Professora de Ciências Sociais aponta a polarização intensificada como motivo da última eleição brasileira ter sido a mais acirrada da história
por
Pedro Rossetti
Gabriel Ferro
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18/09/2023 - 12h

As eleições no Brasil são, muitas vezes, um espetáculo de intensidade política e competição acirrada. Em 2022, a disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro pela Presidência da República se tornou a mais parelha e toda história democrática brasileira, com menos de dois pontos percentuais de votos, onde o candidato do PT foi eleito com 50,90% contra 49,10% do então presidente, com 99,96% das urnas apuradas em todo o país.

Desde a redemocratização em 1988, apenas 6 eleições haviam chegado ao segundo turno, sendo a primeira de 1989 e as últimas cinco que vão de 2002 até 2018. Analisando a diferença entre os percentuais dos candidatos é possível ver que não há muita discrepância entre eles, porém, cada vez mais, o país passou a se dividir e formar disputas muito acirradas pelo cargo de poder mais alto do país.

Lula e Bolsonaro em debate durante as eleições de 2022. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Lula e Bolsonaro em debate durante as eleições de 2022. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Para entendermos como o Brasil passou a separar se em partidos políticos, Rose Segurado, Professora de Ciências Sociais da PUC-SP, compartilhou em entrevista com a Agemt, alguns insights valiosos sobre os fatores que alimentam essa disputa eleitoral apaixonante, destacando o peso do poder econômico, a influência das elites políticas e os desafios inerentes a um sistema político diversificado.

Conforme Segurado afirma, “A influência das eleições depende do contexto e da conjuntura política do momento, variando ao longo do período eleitoral. No entanto, um fator crucial que sempre se destaca é o poder econômico. Os interesses do capital e das elites políticas estão constantemente presentes e influenciam os resultados à medida que financiam e investem em candidatos alinhados com seus projetos políticos.”. É inegável que o poder econômico desempenha um papel significativo nas eleições, conferindo vantagens consideráveis a candidatos apoiados financeiramente pelas elites. Esta influência não apenas molda a agenda política, mas também exerce impacto nas escolhas dos eleitores.

Outro ponto de destaque feito pela especialista é a complexa paisagem partidária do Brasil: “Atualmente, contamos com uma miríade de partidos políticos, chegando a cerca de 35. Muitos destes partidos têm abordagens fisiológicas, priorizando a manutenção de determinados grupos no poder ou servindo como apoio, especialmente os chamados ‘partidos nanicos’,” A fragmentação do sistema político brasileiro pode tornar a escolha dos eleitores uma tarefa desafiadora, já que muitos partidos têm agendas pouco claras e frequentemente buscam alianças com as principais forças políticas em busca de poder e recursos. O resultado é uma falta de clareza sobre as opções disponíveis.

A professora enfatiza que embora haja evoluções ao longo do tempo, as raízes dos desafios eleitorais persistem. Ela destaca, com urgência, a necessidade de uma reforma política abrangente no Brasil para abordar essas questões estruturais, porém existe um empecilho: “Claro que nós temos mudanças ao longo do tempo, mas não muda substancialmente, a raiz das questões continua as mesmas. É muito difícil fazer uma reforma política radical, porque quem vota por essa reforma são os próprios parlamentares, então, evidentemente, como eles querem a perpetuação de um dado jogo político, eles não têm interesses em mudanças que sejam mais substanciais.”

            Por fim, uma questão que tem sido pauta em diversas áreas na atualidade é o avanço tecnológico e principalmente, as redes sociais. Não é apenas no Brasil que as eleições passaram a ter uma divisão muito grande de opinião popular, Estados Unidos, Angola e Israel, por exemplo, tiveram suas últimas eleições marcadas pelos detalhes nos números de votos, que se tornaram as mais acirradas de suas histórias democráticas.

