Movimento nas lojas aumentam conforme as épocas temáticas do ano vão chegando
por
Nathalia de Moura
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24/10/2025 - 12h

Por Nathalia de Moura

 

Entre o vai e vem e o sobe e desce das pessoas, a 25 de Março é o centro das vendas, principalmente em épocas como Carnaval, Natal e Halloween. Cores, brilhos, formas, luzes, ocupam as fachadas das lojas fazendo cada cliente lembrar que as bruxas chegam em 31 de outubro, o Papai Noel dará o ar da graça em 25 de dezembro e o Carnaval em breve tomará conta das ruas do País. 

A correria para atender o cliente que precisa de uma abóbora laranja e gigante, a atenção para cortar o tecido para a roupa do velhinho do Polo Norte ou até mesmo separar as lantejoulas para a confecção da fantasia faz parte do dia a dia das vendedoras do centro de São Paulo. Marlene tem 53 anos e veio atrás dos sonhos na capital paulista aos 16. Hoje fala com muito carinho no orgulho em fazer parte desses momentos. Com um sorriso, mas a voz embargada e os olhos marejados, relembra a dificuldade de se iniciar nesse mundo dos produtos de aviamentos e sazonais. Sempre sonhou em ter o que possui hoje, e mesmo com tantos patrões desacreditando de seu potencial, conseguiu ir atrás daquilo que a motivava: a arte do artesanato.

Os produtos chegam na loja e dali, são transformados em grandes realizações. Ela conta que nada é mais gratificante do que poder ajudar alguém que nem sabia o que estava procurando e encontra ali no seu estabelecimento. Na correria dos dias, as horas passam, a agitação aumenta, o fluxo cresce. Cada cliente fica um tempo observando aquele ambiente repleto de oportunidades. Oportunidade de fazer algo diferente do ano anterior, a chance de colocar uma cor diferente na decoração, de enfeitar a casa com pisca-pisca ou até fazer a festa temática do dia das bruxas que não aconteceu antes.

Na salinha apertada, rodeada de papelada importante e também do quadro estampando a foto da sua família, Marlene contava que proporcionar produtos de qualidade aos clientes a transforma. Pode ser que o Papai Noel não seja vendido hoje, que a abóbora gigante ainda passe despercebida ou o letreiro de “Feliz Natal” não seja usado, mas ela segue acreditando que cada fio, botão ou glitter pode ser utilizado em outros momentos justamente para não ser desperdiçado.

Ao andar pelas lojas, percebemos os olhares atentos nas promoções, o barulho dos comentários ao ver uma peça exposta ou as perguntas em relação aos preços. Para lá ou para cá, a multidão toma conta dos ambientes. Mesmo antes dos dias de comemoração, as pessoas fazem questão de irem em busca do que procuram o quanto antes. Mas sempre tem os que preferem comprar aos 45 minutos do segundo tempo. Na pressa para conseguir atender todos os clientes, Elen, funcionária que enfrenta todas as épocas corridas de venda do ano, fala que em alguns momentos, não consegue dar a atenção que as pessoas merecem. Seu olhar acompanhava a chegada e a saída dos clientes na loja. A atenção é máxima em um lugar que a exige a todo tempo.

No meio das linhas, botões e tecidos, a cearense de sotaque presente e forte expressa que nem imagina as diversas possibilidades que podem sair dali na sacola de cada pessoa. Uma linha pode se tornar mais de uma peça no Carnaval do Sambódromo do Anhembi ou nos bloquinhos pela cidade. E quando ela pensa nisso, os olhos até brilham em saber que, de alguma forma, fez parte daquilo.

A oferta e a demanda não param, assim como a agitação que só o ambiente da mais conhecida rua de comércio paulistana é capaz de proporcionar. Pelas ruas da 25 de março andam jovens, idosos, mulheres e homens carregando pequenas sacolas ou grandes volumes de mercadorias. De um lado o consumidor, do outro o vendedor. Ambos sabem que precisam um do outro, principalmente nessas épocas agitadas do comércio. Para Marlene, inspirar pessoas com seu empreendimento é motivo de orgulho. Em meio aos elogios que sua loja recebe, ela sempre sai com o sentimento de missão cumprida ao ver seus clientes com as sacolas recheadas de produtos que farão a diferença em épocas que se tornam especiais nas particularidades de cada um.

Lugares que focavam em atividades de lazer e contemplação da natureza estão sendo transformados em shoppings a céu aberto
por
Victória da Silva
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31/10/2025 - 12h

Por Victória da Silva

 

Na Zona Sul da capital paulista, o Parque Ibirapuera é bastante frequentado por pessoas que não se restringem a residentes da cidade. Miriam Santos, sorridente e carismática, frequenta regularmente o local em períodos de descanso e, acompanhada por Andre Bressa, sente as mudanças causadas pela iniciativa privada que invade o espaço público e o torna um tanto quanto diferente do habitual. Miriam trabalhou durante 48 anos na mesma empresa e agora, aposentada, encontra no parque um refúgio no meio da selva de pedra, diz que o lugar já não é mais para todos os tipos de pessoas. Atualmente, com a grande quantidade de carrinhos de sorvetes sofisticados e o aumento do preço de lanches, ela mostra a mochila que Andre carrega com bolsas térmicas cheias de garrafas de água e alimentos para quando necessário. Bressa, que é pintor e trabalha em feiras livres, demonstra certa curiosidade sobre a quantidade de propagandas e publicidades que estão sendo distribuídas por todo o parque após a concessão. Ele atenta para um anúncio da tinta Suvinil, algo nunca visto antes em anos de visita ao local.

O Parque Ibirapuera não foi privatizado, já que sua propriedade continua sendo do município, mas foi concedido à iniciativa privada em 2020 para a concessionária Urbia, que vai comandá-lo durante os próximos 30 anos. Não só o Ibirapuera, mas os parques Villa-Lobos e Cândido Portinari também estão sob concessão, lidando com as mudanças. Há também projetos de concessão para outras regiões, principalmente na Zona Leste, no Parque Ecológico do Tietê, Parque Vila Jacuí e Parque Maria Cristina Hellmeister de Abreu.

No Parque da Água Branca, localizado em Perdizes, Andre relembra o episódio em que a concessionária, Reserva Novos Parques Urbanos S.A, instalou um showroom de carros da Peugeot que foi desmontado após ser considerado ilegal e gerar vários protestos. O pintor destaca como os espaços estão sendo utilizados para promover eventos de nichos mais elitizados e o quão evidente isso se tornou após o controle da e empresas. Além disso, ele observa que as lojas e restaurantes distribuídos, além dos eventos, shows e festivais realizados são majoritariamente frequentados por pessoas brancas, repercutindo uma desigualdade racial dentro dos parques que anteriormente não eram exclusivos de determinada raça ou classe.

Outros visitantes como Beatriz e sua mãe Alessandra, que costumam andar de bicicleta pela pista do local, se depararam com o alto preço de produtos simples, como a água. A garota relata que o preço da garrafa é o que mais a incomoda e sua mãe complementa contando que todos os produtos ficaram caros, incluindo os alugueis das bicicletas em que 1 hora com o veículo custa 18 reais.

