Diretor de política monetária discute estratégias econômicas adotadas pela autarquia durante live
por
Camila Aroulho Bucoff
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07/04/2025 - 12h

O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Nilton David, participou, na segunda (31), de uma live sobre “Conjuntura e Política Monetária” promovida pelo Itaú BBA. O evento foi moderado por Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú. 

Na transmissão, David indicou que o principal objetivo da autoridade monetária é alcançar a meta de inflação de 3%. Também lembrou que o BC procura suavizar a oscilação de ciclos econômicos e a instabilidade econômica, sem prejudicar a meta. "O Banco Central vai buscar o caminho que for mais razoável para se chegar a esses 3% primeiro, claro que em vista das consequências que tem para os dois lados", disse. 

  Nilton David, diretor de política monetária do BC. Foto: Reprodução/LinkedIn
Nilton David, diretor de política monetária do BC. Foto: Reprodução/LinkedIn

Ciclo de aperto não acabou

No mês de março, o BC implementou a terceira alta seguida nos juros básicos, chegando a 14,25% ao ano, e indicou para a próxima reunião de política monetária, uma elevação em menor magnitude.

A elevação da taxa objetiva controlar a inflação, visto que o crédito mais caro reduz o consumo e força uma diminuição nos preços. Mesmo assim, segundo o Ministério da Fazenda, a inflação deve terminar 2025 em 4,9%, acima do teto da meta (4,5%). 

Segundo o diretor,  na reunião de março, a autarquia estava convicta de que o ciclo de aperto monetário não havia encerrado e que os movimentos à frente seriam menores do que os aumentos realizados anteriormente. A sinalização dada foi mais interessante para se ter uma saída do “forward guidance” suavizada - política monetária que sinaliza a trajetória dos juros futuros e outras medidas econômicas, minimizando volatilidades de interpretação.  Esse trabalho de minimização foi motivado pela inquietude do mercado em relação às três elevações consecutivas de 1 ponto percentual na Selic. 

Ele informou que o crédito incentivado existente no Brasil, uma linha de empréstimo que oferece condições mais favoráveis para estimular determinados setores da economia, faz com que a política monetária não tenha efeito equânime sobre todos os agentes. “O que acaba acontecendo é que o BC tem que colocar a taxa de juros um pouquinho acima para que todos estejam no nível restritivo”, disse David. 

O diretor também afirmou que as reservas internacionais brasileiras estão em níveis confortáveis e que não há razões para aumentá-las, dado que o BC apenas intervém no câmbio quando detecta alguma disfuncionalidade, seja no mercado à vista ou em derivativos.

Outro ponto comentado por David foi a elevação das expectativas de inflação acerca da valorização do câmbio, o que pode ser um indicador de que os agentes não perceberam que a alteração do patamar é permanente. Ele explica que as expectativas do mercado sobre a condução da política fiscal podem explicar o aumento da inflação. No entanto, a taxa de câmbio não possui relação mecânica com a política monetária. 


Impactos de guerra tarifária de Trump

David aponta que há mais incertezas do que definições sobre os impactos econômicos da guerra tarifária conduzida pelos Estados Unidos. Segundo ele, o aumento da hesitação tende a retrair investimentos, como mencionado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião de março.

“Você vai ter um choque de oferta nos Estados Unidos com uma queda de renda disponível, vamos dizer assim, provavelmente uma queda de produtividade, que traria juros neutros lá na frente menores pela queda da produtividade, e um dólar fraco", afirma.

O diretor indica que o impacto das tarifas na inflação norte-americana tende a ser temporário, como avalia o presidente do Federal Reserve, banco central estadunidense, Jerome Powell. 

De acordo com David, os efeitos das tarifas dos Estados Unidos sobre as cadeias produtivas não podem ser devidamente estimados, sem se saber até onde o presidente americano, Donald Trump, está disposto a avançar. No caso de um impacto mais duradouro, “o Brasil estará preparado para enfrentar um cenário pior”, disse ele. 

 

Programa consignado privado 

David aponta que o BC permanece estudando possíveis efeitos do novo programa de estímulo ao crédito consignado para trabalhadores privados, no qual as parcelas do empréstimo são descontadas diretamente da folha de pagamento do tomador. “Nos nossos estudos, a gente ainda não tem uma conclusão com toda a convicção”, disse ele. Essa avaliação envolve a demanda pelos tomadores de empréstimos e o comportamento dos bancos. 

Segundo o diretor, “O RPM (Relatório de Política Monetária) que a gente publicou não tem nenhum impacto do consignado ainda, mesmo porque a gente ainda está tentando entender, e aqui não é simplesmente o comportamento do tomador, também deveria levar em consideração do doador do crédito, se ele está mais interessado em trocar ou em incrementar." 

 

Declarações podem ser entregues por programa disponível no site da Receita Federal ou de forma online pelo e-CAC;
por
Marcelo Barbosa Prado Filho
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26/03/2025 - 12h

 

A Receita Federal liberou acesso à Declaração Anual do Imposto de Renda na segunda (17). Será possível realizar a entrega até às 23:59 do dia 30 de maio. 

A Declaração desempenha um papel fundamental na captação de recursos para que o Governo tenha controle sobre a arrecadação de dinheiro que financia serviços públicos.

Dentre as principais mudanças neste ano estão: 

  • A ampliação de isenção para rendimentos tributáveis 

O valor de rendimentos tributáveis anuais que obrigam a entrega da declaração subiu de R$ 30.639,90 para R$ 33.888,00.
 

  • A declaração obrigatória para mais situações envolvendo bens e investimentos no exterior  

  • Trusts e contratos estrangeiros: Quem possuía trusts ou contratos similares no exterior em 31 de dezembro de 2024 agora precisa declarar;

  • Regime de Transparência Fiscal: Quem optou por declarar bens e rendimentos de entidades controladas no exterior como se fossem pessoais precisa informar na declaração;

  • Atualização de imóveis a valor de mercado: Quem optou por atualizar o valor dos imóveis no Brasil conforme a lei de bens e imóveis no exterior deve declarar essa escolha.

