A população mundial tende a aumentar nos próximos anos a níveis alarmantes, de acordo com pesquisa da da ONU. Embora positivo para a economia, esse crescimento preocupa muito ambientalmente. O nível de desmatamento, queima de combustíveis e emissão de gás carbônico na Terra vem aumentando cada vez mais e muitos estudos já indicam que os danos ao meio ambiente caminham a passos largos para serem insustentáveis. Sendo assim, diversas medidas já vêm sendo discutidas em prol de um desenvolvimento sustentável, gerando pautas como o Acordo de Paris e a Agenda da ONU. Essas ações, entretanto, podem não chegar a tempo. Uma outra alternativa muito discutida entre analistas é o decrescimento econômico, que consiste na diminuição da população e da economia.
A pesquisa da Organização das Nações Unidas, de 2019, previa que a população mundial alcançaria 10,9 bilhões de pessoas até 2100. Um outro estudo, do Instituto de Medição e Avaliação de Saúde (IHME), da Universidade de Washington, indica dados mais otimistas, com a população crescendo para 9,7 bilhões até 2064 e depois caindo para 8,8 bilhões até 2100. Ainda assim, as duas pesquisas mostram um aumento populacional em comparação aos atuais 7,6 bilhões. Uma população mundial maior representa mais emissões de carbono e maior pressão na produção de alimentos, ambos sendo extremamente prejudiciais ao planeta e intensificando o Efeito Estufa. Além disso, o avanço tecnológico, traduzido por exemplo na produção de carros e aparelhos eletrônicos, também demanda muito desmatamento, com diversas árvores sendo derrubadas, extração de minerais que exigem quantidades absurdas de água etc.
Com a urgência de renovar os recursos naturais antes de os danos se tornarem irreversíveis, diversas medidas já foram discutidas e tomadas a fim de iniciar um desenvolvimento sustentável. Em 2015, 195 países assinaram o Acordo de Paris, que visa reduzir a emissão de gases de efeito estufa. O Brasil ratificou sua entrada em setembro de 2016, com suas principais metas sendo diminuir até 2025 os níveis de emissão de gases de efeito estufa em 37% comparado aos níveis de 2005 e em 43% até 2030. Em junho de 2017, porém, os Estados Unidos, um dos maiores poluidores do planeta, saíram do acordo, gerando grande preocupação mundial. Também em 2015, 193 nações assinaram a Agenda 2030, pela ONU, com objetivos mais amplos, como erradicar a pobreza, alcançar a paz mundial, mas também com o tópico de desenvolvimento sustentável: “Proteger o planeta da degradação, sobretudo por meio do consumo e da produção sustentáveis, da gestão sustentável dos seus recursos naturais e tomando medidas urgentes sobre a mudança climática, para que ele possa suportar as necessidades das gerações presentes e futuras”.
O cumprimento desses acordos, no entanto, vai na contramão do processo de crescimento econômico mundial, que depende da extração exagerada de recursos naturais e não está pronto para uma transição em prol de um desenvolvimento sustentável antes dos danos ao meio ambiente se tornarem irreversíveis,
“São iniciativas muito bonitinhas, muito bem intencionadas, só que não têm funcionado. O que a gente fala é que esse desenvolvimento sustentável é um oximoro, porque, se tem desenvolvimento, não é sustentável, não existe nenhum exemplo no mundo de desenvolvimento econômico que seja sustentável. Todo desenvolvimento é degradador do meio ambiente. Se a economia continuar crescendo e a população continuar crescendo, o meio ambiente vai ser destruído. Por isso digo uma frase: o enriquecimento do ser humano se dá às custas do empobrecimento do meio ambiente, e essa equação tem que ser mudada”.
Alguns analistas indicam que a economia já atingiu seu ápice e não há espaço para crescimento sem a degradação da natureza, e propõem um novo modelo de economia, o decrescimento demo-econômico.