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Concedido à iniciativa privada em outubro de 2020, Ibirapuera enfrenta alta no preço de produtos e instalação de unidades comerciais. Foto: Victória da Silva

Em maio deste ano, o Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito para investigar a Prefeitura e a concessionária Urbia por uso e segregação de espaços públicos para fins particulares. Na época, o promotor Silvio Marques manifestou sua indignação contando que a empresa estava transformando o Ibirapuera em um “verdadeiro shopping center”. Também segundo o inquérito do MP, a Urbia promove um "loteamento" com a instalação de lojas, construção de grandes edifícios, comércio de bens e serviços e o uso remunerado de diversos espaços, com redução do espaço livre para uso gratuito da população. A investigação revela a crescente tensão entre o discurso de modernização via parcerias público-privadas.

Os radialistas, Viviane e Everton, que semanalmente vão ao parque para praticar exercícios e corrida, relembram a instalação da Casa Centauro que foi retirada após as muitas denúncias. Diferentemente, o casal não vê problemas nas mudanças que a concessionária promove e afirma que não sentiu tantas diferenças. No entanto, o mau planejamento dos serviços é um fator levantado pelos dois. Ele afirma que os espaços livres estão sempre lotados, dividindo-se entre pessoas que vão para passear e outras que praticam algum esporte. Apesar de admirada com a quantidade de novos serviços e possibilidades dentro do parque, a mulher faz uma dura crítica à falta de segurança, já que, para ela, a concessionária deveria investir em questões como essa.

Para além dos fatores levantados, taxas para corredores e para assessorias esportivas também são alvos de revolta. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) autorizou, em julho deste ano, a aplicação de tarifas pensando no uso do espaço do parque para atividades esportivas. Mais do que discutir contratos e taxas, está em jogo o compromisso de preservar os espaços públicos como lugares de encontro, lazer e diversidade, e não como territórios delimitados pelo poder de consumo. A garantia que espaços públicos não se convertam em mercados restritos permanece aos órgãos municipais e a população que frequenta os ambientes precisa lidar com a frequente disputa que acontece desde 2024.

Gratuidade do transporte público no Brasil é possível, e joga luz nos gastos das famílias com a locomoção e exclusão social
por
Vítor Nhoatto
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24/10/2025 - 12h

Por Vítor Nhoatto

 

É de manhã, por volta das sete, e o começo do dia para milhões de brasileiros em um ponto lotado. As dezenas de pessoas tentando se colocar fora do sol escaldante da cidade, com rostos franzidos e olhos apertados toda vez que um ônibus passa, torcendo para que seja o seu. E decepcionadamente dispostos, pagam por algo que deveria ser universal, e poderia, mas é na verdade um peso desproporcional e impede o acesso a outros direitos.

Mas nos últimos meses uma luz no fim do túnel, ou melhor, um letreiro iluminado no ônibus com o destino desejado voltou a ser discutido. A chamada Tarifa Zero do transporte público no País está em análise pelo Governo Federal, e o presidente Lula solicitou estudos para a viabilidade do projeto, que envolve questões políticas e relativa falta de esperança pelo povo.

O público no meio da avenida é desse jeito, já apático diante do barulho do motor diesel e dos corpos todos em contato na condução do dia a dia. Para Josefa Sueli, só Sueli pede ela, e cerca de 10 milhões de pessoas só na capital paulista segundo a SPTrans, é exatamente nesse cenário que o ir e vir acontece. Trabalhadora doméstica há mais de 30 anos e pernambucana arretada, conta que pelo menos quatro vezes por semana desembolsa R$5,80 no ônibus da EMTU azul e vermelho até a estação em Osasco ou a Lapa aqui na capital, e mais R$5,20 no trem ou R$5,00 no ônibus agora da SPTrans. Fato é que como milhões de outros brasileiros, o gasto só na ida passa dos dez reais, e o tempo nessa brincadeira urbana não é menor que duas horas. 

Pessoas com mochila nas costas que atrapalham a passagem, condução que não chega no intervalo que era para chegar. Olhos nervosos mirando o relógio na tela do celular que seguram com uma mão, enquanto a outra suada se segura nas próprias pessoas ao redor… não há espaço para encontrar as barras de suporte. E lá se foram as duas horas. Sueli chega então na casa do dia perto das nove da manhã, e com R$11 a menos na conta. Entre vassouradas e esfregadas, continua comentando sobre episódios que só o transporte coletivo pode proporcionar. Mas depois de uma janela que não pôde abrir, uma encarada de lá e um empurrão de cá, a constatação que mesmo assim ainda gasta um absurdo só para chegar até os lugares, em vida e dinheiro.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o gasto com transporte das famílias só não é maior que habitação e alimentação, sugando até 20% do salário por mês. No caso da Sueli, que perde a mesma quantia na volta, lá se foram pelo menos R$350 no mês, só indo e vindo do trabalho quatro dias na semana.

Recentemente tendo passado por uma suspeita de câncer de intestino, ela conta feliz que não tem a doença, e todo final de semana sai para comemorar a vida. Às vezes com o filho, que mora na zona leste de São Paulo, há mais de duas horas de distância, outras com a irmã e com as amigas em algum bar, se ela não conseguiu um ingresso para um show de algum cantor sertanejo que tanto gosta.  E tudo isso ela faz de ônibus e metrô na maioria das vezes, salva as pouquíssimas vezes que sobra algo para o Uber, mas enfim, também meio de locomoção. Fazendo então seus “passeios” obrigatórios no transporte ultrapassarem o gasto de 400 reais. 

Não precisava nem ser totalmente de graça aos olhos dela, que já viveram muitas histórias, e suas mãos calejadas que agarram as barras no ônibus e metrô tanto quanto o esfregão. Ela suspira enquanto levanta o seu óculos e indaga que algumas patroas ajudam com a condução, mas é um dinheiro que podia gastar com tantas outras coisas. 

Comprar um saco de arroz e feijão a mais, uma guloseima para a companheira de quatro patas, Bela, uma ida na Villa Country ou no Centro de Tradições Nordestinas (CTN). Uma quantia que faria a economia girar. Segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), nas cidades com gratuidade universal, o número de empregos aumentou 3,2% e o de empresas 7,5%, sem falar da redução em 4,2% das emissões de poluentes pela diminuição de carros. 

Mas ela ainda se lembra da parte da sua família que vive em Pernambuco e dos conhecidos de lá. Cada real a mais faz a diferença para quem não tem o que ela tem. Um litro de leite, uma ida no posto que não pode fazer por causa da passagem, destaca.

Uma realidade para milhões de brasileiros que têm os seus direitos básicos negados também pelo transporte, um outro direito que consta na Constituição de 1988. O artigo 5º prevê direito à livre locomoção, e o artigo 6º o direito ao transporte, mas que são segregados e traduzidos como ferramenta de desigualdade social na prática.

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Transporte público é o meio de acessar os outros direitos além de simples meio de locomoção  - Foto: Vítor Nhoatto

De olhos na cidade

De volta ao ônibus, agora à tarde, mesmo que de pé ou sentado, é engraçado ver a vida passando pela janela. Os olhos dos CLTs, dos estudantes, dos trabalhadores informais como a Sueli olham para a cidade lotada de trânsito… quando não estão cochilando de cansaço com a cabeça encostada tremendo no vidro. Sobre essa questão, o mestre em economia pela universidade de São Paulo (USP), e mais que isso, militante da área, Antônio Carlos de Moraes destaca como isso é enorme e importante. Não se trata apenas de algo eleitoreiro e de apelo popular, destaca ele, mas algo que realmente muda a vida das pessoas. 

