Diretor de política monetária discute estratégias econômicas adotadas pela autarquia durante live
por
Camila Aroulho Bucoff
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07/04/2025 - 12h

O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Nilton David, participou, na segunda (31), de uma live sobre “Conjuntura e Política Monetária” promovida pelo Itaú BBA. O evento foi moderado por Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú. 

Na transmissão, David indicou que o principal objetivo da autoridade monetária é alcançar a meta de inflação de 3%. Também lembrou que o BC procura suavizar a oscilação de ciclos econômicos e a instabilidade econômica, sem prejudicar a meta. "O Banco Central vai buscar o caminho que for mais razoável para se chegar a esses 3% primeiro, claro que em vista das consequências que tem para os dois lados", disse. 

  Nilton David, diretor de política monetária do BC. Foto: Reprodução/LinkedIn
Nilton David, diretor de política monetária do BC. Foto: Reprodução/LinkedIn

Ciclo de aperto não acabou

No mês de março, o BC implementou a terceira alta seguida nos juros básicos, chegando a 14,25% ao ano, e indicou para a próxima reunião de política monetária, uma elevação em menor magnitude.

A elevação da taxa objetiva controlar a inflação, visto que o crédito mais caro reduz o consumo e força uma diminuição nos preços. Mesmo assim, segundo o Ministério da Fazenda, a inflação deve terminar 2025 em 4,9%, acima do teto da meta (4,5%). 

Segundo o diretor,  na reunião de março, a autarquia estava convicta de que o ciclo de aperto monetário não havia encerrado e que os movimentos à frente seriam menores do que os aumentos realizados anteriormente. A sinalização dada foi mais interessante para se ter uma saída do “forward guidance” suavizada - política monetária que sinaliza a trajetória dos juros futuros e outras medidas econômicas, minimizando volatilidades de interpretação.  Esse trabalho de minimização foi motivado pela inquietude do mercado em relação às três elevações consecutivas de 1 ponto percentual na Selic. 

Ele informou que o crédito incentivado existente no Brasil, uma linha de empréstimo que oferece condições mais favoráveis para estimular determinados setores da economia, faz com que a política monetária não tenha efeito equânime sobre todos os agentes. “O que acaba acontecendo é que o BC tem que colocar a taxa de juros um pouquinho acima para que todos estejam no nível restritivo”, disse David. 

O diretor também afirmou que as reservas internacionais brasileiras estão em níveis confortáveis e que não há razões para aumentá-las, dado que o BC apenas intervém no câmbio quando detecta alguma disfuncionalidade, seja no mercado à vista ou em derivativos.

Outro ponto comentado por David foi a elevação das expectativas de inflação acerca da valorização do câmbio, o que pode ser um indicador de que os agentes não perceberam que a alteração do patamar é permanente. Ele explica que as expectativas do mercado sobre a condução da política fiscal podem explicar o aumento da inflação. No entanto, a taxa de câmbio não possui relação mecânica com a política monetária. 


Impactos de guerra tarifária de Trump

David aponta que há mais incertezas do que definições sobre os impactos econômicos da guerra tarifária conduzida pelos Estados Unidos. Segundo ele, o aumento da hesitação tende a retrair investimentos, como mencionado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião de março.

“Você vai ter um choque de oferta nos Estados Unidos com uma queda de renda disponível, vamos dizer assim, provavelmente uma queda de produtividade, que traria juros neutros lá na frente menores pela queda da produtividade, e um dólar fraco", afirma.

O diretor indica que o impacto das tarifas na inflação norte-americana tende a ser temporário, como avalia o presidente do Federal Reserve, banco central estadunidense, Jerome Powell. 

De acordo com David, os efeitos das tarifas dos Estados Unidos sobre as cadeias produtivas não podem ser devidamente estimados, sem se saber até onde o presidente americano, Donald Trump, está disposto a avançar. No caso de um impacto mais duradouro, “o Brasil estará preparado para enfrentar um cenário pior”, disse ele. 

 

Programa consignado privado 

David aponta que o BC permanece estudando possíveis efeitos do novo programa de estímulo ao crédito consignado para trabalhadores privados, no qual as parcelas do empréstimo são descontadas diretamente da folha de pagamento do tomador. “Nos nossos estudos, a gente ainda não tem uma conclusão com toda a convicção”, disse ele. Essa avaliação envolve a demanda pelos tomadores de empréstimos e o comportamento dos bancos. 

Segundo o diretor, “O RPM (Relatório de Política Monetária) que a gente publicou não tem nenhum impacto do consignado ainda, mesmo porque a gente ainda está tentando entender, e aqui não é simplesmente o comportamento do tomador, também deveria levar em consideração do doador do crédito, se ele está mais interessado em trocar ou em incrementar." 

 

Declarações podem ser entregues por programa disponível no site da Receita Federal ou de forma online pelo e-CAC;
por
Marcelo Barbosa Prado Filho
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26/03/2025 - 12h

 

A Receita Federal liberou acesso à Declaração Anual do Imposto de Renda na segunda (17). Será possível realizar a entrega até às 23:59 do dia 30 de maio. 

A Declaração desempenha um papel fundamental na captação de recursos para que o Governo tenha controle sobre a arrecadação de dinheiro que financia serviços públicos.

Dentre as principais mudanças neste ano estão: 

  • A ampliação de isenção para rendimentos tributáveis 

O valor de rendimentos tributáveis anuais que obrigam a entrega da declaração subiu de R$ 30.639,90 para R$ 33.888,00.
 

  • A declaração obrigatória para mais situações envolvendo bens e investimentos no exterior  

  • Trusts e contratos estrangeiros: Quem possuía trusts ou contratos similares no exterior em 31 de dezembro de 2024 agora precisa declarar;

  • Regime de Transparência Fiscal: Quem optou por declarar bens e rendimentos de entidades controladas no exterior como se fossem pessoais precisa informar na declaração;

  • Atualização de imóveis a valor de mercado: Quem optou por atualizar o valor dos imóveis no Brasil conforme a lei de bens e imóveis no exterior deve declarar essa escolha.

