Diretor de política monetária discute estratégias econômicas adotadas pela autarquia durante live
por
Camila Aroulho Bucoff
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07/04/2025 - 12h

O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Nilton David, participou, na segunda (31), de uma live sobre “Conjuntura e Política Monetária” promovida pelo Itaú BBA. O evento foi moderado por Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú. 

Na transmissão, David indicou que o principal objetivo da autoridade monetária é alcançar a meta de inflação de 3%. Também lembrou que o BC procura suavizar a oscilação de ciclos econômicos e a instabilidade econômica, sem prejudicar a meta. "O Banco Central vai buscar o caminho que for mais razoável para se chegar a esses 3% primeiro, claro que em vista das consequências que tem para os dois lados", disse. 

  Nilton David, diretor de política monetária do BC. Foto: Reprodução/LinkedIn
Nilton David, diretor de política monetária do BC. Foto: Reprodução/LinkedIn

Ciclo de aperto não acabou

No mês de março, o BC implementou a terceira alta seguida nos juros básicos, chegando a 14,25% ao ano, e indicou para a próxima reunião de política monetária, uma elevação em menor magnitude.

A elevação da taxa objetiva controlar a inflação, visto que o crédito mais caro reduz o consumo e força uma diminuição nos preços. Mesmo assim, segundo o Ministério da Fazenda, a inflação deve terminar 2025 em 4,9%, acima do teto da meta (4,5%). 

Segundo o diretor,  na reunião de março, a autarquia estava convicta de que o ciclo de aperto monetário não havia encerrado e que os movimentos à frente seriam menores do que os aumentos realizados anteriormente. A sinalização dada foi mais interessante para se ter uma saída do “forward guidance” suavizada - política monetária que sinaliza a trajetória dos juros futuros e outras medidas econômicas, minimizando volatilidades de interpretação.  Esse trabalho de minimização foi motivado pela inquietude do mercado em relação às três elevações consecutivas de 1 ponto percentual na Selic. 

Ele informou que o crédito incentivado existente no Brasil, uma linha de empréstimo que oferece condições mais favoráveis para estimular determinados setores da economia, faz com que a política monetária não tenha efeito equânime sobre todos os agentes. “O que acaba acontecendo é que o BC tem que colocar a taxa de juros um pouquinho acima para que todos estejam no nível restritivo”, disse David. 

O diretor também afirmou que as reservas internacionais brasileiras estão em níveis confortáveis e que não há razões para aumentá-las, dado que o BC apenas intervém no câmbio quando detecta alguma disfuncionalidade, seja no mercado à vista ou em derivativos.

Outro ponto comentado por David foi a elevação das expectativas de inflação acerca da valorização do câmbio, o que pode ser um indicador de que os agentes não perceberam que a alteração do patamar é permanente. Ele explica que as expectativas do mercado sobre a condução da política fiscal podem explicar o aumento da inflação. No entanto, a taxa de câmbio não possui relação mecânica com a política monetária. 


Impactos de guerra tarifária de Trump

David aponta que há mais incertezas do que definições sobre os impactos econômicos da guerra tarifária conduzida pelos Estados Unidos. Segundo ele, o aumento da hesitação tende a retrair investimentos, como mencionado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião de março.

“Você vai ter um choque de oferta nos Estados Unidos com uma queda de renda disponível, vamos dizer assim, provavelmente uma queda de produtividade, que traria juros neutros lá na frente menores pela queda da produtividade, e um dólar fraco", afirma.

O diretor indica que o impacto das tarifas na inflação norte-americana tende a ser temporário, como avalia o presidente do Federal Reserve, banco central estadunidense, Jerome Powell. 

De acordo com David, os efeitos das tarifas dos Estados Unidos sobre as cadeias produtivas não podem ser devidamente estimados, sem se saber até onde o presidente americano, Donald Trump, está disposto a avançar. No caso de um impacto mais duradouro, “o Brasil estará preparado para enfrentar um cenário pior”, disse ele. 

 

Programa consignado privado 

David aponta que o BC permanece estudando possíveis efeitos do novo programa de estímulo ao crédito consignado para trabalhadores privados, no qual as parcelas do empréstimo são descontadas diretamente da folha de pagamento do tomador. “Nos nossos estudos, a gente ainda não tem uma conclusão com toda a convicção”, disse ele. Essa avaliação envolve a demanda pelos tomadores de empréstimos e o comportamento dos bancos. 

Segundo o diretor, “O RPM (Relatório de Política Monetária) que a gente publicou não tem nenhum impacto do consignado ainda, mesmo porque a gente ainda está tentando entender, e aqui não é simplesmente o comportamento do tomador, também deveria levar em consideração do doador do crédito, se ele está mais interessado em trocar ou em incrementar." 

 

Declarações podem ser entregues por programa disponível no site da Receita Federal ou de forma online pelo e-CAC;
por
Marcelo Barbosa Prado Filho
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26/03/2025 - 12h

 

A Receita Federal liberou acesso à Declaração Anual do Imposto de Renda na segunda (17). Será possível realizar a entrega até às 23:59 do dia 30 de maio. 

A Declaração desempenha um papel fundamental na captação de recursos para que o Governo tenha controle sobre a arrecadação de dinheiro que financia serviços públicos.

Dentre as principais mudanças neste ano estão: 

  • A ampliação de isenção para rendimentos tributáveis 

O valor de rendimentos tributáveis anuais que obrigam a entrega da declaração subiu de R$ 30.639,90 para R$ 33.888,00.
 

  • A declaração obrigatória para mais situações envolvendo bens e investimentos no exterior  

  • Trusts e contratos estrangeiros: Quem possuía trusts ou contratos similares no exterior em 31 de dezembro de 2024 agora precisa declarar;

  • Regime de Transparência Fiscal: Quem optou por declarar bens e rendimentos de entidades controladas no exterior como se fossem pessoais precisa informar na declaração;

  • Atualização de imóveis a valor de mercado: Quem optou por atualizar o valor dos imóveis no Brasil conforme a lei de bens e imóveis no exterior deve declarar essa escolha.

