Brasil passa por um momento decisivo entre mudanças para arrecadamento e corte de gastos
por
Maria Eduarda dos Anjos
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19/11/2024 - 12h

A penúltima reunião do ano do Copom (Comitê de Política Monetária) aconteceu semana passada e sua ata, publicada no dia 12, apresenta a decisão unânime de elevar a Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) a 0,5 pontos percentuais, levando a taxa de juros básico do país de 10,75% para 11,25%. 

Esse aumento vem como medida para, principalmente, conter a inflação, produto do balanço negativo entre os ganhos e gastos do Estado brasileiro, além de responder de forma defensiva à recente eleição de Donald Trump.

Primeiro, é importante entender o que o COPOM, SELIC, juros básicos e inflação significam na vida do brasileiro. O Copom é um grupo composto pelo presidente do Banco Central (BC) e seus diretores que, a cada 45 dias, decidem a taxa básica de juros da economia, a Selic. 

A taxa básica é a principal forma do BC tentar conter a inflação econômica. Na balança, são ponderados o estado das contas públicas, a situação internacional política e monetária, estado da inflação, movimentação do mercado de trabalho entre outros fatores, tudo para assegurar que o reajuste do juros contenha a inflação, não desvalorize o real perante outras moedas e não diminua o poder de compra da população. 

Uma das razões para o aumento da Selic é a diferença entre o gasto e o arrecadamento público de R$7,3 bilhões até setembro de 2024. Para exterminar esse déficit primário, o BC sobe o juros básico, ou seja, a promessa de valorização de seus ativos, e vende tais ativos aos bancos. 

Dessa forma, o Banco Central consegue caixa de forma mais imediata e oferece a promessa de lucro futuro para os bancos. O problema é que esse ciclo se repete e cria uma bola-de-neve. 

A economista e professora da PUC SP, Cristina Helena, explica que “o governo pega dinheiro emprestado todo mês para cobrir o déficit, que não conta com o valor dos juros dos demais empréstimos que já pegou, mas que precisa quitar simultaneamente”. O juros aumenta para pagar,também, o que já foi criado no passado pela mesma barganha que se repete.“ A conta da dívida tá fora do resultado primário, aí o montante a ser pago não para de crescer”. 

Essa medida para maior arrecadação vem junto com o pacote de corte de gastos públicos, que será anunciado por Fernando Haddad depois da reunião do G20. Representantes das pastas de Saúde, Educação, Previdência, Trabalho e Desenvolvimento Social foram chamados para discutir as reduções, já que detém a maior parte de recursos federais. 

Quando o assunto extrapola o doméstico, a eleição de Donald Trump é um fator central. O presidente já anunciou que pretende impor uma tarifa de 10% ou mais sobre todo produto importado do país, uma medida protecionista para privilegiar o mercado interno.

 

Donald Trump em sua campanha para presidência em 2024. Foto: reprodução/NYT
Donald Trump em sua campanha para presidência em 2024. Foto: reprodução/NYT

 Enquanto o aumento da Selic pode ajudar a manter o valor do Real no mercado internacional, a negociação tende ao soft power. “ O Brasil e os Estados Unidos são bons parceiros comerciais um ao outro, mas o Trump não quer só um bom parceiro comercial, ele também pede por um aliado que não seja mercado para a China, por exemplo. A América Latina vêm se beneficiando de compras mais baratas de produtos chineses e venda de minérios mais barato”, explica Cristina. 

Apesar de haver um plano de metas pelo qual a política monetária deveria se guiar, as medidas atuais de arrecadação precisam ser redesenhadas pela sua falta de efetividade, avalia a economista.Até o fim do ano,é previsto o aumento de mais 0,25 pontos para o juros básico, isso reverbera diferentemente entre compradores de títulos do governo e a população média: “ Meio ponto percentual é pouco do ponto de vista de contenção inflacionária e é muito para as famílias, e isso vira uma taxa enorme nos cartões de crédito e cheque especial”.

A cotação da moeda norte-americana chegou a R$5,86, mas encerrou em R$5,67
por
GUILHERME DEPTULA ROCHA
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08/11/2024 - 12h

 

O dólar comercial teve forte alta na manhã da quarta-feira (6), mas caiu durante o dia. Às 9h, a moeda alcançou o valor de R$5,86. Porém, à tarde, recuou para R$5,67. A disparada recente se deu após a repercussão da vitória Donald Trump (Partido Republicano) nas eleições norte-americanas. 

Desde meados de outubro, a moeda estava se valorizando, o fato se deu devido à subida do ex-presidente nas pesquisas de intenção de voto. Conforme dados do jornal “The New York Times”, no início do mês passado, sua adversária, Kamala Harris (Partido Democrata), mantinha-se à frente, com 50% da preferência. Enquanto Trump, estava com 47%. 

Porém, nas últimas semanas, o republicano subiu nas pesquisas e se equiparou à democrata: ele alcançou 48%, contra 49% dela. Esse movimento foi batizado de “Trump Trade”. 