Em artigo para o site Ecodebate, José Eustáquio explica que esse decrescimento significa pensar na diminuição da população mundial e da economia:
“Numa situação hipotética, vamos imaginar que haja uma redução da população de 0,3% ao ano e uma redução de 0,1% ao ano do PIB entre 2024 e 2100. Haveria um aumento da renda per capita de US$ 18,4 mil para US$ 21,5 mil, em 76 anos, um aumento de 17%. No mesmo período a população mundial cairia de 8 bilhões para 6,4 bilhões de habitantes (uma queda de 20% em 76 anos) e o PIB teria uma queda de US$ 147,3 trilhões para US$ 136,4 trilhões (uma redução de 7,4% em 76 anos). Ou seja, se a redução da população acontecer em ritmo mais rápido do que a queda do montante de bens e serviços produzidos anualmente, então o decrescimento demo-econômico poderia acontecer com prosperidade e aumento da renda per capita e aumento do bem-estar social e ambiental”.

Aliado a uma distribuição de renda adequada e a medidas sustentáveis, o decrescimento econômico poderia fazer com que o planeta avançasse social e ecologicamente. Além da óbvia diminuição de poluição gerada pelo ser humano individualmente, medidas como reflorestamento, mudança da dieta alimentar para o veganismo e a eliminação de agrotóxicos e fertilizantes na agricultura também devem estar em pauta.

Com a recente participação de Camilla de Lucas na última edição do Big Brother Brasil e com as aparições da cantora Ludmilla em seus shows, é possível perceber uma mudança constante: seus cabelos estão sempre diferentes. Ruivas, loiras, morenas, lisas, onduladas, crespas e com comprimentos curtos e longos, as mulheres vêm encontrando em acessórios como as laces a versatilidade de ser quem quiserem a qualquer momento.
A diferença, que muitos não conhecem, entre uma lace e uma peruca está essencialmente em sua touca, a parte que imita o couro cabeludo. A touca da lace consiste em uma tela fina sobre a qual são costurados os fios de cabelo com uma pinça específica. A variedade no mundo desse acessório é de impressionar. Entre Front Lace, Full Lace, laces de cabelo humano, artificial ou orgânico e laces específicas para exercícios físicos e festas, há um ponto em comum: o resultado de sua aplicação é muito natural. Elas são produzidas de forma a permitir à pessoa que está utilizando o acessório a realização de qualquer tipo de penteado e a repartição do cabelo da maneira que achar melhor. A supervisora técnica da Salon Line, Shirlei Oliveira, em entrevista para o Correio Braziliense, disse: “Elas são fáceis de usar, podendo ser colocadas ou removidas em qualquer lugar, sem o auxílio de um profissional”.
Assim como há uma variedade de tipos de lace, também existe uma variação no preço das peças. De acordo com entrevista à Forbes da fundadora da loja Lady Laces, Lady Valiante, os acessórios, que são parecidos com as perucas, podem custar de R$ 150 a R$ 4 mil. Essa diferença no preço é reflexo do material usado para a confecção da lace e a sua finalidade. As laces de cabelo natural custam a partir de R$ 700 e podem chegar a R$ 8 mil, tendo como média de preço R$ 2 mil, enquanto as de cabelo orgânico são vendidas no máximo por R$ 800.
Mudanças culturais
Mais do que a praticidade do acessório, as recentes mudanças em como se consome no Brasil e no mundo acarretam o sucesso de certos produtos. A sustentabilidade e o consumo consciente estão cada vez mais presentes na mente do consumidor. Na moda, por exemplo, movimentos como o slow fashion e o consumo nos brechós têm ocupado espaço e chamado atenção do público. No mundo dos cabelos, movimentos de aceitação e de autodescobrimento estão abrindo caminho no mercado. Atualmente, é fácil encontrar produtos diferenciados e produzidos de forma mais independente e sustentável, dependendo do nicho no qual se está inserido. O produto final que está sendo adquirido não é mais o único filtro utilizado para a sua aquisição.
Ao começar a assumir responsabilidade pelos impactos que suas compras têm no meio ambiente, uma parcela dos consumidores começou a procurar entender toda a produção por trás daquela mercadoria. Quem está produzindo, onde comprar, como foi confeccionada e o quão danoso é o seu descarte para o planeta são questões que estão permeando o interesse do público. Preocupações desse tipo estimulam a procura de empreendedores autônomos e sustentáveis ao invés de grandes conglomerados.