Rose buscou destacar essa influência da internet na última eleição, especialmente destacando a propagação de Fake News, “Pela influência das redes sociais, as campanhas se tornam mais pulverizadas e com usos tecnológicos, algorítmicos e muito dinheiro, financiam algumas candidaturas ou distribuem fake news e desinformação pelas redes para afetar adversários políticos dessa tal candidatura. Isso vem contaminando muito o processo eleitoral, sobretudo nos últimos anos e as pessoas acabam escolhendo muitas vezes um candidato ou partido com base em um conjunto de mentiras e informações que não tem base nos fatos, então, esse é um problema muito grande para a democracia representativa na atualidade”. Além disso, completa com a questão da falsa sensação de ligação entre o candidato e seus eleitores, “A gente pensa que as redes podem garantir uma comunicação direta com o candidato, e essa é uma sensação falsa obviamente, candidatos têm uma equipe para promover essa interação e fazer com que o eleitor sinta que o candidato está falando diretamente com ele, sem nenhum tipo de mediação”.

Em resumo, as eleições no Brasil são constantemente disputadas devido a uma série de fatores complexos. A influência do poder econômico, a fragmentação do sistema político, a necessidade de reforma política e a crescente influência das redes sociais e da tecnologia são elementos que contribuem para a intensidade desse processo democrático. A compreensão desses desafios é essencial para fortalecer a democracia e buscar soluções que promovam eleições mais transparentes e representativas.

 

Esta reportagem foi produzida como atividade extensionista do curso de Jornalismo da PUC-SP.

 

Em seu próximo governo, "centrão" será peça fundamental
por
Antônio Bandeira de Melo
Gustavo Manfio
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18/11/2022 - 12h

No dia 30 de outubro de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva, Partido dos Trabalhadores (PT), foi, pela terceira vez, eleito presidente do Brasil. Com 50,9% dos votos válidos, Lula derrotou Jair Bolsonaro, Partido Liberal (PL), no 2° turno mais apertado da história. Pouco mais de 2,1 milhões de votos separaram os dois candidatos. Lula já havia ocupado o cargo duas vezes, sendo a autoridade máxima do Poder Executivo entre 2003 e 2011. Mas, este seu terceiro mandato tem uma grande diferença para os anteriores: a base de apoio ao presidente parece enfraquecida. Nos últimos anos, com a polaridade da política brasileira o antipetismo se fez forte, o que levou ao crescimento da extrema direita no Brasil. Dessa vez Lula enfrentará maiores desafios para sua governabilidade.

Oswaldo Amaral, cientista político e professor da UNICAMP, explica que a pouca diferença entre os candidatos ocorreu por dois fatores. O primeiro é uma corrida eleitoral injusta. “Muitas das regras eleitorais foram violadas ou burladas, especialmente no que se toca a gastos. Foram mais de 50 bilhões de reais gastos em poucos meses, com clara finalidade eleitoral. Então isso fez com que, mesmo com a mal avaliação do governo Bolsonaro na maior parte do tempo, as eleições fossem equilibradas. A quantidade de recursos despejadas na economia fez o atual presidente ser mais competitivo.” O segundo era o antipetismo, e o fato de serem dois concorrentes com grande rejeição.

O Congresso Nacional é órgão constitucional que exerce as funções do poder legislativo. Ele é bicameral, então, é composto por duas casas: o Senado Federal, câmara alta, e a Câmara dos Deputados, câmara baixa. O Senado é integrado por 81 senadores que representam as 27 unidades federativas. Os mandatos são de 8 anos, então a cada 4 anos se renova um ou dois terços do Senado. Para exemplificar: em 2022, foram 27 senadores eleitos, um de cada unidade federativa, ou seja, um terço do Senado foi renovado. Nas próximas eleições serão dois terços. Ao todo, cada estado é representado por 3 senadores. Para 2023, os partidos políticos com mais eleitos são: PL (13), União (12), PSD (11), MDB (10) e PT (9).

Já na Câmara dos Deputados são 513 deputados federais que representam o povo. O número de deputados federais eleitos por estado leva em consideração o tamanho de sua população. Desse modo, o limite máximo por unidade federativa é de 70 deputados, caso de São Paulo, e o mínimo é 8, caso do Acre. Seus mandatos são de 4 anos, e em cada eleição se renova toda a Câmara Baixa. Se somarmos os partidos considerados de esquerda, que tendem a apoiar Lula, são 126 eleitos, sendo 68 do PT. Em contrapartida, o partido com maior número de representantes é o PL, de seu opositor, e atual presidente, Jair Bolsonaro, com 99 representantes. União Brasil (59), PP (47), PSD (42), MDB (42) e Republicanos (41) são os outros partidos com mais representantes. Os números mostram uma governabilidade difícil para o futuro chefe de poder.