 

POR QUE O DÓLAR DISPAROU APÓS VITÓRIA DE TRUMP?

Aproposta de governo do presidente eleito é tida como inflacionária, a partir de políticas protecionistas. O programa prevê um aumento na taxa de juros e mais impostos para importação. A ideia é provocar migração de recursos para o mercado norte-americano, fortalecendo a moeda.

Após o resultado da eleição, o dólar disparou também em outros países. Segundo DXY, índice que monitora o câmbio da moeda norte-americana em outros mercados globais, houve uma alta de quase 2%.

 

POR QUE O DÓLAR CAIU NO FIM DO DIA?

O motivo ainda não é claro. Segundo o professor de economia da FGV, Marcelo Kfoury Moinhos, em entrevista ao “Jornal Nacional”, há uma expectativa na medida de corte de gastos fiscais. O pacote será anunciado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) ainda nesta semana.

Devido a vitória de Trump, o mercado acredita que o governo entregará um pacote “crível”. Porém, o  professor de economia aponta: “Se houver frustração no tamanho desse pacote de corte de gastos pode ser que (...) o real volte a desvalorizar.

 

FUTURO

Caso o presidente eleito cumpra com suas propostas de campanha, as projeções indicam uma alta do dólar para 2025. Devido às políticas protecionistas, poderá haver um aumento na tarifa para produtos importados, reduzindo as exportações brasileiras para os Estados Unidos.

 

Descubra como a agroecologia pode beneficiar a vida das famílias brasileiras no âmbito econômico e social
por
Jessica Castro
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05/11/2024 - 12h

Recordes de altas temperaturas e períodos de seca extensos foram aliados às causas das queimadas recentes no Brasil. Nos últimos meses, o país viveu um cenário alarmante com mais de 139 mil focos de queimadas, muitas delas criminosas, devastando biomas importantes para o ciclo climático. 

 

Atrás desses números, estão comunidades inteiras que sofrem as consequências diretas: ar irrespirável, perda de colheitas e deslocamento forçado. Grande parte dessas queimadas está ligada à expansão desenfreada do agronegócio, que, na busca por mais terras para cultivo de soja e pastagens, utiliza o fogo como ferramenta de desmatamento. 

 

Embora o agronegócio mova a economia, sua busca por crescimento muitas vezes ignora os impactos sociais e ambientais, e o momento agora é de olhar novas alternativas de cultivo, antes que seja tarde demais.

 

Uma opção que se apresenta é a Agroecologia. A prática é uma alternativa sustentável para a produção agrícola que integra conceitos ecológicos e sociais e tem como objetivo equilibrar o cultivo de alimentos com os ciclos naturais e promover a justiça social. 

 

Diferente dos métodos convencionais, ela não se limita ao uso de técnicas orgânicas, mas envolve uma transformação mais ampla das práticas agrícolas, considerando aspectos culturais, políticos e ambientais. Seu foco é a regeneração dos solos, a conservação da biodiversidade, a redução do uso de insumos químicos e a valorização dos saberes tradicionais das comunidades rurais.

 

Foto: © Alonso Crespo / Reprodução: Greenpeace
Foto: © Alonso Crespo / Reprodução: Greenpeace

 

Alternativa ao Agronegócio

 

A prática da agroecologia surge como uma alternativa ao modelo convencional do agronegócio, que prioriza a monocultura, o uso intensivo de agrotóxicos e a maximização dos lucros a curto prazo. 

Enquanto esse método é fortemente dependente de insumos externos e tecnologias que degradam o meio ambiente e podem esgotar os recursos naturais, a agroecologia foca na sustentabilidade a longo prazo. Ela propõe sistemas diversificados, que integram culturas diferentes, reflorestamento e técnicas de conservação de solo e água. 

Isso torna os sistemas mais resilientes a pragas e mudanças climáticas, reduzindo a dependência de produtos químicos e fertilizantes industrializados. Além disso, o sistema agroecológico valoriza a autonomia dos pequenos agricultores, promovendo  cada vez mais sistemas alimentares locais e uma dependência menor de cadeias longas de distribuição. O que contribui para a segurança alimentar, uma vez que as comunidades produzem e consomem alimentos de maneira mais justa e próxima de seus territórios.

 

O benefício econômico a quem produz e quem consome

 

Do ponto de vista econômico, a agroecologia tem mostrado forte potencial para ser uma opção interessante tanto para o país quanto para as famílias que aderem a este sistema. 

“Iniciativas como as Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSA) mostram como os consumidores podem se tornar co-produtores, garantindo acesso a alimentos saudáveis e frescos, enquanto os agricultores têm mais segurança e menos desperdício”, comenta Paulo Moruzzi, professor adjunto do departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) da Esalq, na USP.

Moruzzi ainda pontua que o fortalecimento da relação do consumidor com a produção agroecológica pode impulsionar o fomento de políticas públicas que ampliem o acesso à alimentação sustentável.
 

