Diretor de política monetária discute estratégias econômicas adotadas pela autarquia durante live
por
Camila Aroulho Bucoff
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07/04/2025 - 12h

O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Nilton David, participou, na segunda (31), de uma live sobre “Conjuntura e Política Monetária” promovida pelo Itaú BBA. O evento foi moderado por Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú. 

Na transmissão, David indicou que o principal objetivo da autoridade monetária é alcançar a meta de inflação de 3%. Também lembrou que o BC procura suavizar a oscilação de ciclos econômicos e a instabilidade econômica, sem prejudicar a meta. "O Banco Central vai buscar o caminho que for mais razoável para se chegar a esses 3% primeiro, claro que em vista das consequências que tem para os dois lados", disse. 

  Nilton David, diretor de política monetária do BC. Foto: Reprodução/LinkedIn
Nilton David, diretor de política monetária do BC. Foto: Reprodução/LinkedIn

Ciclo de aperto não acabou

No mês de março, o BC implementou a terceira alta seguida nos juros básicos, chegando a 14,25% ao ano, e indicou para a próxima reunião de política monetária, uma elevação em menor magnitude.

A elevação da taxa objetiva controlar a inflação, visto que o crédito mais caro reduz o consumo e força uma diminuição nos preços. Mesmo assim, segundo o Ministério da Fazenda, a inflação deve terminar 2025 em 4,9%, acima do teto da meta (4,5%). 

Segundo o diretor,  na reunião de março, a autarquia estava convicta de que o ciclo de aperto monetário não havia encerrado e que os movimentos à frente seriam menores do que os aumentos realizados anteriormente. A sinalização dada foi mais interessante para se ter uma saída do “forward guidance” suavizada - política monetária que sinaliza a trajetória dos juros futuros e outras medidas econômicas, minimizando volatilidades de interpretação.  Esse trabalho de minimização foi motivado pela inquietude do mercado em relação às três elevações consecutivas de 1 ponto percentual na Selic. 

Ele informou que o crédito incentivado existente no Brasil, uma linha de empréstimo que oferece condições mais favoráveis para estimular determinados setores da economia, faz com que a política monetária não tenha efeito equânime sobre todos os agentes. “O que acaba acontecendo é que o BC tem que colocar a taxa de juros um pouquinho acima para que todos estejam no nível restritivo”, disse David. 

O diretor também afirmou que as reservas internacionais brasileiras estão em níveis confortáveis e que não há razões para aumentá-las, dado que o BC apenas intervém no câmbio quando detecta alguma disfuncionalidade, seja no mercado à vista ou em derivativos.

Outro ponto comentado por David foi a elevação das expectativas de inflação acerca da valorização do câmbio, o que pode ser um indicador de que os agentes não perceberam que a alteração do patamar é permanente. Ele explica que as expectativas do mercado sobre a condução da política fiscal podem explicar o aumento da inflação. No entanto, a taxa de câmbio não possui relação mecânica com a política monetária. 


Impactos de guerra tarifária de Trump

David aponta que há mais incertezas do que definições sobre os impactos econômicos da guerra tarifária conduzida pelos Estados Unidos. Segundo ele, o aumento da hesitação tende a retrair investimentos, como mencionado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião de março.

“Você vai ter um choque de oferta nos Estados Unidos com uma queda de renda disponível, vamos dizer assim, provavelmente uma queda de produtividade, que traria juros neutros lá na frente menores pela queda da produtividade, e um dólar fraco", afirma.

O diretor indica que o impacto das tarifas na inflação norte-americana tende a ser temporário, como avalia o presidente do Federal Reserve, banco central estadunidense, Jerome Powell. 

De acordo com David, os efeitos das tarifas dos Estados Unidos sobre as cadeias produtivas não podem ser devidamente estimados, sem se saber até onde o presidente americano, Donald Trump, está disposto a avançar. No caso de um impacto mais duradouro, “o Brasil estará preparado para enfrentar um cenário pior”, disse ele. 

 

Programa consignado privado 

David aponta que o BC permanece estudando possíveis efeitos do novo programa de estímulo ao crédito consignado para trabalhadores privados, no qual as parcelas do empréstimo são descontadas diretamente da folha de pagamento do tomador. “Nos nossos estudos, a gente ainda não tem uma conclusão com toda a convicção”, disse ele. Essa avaliação envolve a demanda pelos tomadores de empréstimos e o comportamento dos bancos. 

Segundo o diretor, “O RPM (Relatório de Política Monetária) que a gente publicou não tem nenhum impacto do consignado ainda, mesmo porque a gente ainda está tentando entender, e aqui não é simplesmente o comportamento do tomador, também deveria levar em consideração do doador do crédito, se ele está mais interessado em trocar ou em incrementar." 

 

Declarações podem ser entregues por programa disponível no site da Receita Federal ou de forma online pelo e-CAC;
por
Marcelo Barbosa Prado Filho
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26/03/2025 - 12h

 

A Receita Federal liberou acesso à Declaração Anual do Imposto de Renda na segunda (17). Será possível realizar a entrega até às 23:59 do dia 30 de maio. 

A Declaração desempenha um papel fundamental na captação de recursos para que o Governo tenha controle sobre a arrecadação de dinheiro que financia serviços públicos.

Dentre as principais mudanças neste ano estão: 

  • A ampliação de isenção para rendimentos tributáveis 

O valor de rendimentos tributáveis anuais que obrigam a entrega da declaração subiu de R$ 30.639,90 para R$ 33.888,00.
 

  • A declaração obrigatória para mais situações envolvendo bens e investimentos no exterior  

  • Trusts e contratos estrangeiros: Quem possuía trusts ou contratos similares no exterior em 31 de dezembro de 2024 agora precisa declarar;

  • Regime de Transparência Fiscal: Quem optou por declarar bens e rendimentos de entidades controladas no exterior como se fossem pessoais precisa informar na declaração;

  • Atualização de imóveis a valor de mercado: Quem optou por atualizar o valor dos imóveis no Brasil conforme a lei de bens e imóveis no exterior deve declarar essa escolha.

  • Declaração pré-preenchida mais completa

A Receita Federal ampliou o cruzamento de dados disponíveis na declaração pré-preenchida. Neste ano, informações sobre criptoativos e transações imobiliárias também estarão incluídas. 

  • Mudanças no pagamento e parcelamento 

O imposto pode ser parcelado em até 8 vezes, mas agora o débito automático só pode ser ativado até 9 de maio para a primeira parcela. Depois disso, só vale a partir da segunda parcela. Débitos abaixo de R$ 10,00 não precisam ser pagos imediatamente e podem ser acumulados para exercícios futuros.

  • Autorização para terceiros com novas regras

É possível, neste ano, autorizar apenas uma pessoa física para acessar e transmitir a declaração, com validade de até seis meses.

Quem deve declarar Imposto de Renda? 

