, com as mudanças que aconteceram durante o governo Bolsonaro, mudanças no regimento interno da Câmara, com alterações na forma de distribuição das emendas dos parlamentares, isso deu mais poder para o presidente da casa e os parlamentares. A construção das alianças e da coalisão pós-eleitoral, que torna possível a administração do governo fica mais difícil do que quando Lula assumiu pela primeira vez.”

Andréa Freitas, cientista política e professora da UNICAMP, aponta que os atores políticos mudaram significativamente do seu primeiro mandato para agora.  “Mudaram os partidos com as maiores bancadas, na época em que foi presidente pela primeira vez, as maiores bancadas eram do PT, PSDB, PFL e PMDB. E, agora vemos o surgimento de dois atores muito fortes o PL, mais a direita, e o União Brasil, antigo PFL, repaginado em uma fusão com o PSL. Tem também o PSD, do Kassab. Do ponto de vista dos partidos políticos a variável constante é o PT, à esquerda. Embora, o União Brasil venha do antigo PFL ele passou por muitas mudanças ao longo do tempo. Não dá para dizer que é a mesma coisa de 2003.”

Ela também explica que o Congresso não é muito diferente do qual o Lula governou pela primeira vez, quando se divide entre esquerda, direita e centro. “O PT tinha grande bancada, mas os partidos de esquerda não. Vale lembrar que em seu primeiro governo, o PSOL se separa do PT, então mesmo na esquerda tinha uma oposição. De forma geral, a divisão da casa se mantém, um quarto a direita, um quarto a esquerda e dois quartos para o centro.” A professora analisa que “a direita, o PL, e talvez outros pouco pequenos partidos fiquem a oposição. O resto dos partidos de centro, nessa ideia que se convencionou de ‘centrão’, já tem declarado apoio ao Lula e a intenção de fazer parte da coalisão. No primeiro governo ele tinha oposição muito forte no PSDB e no PFL que tinham duas grandes bancadas e faziam a oposição de forma sistemática. Hoje, o União Brasil, novo PFL, com as mudanças das características, já declarou a intensão de formar coalisão com o governo. E, o PSDB declarou que pode votar favoravelmente as medidas de Lula se isso se alinhar com as preferências do partido. Então existe uma coalisão pré-montada em termos de intenções, que, claro, vai depender das negociações da composição dos gabinetes dos ministérios. Como o Lula vai distribuir os ministérios entre esses partidos vai decidir se eles vão ‘jogar juntos’ ao longo do governo.”

Em termos de formação da coalisão Freitas explica que Lula deve negociar com o mesmo número de partidos. “Além dos partidos de esquerda e da federação que ele faz parte, alguma coisa entre 7 ou 8 partidos para formar a coalisão de governo”.

Diante do cenário conturbado e da grande polarização política, Lula deu início às estratégias muito antes de seu mandato começar. Participando das eleições desde 1989 e de volta à concorrência presidencial, o candidato do PT formou a maior coligação de sua carreira política e das eleições de 2022. A aliança juntou 9 partidos políticos: PT, PV, PCdoB, PSOL, REDE, Solidariedade, Avante, Agir e PSB, partido do vice Geraldo Alckimin, o adversário principal de Lula na eleição de 2006. Além disso, para o 2º turno teve o apoio oficial dos dois principais concorrentes que ficaram pelo caminho, Simone Tebet (MDB), terceiro lugar em votos, que participou de sua campanha, e Ciro Gomes (PDT), quarto lugar em votos, que acompanhou a decisão do seu partido.

Nas eleições do segundo turno, as 27 unidades federativas se dividiram em 13 vitorias para o candidato do PT, e 14 para Bolsonaro, mesmo Lula tendo ganhado em votos absolutos, sendo que o único local onde teve alteração no resultado do primeiro para o segundo turno foi o Amapá, onde na primeira disputa Lula venceu, mas na segunda Bolsonaro saiu vencedor. Dentro dos locais onde o eleito presidente ganhou, fica muito claro sua soberania no nordeste, mas também fica a insatisfação do centro-oeste, sul e sudeste, que mostraram a preferência pelo atual presidente. Algo já tradicional, segundo a professora.

Entretanto, para Freitas, o fato de ele não ter ido bem nessas regiões não implica em menos apoio no legislativo federal. Para ela, “a preocupação é com os governadores. Mas, como estados e municípios são muito dependentes do governo federal em recursos financeiros, não deve haver uma oposição muito forte. Não no sentido que eles vão se alinhar, ou defender as propostas encabeçadas pelo presidente, mas no sentido que eles não devem ser uma oposição quando o assunto não implicar em temas caros para os próprios estados. Os governos estaduais não devem implicar na redução nas taxas de sucesso ou na capacidade de governar do Lula, pensando na relação entre executivo e legislativo. A coalisão entre os líderes partidários é mais importante.”