Outro benefício econômico da prática é  a redução dos custos com insumos químicos, como fertilizantes e agrotóxicos, o que alivia o orçamento dos pequenos produtores; ou práticas como a rotação das culturas que permite  uma produção contínua sem prejudicar o solo ao longo do ano, garantindo uma renda estável  ao diminuir os riscos associados à dependência de uma única safra, característica comum no agronegócio.

 

Ao reduzir a pressão de utilização dos recursos naturais, além da contribuição efetiva para o meio ambiente a longo prazo, pode evitar gastos públicos na recuperação de áreas degradadas e mitigação de desastres ambientais. Além disso, a agroecologia pode impulsionar a economia local, pois promove cadeias curtas e regionais de produção. Assim, reduz a dependência do país de alimentos importados e fortalece os mercados internos.

 

Para as famílias agricultoras, a transição para este método de cultivo significa mais independência e resiliência frente às flutuações de mercado e mudanças climáticas. A segurança alimentar é ampliada, e o valor agregado dos produtos agroecológicos pode aumentar os lucros, já que esses produtos têm um apelo crescente entre consumidores conscientes, dispostos a pagar mais por alimentos produzidos de forma sustentável.

A agroecologia está profundamente enraizada no cotidiano de comunidades quilombolas, indígenas e outros povos tradicionais no Brasil. Esses grupos, que possuem uma relação ancestral com a terra, cultivam alimentos de maneira sustentável e em harmonia com o meio ambiente. 

Mas a prática não é exclusividade dessas comunidades, ela também é adotada pela agricultura familiar e por assentamentos e acampamentos da reforma agrária. Hoje, cerca de 77% dos comércios agropecuários do país são familiares, segundo dados do Anuário da Agricultura Familiar de 2023, e muitos deles estão integrando práticas agroecológicas para preservar o solo e valorizar a biodiversidade do local onde produzem.

Essas iniciativas promovem um modelo de agricultura que valoriza o saber local e protege biomas únicos e super importantes para o equilíbrio climático do país, como o Cerrado e a Amazônia. 

A agroecologia fortalece o vínculo entre quem produz e quem consome, criando relações de consumo mais justas e solidárias. Isso ocorre, em grande parte, por meio de feiras agroecológicas e programas de políticas públicas, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que compra alimentos de pequenos produtores para fornecer refeições nas escolas. Essas teias garantem que o alimento chegue de maneira saudável e acessível às mesas, enquanto geram renda e fortalecem famílias agricultoras ao mesmo tempo.

Outros olhares para o consumo de alimentos

A conexão entre a agroecologia e o modo de consumo vai além da idealização de uma produção agrícola sustentável, aqui refletimos também a forma como nos relacionamos com os alimentos, os recursos naturais e as comunidades que os produzem. Esse conceito reflete a necessidade de repensarmos não só a maneira como consumimos, mas também as implicações sociais, ambientais e econômicas envolvidas no processo.

Esse olhar diferenciado para o consumo de alimentos inclui para além da valorização de produtos orgânicos produzidos por um sistema agroecológico, as métricas de quanto desperdiçamos e consumimos exacerbadamente. A agroecologia não se limita à produção sustentável, mas envolve uma conscientização mais ampla sobre a forma como os alimentos são utilizados ao longo da cadeia, desde a produção até o descarte.

O consumo consciente, nesse sentido, diz respeito a um repensar em nossos hábitos alimentares, para garantir que tudo o que consumimos não acabe em desperdício, uma prática que impacta seriamente o meio ambiente e os recursos naturais e o bolso do consumidor. 

 

Precisamos perceber que a quantidade de alimentos comprados e descartados repousa diretamente em impactos socioambientais porque contribui para a emissão de gases de efeito estufa e esgotamento dos solos. Portanto, como e o que comemos pode fazer uma grande diferença.

 

Em entrevista, o professor Paulo Moruzzi destaca a importância do Dia Mundial da Alimentação, celebrado em 16 de outubro, data que marca a criação da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), que completa 79 anos. Ele ressalta: “Nos últimos anos, esta organização multilateral tem insistido em suas orientações para os debates em torno dos problemas agroalimentares mundiais sobre a importância da busca simultânea de preservação ambiental e de garantia do direito humano à alimentação adequada. Desde 2019, a FAO promove a década da agricultura familiar, visando favorecer sistemas alimentares resistentes às mudanças climáticas e indutores de desenvolvimento territorial inclusivo, protegendo a biodiversidade, o meio ambiente e a cultura." 

 

A agroecologia passa a não ser apenas um modelo de produção, mas um convite para repensar o ciclo de vida dos alimentos e nosso papel dentro dele, promovendo uma relação mais responsável e equilibrada com o meio ambiente.

 

Prévia do IPCA-15 sobe 0,54%, puxada por alta nos preços de energia e alimentos, e reforça expectativa de novo aumento na Selic em novembro
por
Otávio Rodrigues Preto
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30/10/2024 - 12h

A prévia da inflação oficial de outubro, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) e divulgada pelo IBGE na última quinta-feira (24), surpreendeu o mercado ao registrar uma alta de 0,54%, acima das expectativas dos analistas, que previam 0,50%. Esse resultado trouxe um impacto significativo para a economia brasileira, pressionando tanto o câmbio quanto o mercado de juros, além de influenciar o desempenho da bolsa de valores.