Amaral cita algumas diferenças entre o futuro mandato de Luís Inácio e seu primeiro, em 2002. “A presidência da República está mais enfraquecida na sua relação com o Parlamento. Então, antes, o presidente tinha o poder de agenda maior, o que facilitava para ele a construção das coalisões para governar. Agora, com as mudanças que aconteceram durante o governo Bolsonaro, mudanças no regimento interno da Câmara, com alterações na forma de distribuição das emendas dos parlamentares, isso deu mais poder para o presidente da casa e os parlamentares. A construção das alianças e da coalisão pós-eleitoral, que torna possível a administração do governo fica mais difícil do que quando Lula assumiu pela primeira vez.”

Andréa Freitas, cientista política e professora da UNICAMP, aponta que os atores políticos mudaram significativamente do seu primeiro mandato para agora.  “Mudaram os partidos com as maiores bancadas, na época em que foi presidente pela primeira vez, as maiores bancadas eram do PT, PSDB, PFL e PMDB. E, agora vemos o surgimento de dois atores muito fortes o PL, mais a direita, e o União Brasil, antigo PFL, repaginado em uma fusão com o PSL. Tem também o PSD, do Kassab. Do ponto de vista dos partidos políticos a variável constante é o PT, à esquerda. Embora, o União Brasil venha do antigo PFL ele passou por muitas mudanças ao longo do tempo. Não dá para dizer que é a mesma coisa de 2003.”

Ela também explica que o Congresso não é muito diferente do qual o Lula governou pela primeira vez, quando se divide entre esquerda, direita e centro. “O PT tinha grande bancada, mas os partidos de esquerda não. Vale lembrar que em seu primeiro governo, o PSOL se separa do PT, então mesmo na esquerda tinha uma oposição. De forma geral, a divisão da casa se mantém, um quarto a direita, um quarto a esquerda e dois quartos para o centro.” A professora analisa que “a direita, o PL, e talvez outros pouco pequenos partidos fiquem a oposição. O resto dos partidos de centro, nessa ideia que se convencionou de ‘centrão’, já tem declarado apoio ao Lula e a intenção de fazer parte da coalisão. No primeiro governo ele tinha oposição muito forte no PSDB e no PFL que tinham duas grandes bancadas e faziam a oposição de forma sistemática. Hoje, o União Brasil, novo PFL, com as mudanças das características, já declarou a intensão de formar coalisão com o governo. E, o PSDB declarou que pode votar favoravelmente as medidas de Lula se isso se alinhar com as preferências do partido. Então existe uma coalisão pré-montada em termos de intenções, que, claro, vai depender das negociações da composição dos gabinetes dos ministérios. Como o Lula vai distribuir os ministérios entre esses partidos vai decidir se eles vão ‘jogar juntos’ ao longo do governo.”

Em termos de formação da coalisão Freitas explica que Lula deve negociar com o mesmo número de partidos. “Além dos partidos de esquerda e da federação que ele faz parte, alguma coisa entre 7 ou 8 partidos para formar a coalisão de governo”.

Diante do cenário conturbado e da grande polarização política, Lula deu início às estratégias muito antes de seu mandato começar. Participando das eleições desde 1989 e de volta à concorrência presidencial, o candidato do PT formou a maior coligação de sua carreira política e das eleições de 2022. A aliança juntou 9 partidos políticos: PT, PV, PCdoB, PSOL, REDE, Solidariedade, Avante, Agir e PSB, partido do vice Geraldo Alckimin, o adversário principal de Lula na eleição de 2006. Além disso, para o 2º turno teve o apoio oficial dos dois principais concorrentes que ficaram pelo caminho, Simone Tebet (MDB), terceiro lugar em votos, que participou de sua campanha, e Ciro Gomes (PDT), quarto lugar em votos, que acompanhou a decisão do seu partido.