  • Declaração pré-preenchida mais completa

A Receita Federal ampliou o cruzamento de dados disponíveis na declaração pré-preenchida. Neste ano, informações sobre criptoativos e transações imobiliárias também estarão incluídas. 

  • Mudanças no pagamento e parcelamento 

O imposto pode ser parcelado em até 8 vezes, mas agora o débito automático só pode ser ativado até 9 de maio para a primeira parcela. Depois disso, só vale a partir da segunda parcela. Débitos abaixo de R$ 10,00 não precisam ser pagos imediatamente e podem ser acumulados para exercícios futuros.

  • Autorização para terceiros com novas regras

É possível, neste ano, autorizar apenas uma pessoa física para acessar e transmitir a declaração, com validade de até seis meses.

Quem deve declarar Imposto de Renda? 

 

  • É obrigatório a declaração das seguintes pessoas:

  • Quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 33.888,00 em 2024. O valor é um pouco maior do que o da declaração do IR do ano passado (R$ 30.639,90) por conta da ampliação da faixa de isenção;

  • Contribuintes que receberam rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma tenha sido superior a R$ 200 mil no ano passado;

  • Quem obteve, em qualquer mês de 2024, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas cuja soma foi superior a R$ 40 mil, ou com apuração de ganhos líquidos sujeitas à incidência do imposto;

  • Quem teve isenção de imposto sobre o ganho de capital na venda de imóveis residenciais, seguido de aquisição de outro imóvel residencial no prazo de 180 dias;

  • Quem teve, em 2024, receita bruta em valor superior a R$ 169.440,00 em atividade rural;

  • Quem tinha, até 31 de dezembro de 2024, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 800 mil;

  • Quem passou para a condição de residente no Brasil em qualquer mês e se encontrava nessa condição até 31 de dezembro de 2024;

  • Quem optou por declarar os bens, direitos e obrigações detidos por entidade controlada no exterior (ou seja, uma empresa ou organização no exterior que é controlada direta ou indiretamente por uma pessoa física ou jurídica residente no Brasil), como se fossem detidos diretamente pela pessoa física;

  • Quem possui a titularidade de trust e demais contratos regidos por lei estrangeira com características similares;

  • Quem atualizou bens imóveis pagando ganho de capital diferenciado (forma específica de tributação sobre o lucro obtido na venda de vens ou direitos) em dezembro/2024;

  • Quem auferiu rendimentos no exterior de aplicações financeiras e de lucros e dividendos;

  • Quem deseja atualizar bens no exterior.

 

Como calcular a parcela que deve ser declarada? 

 

Para fazer o cálculo é importante saber o que significam as seguintes informações: base de cálculo, alíquota e parcela a ser deduzida. Base de cálculo: São os rendimentos tributáveis do contribuinte. Isto é, são os valores recebidos como salários, aluguel, pensão, remuneração por trabalho, investimentos, bônus etc.

Alíquota: Trata-se da porcentagem cobrada em cima dos seus rendimentos. A alíquota do Imposto de Renda é progressiva: quanto mais você ganha, maior a alíquota. 

Parcela a deduzir: Valor subtraído de sua renda para o cálculo do imposto ser proporcional à sua faixa de ganho.

A Receita Federal fornece uma tabela progressiva com os valores mencionados. 

 

Fonte: Ministério da Fazenda 

 

Depois de somar todos os seus rendimentos tributáveis (salário, pensão, bônus) recebidos mensalmente, verifique em que faixa você se enquadra e faça o seguinte cálculo: Salário x Alíquota - Valor a deduzir do IR. 

Por exemplo: uma pessoa que recebe R $2.730,50, já descontado os valores do INSS, se enquadra na faixa de alíquota de 7,5% e deve pagar, anualmente, R $743,85 de imposto de renda. 

Cálculo: 2.730,50 x 7,5/100 - 142,80 = 61,9875 (esse é o valor mensal de imposto que deve ser pago, multiplique por 12 e você terá  R $743,85 que é o valor anual a ser pago). 

Se você é um profissional com registro em carteira, a empresa desconta o pagamento do IR mensalmente do seu salário, então caso o valor que você tenha em receita seja superior ao valor que deve ser pago, você será restituído, caso contrário, deve pagar a diferença.

 

Como declarar? 

 

O aplicativo “Meu Imposto de Renda” não está mais disponível para download em dispositivos móveis. Para quem deseja realizar a entrega dessa forma, é necessário baixar o aplicativo da Receita Federal. Pelo computador você pode realizar o download do programa de Declaração de Imposto de Renda no próprio site da Receita.  A entrega também pode ser feita de forma online pelo  serviço “Meu Imposto de Renda” no Centro Virtual de Atendimento da Receita (e-CAC). A declaração pré-preenchida estará disponível para os contribuintes a partir do dia 1º de abril. 

 

Quais são os documentos necessários?

 

Para declarar o Imposto de Renda corretamente, é essencial reunir documentos que comprovem rendimentos, bens, direitos, dívidas e pagamentos. Isso inclui informes financeiros, comprovantes de salários, pró-labore, lucros, aposentadorias, pensões, aluguéis, doações e heranças. Também são necessários o Livro Caixa, DARFs( Documento de Arrecadação de Receitas Federais) do Carnê-Leão e informes de programas fiscais como a Nota Fiscal Paulista. Para quem opera com renda variável, é indispensável o controle de compra e venda de ações, apuração mensal do imposto e DARFs correspondentes.  