O modelo atual do transporte se baseia no ganho por passageiro, então quanto mais cheia for a linha, quanto mais empurrões e reclamações a Sueli tiver para contar na ida e vinda do trabalho, dentista, mercado, médico, bar, mais rentável ela se torna. Nisso tudo o número de carros aumenta para quem pode, tal qual o de acidentes, congestionamento e poluição, além das pessoas que deixam de acessar lugares pelo preço cada vez mais alto das tarifas. 

Com um sistema público nacional de transporte coletivo a história seria muito diferente, como enfatiza Antonio, lembrando de suas vivências e não de números que só interessam a economistas. Ele destaca que todos arcam com os prejuízos da troca do ônibus pelo carro, mas são os mais pobres que pagam o preço na pele, com cada vez menos para gastos básicos como alimentação, e abrindo mão de ir e vir compulsoriamente pelo orçamento que não fecha. 

Falando em sistema, tramita na Câmara o Marco Legal do Transporte Público, que visa estabelecer diretrizes nacionais sobre a contratação de empresas, regras, fiscalização e fontes de financiamento. Isso pode aumentar ainda mais a quantidade de cidades que adotam a Tarifa Zero de algum jeito, hoje o Brasil é o país com o maior número do mundo, com 170 municípios. E mais que isso, ele pressiona e possibilita a reparação histórica que seria um Sistema Único de Saúde (SUS) do transporte público. Poder ir e vir seria garantido, mais pessoas iriam à escola, ao médico, ao museu, ao mercado… e prefeririam o coletivo ao individual. 

Porém, quem iria então pagar a conta? Essa é a principal pergunta de Roseli Rodrigues, passageira de ônibus não por opção. Com um semblante preocupado, atrasada para o trabalho na Avenida Doutor Arnaldo enquanto espera no ponto da Rua Guaicurus, reclama do preço da gratuidade lembrando que de domingo, quando é de graça, o ônibus nunca chega.  Passando a mão pelo rosto em sinal de aflição e cinco reais no bolso ardendo para sair dali quando o número certo aparecer no letreiro no horizonte, destaca que é contra a gratuidade se a qualidade piorar. 

Mas em seguida, lembra que seria ótimo poder ir ao mercado com 200 reais a mais, valor que gasta em média por mês, já que prefere não ter 6% descontado do seu salário com Vale-Transporte (VT). Nos domingos, Roseli destaca ainda, que sempre que pode opta pelo carro de aplicativo devido a demora do ônibus e a lotação do metrô. 

Em exclusividade à CNN Brasil, segundo o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Vander Costa, o custo anual da gratuidade universal de ônibus, trem e metrô custaria R$90 bilhões. Quantia, no entanto, que como destaca Antonio, pode se tornar realidade sem colocar as contas públicas em risco. Ele destaca que a solução não é tirar de outras áreas essenciais nem criar impostos novos para o povo, mas sim, por exemplo, tributar super ricos. Uma decisão política que precisa ser bancada além de calculada para dar certo. 

No caso das empresas, ele lembra como elas se beneficiam diretamente das obras de infraestrutura voltadas ao transporte, apontando para os prédios em construção ao redor com destaque para o outdoor que grita “more perto da futura linha-6 laranja do metrô”. É mais que justo que elas contribuam para o transporte, portanto, sem falar da diminuição do trânsito e melhora no rendimento dos funcionários, defende.  Além disso, o ônibus que não chega aos domingos para levar Roseli, ou a lotação de todo dia que pega na Guaicurus, e que faz jus a esse apelido, deixaria de ser o modelo de negócios praticado. Com a criação de regras e diretrizes tal qual o Marco Legal propõe, e a Frente Parlamentar - Tarifa Zero, as empresas em acordo iriam receber verba independente da quantidade de passageiros pagantes. Assim, não sendo benéficas economicamente a superlotação e qualidade ruim.

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Os públicos no ônibus são diversos, mas a necessidade de se locomover é universal - Foto: Vítor Nhoatto

E agora já está quase escuro lá no céu, e o fluxo de volta para casa começou. A fila no ponto de Roseli está dando a volta no quarteirão, tão longa quanto essa discussão. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a pasta quer apresentar os estudos de viabilidade ainda em 2025, mas os embates políticos e ideológicos são tão intensos quanto os pisões e esbarradas no corredor cansado do transporte coletivo. 

Avisos dizem, “cuidado degrau” no ônibus, e “atenção com o vão” nos trilhos, mas o verdadeiro foco deve ser nas ações políticas das próximas estações dessa história. Inegável programa de redistribuição de renda, esses 90 bilhões são um investimento e devolução de direitos a milhões de brasileiros, desde que passem a ser vistos assim. Mas enfim, até lá a vida não para, e agora tenho que ir que esse é o meu ônibus. 

Felipe trabalha como motorista de aplicativo e não paga INSS, mas diz que passará a contribuir no futuro
por
Mayara Pereira
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31/10/2025 - 12h

Por Mayara Pereira

 

Felipe Silva é um motorista de aplicativo há 4 anos. Ele conta que após perder o emprego de repositor em um pequeno mercado perto de onde morava, teve que buscar alternativas para sustentar ele e a família, já que é o provedor da casa. Tentou procurar emprego em outros setores, mas sem sucesso. Com suas tentativas frustradas, resolveu virar motorista de aplicativo. Quando começou não tinha um carro que era aceito para fazer as viagens, então com o dinheiro que conseguiu depois de ser demitido, deu de entrada, junto com o seu carro e comprou um melhor para conseguir rodar. Hoje a única fonte de renda de Felipe são as corridas. Ele passa cerca de 10 horas por dia trabalhando, durante 6 dias da semana e as vezes até 7. Mesmo sem os direitos trabalhistas básicos ele diz que gosta de ser “livre” e não ter patrão. Felipe não paga INSS, mas diz que passará a pagar futuramente e segundo ele, possuí uma poupança para custear gastos futuros dele e de sua família.

Os números da economia informal no Brasil são indicadores complicados no mercado de trabalho. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que no primeiro trimestre de 2025 perto de 32 milhões de brasileiros estão trabalhando informalmente. Quase um terço de trabalhadores operam sem carteira assinada, nem CNPJ, muito menos acesso a direitos básicos. No Norte e Nordeste essa taxa supera os 50%, levantando desigualdades históricas e estruturais no país. Motoristas de aplicativo e motoboys surgem como os maiores exemplos de uma informalidade, influenciada por discursos morais e “flexibilidade”, mas na prática percebemos a precarização desses trabalhadores.  

As plataformas digitais mudaram a maneira de trabalhar e gerar renda. O IBGE calculou que, em 2022, cerca de 2 milhões de brasileiros usavam apps para trabalhar e representam 77% autônomos. A maioria atua em serviços de entrega ou transporte, com jornadas extensas, muitas vezes ultrapassando 10 horas de trabalho por dia. Motoboys e entregadores, por exemplo, trabalham em média mais de 45 horas semanais, conforme o instituto, quase cinco horas a mais que trabalhadores de funções similares fora das plataformas. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que mais de 55% destes trabalhadores estão completamente na informalidade, sem nenhum tipo de contribuição para a previdência ou segurança social. 

