A origem do narguilé é incerta. Muitos dizem que surgiu entre os indígenas em antigos povos asiáticos, mas há quem aponte o Egito como seu lugar de nascimento. Apesar disso, o produto se tornou conhecido no Brasil recentemente e num modelo mais incrementado em relação a forma original. Além disso, a fumaça inalada hoje resulta não apenas da combustão de plantas, como tabaco e maconha, mas de misturas muito mais sortidas, que incluem melaço, glicerina e essência de fruta, ampliando as possibilidades de gosto e aroma.
Atualmente o Brasil tem mais de 300 mil fumantes de narguilé. Entre aqueles que declaram fumar diariamente, 63% têm entre 18 e 29 anos e 37% estão entre 30 e 39 anos, o que demonstra que os jovens são os maiores usuários de tabaco, segundo a Pesquisa Especial sobre Tabagismo no ano de 2015, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Hoje em dia, percebe-se um aumento do consumo tanto nas grandes cidades quanto em municípios de menor porte. Em alguns casos, a expansão é atribuída à falta de opções de lazer, como shows, cinemas, teatros ou até mesmo baladas noturnas.
Especialistas alertam para os riscos do hábito. O tabaco causa dependência devido à nicotina, podendo tornar os usuários do narguilé fumantes de cigarros tradicionais. Mas, no caso do narguilé, a intoxicação do usuário com monóxido de carbono é ainda maior.
A Organização Mundial da Saúde afirma que uma sessão de narguilé de 20 a 80 minutos corresponde à exposição de componentes tóxicos presentes na fumaça de cem cigarros. O cigarro é o produto derivado do tabaco mais consumido no Brasil. A produção e o consumo de outros produtos manufaturados a partir do tabaco representam uma parcela pequena do mercado.
Atualmente, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer) 14,7% da população é fumante. Consequentemente, quanto maior o consumo de cigarros, maiores são os gastos com cuidados médicos - e, portanto maiores os custos econômicos para a sociedade. Ainda de acordo com Inca, o Brasil gasta anualmente R$ 57 bilhões com tratamento de doenças relacionadas ao tabaco e com despesas indiretas.
Ou seja, considerando os impactos do tabaco no País a balança é deficitária, pois mesmo com alta arrecadação de impostos não é possível suprir os gastos com cuidados de saúde causados pelo produto.
O Brasil é referência mundial em políticas antitabagistas e foi o segundo no mundo ao alcançar as medidas de controle estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Neste ano, o país assumiu a coordenação do Órgão Intergovernamental de Negociações da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da OMS, adotando um papel de liderança no controle do tabaco no cenário internacional, apesar de ser um país em desenvolvimento e um grande produtor de tabaco.
Curiosamente, o Brasil também é um dos maiores produtores de tabaco, se não o maior A produção se concentra na região Sul, que responde por cerca de 95% da produção nacional.
De junho de 2018 a maio deste ano, o tabaco e seus produtos geraram uma receita de exportação de US$ 2,1 bilhões.
O valor bruto da produção (VBP), tomando como indicador de faturamento, é de R$600,9 bilhões. (Gazeta, 2019)
Lucas Escobar morava em São Paulo e há três meses voltou para sua cidade natal, Cuiabá (MT), onde ele abriu sua tabacaria “Muzie Tabacaria e Lounge”. Diante esse assunto, ele respondeu algumas perguntas:
Por que decidiu abrir uma tabacaria?
Primeiro porque hoje em dia é mais fácil ganhar dinheiro com o vício das pessoas, tanto com comida, bebida, tabaco, entre outros.
Em segundo, é pelo gosto da cultura, que não é bem vista por conta de algumas tabacarias.
Você tem notado um aumento de consumo?
Com certeza, na minha adolescência eu já fazia consumo mas fumava cigarro, hoje vejo que muitos jovens aderem diretamente ao narguilé tanto pelo gosto quanto pela sociabilidade que ele trás.
Por que abrir em Cuiabá?
Cuiabá é a cidade em que eu cresci e vejo que aqui há público sobrando, então uni o útil ao agradável.
Qual a faixa etária de pessoas que vão à tabacaria?
Isso varia muito, apesar de eu e meu sócio não aceitarmos menores de idade, a procura deles é grande, mas os que mais frequentam têm entre 18 e 25 anos.
Por que você acha que as pessoas mais novas recorrem ao narguilé?