  • Declaração pré-preenchida mais completa

A Receita Federal ampliou o cruzamento de dados disponíveis na declaração pré-preenchida. Neste ano, informações sobre criptoativos e transações imobiliárias também estarão incluídas. 

  • Mudanças no pagamento e parcelamento 

O imposto pode ser parcelado em até 8 vezes, mas agora o débito automático só pode ser ativado até 9 de maio para a primeira parcela. Depois disso, só vale a partir da segunda parcela. Débitos abaixo de R$ 10,00 não precisam ser pagos imediatamente e podem ser acumulados para exercícios futuros.

  • Autorização para terceiros com novas regras

É possível, neste ano, autorizar apenas uma pessoa física para acessar e transmitir a declaração, com validade de até seis meses.

Quem deve declarar Imposto de Renda? 

 

  • É obrigatório a declaração das seguintes pessoas:

  • Quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 33.888,00 em 2024. O valor é um pouco maior do que o da declaração do IR do ano passado (R$ 30.639,90) por conta da ampliação da faixa de isenção;

  • Contribuintes que receberam rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma tenha sido superior a R$ 200 mil no ano passado;

  • Quem obteve, em qualquer mês de 2024, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas cuja soma foi superior a R$ 40 mil, ou com apuração de ganhos líquidos sujeitas à incidência do imposto;

  • Quem teve isenção de imposto sobre o ganho de capital na venda de imóveis residenciais, seguido de aquisição de outro imóvel residencial no prazo de 180 dias;

  • Quem teve, em 2024, receita bruta em valor superior a R$ 169.440,00 em atividade rural;

  • Quem tinha, até 31 de dezembro de 2024, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 800 mil;

  • Quem passou para a condição de residente no Brasil em qualquer mês e se encontrava nessa condição até 31 de dezembro de 2024;

  • Quem optou por declarar os bens, direitos e obrigações detidos por entidade controlada no exterior (ou seja, uma empresa ou organização no exterior que é controlada direta ou indiretamente por uma pessoa física ou jurídica residente no Brasil), como se fossem detidos diretamente pela pessoa física;

  • Quem possui a titularidade de trust e demais contratos regidos por lei estrangeira com características similares;

  • Quem atualizou bens imóveis pagando ganho de capital diferenciado (forma específica de tributação sobre o lucro obtido na venda de vens ou direitos) em dezembro/2024;

  • Quem auferiu rendimentos no exterior de aplicações financeiras e de lucros e dividendos;

  • Quem deseja atualizar bens no exterior.

 

Como calcular a parcela que deve ser declarada? 

 

Para fazer o cálculo é importante saber o que significam as seguintes informações: base de cálculo, alíquota e parcela a ser deduzida. Base de cálculo: São os rendimentos tributáveis do contribuinte. Isto é, são os valores recebidos como salários, aluguel, pensão, remuneração por trabalho, investimentos, bônus etc.

Alíquota: Trata-se da porcentagem cobrada em cima dos seus rendimentos. A alíquota do Imposto de Renda é progressiva: quanto mais você ganha, maior a alíquota. 

Parcela a deduzir: Valor subtraído de sua renda para o cálculo do imposto ser proporcional à sua faixa de ganho.

A Receita Federal fornece uma tabela progressiva com os valores mencionados. 

 

Fonte: Ministério da Fazenda 

 

Depois de somar todos os seus rendimentos tributáveis (salário, pensão, bônus) recebidos mensalmente, verifique em que faixa você se enquadra e faça o seguinte cálculo: Salário x Alíquota - Valor a deduzir do IR. 

Por exemplo: uma pessoa que recebe R $2.730,50, já descontado os valores do INSS, se enquadra na faixa de alíquota de 7,5% e deve pagar, anualmente, R $743,85 de imposto de renda. 

Cálculo: 2.730,50 x 7,5/100 - 142,80 = 61,9875 (esse é o valor mensal de imposto que deve ser pago, multiplique por 12 e você terá  R $743,85 que é o valor anual a ser pago). 

Se você é um profissional com registro em carteira, a empresa desconta o pagamento do IR mensalmente do seu salário, então caso o valor que você tenha em receita seja superior ao valor que deve ser pago, você será restituído, caso contrário, deve pagar a diferença.

 

Como declarar? 

 

O aplicativo “Meu Imposto de Renda” não está mais disponível para download em dispositivos móveis. Para quem deseja realizar a entrega dessa forma, é necessário baixar o aplicativo da Receita Federal. Pelo computador você pode realizar o download do programa de Declaração de Imposto de Renda no próprio site da Receita.  A entrega também pode ser feita de forma online pelo  serviço “Meu Imposto de Renda” no Centro Virtual de Atendimento da Receita (e-CAC). A declaração pré-preenchida estará disponível para os contribuintes a partir do dia 1º de abril. 

 

Quais são os documentos necessários?

 

Para declarar o Imposto de Renda corretamente, é essencial reunir documentos que comprovem rendimentos, bens, direitos, dívidas e pagamentos. Isso inclui informes financeiros, comprovantes de salários, pró-labore, lucros, aposentadorias, pensões, aluguéis, doações e heranças. Também são necessários o Livro Caixa, DARFs( Documento de Arrecadação de Receitas Federais) do Carnê-Leão e informes de programas fiscais como a Nota Fiscal Paulista. Para quem opera com renda variável, é indispensável o controle de compra e venda de ações, apuração mensal do imposto e DARFs correspondentes.  

No caso de bens e direitos, devem ser apresentados documentos de compra e venda de imóveis, matrícula, IPTU e comprovação de participação acionária. Informações sobre dívidas e ônus também precisam ser incluídas. Já os pagamentos e deduções devem ser comprovados por recibos de plano de saúde, despesas médicas e odontológicas, educação, previdência, doações e pagamentos a prestadores de serviços. Caso haja empregada doméstica registrada, é necessário o recibo com o número NIT, um código que permite que trabalhadores autônomos contribuam para o INSS.