No caso de bens e direitos, devem ser apresentados documentos de compra e venda de imóveis, matrícula, IPTU e comprovação de participação acionária. Informações sobre dívidas e ônus também precisam ser incluídas. Já os pagamentos e deduções devem ser comprovados por recibos de plano de saúde, despesas médicas e odontológicas, educação, previdência, doações e pagamentos a prestadores de serviços. Caso haja empregada doméstica registrada, é necessário o recibo com o número NIT, um código que permite que trabalhadores autônomos contribuam para o INSS.

Além disso, são exigidos dados pessoais e de dependentes, endereço atualizado, cópia da última declaração entregue, dados bancários e atividade profissional. Dependendo dos bens, podem ser solicitadas informações complementares, como inscrição municipal e registro em cartório para imóveis, Renavam(Registro Nacional de veículos automotores) para veículos e CNPJ da instituição financeira para contas e aplicações. Reunir tudo antecipadamente facilita a declaração e evita problemas com a Receita Federal.

                                                                   Prioridade na restituição 

O processo de restituição ocorre para que os colaboradores recebam valores pagos em excesso ao longo do ano para a Receita Federal. As prioridades no procedimento segue da seguinte forma: 

  • Idosos acima de 80 anos; 

  • Idosos entre 60 e 79 anos, deficicientes ou portadores de moléstia grave; 

  • Contribuintes que possuem como a maior fonte de renda o magistério;

  • Quem optou pela declaração pré-preenchida e/ou receber a restituição pelo pix.

  • Outros contribuintes

 

Dentro de cada grupo de prioridade, recebe primeiro quem entregar a declaração mais cedo. 

Calendário de restituição:

1° lote: 30 de maio

2° lote: 30 de junho

3° lote: 31 de julho

4° lote: 29 de agosto 

5° lote: 30 de setembro
 

Quem não declarar o imposto até o dia estabelecido, corre o risco de pagar multa que corresponde a 20% do imposto em pendência, tendo como valor mínimo de R$ 165,74.

O governo federal apresentou, na terça-feira (18), uma medida que determina a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil mensais. O texto ainda precisa passar por votação no Congresso Nacional e ainda propõe descontos para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil e taxação mínima para alta renda.  

As cobranças estão previstas para 2 de abril
por
Marcelo Barbosa Prado Filho
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10/03/2025 - 12h

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou mais uma vez. Nessa última quinta-feira (06), o  mandatário adiou, para 2 de abril, o tarifaço de 25% sobre importações do México e Canadá que entrou em vigor nesta mesma semana (04).

Segundo Trump, os importadores norte-americanos não precisarão pagar tarifas sobre nenhum produto que se enquadre no USMCA, um acordo de livre comércio entre EUA, México e Canadá negociado em seu primeiro mandato.

O tratado abrange uma gama extensa de produtos e serviços. Entre eles, produtos agrícolas, manufaturados e de tecnologia.

Na rede social Truth Social, Trump justificou a decisão afirmando que o México tem “trabalhado duro” para garantir a segurança na fronteira: "Nosso relacionamento tem sido muito bom e estamos trabalhando duro, juntos, na fronteira, tanto em termos de impedir que estrangeiros ilegais entrem nos EUA quanto, da mesma forma, impedir o fentanil".

O tarifaço aos países é uma retaliação de Trump que julga que ambos não fazem o suficiente para conter a entrada de  imigrantes e do fentanil - uma espécie de analgésico mais forte que morfina e heroína e que a dependência é um problema de saúde pública nos EUA.

Sobre o Canadá, Trump escreveu na noite de quarta-feira que conversou com o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, mas não está "convencido" de que o governo canadense atuou o suficiente para resolver os problemas de entrada de fentanil e de imigrantes ilegais nos EUA.

Trump confirmou em 10% a elevação na taxa de cobranças contra a China e elevou a alíquota total de taxas para produtos chineses a 20% neste mandato.


Na mira de Donald Trump:

Apesar de não ter sido taxado diretamente, o Brasil pode sofrer com a imposição geral  de 25% para importações de aço e alumínio, que deve entrar em vigor no dia 12 de março.

Segundo dados do Governo Federal, em 2023, os EUA compraram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro ou aço. Em 2024 o país foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, em volume, de acordo com dados do Departamento de Comércio americano, atrás apenas do Canadá.

Além da taxa geral para esses produtos, Donald Trump também prometeu uma taxa recíproca a países que cobram dos EUA, citando o Brasil: "Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto", disse Trump, em longo discurso no Congresso dos EUA, na terça-feira (4).”

Além de ferro e aço, o petróleo e o café são as principais exportações do Brasil para os estadunidenses.


Imagens: Agência Brasil

Medida irá impactar benefícios que excedem limite constitucional recebidos pelos “funcionários de elite
por
Marcelo Barbosa
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06/12/2024 - 12h

 

O Governo enviou na segunda-feira (02), ao Congresso Nacional, a PEC que detalha uma série de medidas para conter os gastos das contas públicas. O intuito é gerar uma economia de mais de 300 bilhões até 2030.

A proposta visa alterações essenciais para aumentar a arrecadação e manter os limites do Arcabouço Fiscal. Uma das mudanças apresentadas está na redução dos chamados “supersalários” de servidores públicos.
 

Salário e adicionais no serviço público: regras e limites na teoria

Os servidores públicos têm um teto salarial estabelecido em R$44.008,52 mensais, além dos benefícios e adicionais, desde que observadas as regras específicas de cada caso.

O auxílio-moradia, por exemplo, é restrito a situações em que não haja imóvel funcional (cedido pela União para o funcionário público) disponível na localidade; o agente não more com outra pessoa que já ocupe um imóvel funcional ou receba o benefício; ou quando o servidor não possua residência própria na região.

