Indicador registrou crescimento da economia brasileira de 0,3% no segundo trimestre de 2025
por
Marcelo Barbosa
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20/08/2025 - 12h


O Banco Central (BC) divulgou nesta segunda-feira (18) os dados do IBC-BR (Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil) referentes ao mês de junho. Os números mostraram uma queda de 0,1% em relação a maio, mas o resultado do segundo trimestre de 2025 se manteve positivo, com um crescimento de 0,3%. O IBC-BR é um dos indicadores oficiais da economia brasileira. Ele faz uma estimativa de crescimento levando em conta três setores: agropecuária, indústria e serviços. O índice foi criado para trazer números frequentes sobre a atividade econômica do Brasil e tem influência sobre as decisões financeiras do país, servindo de auxílio para políticas monetárias, como a taxa de juros (Selic).

Por exemplo, quando a taxa de juros está em patamares elevados, isso reduz a atividade econômica, o que se reflete nos números do indicador. Por isso, atualmente, ele é lido pelo mercado como a "prévia do PIB".

 
 

Fachada do Banco Central do Brasil em Brasília — Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
IBC-BR: agropecuária, indústria e serviços tem leve alta no segundo trimestre de 2025 (Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)

 

 

Retração da economia

Após quatro meses seguidos de bons resultados, maio registrou a primeira retração do ano, de 0,7% em relação a abril. Em junho, a queda foi de 0,1%. De acordo com o professor de economia Renan Silva, do IBMEC Brasília, "a alta deu-se devido à Selic, que chegou ao patamar de 15%”. Ele explicou que "o que corrobora para essa questão da taxa de juros restritiva é o fato de que os indicadores de inflação vêm arrefecendo. No último relatório Focus, do Banco Central, o IPCA já registra uma inflação, em 2025, de 4,95%, ante os 5,30%, que as projeções vinham indicando”.

 

Os dados oficiais do Banco Central confirmam que a agropecuária foi o principal fator para a retração no trimestre, com uma diminuição de 3,1% no período. Por outro lado, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que o destaque de junho foi o aumento de 0,3% no volume do setor de serviços. A produção industrial teve um recuo de 0,1% no mês, e as vendas no varejo também frustraram as expectativas, recuando 0,1% em comparação a maio. Sob a óptica do professor, o tarifaço de Donald Trump pode trazer efeitos adversos e "provocar uma redução intensa no segundo semestre”.

 

Nos últimos 12 meses, os números ficaram em 3,9%, o que representa uma desaceleração em face ao mesmo período, que marcou uma alta de 4,04%.

 

Para o futuro, Silva acredita que a retração na atividade econômica pode influenciar o COPOM (Comitê de Política Monetária) - órgão responsável por estabelecer as diretrizes da política monetária - a iniciar um novo ciclo na queda dos juros. "Esse ciclo restritivo já teve efeito, o que gerou como resultado a redução na atividade econômica”, conclui. A retração de 0,6% no terceiro trimestre de 2023 havia sido a última queda do indicador antes dos recuos registrados neste ano.

Alimentação e bebidas têm deflação em relação ao mês anterior, enquanto habitação sofreu alta devido ao aumento da conta de luz
por
Marcelo Barbosa P.
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13/08/2025 - 12h

O IBGE divulgou nesta terça-feira (12) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação do país. Os dados apontam que houve um aumento de 0,26% no mês de julho, uma leve alta em comparação com a taxa de 0,24% registrada em junho. No ano, o IPCA já acumula desaceleração de 3,26% e, nos últimos 12 meses, de 5,23%.

De acordo com o gestor de investimentos e especialista financeiro da WFlow, Guilherme Viveiros, a inflação surpreendeu positivamente. "O índice deste mês veio com o valor de 0,26%, enquanto o mercado via uma elevação de 0,36%". O mês de agosto também deve apresentar queda, com índices negativos o que, segundo Viveiros, "fez com que o mercado começasse a sondar uma possível queda dos juros ainda em 2025".