Além disso, são exigidos dados pessoais e de dependentes, endereço atualizado, cópia da última declaração entregue, dados bancários e atividade profissional. Dependendo dos bens, podem ser solicitadas informações complementares, como inscrição municipal e registro em cartório para imóveis, Renavam(Registro Nacional de veículos automotores) para veículos e CNPJ da instituição financeira para contas e aplicações. Reunir tudo antecipadamente facilita a declaração e evita problemas com a Receita Federal.

                                                                   Prioridade na restituição 

O processo de restituição ocorre para que os colaboradores recebam valores pagos em excesso ao longo do ano para a Receita Federal. As prioridades no procedimento segue da seguinte forma: 

  • Idosos acima de 80 anos; 

  • Idosos entre 60 e 79 anos, deficicientes ou portadores de moléstia grave; 

  • Contribuintes que possuem como a maior fonte de renda o magistério;

  • Quem optou pela declaração pré-preenchida e/ou receber a restituição pelo pix.

  • Outros contribuintes

 

Dentro de cada grupo de prioridade, recebe primeiro quem entregar a declaração mais cedo. 

Calendário de restituição:

1° lote: 30 de maio

2° lote: 30 de junho

3° lote: 31 de julho

4° lote: 29 de agosto 

5° lote: 30 de setembro
 

Quem não declarar o imposto até o dia estabelecido, corre o risco de pagar multa que corresponde a 20% do imposto em pendência, tendo como valor mínimo de R$ 165,74.

O governo federal apresentou, na terça-feira (18), uma medida que determina a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil mensais. O texto ainda precisa passar por votação no Congresso Nacional e ainda propõe descontos para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil e taxação mínima para alta renda.  

As cobranças estão previstas para 2 de abril
por
Marcelo Barbosa Prado Filho
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10/03/2025 - 12h

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou mais uma vez. Nessa última quinta-feira (06), o  mandatário adiou, para 2 de abril, o tarifaço de 25% sobre importações do México e Canadá que entrou em vigor nesta mesma semana (04).

Segundo Trump, os importadores norte-americanos não precisarão pagar tarifas sobre nenhum produto que se enquadre no USMCA, um acordo de livre comércio entre EUA, México e Canadá negociado em seu primeiro mandato.

O tratado abrange uma gama extensa de produtos e serviços. Entre eles, produtos agrícolas, manufaturados e de tecnologia.

Na rede social Truth Social, Trump justificou a decisão afirmando que o México tem “trabalhado duro” para garantir a segurança na fronteira: "Nosso relacionamento tem sido muito bom e estamos trabalhando duro, juntos, na fronteira, tanto em termos de impedir que estrangeiros ilegais entrem nos EUA quanto, da mesma forma, impedir o fentanil".

O tarifaço aos países é uma retaliação de Trump que julga que ambos não fazem o suficiente para conter a entrada de  imigrantes e do fentanil - uma espécie de analgésico mais forte que morfina e heroína e que a dependência é um problema de saúde pública nos EUA.

Sobre o Canadá, Trump escreveu na noite de quarta-feira que conversou com o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, mas não está "convencido" de que o governo canadense atuou o suficiente para resolver os problemas de entrada de fentanil e de imigrantes ilegais nos EUA.

Trump confirmou em 10% a elevação na taxa de cobranças contra a China e elevou a alíquota total de taxas para produtos chineses a 20% neste mandato.


Na mira de Donald Trump:

Apesar de não ter sido taxado diretamente, o Brasil pode sofrer com a imposição geral  de 25% para importações de aço e alumínio, que deve entrar em vigor no dia 12 de março.

Segundo dados do Governo Federal, em 2023, os EUA compraram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro ou aço. Em 2024 o país foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, em volume, de acordo com dados do Departamento de Comércio americano, atrás apenas do Canadá.

Além da taxa geral para esses produtos, Donald Trump também prometeu uma taxa recíproca a países que cobram dos EUA, citando o Brasil: "Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto", disse Trump, em longo discurso no Congresso dos EUA, na terça-feira (4).”

Além de ferro e aço, o petróleo e o café são as principais exportações do Brasil para os estadunidenses.


Imagens: Agência Brasil

Medida irá impactar benefícios que excedem limite constitucional recebidos pelos “funcionários de elite
por
Marcelo Barbosa
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06/12/2024 - 12h

 

O Governo enviou na segunda-feira (02), ao Congresso Nacional, a PEC que detalha uma série de medidas para conter os gastos das contas públicas. O intuito é gerar uma economia de mais de 300 bilhões até 2030.

A proposta visa alterações essenciais para aumentar a arrecadação e manter os limites do Arcabouço Fiscal. Uma das mudanças apresentadas está na redução dos chamados “supersalários” de servidores públicos.
 

Salário e adicionais no serviço público: regras e limites na teoria

Os servidores públicos têm um teto salarial estabelecido em R$44.008,52 mensais, além dos benefícios e adicionais, desde que observadas as regras específicas de cada caso.

O auxílio-moradia, por exemplo, é restrito a situações em que não haja imóvel funcional (cedido pela União para o funcionário público) disponível na localidade; o agente não more com outra pessoa que já ocupe um imóvel funcional ou receba o benefício; ou quando o servidor não possua residência própria na região.

Já o adicional de férias não pode superar um terço da remuneração e deve ser limitado a períodos de até 30 dias por exercício. Da mesma forma, as férias não aproveitadas só podem ser pagas em casos de demissão, aposentadoria ou falecimento, respeitando o limite de 30 dias por exercício.

Entre os auxílios mais comuns no cotidiano do servidor, o auxílio-alimentação tem seu valor máximo fixado em até 3% do teto salarial, o mesmo limite aplicado ao auxílio-transporte. Para filhos ou dependentes de até cinco anos, o auxílio-creche também é regulamentado, com um valor que não deve exceder 3% do teto por dependente.

Além disso, benefícios como o 13º salário, adicional noturno, remuneração por serviços extraordinários e aviso prévio proporcional ao tempo de serviço estão garantidos. Em ambientes de trabalho insalubres, o adicional de insalubridade é assegurado. Ressarcimentos relacionados ao exercício da função, como indenizações pelo uso de veículo próprio em serviço, são limitados a 7% do teto. Também está previsto o reembolso de mensalidades de planos de saúde, que pode chegar a até 5% do teto.