Por conta do cheiro que fica, narguilé é mais suave que cigarro.
Também o fato do fácil acesso a isso, por mais que seja "ilícito" (proibida venda a menores). Acredito que seja por vontade própria de fumar e se tornar aceito em seus grupos sociais.
Quanto você fatura até o fim do mês?
Faturamento bruto com a pegada sossegada da minha tabacaria, porque não faço festa, nem vendo bebidas destiladas, é algo em torno dos R$ 20 mil.
Quanto você paga de impostos?
A aquisição dos produtos é toda feita dentro do estado, que no caso é isenta, fora alguns casos como carvão e acessórios que compramos de distribuidoras em São Paulo SP e Paraná , aí sim, incidindo ICMS. Mas, como não são compras frequentes, acabam sendo valores irrisórios.
Há uma tendência de aumento do tabagismo na faixa etária mais jovem, até 24 anos. Numa pesquisa rápida feita com 30 pessoas pelo Instagram, os gastos com tabaco para cigarro e narguilé são de R$ 150 a R$ 600 ao mês. A idade das pessoas consultadas varia de 19 a 28 anos.
Joyce Botelho, 20 anos, que atualmente também trabalha em tabacaria como atendente, começou a fumar narguilé há seis anos. Ela disse que em outubro gastou exatos R$ 580 com o hábito.
Por que gastar esse valor em narguilé sabendo que poderia ser gasto em outras coisas?
Eu entendo que é um valor alto de se gastar... Porém, é algo que eu gosto.Eu fumo quando não tem nada para fazer, às vezes chego só a raiva do serviço e tudo que eu quero é sentar e fumar. A sensação de pegar o narguilé, lavar e preparar, é como se fosse um calmante.
E pra mim também virou um trabalho, onde eu experimento sabores para poder falar o que é bom ou não para os clientes. Não tem sensação melhor que um cliente chegar a te esperar atendê-lo porque tem confiança em você.
Então nem me vem à mente gastar em outras coisas, porque eu gosto de gastar mesmo com isso.
Você tem medo a longo prazo de ter algum problema de saúde?
Minha crença é que nossa história já está escrita e se tiver que acontecer, vai acontecer. Claro que posso estar adiando, fazendo acontecer mais rápido, né. Mas medo eu não tenho.
Com a abrupta redução de 98% do teto de captação da Lei Rouanet, o atual governo praticamente inviabiliza a montagem de títulos internacionais renomados e preocupa os profissionais e admiradores de teatro musical no país. Diante da ameaça iminente, produtores solicitaram à Fundação Getúlio Vargas (FGV) um estudo completo da movimentação financeira gerada pelos espetáculos na cidade de São Paulo, onde há a maior quantidade de peças do circuito.
Calculando os valores que as produções e os espectadores de teatro musical fizeram circular na cidade no ano passado, a conta passa de R$ 1 bilhão, segundo o estudo da FGV. Ou seja, uma indústria extremamente lucrativa para a cidade.
Muito além do que se vê em cena, as grandes montagens envolvem um espectro abrangente de profissionais que extrapolam as atividades artísticas propriamente ditas. Do setor administrativo, que envolve a parte jurídica e contábil, até as camareiras do teatro, quase 13 mil postos de trabalho foram gerados do início ao final de 2018 na capital paulista em decorrência dos espetáculos, o que corresponde a R$ 196 milhões em movimentação financeira.
Fora isso, o gênero também alimenta o turismo da cidade, pois cerca de 38% do público vem de outros estados. A soma de gastos com alimentação, hospedagem, lazer e transporte chega a R$ 813 milhões, o que significa que 80% da movimentação econômica é gerada justamente por despesas extras dos espectadores. Indo mais a fundo nesse ponto, o Estado, por possuir um sistema tributário em que quase metade do que é coletado vem dos impostos sobre bens e serviços, é beneficiado pela indústria. O estudo da FGV aponta que, para cada R$ 1 investido, o retorno em tributos é de R$ 1,92, quase o dobro.
Essa movimentação financeira é o retorno de um investimento também grandioso que há por trás de cada montagem. A Lei Federal de Incentivo à Cultura, inclusive, existe por causa disso. Os títulos que mais atraem público são geralmente os mais custosos. Lucas Melo, que é produtor, explica: "O custo se eleva muito por conta dos direitos autorais, até porque se paga em dólar, e também pela dimensão do espetáculo". Para trazer um musical nos moldes de "Wicked", por exemplo, existe um contrato que exige cenários e figurinos fiéis aos da Broadway, para que o espetáculo não seja descaracterizado.