Entre os setores da economia que apresentaram deflação, ou seja, queda de preços, estão o grupo Alimentação e bebidas (-0,27%), Vestuário (-0,54%) e Comunicação (-0,09%). Em contrapartida, entre os maiores destaques da alta estão os grupos Habitação (0,91%) e Despesas Pessoais (0,76%). A alta do grupo Habitação foi impulsionada pela energia elétrica residencial, com variação de 3,04% - o maior impacto individual no índice do mês. Esse número se deve ao fato de que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) confirmou a bandeira tarifária de agosto, que será a Vermelha patamar 2, a mais cara do sistema. Como consequência disso, haverá um acréscimo de R$ 7,87 para cada 100 kWh consumidos na conta de luz.

O grupo Transportes também teve aceleração, passando de 0,27% em junho para 0,35% em julho, impulsionado pela alta de 19,92% nas passagens aéreas. Por outro lado, os combustíveis tiveram uma queda de 0,64% no mês, com recuos no preço do etanol (-1,68%), do óleo diesel (-0,59%), da gasolina (-0,51%) e do gás veicular (-0,14%).

 Já o grupo Alimentação e bebidas, que tem o maior peso no IPCA, registrou baixa pelo segundo mês consecutivo. A queda em julho foi impulsionada pela alimentação no domicílio, que caiu 0,69% com destaque para redução nos preços da batata-inglesa (-20,27%), da cebola (-13,26%) e do arroz (-2,89%).

 

Reprodução: Tânia Rego/Agência Brasil | Pessoas andando em um mercado
Reprodução: Tânia Rêgo| Pessoas escolhem frutas em um mercado


Rafael Prado, economista e analista de macroeconomia da Go Associados, chama a atenção para o fato de que o valor da inflação deste mês ainda é elevado em relação à meta de 4,5% ao ano. Segundo ele, o resultado deste mês é prova de que a política monetária pode atuar de maneira enfática nos dados. "Quando nós olhamos para os números desagregados do IPCA, vemos que existem grupos, como Habitação que foi impactado pela energia elétrica, que influenciaram para o aumento de julho". Para ele, isso ressalta a importância de "continuar com uma política monetária restritiva, para que a inflação continue caindo e volte ao intervalo de tolerância."

Já o professor de economia João Gabriel Araújo, do Ibmec Brasília, destaca o efeito Trump na economia brasileira. Segundo ele, a guerra tarifária vai ser um dos fatores determinantes para a queda dos preços no Brasil. "Com o anúncio das medidas para o Brasil, especialmente a tarifa de 50% sobre as importações, os produtores nacionais aumentaram os estoques para o mercado interno, reflexo da diminuição das exportações para os Estados Unidos antes da implementação da tarifa e do consequente aumento da oferta de bens no mercado doméstico".

O cálculo do IPCA foi realizado a partir da comparação dos preços coletados entre 1 e 30 de julho de 2025 com os preços vigentes entre 30 de maio e 30 de junho de 2025. O IPCA abrange famílias com rendimento monetário de 1 a 40 salários-mínimos. Já o INPC, que considera famílias com rendimento de 1 a 5 salários-mínimos, teve alta de 0,21% em julho, com acumulado de 3,30% no ano.

A falta de renda fixa, escolaridade e educação financeira empurra jovens para ciclos longos de endividamento.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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24/06/2025 - 12h

Entre boletos parcelados, cartões de crédito e ofertas de empréstimos rápidos, jovens brasileiros têm se tornado protagonistas de um fenômeno crescente: o superendividamento. Sem renda fixa, sem vínculo formal com instituições financeiras e com pouca ou nenhuma educação financeira, parte expressiva dessa população vê no crédito imediato uma resposta à sobrevivência, ainda que, a longo prazo, isso signifique um acúmulo impagável de dívidas.

A especialista em consumo e pesquisa de mercado, Eduarda Barreto, 27, chama atenção para a complexidade do problema. Para ela, não se trata apenas de comportamento individual, mas de um contexto social e estrutural. “Em 2022, uma pesquisa do Banco Central mostrou que 22% dos jovens entre 15 e 29 anos estavam fora da escola e do mercado de trabalho. Isso representa cerca de 11 milhões de jovens sem renda fixa ou escolaridade mínima para acessar melhores oportunidades”, afirma.