Além das questões moral e sustentável, o significado do produto adquirido passou a ocupar espaço no mundo dos negócios. O empoderamento da mulher, por exemplo, vende e muito. No entanto, há uma diferença entre comprar uma camiseta bordada com jargões feministas em inglês, que provavelmente passará despercebida, e comprar um produto que auxilia, de fato, a mulher preta a existir em qualquer espaço que ela queira da forma que ela achar melhor.
As laces ajudam as mulheres a se enxergarem de formas distintas abrindo as portas para que se vejam em diferentes nichos e cargos nos quais normalmente não se veem representadas. Elas assumem suas identidades sem diminuir a sua autoestima no meio-tempo, vão se conhecendo e experimentando diferentes opções e versões de si mesmas. Afinal, a mudança tem um ar de libertação e as mulheres, ao se apropriarem da sua liberdade, pretendem explorá-la a fundo após tantos anos sendo empurradas e submetidas a alisamentos e procedimentos extremamente danosos aos fios.
No entanto, ao mesmo tempo que o movimento da aceitação ajuda a aumentar as vendas, ele é um processo individual e, em alguns casos, primeiro uma mulher precisa se ver e se sentir segura em um lugar de cabelo liso, para que, então, ela perceba que pode ocupar esse mesmo lugar com seu cabelo natural, seja ele qual for.
As laces permitem que esse processo aconteça sem mudanças drásticas e permanentes. A trancista Esther Gomes, em entrevista à Universa, explica que as laces, assim como as tranças, são uma maneira mais segura de uma mulher passar pela transição capilar e que é uma escolha pessoal utilizar essas estratégias para lidar com o processo. "Isso não anula amarmos nosso cabelo crespo”, diz a trancista.
Foto da capa: Adrian Fernández
Investir não é um privilégio de quem tem muito dinheiro (apesar de ter sido por muito tempo). Hoje, muitos brasileiros e brasileiras podem alocar parte do seu suado salário em produtos outrora vistos como inatingíveis, como é o caso de ações.
De uns tempos para cá, em especial nos últimos dois anos, a Bolsa de Valores Brasileira – a B3 – percebeu um aumento significativo de investidores pessoa física. No ano passado, foram registrados 3 milhões de novos CPFs operando no Ibovespa – uma verdadeira explosão de investidores já que, três anos antes, em 2017, esse número era de apenas 600 mil.
Um dos principais motivadores desse movimento foi a queda vertiginosa da taxa básica de juros, a Selic, ao longo dos últimos anos, chegando a 2% em 2020, e, hoje, a 3,50%. Para um país que viu seus juros baterem a casa dos dois dígitos, esse cenário não é nada mau.
A migração quase que forçada de produtos de renda fixa – que não apresentam, como já apresentaram, taxas de retorno tão altas – para a renda variável veio acompanhada de uma nova tendência: a prática do day trade.
Mas vamos ao básico: o que é day trade?

Trata-se da compra e venda (ou vice-versa) de ativos que começam e terminam no mesmo pregão. O lucro dessas operações se dá quando o preço médio da venda é maior que o da compra, depois de descontados todos os custos.
Basicamente, são operações de curto prazo, isto é, os day traders precisam acertar, em frações de segundos, minutos ou horas, a direção do mercado e de algumas ações. Nesse caso, são ignorados os fundamentos das empresas, já que uma oscilação diária do preço de uma ação nada tem a ver com a boa (ou má) gestão de uma empresa, ou com o seu plano de negócio.
A analista Aline Tavares, da casa de análise de investimentos Spiti, explica que a prática do day trade acontece há tempos na Bolsa – desde a época do pregão viva- voz, em que operadores, confinados em um salão lotado, compravam e vendiam no grito e fazendo gestos com as mãos.
Com o fim do pregão viva-voz, atrelado à popularização das plataformas digitais de negociação, e o aumento do número de investidores pessoa física na Bolsa, o day trade começou a se popularizar e se tornar acessível.