“A luta pelas mudanças climáticas é indissociável da luta contra a pobreza”.
por
Francisco Barreto
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17/11/2022 - 12h

 

futuro presidente discursando
Lula faz pronunciamento na COP 27 (imagem reprodução)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silvia, nesta quarta-feira, (16) discursou na 27.ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (COP 27) em Sharm El Sheikh, Egito. As declarações do próximo líder brasileiro expressaram as intenções do futuro governo: em relação às mudanças climáticas; ao modelo de produção agropecuário do país; e ao desejo de mudança das posições diplomáticas brasileiras.

A conferência ocorrida na parte da tarde com Lula foi marcada por um enorme entusiasmo das alas favoráveis ao político, como por boa parcela dos estrangeiros aqui presentes e pela imprensa. Entrar na conferência foi um esforço homérico visto a enorme multidão que se aglomerava na entrada do pavilhão. O clima esquentou quando a maioria do público, não jornalista foi barrado de entrar. A organização precária dos dirigentes da conferência decidira realizar o evento em um salão pequeno com apenas uma entrada; desta maneira, jornalistas e curiosos disputaram palmo a palmo o estreito acesso ao salão.

Lula abriu seu discurso com agradecimentos ao convite do governo egípcio e, em seguida prometeu o retorno da participação efetiva do Brasil aos assuntos de preservação ecológica e controle climático. Teceu críticas a guerra na Ucrânia e afirmou que a fortuna investida no conflito seria melhor empregada a favor do combate ao aquecimento global.

tumulto entre a imprensa e curiosos na entrada do pavilhão onde Lula discursou
Insatisfação generalizada entre o publico impedido de entrar no saguão onde o pronunciamento ocorria (imagem autoral)

O ex-presidente salientou a situação alarmante de fome no mundo e pressionou os líderes presentes de países desenvolvidos a cumprirem suas promessas feitas no passado para que as nações menos favorecidas possam enfrentar as consequências das mudanças climáticas provocadas por suas ações.

O político também aproveitou os holofotes para alfinetar o governo atual taxando-os de negacionistas climáticos. E se comprometeu a abandonar a postura diplomática isolacionista adotada pelo o atual chefe de Estado.

“Entre 2004 e 2012 reduzimos a taxa de devastação amazônica em 83%, ao mesmo tempo, o PIB agropecuário cresceu 75%”, reforçando a disposição do estadista em apaziguar os setores do agronegócio.

Em seguida foi prometido reforçar os laços com países latino-americanos e caribenhos através da realização da cúpula dos países membros do Tratado de Integração e Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CALC), respeitando a soberania dos membros signatários. Também firmou que irá retomar o compartilhamento de tecnologia e de desenvolvimento com os países africanos aliados e combaterá a fome ao nível nacional e internacional.

“Ninguém está a salvo” disse o ex-presidente, explicitando a seca recorde no território nacional e os ciclones nos EUA. “Segundo projeções da Organização Mundial da Saúde, entre 2030 e 2050 o aquecimento global poderá matar 250 mil pessoas por ano”.

Prosseguindo o discurso, Lula reafirmou a desigualdade climática que existe no planeta: “O 1% mais rico do mundo emite 70 mil toneladas per capita de CO₂ por ano, enquanto os 50% mais pobres emitem cerca de uma tonelada, segundo dados disponibilizados na COP 26.” Continuando no mesmo tema, Luís Inácio alega que: “A luta pelas mudanças climáticas é indissociável da luta contra a pobreza”.

Lula reafirma a importância da Amazônia e se compromete a lutar contra o desmatamento em seu governo: “A população Amazonense e os povos originários possuirão papel chave nesta empreitada”. O político demonstrou seu interesse em reativar o Fundo Amazônia sem abrir mão da soberania nacional. Fez questão de expressar seu desejo de que a COP 30, que ocorrerá em 2025, seja realizada em solo Amazonense.

O líder petista prometeu expandir as matrizes energéticas verdes. Além de afirmar que, em seu governo, pretende ampliar a produção agropecuária sustentável com sequestro de carbono, reafirmando que o setor do agronegócio é um importante aliado estratégico.

Foi endossada a continuidade do Acordo das Florestas entre os governos do Brasil, Indonésia e Congo firmados na primeira semana da COP 27.

Lula criticou, também, o atual funcionamento das Nações Unidas (ONU); e que a enfatizando que a organização reflete, de forma antiquada, o cenário político da Segunda Guerra Mundial, em que poucos Estados possuem relevância. Prosseguindo, redirecionou as críticas ao modo de funcionamento da Cúpula de segurança da ONU, especificamente para a política de veto, exigindo uma participação democrática e igualitária de todos os continentes nas Nações Unidas.