Nas eleições do segundo turno, as 27 unidades federativas se dividiram em 13 vitorias para o candidato do PT, e 14 para Bolsonaro, mesmo Lula tendo ganhado em votos absolutos, sendo que o único local onde teve alteração no resultado do primeiro para o segundo turno foi o Amapá, onde na primeira disputa Lula venceu, mas na segunda Bolsonaro saiu vencedor. Dentro dos locais onde o eleito presidente ganhou, fica muito claro sua soberania no nordeste, mas também fica a insatisfação do centro-oeste, sul e sudeste, que mostraram a preferência pelo atual presidente. Algo já tradicional, segundo a professora.

Entretanto, para Freitas, o fato de ele não ter ido bem nessas regiões não implica em menos apoio no legislativo federal. Para ela, “a preocupação é com os governadores. Mas, como estados e municípios são muito dependentes do governo federal em recursos financeiros, não deve haver uma oposição muito forte. Não no sentido que eles vão se alinhar, ou defender as propostas encabeçadas pelo presidente, mas no sentido que eles não devem ser uma oposição quando o assunto não implicar em temas caros para os próprios estados. Os governos estaduais não devem implicar na redução nas taxas de sucesso ou na capacidade de governar do Lula, pensando na relação entre executivo e legislativo. A coalisão entre os líderes partidários é mais importante.”

“A luta pelas mudanças climáticas é indissociável da luta contra a pobreza”.
por
Francisco Barreto
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17/11/2022 - 12h

 

futuro presidente discursando
Lula faz pronunciamento na COP 27 (imagem reprodução)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silvia, nesta quarta-feira, (16) discursou na 27.ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (COP 27) em Sharm El Sheikh, Egito. As declarações do próximo líder brasileiro expressaram as intenções do futuro governo: em relação às mudanças climáticas; ao modelo de produção agropecuário do país; e ao desejo de mudança das posições diplomáticas brasileiras.

A conferência ocorrida na parte da tarde com Lula foi marcada por um enorme entusiasmo das alas favoráveis ao político, como por boa parcela dos estrangeiros aqui presentes e pela imprensa. Entrar na conferência foi um esforço homérico visto a enorme multidão que se aglomerava na entrada do pavilhão. O clima esquentou quando a maioria do público, não jornalista foi barrado de entrar. A organização precária dos dirigentes da conferência decidira realizar o evento em um salão pequeno com apenas uma entrada; desta maneira, jornalistas e curiosos disputaram palmo a palmo o estreito acesso ao salão.

Lula abriu seu discurso com agradecimentos ao convite do governo egípcio e, em seguida prometeu o retorno da participação efetiva do Brasil aos assuntos de preservação ecológica e controle climático. Teceu críticas a guerra na Ucrânia e afirmou que a fortuna investida no conflito seria melhor empregada a favor do combate ao aquecimento global.

tumulto entre a imprensa e curiosos na entrada do pavilhão onde Lula discursou
Insatisfação generalizada entre o publico impedido de entrar no saguão onde o pronunciamento ocorria (imagem autoral)

O ex-presidente salientou a situação alarmante de fome no mundo e pressionou os líderes presentes de países desenvolvidos a cumprirem suas promessas feitas no passado para que as nações menos favorecidas possam enfrentar as consequências das mudanças climáticas provocadas por suas ações.

O político também aproveitou os holofotes para alfinetar o governo atual taxando-os de negacionistas climáticos. E se comprometeu a abandonar a postura diplomática isolacionista adotada pelo o atual chefe de Estado.

“Entre 2004 e 2012 reduzimos a taxa de devastação amazônica em 83%, ao mesmo tempo, o PIB agropecuário cresceu 75%”, reforçando a disposição do estadista em apaziguar os setores do agronegócio.

Em seguida foi prometido reforçar os laços com países latino-americanos e caribenhos através da realização da cúpula dos países membros do Tratado de Integração e Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CALC), respeitando a soberania dos membros signatários. Também firmou que irá retomar o compartilhamento de tecnologia e de desenvolvimento com os países africanos aliados e combaterá a fome ao nível nacional e internacional.