A ausência de um vínculo formal mostra um dilema presente no mercado de trabalho atual, a autonomia e liberdade prometida se juntam com a instabilidade e falta de direitos. Muitos motoristas e entregadores, dizem gostar desse sistema, já que podem definir horários e ganhos. Apesar disso, essa independência, traz consigo muitos perigos que não são assumidos pelas empresas. Custos com gasolina, consertos do veículo, comida e equipamentos de segurança, são todos por conta do trabalhador. Caso fiquem doentes ou se acidentem, não têm direito a auxílio-doença, FGTS ou seguro-desemprego. A contribuição para o INSS, quando rola, acontece de forma voluntária e as vezes, o que dificulta o acesso a aposentadorias e benefícios. A maioria dessas pessoas simplesmente não contribuem, seja por não saber como, por ter dificuldade em pagar, ou por causa da renda irregular.  

Essa situação mostra que, por um lado, a economia informal é considerada como um motor que mantém o País indo para frente. Por exemplo, na pandemia, os entregadores e motoristas de aplicativo foram muito importantes para garantir os serviços básicos, como a entrega de comida e remédios, quando quase tudo parou, e, por outro, mesmo sendo vistos como essenciais, esses trabalhadores continuam marginalizados pelo Estado e pela sociedade. Existe uma mistura de admiração e estigma: eles são vistos como guerreiros que "não param", mas também como profissionais que fazem "bicos", sem estabilidade ou um futuro garantido. O efeito da informalidade na economia é incerto. Ela absorve milhões de pessoas que, de certa forma, estariam sem emprego, aliviando os números de desocupação e assegurando uma pequena circulação de dinheiro. 

Em áreas remotas e cidades pequenas, o trabalho sem registro é o pilar do comércio e dos serviços locais. No entanto, essa situação traz um preço elevado, diminuindo a receita fiscal e fragilizando a Previdência Social. Esses trabalhadores sofrem mais com as crises, imprevistos e enfermidades, sobrecarregando os sistemas públicos de saúde e ajudas sociais. Além disso, a produtividade é reduzida, visto que a instabilidade financeira dificulta planos. Em 2024, o IBGE apontou que mais de 25% dos trabalhadores do setor privado não possuíam carteira assinada. O Dieese revelou também que os salários de motoboys e entregadores de aplicativos são, em média, 40% abaixo dos de quem trabalha formalmente em funções parecidas. Esses números evidenciam que, mesmo com a tendência nova economia e da "liberdade de empreender", a verdade é que acontece um maior esgotamento desses trabalhadores.  

A ausência de uma regulamentação correta para os trabalhadores de aplicativo é um dos maiores problemas. Em 2024, o governo começou algumas propostas para fazer uma lei, para dar direitos mínimos, como a previdência social e seguro contra acidentes. O projeto pensava em colocar as plataformas para colaborar pagando uma parte do INSS, pelo tempo de trabalho que o sujeito presta serviços a essas empresas. Mas o projeto encontra dificuldades pois as empresas terão menos lucro e vendem a ideia da perda de liberdade. Fora a lei, alguns especialistas falam em criar políticas públicas para ajudar na previdência e dar cursos de capacitação de forma gratuita.  

Simplificar o processo de contribuição ao INSS, ajustar a renda variável e irregular dos trabalhadores autônomos, seria um passo importante para esse problema. Oferecer linhas de crédito acessíveis, juntamente com seguros específicos para motoboys e motoristas, poderia diminuir custos operacionais e reduzir o risco de dívidas. Também é importante investir em infraestrutura urbana, locais de apoio e políticas de saúde ocupacional. Tais medidas poderiam ajudar na redução de acidentes e no melhoramento das condições de trabalho, sobretudo nas grandes metrópoles. 

O entregador de aplicativo, o motorista do Uber, e o vendedor ambulante, são parte significativa da economia brasileira. Eles impulsionam e estimulam o consumo, e sustentam inúmeras famílias. Reconhecer estes profissionais significa admitir que o Brasil de verdade é construído, em grande parte, por gente que vive na informalidade. 

Dessa forma, a economia vai muito além de simples dados estatísticos, é o pilar da subsistência de milhões de brasileiros. Ela expõe as diferenças de uma país em ascensão, que não garante condições decentes para todos. Sem políticas estruturais que envolvam esses trabalhadores sobre os direitos sociais, o País continuará preso em um ciclo de desigualdade e precarização. Formalizar, é bem mais que só um contrato, é garantir que o trabalho, em qualquer área, seja sinônimo de dignidade. 

Especialistas comentam eficácia e limites da nova atualização
por
Marcelo Barbosa
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06/10/2025 - 12h

No início de outubro, o Banco Central do Brasil divulgou uma nova ferramenta para promover confiança nas transações bancárias. Chamado de “Botão de contestação”, o instrumento faz parte da série de medidas “autoatendimento do Mecanismo Especial de Devolução (MED)”  e poderá ser acionado em casos de fraude, golpe e coerção.

O MED foi criado em 2021 pelo Banco Central. Ele estabelece que a vítima solicite, em até 80 dias da data em que o PIX foi realizado, a devolução do dinheiro ao Banco. Funciona assim: Após receber a reclamação, a instituição avalia o caso. Se o banco entender que o MED se aplica, o golpista pode ter a conta bloqueada. As instituições deverão analisar a denúncia em até sete dias e, se for constatada fraude, a pessoa pode receber o dinheiro de volta em até 96h, caso haja dinheiro na conta do suspeito.

Com a nova funcionalidade, quem precisar fazer o pedido de devolução do dinheiro poderá realizar o processo de forma digital e assim, agilizar o bloqueio de recursos do golpista. Antes, o procedimento era intermediado por uma pessoa que fazia o atendimento.

De acordo com Heluan Santos, especialista em tecnologia da Valios Capital e autor dos livros “Além das Criptomoedas” e “Sempre Alerta” – ambos sobre segurança com dinheiro no ambiente on-line – o botão, apesar de aumentar a segurança e trazer mais confiança, ainda pode ser usado de maneira indevida, assim como ocorre em outras inovações.

Porém, segundo Santos, a expectativa é de que, com filtros e monitoramento, o novo recurso traga muito mais benefícios do que riscos, ainda que a centralização do sistema possa desembocar em decisões unilaterais. “A maior preocupação deve estar voltada para a engenharia social, que hoje é responsável pela maioria dos golpes. Esse tipo de fraude torna o processo de validação mais difícil e continua sendo o grande desafio”, destacou.

O termo "engenharia social" refere-se a uma técnica de manipulação usada por criminosos virtuais para convencer pessoas a revelarem informações pessoais.

Reprodução: Banco Central do Brasil | Imagem oficial do PIX
reprodução: Banco Central do Brasil | Logo oficial do PIX


Renato Cunha, especialista em meios de pagamento e segurança digital e proprietário da 3RMS, empresa de tecnologia para o varejo, lembrou que, mesmo no sistema anterior em que era preciso ligar para o correntista, essas tentativas de contestação fraudulentas já eram praticadas, assim como as tentativas de cancelar compras no cartão diariamente.