 

  • É obrigatório a declaração das seguintes pessoas:

  • Quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 33.888,00 em 2024. O valor é um pouco maior do que o da declaração do IR do ano passado (R$ 30.639,90) por conta da ampliação da faixa de isenção;

  • Contribuintes que receberam rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma tenha sido superior a R$ 200 mil no ano passado;

  • Quem obteve, em qualquer mês de 2024, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas cuja soma foi superior a R$ 40 mil, ou com apuração de ganhos líquidos sujeitas à incidência do imposto;

  • Quem teve isenção de imposto sobre o ganho de capital na venda de imóveis residenciais, seguido de aquisição de outro imóvel residencial no prazo de 180 dias;

  • Quem teve, em 2024, receita bruta em valor superior a R$ 169.440,00 em atividade rural;

  • Quem tinha, até 31 de dezembro de 2024, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 800 mil;

  • Quem passou para a condição de residente no Brasil em qualquer mês e se encontrava nessa condição até 31 de dezembro de 2024;

  • Quem optou por declarar os bens, direitos e obrigações detidos por entidade controlada no exterior (ou seja, uma empresa ou organização no exterior que é controlada direta ou indiretamente por uma pessoa física ou jurídica residente no Brasil), como se fossem detidos diretamente pela pessoa física;

  • Quem possui a titularidade de trust e demais contratos regidos por lei estrangeira com características similares;

  • Quem atualizou bens imóveis pagando ganho de capital diferenciado (forma específica de tributação sobre o lucro obtido na venda de vens ou direitos) em dezembro/2024;

  • Quem auferiu rendimentos no exterior de aplicações financeiras e de lucros e dividendos;

  • Quem deseja atualizar bens no exterior.

 

Como calcular a parcela que deve ser declarada? 

 

Para fazer o cálculo é importante saber o que significam as seguintes informações: base de cálculo, alíquota e parcela a ser deduzida. Base de cálculo: São os rendimentos tributáveis do contribuinte. Isto é, são os valores recebidos como salários, aluguel, pensão, remuneração por trabalho, investimentos, bônus etc.

Alíquota: Trata-se da porcentagem cobrada em cima dos seus rendimentos. A alíquota do Imposto de Renda é progressiva: quanto mais você ganha, maior a alíquota. 

Parcela a deduzir: Valor subtraído de sua renda para o cálculo do imposto ser proporcional à sua faixa de ganho.

A Receita Federal fornece uma tabela progressiva com os valores mencionados. 

 

Fonte: Ministério da Fazenda 

 

Depois de somar todos os seus rendimentos tributáveis (salário, pensão, bônus) recebidos mensalmente, verifique em que faixa você se enquadra e faça o seguinte cálculo: Salário x Alíquota - Valor a deduzir do IR. 

Por exemplo: uma pessoa que recebe R $2.730,50, já descontado os valores do INSS, se enquadra na faixa de alíquota de 7,5% e deve pagar, anualmente, R $743,85 de imposto de renda. 

Cálculo: 2.730,50 x 7,5/100 - 142,80 = 61,9875 (esse é o valor mensal de imposto que deve ser pago, multiplique por 12 e você terá  R $743,85 que é o valor anual a ser pago). 

Se você é um profissional com registro em carteira, a empresa desconta o pagamento do IR mensalmente do seu salário, então caso o valor que você tenha em receita seja superior ao valor que deve ser pago, você será restituído, caso contrário, deve pagar a diferença.

 

Como declarar? 

 

O aplicativo “Meu Imposto de Renda” não está mais disponível para download em dispositivos móveis. Para quem deseja realizar a entrega dessa forma, é necessário baixar o aplicativo da Receita Federal. Pelo computador você pode realizar o download do programa de Declaração de Imposto de Renda no próprio site da Receita.  A entrega também pode ser feita de forma online pelo  serviço “Meu Imposto de Renda” no Centro Virtual de Atendimento da Receita (e-CAC). A declaração pré-preenchida estará disponível para os contribuintes a partir do dia 1º de abril. 

 

Quais são os documentos necessários?

 

Para declarar o Imposto de Renda corretamente, é essencial reunir documentos que comprovem rendimentos, bens, direitos, dívidas e pagamentos. Isso inclui informes financeiros, comprovantes de salários, pró-labore, lucros, aposentadorias, pensões, aluguéis, doações e heranças. Também são necessários o Livro Caixa, DARFs( Documento de Arrecadação de Receitas Federais) do Carnê-Leão e informes de programas fiscais como a Nota Fiscal Paulista. Para quem opera com renda variável, é indispensável o controle de compra e venda de ações, apuração mensal do imposto e DARFs correspondentes.  

No caso de bens e direitos, devem ser apresentados documentos de compra e venda de imóveis, matrícula, IPTU e comprovação de participação acionária. Informações sobre dívidas e ônus também precisam ser incluídas. Já os pagamentos e deduções devem ser comprovados por recibos de plano de saúde, despesas médicas e odontológicas, educação, previdência, doações e pagamentos a prestadores de serviços. Caso haja empregada doméstica registrada, é necessário o recibo com o número NIT, um código que permite que trabalhadores autônomos contribuam para o INSS.

Além disso, são exigidos dados pessoais e de dependentes, endereço atualizado, cópia da última declaração entregue, dados bancários e atividade profissional. Dependendo dos bens, podem ser solicitadas informações complementares, como inscrição municipal e registro em cartório para imóveis, Renavam(Registro Nacional de veículos automotores) para veículos e CNPJ da instituição financeira para contas e aplicações. Reunir tudo antecipadamente facilita a declaração e evita problemas com a Receita Federal.

                                                                   Prioridade na restituição 

O processo de restituição ocorre para que os colaboradores recebam valores pagos em excesso ao longo do ano para a Receita Federal. As prioridades no procedimento segue da seguinte forma: 

  • Idosos acima de 80 anos; 

  • Idosos entre 60 e 79 anos, deficicientes ou portadores de moléstia grave; 

  • Contribuintes que possuem como a maior fonte de renda o magistério;

  • Quem optou pela declaração pré-preenchida e/ou receber a restituição pelo pix.

  • Outros contribuintes

 

Dentro de cada grupo de prioridade, recebe primeiro quem entregar a declaração mais cedo. 

Calendário de restituição:

1° lote: 30 de maio

2° lote: 30 de junho

3° lote: 31 de julho

4° lote: 29 de agosto 

5° lote: 30 de setembro
 

Quem não declarar o imposto até o dia estabelecido, corre o risco de pagar multa que corresponde a 20% do imposto em pendência, tendo como valor mínimo de R$ 165,74.

O governo federal apresentou, na terça-feira (18), uma medida que determina a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil mensais. O texto ainda precisa passar por votação no Congresso Nacional e ainda propõe descontos para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil e taxação mínima para alta renda.  