A manifestação foi convocada por grupos de extrema direita nas redes sociais, pede intervenção e nega resultado das urnas
por
Artur dos Santos
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02/11/2022 - 12h

Apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu as eleições no último domingo (30), convocaram manifestações em diversos quartéis militares no país para pedir intervenção militar, intervenção federal e a aplicação do artigo 142 da Constituição Federal nesta quarta-feira (2). Em São Paulo, a maior concentração foi no região do Monumento dos Bandeirantes e do Quartel General do Exército.

Desde segunda-feira (31) mensagens circulavam em grupos do Telegram convocando a presença de apoiadores na frente dos quartéis de todos os estados para que pedissem Intervenção Militar. As manifestações ocorrem em cidades de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, entre outros estados. 

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Foto encaminhada em grupos do Telegram

As manifestações conversam diretamente com os bloqueios a estradas de diferentes estados do país - que nos últimos dias foram dispersados pela Polícia Federal e por torcidas organizadas - que também discordam dos resultados das eleições.

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"Eu, particularmente, peço Intervenção Federal", diz manifestante à AGEMT
Foto: Artur dos Santos

Em entrevista à AGEMT, um manifestante afirmou que “a grande maioria não concorda com o resultado das urnas”. Segundo ele, haveria urnas que apenas computaram 200 votos durante todo o período de votação, além de cidades com 30 mil habitantes que registraram 70 mil votos. Ambas as afirmações foram desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Placa com os dizeres:"Houve fraude nas urnas, queremos o exército art. 142 (sic)"
Foto: Artur dos Santos
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Foto: Artur dos Santos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para outro manifestante, esse vestido com roupas camufladas, o Brasil teria chegado em um limite: “chegamos em um limite do Brasil virar um país comunista”. Ainda diz, em meio a estouros de fogos de artifício, que “ninguém aceita um ladrão no poder, então a gente quer todo mundo na cadeia. Todo mundo que tem culpa no cartório que fosse preso”. 

Quanto ao pronunciamento de Jair Bolsonaro feito na terça-feira (1), disse ter sido perfeito: “ele falou o que tinha que falar, quem quiser entender que entendeu. Ele tem as cartas na manga”. Durante a manifestação, a reportagem presenciou uma manifestante perguntando para um policial militar se ele estaria “do nosso lado”; a isso, o policial em questão respondeu que sim. 

 

Presidente diz que manifestações pacíficas são bem vindas e que últimas movimentações são fruto de indignação e sentimento de injustiça
por
Artur dos Santos
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01/11/2022 - 12h

Jair Messias Bolsonaro (PL) realizou nesta terça feira (1) em Brasília seu primeiro pronunciamento após derrota no segundo turno para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seu breve discurso, o atual presidente menciona “manifestações populares” e as associa com “sentimento de indignação e injustiça de como se deu o processo eleitoral”.

Também defendeu que os métodos dessas manifestações, que desde domingo (30) bloqueiam as estradas de 25 estados do país impedindo a circulação de remédios, alimentos e pessoas e questionam os resultados das eleições, “não podem ser os métodos da esquerda”. Segundo Bolsonaro, esses métodos “sempre prejudicaram a população”. O atual presidente também mencionou o surgimento da direita no país com os resultados das eleições para o senado e para a câmara, além de afirmar que nunca foi antidemocrático durante seu mandato. 

 

A estabilidade na disputa eleitoral é positiva para Lula, que segue com esperança de vencer no primeiro turno, e péssima para Bolsonaro, que não cresce; Ciro Gomes e Simone Tebet tem 7% e 5%, respectivamente
por
Henrique Alexandre
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20/09/2022 - 12h

A nova rodada da pesquisa IPEC divulgada nesta segunda-feira (20), mostra um cenário de estabilidade para a disputa eleitoral pelo Palácio do Planalto. O ex-presidente Lula (PT) segue na liderança isolada com 47%, subindo um ponto em comparação com a última pesquisa do dia 12 de setembro. Já o atual presidente Jair Bolsonaro, manteve o mesmo patamar da semana passada e tem 31%, segundo o instituto.


A nova pesquisa indica um cenário favorável para o ex-presidente Lula. Há 12 dias das eleições, o petista segue com uma quantidade alta de intenções de votos e tem a possibilidade de capturar votos uteis para confirmar a vitória no primeiro turno.

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Lula vislumbra vencer as eleições já no primeiro turno - Imagem


Já para Bolsonaro, o resultado na nova rodada péssimo, pois a cada dia que passa, menos tempo o presidente tem para diminuir a sua rejeição. Já gastou bilhões de reais com benefícios sociais para tentar aumentar seu percentual de votos com a população de classes mais baixas, entretanto, não colheu frutos suficientes para crescer. Situação preocupante para o presidente, que mantém o seu nível de desaprovação alto - 59% do eleitorado desaprova o governo Bolsonaro.