  • Declaração pré-preenchida mais completa

A Receita Federal ampliou o cruzamento de dados disponíveis na declaração pré-preenchida. Neste ano, informações sobre criptoativos e transações imobiliárias também estarão incluídas. 

  • Mudanças no pagamento e parcelamento 

O imposto pode ser parcelado em até 8 vezes, mas agora o débito automático só pode ser ativado até 9 de maio para a primeira parcela. Depois disso, só vale a partir da segunda parcela. Débitos abaixo de R$ 10,00 não precisam ser pagos imediatamente e podem ser acumulados para exercícios futuros.

  • Autorização para terceiros com novas regras

É possível, neste ano, autorizar apenas uma pessoa física para acessar e transmitir a declaração, com validade de até seis meses.

Quem deve declarar Imposto de Renda? 

 

  • É obrigatório a declaração das seguintes pessoas:

  • Quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 33.888,00 em 2024. O valor é um pouco maior do que o da declaração do IR do ano passado (R$ 30.639,90) por conta da ampliação da faixa de isenção;

  • Contribuintes que receberam rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma tenha sido superior a R$ 200 mil no ano passado;

  • Quem obteve, em qualquer mês de 2024, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas cuja soma foi superior a R$ 40 mil, ou com apuração de ganhos líquidos sujeitas à incidência do imposto;

  • Quem teve isenção de imposto sobre o ganho de capital na venda de imóveis residenciais, seguido de aquisição de outro imóvel residencial no prazo de 180 dias;

  • Quem teve, em 2024, receita bruta em valor superior a R$ 169.440,00 em atividade rural;

  • Quem tinha, até 31 de dezembro de 2024, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 800 mil;

  • Quem passou para a condição de residente no Brasil em qualquer mês e se encontrava nessa condição até 31 de dezembro de 2024;

  • Quem optou por declarar os bens, direitos e obrigações detidos por entidade controlada no exterior (ou seja, uma empresa ou organização no exterior que é controlada direta ou indiretamente por uma pessoa física ou jurídica residente no Brasil), como se fossem detidos diretamente pela pessoa física;

  • Quem possui a titularidade de trust e demais contratos regidos por lei estrangeira com características similares;

  • Quem atualizou bens imóveis pagando ganho de capital diferenciado (forma específica de tributação sobre o lucro obtido na venda de vens ou direitos) em dezembro/2024;

  • Quem auferiu rendimentos no exterior de aplicações financeiras e de lucros e dividendos;

  • Quem deseja atualizar bens no exterior.

 

Como calcular a parcela que deve ser declarada? 

 

Para fazer o cálculo é importante saber o que significam as seguintes informações: base de cálculo, alíquota e parcela a ser deduzida. Base de cálculo: São os rendimentos tributáveis do contribuinte. Isto é, são os valores recebidos como salários, aluguel, pensão, remuneração por trabalho, investimentos, bônus etc.

Alíquota: Trata-se da porcentagem cobrada em cima dos seus rendimentos. A alíquota do Imposto de Renda é progressiva: quanto mais você ganha, maior a alíquota. 

Parcela a deduzir: Valor subtraído de sua renda para o cálculo do imposto ser proporcional à sua faixa de ganho.

A Receita Federal fornece uma tabela progressiva com os valores mencionados. 

 

Fonte: Ministério da Fazenda 

 

Depois de somar todos os seus rendimentos tributáveis (salário, pensão, bônus) recebidos mensalmente, verifique em que faixa você se enquadra e faça o seguinte cálculo: Salário x Alíquota - Valor a deduzir do IR. 

Por exemplo: uma pessoa que recebe R $2.730,50, já descontado os valores do INSS, se enquadra na faixa de alíquota de 7,5% e deve pagar, anualmente, R $743,85 de imposto de renda. 

Cálculo: 2.730,50 x 7,5/100 - 142,80 = 61,9875 (esse é o valor mensal de imposto que deve ser pago, multiplique por 12 e você terá  R $743,85 que é o valor anual a ser pago). 

Se você é um profissional com registro em carteira, a empresa desconta o pagamento do IR mensalmente do seu salário, então caso o valor que você tenha em receita seja superior ao valor que deve ser pago, você será restituído, caso contrário, deve pagar a diferença.

 

Como declarar? 

 

O aplicativo “Meu Imposto de Renda” não está mais disponível para download em dispositivos móveis. Para quem deseja realizar a entrega dessa forma, é necessário baixar o aplicativo da Receita Federal. Pelo computador você pode realizar o download do programa de Declaração de Imposto de Renda no próprio site da Receita.  A entrega também pode ser feita de forma online pelo  serviço “Meu Imposto de Renda” no Centro Virtual de Atendimento da Receita (e-CAC). A declaração pré-preenchida estará disponível para os contribuintes a partir do dia 1º de abril. 

 

Quais são os documentos necessários?

 

Para declarar o Imposto de Renda corretamente, é essencial reunir documentos que comprovem rendimentos, bens, direitos, dívidas e pagamentos. Isso inclui informes financeiros, comprovantes de salários, pró-labore, lucros, aposentadorias, pensões, aluguéis, doações e heranças. Também são necessários o Livro Caixa, DARFs( Documento de Arrecadação de Receitas Federais) do Carnê-Leão e informes de programas fiscais como a Nota Fiscal Paulista. Para quem opera com renda variável, é indispensável o controle de compra e venda de ações, apuração mensal do imposto e DARFs correspondentes.  

No caso de bens e direitos, devem ser apresentados documentos de compra e venda de imóveis, matrícula, IPTU e comprovação de participação acionária. Informações sobre dívidas e ônus também precisam ser incluídas. Já os pagamentos e deduções devem ser comprovados por recibos de plano de saúde, despesas médicas e odontológicas, educação, previdência, doações e pagamentos a prestadores de serviços. Caso haja empregada doméstica registrada, é necessário o recibo com o número NIT, um código que permite que trabalhadores autônomos contribuam para o INSS.