Segundo ele, os bancos e operadoras conseguem identificar comportamentos suspeitos e a maior parte dessas contestações sequer chega ao cliente final, pois são barradas antes pelos sistemas antifraude, com exceção de casos em que os criminosos estão dentro dos próprios bancos. "A facilidade na aplicação de golpes [ainda] será explorada. Porém, o número de sucesso nesses golpes é extremamente baixo. Geralmente, ele passa quando tem pessoas mal intencionadas de dentro dos bancos ou operadoras fazendo parte da quadrilha”, afirma Cunha.

Importante destacar que a contestação não poderá ser feita nos casos de desacordos comerciais, erros no envio do PIX ou quando houver arrependimento na transação. De acordo com o Banco Central, o novo botão será exclusivamente para evitar fraudes.
 

Para Maureen Santos, cientista política e professora da PUC-Rio, pandemia está ligada ao modelo de produção da agroindústria
por
Manuela Avanso
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02/07/2020 - 12h

Os conceitos de progresso e meio ambiente sempre foram antagônicos no Brasil. O meio ambiente nunca contou com políticas ambientais fortes de proteção e que ao mesmo tempo englobassem desenvolvimento social ou econômico. O ano de 2019 foi marcado por diversas tragédias, como Brumadinho e o derramamento de óleo nas praias nordestinas, reflexo de omissão na resposta e no controle das autoridades. O discurso do presidente Jair Bolsonaro provocou o congelamento de apoio de países estrangeiros, principalmente em órgãos como Ibama e o Fundo Amazônia.  

Para Maureen Santos, ecologista, cientista política e professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, a economia brasileira nunca se atentou de, que protegendo a natureza, estaria também combinando uma ideia de desenvolvimento . Essa discussão entrou em pauta na conferência Rio 92, um encontro realizado pela ONU, na cidade Rio de Janeiro, que debateu que, dentro da ideia de desenvolvimento sustentável, existia um tripé alinhando economia, meio ambiente e a questão social. No entanto, Maureen afirma que “a questão ambiental sempre foi deixada de lado, sempre vista somente como um custo econômico”. Segundo ela,  o socioambientalismo mostra que, ainda que no início tenha-se um custo maior, na prática é muito mais barato proteger determinada área do que destruí-la e depois voltar a exercer proteção ambiental.

A ativista classifica o governo atual como antiambiental, já que este debate é inexistente. Desde a década de 90 o Brasil começou a se inserir em um grupo de países que tinham políticas de preocupação ambiental (inclusive com a criação do Ministério do Meio ambiente após a Rio 92), mas de lá para cá muitas políticas passaram a não ser implementadas da forma em que estavam na Constituição.

Em 22 de abril de 2020, durante uma reunião ministerial do governo Bolsonaro, Ricardo Salles (ministro do Meio Ambiente) deu uma declaração afirmando que o governo deveria aproveitar o momento em que a sociedade e a mídia estão voltadas para o novo coronavírus e mudar regras ambientais. Sobre a declaração, Maureen diz que não ficou surpresa já que esse é o discurso que vem sendo proferido desde o início do mandato. Ela acrescenta  que Salles  “de meio ambiente nunca teve nada” e esteve sempre atrelado a ruralistas. 

A ativista destaca ainda que o desmonte ambiental, apesar de ter se intensificado com Bolsonaro no poder, não é recente no Brasil, onde já há uma tendência à flexibilização da legislação, mas ganhou maior respaldo com as ações de despreocupação ambiental de Ricardo Salles.

Desequilíbrio ambiental e a Covid-19

O estresse hídrico, a poluição dos oceanos, mudança climática, perda de biodiversidade, aumento do consumo e a contaminação por pesticidas ocorrem em nível mundial e há pouco interesse do ponto de vista global para resolver a situação. Em nível nacional, desde o início do governo Bolsonaro, a postura ambiental é de tamanha negligência que incluiu o Brasil no grupo de países céticos quando se fala em meio ambiente (juntamente com Estados Unidos e Síria). 

Na visão de Maureen Santos, a Covid-19 está diretamente vinculada ao problema ambiental. Segundo ela, “é importante salientar isso, porque muitas vezes fica parecendo que é uma doença que apareceu do nada, sendo que sua raiz está atrelada à cadeia agroindustrial global em que vivemos e inclusive já provocou outras epidemias como a gripe aviária e suína em anos anteriores”. A ativista explica que tal fato está ligado principalmente a alguns tipos de produção, em especial à criação de porcos, produzidos em massa, em tempo curto, gerando vetores de doença. 

"Me preocupa muito que num futuro próximo nós possamos ter outras pandemias como essa, já que o debate sobre o controle da cadeia e mudança na cadeia de produção não está dado. Fala-se muito sobre a vacina e diversas questões, mas não se olha para a origem do problema”, ressalta.

À medida que a urbanização e a desigualdade crescem e as mudanças climáticas desestabilizam ainda mais os ecossistemas, é necessário reconhecer as doenças emergentes como um risco crescente.

PL 2633 e a regularização da grilagem de terras no Brasil

O Projeto de Lei 2633, de 2020, é objeto de forte discussão de vários lados interessados. Se aprovado, abriria brechas para o afrouxamento da fiscalização ambiental, para a anistia de desmatadores e grileiros e ampliaria, pela terceira vez em dez anos, o prazo de regularização de terras brasileiras. 

Maureen reitera que, “anistiando os crimes de invasão de terra pública praticados até o final de 2018 no Brasil, legaliza-se o que antes seria passível de multa do Ibama ou do Ministério Público”. Segundo ela,  a medida age a favor dos grandes e médios grileiros, ou seja, grandes latifundiários, e permite a grilagem de áreas grandes. 

Pensando em terras amazônicas, a grilagem de terras serve para inserir criação de gado e cultivo de soja para exportação. Em outras palavras, possui relação profunda com a pecuária e o consumo de carne nos países europeus e na China, afirma a ecologista. Ela ainda ressalta que o PL não foi votado, mas “é preciso continuar atento porque ele pode voltar à votação, o que se torna bastante preocupante”.

 

Cancelamento de feiras e eventos obriga setor a rever estratégias em São Paulo; público local ganha mais relevância
por
Camila Alcântara
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02/07/2020 - 12h

A cidade de São Paulo foi uma das mais afetadas do país pela pandemia da Covid-19. Movimentada pelos grandes comércios, eventos, áreas de lazer e pontos turísticos, além de ser um atrativo para os negócios, as regras de isolamento social geraram uma grande crise no setor do turismo, que ao longo dos anos vem crescendo constantemente.

Segundo estudo realizado pelo Centro de Inteligência e Economia do Turismo, vinculado à Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, só no ano de 2019, o turismo foi responsável por 16,5% dos empregos, gerando mais de 43 mil oportunidades em São Paulo. Além disso, o segmento fechou o ano acima da média nacional, com expansão superior a 5%.

Após o decreto da pandemia, dados divulgados pelo IBGE revelam que houve uma queda de 52% nas atividades turísticas do estado. Atualmente, com o plano de retomada da economia, o Plano São Paulo, algumas flexibilizações irão contribuir para a reparação inicial do setor, que deverá adotar regras sanitárias rígidas e inovações para atrair visitantes, tendo em vista que grandes eventos, como shows, viradas culturas, festivais e convenções, sairão da lista de lazer por tempo indeterminado.
 