Dados da própria B3 indicam um aumento impressionante de operações day trade no país, principalmente em 2020, o ano da pandemia. Em 2017, foram contabilizadas 143 mil operações desse tipo. Em 2018, elas subiram para 236 mil. Em 2019, 482 mil. De repente, no ano passado, ocorreu um salto surpreendente para 1,140 milhão de operações day trade.
É claro que esse movimento não surgiu do nada.
Tavares explica que a pandemia foi um fator determinante, já que grande parte da população brasileira sofreu uma brusca redução de sua renda. Além disso, o isolamento social contribuiu para que navegássemos ainda mais nas redes sociais – a morada dos day trades amadores, que oferecem soluções mágicas e mirabolantes para ganhar dinheiro.
Segundo o LinkedIn, a maior rede social profissional do mundo, “investidor day trader” tornou-se a nona profissão emergente no Brasil em 2020.
Não à toa – há um sem-número de histórias de pessoas que investiram boa parte de sua renda (se não toda) para investir em cursos online de day trade e, claro, para operar na Bolsa.
O problema é que esse tipo de operação – complexa e de alto risco – “virou moda” e passou a ser vista como uma máquina instantânea de fazer dinheiro. O day trade passou a ser utilizado de forma indiscriminada como promessa de lucro rápido – um verdadeiro cassino com acesso liberado.
Porém, um estudo conduzido em 2019 pelos pesquisadores e economistas da Fundação Getúlio Vargas Bruno Giovannetti e Fernando Chague mostra que 97% das pessoas que investem na Bolsa perdem dinheiro, e, quem ganha, leva menos de R$ 300 por dia.
Os economistas atestaram que, dos 20 mil investidores monitorados num período de cinco anos, 92,1% desistiram da prática, e das 1.558 pessoas que persistiram em fazer as operações day trade por mais de 300 pregões, 91% ficaram no prejuízo. Juntas, elas perderam um total de R$ 68,4 milhões – uma média de R$ 35,90 por dia (sem contar as taxas cobradas pelas corretoras).
“As pessoas que fazem day trade não melhoram com o tempo. Em qualquer atividade normal, o profissional vai melhorando com a experiência. No day trade não, e isso aparece de maneira muito clara nos dados. A chance de ganhar cai com o tempo. Nenhuma outra atividade é assim, você faz, faz, faz e não melhora. Só cassino, que é pura sorte. Day trade é igual, pura sorte. Se fosse algo que dependesse de habilidade, o certo seria que, à medida que vai treinando, a pessoa fosse melhorando, mas não é o que acontece”, alerta Giovannetti.
Investir é uma prática que demanda tempo (e muita paciência). O day trade, ao contrário do que se acredita ainda, é uma operação nociva para aqueles e aquelas que querem construir o seu patrimônio com segurança.

A pandemia serviu de catalisador para diversas tendências que já vinham crescendo nos últimos anos, e a procura por produtos ecológicos, manufaturados a partir de matéria-prima natural, muitas vezes orgânica e vegana, é uma delas. Uma pesquisa realizada pelo Boston Consulting Group no final de 2020, com mais de 3 mil pessoas em oito países diferentes, mostrou que 70% dos participantes estão mais conscientes de que a atividade humana ameaça o meio ambiente do que antes da pandemia da Covid 19, e que 75% dos entrevistados consideram as questões ambientais tão preocupantes quanto as questões de saúde.
Esse padrão de comportamento afeta diretamente as escolhas de consumo em geral, e também está presente no mercado da beleza, o que estimula o segmento de cosméticos naturais. Marcas artesanais, com produtos de composição natural e acondicionados em embalagens simples e sustentáveis, estão em voga, contrapondo-se à gigantesca indústria da beleza tradicional.
O mercado de cosméticos tradicional mundial movimenta R$ 10,9 bilhões por ano e coloca o Brasil na quarta posição entre os países que mais consomem produtos de beleza (atrás de Estados Unidos, China e Japão). Da mesma forma, o país também é o quarto que mais produz lixo plástico, de acordo com levantamento do WWF (Fundo Mundial para a Natureza), feito em março de 2019. A preocupação com a composição dos produtos, mas também com a composição das embalagens, é o motivo pelo qual muitos consumidores procuram alternativas mais amigáveis tanto para o meio ambiente e como para a própria saúde.