O salário-mínimo do trabalhador médio está em R$1.412 e, com as projeções do PIB para 2025, a previsão é de que chegue em R$ 1.525,00.  Professores, por exemplo, têm, em média, um salário de RS 4.250,00 reais, constatou o Glassdoor, uma plataforma online sobre o mercado de trabalho.  

No entanto, apesar do teto estabelecido ser de R$ 44.008,52 mensais, há diversas exceções e valores extras aos chamados “funcionários de elite”,  responsáveis por atuar em áreas específicas do setor público, como segurança, diplomacia e finanças, e que causam um rombo de até 3,9 bilhões de reais aos cofres públicos, de acordo com um estudo do CLP (Centro de Liderança Pública). 

 

Equipe econômica do governo Lula.
Projeto que pretende acabar com supersalarios enfrenta resistência de militares. Foto: Agência Brasil

Segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU), os salários dos militares reformados custam 16 vezes mais aos cofres públicos do que os aposentados do INSS. O gasto por pessoa com os militares foi de R$ 158,8 mil, enquanto o dos servidores públicos foi de R$ 69 mil e o dos aposentados do INSS foi de R$ 9.400.

A respeito do corte nos supersalários, a economista Cristina Helena Pinto de Mello pontua sobre o forte apelo público da proposta “Quando a gente pega o gasto do Governo com salários de toda a administração pública, incluindo o legislativo e o judiciário, que estão dentro dessa folha de pagamento, essa é uma das maiores despesas”, comenta, mas ressalta que os gastos com juros ainda ultrapassa o valor gasto com supersalários. 

Na segunda-feira (02) o presidente Lula se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, outros três ministros do Palácio do Planalto e líderes do Congresso para discutir o tema. 

No caso da aposentadoria dos militares, a resistência das forças armadas fizeram com que o Ministério da Fazenda recuasse e retirasse, temporariamente, a regra da PEC. Entre os pontos do texto que seriam debatidos, estavam o fim da chamada "morte fictícia", que assegura pensão a militares expulsos ou excluídos das Forças Armadas e uma uma transição mais longa para a adoção da idade mínima de 55 anos para a aposentadoria dos militares (o projeto apresentado pela equipe econômica sugere ampliação de 50 para 55 anos). A ideia é implementar uma regra progressiva, permitindo que a exigência de 55 anos seja atingida apenas em 2030.

O Congresso tem apenas três semanas de atividades antes do recesso para apreciar essas medidas, além de outras propostas relevantes, como o projeto que finaliza a reforma tributária e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Entenda proposta de corte de gastos de R$ 70 bilhões anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad
por
Beatriz Alencar
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03/12/2024 - 12h

O texto do novo pacote de gastos e aumento da isenção do Imposto de Renda foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quinta-feira (28), e movimentou opiniões dentro do setor econômico e social, com dólar batendo o valor histórico de R$ 6,11.

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Ministro da Fazenda Fernando Haddad | Foto: Reprodução/Transmissão Ministério da Fazenda

Mas qual de fato é o objetivo desta pauta que demorou semanas para ser anunciada e o quê isso tem a ver com o salário mínimo e arcabouço fiscal?

Basicamente, a ideia de Haddad de fazer um pacote fiscal agora é tentar cortar R$ 70 bilhões para ajustar a explosão dos gastos públicos projetados para os próximos anos e garantir a sustentação do arcabouço fiscal, medida que tem como objetivo o equilíbrio entre arrecadação e despesas do governo, aprovada no ano passado. 

A primeira mudança citada pelo ministro para cumprir essas metas foi o reajuste no salário mínimo com a adequação aos limites do arcabouço fiscal e inflação, o que significa um ganho real entre 0,6% e 2,5%. Atualmente para o reajuste de salário, o Governo considera a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) do país . 

De acordo com o Economista e pesquisador Emerson Braz, o abono salarial e o teto do reajuste do salário-mínimo são medidas que representam direitos dos trabalhadores que hoje possuem menor representatividade no Congresso Nacional:“ [Isso] faz com que sejam medidas que não sofram ajustes significativos em seus textos na fase de aprovação”.

Braz acrescenta que esse reajuste pode ser uma perda de ganhos reais para os trabalhadores: “Imaginando um cenário em que o PIB possa estar estagnado e o arcabouço apertado, o salário-mínimo (SM) poderá não ter alterações e afetar a economia”, explica. O que pode gerar um problema considerável na desigualdade social ou na superação da pobreza. 

Com o novo pacote, o abono salarial, que é um benefício concedido uma vez por ano ao trabalhador que recebe até dois salários mínimos (R$2.824,00), seria limitado para quem recebe até R$2.640,00 e corrigido pelo INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor. A medida, ao longo dos anos, irá reduzir a parcela beneficiada, já que o salário cairá gradualmente para um salário mínimo e meio por mês. 

Outra mudança que causou grande movimentação de opiniões foi a medida sobre o Imposto de Renda. Hoje, aqueles que ganham até R$ 2259,20 por mês não pagam imposto. A nova proposta prevê que a isenção será estendida para quem ganha até R$ 5 mil. Só essa alteração deve gerar um impacto de R$ 35 bilhões por ano nas contas da União.

“Essa é uma medida muito interessante e necessária. Pessoas que ganham até R$ 5 mil consomem a maior parte da sua renda e, ao sofrerem menos tributação, terão como destinar maior parte para o consumo, mantendo a economia aquecida”, argumenta o economista.

Como uma forma de cobrir essa isenção, o governo pretende aumentar a tributação para os rendimentos acima de R$50 mil e R$ 1 milhão mensais, como a forma “mais justa” de compensar a queda de arrecadação com a nova faixa de isenção, de acordo com Haddad.

“A alteração na alíquota do IR não deve ser vista apenas com o objetivo de equidade de renda, mas como um instrumento de manter a demanda (de mercado) aquecida”, acrescenta Braz.