As cobranças estão previstas para 2 de abril
por
Marcelo Barbosa Prado Filho
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10/03/2025 - 12h

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou mais uma vez. Nessa última quinta-feira (06), o  mandatário adiou, para 2 de abril, o tarifaço de 25% sobre importações do México e Canadá que entrou em vigor nesta mesma semana (04).

Segundo Trump, os importadores norte-americanos não precisarão pagar tarifas sobre nenhum produto que se enquadre no USMCA, um acordo de livre comércio entre EUA, México e Canadá negociado em seu primeiro mandato.

O tratado abrange uma gama extensa de produtos e serviços. Entre eles, produtos agrícolas, manufaturados e de tecnologia.

Na rede social Truth Social, Trump justificou a decisão afirmando que o México tem “trabalhado duro” para garantir a segurança na fronteira: "Nosso relacionamento tem sido muito bom e estamos trabalhando duro, juntos, na fronteira, tanto em termos de impedir que estrangeiros ilegais entrem nos EUA quanto, da mesma forma, impedir o fentanil".

O tarifaço aos países é uma retaliação de Trump que julga que ambos não fazem o suficiente para conter a entrada de  imigrantes e do fentanil - uma espécie de analgésico mais forte que morfina e heroína e que a dependência é um problema de saúde pública nos EUA.

Sobre o Canadá, Trump escreveu na noite de quarta-feira que conversou com o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, mas não está "convencido" de que o governo canadense atuou o suficiente para resolver os problemas de entrada de fentanil e de imigrantes ilegais nos EUA.

Trump confirmou em 10% a elevação na taxa de cobranças contra a China e elevou a alíquota total de taxas para produtos chineses a 20% neste mandato.


Na mira de Donald Trump:

Apesar de não ter sido taxado diretamente, o Brasil pode sofrer com a imposição geral  de 25% para importações de aço e alumínio, que deve entrar em vigor no dia 12 de março.

Segundo dados do Governo Federal, em 2023, os EUA compraram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro ou aço. Em 2024 o país foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, em volume, de acordo com dados do Departamento de Comércio americano, atrás apenas do Canadá.

Além da taxa geral para esses produtos, Donald Trump também prometeu uma taxa recíproca a países que cobram dos EUA, citando o Brasil: "Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto", disse Trump, em longo discurso no Congresso dos EUA, na terça-feira (4).”

Além de ferro e aço, o petróleo e o café são as principais exportações do Brasil para os estadunidenses.


Imagens: Agência Brasil

Medida irá impactar benefícios que excedem limite constitucional recebidos pelos “funcionários de elite
por
Marcelo Barbosa
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06/12/2024 - 12h

 

O Governo enviou na segunda-feira (02), ao Congresso Nacional, a PEC que detalha uma série de medidas para conter os gastos das contas públicas. O intuito é gerar uma economia de mais de 300 bilhões até 2030.

A proposta visa alterações essenciais para aumentar a arrecadação e manter os limites do Arcabouço Fiscal. Uma das mudanças apresentadas está na redução dos chamados “supersalários” de servidores públicos.
 

Salário e adicionais no serviço público: regras e limites na teoria

Os servidores públicos têm um teto salarial estabelecido em R$44.008,52 mensais, além dos benefícios e adicionais, desde que observadas as regras específicas de cada caso.

O auxílio-moradia, por exemplo, é restrito a situações em que não haja imóvel funcional (cedido pela União para o funcionário público) disponível na localidade; o agente não more com outra pessoa que já ocupe um imóvel funcional ou receba o benefício; ou quando o servidor não possua residência própria na região.

Já o adicional de férias não pode superar um terço da remuneração e deve ser limitado a períodos de até 30 dias por exercício. Da mesma forma, as férias não aproveitadas só podem ser pagas em casos de demissão, aposentadoria ou falecimento, respeitando o limite de 30 dias por exercício.

Entre os auxílios mais comuns no cotidiano do servidor, o auxílio-alimentação tem seu valor máximo fixado em até 3% do teto salarial, o mesmo limite aplicado ao auxílio-transporte. Para filhos ou dependentes de até cinco anos, o auxílio-creche também é regulamentado, com um valor que não deve exceder 3% do teto por dependente.

Além disso, benefícios como o 13º salário, adicional noturno, remuneração por serviços extraordinários e aviso prévio proporcional ao tempo de serviço estão garantidos. Em ambientes de trabalho insalubres, o adicional de insalubridade é assegurado. Ressarcimentos relacionados ao exercício da função, como indenizações pelo uso de veículo próprio em serviço, são limitados a 7% do teto. Também está previsto o reembolso de mensalidades de planos de saúde, que pode chegar a até 5% do teto.

O salário-mínimo do trabalhador médio está em R$1.412 e, com as projeções do PIB para 2025, a previsão é de que chegue em R$ 1.525,00.  Professores, por exemplo, têm, em média, um salário de RS 4.250,00 reais, constatou o Glassdoor, uma plataforma online sobre o mercado de trabalho.  

No entanto, apesar do teto estabelecido ser de R$ 44.008,52 mensais, há diversas exceções e valores extras aos chamados “funcionários de elite”,  responsáveis por atuar em áreas específicas do setor público, como segurança, diplomacia e finanças, e que causam um rombo de até 3,9 bilhões de reais aos cofres públicos, de acordo com um estudo do CLP (Centro de Liderança Pública). 

 

Equipe econômica do governo Lula.
Projeto que pretende acabar com supersalarios enfrenta resistência de militares. Foto: Agência Brasil

Segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU), os salários dos militares reformados custam 16 vezes mais aos cofres públicos do que os aposentados do INSS. O gasto por pessoa com os militares foi de R$ 158,8 mil, enquanto o dos servidores públicos foi de R$ 69 mil e o dos aposentados do INSS foi de R$ 9.400.

A respeito do corte nos supersalários, a economista Cristina Helena Pinto de Mello pontua sobre o forte apelo público da proposta “Quando a gente pega o gasto do Governo com salários de toda a administração pública, incluindo o legislativo e o judiciário, que estão dentro dessa folha de pagamento, essa é uma das maiores despesas”, comenta, mas ressalta que os gastos com juros ainda ultrapassa o valor gasto com supersalários. 

Na segunda-feira (02) o presidente Lula se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, outros três ministros do Palácio do Planalto e líderes do Congresso para discutir o tema. 

No caso da aposentadoria dos militares, a resistência das forças armadas fizeram com que o Ministério da Fazenda recuasse e retirasse, temporariamente, a regra da PEC. Entre os pontos do texto que seriam debatidos, estavam o fim da chamada "morte fictícia", que assegura pensão a militares expulsos ou excluídos das Forças Armadas e uma uma transição mais longa para a adoção da idade mínima de 55 anos para a aposentadoria dos militares (o projeto apresentado pela equipe econômica sugere ampliação de 50 para 55 anos). A ideia é implementar uma regra progressiva, permitindo que a exigência de 55 anos seja atingida apenas em 2030.