A primeira adaptação da Broadway realizada no Brasil foi “My Fair Lady”, na década de 1960, mas o gênero só se estabeleceu de fato quando a empresa Time for Fun (T4F) comprou os direitos de "Os Miseráveis". Em cartaz durante o ano de 2001, o público alcançado na época foi de 300 mil pessoas. No ano seguinte, com a montagem de "A Bela e a Fera", o número de espectadores dobrou e o mercado dos musicais passou por um processo de consolidação que já dura mais de 15 anos. Os profissionais e as empresas produtoras se especializaram e se multiplicaram durante esse período.
Importar peças dessa dimensão só foi possível pois o teto de captação da Lei Rouanet permitia que um projeto arrecadasse até R$ 60 milhões. O atual governo reduziu para R$ 1 milhão esse valor. Só "O Fantasma da Ópera", que atualmente está em cartaz no Teatro Renault, arrecadou pela Rouanet R$ 24 milhões para realizar essa temporada. Fernando Alterio, dono da T4F, empresa que está à frente da produção, declarou recentemente ter cancelado a negociação do título que pretendia trazer para o próximo ano.
Apesar das dificuldades, profissionais da área não acreditam que o gênero estará extinto devido às mudanças na Lei de Incentivo, pois um dos legados do crescimento do mercado foi justamente a expansão do teatro musical nacional. Muitas peças de grande valor artístico são produzidas atualmente. Entretanto, do ponto de vista mercadológico, não são espetáculos que costumam atrair público da mesma forma que peças internacionais, logo a lucratividade não será a mesma.
Melo, que trouxe a produção de "Os Últimos Cinco Anos" em 2019, não está muito otimista com o ano que vem. "Para o meu próximo espetáculo, com R$ 1 milhão, 60% do orçamento é só para pagar os direitos. Já tive que reduzir a temporada para um período muito menor e é isso. O que vier de fora, se é que virá algo, vai ser assim, um ou dois meses em cartaz, com ensaios mínimos e as pessoas recebendo quase nada."
O mundo dos investimentos é, comprovadamente, dominado pelos homens. No Brasil, menos de 30% dos investidores são mulheres - mesmo que elas representem 51% da população. Mas estudos recentes mostram que os números estão mudando, ainda que lentamente.
De acordo com uma pesquisa da bolsa brasileira, B3, em 2014 havia 137 mil mulheres investindo em ações. Em julho deste ano, elas já somavam 270 mil. Estatisticamente, cresceram 97%, ou seja, quase dobraram em apenas cinco anos.
Tatiane Lima, 31 anos, enfrentava insegurança com sua mudança de emprego: CLT para prestação de serviço. Com a renda maior, ela decidiu estudar sobre o assunto e há dez meses começou a investir na bolsa. O plano da gerente comercial é ter independência financeira no futuro. A jovem está dentro do grupo de mulheres que começaram a investir entre 2014 e 2019.
“Há cinco anos, eu tinha comprado algumas quitinetes para alugar. Vendi em maio deste ano. Era uma ideia de investimento. Meu trabalha com isso e eu me inspirava muito nele para ter uma independência financeira através do aluguel. Mas só tive dor de cabeça e prejuízo, então eu resolvi vender essas quitinetes e aplicar tudo em bolsa, que foi uma das decisões mais certeiras que eu tomei. Hoje, meu investimento está todo na bolsa de valores”, conta Lima.
A jovem buscou estudar o mercado de investimentos. Começou com vídeos e canais de finanças, até chegar nos livros. “Comecei a estudar finanças com o canal do YouTube ‘Me poupe’, da Nathalia Arcuri, e a partir dela eu conheci ‘O Primo Rico’, que fala mais sobre o mercado financeiro. Depois parti para o Tiago Reis. Também estudei nos livros, como o ‘Investidor Inteligente’, de Benjamin Graham, e ‘Guia Suno Dividendos’, do Tiago Reis [e Jean Tosetto]”.
Em 2019, as mulheres representam apenas 21,75% das pessoas físicas que compram ações, de acordo com a B3. Já no Tesouro Direto, programa do Tesouro Nacional em parceria com a B3, que vende títulos públicos federais para pessoas físicas, as mulheres são 30,3%.