O pacote também prevê a reforma das emendas parlamentares, que limita o crescimento das emendas impositivas ao arcabouço fiscal, estabelecendo um teto para o aumento das despesas parlamentares. Além disso, 50% dos recursos das emendas de comissão deverão ser destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Equipe Econômica, pacote fiscal - Esther Dwek, Fernando Haddad, Simone Tebet, Rui Costa e Alexandre Padilha | Reprodução/Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Equipe Econômica, pacote fiscal - Esther Dwek, Fernando Haddad, Simone Tebet, Rui Costa e Alexandre Padilha | Reprodução/Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

O texto apresentado pela equipe econômica também propõe mudanças na aposentadoria de militares. A medida sugere uma padronização da contribuição dos militares ao Fundo de Saúde e o fim da chamada “morte fictícia”, que garante uma espécie de pensão vitalícia para a família de um militar que foi expulso das forças, na mesma condição de falecimento do servidor. 

Alterações nos benefícios sociais como o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), também foram citadas no texto. Agora, passarão a ter mais regulações, como comprovação por biometria do beneficiado.

“O fato é que a comunicação do Governo para anunciar medidas de austeridade e controle das contas públicas junto com a medida de isenção do IR tornou o cenário caótico”, comenta o economista.

Após um mês de reuniões e tratativas, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, explicou que o debate do pacote fiscal será prioridade nas próximas semanas, antes do recesso de fim de ano no Senado. A proposta ainda pode sofrer mudanças nas aplicações ou exclusões de medidas.

Mesmo enfrentando maior demora para entrega, comerciantes ampliam vendas utilizando plataformas online.
por
Maria Luiza Oliveira
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26/06/2020 - 12h

Patrícia Correa Domingues de Almeida (acervo pessoal)

Com a quarentena, por causa da Covid-19, muitos comerciantes tiveram que fechar suas lojas ou paralisar as vendas nas ruas rapidamente e se adaptar para um novo cenário que surgiu de repente, sem aviso prévio. Muitos deles, para continuar o seu trabalho, migraram para as vendas online e plataformas de e-commerce, onde a compra de produtos ocorrem por meios de dispositivos e aparelhos eletrônicos, e houve pessoas que viram essa situação para começar algo novo.

É o caso da Patrícia Correa Domingues de Almeida, 55 anos, moradora do município de São Paulo, Itapevi, ela, antes do isolamento social, trabalhava como corretora de imóveis e simultaneamente vendia seus produtos de artesanato: “Já trabalhava com as vendas da minha produção artesanal, mas era só como hobby, agora, vi uma oportunidade de me reinventar e quero focar só neles, aí, com ajuda dos meus filhos criei uma página no Instagram para postar meu trabalho. ”

 Almeida nunca tinha trabalhado com o comércio virtual, só faz três semanas que ela entrou para esse universo digital e diz encontrar algumas dificuldades. “São muitos jovens nessas páginas do Instagram, usando uma linguagem que minha geração não consegue pegar. Essa linguagem não está sendo fácil de aprender, mas tenho ajuda do meu filho, o Ivan (Ivan Domingues de Almeida, 20) ”. Além disso, Almeida vê a evolução do e-commerce, como uma nova maneira de viver: “Com a pandemia, as pessoas tão tendo que se reinventar, está crescendo cinco anos em seis meses. Não precisa mais sair de casa para viver, tem tudo na Internet. ”

João Pedro Pereira de Mello (acervo pessoal)

O comércio eletrônico realmente teve mais acessos durante o período de quarentena, segundo estudos da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), houve um aumento de 69% na compra de produtos online de pessoas que já faziam parte desse sistema antes da pandemia.  Já na plataforma do Mercado Livre, houve um aumento de 39% de usuários e 75% deles dizem que irão continuar com os métodos eletrônicos.

 

 O empreendedor João Pedro Pereira de Mello, 21 anos, dono da empresa Decoraê, e morador de Pedreira (interior de São Paulo), diz perceber essas mudanças: “Trabalho com e-commerce há quatro anos, antes tinha uma loja física, mas mal conseguia atender meu bairro, por isso mudei, agora, atendo o Brasil todo. Minha empresa trabalha com decorações de festas e de casa, no nicho das festas, houve uma queda de quase 95% das vendas, já no nicho de casa teve um aumento de 30%. Me surpreendi com esse aumento, não esperava que as pessoas fossem se preocupar com a casa no meio de uma pandemia. ” Mello sugere que essa alta na procura de produtos para moradia aconteceu justamente pelas pessoas terem que ficar em casa, e elas estão tentando deixar o ambiente mais agradável.

 O jovem empresário alega que não tem do que reclamar do e-commerce, mas percebeu uma maior demora na entrega durante o isolamento. A pesquisa da SBVC conta que 69% dos consumidores notaram um prazo mais longo para o recebimento de seus produtos. A advogada e empreendedora Natalia de Paula Barone, de 24 anos, trabalha com venda de produtos para tabacaria e falou que notou o atraso nos envios da mercadoria: “Antes eu mandava um produto hoje e já ia chegar amanhã para o cliente, agora demora um pouco mais, cerca de sete ou oito dias, mas mesmo assim acho que está sendo tranquilo. ”

Natalia de Paula Barone (acervo pessoal)

Barone comenta que suas vendas cresceram bastante nesse período. “ Acredito que isso ocorreu porque além das tabacarias estarem fechadas eu trabalho com um produto de vício, então as pessoas que frequentavam as lojas físicas tiveram que ir para o mercado virtual. ” Ela trabalhava em um escritório de advocacia, mas no início do ano decidiu sair e começar a trabalhar com e-commerce: “Antes da pandemia começar até pensei em montar uma loja física, mas aí veio toda essa situação e vi que era melhor não. Com a loja física eu teria muito mais gastos do que eu tenho com o e-commerce, não compensaria. Então decidi expandir minhas vendas indo para outras plataformas e até criei um site no início da pandemia. ”

 

Isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus gerou “prioridades” entre autoridades
por
Vanessa Loiola
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26/06/2020 - 12h

Após a Covid-19 se espalhar pelo mundo e matar de maneira muito rápida milhões de pessoas, medidas drásticas foram tomadas para conter o avanço do coronavírus. O isolamento horizontal foi proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a medida mais eficaz para conter a aglomeração de pessoas e assim evitar um colapso no sistema de saúde. No entanto, o presidente da República, Jair Bolsonaro, se opôs e defendeu que apenas as pessoas que estão no grupo de risco deveriam permanecer isoladas em suas devidas residências para evitar uma queda brusca na economia brasileira propondo, assim, o isolamento vertical. Com isso, as divergência de teses entre os governos trouxeram debates entre diferentes classes sociais do país.