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Bolsonaro a espera de um milagre eleitoral, cada dia mais difícil



• Lula (PT): 47% (46% na pesquisa anterior, em 12 de setembro)

• Jair Bolsonaro (PL): 31% (31% na pesquisa anterior)

• Ciro Gomes (PDT): 7% (7% na pesquisa anterior)

• Simone Tebet (MDB): 5% (4% na pesquisa anterior)

VOTOS VÁLIDOS



No cenário apresentado pelo IPEC, subiu a possibilidade de Lula vencer o pleito no primeiro turno, mas está dentro da margem de erro. Segundo o Instituto, o petista tem 52% dos votos válidos, excluindo brancos e nulos. Na pesquisa anterior, a chance de vencer a disputa já no dia 02 de outubro tinha voltado timidamente, mas nesta a possibilidade voltou com mais força.

• Lula (PT): 52% (51% na pesquisa anterior, de 12 de setembro)

• Bolsonaro (PL): 34% (35% na pesquisa anterior)

• Ciro (PDT): 7% (8% na pesquisa anterior)

• Tebet (MDB): 5% (4% na pesquisa anterior)

 

TERCEIRA VIA: RISCO DE ESVAZIAMENTO



Figurinha carimbada na terceira colocação, Ciro Gomes (PDT) manteve o mesmo patamar da última pesquisa, com 7%. A estabilidade do ex-ministro pode ser presságio de um esvaziamento de suas intenções de votos. Isso porque o ex-presidente Lula vai tentar com força total a busca dos votos úteis nos dias que antecedem a eleição para conquistar a vitória no primeiro turno.

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A busca por votos úteis pode esvaziar a candidatura do ex-ministro


Simone Tebet (MDB) subiu um ponto e agora tem 5%. A candidata segue correndo atrás para passar de Ciro Gomes. Se acontecer isso, vai ser uma vitória para o MDB, pois o partido nunca chegou em 3° colocado em uma disputa para presidente.

 

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A candidata do MDB tem a esperança de ser a terceira colocada no pleito de 2022 - Imagem: SERGIO LIMA/AFP/Getty Images



2º TURNO
 

Em um cenário de 2° turno, Luiz Inácio Lula da Silva segue na dianteira com 54% das intenções de votos contra 35% de Jair Bolsonaro. Em relação à pesquisa anterior, Lula oscilou um ponto para cima, enquanto Jair Bolsonaro diminuiu um ponto.

• Lula (PT): 54% (53% na pesquisa anterior, de 12 de setembro)

• Bolsonaro (PL): 35% (36% na pesquisa anterior)

 
A pesquisa ouviu 3.008 pessoas entre os dias 17 e 18 de setembro em 181 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-00073/2022.

A candidatura de Lula reúne oito ex-presidenciáveis em demonstração ainda mais clara de uma Frente Ampla
por
Henrique Alexandre
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19/09/2022 - 12h

Há 13 dias do primeiro turno das eleições de 2022, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, reuniu, nesta segunda-feira (19), oito ex-candidatos a presidência da República em evento em São Paulo. As presenças de Guilherme Boulos (PSOL), Luciana Genro (PSOL), Cristovam Buarque (Cidadania), Marina (Rede), Geraldo Alckmin (PSB), Fernando Haddad (PT), Henrique Meirelles (União Brasil) e João Goulart Filho (PCdoB) mostra o objetivo da chapa de Lula de encerrar as eleições para presidente já na primeira etapa, em 02 de outubro. 

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A reunião de ex-candidatos à presidência da República mostra o desejo de Lula e Alckmin vencer o pleito no primeiro turno - Imagem: Cristiane Agostine
 

A reunião dos ex-presidenciáveis coloca em prática o que Lula vem dizendo há meses, de que para derrotar Jair Bolsonaro, é necessário a formação de uma Frente Ampla pela Democracia. Um vislumbre dessa movimentação já tinha sido feito com a incorporação de Geraldo Alckmin (PSB) para vice de sua chapa. Rivais históricos, hoje ambos se uniram na chapa petista. Porém, a iniciativa por uma Frente Ampla ganhou força com o apoio de Henrique Meirelles (MDB), político de centro-direita, e de Marina Silva (Rede), que tinha fortes divergências com Lula desde a época que saiu do governo do petista, em 2008. 

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Candidato pelo MDB em 2018, Henrique Meirelles também declarou voto ao ex-presidente Lula - Imagem: André Ribeiro/Futura Press/Estadão Conteúdo

Com 48% dos votos válidos, segundo a pesquisa Datafolha de 16 de setembro, o candidato do PT tem margem para vencer o pleito no primeiro final de semana de outubro. A busca pelo voto útil, principalmente de eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), torna ainda mais imprescindível a reunião dos ex-presidenciáveis para eleição do petista.