Além disso, são exigidos dados pessoais e de dependentes, endereço atualizado, cópia da última declaração entregue, dados bancários e atividade profissional. Dependendo dos bens, podem ser solicitadas informações complementares, como inscrição municipal e registro em cartório para imóveis, Renavam(Registro Nacional de veículos automotores) para veículos e CNPJ da instituição financeira para contas e aplicações. Reunir tudo antecipadamente facilita a declaração e evita problemas com a Receita Federal.

                                                                   Prioridade na restituição 

O processo de restituição ocorre para que os colaboradores recebam valores pagos em excesso ao longo do ano para a Receita Federal. As prioridades no procedimento segue da seguinte forma: 

  • Idosos acima de 80 anos; 

  • Idosos entre 60 e 79 anos, deficicientes ou portadores de moléstia grave; 

  • Contribuintes que possuem como a maior fonte de renda o magistério;

  • Quem optou pela declaração pré-preenchida e/ou receber a restituição pelo pix.

  • Outros contribuintes

 

Dentro de cada grupo de prioridade, recebe primeiro quem entregar a declaração mais cedo. 

Calendário de restituição:

1° lote: 30 de maio

2° lote: 30 de junho

3° lote: 31 de julho

4° lote: 29 de agosto 

5° lote: 30 de setembro
 

Quem não declarar o imposto até o dia estabelecido, corre o risco de pagar multa que corresponde a 20% do imposto em pendência, tendo como valor mínimo de R$ 165,74.

O governo federal apresentou, na terça-feira (18), uma medida que determina a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil mensais. O texto ainda precisa passar por votação no Congresso Nacional e ainda propõe descontos para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil e taxação mínima para alta renda.  

As cobranças estão previstas para 2 de abril
por
Marcelo Barbosa Prado Filho
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10/03/2025 - 12h

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou mais uma vez. Nessa última quinta-feira (06), o  mandatário adiou, para 2 de abril, o tarifaço de 25% sobre importações do México e Canadá que entrou em vigor nesta mesma semana (04).

Segundo Trump, os importadores norte-americanos não precisarão pagar tarifas sobre nenhum produto que se enquadre no USMCA, um acordo de livre comércio entre EUA, México e Canadá negociado em seu primeiro mandato.

O tratado abrange uma gama extensa de produtos e serviços. Entre eles, produtos agrícolas, manufaturados e de tecnologia.

Na rede social Truth Social, Trump justificou a decisão afirmando que o México tem “trabalhado duro” para garantir a segurança na fronteira: "Nosso relacionamento tem sido muito bom e estamos trabalhando duro, juntos, na fronteira, tanto em termos de impedir que estrangeiros ilegais entrem nos EUA quanto, da mesma forma, impedir o fentanil".

O tarifaço aos países é uma retaliação de Trump que julga que ambos não fazem o suficiente para conter a entrada de  imigrantes e do fentanil - uma espécie de analgésico mais forte que morfina e heroína e que a dependência é um problema de saúde pública nos EUA.

Sobre o Canadá, Trump escreveu na noite de quarta-feira que conversou com o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, mas não está "convencido" de que o governo canadense atuou o suficiente para resolver os problemas de entrada de fentanil e de imigrantes ilegais nos EUA.

Trump confirmou em 10% a elevação na taxa de cobranças contra a China e elevou a alíquota total de taxas para produtos chineses a 20% neste mandato.


Na mira de Donald Trump:

Apesar de não ter sido taxado diretamente, o Brasil pode sofrer com a imposição geral  de 25% para importações de aço e alumínio, que deve entrar em vigor no dia 12 de março.

Segundo dados do Governo Federal, em 2023, os EUA compraram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro ou aço. Em 2024 o país foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, em volume, de acordo com dados do Departamento de Comércio americano, atrás apenas do Canadá.

Além da taxa geral para esses produtos, Donald Trump também prometeu uma taxa recíproca a países que cobram dos EUA, citando o Brasil: "Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto", disse Trump, em longo discurso no Congresso dos EUA, na terça-feira (4).”

Além de ferro e aço, o petróleo e o café são as principais exportações do Brasil para os estadunidenses.


Imagens: Agência Brasil

Medida irá impactar benefícios que excedem limite constitucional recebidos pelos “funcionários de elite
por
Marcelo Barbosa
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06/12/2024 - 12h

 

O Governo enviou na segunda-feira (02), ao Congresso Nacional, a PEC que detalha uma série de medidas para conter os gastos das contas públicas. O intuito é gerar uma economia de mais de 300 bilhões até 2030.

A proposta visa alterações essenciais para aumentar a arrecadação e manter os limites do Arcabouço Fiscal. Uma das mudanças apresentadas está na redução dos chamados “supersalários” de servidores públicos.
 

Salário e adicionais no serviço público: regras e limites na teoria

Os servidores públicos têm um teto salarial estabelecido em R$44.008,52 mensais, além dos benefícios e adicionais, desde que observadas as regras específicas de cada caso.

O auxílio-moradia, por exemplo, é restrito a situações em que não haja imóvel funcional (cedido pela União para o funcionário público) disponível na localidade; o agente não more com outra pessoa que já ocupe um imóvel funcional ou receba o benefício; ou quando o servidor não possua residência própria na região.

Já o adicional de férias não pode superar um terço da remuneração e deve ser limitado a períodos de até 30 dias por exercício. Da mesma forma, as férias não aproveitadas só podem ser pagas em casos de demissão, aposentadoria ou falecimento, respeitando o limite de 30 dias por exercício.

Entre os auxílios mais comuns no cotidiano do servidor, o auxílio-alimentação tem seu valor máximo fixado em até 3% do teto salarial, o mesmo limite aplicado ao auxílio-transporte. Para filhos ou dependentes de até cinco anos, o auxílio-creche também é regulamentado, com um valor que não deve exceder 3% do teto por dependente.