Já o adicional de férias não pode superar um terço da remuneração e deve ser limitado a períodos de até 30 dias por exercício. Da mesma forma, as férias não aproveitadas só podem ser pagas em casos de demissão, aposentadoria ou falecimento, respeitando o limite de 30 dias por exercício.

Entre os auxílios mais comuns no cotidiano do servidor, o auxílio-alimentação tem seu valor máximo fixado em até 3% do teto salarial, o mesmo limite aplicado ao auxílio-transporte. Para filhos ou dependentes de até cinco anos, o auxílio-creche também é regulamentado, com um valor que não deve exceder 3% do teto por dependente.

Além disso, benefícios como o 13º salário, adicional noturno, remuneração por serviços extraordinários e aviso prévio proporcional ao tempo de serviço estão garantidos. Em ambientes de trabalho insalubres, o adicional de insalubridade é assegurado. Ressarcimentos relacionados ao exercício da função, como indenizações pelo uso de veículo próprio em serviço, são limitados a 7% do teto. Também está previsto o reembolso de mensalidades de planos de saúde, que pode chegar a até 5% do teto.

O salário-mínimo do trabalhador médio está em R$1.412 e, com as projeções do PIB para 2025, a previsão é de que chegue em R$ 1.525,00.  Professores, por exemplo, têm, em média, um salário de RS 4.250,00 reais, constatou o Glassdoor, uma plataforma online sobre o mercado de trabalho.  

No entanto, apesar do teto estabelecido ser de R$ 44.008,52 mensais, há diversas exceções e valores extras aos chamados “funcionários de elite”,  responsáveis por atuar em áreas específicas do setor público, como segurança, diplomacia e finanças, e que causam um rombo de até 3,9 bilhões de reais aos cofres públicos, de acordo com um estudo do CLP (Centro de Liderança Pública). 

 

Equipe econômica do governo Lula.
Projeto que pretende acabar com supersalarios enfrenta resistência de militares. Foto: Agência Brasil

Segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU), os salários dos militares reformados custam 16 vezes mais aos cofres públicos do que os aposentados do INSS. O gasto por pessoa com os militares foi de R$ 158,8 mil, enquanto o dos servidores públicos foi de R$ 69 mil e o dos aposentados do INSS foi de R$ 9.400.

A respeito do corte nos supersalários, a economista Cristina Helena Pinto de Mello pontua sobre o forte apelo público da proposta “Quando a gente pega o gasto do Governo com salários de toda a administração pública, incluindo o legislativo e o judiciário, que estão dentro dessa folha de pagamento, essa é uma das maiores despesas”, comenta, mas ressalta que os gastos com juros ainda ultrapassa o valor gasto com supersalários. 

Na segunda-feira (02) o presidente Lula se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, outros três ministros do Palácio do Planalto e líderes do Congresso para discutir o tema. 

No caso da aposentadoria dos militares, a resistência das forças armadas fizeram com que o Ministério da Fazenda recuasse e retirasse, temporariamente, a regra da PEC. Entre os pontos do texto que seriam debatidos, estavam o fim da chamada "morte fictícia", que assegura pensão a militares expulsos ou excluídos das Forças Armadas e uma uma transição mais longa para a adoção da idade mínima de 55 anos para a aposentadoria dos militares (o projeto apresentado pela equipe econômica sugere ampliação de 50 para 55 anos). A ideia é implementar uma regra progressiva, permitindo que a exigência de 55 anos seja atingida apenas em 2030.

O Congresso tem apenas três semanas de atividades antes do recesso para apreciar essas medidas, além de outras propostas relevantes, como o projeto que finaliza a reforma tributária e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Entenda proposta de corte de gastos de R$ 70 bilhões anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad
por
Beatriz Alencar
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03/12/2024 - 12h

O texto do novo pacote de gastos e aumento da isenção do Imposto de Renda foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quinta-feira (28), e movimentou opiniões dentro do setor econômico e social, com dólar batendo o valor histórico de R$ 6,11.

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Ministro da Fazenda Fernando Haddad | Foto: Reprodução/Transmissão Ministério da Fazenda

Mas qual de fato é o objetivo desta pauta que demorou semanas para ser anunciada e o quê isso tem a ver com o salário mínimo e arcabouço fiscal?

Basicamente, a ideia de Haddad de fazer um pacote fiscal agora é tentar cortar R$ 70 bilhões para ajustar a explosão dos gastos públicos projetados para os próximos anos e garantir a sustentação do arcabouço fiscal, medida que tem como objetivo o equilíbrio entre arrecadação e despesas do governo, aprovada no ano passado. 

A primeira mudança citada pelo ministro para cumprir essas metas foi o reajuste no salário mínimo com a adequação aos limites do arcabouço fiscal e inflação, o que significa um ganho real entre 0,6% e 2,5%. Atualmente para o reajuste de salário, o Governo considera a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) do país . 

De acordo com o Economista e pesquisador Emerson Braz, o abono salarial e o teto do reajuste do salário-mínimo são medidas que representam direitos dos trabalhadores que hoje possuem menor representatividade no Congresso Nacional:“ [Isso] faz com que sejam medidas que não sofram ajustes significativos em seus textos na fase de aprovação”.

Braz acrescenta que esse reajuste pode ser uma perda de ganhos reais para os trabalhadores: “Imaginando um cenário em que o PIB possa estar estagnado e o arcabouço apertado, o salário-mínimo (SM) poderá não ter alterações e afetar a economia”, explica. O que pode gerar um problema considerável na desigualdade social ou na superação da pobreza. 

Com o novo pacote, o abono salarial, que é um benefício concedido uma vez por ano ao trabalhador que recebe até dois salários mínimos (R$2.824,00), seria limitado para quem recebe até R$2.640,00 e corrigido pelo INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor. A medida, ao longo dos anos, irá reduzir a parcela beneficiada, já que o salário cairá gradualmente para um salário mínimo e meio por mês. 