Aeroporto de Congonhas
Aeroporto de Congonhas pouco movimentado

Em entrevista à Agemt,  a estudante de Lazer e Turismo da EACH-USP Júlia Felippe Goldman apontou algumas estratégias para a retomada do turismo na cidade. Ressaltando que ainda é um cenário incerto, por conta dos desdobramentos futuros da pandemia, a estudante disse que autoridades analisam algumas tendências aplicadas em países que já estão na fase de superação da crise.

As consequências  econômicas indicam que o ‘satycation’, a viagem por destinos dentro da própria cidade ou estado, pode crescer ainda mais. A nova tendência pode contribuir positivamente para o desenvolvimento de outros setores do turismo em São Paulo. “Acredito que os setores do turismo que mais se desenvolverão após a pandemia serão os de alimentos e bebidas, com a busca das pessoas pela gastronomia da cidade, e, posteriormente, o setor de entretenimento, com a reabertura de museus, cinemas, parques e diversos espaços de lazer”, afirmou Júlia.

Outra estratégia que já está sendo adotada pela Secretaria de Turismo de São Paulo para alavancar a retomada do turismo é promover o destino para moradores de cidades e estados vizinhos. “Minas Gerais criou um site com experiências de realidade virtual  pelas suas cidades turísticas, mostrando seus principais atrativos turísticos, e assim fomentando o turista a considerá-las como o destino de sua próxima viagem. A estratégia mais vantajosa para São Paulo, portanto, seria realizar campanhas para que moradores do Estado que não conhecem a capital venham a conhecer”, explicou a estudante.

Com alguns planos já em prática, o governo de São Paulo anunciou neste mês uma parceria coma plataforma Airbnb, empresa que oferece arranjos para hospedagem em lares e experiências em viagens, para estimular a volta do turismo pós-pandemia e promover destinos do estado através do alcance que a plataforma tem nos meios digitais.
 

Aplicativo Airbnb
Aplicativo Airbnb

Segundo Júlia Goldman, a parceria também torna-se extremamente benéfica a partir do momento em que a hospedagem em uma moradia ofertada pelo aplicativo garante um contato com um menor número de pessoas, diferente do hotel. Além disso, o aplicativo, assim como demais empresas e corporações do setor de turismo, está revendo suas políticas e elaborando uma nova política de higiene para a segurança do turista. “Após a pandemia, o que se observará será uma mudança nos hábitos de higiene das pessoas. Acredita-se que a higiene passará a ser uma das principais preocupações das pessoas [na hora de]  viajar, podendo, inclusive, ser um fator eliminatório de certos destinos”, ressaltou.

Outra preocupação predominante do setor de turismo é a retomada do turismo de negócios. A capital paulista é o principal destino de viagens a trabalho do país e é palco de cerca de 42% das feiras de negócios, segundo relatório da SPTuris, agência municipal de turismo. Com o aumento de empresas que adotaram o home office, o turismo de negócios poderá ser impactado fortemente, sendo o de mais difícil recuperação. “As iniciativas que podem contornar essa crise seriam os destinos ofertarem-se como destinos seguros e que superaram a crise para a realização de congressos e conferências, reforçando o turismo a ser realizado na localidade, além do tempo destinado ao evento”, explicou Júlia.

Apesar das dificuldades a serem enfrentadas, a estudante disse que as autoridades consideram o turismo nacional como uma grande aposta para o segundo semestre deste ano, e afirmou: “Vê-se um esforço dos estados em promover suas localidades como possíveis destinos turísticos. Entretanto, mesmo sendo o caminho, digamos assim, mais rápido, será um caminho demorado, pois muitas pessoas ainda  sentirão insegurança em viajar”.

Segundo agência reguladora, após as hidrelétricas, energia eólica e biomassas seguem como referências na distribuição de energia
por
Artur Ferreira
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02/07/2020 - 12h

A pandemia atingiu de forma inesperada diversos segmentos da sociedade. Entre eles, a área energética. Combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás tiveram queda tanto na demanda quanto no preço.

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a demanda global por energia, nos primeiros meses de 2020, sofreu um declínio sete vezes maior do que o ocorrido após a crise financeira de 2008. Neste cenário, os investimentos em energias renováveis, antes vistos como pouco lucrativos, aparecem agora como um  caminho para tirar o setor da crise.

Para compreender a situação do Brasil, é necessário analisar sua matriz elétrica. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 59,6% da energia elétrica distribuída pelo país é gerada por hidrelétricas.

E, mesmo que seja um processo menos poluente, a geração hidrelétrica causa graves consequências ambientais, como inundações, desvios de rios e emissão de dióxido de carbono.

Outras fontes que se destacam na matriz elétrica brasileira são a eólica (9,3%), biomassas (8,6%), gás natural (8,6%), petróleo (5,2%) e a solar/fotovoltaica (1,7%), entre outras que também fazem parte do mercado nacional.

De acordo com Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), o setor da energia eólica pouco sentiu a crise causada pelo coronavírus.

Segundo a executiva, o mercado eólico é bastante guiado por leilões e licitações para construção de aerogeradores [equipamentos que convertem energia eólica em energia elétrica]. Sendo assim, as construções realizadas neste ano e em 2019 já haviam sido negociadas três ou quatro anos antes.

“A energia eólica também gera os efeitos multiplicadores nas regiões em que os aerogeradores são instalados”, explica Gannoum. Os efeitos multiplicadores são os investimentos e o aquecimento das economias locais de pequenas fazendas e comunidades, estimulados pela energia renovável.

“Principalmente no semiárido do Nordeste, e no Sul do país”, diz a presidente, acrescentando que, ao todo, 12 estados têm aerogeradores instalados. Gannoum explica que, mesmo com todos benefícios, a geração eólica não poderia ocorrer em todo o Brasil, devido à necessidade de fortes ventos, que em alguns biomas não existem.

Dependendo de onde mora um cidadão e seu poder aquisitivo, é mais vantajoso “que ele invista em painéis fotovoltaicos”, considera Gannoum. Segundo ela, o investimento em aerogeradores faz mais sentido para grandes consumidores, como empresas e o poder público, do que para uma única família. A executiva cita como exemplo estruturas que demandam muita energia, como fábricas e shopping centers.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o crescimento previsto para a área de energia solar era de 260% em 2020, em um cenário sem a pandemia global. A associação também estimava a geração de mais de 120 mil empregos neste ano.

Porém, o setor  foi afetado por questões de importação e distribuição. Foi o que registrou a We Brazil Energy, empresa especializada em energia solar, que atesta que o mercado de energia fotovoltaica é totalmente dependente de países como a China.

De acordo o CEO da rede, Alex Magno, a expectativa era que “este poderia ser o melhor momento para aproveitar a curva de crescimento exponencial”. Os números demonstraram altas taxas de crescimento no ramo de 2017 a 2019.

Porém, o custo para se produzir equipamentos fotovoltaicos nas indústrias nacionais é 25% maior do que o produto importado. E, com a instauração da quarentena, a velocidade nas importações está bem abaixo do habitual.

Entre os principais consumidores dos painéis fotovoltaicos estão estabelecimentos comerciais, residências e, após esses dois, a indústria seguida pelo setor rural.