“Ninguém está a salvo” disse o ex-presidente, explicitando a seca recorde no território nacional e os ciclones nos EUA. “Segundo projeções da Organização Mundial da Saúde, entre 2030 e 2050 o aquecimento global poderá matar 250 mil pessoas por ano”.

Prosseguindo o discurso, Lula reafirmou a desigualdade climática que existe no planeta: “O 1% mais rico do mundo emite 70 mil toneladas per capita de CO₂ por ano, enquanto os 50% mais pobres emitem cerca de uma tonelada, segundo dados disponibilizados na COP 26.” Continuando no mesmo tema, Luís Inácio alega que: “A luta pelas mudanças climáticas é indissociável da luta contra a pobreza”.

Lula reafirma a importância da Amazônia e se compromete a lutar contra o desmatamento em seu governo: “A população Amazonense e os povos originários possuirão papel chave nesta empreitada”. O político demonstrou seu interesse em reativar o Fundo Amazônia sem abrir mão da soberania nacional. Fez questão de expressar seu desejo de que a COP 30, que ocorrerá em 2025, seja realizada em solo Amazonense.

O líder petista prometeu expandir as matrizes energéticas verdes. Além de afirmar que, em seu governo, pretende ampliar a produção agropecuária sustentável com sequestro de carbono, reafirmando que o setor do agronegócio é um importante aliado estratégico.

Foi endossada a continuidade do Acordo das Florestas entre os governos do Brasil, Indonésia e Congo firmados na primeira semana da COP 27.

Lula criticou, também, o atual funcionamento das Nações Unidas (ONU); e que a enfatizando que a organização reflete, de forma antiquada, o cenário político da Segunda Guerra Mundial, em que poucos Estados possuem relevância. Prosseguindo, redirecionou as críticas ao modo de funcionamento da Cúpula de segurança da ONU, especificamente para a política de veto, exigindo uma participação democrática e igualitária de todos os continentes nas Nações Unidas.

A manifestação foi convocada por grupos de extrema direita nas redes sociais, pede intervenção e nega resultado das urnas
por
Artur dos Santos
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02/11/2022 - 12h

Apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu as eleições no último domingo (30), convocaram manifestações em diversos quartéis militares no país para pedir intervenção militar, intervenção federal e a aplicação do artigo 142 da Constituição Federal nesta quarta-feira (2). Em São Paulo, a maior concentração foi no região do Monumento dos Bandeirantes e do Quartel General do Exército.

Desde segunda-feira (31) mensagens circulavam em grupos do Telegram convocando a presença de apoiadores na frente dos quartéis de todos os estados para que pedissem Intervenção Militar. As manifestações ocorrem em cidades de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, entre outros estados. 

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Foto encaminhada em grupos do Telegram

As manifestações conversam diretamente com os bloqueios a estradas de diferentes estados do país - que nos últimos dias foram dispersados pela Polícia Federal e por torcidas organizadas - que também discordam dos resultados das eleições.

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"Eu, particularmente, peço Intervenção Federal", diz manifestante à AGEMT
Foto: Artur dos Santos

Em entrevista à AGEMT, um manifestante afirmou que “a grande maioria não concorda com o resultado das urnas”. Segundo ele, haveria urnas que apenas computaram 200 votos durante todo o período de votação, além de cidades com 30 mil habitantes que registraram 70 mil votos. Ambas as afirmações foram desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Placa com os dizeres:"Houve fraude nas urnas, queremos o exército art. 142 (sic)"
Foto: Artur dos Santos
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Foto: Artur dos Santos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para outro manifestante, esse vestido com roupas camufladas, o Brasil teria chegado em um limite: “chegamos em um limite do Brasil virar um país comunista”. Ainda diz, em meio a estouros de fogos de artifício, que “ninguém aceita um ladrão no poder, então a gente quer todo mundo na cadeia. Todo mundo que tem culpa no cartório que fosse preso”. 