Eduarda Barreto em palestra na FEA-USP
Eduarda Barreto em palestra na FEA-USP 

Esse grupo, segundo Eduarda, é o mais vulnerável a modalidades de crédito como empréstimos emergenciais ou cartões pré-aprovados. Com pouco conhecimento sobre juros e condições, esses jovens recorrem ao que está disponível mesmo que isso signifique aceitar taxas elevadas e prazos inflexíveis. Ela explica que não se trata de crédito para investir, mas para sobreviver. Muitas vezes, o empréstimo serve para pagar contas básicas como luz, gás e alimentação.

Eduarda destaca que esse ciclo é agravado pela ausência de políticas públicas consistentes de educação financeira desde os primeiros anos escolares. Jovens que não estão inseridos no mercado de trabalho ou na escola muitas vezes não têm qualquer orientação sobre orçamento, crédito ou endividamento. O resultado é um cenário em que decisões são tomadas no impulso da necessidade, sem planejamento ou capacidade de negociação com bancos.

A falta de vínculo estável com instituições financeiras também pesa. Quem não tem um histórico com o banco dificilmente acessa linhas de crédito com melhores condições. Barreto observa que, mesmo com juros altos, muitos jovens aceitam a única oferta disponível, pois não têm tempo nem suporte para tomar uma decisão mais estratégica. Eles precisam do dinheiro de forma imediata.

Embora programas de renegociação de dívidas e feirões "limpa nome" tenham ganhado força nos últimos anos, Eduarda pondera que eles não atacam o problema na raiz. O superendividamento juvenil é reflexo direto de um sistema que oferece crédito sem oferecer estabilidade, informação ou perspectivas.

Chris Martin terá apresentação aberta ao público em Belém para promover a COP 30
por
Victória Miranda
Ana Julia Mira
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10/06/2025 - 12h

No dia primeiro de novembro, o cantor do grupo musical Coldplay, estará se apresentando no Mangueirão (Estádio Olímpico do Pará). O estado também será palco da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) e o festival, que contará com outros grandes nomes da música, faz parte da promoção da campanha #ProtejaAAmazônia.

Os shows gratuitos têm sido ferramentas poderosas do governo brasileiro para promover turismo e projetos nacionais. Mesmo sendo totalmente abertos ao público, essas apresentações movimentam a economia brasileira em diversos aspectos. Entenda mais sobre o assunto e confira as falas da doutora em Comunicação e Cultura e professora titular do programa de pós-graduação em Economia Criativa, Lucia Santa-Cruz, em entrevista em vídeo para a AGEMT. 

 

 

Esse é o maior índice desde 2006
por
Marcelo Barbosa Prado Filho
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12/05/2025 - 12h

Na última quarta-feira (7), o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a taxa básica de juros para 14,75% por ano, um aumento de 0,5%.

 

De acordo com um comunicado lançado pelo Comitê, os fatores que colaboraram para a decisão foram o tarifaço de Donald Trump e a política econômica do presidente Lula: “Cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, declarou o informe. 


A Selic tem um papel fundamental na economia. Ela é o parâmetro para definir todas as outras taxas no país e serve como referencial para os bancos precificarem seus créditos. Essa é a sexta elevação consecutiva da taxa e coloca a Selic em maior patamar desde julho de 2006. 

 

De acordo com a economista Cristina Helena, a taxa de juros tem um impacto considerável na economia: “Quando a taxa de juros aumenta, uma das coisas que acontecem é tornar mais atrativo o investimento externo para dentro do país. Essa entrada de capital ajuda na queda do dólar, porque tem maior oferta de moeda estrangeira”. Por outro lado, a economista pontua que a elevação da taxa pode acarretar em menor consumo familiar: “Alguns podem aumentar os recursos e consumo, mas vão ter famílias que vão ficar mais pobres.”.  

Reprodução: Getty Images
Reprodução:Getty Images

Com isso, o Brasil passou a compor a lista dos países com os maiores juros reais do mundo, ficando em terceiro lugar no âmbito internacional. Em primeiro lugar está a Turquia, com 10,47%, e em segundo a Rússia, que tem  9,17%.

 

No entanto, junto com a elevação, houve uma queda do dólar diante do real.  A elevação da taxa não foi o único fator que influenciou, visto que a perspectiva de um acordo comercial entre EUA e o Reino Unido aumentou. 