A alta do IPCA-15 foi impulsionada principalmente pelo aumento de 1,72% no grupo Habitação, com destaque para a elevação de 5,29% nos preços da energia elétrica residencial. A aplicação da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos, foi o principal fator para o encarecimento da energia. Outros itens também contribuíram para a pressão inflacionária, como o gás de botijão, que subiu 2,17%, e os alimentos, que tiveram alta de 0,87%. Entre os produtos alimentícios, destacaram-se o contrafilé (5,42%) e o café moído (4,58%).

No acumulado de 12 meses, a prévia da inflação passou de 4,12% em setembro para 4,47% em outubro, ficando próxima do teto da meta de 4,50% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional para 2024. Essa aceleração aumenta a expectativa de que o Banco Central (BC), sob a liderança de Roberto Campos Neto, intensifique o ritmo de alta da taxa Selic, que atualmente está em 10,75% ao ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para os dias 5 e 6 de novembro, e espera-se um aumento de 0,50 ponto percentual.

Dólar - Unsplash.com
Dólar - Unsplash.com

Enquanto isso, o mercado reagiu com nervosismo à divulgação dos dados. O dólar atingiu R$ 5,70 na manhã de quinta-feira, refletindo as preocupações com a inflação e o futuro da política monetária. O índice Ibovespa, por sua vez, abriu em queda, pressionado pelo cenário interno, apesar de um ambiente positivo nas bolsas internacionais, com altas nos mercados europeus e Wall Street indicando uma abertura no verde.

Além de Habitação e Alimentação, o grupo de Saúde e cuidados pessoais também registrou alta de 0,49%, influenciado pelo reajuste dos planos de saúde. O único setor a apresentar queda foi Transportes, com uma redução de 0,33% nos preços, devido principalmente à queda nas tarifas de passagens aéreas (-11,40%) e transporte público, reflexo de medidas de gratuidade durante as eleições municipais.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Decisão visa evitar problemas para o Novo Banco de Desenvolvimento em meio às sanções contra a Rússia e fortalecer o papel do Brasil no bloco econômico.
por
Otávio Rodrigues Preto
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30/10/2024 - 12h

O presidente russo, Vladimir Putin, confirmou na última quinta-feira (24) a proposta de manter o Brasil na liderança do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), principal instituição financeira do BRICS, por mais cinco anos, garantindo a continuidade de Dilma Rousseff na presidência do banco. O atual mandato de Dilma, iniciado em março de 2023, terminaria em julho de 2025, mas a extensão foi sugerida para evitar possíveis complicações relacionadas à guerra na Ucrânia.

Segundo Putin, a decisão de manter Dilma no cargo tem o objetivo de preservar a estabilidade do NDB, considerando que as sanções impostas à Rússia devido ao conflito poderiam prejudicar a atuação da instituição caso um executivo russo assumisse a presidência. "Não queremos transferir todos os problemas associados à Rússia para instituições em cujo desenvolvimento estamos interessados", afirmou o presidente russo.

Pelo regime de rodízio do NDB, a Rússia seria a próxima a indicar o presidente do banco, que tem sede em Xangai, na China, e gerencia cerca de US$ 33 bilhões em financiamentos para projetos nos países do BRICS e no Sul Global. No entanto, Putin optou por abrir mão da indicação russa, favorecendo o Brasil, que também está à frente do G20 este ano e assumirá a presidência do BRICS em 2025.

Os paísesque fazem parte do BRICS
Os países que fazem parte do BRICS - Reprodução Canva

Dilma Rousseff, que substituiu Marcos Troyjo na liderança do NDB, destacou recentemente a importância do banco em expandir os investimentos nos países do bloco e defender o uso de moedas locais para o financiamento. "É crucial disponibilizar financiamento em moeda local através de plataformas específicas", afirmou durante a última cúpula do BRICS, em Kazan, na Rússia.

A proposta de extensão do mandato ainda precisa ser formalmente aprovada pelos governadores do banco, que representam os países membros. Caso seja confirmada, a continuidade de Dilma reforçará o papel do Brasil no cenário internacional, especialmente no momento em que o país lidera grandes fóruns multilaterais, como o G20 e o BRICS.
 

O que são os NFTs e como seu alto valor agregado tem valorizado artistas e elitizado a arte virtual
por
Fernando Fernandes Maia
Laura Melo de Carvalho
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07/06/2022 - 12h

Tokens não fungíveis, traduzindo NFTs, são basicamente bens digitais não equiparáveis, logo, não fungíveis, que tomaram a internet e a economia. Ocupando o universo da arte, música e cinema, levantando o questionamento de valorização da arte. Os NFTs, sendo códigos da blockchain, uma espécie de livro-razão das transações do mundo cripto, são altamente controlados e limitados e têm características que aumentam seu valor de mercado.