Além disso, benefícios como o 13º salário, adicional noturno, remuneração por serviços extraordinários e aviso prévio proporcional ao tempo de serviço estão garantidos. Em ambientes de trabalho insalubres, o adicional de insalubridade é assegurado. Ressarcimentos relacionados ao exercício da função, como indenizações pelo uso de veículo próprio em serviço, são limitados a 7% do teto. Também está previsto o reembolso de mensalidades de planos de saúde, que pode chegar a até 5% do teto.

O salário-mínimo do trabalhador médio está em R$1.412 e, com as projeções do PIB para 2025, a previsão é de que chegue em R$ 1.525,00.  Professores, por exemplo, têm, em média, um salário de RS 4.250,00 reais, constatou o Glassdoor, uma plataforma online sobre o mercado de trabalho.  

No entanto, apesar do teto estabelecido ser de R$ 44.008,52 mensais, há diversas exceções e valores extras aos chamados “funcionários de elite”,  responsáveis por atuar em áreas específicas do setor público, como segurança, diplomacia e finanças, e que causam um rombo de até 3,9 bilhões de reais aos cofres públicos, de acordo com um estudo do CLP (Centro de Liderança Pública). 

 

Equipe econômica do governo Lula.
Projeto que pretende acabar com supersalarios enfrenta resistência de militares. Foto: Agência Brasil

Segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU), os salários dos militares reformados custam 16 vezes mais aos cofres públicos do que os aposentados do INSS. O gasto por pessoa com os militares foi de R$ 158,8 mil, enquanto o dos servidores públicos foi de R$ 69 mil e o dos aposentados do INSS foi de R$ 9.400.

A respeito do corte nos supersalários, a economista Cristina Helena Pinto de Mello pontua sobre o forte apelo público da proposta “Quando a gente pega o gasto do Governo com salários de toda a administração pública, incluindo o legislativo e o judiciário, que estão dentro dessa folha de pagamento, essa é uma das maiores despesas”, comenta, mas ressalta que os gastos com juros ainda ultrapassa o valor gasto com supersalários. 

Na segunda-feira (02) o presidente Lula se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, outros três ministros do Palácio do Planalto e líderes do Congresso para discutir o tema. 

No caso da aposentadoria dos militares, a resistência das forças armadas fizeram com que o Ministério da Fazenda recuasse e retirasse, temporariamente, a regra da PEC. Entre os pontos do texto que seriam debatidos, estavam o fim da chamada "morte fictícia", que assegura pensão a militares expulsos ou excluídos das Forças Armadas e uma uma transição mais longa para a adoção da idade mínima de 55 anos para a aposentadoria dos militares (o projeto apresentado pela equipe econômica sugere ampliação de 50 para 55 anos). A ideia é implementar uma regra progressiva, permitindo que a exigência de 55 anos seja atingida apenas em 2030.

O Congresso tem apenas três semanas de atividades antes do recesso para apreciar essas medidas, além de outras propostas relevantes, como o projeto que finaliza a reforma tributária e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Entenda proposta de corte de gastos de R$ 70 bilhões anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad
por
Beatriz Alencar
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03/12/2024 - 12h

O texto do novo pacote de gastos e aumento da isenção do Imposto de Renda foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quinta-feira (28), e movimentou opiniões dentro do setor econômico e social, com dólar batendo o valor histórico de R$ 6,11.

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Ministro da Fazenda Fernando Haddad | Foto: Reprodução/Transmissão Ministério da Fazenda

Mas qual de fato é o objetivo desta pauta que demorou semanas para ser anunciada e o quê isso tem a ver com o salário mínimo e arcabouço fiscal?

Basicamente, a ideia de Haddad de fazer um pacote fiscal agora é tentar cortar R$ 70 bilhões para ajustar a explosão dos gastos públicos projetados para os próximos anos e garantir a sustentação do arcabouço fiscal, medida que tem como objetivo o equilíbrio entre arrecadação e despesas do governo, aprovada no ano passado. 

A primeira mudança citada pelo ministro para cumprir essas metas foi o reajuste no salário mínimo com a adequação aos limites do arcabouço fiscal e inflação, o que significa um ganho real entre 0,6% e 2,5%. Atualmente para o reajuste de salário, o Governo considera a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) do país . 

De acordo com o Economista e pesquisador Emerson Braz, o abono salarial e o teto do reajuste do salário-mínimo são medidas que representam direitos dos trabalhadores que hoje possuem menor representatividade no Congresso Nacional:“ [Isso] faz com que sejam medidas que não sofram ajustes significativos em seus textos na fase de aprovação”.

Braz acrescenta que esse reajuste pode ser uma perda de ganhos reais para os trabalhadores: “Imaginando um cenário em que o PIB possa estar estagnado e o arcabouço apertado, o salário-mínimo (SM) poderá não ter alterações e afetar a economia”, explica. O que pode gerar um problema considerável na desigualdade social ou na superação da pobreza. 

Com o novo pacote, o abono salarial, que é um benefício concedido uma vez por ano ao trabalhador que recebe até dois salários mínimos (R$2.824,00), seria limitado para quem recebe até R$2.640,00 e corrigido pelo INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor. A medida, ao longo dos anos, irá reduzir a parcela beneficiada, já que o salário cairá gradualmente para um salário mínimo e meio por mês. 

Outra mudança que causou grande movimentação de opiniões foi a medida sobre o Imposto de Renda. Hoje, aqueles que ganham até R$ 2259,20 por mês não pagam imposto. A nova proposta prevê que a isenção será estendida para quem ganha até R$ 5 mil. Só essa alteração deve gerar um impacto de R$ 35 bilhões por ano nas contas da União.

“Essa é uma medida muito interessante e necessária. Pessoas que ganham até R$ 5 mil consomem a maior parte da sua renda e, ao sofrerem menos tributação, terão como destinar maior parte para o consumo, mantendo a economia aquecida”, argumenta o economista.