Tanto Magno quanto Gannoum deixam claro que possuir uma casa com equipamentos como esses é um custo ainda considerável, para a maior parte da população. O valor médio de um sistema para duas pessoas é de R$ 10.673, e para uma família de quatro a cinco pessoas o preço pode chegar a mais de R$ 20 mil.

Mas não é só no consumo doméstico que um cidadão pode investir em novas fontes de energia. As biomassas, como o etanol, são uma forma de motoristas utilizarem uma energia menos poluente em seus carros.

Segundo o professor Marcos Silveira Buckeridge, diretor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, a sociedade deveria buscar novas fontes de energia para todos os setores de uma cidade, e não só nas casas.

Buckeridge, que é coordenador do programa USP Cidades Globais, vinculado ao Instituto de Estudos Avançados (IEA), estuda, principalmente, o etanol. “Queremos revolucionar realmente essa questão da energia renovável.”

Buckeridge também desenvolve pesquisas sobre a qualidade de vida tanto humana quanto da natureza na cidade de São Paulo. Ele diz que cada vez mais o paulistano tem utilizado o etanol em vez da gasolina.

Mas lamenta: “Infelizmente não temos o etanol para caminhões, que seria o ideal, já que a poluição feita pelo diesel é muito grande”.

A produção do etanol pode ser feita através de diversas formas, como a cana-de-açúcar, milho, beterraba, mandioca, entre outras plantas. Buckeridge pondera que, mesmo com o avanço tecnológico que o etanol traz para o cotidiano de metrópoles como São Paulo, o combustível ainda é de difícil acesso no restante do Brasil.

“O etanol está sempre bem mais caro. São Paulo é o lugar em que você realmente encontra o etanol com um preço que você possa usar”, diz.

Agências de viagem do segmento, ainda em ascensão no Brasil, procuram saídas para amenizar danos causados pela crise econômica
por
João Guilherme de Lima
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01/07/2020 - 12h

Desde fevereiro deste ano, o Brasil já teve mais de 1 milhão de casos confirmados e cerca de 60 mil mortes causadas pela Covid-19. Esses números vêm afetando muito a área da saúde do país, que precisa lidar com leitos de hospitais lotados e a falta de produtos hospitalares como respiradores para atender os pacientes, por exemplo. Mas, além disso, a economia também vem sofrendo com esse período, e o setor do turismo é um dos que estão enfrentando problemas.

Com as pessoas circulando cada vez menos, viagens nacionais e internacionais sofreram uma queda acentuada. Tanto locais que têm a economia voltada quase que exclusivamente às atividades turísticas, quanto agências que fazem esse “meio de campo” entre os turistas e os destinos finais estão tendo que pensar em planos para que os prejuízos nesses meses sejam ao menos amenizados.

Prejuízos esses que já começam a ser calculados. De acordo com estimativas da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), no trimestre março/abril/maio o setor do turismo totalizou R$ 87,79 bilhões em perdas. Com base nesses dados, a entidade prevê a eliminação de 727,8 mil postos de trabalho no setor até o fim de junho.

E esse quadro fica ainda mais complicado se atentarmos às agências de afroturismo, que ainda buscam se firmar no cenário turístico brasileiro. Tendo como principal objetivo fazer com que pessoas negras tenham um contato cada vez mais profundo com locais onde a sua cultura se faz presente, esse ramo do turismo vem contando com cada vez mais empresas desde 2018, mas ainda está em processo de estruturação.

Uma dessas empresas é a Brafrika, que foi criada em dezembro de 2018 por Beatriz Souza. A agência organiza viagens para destinos nacionais, como o Quilombo dos Palmares (AL) e Ouro Preto (MG), e internacionais, como Johannesburg (África do Sul) e a “Paris Negra” , entre outros lugares.

Antes da pandemia, a agência havia realizado duas viagens em 2020, uma para Ouro Preto e outra para Salvador, mas pacotes que estavam sendo fechados para Portugal e França, por exemplo, tiveram de ser cancelados diante das dificuldades que começaram a aparecer. “Mesmo que o fechamento das viagens não tivesse muito grande, a procura pelos pacotes estava aumentando semana após semana. Estávamos em franca ascensão. Mas, por conta da pandemia, esses planos foram por água abaixo”, destaca a empresária Beatriz Souza.

Beatriz Souza em Ouro Preto/Arquivo pessoal
Beatriz Souza em Ouro Preto/Arquivo pessoal

Quando questionada sobre uma possível retomada das atividades rumo à “normalidade” ainda neste ano, a idealizadora da Brafrika não demonstra muita animação. “Olha, meu lado otimista quer dizer que sim, mas meu lado realista está dizendo que não. Estávamos na expectativa de retomar no último trimestre, mas como está tudo muito incerto, eu pessoalmente acho que não vai ser possível.”

Por conta dessa incerteza, a pesquisa “Impactos Econômicos da Covid-19 - Propostas para o Turismo”, realizada pela FGV Projetos, revelou que o PIB (Produto Interno Bruto) do turismo só tende a retornar ao patamar pré-pandemia em 2022. O estudo calcula que o PIB do setor será de R$ 143,8 bilhões em 2020, uma queda de 46,9% em relação a 2019. Em 2021, o PIB do turismo somará R$ 236,5 bilhões, ainda 12,6% inferior ao resultado de 2019.

Outra agência afrocentrada de viagens que está passando por um momento de incertezas econômicas é a Black Bird. Fundada pela relações públicas Luciana Paulino e pelo jornalista Guilherme Soares Dias em maio de 2018, a plataforma de turismo destaca-se por promover tours por bairros e cidades históricas brasileiras, como a “Caminhada São Paulo Negra” e a “Suburbana Tour” em Salvador.

Porém, com o aumento exponencial de casos e óbitos causados pela Covid-19, a empresa também teve de cancelar alguns eventos. “Antes da pandemia estávamos organizando uma experiência por mês, tanto em Salvador, quanto em São Paulo. Mas, infelizmente, nossos serviços tiveram de ser paralisados”, destaca Guilherme Soares.

Guilherme Soares - jornalisa e sócio da Black Bird/Arquivo pessoal
Guilherme Soares - jornalista e sócio da Black Bird/Arquivo pessoal

Com as dificuldades que a pandemia passou a oferecer a essas empresas que se encaixam na iniciativa do Black Money, onde o objetivo é fazer o dinheiro girar ao máximo entre empreendedoras e empreendedores negros, a Brafrika e a Black Bird começaram a achar algumas saídas para driblar a crise. No caso da empresa comandada por Beatriz Souza, a solução encontrada foi reviver a ideia de realizar testes de DNA em pessoas negras, ideia essa que estava guardada desde a fundação da agência.

Em parceria com a Genera e com a Myheritage, duas clínicas que disponibilizam testes de DNA, a Brafrika, desde maio, está vendendo um pacote que conta, além dos testes, com um jantar, uma consultoria de estética e um álbum de fotos, tudo isso relacionado com o país predominante no DNA do cliente. “Quando aparece a pandemia, a ideia de fazer o teste de DNA volta. Mas, mais do que o teste, senti que precisaríamos de mais alguma coisa que gerasse essa conexão com o local de que descendemos. Senti a necessidade de celebrar esse resultado”, revela Beatriz.