Durante o evento, Lula bateu na tecla que o gesto dos ex-presidenciáveis é um apoio à democracia, que vem sendo atacada pelo atual presidente Jair Bolsonaro. 

"O que vocês estão fazendo com o gesto de hoje é assumindo um compromisso, mas não é um compromisso com o Lula - é um compromisso que esse país vai voltar a viver democraticamente. As pessoas vão voltar a conviver democraticamente nesse país. Não é o Presidente da República e sua assessoria que diz o que é bom para a sociedade."

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Lula conseguiu reunir uma Frente Ampla contra Jair Bolsonaro 

A proposta da Frente Ampla fica ainda mais clara pela fala do candidato a vice-presidência, Geraldo Alckmin (PSB). Segundo o ex-governador de São Paulo, é necessário deixar as diferenças de lado e pensar no Brasil. 

"(Antes) tínhamos projetos diferentes para o Brasil, mas sempre tivemos como único projeto, uma pedra basilar, a democracia"

Rodrigo Garcia foi o grande alvo da noite, sendo vinculado ao seu antecessor, João Dória (PSDB), e questionado sobre obras paradas, além do esquema de corrupção de seu irmão Marco Aurélio Garcia.
por
Laura Mafra Boechat
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17/09/2022 - 12h

Os candidatos ao governo do estado de São Paulo Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Rodrigo Garcia (PSDB), Elvis Cezar (PDT) e Vinicius Poit (Novo) compareceram ao debate organizado pela TV Cultura, Folha de S. Paulo e UOL no Memorial da América Latina. Os mediadores foram os jornalistas Leão Serva e Fabíola Cidral. 

 

Ao contrário de seus respectivos candidatos à presidência, Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas, que atuaram juntos no governo de Dilma Rousseff (PT), não protagonizaram grandes confrontos entre si. Os dois candidatos, que representam primeiro e segundo lugares nas pesquisas eleitorais para o governo do estado, destinaram as perguntas mais quentes ao terceiro colocado, Rodrigo Garcia. 

 

O atual governador de São Paulo recebeu, durante o primeiro bloco, duras críticas sobre temas referentes ao governo de João Doria (PSDB), como os aumentos dos impostos, os mais de 1 milhão de procedimentos aguardando agendamento na área da saúde e obras inacabadas. Demonstrando ter sentido a pressão dos oponentes, Garcia comentou durante o segundo bloco "eu sou governador, é natural que o governo seja vidraça dos adversários, mas eles só falam mal de São Paulo. Aqui ninguém reconhece absolutamente nada". Em seguida, citou feitos como o valor do Poupatempo e os Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs).

 

Em tentativa de se desvincular da imagem negativa do governo Doria, Garcia afirma: "Eu não falo de Bolsonaro, não falo de João Doria, não falo de candidatos porque eu não tenho padrinho político". 

 

Haddad rebateu o tucano, afirmando que "todo mundo tem padrinho". "O Rodrigo se esquece de que o Kassab foi padrinho dele, fez dobrada com ele. Ele serviu ao governo Kassab aqui na Prefeitura. Foi também do governo Pitta, foi secretário do Pitta. Rompeu com o Covas, brigou com o Covas, foi demitido, fez campanha para o Pitta e foi secretário do Pitta, foi secretário do Doria. Não é justo ele falar "sou vice, assumi há cinco meses". Ele foi secretário do Doria. A maior parte dessas maldades aconteceu na secretaria dele", comentou o petista.

 

No terceiro bloco, Garcia foi questionado pelo jornalista Thiago Herdy sobre os esquemas de corrupção de seu irmão, Marco Aurélio Garcia, condenado à prisão após ser apontado como operador de lavagem de dinheiro para integrantes da "máfia do ISS" na Prefeitura de São Paulo. O grupo teria desviado cerca de R$500 milhões de reais. Ainda buscando se desassociar das imagens negativas, Rodrigo comentou que "ninguém é responsável por irmão, ninguém é responsável por ninguém. Nós somos responsáveis pelos nossos atos. Se ele fez algo de errado, ele que pague. Eu respondo pelos meus atos". 

 

Haddad comentou a fala de Garcia, alegando que "você responde pelo que você comete [...]. Mas o que o jornalista perguntou é que você estava a poucos metros da sala onde o seu irmão agia criminosamente [...]. São poucos metros, você atravessava uma rua, e o teu irmão já estava lá fazendo as maracutaias com uma máfia de uma dúzia de fiscais que desviou meio bilhão de reais".

 

Garcia aproveitou o comentário do ex-prefeito de São Paulo para tecer críticas ao governo do PT. "Haddad, é a mesma coisa de eu dizer para você que você tinha que ter cuidado do erário público quando você foi ministro do Lula. O Mensalão começou no governo que você participou", pontuou o tucano.