O Congresso tem apenas três semanas de atividades antes do recesso para apreciar essas medidas, além de outras propostas relevantes, como o projeto que finaliza a reforma tributária e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Entenda proposta de corte de gastos de R$ 70 bilhões anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad
por
Beatriz Alencar
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03/12/2024 - 12h

O texto do novo pacote de gastos e aumento da isenção do Imposto de Renda foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quinta-feira (28), e movimentou opiniões dentro do setor econômico e social, com dólar batendo o valor histórico de R$ 6,11.

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Ministro da Fazenda Fernando Haddad | Foto: Reprodução/Transmissão Ministério da Fazenda

Mas qual de fato é o objetivo desta pauta que demorou semanas para ser anunciada e o quê isso tem a ver com o salário mínimo e arcabouço fiscal?

Basicamente, a ideia de Haddad de fazer um pacote fiscal agora é tentar cortar R$ 70 bilhões para ajustar a explosão dos gastos públicos projetados para os próximos anos e garantir a sustentação do arcabouço fiscal, medida que tem como objetivo o equilíbrio entre arrecadação e despesas do governo, aprovada no ano passado. 

A primeira mudança citada pelo ministro para cumprir essas metas foi o reajuste no salário mínimo com a adequação aos limites do arcabouço fiscal e inflação, o que significa um ganho real entre 0,6% e 2,5%. Atualmente para o reajuste de salário, o Governo considera a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) do país . 

De acordo com o Economista e pesquisador Emerson Braz, o abono salarial e o teto do reajuste do salário-mínimo são medidas que representam direitos dos trabalhadores que hoje possuem menor representatividade no Congresso Nacional:“ [Isso] faz com que sejam medidas que não sofram ajustes significativos em seus textos na fase de aprovação”.

Braz acrescenta que esse reajuste pode ser uma perda de ganhos reais para os trabalhadores: “Imaginando um cenário em que o PIB possa estar estagnado e o arcabouço apertado, o salário-mínimo (SM) poderá não ter alterações e afetar a economia”, explica. O que pode gerar um problema considerável na desigualdade social ou na superação da pobreza. 

Com o novo pacote, o abono salarial, que é um benefício concedido uma vez por ano ao trabalhador que recebe até dois salários mínimos (R$2.824,00), seria limitado para quem recebe até R$2.640,00 e corrigido pelo INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor. A medida, ao longo dos anos, irá reduzir a parcela beneficiada, já que o salário cairá gradualmente para um salário mínimo e meio por mês. 

Outra mudança que causou grande movimentação de opiniões foi a medida sobre o Imposto de Renda. Hoje, aqueles que ganham até R$ 2259,20 por mês não pagam imposto. A nova proposta prevê que a isenção será estendida para quem ganha até R$ 5 mil. Só essa alteração deve gerar um impacto de R$ 35 bilhões por ano nas contas da União.

“Essa é uma medida muito interessante e necessária. Pessoas que ganham até R$ 5 mil consomem a maior parte da sua renda e, ao sofrerem menos tributação, terão como destinar maior parte para o consumo, mantendo a economia aquecida”, argumenta o economista.

Como uma forma de cobrir essa isenção, o governo pretende aumentar a tributação para os rendimentos acima de R$50 mil e R$ 1 milhão mensais, como a forma “mais justa” de compensar a queda de arrecadação com a nova faixa de isenção, de acordo com Haddad.

“A alteração na alíquota do IR não deve ser vista apenas com o objetivo de equidade de renda, mas como um instrumento de manter a demanda (de mercado) aquecida”, acrescenta Braz.

O pacote também prevê a reforma das emendas parlamentares, que limita o crescimento das emendas impositivas ao arcabouço fiscal, estabelecendo um teto para o aumento das despesas parlamentares. Além disso, 50% dos recursos das emendas de comissão deverão ser destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Equipe Econômica, pacote fiscal - Esther Dwek, Fernando Haddad, Simone Tebet, Rui Costa e Alexandre Padilha | Reprodução/Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Equipe Econômica, pacote fiscal - Esther Dwek, Fernando Haddad, Simone Tebet, Rui Costa e Alexandre Padilha | Reprodução/Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

O texto apresentado pela equipe econômica também propõe mudanças na aposentadoria de militares. A medida sugere uma padronização da contribuição dos militares ao Fundo de Saúde e o fim da chamada “morte fictícia”, que garante uma espécie de pensão vitalícia para a família de um militar que foi expulso das forças, na mesma condição de falecimento do servidor. 

Alterações nos benefícios sociais como o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), também foram citadas no texto. Agora, passarão a ter mais regulações, como comprovação por biometria do beneficiado.

“O fato é que a comunicação do Governo para anunciar medidas de austeridade e controle das contas públicas junto com a medida de isenção do IR tornou o cenário caótico”, comenta o economista.

Após um mês de reuniões e tratativas, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, explicou que o debate do pacote fiscal será prioridade nas próximas semanas, antes do recesso de fim de ano no Senado. A proposta ainda pode sofrer mudanças nas aplicações ou exclusões de medidas.

Indicador mostra desempregados que desistiram de procurar trabalho; 5 milhões estão nessa situação
por
Maria Alice Prado
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08/07/2020 - 12h

O desalento é um fenômeno que atinge cada vez mais pessoas no mercado de trabalho brasileiro.  Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) com dados da Pnad Contínua (IBGE) mostra que o número de desalentados passou de cerca de 2 milhões em 2012 para cerca de 4,9 milhões ao final de 2019, um aumento  de quase 153%. Para este ano, as perspectivas são ainda mais pessimistas. A última pesquisa do IBGE, que avalia dados do trimestre encerrado em abril de 2020, mostra como a pandemia da Covid-19 está intensificando os problemas já existentes na dinâmica de empregos da economia brasileira e vai piorar ainda mais esse indicador.

O IBGE apontou que o contingente de pessoas desalentadas foi estimado em aproximadamente 5 milhões no trimestre de fevereiro a abril de 2020, o maior patamar da série histórica. Essa estimativa apresentou aumento de 7% em relação ao trimestre anterior (novembro de 2019 a janeiro de 2020), o equivalente a 328 mil pessoas que estão fora da força de trabalho. Ou seja, não estão empregadas e nem tomaram providências efetivas para conseguir emprego. Segundo a pesquisa do IBGE, entre as razões apontadas pelos desalentados para desistir de procurar um emprego estão a falta de trabalho adequado, a crença de falta de experiência ou qualificação necessária, idade ou a convicção de falta de trabalho na localidade em que residem.