O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2019, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), colocou o Brasil na sétima posição de país mais desigual do mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, 13,5 milhões de brasileiros viviam abaixo da linha da pobreza, ou seja, sobreviviam com menos de R$145 por mês. Além disso, a grande parte da população vive em situações precárias e divide a residência com muitas pessoas, o que traz dificuldades para manter-se isolada, além de muitos jovens viverem com pessoas do grupo de risco - idosos, diabéticos, hipertensos, asmáticos, fumantes e pessoas com doenças do coração -, apesar de também estarem propensos a irem a óbito mesmo não apresentado comorbidades.

O professor, mestre e economista André Paiva Ramos faz uma análise sobre os impactos da pandemia: "Essa questão da população não estar respeitando, muitos indo na tese do presidente, nessa tese que para mim é irresponsável, de que tem que voltar as atividades, acaba que não se consegue conter. Mais pessoas vão começar a ficar doentes e é uma curva exponencial", destacou e acrescentou que poderá haver colapso na saúde e a necessidade de um isolamento mais severo, o que atingirá de maneira ainda mais forte a economia brasileira.

Yuri Busin, mestre e doutor em neurociência cognitiva, destaca que a melhor forma de conter o vírus é se informando: "A educação precisa ser informativa, ela precisa ser repetitiva, as pessoas precisam ter consciência a partir do momento que elas são informadas de uma forma clara. Atualmente a gente vê que existem muitas divergências e isso faz com que a população foque obviamente nessa situação divergente. Então é preciso ter muito mais um processo educacional para que as pessoas fiquem mais em casa e cuidem-se melhor".

Embora haja um desacordo entre as autoridades governamentais, a medida adotada atualmente é que a população que puder trabalhar de maneira remota fique em casa, só podendo funcionar, mantendo os cuidados com a higiene, os estabelecimentos considerados essenciais: supermercados, farmácias, postos de gasolina, açougues, padarias, pet shops etc, tudo isso para driblar uma superlotação dos leitos nos hospitais e evitar que as pessoas morram em casa, sem atendimento médico. Em contrapartida, com a redução do consumo, trará um rombo na economia do país, além de impactos sociais como desemprego, pobreza, empresas falidas, queda na arrecadação do governo, que implicaria em menos recursos para o próprio sistema de saúde etc.

André cita o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o desenvolvimento do Produto Interno Bruto (PIB), que aponta que os países que conseguiram conter o avanço da doença de uma forma mais rápida sofreram menos impactos econômicos e sociais. "Quanto mais rápido a população respeitar a questão do isolamento social e só as pessoas que são em atividades emergenciais que está operando se mantiver, mais rápido a gente vai conseguir conter o avanço e vai conseguir liberar a economia".

Em relação a economia brasileira, o FMI projeta que a economia vai retrair em 2020 5,3%, levando em consideração as medidas  atuais de contenção ao avanço do coronavírus, podendo haver uma queda mais grave chegando até a 8% de retração, de acordo com alguns economistas, destacando ainda que o Brasil já vinha de uma recuperação muito frágil desde 2016.

Na prática, é necessário ainda levar em consideração quanto tempo a população consegue manter-se isoladas sem alteração na saúde mental. "Na atual circunstância algumas dessas situações de bem-estar, alguns comportamentos, alguns costumes que essas pessoas tinham foram totalmente retirados da vida delas. Então as pessoas acabam tendo um pouco mais de dificuldades de recomposição mental para que ela consiga lidar com esse estresse enorme que elas estão sentindo", disse Yuri e citou ainda a pressão social que os profissionais da área da saúde tem de lidar diante de um vírus desconhecido. "É muito relevante que todos os hospitais também olhem para a saúde mental tanto dos pacientes e familiares quanto dos profissionais que trabalham dentro desse novo modo de Covid para que as pessoas consigam se manter bem", comentou o psicólogo.

Diante do cenário incerto que a pandemia do novo coronavírus trouxe para a economia do país e para a vida das pessoas, André fala sobre as possíveis projeções para o país após a contenção da doença: "O tamanho da retração econômica e da recuperação da atividade econômica vai depender muito das próprias medidas que o governo venha a adotar. Se não tiver uma medida efetiva para estimular a economia após terminar o isolamento social a gente vai ter primeiro um recuo muito grande, depois uma retomada muito lenta, ou seja, a gente vai demorar mais de quatro anos para conseguir restabelecer o nível de atividade que a gente tinha no período anterior a pandemia, que já é um nível muito abaixo de produção, de emprego, de renda, do que a gente tinha em 2014", analisa.

Empresas de prestação de serviço abertas em vias públicas não conseguem mesma performance e enfrentam falta de público
por
Leonardo Augusto Rodrigues Sexto
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24/06/2020 - 12h

Com a chegada do coronavírus no Brasil, muitos estabelecimentos e empresas tiveram que diminuir sua jornada de trabalho ou se adaptar a nossa nova realidade. Ao contrário da tendência de redução de serviços durante a pandemia, algumas empresas estão trabalhando além do normal. É esse o caso da Brucai Transportes e Armazenagem, uma transportadora que fica situada em Osasco na grande São Paulo.

 

José Roberto Sexto, 54 anos, proprietário da transportadora, diz que o trabalho só aumentou depois da pandemia. “O serviço não parou, na verdade só aumentou. As empresas concorrentes deram uma pausa e os nossos clientes não, então o lucro só aumentou.”

 

Por causa da contaminação fácil do coronavírus e das determinações pelo confinamento, muitas das empresas têm mantido funcionários em casa. Na Brucai não foi diferente: “Tivemos que afastar nove motorista por terem mais de sessenta anos e estarem no grupo de risco.” Com a alta demanda de trabalho a empresa precisou repor esses motoristas para dar conta do serviço, “Tivemos que contratar novos caminheiros para repor os funcionários de risco”.