É o caso da médica Ana Carolina Leghi, 31 anos, que notava a perda de dinheiro sem motivos e, após quitar seu carro e zerar seus cartões de crédito, decidiu investir no Tesouro Direto há mais ou menos um ano. “Não invisto na bolsa, ainda, porque requer estudo. Sou uma investidora mais conservadora. Não quero riscos, pelo menos por enquanto. Se ainda não sei como fazer bem correto, prefiro não fazer”, diz Leghi, que, assim como Tatiana, começou a investir vendo canais do YouTube, como o de Nathalia Arcuri.
Finanças para mulheres

Apesar do número crescente de mulheres que investem em renda variável, no Brasil, o aumento de investidores do sexo masculino é ainda maior, de 123% entre 2014 e 2019. Neste contexto, surge um novo modelo de conteúdo online de finanças para mulheres, que influencia no aumento do interesse feminino na área.
Formada em jornalismo e relações internacionais, Carolina Sandler, 35 anos, estudou economia, microeconomia e comércio exterior. Após notar a dificuldade que as mulheres têm em se inserir nesse mercado e a inexistência de projetos brasileiros pensados para a mulher na área de finanças, decidiu criar o site “Finanças Femininas”, onde compartilha conhecimento do mercado financeiro direcionado, especialmente, para as mulheres.
“Eu decidi montar o “Finanças Femininas” no momento em que percebi que o conteúdo para mulher na internet era moda, beleza, casamento e maternidade. Me apaixonei pela causa, e abracei esse papel de ser uma tradutora, em entender o mercado financeiro e explicar para quem não conhece”, afirma Sandler.
A especialista explica o motivo pelo qual o mundo do investimento é predominantemente masculino, e a dificuldade da mulher em se inserir nesse mercado. “O homem teve historicamente o papel de provedor, então ele ganhava o dinheiro e tem a responsabilidade de cuidar dele. Temos que parar para pensar que a mulher teve direito a ter um CPF e uma conta bancária individual, sem precisar da autorização do pai ou marido, no final dos anos 60.”
“Tudo começa no momento em que as mulheres crescem no mercado de trabalho, [começam] a ganhar o seu próprio dinheiro e ter a responsabilidade de cuidar dele, faz pouco tempo em termos históricos. Até então, os clientes e funcionários de todas as corretoras eram homens, as mulheres eram no máximo secretárias”, pontua Sandler.
A estudiosa também comenta sobre o peso que a construção social tem sobre isso. “Estudos mostram que as meninas começam a achar que são piores em matemática do que os meninos a partir dos cinco anos. Então você tem meninas que gostam de matemática, e de repente deixam de gostar por achar que aquilo é algo de menino. Essa construção social que precisa ser desmontada.”
“As mulheres não se sentem confiantes para lidar com seus próprios investimentos, é o que eu mais ouço: ‘eu tenho medo’, ‘eu não entendo nada’, ‘eu sou ruim de dinheiro’. Aí aquele momento em que a mulher pesquisa, ela tem a percepção de que ela tem que ter o controle das suas próprias contas, de que isso não pode ser responsabilidade de outra pessoa”, finaliza Sandler.

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o 13º salário vão ajudar os brasileiros a comprarem na Black Friday. Para muitos, será a chance de antecipar as compras de Natal gastando menos. A última sexta-feira de novembro é conhecida como o dia de maiores descontos no comércio. Aqui no Brasil essa prática tem ganhado força e deve quebrar recordes este ano.
“É uma data cada vez mais importante, a terceira maior para o varejo, ficando atrás do Natal e do Dia das mães”, diz Guilherme Dietze, assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
As festas de fim de ano trazem consigo um aumento na contratação de trabalhadores temporários. No estado de São Paulo, este crescimento deve ser de quase 8% em relação ao mesmo período do ano passado, o que resultará em 33 mil novos empregados, de acordo com a FecomercioSP. O desemprego tende a permanecer entre 12 e 13%, prevê Marcos Henrique do Espírito Santo, economista e professor de economia do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).
Ele comenta que medidas rápidas como contratos temporários não têm “fôlego” para melhorar o mercado de trabalho. “Por um lado, pode melhorar a vida de milhares de pessoas em um curto prazo, mas, no longo prazo, precisa-se pensar para além destas ocasiões pontuais, deve-se pensar em um plano de recuperação de emprego e de renda, para assim criar mais perspectivas para os empresários investirem”, completa.