Entre os anos de 2014 a 2016, o Brasil enfrentou um longo período de recessão, com perda acumulada de 8,2% do PIB, de acordo com dados do Comitê de Datação de Ciclos Econômico (Codace). O mercado de trabalho continuou em condições ruins mesmo após o fim da recessão, tendo a taxa de desemprego começado a cair moderadamente só a partir do segundo trimestre de 2019. Uma das consequências desta perda de dinamismo na economia é o aumento do número de pessoas desalentadas. “Alguns especialistas estimam que, mesmo sem a pandemia, poderíamos ter que chegar até 2024 para voltar ao patamar de antes da crise, ou seja, 2014. Com a pandemia, a crise dos empregos vai se alastrar muito mais”, afirma Marcos Henrique do Espírito Santo, professor de economia da FMU.

Uma pesquisa feita pelo Ibre/FGV aponta que, historicamente, os desalentados são majoritariamente jovens, mulheres, de cor preta ou parda e com baixa escolaridade. Marcos Henrique explica que tal indicador tem piorado ainda mais com o isolamento social porque o Brasil tem cerca de metade da População Econômica Ativa (PEA) trabalhando na informalidade. Em tempos de pandemia, esses trabalhadores autônomos não têm condições de trabalhar e paralisam suas atividades. Já os assalariados são demitidos, aumentando a taxa de desemprego. Muitos que vão para o desemprego não procuram outras oportunidades ativamente, justamente por causa da crise econômica como a que o Brasil vive.

“O fato de sermos muito informais faz com que boa parte da população sofra com o isolamento. O vírus não escolhe classe social. Mas as condições no mercado de trabalho pioradas depois da Reforma Trabalhista de 2017, que reduziu os custos do trabalho para aumentar a taxa de lucro dos empresários, precarizam ainda mais a classe dos trabalhadores. Sobretudo com a autorização da terceirização, que resulta em muitos deles sem CLT e sem proteção social. São todos problemas estruturais piorados em função do isolamento”, analisa o professor. Além disso, muitas das micro e pequenas empresas vão ter que fechar as portas, com cerca de 90% dos postos de trabalho dessas empresas ficando inativos.

Clemente Ganz Lúcio, coordenador técnico do Departamento Sindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta ainda mais problemas revelados pelo indicador. “O desalento mede a qualidade de uma economia na dinâmica do mercado de trabalho. O Brasil expressa um contingente elevado de pessoas que declararam precisar de um trabalho mas não têm perspectiva de obtê-lo, indicando a baixa qualidade expressiva do mercado”, afirma. Segundo ele, há um descompasso estrutural entre as necessidades do trabalhador de financiar seu orçamento para manter as despesas e a inoperância do mercado em dar condições para que ele atinja esses objetivos. “Portanto, é um indicador de desistência das pessoas em relação a sua economia, que é incapaz de gerar a quantidade de postos de trabalho suficientes em condições que as pessoas precisam para trabalhar”, completa.  

As sequelas da recessão econômica dos últimos anos agora se atrelam à política neoliberal de Paulo Guedes para conter a crise da pandemia. A combinação levará à elevação do desemprego, e consequentemente, a um aumento ainda maior do desalento. Segundo especialistas, a taxa de desemprego para 2020 deve variar entre 14% e 17%  o que significa atingir cerca de um terço da população de pessoas desocupadas e subutilizadas. Marcos Henrique aponta para um cenário de grande estagnação econômica nos próximos anos. Ele afirma que a política liberal de privatização das empresas nacionais e a confiança de investimento por parte dos empresários do setor privado não são medidas palpáveis para conter a crise. “Se o governo corta gastos, não existe previsão de demanda da população porque há alto desemprego. Logo, o setor privado também não vai produzir. É uma dinâmica perversa.” 

Clemente Ganz Lúcio enxerga um aumento na tensão social brasileira, já  que o atual governo não prevê instrumentos de proteção social para auxiliar pessoas com baixa renda nem para se manter, nem para procurar emprego. Seja no custo de investimento necessário para buscar vagas ou nos aparatos psicossociais para manusear a desesperança de conseguir um emprego. Com isso, o efeito da crise para o mercado de trabalho será dramático e de longa duração. “O risco apresentado de depressão econômica, para os desalentados, é uma situação sem saída no curto e médio prazo. É necessária outra dinâmica de política econômica, que ainda leva tempo”, afirma Clemente.

Marcos Henrique do Espírito Santo também ressalta a urgência de mudanças e aceleração de medidas de contenção de crise vindas do governo federal. “O Estado tem que criar políticas públicas e aumentar de fato a dívida para sustentar as pessoas, evitando que elas morram em primeiro lugar. O debate é sobre como criar renda mínima.” O professor propõe um investimento público a longo prazo por parte do governo federal para recuperar a infraestrutura das indústrias, que reúnem bons empregos com remuneração adequada para prover postos formais com carteira assinada para os trabalhadores.  

A oferta de empregos de interesse público, gerados pelos governos estaduais, pode ser uma saída para a crise, segundo Clemente. Desde apoio à saúde, retomada de obras e organização do espaço urbano, por exemplo. Essas inúmeras atividades podem ser financiadas diretamente pelo Estado, que ao contratar pessoas estará injetando dinheiro na economia e incentivando o consumo. É o ponto de partida para que as empresas privadas venham de forma complementar à geração de emprego. Só assim o governo se retira gradativamente para que a economia do mercado volte a girar. Clemente ressalta, no entanto, que essas medidas não podem ser feitas sem proteção social e sindical. Caso contrário, as taxas de desemprego podem diminuir mas acarretarão uma estrutura de mercado de trabalho precária, com menos renda e mais insegurança. “Socialmente injusto e inadequado”, finaliza o coordenador.

Para Maureen Santos, cientista política e professora da PUC-Rio, pandemia está ligada ao modelo de produção da agroindústria
por
Manuela Avanso
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02/07/2020 - 12h

Os conceitos de progresso e meio ambiente sempre foram antagônicos no Brasil. O meio ambiente nunca contou com políticas ambientais fortes de proteção e que ao mesmo tempo englobassem desenvolvimento social ou econômico. O ano de 2019 foi marcado por diversas tragédias, como Brumadinho e o derramamento de óleo nas praias nordestinas, reflexo de omissão na resposta e no controle das autoridades. O discurso do presidente Jair Bolsonaro provocou o congelamento de apoio de países estrangeiros, principalmente em órgãos como Ibama e o Fundo Amazônia.  

Para Maureen Santos, ecologista, cientista política e professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, a economia brasileira nunca se atentou de, que protegendo a natureza, estaria também combinando uma ideia de desenvolvimento . Essa discussão entrou em pauta na conferência Rio 92, um encontro realizado pela ONU, na cidade Rio de Janeiro, que debateu que, dentro da ideia de desenvolvimento sustentável, existia um tripé alinhando economia, meio ambiente e a questão social. No entanto, Maureen afirma que “a questão ambiental sempre foi deixada de lado, sempre vista somente como um custo econômico”. Segundo ela,  o socioambientalismo mostra que, ainda que no início tenha-se um custo maior, na prática é muito mais barato proteger determinada área do que destruí-la e depois voltar a exercer proteção ambiental.