Como uma forma de cobrir essa isenção, o governo pretende aumentar a tributação para os rendimentos acima de R$50 mil e R$ 1 milhão mensais, como a forma “mais justa” de compensar a queda de arrecadação com a nova faixa de isenção, de acordo com Haddad.

“A alteração na alíquota do IR não deve ser vista apenas com o objetivo de equidade de renda, mas como um instrumento de manter a demanda (de mercado) aquecida”, acrescenta Braz.

O pacote também prevê a reforma das emendas parlamentares, que limita o crescimento das emendas impositivas ao arcabouço fiscal, estabelecendo um teto para o aumento das despesas parlamentares. Além disso, 50% dos recursos das emendas de comissão deverão ser destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Equipe Econômica, pacote fiscal - Esther Dwek, Fernando Haddad, Simone Tebet, Rui Costa e Alexandre Padilha | Reprodução/Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Equipe Econômica, pacote fiscal - Esther Dwek, Fernando Haddad, Simone Tebet, Rui Costa e Alexandre Padilha | Reprodução/Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

O texto apresentado pela equipe econômica também propõe mudanças na aposentadoria de militares. A medida sugere uma padronização da contribuição dos militares ao Fundo de Saúde e o fim da chamada “morte fictícia”, que garante uma espécie de pensão vitalícia para a família de um militar que foi expulso das forças, na mesma condição de falecimento do servidor. 

Alterações nos benefícios sociais como o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), também foram citadas no texto. Agora, passarão a ter mais regulações, como comprovação por biometria do beneficiado.

“O fato é que a comunicação do Governo para anunciar medidas de austeridade e controle das contas públicas junto com a medida de isenção do IR tornou o cenário caótico”, comenta o economista.

Após um mês de reuniões e tratativas, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, explicou que o debate do pacote fiscal será prioridade nas próximas semanas, antes do recesso de fim de ano no Senado. A proposta ainda pode sofrer mudanças nas aplicações ou exclusões de medidas.

O que são os NFTs e como seu alto valor agregado tem valorizado artistas e elitizado a arte virtual
por
Fernando Fernandes Maia
Laura Melo de Carvalho
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07/06/2022 - 12h

Tokens não fungíveis, traduzindo NFTs, são basicamente bens digitais não equiparáveis, logo, não fungíveis, que tomaram a internet e a economia. Ocupando o universo da arte, música e cinema, levantando o questionamento de valorização da arte. Os NFTs, sendo códigos da blockchain, uma espécie de livro-razão das transações do mundo cripto, são altamente controlados e limitados e têm características que aumentam seu valor de mercado.

A nova realidade do Metaverso, uma camada da realidade que integra os mundos reais e virtuais, trouxe pautas como as criptomoedas, uma tentativa de unificar a moeda mundial e principalmente os NFTs, que surpreenderam muitas pessoas por ser valor de mercado. Os tokens não fungíveis se popularizaram pelas artes virtuais, mas hoje elas tomam o mundo da música, cinema e até moda. Em uma palestra para a plataforma My Oxygen, o CEO da Educbank Lars Jàner, explica que o alto valor agregado às NFTs vem da sua exclusividade, visto que uma NFT tem pouquíssimas cópias e são exatamente não fungíveis, não pode ser trocado nem substituído, além de transitarem em um ambiente que envolve criptomoedas, um produto com valor agregado mais elevado, o que inegavelmente o transforma em algo elitizado e inacessível.

O valor agregado aos NTFs pode ser entendido por diversas razões, muitas das quais vão além da arte em si. Pela primeira vez as NFts possibilitam prova de posse sobre arquivos digitais, isto pelo uso da tecnologia blockchain. Cada contrato de NFT possui um código criptografado que o identifica, como um “endereço” pertencente ao dono, tal código é único e não pode ser replicado, nem copiado. Ademais, blockchain é uma plataforma descentralizada, apenas visa registrar dados de transações dentro de um mercado específico, seus documentos e arquivos são públicos. Desta forma, torna-se fácil identificar a fonte do um NFT, como a quem ele pertence atualmente. 

Entretanto, o valor de uma NFT vai além de sua prova de posse: comunidade e status são tão importantes quanto. Muitos NFTs servem como ingressos para certas comunidades. Qualquer um que prove ter um NFT Bored Ape Yacht Club, por exemplo, é bem vindo a um grupo no qual pode participar de reuniões privadas, receber convites para eventos sociais e trocar informações com outros proprietários do NFT BAYC - estes grupos incluem diversas celebridades.

Status rege nossa dinâmica social, principalmente dentro das redes sociais. Proprietários de NFTs passaram a usá-los nos meios digitais para revelar algo sobre sua identidade, seja uma identificação pessoal com a imagem em certo NFT, ou apenas o fato de terem dinheiro suficiente para possuí-lo. O dono de um dos NFTs Crypto Punks recusou uma oferta de 9,5 milhões de dólares por seu NFT, alegando: “nossas identidades online são tão fortes - se não mais poderosas - do que nossas personalidades da vida real.”.

Outro aspecto que agrega grande valor aos Tokens não fungíveis é sua escassez. Muitos colecionadores veem beleza no número ou tamanho de uma coleção, um estilo de NFT em que só há outros 100 do mesmo grupo pode valer muito mais do que um estilo em que há 1000 parecidas.

Quando se fala sobre valorização da arte dentro dos NFTs, tende-se a ressaltar a elitização, mas também a valorização do artista em si. Como explica Lars Jàner, a partir dos NFTs, os artistas passaram a ter uma autenticidade em sua obra, tal como algo que prove que aquilo de fato é deles. Além das comissões ganhas, os chamados Royalties,  em cada transação feita na blockchain surge a possibilidade de um contato direto do criador com os compradores da obra. 