 

A empresa também adotou o home office, menos na expedição, local onde são emitidas as notas fiscais para os motoristas. Mesmo com essa parte ainda funcionando, Sexto teve que tomar os devidos cuidados. “Muitos funcionários da expedição não puderem parar, então achamos melhor nos prevenirmos com álcool em gel e máscaras”.

 

Com os motoristas o cuidado tem que ser redobrado pois eles têm muito contato com diversas pessoas. “Nós aconselhamos os motoristas a não desceram do caminhão quando forem descarregar em outras empresas”. Dentro da transportadora o cuidado tem que ser alto para ninguém ser contaminado, “Quando forem pegar as notas fiscais, eles devem ficar a uma certa distância e claro sempre usar a máscara”.

 

José Roberto Sexto, o proprietário da Brucai Logística, transportes, armazém e distribuição.

 

 

 

 

Já os empresários de lojas ou estabelecimentos de comércios estão passando algumas dificuldades com a  pandemia instalada no Brasil. Muitos conseguiram se adptar e fazer serviços com as portas abaixadas para manter o trabalho normalmente e ganhar o seu lucro mensalmente. Paulo Henrique Frederick de quarenta e seis anos é o proprietário da Suyotec Eletrônica e informática, uma assistência técnica localizada na Água Branca em São Paulo.

 

Em relação ao serviço Frederick diz que tem pouca demanda de serviço mas não teve que ficar com a loja fechada. “No começo nós trabalhamos com as portas abaixadas, mas não durou muito tempo, pois logo a prefeitura emitiu o diário oficial falando que assistências técnicas poderiam ficar abertas.”

 

Mesmo com as portas abertas as lojas de bairro deveram tomar diversos cuidados para os trabalhadores não serem infectados com o corona vírus. Para não contaminar clientes, o empresário explica que “colocamos um balcão na porta para impedir que as pessoas entrassem e álcool em gel também, assim nós pegamos o produto com o cliente e depois enviamos a ficha e orçamento por WhatsApp”.

 

Dentro da loja ele diz que tem que tomar todos os cuidados e higienizar os equipamentos, “quando pegamos um produto sempre higienizamos ele e ficamos de máscara o tempo todo para evitar a contaminação”.

 

Mesmo com a porta aberta muitos comerciantes estão com muita dificuldades em ganhar dinheiro, pois o serviço diminuiu muito e automaticamente o ganho diminui também, Frederick falou que a demanda do serviço está baixa e o lucro também.

 

 

 

 

 

 

 
 


Paulo Henrique Frederick, proprietário da assistência técnica Suyotec Eletrônica e informática.

 

 

Agora com essa nossa nova realidade, os empresários entrevistos tiveram que se adaptar para não deixar o serviço cair e terem que infelizmente, fechar as portas de suas empresas ou estabelecimentos.

A entrada para o mercado de aplicativos vêm trazendo obstáculos para alguns comércios.
por
Pedro Kono
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23/06/2020 - 12h

 

Os pequenos e médios empresários têm sofrido dificuldades em se adaptar ao mercado online durante a quarentena. O baixo retorno decorrente das vendas por internet resultam em fortes impactos na vida de alguns trabalhadores desse setor.

 

Diferentes nichos da área empresarial, sejam os que abriram seu negócio recentemente ou os que já o possuem há anos, sofrem consequências graves causadas pela pandemia. Carla Silva (46) é dona da Casa da Esfiha, restaurante de Guarulhos que funciona há quase 30 anos, e relata que tem esbarrado em alguns problemas durante a inevitável transição para o mercado online - que teve um aumento de 59% durante o isolamento, segundo um levantamento feito pela Rede, empresa de meios de pagamento do Itaú.

 

O restaurante, que tinha a maior parte do seu lucro proveniente das refeições no local e que direcionava seus pedidos via delivery mais por telefone, entrou para o mundo dos aplicativos. Seus donos, no início, sofreram pela pouca proximidade com essa tecnologia. ‘‘No começo teve bastante problema, mas agora conseguimos nos virar’’. Além disso, Silva conta que já teve experiências com o aplicativo ficar fora do ar por um período e também acredita que as taxas cobradas pelo serviço de entregas são consideravelmente altas.

Casa da Esfiha (foto: acervo pessoal)
Casa da Esfiha (foto: acervo pessoal)

 

Apesar de ter criado estratégias de assistência para pequenos restaurantes, como uma comissão que se baseia no valor de cada pedido vendido, o iFood, principal aplicativo de entrega de comidas via internet, cobra por estabelecimento uma taxa que varia de 79 a 100 reais, além de 10% a 15% do valor de cada pedido.

 

Silva também conta que já teve que demitir alguns funcionários para manter as contas do restaurante em dia e relata que talvez já seja a favor da flexibilização do isolamento social. Apesar de, no início da pandemia, ser a favor das medidas de confinamento, para ela a quarentena já não vêm demonstrando grande eficácia para achatar a curva. No momento (2 de Junho), o Brasil registra 530.770 casos e 30.079 mortes de coronavírus. O diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou nesta segunda-feira que o país ainda não chegou no pico da transmissão da doença.

 

Mariana Fernandes (19) abriu recentemente a M.M. Baker, uma confeitaria artesanal. A ideia era vender os doces nas faculdade, mas com a paralisação das aulas presenciais a estudante decidiu iniciar a empreitada online para, posteriormente, crescer o negócio no estabelecimento. Para ela, são dois os grandes desafios para fazer a confeitaria crescer: ‘‘Os principais desafios na situação da quarentena é que muitos produtos estão ou em falta, ou mais caros. Além disso, a concorrência aumentou muito devido a abertura de novos comércios online durante a pandemia’’.

Mariana Fernandes (foto: acervo pessoal)
Mariana Fernandes (foto: acervo pessoal)

 

Fernandes conta que vender seus doces feitos em casa sempre foi uma vontade pessoal e que aproveitou a oportunidade ao perceber uma certa demanda por esse tipo de produto nos últimos meses. De acordo com a jovem, a maioria dos pedidos vêm de pessoas mais próximas e a expectativa era por um retorno maior de forma geral.