Outra mudança que causou grande movimentação de opiniões foi a medida sobre o Imposto de Renda. Hoje, aqueles que ganham até R$ 2259,20 por mês não pagam imposto. A nova proposta prevê que a isenção será estendida para quem ganha até R$ 5 mil. Só essa alteração deve gerar um impacto de R$ 35 bilhões por ano nas contas da União.

“Essa é uma medida muito interessante e necessária. Pessoas que ganham até R$ 5 mil consomem a maior parte da sua renda e, ao sofrerem menos tributação, terão como destinar maior parte para o consumo, mantendo a economia aquecida”, argumenta o economista.

Como uma forma de cobrir essa isenção, o governo pretende aumentar a tributação para os rendimentos acima de R$50 mil e R$ 1 milhão mensais, como a forma “mais justa” de compensar a queda de arrecadação com a nova faixa de isenção, de acordo com Haddad.

“A alteração na alíquota do IR não deve ser vista apenas com o objetivo de equidade de renda, mas como um instrumento de manter a demanda (de mercado) aquecida”, acrescenta Braz.

O pacote também prevê a reforma das emendas parlamentares, que limita o crescimento das emendas impositivas ao arcabouço fiscal, estabelecendo um teto para o aumento das despesas parlamentares. Além disso, 50% dos recursos das emendas de comissão deverão ser destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Equipe Econômica, pacote fiscal - Esther Dwek, Fernando Haddad, Simone Tebet, Rui Costa e Alexandre Padilha | Reprodução/Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Equipe Econômica, pacote fiscal - Esther Dwek, Fernando Haddad, Simone Tebet, Rui Costa e Alexandre Padilha | Reprodução/Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

O texto apresentado pela equipe econômica também propõe mudanças na aposentadoria de militares. A medida sugere uma padronização da contribuição dos militares ao Fundo de Saúde e o fim da chamada “morte fictícia”, que garante uma espécie de pensão vitalícia para a família de um militar que foi expulso das forças, na mesma condição de falecimento do servidor. 

Alterações nos benefícios sociais como o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), também foram citadas no texto. Agora, passarão a ter mais regulações, como comprovação por biometria do beneficiado.

“O fato é que a comunicação do Governo para anunciar medidas de austeridade e controle das contas públicas junto com a medida de isenção do IR tornou o cenário caótico”, comenta o economista.

Após um mês de reuniões e tratativas, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, explicou que o debate do pacote fiscal será prioridade nas próximas semanas, antes do recesso de fim de ano no Senado. A proposta ainda pode sofrer mudanças nas aplicações ou exclusões de medidas.

Taxa Selic em 13,25% ao ano impacta financiamentos, empréstimos e empregos.
por
Lucas G. Azevedo
Matheus Marcolino
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05/09/2023 - 12h

O dia sempre começa às 4h00min da manhã num pequeno apartamento de conjunto habitacional em Cidade Tiradentes, extremo leste da capital paulista. Depois de tomar banho e comer, Eduardo desce a rua de sua casa, espera o ônibus fretado da Mercedes-Benz e ruma em direção a São Bernardo do Campo, onde trabalha. Bate o ponto às 5h30, pega seus equipamentos de proteção e inicia seu turno de trabalho na linha de montagem às 5h45min. É lá que ele fica - montando motores de ônibus e caminhões das frotas Mercedes - até 15h00min. 

A rotina de Eduardo na montadora, entretanto, mudou nos últimos meses. Tudo parece mais vazio. Alguns rostos conhecidos já não são mais vistos. Até o fretado, que costumava ser mais disputado, agora tem assento vago ao lado da janela. Cerca de 1.200 dos mais 8.000 funcionários da Mercedes de São Bernardo estão de layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) e não conseguem trabalhar desde o início de maio. A montadora diminuiu os turnos e a produção de automóveis.

Linha de montagem de caminhões da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo. Foto: Divulgação
Linha de montagem de caminhões da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo. Foto: Divulgação.

Uma das responsáveis pela situação das montadoras do ABC paulista é a atual taxa de juros, recém fixada em 13.25% ao ano pelo Banco Central autônomo, comandado por Roberto Campos Neto. A cada 45 dias, a taxa Selic (a taxa básica de juros) é determinada num encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central; oito diretores do BC - além do presidente - são os diretores desse comitê.

A ideia geral adotada pelo Banco Central é de que os juros precisam subir para controlar o consumo e fazer com que a inflação caia; atualmente, porém, o Brasil não vive um período de alta da inflação. Segundo levantamento dos portais MoneYou e Infinity Asset Management, descontando a inflação prevista para os próximos 12 meses (5,32%) da taxa de juros até o mês de julho (13,75%), a taxa de juros reais é de 6,82%. A maior do mundo.

Abuso

Para Paulo Roberto Feldmann, economista e professor da ECA-USP, a atual taxa de juros é abusiva, diminui o poder de compra e impacta a economia negativamente. Ele afirma que, considerando a inflação, a taxa Selic deveria estar em torno dos 5%. “Muitos países sequer colocam diferença de 1% [entre a taxa de juros e a inflação]. Nos Estados Unidos, por exemplo, é 0,5% acima da inflação. No Japão, é menos de 0,5%”, assegura.

O professor também contesta Roberto Campos Neto, que constantemente afirma que as decisões do BC são “técnicas”. “A visão técnica é uma piada. (...) Quando decretaram que o Banco Central seria autônomo, colocaram a raposa para tomar conta do galinheiro. Agora o BC trabalha a favor desse grupo, por isso coloca essa taxa de juros lá em cima”, diz.