A ativista classifica o governo atual como antiambiental, já que este debate é inexistente. Desde a década de 90 o Brasil começou a se inserir em um grupo de países que tinham políticas de preocupação ambiental (inclusive com a criação do Ministério do Meio ambiente após a Rio 92), mas de lá para cá muitas políticas passaram a não ser implementadas da forma em que estavam na Constituição.

Em 22 de abril de 2020, durante uma reunião ministerial do governo Bolsonaro, Ricardo Salles (ministro do Meio Ambiente) deu uma declaração afirmando que o governo deveria aproveitar o momento em que a sociedade e a mídia estão voltadas para o novo coronavírus e mudar regras ambientais. Sobre a declaração, Maureen diz que não ficou surpresa já que esse é o discurso que vem sendo proferido desde o início do mandato. Ela acrescenta  que Salles  “de meio ambiente nunca teve nada” e esteve sempre atrelado a ruralistas. 

A ativista destaca ainda que o desmonte ambiental, apesar de ter se intensificado com Bolsonaro no poder, não é recente no Brasil, onde já há uma tendência à flexibilização da legislação, mas ganhou maior respaldo com as ações de despreocupação ambiental de Ricardo Salles.

Desequilíbrio ambiental e a Covid-19

O estresse hídrico, a poluição dos oceanos, mudança climática, perda de biodiversidade, aumento do consumo e a contaminação por pesticidas ocorrem em nível mundial e há pouco interesse do ponto de vista global para resolver a situação. Em nível nacional, desde o início do governo Bolsonaro, a postura ambiental é de tamanha negligência que incluiu o Brasil no grupo de países céticos quando se fala em meio ambiente (juntamente com Estados Unidos e Síria). 

Na visão de Maureen Santos, a Covid-19 está diretamente vinculada ao problema ambiental. Segundo ela, “é importante salientar isso, porque muitas vezes fica parecendo que é uma doença que apareceu do nada, sendo que sua raiz está atrelada à cadeia agroindustrial global em que vivemos e inclusive já provocou outras epidemias como a gripe aviária e suína em anos anteriores”. A ativista explica que tal fato está ligado principalmente a alguns tipos de produção, em especial à criação de porcos, produzidos em massa, em tempo curto, gerando vetores de doença. 

"Me preocupa muito que num futuro próximo nós possamos ter outras pandemias como essa, já que o debate sobre o controle da cadeia e mudança na cadeia de produção não está dado. Fala-se muito sobre a vacina e diversas questões, mas não se olha para a origem do problema”, ressalta.

À medida que a urbanização e a desigualdade crescem e as mudanças climáticas desestabilizam ainda mais os ecossistemas, é necessário reconhecer as doenças emergentes como um risco crescente.

PL 2633 e a regularização da grilagem de terras no Brasil

O Projeto de Lei 2633, de 2020, é objeto de forte discussão de vários lados interessados. Se aprovado, abriria brechas para o afrouxamento da fiscalização ambiental, para a anistia de desmatadores e grileiros e ampliaria, pela terceira vez em dez anos, o prazo de regularização de terras brasileiras. 

Maureen reitera que, “anistiando os crimes de invasão de terra pública praticados até o final de 2018 no Brasil, legaliza-se o que antes seria passível de multa do Ibama ou do Ministério Público”. Segundo ela,  a medida age a favor dos grandes e médios grileiros, ou seja, grandes latifundiários, e permite a grilagem de áreas grandes. 

Pensando em terras amazônicas, a grilagem de terras serve para inserir criação de gado e cultivo de soja para exportação. Em outras palavras, possui relação profunda com a pecuária e o consumo de carne nos países europeus e na China, afirma a ecologista. Ela ainda ressalta que o PL não foi votado, mas “é preciso continuar atento porque ele pode voltar à votação, o que se torna bastante preocupante”.

 

Cancelamento de feiras e eventos obriga setor a rever estratégias em São Paulo; público local ganha mais relevância
por
Camila Alcântara
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02/07/2020 - 12h

A cidade de São Paulo foi uma das mais afetadas do país pela pandemia da Covid-19. Movimentada pelos grandes comércios, eventos, áreas de lazer e pontos turísticos, além de ser um atrativo para os negócios, as regras de isolamento social geraram uma grande crise no setor do turismo, que ao longo dos anos vem crescendo constantemente.

Segundo estudo realizado pelo Centro de Inteligência e Economia do Turismo, vinculado à Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, só no ano de 2019, o turismo foi responsável por 16,5% dos empregos, gerando mais de 43 mil oportunidades em São Paulo. Além disso, o segmento fechou o ano acima da média nacional, com expansão superior a 5%.

Após o decreto da pandemia, dados divulgados pelo IBGE revelam que houve uma queda de 52% nas atividades turísticas do estado. Atualmente, com o plano de retomada da economia, o Plano São Paulo, algumas flexibilizações irão contribuir para a reparação inicial do setor, que deverá adotar regras sanitárias rígidas e inovações para atrair visitantes, tendo em vista que grandes eventos, como shows, viradas culturas, festivais e convenções, sairão da lista de lazer por tempo indeterminado.
 

Aeroporto de Congonhas
Aeroporto de Congonhas pouco movimentado

Em entrevista à Agemt,  a estudante de Lazer e Turismo da EACH-USP Júlia Felippe Goldman apontou algumas estratégias para a retomada do turismo na cidade. Ressaltando que ainda é um cenário incerto, por conta dos desdobramentos futuros da pandemia, a estudante disse que autoridades analisam algumas tendências aplicadas em países que já estão na fase de superação da crise.

As consequências  econômicas indicam que o ‘satycation’, a viagem por destinos dentro da própria cidade ou estado, pode crescer ainda mais. A nova tendência pode contribuir positivamente para o desenvolvimento de outros setores do turismo em São Paulo. “Acredito que os setores do turismo que mais se desenvolverão após a pandemia serão os de alimentos e bebidas, com a busca das pessoas pela gastronomia da cidade, e, posteriormente, o setor de entretenimento, com a reabertura de museus, cinemas, parques e diversos espaços de lazer”, afirmou Júlia.

Outra estratégia que já está sendo adotada pela Secretaria de Turismo de São Paulo para alavancar a retomada do turismo é promover o destino para moradores de cidades e estados vizinhos. “Minas Gerais criou um site com experiências de realidade virtual  pelas suas cidades turísticas, mostrando seus principais atrativos turísticos, e assim fomentando o turista a considerá-las como o destino de sua próxima viagem. A estratégia mais vantajosa para São Paulo, portanto, seria realizar campanhas para que moradores do Estado que não conhecem a capital venham a conhecer”, explicou a estudante.

Com alguns planos já em prática, o governo de São Paulo anunciou neste mês uma parceria coma plataforma Airbnb, empresa que oferece arranjos para hospedagem em lares e experiências em viagens, para estimular a volta do turismo pós-pandemia e promover destinos do estado através do alcance que a plataforma tem nos meios digitais.
 