A Black Friday veio para o Brasil em 2010, importada dos Estados Unidos. “Nos últimos três anos, excluindo a recessão, ela vem aumento bastante”, diz Espírito Santo. Uma evidência disso é a pesquisa realizada pela plataforma de comércio eletrônico ZOOM que constatou que, dos quatro mil entrevistados, 95% pretendem consumir algum produto na data e 59% poupam ao longo do ano para aproveitar os descontos oferecidos.

No começo, a maquiagem dos preços chamou a atenção dos consumidores. Black Fraude e Metade do Dobro foram alguns dos apelidos que a data ganhou. “Eu acho impossível eliminar essa maquiagem, pois alguns comerciantes encaram como estratégia de venda, mas ao longo dos anos a tendência é que vá diminuindo”, acrescenta o professor da FMU. A respeito disso, Dietze diz que “até o monitoramento dos preços acontecerem, houve uma descrença na data”.
O assessor da FecomercioSP conta que a expectativa para este ano é positiva, com mais gente empregada, inflação controlada, melhor condição de crédito e os empregos temporários.
Uma pesquisa realizada pelo Google em parceria com a consultoria Provokers mostrou que benefícios como condições especiais e cupons de desconto ganham relevância e atraem os consumidores para esta data. “A intenção de compra aumentou 58% para este ano, a inflação caiu muito rápido, o que dá uma aparência de crescimento na renda e no poder de consumo” afirma Espírito Santo. “O brasileiro olha para o valor da parcela, sendo muito mais disposto a usar o cartão de crédito”, acrescenta.
A pesquisa do Google e da Provokers indicou a previsão de gastos de R$ 1.330 por pessoa. Além disso, constatou que as vendas do comércio eletrônico irão se igualar às do varejo (lojas físicas). O assessor da FecomercioSP, no entanto, diz que está relação é distante. “O que pode acontecer é haver o mesmo crescimento nos dois segmentos. O varejo é superior ao eletrônico. O que vem ocorrendo é a ampliação do setor virtual, enquanto o físico já possui todos os aspectos desde vestuários, farmácias, supermercados e turismo”, completa.
O nome Black Friday surgiu nos anos 1900 na Filadélfia, EUA, onde o dia seguinte à Ação de Graças era considerado a sexta-feira do caos devido aos muitos congestionamentos nas ruas. Além disso, por inaugurar as compras natalinas, as lojas abriam mais cedo para atrair cada vez mais consumidores, tornando o termo popular em 1975.
Com o aumento da venda online, vale observar algumas dicas de como fugir de fraudes. Consulte a reputação da loja, pesquise avaliações em sites como Reclame Aqui e nas redes sociais das empresas; veja a lista de sites suspeitos do Procon-SP; suspeite de descontos muito grandes; não use wifi compartilhado; deixe seu antivírus ligado; verifique se o site é seguro e, por último, cuidado com promoções via e-mail, que frequentemente são falsas.
Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia da consultoria PwC apontou que profissionais de marketing alocarão mais de 50% de seus orçamentos à publicidade digital até 2023, o que deve ultrapassar os gastos direcionados a mídias tradicionais. Somente a indústria de marketing de influencers deve valer até 2020 entre US$ 5 e 10 bilhões, de acordo com a agência norte-americana de marketing de influenciadores Mediakix, que também contabilizou o número de usuários cadastrados na rede social nos dias de hoje – dado não divulgado pelo Facebook, atual detentor do Instagram.
Com 1 bilhão de usuários, a plataforma é hoje o canal de mídia social mais importante estrategicamente para o marketing de influenciadores – pessoas que se tornaram famosas no mundo digital e exercem uma influência igual ou maior que personalidades da televisão, rádio e cinema. Neste mundo digital, anúncios não produzem o mesmo vínculo que os digital influencers são capazes ao testar um produto em uma live ou publicar uma foto mencionando o nome de uma marca de bolsa, camisa, tênis e joias. A personalização na hora de consumir torna esse setor cada vez mais lucrativo e complexo.
Considerados um novo “produto” pelo marketing, influenciadores foram classificados em categorias para que fossem mais bem entendidos. O número de seguidores em seus perfis, algo que pode influir na hora de fechar parcerias com marcas publicitárias, foi o método utilizado para a divisão e, de acordo com uma pesquisa feita em julho deste ano pela Squid, primeira empresa de marketing de influência no Brasil, nanos e microinfluenciadores – considerados especialistas – são os que produzem o maior número de engajamento dos seus seguidores.