Quanto ao pronunciamento de Jair Bolsonaro feito na terça-feira (1), disse ter sido perfeito: “ele falou o que tinha que falar, quem quiser entender que entendeu. Ele tem as cartas na manga”. Durante a manifestação, a reportagem presenciou uma manifestante perguntando para um policial militar se ele estaria “do nosso lado”; a isso, o policial em questão respondeu que sim. 

 

Presidente diz que manifestações pacíficas são bem vindas e que últimas movimentações são fruto de indignação e sentimento de injustiça
por
Artur dos Santos
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01/11/2022 - 12h

Jair Messias Bolsonaro (PL) realizou nesta terça feira (1) em Brasília seu primeiro pronunciamento após derrota no segundo turno para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seu breve discurso, o atual presidente menciona “manifestações populares” e as associa com “sentimento de indignação e injustiça de como se deu o processo eleitoral”.

Também defendeu que os métodos dessas manifestações, que desde domingo (30) bloqueiam as estradas de 25 estados do país impedindo a circulação de remédios, alimentos e pessoas e questionam os resultados das eleições, “não podem ser os métodos da esquerda”. Segundo Bolsonaro, esses métodos “sempre prejudicaram a população”. O atual presidente também mencionou o surgimento da direita no país com os resultados das eleições para o senado e para a câmara, além de afirmar que nunca foi antidemocrático durante seu mandato. 

 

Atrás dos dois ponteiro, Ciro Gomes aparece com 7% e Simone Tebet 4%
por
Henrique Alexandre
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13/09/2022 - 12h

A nova rodada da pesquisa IPEC, encomendada pela TV Globo, divulgada nesta segunda-feira (12), mostra que o ex-presidente Lula (PT) segue na liderança isolada para a disputa do Palácio do Planalto. O petista aparece com 46% das intenções de voto, ante 31% do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).  

Em relação a pesquisa feita em 05 de setembro, Lula subiu dois pontos percentuais, dentro da margem de erro. Já Jair Bolsonaro seguiu no mesmo patamar, uma estabilidade crítica do atual presidente.  A pesquisa tentou mensurar qual o impacto do feriado de 7 de setembro em que Bolsonaro convocou sua base para mostrar força nas ruas. 

A nova pesquisa IPEC indica um cenário de estabilidade das eleições, o que segue sendo cada vez melhor para Lula, há 19 dias das eleiçõs. Para Bolsonaro, a nova pesquisa é um péssimo resultado, pois todas as suas tentativas de se erguer não tem surtido efeito. 

  • Lula (PT): 46% (44% na pesquisa anterior, em 5 de setembro)
  • Jair Bolsonaro (PL): 31% (31% na pesquisa anterior)
  • Ciro Gomes (PDT): 7% (8% na pesquisa anterior)
  • Simone Tebet (MDB): 4% (4% na pesquisa anterior)
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A nova pesquisa IPEC mostra estabilidade positiva para Lula

VOTOS VÁLIDOS

No cenário apresentado pelo IPEC, ainda há a possibilidade de Lula vencer o pleito no primeiro turno, mas está dentro da margem de erro. Segundo o Instituto, o petista tem 51% dos votos válidos, excluindo brancos e nulos. Se antes era tratada como uma possibilidade quase remota a vitória na primeira rodada, a nova pesquisa reacende a chama da decisão já no dia 02 de outubro

  • Lula (PT): 51% (50% na pesquisa anterior, de 5 de setembro)
  • Bolsonaro (PL): 35% (35% na pesquisa anterior)
  • Ciro (PDT): 8% (9% na pesquisa anterior)
  • Tebet (MDB): 4% (4% na pesquisa anterior)

 

A nova pesquisa para o lado de Bolsonaro é ainda mais preocupante. Um cenário de estabilidade consolidado evidencia que Bolsonaro não tem mais margem de crescimento, apesar de suas tentativas no 7 de setembro.

O discurso do atual presidente contra Lula e o histórico de corrupção nos governos petistas já não colam na população, ainda mais depois da matéria do portal UOL que mostrou que a família Bolsonaro comprou dezenas de imóveis com dinheiro vivo. Cada dia que passa, fica mais difícil a vida do atual presidente. 