Por outro lado, desconsiderando a valorização dos artistas que transformam suas obras em NTFs, atualmente, vê-se preconceito direcionado às artes virtuais. Levanta-se a discussão: Tokens não fungíveis devem ou não ser considerados arte? Visto que, muitos dos desenhos representados nos NFTs são muito mais simples artisticamente e tecnicamente do que um afresco de Michelangelo, por exemplo, ou levam minutos para serem criados. Entretanto, não se pode excluir um artista e todo o processo criativo por trás de uma obra por fatores superficiais - como o tempo de criação. Logo, essa é uma discussão que tende para ambos os lados e não existe como dizer se deve ou não ser enquadrado como arte.

Os NFTs têm ganhado novas formas de manifestação. Agora estão espalhadas no mundo da música, como versões de álbuns; no universo da moda com peças de roupas espalhadas pela blockchain; modelos usando dos tokens como convites para clubes com conteúdos exclusivos e até com finalidades beneficentes, como NFTs criadas para doar fundos aos afetados pela guerra da Ucrânia. Logo, os tokens se mostram cada vez mais versáteis e revolucionários, ocupando diversas áreas do mercado e ganhando espaço dentro do nosso futuro.

 

  • NFTs mais reconhecidos

 

Uma das coleções de NFTs mais famosas é o Bored Ape Yacht Club (BAYC), criada por Yuga Labs, lançada em abril de 2021. A coleção conta com 10.000 NTFs com imagens de macacos feitos de forma programática, ou seja, há uma variedade de acessórios, peças de roupa, fundos, tipos de pelo e expressões faciais que podem ser unificadas para formar um macaco específico. Alguns itens são mais raros que outros, assim agregam valor aos tokens. Yuga Labs ainda criou mais duas coleções irmãs, a Mutant Ape Yacht Club (MAYC) e a Bored Ape Kennel Club (BAKC).

NFT
NFTs BAYC- Yuga Labs 

 

Outra coleção de sucesso é a chamada CryptoPunks, criada pela empresa Larva Labs, em 2017, como um projeto experimental. Estes NFTs estão entre os precursores do movimento de valorização deste tipo de arte, compõem o grupo dos mais caros já vendidos, um deles por 23 milhões de dólares. As 10.000 ilustrações retratadas são personagens pixelizados inspirados pelo movimento punk, construídas com a mesma técnica que os NFTs BAYC.

 

NFT
Cryptopunks NFTs Collection

 

Por fim, um estilo diferente dos NFTs vistos acima. Xcopy é o pseudônimo de um artista que cria tokens. Seu estilo tende mais ao lado artístico, sendo que ele próprio cria cada uma de suas animações ao invés de um programa. No início de 2022, negociou três de suas NFTs por 5 milhões de dólares.

NFT GIF
NFT feita por Xcopy.art

 

 

 

 

 

 

Alta da inflação de alimentos para consumo domiciliar incentiva o consumidor a negociar preços mais acessíveis com vendedores.
por
João Curi
Sophia Dolores
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27/05/2022 - 12h
Vista da feira livre da rua Ministro Godói, em Perdizes.

Nos últimos meses, a inflação tem esvaziado os carrinhos de supermercado dos brasileiros. Com isso, consumidores de baixa renda têm optado por alternativas mais viáveis economicamente, optando por pechinchar com feirantes em vez de comparar etiquetas de preços nas prateleiras. 

Segundo levantamento do IBGE, divulgado no dia 11 de maio, os setores de transporte e de alimentação e bebidas são os mais afetados pela alta de 1,06% no índice de preços de abril. A alta nos combustíveis - principalmente a gasolina, que ocupa maior peso (6,71%) no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - tem contribuído ainda mais com o aumento de preços nos demais setores da cadeia produtiva brasileira. 

Em razão do aumento das despesas com combustíveis, o frete se torna mais caro e, consequentemente, impacta o preço final de produtos de diversos setores. É com base nisso que se justificam, dentre outros motivos, as altas de preços de alimentos para consumo domiciliar, como batata-inglesa (18,28%), leite longa-vida (10,31%) e seus derivados, tomate (10,18% no mês; 103,26% ao ano), óleo de soja (8,24%), farinha de trigo (7,34%), carnes (1,02% no mês; 8,06% ao ano), entre outros itens que já não cabem mais na lista de muitos consumidores. 

Em visita da Agemt à feira livre da rua Ministro Godói, em Perdizes, foram entrevistados, no dia 10 de maio, feirantes e consumidoras presentes durante o horário da “xepa” (período final das vendas, quando os preços e a qualidade dos produtos oferecidos são menores). Mediante as altas da gasolina e de diversos alimentos, a lista de compras precisou ser reduzida e alguns consumidores passaram a frequentar as feiras livres de seus bairros, a fim de negociarem preços melhores diretamente com o vendedor. 

É o caso de Denise, que prefere comprar frutas e legumes na feira, já que “nos supermercados os preços são bem mais caros”. Ela relata que precisou substituir itens de sua lista de compras por opções mais acessíveis, trocando a carne vermelha por legumes, carne de frango e de porco. “Estou aproveitando as férias para vir nos horários de xepa, que é quando consigo pechinchar mais”. 

Ainda assim, os preços altos assustam consumidores que estavam acostumados a comprar determinados produtos e que já não o fazem mais, prevendo usar o dinheiro para riscar outros itens da lista. “Eu costumava comprar brócolis, mas ultimamente não tenho mais levado porque o preço aumentou muito”, conta Rita, que já frequentava feiras tradicionais desde antes da pandemia. Recentemente, ela tem encontrado dificuldade em comprar as mesmas variedades de antes. Segundo dados do IBGE, o brócolis registrou alta de 35,7% em abril. 

Do outro lado da moeda, feirantes se esforçam para driblar a inflação e oferecer preços atrativos aos consumidores em meio ao castigo da inflação. “Não cobrem dos meus colegas”, pede Gilson, vendedor de mandioca em duas feiras durante a semana. “Eles não têm culpa. O preço aumenta porque o do diesel aumenta e o transporte fica caro, principalmente de frutas, que vêm de outros estados”.  