Aplicativo Airbnb
Aplicativo Airbnb

Segundo Júlia Goldman, a parceria também torna-se extremamente benéfica a partir do momento em que a hospedagem em uma moradia ofertada pelo aplicativo garante um contato com um menor número de pessoas, diferente do hotel. Além disso, o aplicativo, assim como demais empresas e corporações do setor de turismo, está revendo suas políticas e elaborando uma nova política de higiene para a segurança do turista. “Após a pandemia, o que se observará será uma mudança nos hábitos de higiene das pessoas. Acredita-se que a higiene passará a ser uma das principais preocupações das pessoas [na hora de]  viajar, podendo, inclusive, ser um fator eliminatório de certos destinos”, ressaltou.

Outra preocupação predominante do setor de turismo é a retomada do turismo de negócios. A capital paulista é o principal destino de viagens a trabalho do país e é palco de cerca de 42% das feiras de negócios, segundo relatório da SPTuris, agência municipal de turismo. Com o aumento de empresas que adotaram o home office, o turismo de negócios poderá ser impactado fortemente, sendo o de mais difícil recuperação. “As iniciativas que podem contornar essa crise seriam os destinos ofertarem-se como destinos seguros e que superaram a crise para a realização de congressos e conferências, reforçando o turismo a ser realizado na localidade, além do tempo destinado ao evento”, explicou Júlia.

Apesar das dificuldades a serem enfrentadas, a estudante disse que as autoridades consideram o turismo nacional como uma grande aposta para o segundo semestre deste ano, e afirmou: “Vê-se um esforço dos estados em promover suas localidades como possíveis destinos turísticos. Entretanto, mesmo sendo o caminho, digamos assim, mais rápido, será um caminho demorado, pois muitas pessoas ainda  sentirão insegurança em viajar”.

Segundo agência reguladora, após as hidrelétricas, energia eólica e biomassas seguem como referências na distribuição de energia
por
Artur Ferreira
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02/07/2020 - 12h

A pandemia atingiu de forma inesperada diversos segmentos da sociedade. Entre eles, a área energética. Combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás tiveram queda tanto na demanda quanto no preço.

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a demanda global por energia, nos primeiros meses de 2020, sofreu um declínio sete vezes maior do que o ocorrido após a crise financeira de 2008. Neste cenário, os investimentos em energias renováveis, antes vistos como pouco lucrativos, aparecem agora como um  caminho para tirar o setor da crise.

Para compreender a situação do Brasil, é necessário analisar sua matriz elétrica. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 59,6% da energia elétrica distribuída pelo país é gerada por hidrelétricas.

E, mesmo que seja um processo menos poluente, a geração hidrelétrica causa graves consequências ambientais, como inundações, desvios de rios e emissão de dióxido de carbono.

Outras fontes que se destacam na matriz elétrica brasileira são a eólica (9,3%), biomassas (8,6%), gás natural (8,6%), petróleo (5,2%) e a solar/fotovoltaica (1,7%), entre outras que também fazem parte do mercado nacional.

De acordo com Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), o setor da energia eólica pouco sentiu a crise causada pelo coronavírus.

Segundo a executiva, o mercado eólico é bastante guiado por leilões e licitações para construção de aerogeradores [equipamentos que convertem energia eólica em energia elétrica]. Sendo assim, as construções realizadas neste ano e em 2019 já haviam sido negociadas três ou quatro anos antes.

“A energia eólica também gera os efeitos multiplicadores nas regiões em que os aerogeradores são instalados”, explica Gannoum. Os efeitos multiplicadores são os investimentos e o aquecimento das economias locais de pequenas fazendas e comunidades, estimulados pela energia renovável.

“Principalmente no semiárido do Nordeste, e no Sul do país”, diz a presidente, acrescentando que, ao todo, 12 estados têm aerogeradores instalados. Gannoum explica que, mesmo com todos benefícios, a geração eólica não poderia ocorrer em todo o Brasil, devido à necessidade de fortes ventos, que em alguns biomas não existem.

Dependendo de onde mora um cidadão e seu poder aquisitivo, é mais vantajoso “que ele invista em painéis fotovoltaicos”, considera Gannoum. Segundo ela, o investimento em aerogeradores faz mais sentido para grandes consumidores, como empresas e o poder público, do que para uma única família. A executiva cita como exemplo estruturas que demandam muita energia, como fábricas e shopping centers.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o crescimento previsto para a área de energia solar era de 260% em 2020, em um cenário sem a pandemia global. A associação também estimava a geração de mais de 120 mil empregos neste ano.

Porém, o setor  foi afetado por questões de importação e distribuição. Foi o que registrou a We Brazil Energy, empresa especializada em energia solar, que atesta que o mercado de energia fotovoltaica é totalmente dependente de países como a China.

De acordo o CEO da rede, Alex Magno, a expectativa era que “este poderia ser o melhor momento para aproveitar a curva de crescimento exponencial”. Os números demonstraram altas taxas de crescimento no ramo de 2017 a 2019.

Porém, o custo para se produzir equipamentos fotovoltaicos nas indústrias nacionais é 25% maior do que o produto importado. E, com a instauração da quarentena, a velocidade nas importações está bem abaixo do habitual.

Entre os principais consumidores dos painéis fotovoltaicos estão estabelecimentos comerciais, residências e, após esses dois, a indústria seguida pelo setor rural.

Tanto Magno quanto Gannoum deixam claro que possuir uma casa com equipamentos como esses é um custo ainda considerável, para a maior parte da população. O valor médio de um sistema para duas pessoas é de R$ 10.673, e para uma família de quatro a cinco pessoas o preço pode chegar a mais de R$ 20 mil.

Mas não é só no consumo doméstico que um cidadão pode investir em novas fontes de energia. As biomassas, como o etanol, são uma forma de motoristas utilizarem uma energia menos poluente em seus carros.

Segundo o professor Marcos Silveira Buckeridge, diretor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, a sociedade deveria buscar novas fontes de energia para todos os setores de uma cidade, e não só nas casas.

Buckeridge, que é coordenador do programa USP Cidades Globais, vinculado ao Instituto de Estudos Avançados (IEA), estuda, principalmente, o etanol. “Queremos revolucionar realmente essa questão da energia renovável.”

Buckeridge também desenvolve pesquisas sobre a qualidade de vida tanto humana quanto da natureza na cidade de São Paulo. Ele diz que cada vez mais o paulistano tem utilizado o etanol em vez da gasolina.

Mas lamenta: “Infelizmente não temos o etanol para caminhões, que seria o ideal, já que a poluição feita pelo diesel é muito grande”.

A produção do etanol pode ser feita através de diversas formas, como a cana-de-açúcar, milho, beterraba, mandioca, entre outras plantas. Buckeridge pondera que, mesmo com o avanço tecnológico que o etanol traz para o cotidiano de metrópoles como São Paulo, o combustível ainda é de difícil acesso no restante do Brasil.