A nova realidade do Metaverso, uma camada da realidade que integra os mundos reais e virtuais, trouxe pautas como as criptomoedas, uma tentativa de unificar a moeda mundial e principalmente os NFTs, que surpreenderam muitas pessoas por ser valor de mercado. Os tokens não fungíveis se popularizaram pelas artes virtuais, mas hoje elas tomam o mundo da música, cinema e até moda. Em uma palestra para a plataforma My Oxygen, o CEO da Educbank Lars Jàner, explica que o alto valor agregado às NFTs vem da sua exclusividade, visto que uma NFT tem pouquíssimas cópias e são exatamente não fungíveis, não pode ser trocado nem substituído, além de transitarem em um ambiente que envolve criptomoedas, um produto com valor agregado mais elevado, o que inegavelmente o transforma em algo elitizado e inacessível.

O valor agregado aos NTFs pode ser entendido por diversas razões, muitas das quais vão além da arte em si. Pela primeira vez as NFts possibilitam prova de posse sobre arquivos digitais, isto pelo uso da tecnologia blockchain. Cada contrato de NFT possui um código criptografado que o identifica, como um “endereço” pertencente ao dono, tal código é único e não pode ser replicado, nem copiado. Ademais, blockchain é uma plataforma descentralizada, apenas visa registrar dados de transações dentro de um mercado específico, seus documentos e arquivos são públicos. Desta forma, torna-se fácil identificar a fonte do um NFT, como a quem ele pertence atualmente. 

Entretanto, o valor de uma NFT vai além de sua prova de posse: comunidade e status são tão importantes quanto. Muitos NFTs servem como ingressos para certas comunidades. Qualquer um que prove ter um NFT Bored Ape Yacht Club, por exemplo, é bem vindo a um grupo no qual pode participar de reuniões privadas, receber convites para eventos sociais e trocar informações com outros proprietários do NFT BAYC - estes grupos incluem diversas celebridades.

Status rege nossa dinâmica social, principalmente dentro das redes sociais. Proprietários de NFTs passaram a usá-los nos meios digitais para revelar algo sobre sua identidade, seja uma identificação pessoal com a imagem em certo NFT, ou apenas o fato de terem dinheiro suficiente para possuí-lo. O dono de um dos NFTs Crypto Punks recusou uma oferta de 9,5 milhões de dólares por seu NFT, alegando: “nossas identidades online são tão fortes - se não mais poderosas - do que nossas personalidades da vida real.”.

Outro aspecto que agrega grande valor aos Tokens não fungíveis é sua escassez. Muitos colecionadores veem beleza no número ou tamanho de uma coleção, um estilo de NFT em que só há outros 100 do mesmo grupo pode valer muito mais do que um estilo em que há 1000 parecidas.

Quando se fala sobre valorização da arte dentro dos NFTs, tende-se a ressaltar a elitização, mas também a valorização do artista em si. Como explica Lars Jàner, a partir dos NFTs, os artistas passaram a ter uma autenticidade em sua obra, tal como algo que prove que aquilo de fato é deles. Além das comissões ganhas, os chamados Royalties,  em cada transação feita na blockchain surge a possibilidade de um contato direto do criador com os compradores da obra. 

Por outro lado, desconsiderando a valorização dos artistas que transformam suas obras em NTFs, atualmente, vê-se preconceito direcionado às artes virtuais. Levanta-se a discussão: Tokens não fungíveis devem ou não ser considerados arte? Visto que, muitos dos desenhos representados nos NFTs são muito mais simples artisticamente e tecnicamente do que um afresco de Michelangelo, por exemplo, ou levam minutos para serem criados. Entretanto, não se pode excluir um artista e todo o processo criativo por trás de uma obra por fatores superficiais - como o tempo de criação. Logo, essa é uma discussão que tende para ambos os lados e não existe como dizer se deve ou não ser enquadrado como arte.

Os NFTs têm ganhado novas formas de manifestação. Agora estão espalhadas no mundo da música, como versões de álbuns; no universo da moda com peças de roupas espalhadas pela blockchain; modelos usando dos tokens como convites para clubes com conteúdos exclusivos e até com finalidades beneficentes, como NFTs criadas para doar fundos aos afetados pela guerra da Ucrânia. Logo, os tokens se mostram cada vez mais versáteis e revolucionários, ocupando diversas áreas do mercado e ganhando espaço dentro do nosso futuro.

 

  • NFTs mais reconhecidos

 

Uma das coleções de NFTs mais famosas é o Bored Ape Yacht Club (BAYC), criada por Yuga Labs, lançada em abril de 2021. A coleção conta com 10.000 NTFs com imagens de macacos feitos de forma programática, ou seja, há uma variedade de acessórios, peças de roupa, fundos, tipos de pelo e expressões faciais que podem ser unificadas para formar um macaco específico. Alguns itens são mais raros que outros, assim agregam valor aos tokens. Yuga Labs ainda criou mais duas coleções irmãs, a Mutant Ape Yacht Club (MAYC) e a Bored Ape Kennel Club (BAKC).