 

Para a próxima reunião, há expectativas, mas não parece ser diferente do cenário atual. Em nota, a Copom afirmou: “Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”.


 

por
João Pedro Freitas
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31/10/2019 - 12h

Por João Pedro Freitas


Um projeto de lei de autoria do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ)
promete pôr fim à crise financeira do futebol brasileiro, incentivando
clubes a se transformarem em sociedades anônimas (S/A), com
ações negociadas na bolsa de valores. A proposta ainda precisa ser
aprovada pela Câmara dos Deputados.

Vale lembrar que atualmente nada impede um clube de futebol de
deixar o modelo de associação e virar empresa limitada ou
sociedade anônima, porém os impostos, que são parciais ou
inexistentes para associações sem fins lucrativos, passariam a ser
cobrados integralmente dos clubes que assumirem a condição de
companhias. Como forma de forçar a migração dos clubes para a estrutura
empresarial, o deputado pretende aplicar impostos sobre
associações sem fins lucrativos como se fossem empresas
limitadas ou S/A.

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Créditos: FalaGalo

As dívidas fiscais não poderiam ser incluídas em processos de
recuperação judicial. Neste caso, Pedro Paulo pretende aliviar a
situação dos clubes com um percentual superior de reduções. Enquanto o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) permitiu o abatimento de até 40% dos juros sobre as dívidas, a proposta do deputado aumentaria este percentual para 50%. Em contrapartida, os clubes que aderirem a este refinanciamento por meio de suas empresas precisariam pagar cinco parcelas de forma antecipada, o
equivalente a 15% da dívida consolidada por meio do refinanciamento. O deputado propõe um alongamento de 20 anos, mesmo prazo do Profut, para que os clubes consigam quitar os impostos não pagos.

A Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados fez a análise
da contabilidade de 19 times da Série A, em 2018, e alguns casos
são mais dramáticos. Santos e Chapecoense, por exemplo, jamais
conseguiriam pagar seus passivos, enquanto o Cruzeiro levaria
mais de 200 anos. O Botafogo vem logo em seguida com 34 anos
para quitar o que deve. O estudo conclui que, apesar das dívidas, o
mercado de futebol no Brasil é bastante promissor aos investidores.
Tanto pela receita líquida dos clubes analisados quanto pela
rentabilidade positiva de metade deles.

Na Europa este modelo já é aplicado há mais tempo, e conta com
alguns resultados ótimos e outros catastróficos, tornando o tema
polêmico. Vários times são empresas e têm ações no mercado,
como Manchester United, Arsenal, Juventus, Lazio e Inter de Milão,
e todos estão bem financeiramente. Porém, existem alguns casos
que deram muito errado e resultaram até em falências, como os dos
tradicionais Parma (Itália) e Rangers (Escócia).


No Brasil, o principal exemplo de sociedade anônima até o
momento é o Figueirense e o resultado foi considerado desastroso,
deixando dirigentes de outros clubes literalmente com o pé atrás.
Em agosto de 2017, os catarinenses começaram a parceria com a
empresa Elephant, que prometia mudar o clube de patamar. No
entanto, depois de dois anos o contrato foi rompido, já que os
investidores não cumpriram o acordo. O período ficou marcado por
salários atrasados, descaso com as categorias de base e o W.O.
diante do Cuiabá, que deixou o clube na lanterna da Série B do
Brasileiro.

O advogado esportivo Aldo Kurle diz que, quando uma empresa ou
um investidor descumprir um acordo, as sanções recairão sobre os administradores. “Já existem previsões de penalidades disciplinares, mas não têm sido aplicadas com a devida seriedade”,
afirma.

Da elite nacional, apenas os dirigentes de Athletico-PR, Botafogo e
CSA enxergam o projeto com bons olhos. Mas na segunda divisão
a proposta atrai quase metade dos 20 clubes. América-MG,
Coritiba, Guarani e São Bento encomendaram estudos de
viabilidade para avaliar a migração. Botafogo-SP, Red Bull
Bragantino e Londrina, por sua vez, já se tornaram empresas.
A maioria dos clubes considerados "grandes" já se posicionou a
respeito do tema por meio de seus dirigentes e discordou do projeto
por conta da equiparação tributária entre as associações sem fins
lucrativos e empresas.