“O etanol está sempre bem mais caro. São Paulo é o lugar em que você realmente encontra o etanol com um preço que você possa usar”, diz.

Agências de viagem do segmento, ainda em ascensão no Brasil, procuram saídas para amenizar danos causados pela crise econômica
por
João Guilherme de Lima
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01/07/2020 - 12h

Desde fevereiro deste ano, o Brasil já teve mais de 1 milhão de casos confirmados e cerca de 60 mil mortes causadas pela Covid-19. Esses números vêm afetando muito a área da saúde do país, que precisa lidar com leitos de hospitais lotados e a falta de produtos hospitalares como respiradores para atender os pacientes, por exemplo. Mas, além disso, a economia também vem sofrendo com esse período, e o setor do turismo é um dos que estão enfrentando problemas.

Com as pessoas circulando cada vez menos, viagens nacionais e internacionais sofreram uma queda acentuada. Tanto locais que têm a economia voltada quase que exclusivamente às atividades turísticas, quanto agências que fazem esse “meio de campo” entre os turistas e os destinos finais estão tendo que pensar em planos para que os prejuízos nesses meses sejam ao menos amenizados.

Prejuízos esses que já começam a ser calculados. De acordo com estimativas da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), no trimestre março/abril/maio o setor do turismo totalizou R$ 87,79 bilhões em perdas. Com base nesses dados, a entidade prevê a eliminação de 727,8 mil postos de trabalho no setor até o fim de junho.

E esse quadro fica ainda mais complicado se atentarmos às agências de afroturismo, que ainda buscam se firmar no cenário turístico brasileiro. Tendo como principal objetivo fazer com que pessoas negras tenham um contato cada vez mais profundo com locais onde a sua cultura se faz presente, esse ramo do turismo vem contando com cada vez mais empresas desde 2018, mas ainda está em processo de estruturação.

Uma dessas empresas é a Brafrika, que foi criada em dezembro de 2018 por Beatriz Souza. A agência organiza viagens para destinos nacionais, como o Quilombo dos Palmares (AL) e Ouro Preto (MG), e internacionais, como Johannesburg (África do Sul) e a “Paris Negra” , entre outros lugares.

Antes da pandemia, a agência havia realizado duas viagens em 2020, uma para Ouro Preto e outra para Salvador, mas pacotes que estavam sendo fechados para Portugal e França, por exemplo, tiveram de ser cancelados diante das dificuldades que começaram a aparecer. “Mesmo que o fechamento das viagens não tivesse muito grande, a procura pelos pacotes estava aumentando semana após semana. Estávamos em franca ascensão. Mas, por conta da pandemia, esses planos foram por água abaixo”, destaca a empresária Beatriz Souza.

Beatriz Souza em Ouro Preto/Arquivo pessoal
Beatriz Souza em Ouro Preto/Arquivo pessoal

Quando questionada sobre uma possível retomada das atividades rumo à “normalidade” ainda neste ano, a idealizadora da Brafrika não demonstra muita animação. “Olha, meu lado otimista quer dizer que sim, mas meu lado realista está dizendo que não. Estávamos na expectativa de retomar no último trimestre, mas como está tudo muito incerto, eu pessoalmente acho que não vai ser possível.”

Por conta dessa incerteza, a pesquisa “Impactos Econômicos da Covid-19 - Propostas para o Turismo”, realizada pela FGV Projetos, revelou que o PIB (Produto Interno Bruto) do turismo só tende a retornar ao patamar pré-pandemia em 2022. O estudo calcula que o PIB do setor será de R$ 143,8 bilhões em 2020, uma queda de 46,9% em relação a 2019. Em 2021, o PIB do turismo somará R$ 236,5 bilhões, ainda 12,6% inferior ao resultado de 2019.

Outra agência afrocentrada de viagens que está passando por um momento de incertezas econômicas é a Black Bird. Fundada pela relações públicas Luciana Paulino e pelo jornalista Guilherme Soares Dias em maio de 2018, a plataforma de turismo destaca-se por promover tours por bairros e cidades históricas brasileiras, como a “Caminhada São Paulo Negra” e a “Suburbana Tour” em Salvador.

Porém, com o aumento exponencial de casos e óbitos causados pela Covid-19, a empresa também teve de cancelar alguns eventos. “Antes da pandemia estávamos organizando uma experiência por mês, tanto em Salvador, quanto em São Paulo. Mas, infelizmente, nossos serviços tiveram de ser paralisados”, destaca Guilherme Soares.

Guilherme Soares - jornalisa e sócio da Black Bird/Arquivo pessoal
Guilherme Soares - jornalista e sócio da Black Bird/Arquivo pessoal

Com as dificuldades que a pandemia passou a oferecer a essas empresas que se encaixam na iniciativa do Black Money, onde o objetivo é fazer o dinheiro girar ao máximo entre empreendedoras e empreendedores negros, a Brafrika e a Black Bird começaram a achar algumas saídas para driblar a crise. No caso da empresa comandada por Beatriz Souza, a solução encontrada foi reviver a ideia de realizar testes de DNA em pessoas negras, ideia essa que estava guardada desde a fundação da agência.

Em parceria com a Genera e com a Myheritage, duas clínicas que disponibilizam testes de DNA, a Brafrika, desde maio, está vendendo um pacote que conta, além dos testes, com um jantar, uma consultoria de estética e um álbum de fotos, tudo isso relacionado com o país predominante no DNA do cliente. “Quando aparece a pandemia, a ideia de fazer o teste de DNA volta. Mas, mais do que o teste, senti que precisaríamos de mais alguma coisa que gerasse essa conexão com o local de que descendemos. Senti a necessidade de celebrar esse resultado”, revela Beatriz.

Segundo a empresária, uma semana após o lançamento do produto, mais de 300 pessoas já tinham procurado a empresa para saber um pouco mais sobre ele. O pacote custa entre R$ 200 e R$ 300, valor que varia de acordo com o clínica escolhida para realizar o teste, e com o número de pessoas que serão servidas pelo jantar entregue na casa do cliente.

Já a Black Bird optou por seguir um caminho diferente. A estratégia usada pela agência foi, além de investir bastante nas redes sociais e blogs para manter os clientes ativos, vender antecipadamente reservas de alguns tours. Para a Caminhada São Paulo Negra, por exemplo, há a opção de compra de dois ingressos por R$ 120 (o preço normal de cada um é de R$ 70), para que as pessoas possam realizar os tours em duas datas diferentes após a pandemia.

Guilherme Soares ressalta ainda que o afroturismo nacional pode tirar algumas  vantagens do período pós-quarentena. “Um ponto relacionado ao contexto pós-pandemia que pode nos auxiliar é que, depois de todo esse período, muitas pessoas estarão com receio de viajar para fora. Assim, mantendo todas as normas de segurança e higiene, é uma boa possibilidade para organizar passeios dentro do Brasil.”