E, conforme o coordenador de marketing da empresa, Lucas Lanzoni, é a familiaridade que garante essa maior conexão entre os dois. “Influenciadores menores têm uma conexão mais próxima com a sua comunidade. Esse sentimento de proximidade faz com que a sua base de seguidores se engaje muito mais com os conteúdos produzidos. É a familiaridade de saber que são aqueles influenciadores que estão criando aquele conteúdo, interagindo, respondendo comentários e não um assessor ou empresário.”, afirma.
Conciliando a rotina no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2°Região) com a vida de produtor de eventos LGBTQ+ em São Paulo, o advogado Eraldo Azevedo já acumula 29,6 mil seguidores no Instagram. Muitos são da época em que ele usava o perfil para divulgar o seu “lifestyle”, como define, e a produção de looks que se destacavam na moda masculina em 2013. À época, as fotos lhe garantiram convites para o São Paulo Fashion Week (SPFW) e roupas em troca de publicidade, mas a vida no universo da moda também o apresentou às festas e after-parties, que se tornaram o seu foco principal ao longo dos anos. Hoje, o perfil do influencer, advogado e produtor é um guia de eventos LGBTQ+ na capital paulista.
Porém, sem se restringir a um único publico, Eraldo desenvolveu um padrão que agrada tanto às pessoas interessadas em moda quanto às que buscam dicas de baladas em São Paulo, combinação fundamental para gerar engajamento “O meu feed é organizado verticalmente, em três colunas. A primeira é de fotos pessoais e serve para quem vem da época do SPFW. A segunda coluna é de amigos e famílias, o que mostra minha vida pessoal às pessoas. A terceira e última coluna é só para flyers de eventos e festas que eu organizo. Dessa forma, quando publico uma foto com amigos, na quinta-feira, por exemplo, já estou chamando para o evento de sábado, quando publico a foto do evento.”, comenta. “É uma forma de trabalhar com o produto, que é a festa que eu estou divulgando.”
Este tipo de relação mais próxima entre quem divulga e quem compra tornou perfis pessoais o novo depósito de dinheiro de marcas dispostas a gastar valores expressivos em marketing digital. Com uma taxa de engajamento 203% maior que perfis de marca, os digital influencers têm altas garantia de retorno de investimento, conforme pesquisa da Altimeter, em 2019.
Hoje, a rede social que surgiu como um aplicativo para publicação de fotos em 2010 dispõe de ferramentas cada vez mais específicas e propícias para o mercado de engajamento. Ao publicar uma foto, é possível marcar o perfil oficial de cada item que compõe o look mostrado na imagem. Caso seja um perfil de empresa, a opção ‘etiqueta’, além de mostrar o preço e nome da peça, também pode levar o usuário direto à página de compra.
Em nove anos de existência, o poder mercadológico e de influência do Instagram é capaz de engajar o consumidor, no caso seguidor, de forma mais rápida e eficiente que a televisão. “A velocidade com que essas plataformas ganharam relevância e poder como meios de comunicação e marketing é impressionante.”, comenta Lanzoni.
A resposta para isso é: o poder do engajamento nesta rede social, que nada mais é do que a capacidade que aquele que está indicando ou vendendo algo tem de interagir com os seus seguidores a ponto de convertê-los e influenciá-los a tornar aquilo uma compra ou compartilhamento.
A capacidade de um influenciador em engajar pode ser medida pelo número de interações no perfil, como curtidas em fotos, visualizações na ferramenta stories, quantidade de comentários e até mesmo questionamentos sobre o produto.
Para Eraldo, o sucesso desse relacionamento está baseado na verdade. "Quando você vê uma marca na televisão e vê no Instagram, no perfil de alguém que você segue, funciona muito mais porque a mensagem é mais orgânica. A mensagem é: ‘se ele está usando é porque deve ser bom’ e traz muito mais proximidade, realidade e pessoalidade.” Porém, ele questiona até quando o Instagram, que não era para ser, mas virou uma plataforma de marketing, vai resistir a esse relacionamento.
Influenciadores são vendedores que devem acreditar naquilo que vendem e, mais do que isso, vincular seu nome a marcas que lhe oferecem dinheiro em troca de publicidade. Ao mesmo tempo, são pessoas que dependem de um relacionamento verdadeiro com os seus seguidores.
Porém, a longo prazo, isso é possível?