O Flamengo, um dos únicos clubes do Brasil
a fazer ajustes fiscais e com as contas em dia, discorda do projeto
em três pontos importantes: carga de impostos, a liberação de
recursos de apostas apenas para quem se tornar clube-empresa e
a criação de um fundo para ajudar quem estiver com dificuldades
financeiras. Na contramão do rubro-negro, o Botafogo, afundado em
dívidas, aderiu ao projeto e está em busca de investidores para
transformar-se em sociedade anônima a partir do ano que vem.

O economista e ex-presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo
não vê problema em clubes virarem empresas, mas não concorda
com a forma como a questão vem sendo conduzida. “Não tenho
nada contra os clubes virarem empresas, acho válido terem a
liberdade, pois é opção de cada um, mas este projeto de lei está
obrigando todos a virarem empresas. É um absurdo cobrar de
associações sem fins lucrativos o mesmo que se cobra de
companhias”, diz Beluzzo, acrescentando que as instituições podem
ficar reféns de “aventureiros”.
Já Kurle tem outra visão e se mostra favorável ao projeto de lei.
“Entendo que há a necessidade de profissionalização dos clubes.
Atualmente, na figura de associações sem fins lucrativos, os
dirigentes não têm responsabilidade pelos danos causados ao clube
durante sua administração”, argumenta.

por
Raul Vitor
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31/10/2019 - 12h

O número recorde de 9 milhões de microempreendedores individuais (MEIs) que o Brasil atingiu este ano indica uma forte atração pelo setor, mas não significa que a situação do microempreendedor tenha melhorado no país.

A opinião é do engenheiro e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP Paulo Feldmann, ex-presidente do Conselho da Pequena Empresa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo.

“Microempreendedor individual não é empreendedor. A palavra cria essa função, mas na realidade o MEI continua sendo um trabalhador informal”, avalia Feldmann. Para o professor, o conceito de empreendedor no Brasil está vinculado à pessoa que abre uma pequena empresa ou uma microempresa, diferente de boa parte do mundo.

“Empreendedor, em outros países, está vinculado à pessoa que traz uma inovação para o mercado, que cria um produto novo. No Brasil, o responsável pela abertura de uma franquia, por exemplo, é tido como empreendedor, mas, na verdade, é um empresário”, afirma.

Segundo Feldmann, o Brasil é um dos piores países do mundo em proteção e incentivo às pequenas empresas. “Em qualquer país do mundo a pequena empresa tem várias vantagens, como financiamentos especiais e pagamento de impostos reduzidos. O Brasil não tem a mentalidade de apoiar o pequeno empreendedor.”

O professor sustenta que a pequena empresa é uma importante fonte de empregos para o país. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os pequenos negócios representam cerca de 99% das empresas do país.

 O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aponta que 75% das vagas criadas em setembro deste ano foram geradas por micro e pequenas empresas. Feldmann relaciona esse aumento ao crescente número de motoristas e entregadores de aplicativo, mas alerta para as condições precárias de trabalho.

“O número de motoristas de aplicativo dobrou em dois anos. Em sua maioria, são trabalhos precários, sem direito algum. É uma ilusão o sentimento de não haver patrão, de que possuem um horário flexível. A maioria ganha mal e não possui direito nenhum”, completa.

“Em outros países há um direito ou garantia mínima para essas pessoas, mas no Brasil não tem nada”, diz. Em setembro deste ano, o Senado da Califórnia aprovou uma lei que obriga empresas de transporte privado urbano, como a Uber, a reconhecer os motoristas que utilizam a plataforma como seus empregados.

Edson Braga, 58 anos, escolheu trabalhar como motorista no Uber após tentativas frustradas de se realocar no mercado de trabalho de origem. “Troquei de profissão quando o setor imobiliário estagnou. Trabalhava como corretor de imóveis na Praia Grande, litoral paulista. Tentei me realocar na minha antiga profissão, onde supervisionava cartas de crédito, mas não obtive sucesso”, conta Edson, que está há três meses no aplicativo.