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O feriado de 7 de setembro era uma das grandes cartadas de Bolsonaro, mas não movimentou as eleições.

TERCEIRA VIA EMPACADA

Figurinha carimbada na terceira colocação, Ciro Gomes (PDT) tem 7% das intenções de votos. O ex-ministro oscilou um ponto para baixo em comparação com a última pesquisa IPEC. A diminuição do ex-ministro pode ser um sinal de alerta, pois Simone Tebet pode chegar no candidato do PDT.

Falando em Tebet, a candidata do MDB continua com 4% em comparação com a pesquisa de 05 de setembro e segue correndo atrás de Ciro Gomes. Caso consiga passar o candidato do PDT, seria histórico a sigla de Tebet que nunca teve candidatos acima de 4% de votos. 

 

2º TURNO

 

Em um cenário de 2° turno, Luiz Inácio Lula da Silva segue na dianteira com 53% das intenções de votos contra 36% de Jair Bolsonaro. Em relação à pesquisa anterior, Lula oscilou 1 ponto para cima, enquanto Jair Bolsonaro se manteve estável.

  • Lula (PT): 53% 
  • Bolsonaro (PL): 36% 

 

A pesquisa ouviu 2.512 pessoas entre os dias 9 e 11 de setembro em 158 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-01390/2022.

O responsável pela ação já foi identificado e compareceu à delegacia
por
Laura Mafra Boechat
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10/09/2022 - 12h

Nesta quinta-feira (8), a comitiva do candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, sofreu um ataque em Cordeirópolis. Segundo constam imagens capturadas por uma câmera de segurança, a equipe do petista foi atacada com ovos. 

 

Haddad visitou a cidade de Cordeirópolis pela manhã para assinar uma carta de compromisso com a Associação dos Municípios de Pequeno Porte do Estado de São Paulo (Amppesp). Após breve coletiva de imprensa, fez uma caminhada pela região central do município. Na ocasião, um homem atirou dois ovos na direção do ex-prefeito de São Paulo, atingindo o vereador Sérgio Balthazar, um cinegrafista e dois apoiadores. Haddad não foi atingido. Veja o vídeo:

 

 

 

Segundo a prefeitura de Cordeirópolis, uma câmera residencial conseguiu identificar o responsável. Se tratava de um morador local e ele foi conduzido até a delegacia.

 

Apesar do ataque, o petista e seus apoiadores prosseguiram com a caminhada. Haddad visitou, ainda no mesmo dia, as cidades de Rio Claro, Santa Bárbara d'Oeste e Sumaré. 

 

Vale lembrar que a equipe de Haddad cancelou a visita à Presidente Prudente na quarta-feira (7) por ameaças de ataque contra o candidato. 


 

Pedetista declarou tristeza por enorme desrespeito com data tão relevante para identidade nacional do país
por
Maria Luiza da Costa Tavolari
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09/09/2022 - 12h

O candidato à presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, se manifestou, nesta quarta-feira (07), contra a atitude de Jair Bolsonaro de promover propaganda política e campanha eleitoral a seu favor durante as comemorações do dia da independência brasileira.

Ciro, durante sua campanha pela cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, se pronunciou em relação à postura do presidente e a caracterizou como “promíscua e desonrosa”. Lamentou pelo desrespeito para com os militares condecorados e fardados que precisaram se envolver com os apoiadores mais fanáticos do presidente. Segundo o candidato, Bolsonaro foi “capaz de transformar um ato cívico, uma solenidade cívico-militar, num comício com milhões de recursos públicos envolvidos”.

As críticas do candidato do PDT também se focaram na escolha do presidente de convidar o empresário Luciano Hang para acompanha-lo nas comemorações. Atualmente, Hang é investigado por envolvimento em discussões em grupos de whatsapp, que incitavam golpes contra a democracia.

Mesmo tendo seus conteúdos cada vez mais próximos do antipetismo e até mesmo tendo suas postagens compartilhadas por grupos bolsonaristas, Ciro não perdeu tempo em criticar enfaticamente o adversário Jair Bolsonaro.

O pedetista criticou a comparação estética feita por Bolsonaro, entre sua esposa e Janja, esposa do ex-presidente Lula. O pedetista categorizou o comentário como absolutamente estúpido e grosseiro.