 

Já Tarcísio de Freitas levantou a questão das obras paralisadas no governo do PSDB, convidando o eleitor a checar as 845 construções paradas no site do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. "21 bilhões já foram gastos nessas obras. Tem de tudo lá: creche, obras de infraestrutura, ponte, hospital. Tem obras icônicas, como a famosa Linha 17, a eterna obra do ano que vem, e o Rodoanel de São Paulo", comentou o candidato do Republicanos.

 

Mesmo estando na mira dos dois candidatos com mais intenções de voto, os efeitos do debate não se mostraram de todo negativos para Garcia. Segundo o último Datafolha, o atual governador voltou a empatar tecnicamente com Tarcísio de Freitas, com 19% e 22%, respectivamente. No último levantamento, Rodrigo Garcia aparecia com 15% das intenções de voto, enquanto o apoiado por Jair Bolsonaro tinha 21%.

 

 

Soldado do capitão

Apesar de Rodrigo Garcia ter sido o alvo da noite, Tarcísio de Freitas também marcou a mesma por deslizes. Além de um integrante de sua comitiva atacar a jornalista Vera Magalhães, o candidato respondeu de maneira equivocada à pergunta de Fernando Haddad sobre a conduta do governo federal em relação às vacinas na pandemia.

 

Segundo Freitas, "o Governo Federal assinou o primeiro contrato para a compra das vacinas para o Covid em agosto de 2020, quando a vacina ainda não era uma realidade. A gente ainda não sabia se ela ia ser desenvolvida, se ela ia ter eficácia [...]. O brasileiro podia escolher que vacina ia tomar, porque houve uma estratégia de diversificação de imunizantes [...]. Nosso case de vacinação foi um sucesso ao redor do mundo". 

 

No entanto, segundo o relatório final da CPI da Covid, apesar das negociações com Astrazeneca e a Universidade de Oxford, o governo federal rejeitou por três vezes ofertas de 70 milhões de doses de Pfizer que poderiam ter sido entregues em dezembro de 2020. O contrato com a empresa foi fechado apenas em março de 2021, sete meses após a primeira oferta, que demandava prazo de resposta no período de 15 dias e foi ignorada pelo governo.

 

Ainda no tema dos imunizantes, o aliado de Jair Bolsonaro (PL) defendeu a não obrigatoriedade da vacinação em território brasileiro: "a vacina nunca foi obrigatória, ninguém tirou uma pessoa de casa para se vacinar, mas graças a essas campanhas nós atingimos mais de 90% de cobertura vacinal, servindo de exemplo para o mundo". 

 

Assim como Garcia, Tarcísio buscou se distanciar da imagem do seu representante à presidência. Vinicius Poit alfinetou Freitas sobre sua relação com Bolsonaro: "Tarcísio, São Paulo não pode ser palanque eleitoral para nenhuma outra eleição. Como você acabou de responder, você foi conduzido e é conduzido pelo presidente Bolsonaro, foi conduzido para chegar aqui. São Paulo não pode ser conduzido", afirmou o candidato do partido Novo.

 

Em resposta, Tarcísio afirmou que seu governo será feito a partir de São Paulo, não de Brasília. "São Paulo não vai ser conduzido, vai conduzir, como é o seu lema, como sempre foi [...]. É bom ter o alinhamento com o Governo Federal, mas, no final das contas, quem vai conduzir o estado de São Paulo será o novo governador, e o novo governador serei eu", retrucou.

 

E as UPAs?

Rodrigo Garcia não foi o único cobrado por suas ações no governo. Reagindo aos ataques, o governador do estado questionou Fernando Haddad sobre seus feitos enquanto prefeito do município, de 2013 a 2016. "Você prometeu 25 UPAs, entregou apenas três, prometeu hospital, acabou não entregando, deixou um esqueleto de obras na saúde, e a maior fila da saúde de São Paulo. Tiveram até que fazer o corujão da saúde para fazer exame em mais de 700 mil pessoas aqui na cidade", apontou Garcia.

 

Haddad não contrariou as acusações de Rodrigo Garcia, mas mencionou em sua tréplica os Corujões: "esse Corujão da Saúde foi uma farsa, que nem existe mais. Ninguém mais nem fala. Mas os meus hospitais-dia estão aí, firmes e fortes, atendendo a população; e vou levar 70 para o interior para fazer o trabalho que você não fez".

 

Em 2013, quando assumiu a Prefeitura de São Paulo, Haddad prometeu a reforma de 20 prontos-socorros utilizando o modelo conceitual da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e 5 novas UPAs. Destas, foram entregues 3 e 12 foram reformadas. 

 

"Governo só no nosso?"