“A sustentabilidade é um caminho sem volta. A indústria de cosméticos tradicional está defasada e ultrapassada, porque as pessoas estão cada vez mais antenadas e preocupadas com assuntos que há 15, 20 anos não eram debatidos. As empresas atendem à demanda dos consumidores, então cabe a eles exigir empresas mais responsáveis e sustentáveis”, afirma Stephanie Racy, criadora da AmoKarité, marca de maquiagens feitas à mão, com produtos 100% naturais e veganos.
Racy criou a marca em 2020, e no primeiro ano de funcionamento, que se deu integralmente na pandemia, teve um faturamento de R$ 400 mil. A aposta em vendas online, a forte presença nas redes sociais, as maquiagens multifuncionais e sustentáveis e, finalmente, as embalagens com materiais alternativos ao plástico são os fatores que contribuíram para o sucesso da marca. Hoje, o empreendimento já conta com uma fábrica, localizada em Gonçalves, no sul de Minas.
De acordo com uma pesquisa de 2019 da Nielsen Brasil, a partir do monitoramento de compras de 8.300 lares brasileiros, o segmento "verde" concentra 18,2% do faturamento total do mercado de higiene e beleza. Apesar de ainda baixa, a tendência é de alta ao longo dos anos, principalmente em um país com tanta biodiversidade quanto o Brasil.
Segundo Eduardo Pagani, gerente de desenvolvimento do LNBio(Laboratório Nacional de Biociência), atualmente há 600 plantas catalogadas que são usadas pela indústria de cosméticos, mas ainda estão sendo desenvolvidas pesquisas com mais de mil outras plantas. “Temos um mercado para produtos naturais com grandes oportunidades de desenvolvimento, inovação e geração de negócios”, afirma o gerente.
Foi pensando nisso que a cosmetologista Julia Tartari criou a Mona Loja em 2018. A curiosidade sobre pigmentos, texturas e cuidados com a pele a fez criar seu próprio material de trabalho a partir de substâncias naturais como manteigas, óleos, ceras e ativos vegetais. Alguns dos produtos, por exemplo, são à base de cera de abelha e de carnaúba, manteiga de cupuaçu e óleo de jojoba.
“Com a Mona quero desconstruir a funcionalidade da maquiagem como uma ferramenta de correção, de aperfeiçoamento e de uma beleza padrão. Por isso, minha pesquisa é voltada a desenvolver produtos que sejam coloridos, acessíveis, sustentáveis e plurais para que sejam constantemente ressignificados pelas próprias clientes.” comenta Tartari.
Mesmo com o sucesso, a indústria de cosméticos naturais ainda atrai um nicho de consumidores bastante restrito. A questão do uso vai além da estética e popularidade da marca, pois envolve uma questão de educação socioambiental. Uma pesquisa realizada pelo Observatório Brasileiro de Economia e Mercados Agroecológicos e Orgânicos (Obema), com 305 consumidores de produtos naturais, catalogou os atributos considerados “mais importantes” e “menos importantes” entre os entrevistados. A valorização do produto dentro do grupo social a que pertence o consumidor e os selos de certificações na embalagem são os fatores de menor interesse no nicho. Enquanto isso, a eficiência do produto e os ingredientes que não impactam negativamente a saúde do indivíduo seguem como prioridade na hora do consumo.

“Comecei a utilizar produtos naturais aos 18 anos, a partir do momento em que comecei a estudar seus benefícios, sem agredir minha saúde. Acredito que a divulgação desses produtos ainda é baixa. É importante que as pessoas discutam o tema e incentivem cada vez mais o uso desses produtos, para que de fato haja repercussão nos nossos grupos sociais'', comenta Bianca Lopresti, atriz e consumidora de produtos orgânicos.

A taxa de desemprego no Brasil, para o 1º trimestre de 2021, de janeiro a março, cresceu para 14,7%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados pelo IBGE no dia 27 de maio. Isso significa que 14,8 milhões de brasileiros estão à procura por trabalho no país, e esse é o maior número de toda série histórica desde o início da contagem, em 2012.