Carrinho cheio de mandiocas à venda.
Venda de mandiocas descascadas na feira da rua Ministro Godói, em Perdizes. (Foto: Sophia Dolores)

O feirante explica que, para vender mais, busca fazer descontos por quantidade. “Eu costumo vender 1 [unidade de mandioca descascada e cortada na hora] por 6 [reais] e 2 por 10. Eu tento manter o mesmo preço que era antes da pandemia”. Em 2021, a mandioca foi um dos produtos mais impactados pela inflação, acumulando 48,1%. 

Leandro, por sua vez, trabalha em três feiras diferentes, durante cinco dias na semana, mantendo sua barraca de hortaliças e alho-poró. Experiente no ramo, ele relata que o aumento dos preços impactou na frequência de consumidores, o que não vem acontecendo nas feiras mais populares. “Lá [nos bairros mais pobres], o povo vai mais à feira, principalmente os mais velhos que sempre vão e compram mais. Por aqui [em Perdizes] costuma ter mais gente no começo ou no final, que é quando o preço está mais baixo. Mas é porque o produto já não é dos melhores e aí tem que abaixar [o preço] mesmo pra vender”. 

Barraca de hortaliças, mostrando parte do preço da rúcula.
Barraca de hortaliças na feira da rua Ministro Godói, em Perdizes. (Foto: Sophia Dolores)

 

Criando incertezas sobre o futuro da rede social Twitter, uma das vendas mais inusitadas dos últimos anos ocorreu nesta semana.
por |
19/05/2022 - 12h

 

https://www.msnbc.com/the-reidout/reidout-blog/elon-musk-twitter-deal-rcna25869

A tentativa de compra da rede social Twitter pelo bilionário Elon Musk começou na quinta-feira (14), através de uma proposta no valor de U$S43,4 bilhões. O empresário que já tinha uma participação de 9,2% nas ações da rede social, demonstrou interesse em mais, apesar de contrariar as políticas adotadas pelo Twitter. Por meio de uma falta de resposta ou até mesmo aceitação, na sexta-feira (22) o empresário aumentou a sua proposta para US$ 46,5 bilhões.

Após duas semanas de negociações, a compra do Twitter por Elon Musk parece ter chegado a um desfecho. Estima-se que a rede social tenha sido vendida por US$44 bilhões nesta segunda-feira (25), em uma transação que movimentou o mercado e a rede social.

A compra fez com a bolsa de Nova York fechasse em alta de 6 pontos. Os principais índices da bolsa de Nova York (Nasdaq e Dow Jones) terminaram o dia em alta; Nasdaq fechou em 1,29% a 13.004,85 pontos e Dow Jones com 0,70% a 34.049,46.

As ações do Twitter também tiveram alta representada por 5,66%, mas após a compra por Musk, as ações deixarão de ser negociadas na bolsa. O interesse do CEO da Tesla na rede social não é uma novidade, ele já havia revelado a intenção de criar uma nova versão do Twitter, que prezasse pelo que os usuários têm a dizer ao invés da propagação publicitária. O empresário já se posicionou, e deixou claro que pretende acabar com os spams.

Musk publicou em seu perfil do Twitter um texto onde defendia o uso da rede social para se expressar livremente. “A liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento, e o Twitter é a praça da cidade digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade, disse o bilionário.

O empresário reconhece o papel das redes de comunicação na vida da sociedade e afirma ter pretensões de torná-la melhor por meio da adoção de novos recursos, além de fazer com que os algoritmos da rede sejam acessíveis aos usuários como forma de promover confiança a eles.

Toda a movimentação envolvendo esta transação originou um debate ao redor do mundo sobre a liberdade de expressão e o futuro da democracia. Políticos de diferentes correntes ideológicas comentaram o assunto, enquanto alguns comemoram a venda, outros temem o futuro da rede social. A senadora dos Estados Unidos, Marsha Blackburn, do partido Republicano, se posicionou e demonstrou esperança com o futuro da rede social. “Hoje é um dia encorajador para a liberdade de expressão. Espero que Elon Musk freie a história das empresas de tecnologia de censurar os usuários que têm ponto de vista diferentes”, disse a republicana.

Já o prefeito de Londres, Sadiq Khan, do partido Trabalhista, compartilhou o temor sobre as consequências que as mudanças a serem implantas podem causar no âmbito social. “Liberdade de expressão é vital, mas não significa um passe livre para o ódio. Discurso de ódio on-line bota lenha na fogueira do preconceito e leva a violência trágica e terrível no mundo real”, afirmou Khan.

Os resistentes as implantações das mudanças propostas por Musk temem que a rede social se torne ainda mais um local de difusão de desinformação, ataques e futuros problemas a serem estabelecidos entre a comunicação das empresas com as instituições dos países.

A liberdade proposta por Musk pode gerar uma facilidade de infração da lei e dos órgãos reguladores do estado, intensificando problemas sociais como a intolerância, o preconceito, o discurso de ódio e a agressão aos poderes de uma nação ou instituição. A senadora Elizabeth Warren, do partido Democrata dos Estado Unidos, demonstrou sua preocupação com o destino da rede social. “Esse acordo é perigoso pra democracia. Bilionários como Elon Musk jogam com regras diferentes das outras pessoas, acumulando poder e ganhos. Precisamos de impostos sobre a riqueza e regras mais fortes para manter as gigantes de tecnologia sob controle”, afirmou a democrata.

A repercussão no Brasil também gerou comentários. Nas nas redes sociais figuras públicas aliadas à direita têm afirmado que a compra do Twitter por Elon Musk causou um ganho absurdo de seguidores. O Ex-Secretário Nacional de Incentivo e Fomento à Cultura, e pré candidato a Deputado Federal na Bahia pelo Partido Liberal, André Porciuncula pontuou: “Estou ganhando novos seguidores numa velocidade que nunca vi no Twitter. É impressionante...”.