Segundo a empresária, uma semana após o lançamento do produto, mais de 300 pessoas já tinham procurado a empresa para saber um pouco mais sobre ele. O pacote custa entre R$ 200 e R$ 300, valor que varia de acordo com o clínica escolhida para realizar o teste, e com o número de pessoas que serão servidas pelo jantar entregue na casa do cliente.

Já a Black Bird optou por seguir um caminho diferente. A estratégia usada pela agência foi, além de investir bastante nas redes sociais e blogs para manter os clientes ativos, vender antecipadamente reservas de alguns tours. Para a Caminhada São Paulo Negra, por exemplo, há a opção de compra de dois ingressos por R$ 120 (o preço normal de cada um é de R$ 70), para que as pessoas possam realizar os tours em duas datas diferentes após a pandemia.

Guilherme Soares ressalta ainda que o afroturismo nacional pode tirar algumas  vantagens do período pós-quarentena. “Um ponto relacionado ao contexto pós-pandemia que pode nos auxiliar é que, depois de todo esse período, muitas pessoas estarão com receio de viajar para fora. Assim, mantendo todas as normas de segurança e higiene, é uma boa possibilidade para organizar passeios dentro do Brasil.”

Isolamento social prejudica muitas áreas da economia, mas mercado erótico caminha na contramão
por
Paula Paolini Remondini
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30/06/2020 - 12h

A busca por alternativas de lazer no meio da pandemia cresce cada vez mais. As pessoas que estão passando por esse momento sozinhas acabam procurando o prazer. Mas isso não se restringe apenas aos solteiros. Muitos casais em confinamento têm recorrido a artifícios externos para apimentar a relação. 

O mercado erótico vem apresentando forte crescimento desde que o isolamento social começou. Conhecer-se melhor ou se aproximar ainda mais do parceiro são alguns dos impulsos que têm permitido às empresas do setor colher bons resultados neste momento de crise. 

Na primeira quinzena de maio, a ex-BBB Marcela Mc Gowan, especialista em saúde feminina, ginecologista e obstetra, postou em seu instagram (@marcelamcgowan) uma apresentação de produtos clássicos e novos de um dos sex shops mais famosos do Brasil, a Exclusiva Sexshop (@exclusivasex_oficial), que obteve mais de dois milhões de visualizações. Além da promoção das mercadorias, muitas lojas utilizam as redes sociais para tirar dúvidas, curiosidades e até divertir os clientes com postagens organizadas e interessantes.  

A Agemt conversou com Andrei Marsiglia, proprietário do sex shop Doce Sensualidade (@doce_sensualidade) e também terapeuta sexual, sobre como funciona sua loja e como ela está lidando com esse fenômeno na quarentena. 

“Aqui percorremos um caminho que começa desde a parte da autoestima, onde há os sabonetes íntimos, desodorantes, perfumes, coletores menstruais e cremes hidrantes e até parte de suplementação alimentar, chegando na parte de pompoarismo, muito importante para a saúde da mulher.” 

Andrei também possui em sua loja uma sala especial para conversar com os clientes sobre suas inseguranças, dúvidas e curiosidades relacionadas ao sexo. Mesmo durante o isolamento social, seus atendimentos continuam pela internet, onde consegue ajudar seu público, majoritariamente feminino.

“Conversando, vou descobrindo o que o cliente precisa. Depois da primeira parte, vem a segunda fase, que é a lubrificação e vários tipos de excitantes, para finalmente chegarmos nos brinquedos, onde trabalha-se a desconstrução desse tabu que envolve o sexo”, completa Andrei, acrescentando que, além dos brinquedos e outros produtos, a loja conta com lingeries e fantasias. 

“Estou vendendo mais pelo WhatsApp e Instagram, onde os pedidos aumentaram bastante. Pelo e-commerce houve uma movimentada, mas ainda é menor quando comparado às redes sociais. Apesar desse aumento das vendas pela internet, meu forte continua em loja física”, afirma Andrei.  

O empresário conta que muitas vezes ele mesmo vai entregar os pedidos para os clientes, que preferem um atendimento mais rápido, e sempre fica atento aos cuidados de higiene, utilizando máscara, álcool em gel e o devido distanciamento. Há ainda a opção de retirar o produto na loja, onde o pedido é feito previamente pela internet e fica pronto para o cliente buscar. 

O produto mais procurado, segundo o terapeuta, são os vibradores. Uma pesquisa da CBN confirma esse fato, mostrando que houve um aumento de 50% nas vendas de vibradores no país. “Também há uma grande procura pelo satisfyer, um novo produto que está fazendo sucesso entre as mulheres. Ele promete um orgasmo em cinco minutos e ando vendendo bastante dele.” 

“No isolamento, devido a tantos acontecimentos, as pessoas tendem a pensar em muitas coisas, incluindo o prazer. Quem está sozinho procura cada vez mais essa alternativa dos produtos eróticos”, finaliza Andrei. 

A pesquisa da CBN também mostra que a maioria dos consumidores de vibradores é composta por mulheres de 25 a 35 anos que estão em um relacionamento. Roberta Nascimento conta que foi motivada por querer inovar na hora das relações com seu parceiro e sempre gostou de consumir em sex shops, mesmo quando era solteira. “O uso na quarentena aumentou e comprei alguns produtos como plugs, gel e estimulantes de libido, que acho bem interessantes." Roberta conta que também prefere que a entrega seja discreta, até mesmo escondendo o nome da loja no pacote, embora more apenas com seu companheiro. 

Já Catherine Sekine não se importa com um modo reservado de receber sua compra. “Como moro em prédio e tem uma boa rotatividade de porteiros, não me importo muito como vem a encomenda. Se for discreto melhor, mas se possuir o logo da loja ou alguma indicação do que é o produto não tenho problema com isso.”

Catherine expressa que os preços atrativos e diversas promoções dos sites que já consumia antes incentivaram ainda mais suas compras de produtos eróticos durante o isolamento social. “O gel, o kit algema e o vibrador que comprei na loja Aline Lingerie (@alinelingerie) chegaram bem rápido e todo o processo foi bem simples. Eu e meu companheiro indicamos totalmente os produtos e tudo foi bem satisfatório.”  

Os solteiros estão curtindo as compras sensuais da mesma forma. Beatriz Lisanti viu que ficaria um longo período em casa e com mais tempo livre, por isso, já que consumia artigos desse setor antes da pandemia, pensou em experimentar novas opções. “Queria uma coisa maior e mais sofisticada do que já tenho, então decidi investir em algo mais caro”, relata. Além disso, Beatriz  procurou se informar sobre os assuntos antes de fazer uma compra, como o pompoarismo, ficando curiosa para tentar. 

De acordo com Lisanti, o sex shop Pentynova (@novapanty) apresenta um site recheado de informações detalhadas de cada produto e que ainda contém vídeos de vários produtos sendo demonstrados em objetos de vidro com água, expondo a intensidade um por um. Além disso, deixa disponível a opinião dos compradores, facilitando para quem quer entender mais do assunto. 

“Como já comprei mais de uma vez nesse lugar, sou muito fã dos produtos e recomendo para quem quiser algo confortável e de qualidade. Inclusive, gosto muito do posicionamento da marca, sendo que vai além de um site de produtos eróticos e abraça todo tipo de público. A página deles tem até alguns contos eróticos para entreter a galera que acessa”, expressa Beatriz.