O sonho da casa própria

Feldmann explica que alguns dos grandes impactados pela alta da taxa Selic são os empréstimos e financiamentos. As taxas impedem que empréstimos sejam tomados (principalmente por micro, pequenas ou médias empresas), enquanto a população geral perde poder de compra e paga mais caro em financiamentos a longo prazo, como de carros ou casas.

Victória, analista de comércio exterior, conta que sempre teve o sonho da casa própria como o objetivo máximo de sua vida. A família dela, como as de muitos brasileiros, nunca teve um imóvel regularizado, com escritura, para chamar de seu. “É o maior orgulho que eu tenho, e acho que vai ser a minha maior conquista da vida por muito tempo”.

O sonho se tornou prático por meio de um financiamento do programa Minha Casa Minha Vida, contratado no início deste ano. O imóvel ainda está na planta e deve ser concluído daqui dois anos - enquanto isso, Victória precisa pagar o montante, próximo de 200 mil reais. “Por ser um imóvel que não tem nem 30 m², é realmente muito caro”, confessa.

Victória em um projeto do apartamento que ela financiou. Foto: Arquivo pessoal
Victória em um projeto do apartamento que ela financiou. Foto: Arquivo pessoal.

O financiamento, entretanto, se torna uma dor de cabeça para a maioria dos assalariados - como no caso dela. O valor mensal se torna um gasto fixo, e o salário fica comprometido por muito tempo. “Fiquei totalmente engessada financeiramente”, diz. “Vou receber as chaves e não sei se vou ter dinheiro para mobiliar a casa.”

Nem todos conseguem entrar num financiamento. É o caso de João, bancário, que veio do interior para a capital paulista em busca de oportunidades profissionais. Ele conta que já conquistou muita coisa: “O trabalho mudou minha vida. Para quem já teve muito pouco, qualquer pouco é muito”. 

Também dono do sonho do próprio “lugar onde cair morto”, como ele mesmo diz, João vive de aluguel na zona leste da capital - e não deve mudar essa situação no futuro próximo. “Para comprar o apartamento pronto, você tem que dar 20% de entrada. É bastante dinheiro, né? Se os juros estivessem mais baixos, talvez a linha de crédito que eu pegasse para fazer o financiamento me ajudasse nisso”. No último mês de abril, entretanto, a Caixa Econômica Federal aumentou em 0,5% a taxa anual de juros do crédito imobiliário, fixando-a em 8,99%. 

Empregos em baixa

De acordo com Eduardo, personagem que abriu essa reportagem, há um consenso entre os “peões” da fábrica da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo: a maioria não sabe qual é exatamente a taxa de juros, mas todos concordam que ela está atrapalhando. 

Para além do layoff, a alta dos juros faz com que a empresa monte - e venda - menos veículos. O setor de caminhões da Mercedes, por exemplo, um dos mais movimentados no início do ano, vem dando folga aos profissionais da fábrica em três dos cinco dias da semana. Não há demanda (nem matéria-prima) suficiente.

Paulo Roberto Feldmann afirma que mesmo com os impactos nos financiamentos e empréstimos, o principal resultado da alta na taxa de juros é a baixa oferta de empregos. “Os empresários não estão aplicando o dinheiro nas empresas, e, portanto, não estão gerando emprego. Esse é o principal impacto. Eles ganham muito mais aplicando em qualquer aplicação de renda fixa”, explica.

E essa baixa nos empregos não resume-se apenas à falta de ofertas, mas também à falta de qualidade delas. As principais montadoras do ABC estão aumentando a fatia de funcionários terceirizados, mais baratos e com menos direitos, se comparados aos de regime tradicional com regras CLT. A maioria dos contratados está chegando em vínculos determinados (ou temporários) de trabalho, cuja duração máxima é de dois anos. Depois disso, há dois caminhos: efetivação em contrato indeterminado - o caso de Eduardo na Mercedes - ou demissão. Grande parte dos trabalhadores perdem seus empregos.

A situação é parecida na Volkswagen, outra grande montadora, que anunciou essa semana uma paralisação na produção das unidades de Taubaté, Curitiba e São Bernardo do Campo - no caso dessa última, uma parada seguida de férias coletivas. 

Em comunicado divulgado há algumas semanas, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC culpou a taxa Selic pelas paralisações e convocou a população para a “luta”. “Isso não pode ser considerado uma queda de braços entre o governo e o banco central, mas sim uma decisão que afeta toda a sociedade”, afirmou Wellington Messias Damasceno, diretor da corporação.

Trabalhadores da Mercedes-Benz em uma reunião com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Foto: Arquivo pessoal
Trabalhadores da Mercedes-Benz em uma reunião com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Foto: Arquivo pessoal.

Na última reunião do Copom, realizada no último dia 2/8, o comitê decidiu pela diminuição de 0,5% da taxa Selic, concretizando a queda de 13,75% para 13,25% ao ano. A tendência é que o índice siga caindo, mas, para o Prof. Feldmann, isso acontecerá de maneira bastante gradual. “A pressão em cima do Banco Central é muito grande para diminuir. A situação está escandalosa. Nem os grandes rentistas conseguem justificar uma taxa tão alta”, justifica. O Copom se reunirá novamente em 19 e 20 de setembro e a expectativa é de uma redução na taxa capaz de modificar o poder de compra dos brasileiros.

País lidera ranking pela 7ª vez consecutiva, mesmo após redução na taxa básica de juros.
por
Geovana Bosak
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29/08/2023 - 12h

O Brasil segue com a 1ª colocação no ranking mundial de juros reais, apesar da decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM), órgão do Banco Central, em diminuir a Selic em 0,5 ponto percentual. A taxa, que não considera a inflação, era de 13,75% e agora está em 13,25% ao ano.

De acordo com a projeção divulgada pelo portal MoneYou, descontada a inflação para os próximos 12 meses, os juros reais ficam em 6, 68% no país - correspondendo a maior taxa de juros reais do mundo - com um valor próximo ao México (6,64) e Colômbia (6,15).