O Deputado Eduardo Bolsonaro, do Partido Liberal, também se pronunciou sobre esse fato. “O efeito @elonmusk: parece que tem gente no Twitter com medo de ser demitido ao ter que prestar contas sobre shadowban em perfis conservadores. Vários conservadores estão notando ganho de seguidores no TT e eu me somo a eles. Em poucos dias ganhei certamente +5.000, algo incrível”.

Na esquerda, algumas figuras públicas se manifestaram nas suas redes sociais, criticando a compra do Twitter por um bilionário. “A prioridades dos bilionários ... Por 7 vezes menos do que gastou comprando uma empresa, uma única pessoa conseguia alimentar MAIS DE 40 MILHÕES DE PESSOAS...” , comentou Jandira Feghali do PCdoB. “Ainda é uma incógnita de que forma o bilionário usará as redes a seu benefício, mas já sabemos que não será nada positivo para quem luta contra o capitalismo desenfreado", disse o deputado federal Glauber Braga, do PSOL. “Elon Musk é um símbolo da concentração de renda sem limites", criticou o pré-candidato a deputado federal por São Paulo, Guilherme Boulos, do PSOL.

Com a possibilidade de compra do Twitter, a Tesla já apresentava uma queda de 1,5% nas ações, depois registrou mais de 6%. Após confirmação de compra, a empresa fechou em queda de 12,18%, mas para acalmar os investidores, Musk se pronunciou em sua rede social pontuando que as ações da Tesla não serão vendidas.

Inflação continua gerando problemas estruturais que aumentam cada vez mais a desigualdade social e diminuem o poder de compra da maioria dos brasileiros.
por
Maiara Yokota
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19/05/2022 - 12h

 

https://pt.dreamstime.com/aumento-de-pre%C3%A7o-dos-alimentos-image134030113

 

O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) teve alta de 1,73%, registrando o pior índice para um mês de abril em 27 anos, o pior resultado é de 1995, quando a taxa bateu 1,95%. Considerado uma prévia da inflação oficial no país, o índice já apresenta uma elevação de 10,20% no acumulado dos últimos 12 meses.

A variação mensal por grupo teve como destaque o setor de transportes com um aumento de 3,43%. Além de transportes, outros três setores também se destacaram: alimentação e bebidas (2,25%), vestuário (1,92) e habitação (1,73). Quatro setores tiveram as menores variações: artigos de residência (0,94), despesas pessoais (0,52), saúde e cuidados pessoais (0,42) e educação (0,05). O setor de comunicação foi o único que não obteve um aumento no seu valor, marcando – 0,05.

No ano, a inflação acumulada é de 4,31%, e durante o início do semestre as perspectivas para a Inflação eram melhores, já que no mês de dezembro houve uma queda significante que representou 0,78% de variação. O mês de janeiro fechou em 0,58%, e em fevereiro o índice elevou marcando 0,99%. Em março houve uma queda de 0,04% pontuando a variação de 0,95%.

A alta nos combustíveis foi originada pelo recente aumento nos custos do óleo diesel, etanol e gás. O diesel teve um aumento de 13,11%, seguido pelo etanol (6,60%) enquanto o gás veicular obteve a menor variação no preço (2,28%). Esse aumento teve influência direta no preço dos táxis, metrô e o ônibus. Os táxis tiveram a maior variação (4,36%), o aumento no metrô representou (1,66%), já o custo dos ônibus obteve a menor variação no grupo de transportes (0,75%).

O aumento de 2,25% no setor de alimentos e bebidas marca o aumento dos seguintes alimentos: tomate (26,17%), cenoura (15,02%), leite longa vida (12,21%), óleo de soja (11,47%), batata-inglesa (9,86%) e pão francês (4,36%). Legumes registraram o maior aumento, como os casos da cenoura e do tomate, seguidos pelo leite e óleo de soja. Batata-inglesa e pão francês tiveram as menores variações.

Comerciantes de rua, em Perdizes, dizem como a crise econômica se tornou um desafio maior que o vírus neste momento de retorno
por
Felipe Oliveira
Yasmin Solon
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05/05/2022 - 12h

Para três mulheres feirantes, que trabalham no bairro Perdizes, o confinamento prejudicou na renda e, em unanimidade, constatam como a inflação está dificultando este retorno. Kelen Cristina Moreira dos Santos, 47, comparou como as compras dos pastéis de sua barraca caíram com a chegada do vírus. Ela contou que as pessoas não se sentem seguras para irem até a feira, precisando então manter o preço antigo e fazer promoções para incentivar a volta. A feirante comentou que também não se sente totalmente segura neste retorno.  "Tudo não passa de um jogo político”, para ela, já que a volta foi apressada por conta das eleições neste ano.

Santos disse ainda como o aumento dos preços dificultou suas vendas, já que os ingredientes de qualidade não deveriam ter um preço abusivo. Apesar de seus lucros diminuírem, ela disse que a feira está melhorando aos poucos.

Marlene Martins, 55, disse que, como não teve alternativas para se adequar ao isolamento, como o “Diskfeira”, ferramenta virtual que surgiu para entrega de produtos da feira via delivery. Ela precisou do auxílio emergencial para sobreviver. A vendedora de grãos sentiu uma queda de aproximadamente 80% no movimento e venda com o retorno das feiras. Ela também apontou como a inflação está prejudicando sua renda, já que os preços altos ajudam o movimento a cair. 

Em contrapartida, Eva Cardoso, 42, vendedora de legumes e verduras, não mencionou nenhuma dificuldade durante a pandemia, teve sua renda mantida e disse que o movimento da feira não diminuiu, mesmo com as estatísticas demonstrando o oposto. Mas sobre a inflação, respondeu de forma incisiva que está prejudicando as compras dos seus clientes. 

De acordo com o IBGE, a inflação aumentou em 166,17% o preço dos alimentos nas feiras de todo o Brasil em decorrência à pandemia, às condições climáticas adversas e à crise econômica.