NFT
NFTs BAYC- Yuga Labs 

 

Outra coleção de sucesso é a chamada CryptoPunks, criada pela empresa Larva Labs, em 2017, como um projeto experimental. Estes NFTs estão entre os precursores do movimento de valorização deste tipo de arte, compõem o grupo dos mais caros já vendidos, um deles por 23 milhões de dólares. As 10.000 ilustrações retratadas são personagens pixelizados inspirados pelo movimento punk, construídas com a mesma técnica que os NFTs BAYC.

 

NFT
Cryptopunks NFTs Collection

 

Por fim, um estilo diferente dos NFTs vistos acima. Xcopy é o pseudônimo de um artista que cria tokens. Seu estilo tende mais ao lado artístico, sendo que ele próprio cria cada uma de suas animações ao invés de um programa. No início de 2022, negociou três de suas NFTs por 5 milhões de dólares.

NFT GIF
NFT feita por Xcopy.art

 

 

 

 

 

 

Alta da inflação de alimentos para consumo domiciliar incentiva o consumidor a negociar preços mais acessíveis com vendedores.
por
João Curi
Sophia Dolores
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27/05/2022 - 12h
Vista da feira livre da rua Ministro Godói, em Perdizes.

Nos últimos meses, a inflação tem esvaziado os carrinhos de supermercado dos brasileiros. Com isso, consumidores de baixa renda têm optado por alternativas mais viáveis economicamente, optando por pechinchar com feirantes em vez de comparar etiquetas de preços nas prateleiras. 

Segundo levantamento do IBGE, divulgado no dia 11 de maio, os setores de transporte e de alimentação e bebidas são os mais afetados pela alta de 1,06% no índice de preços de abril. A alta nos combustíveis - principalmente a gasolina, que ocupa maior peso (6,71%) no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - tem contribuído ainda mais com o aumento de preços nos demais setores da cadeia produtiva brasileira. 

Em razão do aumento das despesas com combustíveis, o frete se torna mais caro e, consequentemente, impacta o preço final de produtos de diversos setores. É com base nisso que se justificam, dentre outros motivos, as altas de preços de alimentos para consumo domiciliar, como batata-inglesa (18,28%), leite longa-vida (10,31%) e seus derivados, tomate (10,18% no mês; 103,26% ao ano), óleo de soja (8,24%), farinha de trigo (7,34%), carnes (1,02% no mês; 8,06% ao ano), entre outros itens que já não cabem mais na lista de muitos consumidores. 

Em visita da Agemt à feira livre da rua Ministro Godói, em Perdizes, foram entrevistados, no dia 10 de maio, feirantes e consumidoras presentes durante o horário da “xepa” (período final das vendas, quando os preços e a qualidade dos produtos oferecidos são menores). Mediante as altas da gasolina e de diversos alimentos, a lista de compras precisou ser reduzida e alguns consumidores passaram a frequentar as feiras livres de seus bairros, a fim de negociarem preços melhores diretamente com o vendedor. 

É o caso de Denise, que prefere comprar frutas e legumes na feira, já que “nos supermercados os preços são bem mais caros”. Ela relata que precisou substituir itens de sua lista de compras por opções mais acessíveis, trocando a carne vermelha por legumes, carne de frango e de porco. “Estou aproveitando as férias para vir nos horários de xepa, que é quando consigo pechinchar mais”. 

Ainda assim, os preços altos assustam consumidores que estavam acostumados a comprar determinados produtos e que já não o fazem mais, prevendo usar o dinheiro para riscar outros itens da lista. “Eu costumava comprar brócolis, mas ultimamente não tenho mais levado porque o preço aumentou muito”, conta Rita, que já frequentava feiras tradicionais desde antes da pandemia. Recentemente, ela tem encontrado dificuldade em comprar as mesmas variedades de antes. Segundo dados do IBGE, o brócolis registrou alta de 35,7% em abril. 

Do outro lado da moeda, feirantes se esforçam para driblar a inflação e oferecer preços atrativos aos consumidores em meio ao castigo da inflação. “Não cobrem dos meus colegas”, pede Gilson, vendedor de mandioca em duas feiras durante a semana. “Eles não têm culpa. O preço aumenta porque o do diesel aumenta e o transporte fica caro, principalmente de frutas, que vêm de outros estados”.  

Carrinho cheio de mandiocas à venda.
Venda de mandiocas descascadas na feira da rua Ministro Godói, em Perdizes. (Foto: Sophia Dolores)

O feirante explica que, para vender mais, busca fazer descontos por quantidade. “Eu costumo vender 1 [unidade de mandioca descascada e cortada na hora] por 6 [reais] e 2 por 10. Eu tento manter o mesmo preço que era antes da pandemia”. Em 2021, a mandioca foi um dos produtos mais impactados pela inflação, acumulando 48,1%. 