O juro real é a taxa de juros ajustada pela inflação. Para calcular o valor resultante, é necessário subtrair a taxa de inflação da taxa de juros nominal. A relação entre as duas taxas pode determinar se os ganhos ou custos financeiros se igualam, superam ou ficam abaixo do impacto da inflação, afetando diretamente o poder de compra ao longo do tempo.

Em valores nominais, o Brasil está empatado com a Colômbia (13,25%) após o Banco Central reduzir a taxa básica de juros no início de agosto. O país fica atrás somente da Hungria (15%), Turquia (17,50%) e Argentina (97%).

Segundo Livi Gerbase, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), "um cenário econômico onde as taxas de juros são altas impacta a vida das pessoas além de intensificar a desigualdade econômica".

A política monetária pode prejudicar diretamente a população mais pobre. Ilustração: Gazetinha da Guanabara

Livi explica que altas taxas de juros tornam o crédito mais caro e dificultam o acesso a empréstimos para famílias mais pobres, restringindo o consumo e o investimento em educação e moradia.

"Enquanto os mais ricos podem se beneficiar de investimentos com maiores taxas, aqueles com menos recursos enfrentam dívidas onerosas e oportunidades limitadas".

O economista e professor de finanças da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Paulo Romaro, aponta:

"Para obter um crescimento econômico e reduzir as desigualdades é necessário implementar reformas que impulsionem a produtividade, focando em políticas públicas voltadas aos mais vulneráveis".

 

A fabricante suíça controlará mais de 100 lojas da Bucherer no mundo
por
Artur Maciel Rodrigues
|
29/08/2023 - 12h

Loja em berlin, com aviso luminoso da recém compradora. Foto:Bucherer)

 

A gigante de luxo Rolex  adquiriu uma das maiores vendedoras de relógio do mundo, a Bucherer, as duas empresas suíças mantêm relações desde 1924. A compra feita no dia 24 de agosto não teve o valor informado, mas a obtenção ainda precisa ser aprovada pelas comissões de competição da Suíça. 

 

A aquisição ocorreu depois da decisão de Jörg Bucherer, 3° geração de donos, considerar colocar a empresa familiar à venda, por causa da falta de descendentes diretos. Segundo a Rolex, a empresa de 135 anos possui mais de 100 lojas no mundo, sendo 53 varejistas oficiais da marca e 48 da Tudor, (empresa irmã). Em nota, a empresa suíça afirmou: “O grupo Rolex está convencido de que esta aquisição é a melhor solução não só para as suas marcas próprias, mas também para todas as marcas parceiras de relógios e jóias, bem como para todos os funcionários do grupo Bucherer”.

 

A Bucherer vende joias e relógios, os estandes de exposição da varejista são altamente disputados entre fabricantes, como Rolex, Cartier, Patek Philippe, Breguet, IWC, Jaeger, Lecoultre e Omega. De acordo com o vendedor e entusiasta de relógios, Teddy Baldassare: “A Rolex agora controla a fonte [de lucros] da maioria dessas marcas. Além disso, [a compra] vai solidificar ainda mais a ideia de exclusividade da Rolex, como as listas de espera. [...] Vai ter consequências de bilhões de dólares”, conclui. 

 

A Rolex é uma das marcas mais famosas do mundo, pertencente ao grupo sem fins monetários Fondation Hans Wilsdorf. Sendo responsável por 30% dos relógios mecânicos de toda Suíça. Os acessórios já estiveram em filmes do James Bond e recentemente uma versão do relógio "Oyster perpetual day-date" é objeto das investigações relacionadas ao ex -presidente Jair Bolsonaro.

Após queda, muito se falou da taxa básica de juros nos noticiários, mas você sabe porque ela é tão importante e para que ela é utilizada? Agemt Explica!
por
Malu Araujo
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23/08/2023 - 12h

Nessa semana o Agemt Explica vai falar sobre a Taxa Selic, você sabe o que é? Como ela funciona? Como ela afeta a economia do Brasil ou o cotidiano dos brasileiros? Calma, Agemt Explica!

A taxa básica de juros da economia brasileira, popularmente conhecida como taxa Selic, desempenha um papel fundamental no sistema financeiro do país.

Isso porque é usada como uma ferramenta de controle da política monetária e um mecanismo de combate à inflação, sendo o principal parâmetro para diversas operações financeiras, como por exemplo os juros praticados em empréstimos, financiamentos, investimentos e outros produtos financeiros.

Como ela funciona?

A taxa Selic é definida periodicamente nas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), órgão que compõe o Banco Central, que acontecem a cada 45 dias. Quando a reunião do Copom ocorre, os membros do comitê avaliam as condições econômicas do país, decidindo se a Selic deve ser mantida, aumentada ou reduzida.

Um dos principais indicadores usados pelos membros do comitê é o Índice  Nacional de Preços ao Consumidor  Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no país.

Como mecanismo de controle inflacionário, a taxa pode atuar de duas formas: 

  • Quando a economia do país precisa ser estimulada, o Banco Central pode decidir reduzir a taxa SELIC para assim facilitar o crédito para população, uma vez que eles se tornam mais baratos. 
  • Por outro lado, caso a economia esteja aquecida e exista o risco de alta da inflação, o Banco Central pode optar por aumentar a SELIC para conter o aumento do preços de bens e serviços, uma vez que quanto maior estiver a demanda, menor pode estar a oferta.

O Banco Central do Brasil (BCB) tem como principal missão manter a inflação sob controle e dentro da meta estabelecida. Atualmente, no ano de 2023, a meta da inflação se encontra em 3,25% p.p, com margem de tolerância de 1,75% a 4,75%.

E quais os efeitos da taxa no país?