No levantamento anterior, referente ao trimestre anterior (outubro a dezembro de 2020), o resultado representa um aumento de 6,3%. Isto é, indica que, neste momento, cerca de 880 mil desocupados passaram a procurar emprego. Em relação ao ano passado, o número aumentou 15,2%, frente ao mesmo trimestre, que fechou com 12,8 milhões de pessoas, significando 1,956 milhão de pessoas a mais procurando trabalho.
Clemente Ganz Lúcio, sociólogo e ex-diretor técnico do Dieese, afirma que a taxa de desemprego já vinha bastante elevada antes da pandemia. Ele aponta também para o aumento dos chamados desalentados, categoria que abrange as pessoas que, embora sem um trabalho, não são computadas como desempregadas, porque não estavam procurando quando foram contatadas pelo IBGE.
No contingente de pessoas desalentadas - grupo de pessoas que não buscam trabalho, mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar -, somou 6 milhões neste 1º trimestre de 2021, o maior número desde o início da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012, quando os desalentados somavam 1,9 milhão.
Isto significa uma estabilidade em relação ao trimestre de outubro e dezembro de 2020. Em um ano (janeiro a março de 2020), quando a taxa foi estimada em 4,3%, o resultado, por outro lado, foi de elevação.
"O fato da economia não gerar postos de trabalho coloca as pessoas na condição de desistir de procurar, apesar de precisar de um posto de trabalho. Então, o desalento e o desemprego crescem com a pandemia", diz Ganz Lúcio.
O sociólogo acrescenta que, sempre que os desalentados saírem da sua situação e passarem a ter uma postura ativa de procura de emprego, a tendência é que aumente a pressão sobre a taxa de desemprego.
"Um outro cenário: a taxa de desemprego permanece elevada sem necessariamente crescer, mas também permanece muito elevado o contingente de pessoas desalentadas que não vão procurar emprego, e também que continuaram sem procurar trabalho, o que poderá ter como consequência o aumento da pobreza, da miséria e da fome no país", reflete.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a população ocupada (trabalhando) no país chegou a 85,7 milhões no trimestre de janeiro a março de 2021, e, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (janeiro a março de 2020), este indicador apresentou queda, com redução de 6,573 mil pessoas.
Trabalho informal x trabalho formal
Existem diversas formas de um trabalho ser considerado informal. O que vai determinar isso é a não assinatura na carteira, ou seja, não ter vínculo empregatício e benefícios trabalhistas como férias, licença-maternidade, aposentadoria, seguro- desemprego, entre outros. Porém, vale destacar que quem se dedica ao trabalho informal, pode sofrer certa instabilidade financeira.
Por outro lado, o trabalho considerado formal é aquele que é registrado dentro da CLT, no qual o funcionário pode contar com proteção e amparo das leis trabalhistas. Neste, há uma maior estabilidade financeira, garantida por um salário pago mensalmente, além de benefícios como auxílio-alimentação e transporte, plano de saúde etc.
No Brasil, porém, nem sempre há uma escolha em relação ao trabalho informal. Por muitas vezes, os profissionais acabam não tendo alternativa, e, em meio a vagas cada vez mais concorridas e que exigem um alto nível de qualificação, a solução é recorrer à informalidade, não amparada pela CLT.
Uberização do trabalho
Atualmente, o trabalho informal nem sempre é uma opção. O fenômeno de “uberização” das relações de trabalho se dá através de uma exploração de mão de obra por poucas e grandes empresas de aplicativos e plataformas digitais. Elas têm como principal característica a ausência de vínculos empregatícios com os trabalhadores.
Esses são os chamados trabalhadores por conta própria, e, na categoria, estão 23,8 milhões de brasileiros, apresentando um crescimento de 2,4% na comparação com o trimestre anterior, significando a adição de 565 mil pessoas neste contingente. Em relação ao mesmo período do ano passado, o indicador, neste trimestre, apresentou estabilidade.
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Valdecir Galor/SMCS/Divulgação