Ciro também ressaltou a necessidade de investigação sobre atos bolsonaristas e questionou a omissão do judiciário em relação aos eventos ocorridos.

Governador de São Paulo esteve presente no Museu do Ipiranga com estudantes da rede pública
por
Lucas Santoro Galvani
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09/09/2022 - 12h

 

O candidato à reeleição a governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), esteve presente durante a celebração do 7 de setembro, que marcou os 200 anos de Independência do Brasil no recém aberto Museu do Ipiranga, em São Paulo.

Rodrigo esteve presente no museu juntamente com estudantes da rede estadual, referidos por ele como “o futuro do Brasil”. O governador também ressaltou a importância da proclamação durante o evento. “Nunca a Independência foi tão importante para todos nós. Ela significa liberdade, democracia e respeito às nossas opiniões”, afirmou para os jornalistas presentes.

O candidato também foi perguntado em relação às recentes pesquisas, nas quais aparece em terceiro lugar, e afirmou que “as pessoas ainda estão conhecendo quem é o novo governador”. Rodrigo também negou quando perguntado se sua visita teria tido um “uso político”.

Além de estar presente no museu do Ipiranga, o candidato também publicou em seu Twitter um vídeo em que ressalta o fato da proclamação da Independência ter ocorrido no Riacho do Ipiranga, na cidade de São Paulo, que assim como a maioria dos rios da cidade, foi canalizado em 1942. 

Por medida de segurança, candidato do PT ao governo do estado de SP, cancela compromissos e reage a manifestações favoráveis ao governo federal.
por
Laura Boechat
Maria Clara Alcântara
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09/09/2022 - 12h

Nesta quarta-feira, 7 de setembro, foi comemorado o bicentenário da independência do Brasil, feriado nacional e importante momento da história do país, por isso, muitos candidatos e políticos manifestaram suas opiniões através das redes sociais ou nas ruas do país.

Desde 2021 o atual presidente e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro (PL) usa esse dia histórico para palanque político, convocando seus apoiadores para manifestações de apoio ao atual governo.

Fernando Haddad, ao contrário de outros candidatos, não foi às ruas celebrar o bicentenário da independência do país. A agenda do candidato, que atualmente vem mirando em visitas ao interior do estado de SP, foi modificada para o feriado por motivos de segurança. Desta vez, visitaria a cidade de Presidente Prudente. No entanto, a coordenação da campanha tomou conhecimento de ameaças diretas ao petista.

Em nota, a coordenação de campanha alegou que “o cancelamento se deveu ao fato de que, na manhã desta terça-feira (6), a coordenação tomou conhecimento de mensagens veiculadas em grupos de WhatsApp da região com ameaças explícitas à passagem do candidato na cidade”. 

Dessa forma, restou ao candidato manifestar suas opiniões através de suas redes sociais, em vídeo divulgado em sua página do twitter e seu instagram. O ex-prefeito da cidade de SP fala sobre a importância de políticas públicas para garantir a independência de seus cidadãos. 

 

 

“Agora, é muito mais fácil lutar pela independência do nosso povo com um governo que dissemina o amor no lugar do ódio. E que respeita a democracia ao invés de ameaçar as instituições. Por isso, eu peço seu voto no treze para governador e para presidente. 200 anos depois do grito da independência, ninguém vai ameaçar a nossa independência no grito", afirma Haddad no vídeo.

O conteúdo reúne ainda falas de figuras como o ex-presidente Lula (PT), o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), o candidato ao senado Márcio França (PSB), o coordenador-nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto Guilherme Boulos (PSOL), a ex-ministra Marina Silva (Rede) e a deputada federal Luiza Erundina (PSOL).

Haddad também não poupou críticas ao atual presidente, em seu twitter o candidato condenou as ações de Bolsonaro durante as celebrações da independência, por meio de declarações no twitter. 

Para as celebrações do 7 de setembro, o atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), visitou o Museu do Ipiranga, na Zona Sul da capital. Já Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL), se juntou à Marcha com Jesus, no interior paulista.