Qualquer mudança relativa no aumento ou queda da taxa tem um impacto significativo para os vários setores financeiros e da economia como um todo.

De acordo com que explica Cristina Helena de Mello, economista e professora de crescimento e desenvolvimento da PUC-SP, quando a taxa de juros se encontra muito elevada, ela atua como um elemento concentrador da renda, visto que remunera capitais e cria renda passiva para os mais ricos. 

Por outro lado, os gastos governamentais com pagamento de juros aumentam, além de provocar, também, um maior endividamento e transferência de renda dos mais pobres, já que a oferta de crédito fica mais cara. 

Uma Selic mais baixa estimula a geração de renda, empregos, novos investimentos e também a arrecadação de novos impostos, contribuindo para o equilíbrio das contas públicas.

Como estamos no cenário atual?

Atualmente a taxa Selic se encontra em 13,25% ao ano, tendo sido reduzida no início de agosto. Vale lembrar que antes da  redução a taxa estava em 13,75% ao ano, maior taxa desde 2016 (14,25%).

O Banco Central optou, nos últimos meses, pela manutenção da taxa básica, uma política contracionista mais “cautelosa” como vinha sendo definida pelo órgão. A queda na taxa representa as quedas consecutivas da inflação oficial medida pelo IPCA.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) a última prévia oficial da inflação, relativa ao mês de julho, registrou a marca de 0,12% no mês, um acúmulo de 3,99% nos últimos 12 meses, o que mantém a inflação dentro da margem de tolerância prevista pelo Banco Central para o ano. 

Contudo, caso ocorra uma elevação nos preços de bens e serviços e isso gere, novamente, uma pressão inflacionária, o BC poderá voltar a elevar a taxa de juros.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresenta aumento moderado, com destaque para os grupos de Transportes e Alimentação.
por
Marcello R. Toledo
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15/08/2023 - 12h

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação no Brasil, registrou uma variação de 0,12% no mês de julho. O número representa um acréscimo de 0,20 ponto porcentual em relação à taxa de junho, que havia sido de -0,08%. No acumulado do ano, o IPCA apresenta uma alta de 2,99%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 3,99%, superando os 3,16% registrados nos 12 meses anteriores. Em julho de 2022, a variação havia sido de -0,68%.

O IPCA  é uma ferramenta crucial para avaliar a evolução dos preços de produtos e serviços consumidos por famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, ele serve como um indicador da inflação enfrentada e é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abrangendo diversas regiões metropolitanas do país, além de algumas cidades específicas.

Em linhas mais claras, o IPCA desempenha o papel de espelho do custo de vida experimentado por essa parte da população. Dessa forma, ele captura as variações de preços em uma variedade de produtos e serviços, permitindo que as autoridades econômicas, consumidores e demais interessados compreendam as tendências inflacionárias em diferentes partes do Brasil.
 

InfoMoney
InfoMoney

Setores em Destaque

Dos nove grupos de produtos e serviços analisados pelo IPCA, cinco apresentaram alta no mês de julho. O grupo de Transportes teve o maior impacto, com 1,50% de variação e contribuição de 0,31 ponto porcentual. Nesse grupo, os preços da gasolina tiveram um aumento notável de 4,75%, sendo o item com maior contribuição individual para o índice do mês. Itens como gás veicular (3,84%) e etanol (1,57%) também tiveram alta, enquanto o óleo diesel apresentou uma queda de 1,37%. Passagens aéreas (4,97%) e automóveis novos (1,65%) também contribuíram para o aumento no grupo.

Em contrapartida, o grupo de Alimentação e Bebidas apresentou uma queda de 0,46%, com impacto de -0,10 ponto porcentual no índice. Esse resultado foi influenciado, principalmente, pela redução nos preços da alimentação no domicílio (-0,72%), destacando-se quedas em produtos como feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%). Por outro lado, as frutas tiveram aumento de preço, com destaque para banana-prata (4,44%) e mamão (3,25%).

No grupo de Habitação, a taxa de -1,01% impactou o índice em -0,16 ponto porcentual. A maior contribuição para essa variação veio da energia elétrica residencial, que registrou queda de 3,89% devido à incorporação do Bônus de Itaipu (um desconto de até R$ 15 na conta de luz individual em residências de classes residencial e rural, que tiveram ao menos um mês, em 2022, consumo faturado inferior a 350 KWh) nas faturas emitidas em julho. A taxa de água e esgoto (0,18%) registrou alta devido a reajustes em algumas regiões.

Variações Regionais 

As variações regionais também tiveram impacto no IPCA de julho. Porto Alegre foi a região que apresentou a maior variação, com 0,53%, devido ao aumento do preço da gasolina (6,98%). Belo Horizonte teve a menor variação, registrando queda de -0,16%, influenciada pelas quedas nos preços dos ônibus urbanos (-17,50%) e na energia elétrica residencial (-4,23%).

INPC e Outros Indicadores

Além do IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também foi divulgado (o Índice também mede a variação de preço de determinados produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras, entretanto num recorte menor que o IPCA - considera rendimentos de 1 a 5 salários mínimos). O INPC registrou uma variação de -0,09% em julho, mantendo-se próxima à taxa de -0,10% observada no mês anterior. No acumulado do ano, o INPC acumula alta de 2,59%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 3,53%, acima dos 3,00% registrados nos 12 meses anteriores.

Os números do IPCA e INPC demonstram que a economia brasileira segue passando por oscilações, com impactos variados nos diferentes setores e regiões do país. A análise detalhada desses indicadores é essencial para entender as dinâmicas econômicas em curso e tomar decisões informadas sobre investimentos e consumo.

Nota: Os dados e informações presentes nesta matéria foram fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são referentes ao mês de julho de 2023. A análise dos indicadores deve considerar a conjuntura econômica e as possíveis variações ao longo do tempo