O candidato Elvis Cezar arrancou risadas da plateia com uma pergunta dirigida a Rodrigo Garcia. O PDTista questionou o papel do Estado em um cenário como o pós-covid e a conduta da gestão João Dória (PSDB) em São Paulo, da qual Garcia era vice. Levantando o aumento de impostos e o valor de 54 bilhões no caixa, Cezar debochou questionando o atual governador: "qual modelo do seu governo? É só no nosso?", tirando risadas até mesmo do candidato tucano.

 

 

Bastidores

Apesar do clima amigável entre os candidatos, a platéia presente não seguiu pelo mesmo caminho. Ao subir no púlpito, Rodrigo Garcia foi recebido com vaias pelo comitê do candidato Elvis Cezar. A equipe do PDTista também gritou que "vice é sempre vice" e chamou o atual governador de São Paulo de filhote de Dória.

 

Plateia do debate foi composta por equipes dos candidatos e jornalistas

 

A bagunça na plateia não foi composta apenas por ofensas. Os comitês de Elvis Cezar, Vinicius Poit e Rodrigo Garcia ovacionaram continuamente seus respectivos candidatos a cada resposta. O apresentador do debate e diretor de jornalismo da TV Cultura Leão Serva pediu inúmeras vezes antes do início da transmissão que as equipes dos candidatos evitassem barulhos e aplausos para seus candidatos. Serva foi ignorado pelos comitês, que continuaram com os aplausos mesmo durante o debate, obrigando o apresentador a chamar a atenção ao vivo.

 

Em dado momento, houve um embate direto entre Rodrigo Garcia e Fernando Haddad sobre o caso de corrupção envolvendo o irmão do tucano, Marco Aurélio Garcia. Ao mencionar os escândalos de corrupção no período do governo Lula, a equipe do governador paulista aplaudiu energeticamente. Os petistas presentes pediram silêncio e, em meio a algazarra, ouviram como resposta um "vai tomar no c*, para de pedir silêncio" vindo do fundo da platéia.

A disputa pelo Palácio dos Bandeirantes tem Tarcísio de Freitas e Rodrigo Garcia empatados tecnicamente; Haddad aguarda a definição de seu adversário no 2° turno
por
Henrique Alexandre
|
15/09/2022 - 12h

O Instituto Datafolha divulgou nesta quinta feira (15) mais uma pesquisa eleitoral para o governo de São Paulo.  Fernando Haddad (PT) segue na liderança das intenções de votos com 36%, um aumento de 1% em relação a pesquisa de 01 de setembro. O candidato do PT também viu seus adversários crescerem na nova pesquisa. Tarcísio de Freitas (Republicanos) também subiu um ponto e agora tem 22%, já Rodrigo Garcia (PSDB), teve um acréscimo além da margem de erro e agora tem 19%, encostando no candidato de Bolsonaro.

  • Fernando Haddad (PT): 36% (na pesquisa anterior, de 01/9, estava com 35%)
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos): 22% (21% na pesquisa anterior)
  • Rodrigo Garcia(PSDB): 19% (15% na pesquisa anterior)

 

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RODRIGO GARCIA: UM SOPRO DE ESPERANÇA

O novo cenário apresentado pela pesquisa mostra um empate técnico entre Tarcísio e Rodrigo Garcia. O candidato do PSDB vem colhendo os frutos de sua maior exposição no horário eleitoral e o conhecimento dos paulistas sobre o seu trabalho. Garcia vem investindo fortemente na estratégia de se apresentar como atual governador do estado e afirmar que é um candidato de centro, que tenta fugir da polarização que acontece nacionalmente. A subida além da margem de erro mostra que o trabalho do peessedebista e a utilização da máquina do estado vem rendendo frutos. 

 

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Rodrigo Garcia já enxerga a possibilidade de ir ao 2° turno - Reprodução: Governo do Estado de São Paulo

 

TARCÍSIO GARCIA: PERIGO À VISTA

Para Tarcísio de Freitas, a nova pesquisa não é uma boa notícia. Isso porque o candidato de Jair Bolsonaro vê Garcia encostar na sua porcentagem de votos e ameaçar a sua ida para o segundo turno contra Fernando Haddad. O candidato do Republicanos, que teve um bom desempenho no debate da TV Cultura na última terça-feira, sofreu com um dos seus aliados, o deputado estadual Douglas Garcia, atacar covardemente a jornalista Vera Magalhães no final do evento e ter a repercussão negativa respingar no seu desempenho. Com a máquina do estado nas mãos de Rodrigo Garcia e a herança maldita da rejeição de seu tutor Jair Bolsonaro e sua trupe truculenta, a nova pesquisa mostra uma ameaça iminente de Tarcísio não ir ao segundo turno. 