Leandro, por sua vez, trabalha em três feiras diferentes, durante cinco dias na semana, mantendo sua barraca de hortaliças e alho-poró. Experiente no ramo, ele relata que o aumento dos preços impactou na frequência de consumidores, o que não vem acontecendo nas feiras mais populares. “Lá [nos bairros mais pobres], o povo vai mais à feira, principalmente os mais velhos que sempre vão e compram mais. Por aqui [em Perdizes] costuma ter mais gente no começo ou no final, que é quando o preço está mais baixo. Mas é porque o produto já não é dos melhores e aí tem que abaixar [o preço] mesmo pra vender”. 

Barraca de hortaliças, mostrando parte do preço da rúcula.
Barraca de hortaliças na feira da rua Ministro Godói, em Perdizes. (Foto: Sophia Dolores)

 

Criando incertezas sobre o futuro da rede social Twitter, uma das vendas mais inusitadas dos últimos anos ocorreu nesta semana.
por |
19/05/2022 - 12h

 

https://www.msnbc.com/the-reidout/reidout-blog/elon-musk-twitter-deal-rcna25869

A tentativa de compra da rede social Twitter pelo bilionário Elon Musk começou na quinta-feira (14), através de uma proposta no valor de U$S43,4 bilhões. O empresário que já tinha uma participação de 9,2% nas ações da rede social, demonstrou interesse em mais, apesar de contrariar as políticas adotadas pelo Twitter. Por meio de uma falta de resposta ou até mesmo aceitação, na sexta-feira (22) o empresário aumentou a sua proposta para US$ 46,5 bilhões.

Após duas semanas de negociações, a compra do Twitter por Elon Musk parece ter chegado a um desfecho. Estima-se que a rede social tenha sido vendida por US$44 bilhões nesta segunda-feira (25), em uma transação que movimentou o mercado e a rede social.

A compra fez com a bolsa de Nova York fechasse em alta de 6 pontos. Os principais índices da bolsa de Nova York (Nasdaq e Dow Jones) terminaram o dia em alta; Nasdaq fechou em 1,29% a 13.004,85 pontos e Dow Jones com 0,70% a 34.049,46.

As ações do Twitter também tiveram alta representada por 5,66%, mas após a compra por Musk, as ações deixarão de ser negociadas na bolsa. O interesse do CEO da Tesla na rede social não é uma novidade, ele já havia revelado a intenção de criar uma nova versão do Twitter, que prezasse pelo que os usuários têm a dizer ao invés da propagação publicitária. O empresário já se posicionou, e deixou claro que pretende acabar com os spams.

Musk publicou em seu perfil do Twitter um texto onde defendia o uso da rede social para se expressar livremente. “A liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento, e o Twitter é a praça da cidade digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade, disse o bilionário.

O empresário reconhece o papel das redes de comunicação na vida da sociedade e afirma ter pretensões de torná-la melhor por meio da adoção de novos recursos, além de fazer com que os algoritmos da rede sejam acessíveis aos usuários como forma de promover confiança a eles.

Toda a movimentação envolvendo esta transação originou um debate ao redor do mundo sobre a liberdade de expressão e o futuro da democracia. Políticos de diferentes correntes ideológicas comentaram o assunto, enquanto alguns comemoram a venda, outros temem o futuro da rede social. A senadora dos Estados Unidos, Marsha Blackburn, do partido Republicano, se posicionou e demonstrou esperança com o futuro da rede social. “Hoje é um dia encorajador para a liberdade de expressão. Espero que Elon Musk freie a história das empresas de tecnologia de censurar os usuários que têm ponto de vista diferentes”, disse a republicana.

Já o prefeito de Londres, Sadiq Khan, do partido Trabalhista, compartilhou o temor sobre as consequências que as mudanças a serem implantas podem causar no âmbito social. “Liberdade de expressão é vital, mas não significa um passe livre para o ódio. Discurso de ódio on-line bota lenha na fogueira do preconceito e leva a violência trágica e terrível no mundo real”, afirmou Khan.

Os resistentes as implantações das mudanças propostas por Musk temem que a rede social se torne ainda mais um local de difusão de desinformação, ataques e futuros problemas a serem estabelecidos entre a comunicação das empresas com as instituições dos países.

A liberdade proposta por Musk pode gerar uma facilidade de infração da lei e dos órgãos reguladores do estado, intensificando problemas sociais como a intolerância, o preconceito, o discurso de ódio e a agressão aos poderes de uma nação ou instituição. A senadora Elizabeth Warren, do partido Democrata dos Estado Unidos, demonstrou sua preocupação com o destino da rede social. “Esse acordo é perigoso pra democracia. Bilionários como Elon Musk jogam com regras diferentes das outras pessoas, acumulando poder e ganhos. Precisamos de impostos sobre a riqueza e regras mais fortes para manter as gigantes de tecnologia sob controle”, afirmou a democrata.