 

Por conta desses problemas com pequenos e médios empresários, alguns setores da população se mobilizam para priorizar as compras com pequenos comércios. João Ponciano (19), conta que vêm tendo preferência a esse tipo de comércio para suprir a sua necessidade ‘‘compulsiva’’ de consumo durante a quarentena. Para ele, o mercado online, apesar das taxas e da demora para a chegada do produto, é muito mais vasto e, por isso, muito mais diverso.

 

‘‘A variedade é imensamente maior já que é possível comprar produtos independentes completamente novos, específicos e de diversos lugares. Isso permite o aparecimento de novas ideias’’. Ponciano, que antes fazia compras online apenas mensalmente, conta que não compraria em uma loja física uma boa parte dos produtos que vêm comprando via internet, incluindo tintas para cabelo e um colar de pérolas.

 

Atingidos principalmente no início da quarentena, estabelecimentos atraem clientes com promoções e higienização reforçada
por
Catharina Gaidzinski
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23/06/2020 - 12h

É esperado que, numa situação de isolamento social e pandemia, as pessoas fiquem mais suscetíveis a vícios e à saudade de contato físico. Talvez seja por este motivo que muitos paulistanos ainda estão frequentando (ou frequentando ainda mais) os motéis. Durante a quarentena, muitas pessoas não têm privacidade em casa para encontrar sexualmente seus parceiros. Por isso, a rede moteleira de São Paulo não foi tão abalada pela crise da Covid-19.

Ainda que os hotéis estejam enquadrados na lista de serviços essenciais declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), não há consenso sobre a inclusão dos motéis na mesma categoria. É inegável que não são de extrema necessidade para a população. Não há como compará-los a supermercados, farmácias ou mesmo a hotéis. Ainda mais se levado em conta que a quebra do isolamento social é classificada como qualquer encontro físico entre pessoas que não residem juntas. Por isso, os encontros nos motéis podem acarretar uma maior disseminação do vírus. Entretanto, motéis pela cidade inteira ainda funcionam, e seu comportamento em relação à prevenção é variado.

Existem motéis que adotaram diversas medidas preventivas. Localizado no bairro do Ipiranga, o Lush Motel, por exemplo, fechou as portas no começo da pandemia e agora está adotando profilaxias como: intensificação das práticas de higiene com álcool 70%, disponibilização de álcool em gel para hóspedes e funcionários, redução da rotatividade das suítes e proibição de mais de duas pessoas por quarto. No entanto, também existem motéis que não são tão rigorosos e estão abertos até a agendamentos de festas de aniversário. 

A Associação Brasileira de Motéis, quando questionada em entrevista para o jornal O Liberal, em abril, afirmou que os motéis são orientados para que cada suíte seja destinada a apenas duas pessoas, e que os motéis com suítes para festas têm seu uso suspenso durante a pandemia. De acordo com a entidade, todos os associados vêm seguindo essas diretrizes. Mesmo assim, não é bem o que parece acontecer pela cidade de São Paulo.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, em abril, uma atendente do Motel Caribe, na Barra Funda, disse: "Como tá tudo fechado por aí, o pessoal tá aproveitando para vir fazer festa". As suítes disponíveis naquele final de semana poderiam acomodar até dez pessoas. O Opium Motel, na Barra Funda, e o Lumini Motel, no Limão, também estavam aceitando aglomerações. 

Apesar disso, também há motéis que, quando questionados, negam a possibilidade de aglomeração de pessoas. "Só o casal está sendo permitido. Não entram mais do que duas pessoas", diz a atendente do Adventure Motel. 

Uma funcionária do Zapt, localizado na Mooca, afirma: "Somente um casal por suíte". Em relação aos cuidados higiênicos, ela também diz: "Estamos tomando todo o cuidado possível, hóspede só entra com máscara. A gente tem álcool em gel por toda parte do motel e as suítes também estão sendo higienizadas com álcool". 

No Adventure Motel, no entanto, as precauções não parecem ser tão severas. "Na verdade, não adotamos nenhuma medida específica, só a limpeza dos quartos que agora está sendo feita com álcool", diz a recepcionista.

Em relação ao movimento de hóspedes, para a maioria dos motéis, foi mais difícil no começo, mas agora a situação parece estar se normalizando.

"No início, o movimento caiu bastante. Agora, já voltou ao que era antes", diz a funcionária do Adventure. No Zapt, a situação é bem semelhante. "Tivemos uma queda no movimento no começo da pandemia, mas agora já está tudo normalizado", diz a atendente.

Mesmo assim, nos dois estabelecimentos não foi preciso adotar nenhuma promoção no valor das suítes ou propaganda para atrair clientes. O sex shop do Adventure, por exemplo, não começou a entregar em casa. E no Zapt, estão funcionando da mesma maneira que funcionavam antes da pandemia.

O Free Love Motel, na zona oeste da cidade, buscou formas de atrair a clientela. "Cansado da quarentena? Brigando muito com seu Amor? Vem pro Free Love Motel! Aqui a balada é a dois. E ainda aproveite promoções exclusivas", lê-se na legenda de uma foto postada no Facebook do motel. Já o Lumini, em seu site, escreve: "Lumini Special Time: tarifas reduzidas", referindo-se à estadia de três horas.

Assim, com as frequentes promoções e o aumento da carência sexual, o paulistano parece desrespeitar cada vez mais a quarentena para frequentar os motéis, apesar de a prática sexual com pessoas que não moram junto aumentar as chances de contaminação de Covid-19. Além da ida frequente aos motéis, os habitantes da grande cidade também furam a quarentena para encontrar amigos e parceiros em suas respectivas casas. Violar as diretrizes propostas pela OMS para transar ou fazer festa é muito comum. É bom saber, no entanto, que, caso um motel receba algum fiscal da Secretaria Municipal e não esteja funcionando de acordo com as diretrizes, fica sujeito a multa e interdição. De acordo com a Prefeitura da Cidade de São Paulo, o objetivo é evitar aglomerações para reduzir o risco de transmissão do coronavírus.