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Embora ainda esteja à frente do candidato do PSDB, Tarcísio de Freitas (PSDB) pode encarar com preocupação a nova pesquisa Datafolha - Reprodução: Rafaela Felicciano/Metrópoles

SEGUNDO TURNO

 

A pesquisa Datafolha também mostrou cenários de 2° turno para o governo de São Paulo. Em uma eventual disputa entre Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas, o petista aparece com 53% das intenções de votos, contra 36% do candidato de Republicanos. A diferença entre os candidatos aumentou para 18% por conta da subida acima da margem de erro de Fernando Haddad.

  • Fernando Haddad (PT): 54% (na pesquisa anterior, de 01/9, estava com 51%)
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos): 36% (36% na pesquisa anterior)
  • Brancos e nulos: 8% (9% na pesquisa anterior)
  • Não sabe: 2% (3% na pesquisa anterior)
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Já em um cenário de 2° turno entre Fernando Haddad e Rodrigo Garcia, o candidato do PT segue na dianteira com 47% das intenções de votos, mas vê sua vantagem diminuir. O atual governador agora tem 41%, uma diferença de 6 pontos percentuais. 

 

  • Fernando Haddad (PT): 47% (na pesquisa anterior de 01/9, estava com 48%)
  • Rodrigo Garcia(PSDB): 41% (38% na pesquisa anterior)
  • Brancos e nulos: 11% (14% na pesquisa anterior)
  • Não sabe: 3% (4% na pesquisa anterior)
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O Datafolha ouviu 1.808 pessoas entre os dias 13 de agosto e 15 de setembro em 74 municípios paulistas. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-06078/2022.

O autor do ataque, o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos), foi retirado do evento por seguranças
por
Laura Mafra Boechat
|
14/09/2022 - 12h

 O final do debate para o governo de São Paulo realizado pela TV Cultura, Folha de S. Paulo e UOL foi marcado por mais um ataque contra a imprensa. A vítima mais uma vez foi a jornalista Vera Magalhães que sofreu insultos desrespeitosos do deputado estadual Douglas Garcia (Republicano), convidado do candidato ao governo paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos).

 

Ao fim do debate, a jornalista se encontrava na primeira fileira destinada à imprensa quando Garcia se retirou de seu assento, ao lado direito da plateia. O deputado começou a filmar Magalhães, emitindo ofensas como "vergonha para o jornalismo brasileiro" e comentando sobre o valor do contrato da jornalista com a TV Cultura. 

 

Com o clima acalorado, Leão Serva, diretor de jornalismo da TV Cultura e chefe de Vera, tomou o celular da mão do deputado e o arremessou. Garcia foi escoltado para fora do evento pela segurança.

 

 

Pedido de desculpas… a Tarcísio de Freitas

Douglas Garcia comentou o caso no Instagram na manhã desta quarta-feira (14). Em um vídeo curto, o parlamentar conta: "não me arrependo de absolutamente nada que eu fiz hoje. Se é pra eu pedir desculpas pra alguém, não é pra jornalista nenhum não. Tenho que pedir desculpas pro Tarcísio".

 

Desabafo 

Em suas redes sociais, Vera Magalhães postou um vídeo sobre o ocorrido. Na postagem, a jornalista relata que precisou sair escoltada do Memorial da América Latina, onde aconteceu o debate. Além disso, desmentiu as acusações sobre seu contrato expressas por Garcia, que afirmou que Vera recebia 500 mil reais anuais pela TV Cultura. Acrescentou, ainda, um apelo pela liberdade de imprensa: “O brasil é uma democracia. uma democracia pressupõe imprensa livre”.

 

Vera afirma que prestou boletim de ocorrência contra o parlamentar. 

 

Histórico de ataques a jornalistas mulheres 

Esta não é a primeira vez que a base bolsonarista hostiliza jornalistas. No debate presidencial da TV Bandeirantes, ocorrido em 28 de agosto, Jair Bolsonaro também se referiu à Vera Magalhães como "vergonha para o jornalismo", frase reproduzida pelo seu apoiador Douglas Garcia.

 

Magalhães não foi a única vítima dos ataques à imprensa por parte do Presidente da República. Em 2021, Bolsonaro foi condenado pela justiça por usar o jargão jornalístico "furo" com conotação sexual ao mencionar Patrícia Campos Melo. "Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim", afirmou o presidente em meio a risos. Na ocasião, Bolsonaro foi multado em R$35 mil pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). 

 

Em abril deste ano, Eduardo Bolsonaro (PL) debochou da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão ditadura militar. Pelo Twitter, o deputado federal respondeu a uma publicação da jornalista dizendo "Ainda com pena da (emoji de cobra)...". Leitão já relatou que, quando foi presa durante a ditadura, foi torturada e presa junto a uma jiboia em uma sala escura. 

  Candidatos repudiam desacato nas redes 

Perante a hostilização do deputado do Republicanos, os candidatos ao governo de São Paulo, incluindo Tarcísio de Freitas, repudiaram a atitude nas redes sociais.