A repercussão no Brasil também gerou comentários. Nas nas redes sociais figuras públicas aliadas à direita têm afirmado que a compra do Twitter por Elon Musk causou um ganho absurdo de seguidores. O Ex-Secretário Nacional de Incentivo e Fomento à Cultura, e pré candidato a Deputado Federal na Bahia pelo Partido Liberal, André Porciuncula pontuou: “Estou ganhando novos seguidores numa velocidade que nunca vi no Twitter. É impressionante...”.

O Deputado Eduardo Bolsonaro, do Partido Liberal, também se pronunciou sobre esse fato. “O efeito @elonmusk: parece que tem gente no Twitter com medo de ser demitido ao ter que prestar contas sobre shadowban em perfis conservadores. Vários conservadores estão notando ganho de seguidores no TT e eu me somo a eles. Em poucos dias ganhei certamente +5.000, algo incrível”.

Na esquerda, algumas figuras públicas se manifestaram nas suas redes sociais, criticando a compra do Twitter por um bilionário. “A prioridades dos bilionários ... Por 7 vezes menos do que gastou comprando uma empresa, uma única pessoa conseguia alimentar MAIS DE 40 MILHÕES DE PESSOAS...” , comentou Jandira Feghali do PCdoB. “Ainda é uma incógnita de que forma o bilionário usará as redes a seu benefício, mas já sabemos que não será nada positivo para quem luta contra o capitalismo desenfreado", disse o deputado federal Glauber Braga, do PSOL. “Elon Musk é um símbolo da concentração de renda sem limites", criticou o pré-candidato a deputado federal por São Paulo, Guilherme Boulos, do PSOL.

Com a possibilidade de compra do Twitter, a Tesla já apresentava uma queda de 1,5% nas ações, depois registrou mais de 6%. Após confirmação de compra, a empresa fechou em queda de 12,18%, mas para acalmar os investidores, Musk se pronunciou em sua rede social pontuando que as ações da Tesla não serão vendidas.

Inflação continua gerando problemas estruturais que aumentam cada vez mais a desigualdade social e diminuem o poder de compra da maioria dos brasileiros.
por
Maiara Yokota
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19/05/2022 - 12h

 

https://pt.dreamstime.com/aumento-de-pre%C3%A7o-dos-alimentos-image134030113

 

O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) teve alta de 1,73%, registrando o pior índice para um mês de abril em 27 anos, o pior resultado é de 1995, quando a taxa bateu 1,95%. Considerado uma prévia da inflação oficial no país, o índice já apresenta uma elevação de 10,20% no acumulado dos últimos 12 meses.

A variação mensal por grupo teve como destaque o setor de transportes com um aumento de 3,43%. Além de transportes, outros três setores também se destacaram: alimentação e bebidas (2,25%), vestuário (1,92) e habitação (1,73). Quatro setores tiveram as menores variações: artigos de residência (0,94), despesas pessoais (0,52), saúde e cuidados pessoais (0,42) e educação (0,05). O setor de comunicação foi o único que não obteve um aumento no seu valor, marcando – 0,05.

No ano, a inflação acumulada é de 4,31%, e durante o início do semestre as perspectivas para a Inflação eram melhores, já que no mês de dezembro houve uma queda significante que representou 0,78% de variação. O mês de janeiro fechou em 0,58%, e em fevereiro o índice elevou marcando 0,99%. Em março houve uma queda de 0,04% pontuando a variação de 0,95%.

A alta nos combustíveis foi originada pelo recente aumento nos custos do óleo diesel, etanol e gás. O diesel teve um aumento de 13,11%, seguido pelo etanol (6,60%) enquanto o gás veicular obteve a menor variação no preço (2,28%). Esse aumento teve influência direta no preço dos táxis, metrô e o ônibus. Os táxis tiveram a maior variação (4,36%), o aumento no metrô representou (1,66%), já o custo dos ônibus obteve a menor variação no grupo de transportes (0,75%).

O aumento de 2,25% no setor de alimentos e bebidas marca o aumento dos seguintes alimentos: tomate (26,17%), cenoura (15,02%), leite longa vida (12,21%), óleo de soja (11,47%), batata-inglesa (9,86%) e pão francês (4,36%). Legumes registraram o maior aumento, como os casos da cenoura e do tomate, seguidos pelo leite e óleo de soja. Batata-inglesa e pão francês tiveram as menores variações.

Comerciantes de rua, em Perdizes, dizem como a crise econômica se tornou um desafio maior que o vírus neste momento de retorno
por
Felipe Oliveira
Yasmin Solon
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05/05/2022 - 12h

Para três mulheres feirantes, que trabalham no bairro Perdizes, o confinamento prejudicou na renda e, em unanimidade, constatam como a inflação está dificultando este retorno. Kelen Cristina Moreira dos Santos, 47, comparou como as compras dos pastéis de sua barraca caíram com a chegada do vírus. Ela contou que as pessoas não se sentem seguras para irem até a feira, precisando então manter o preço antigo e fazer promoções para incentivar a volta. A feirante comentou que também não se sente totalmente segura neste retorno.  "Tudo não passa de um jogo político”, para ela, já que a volta foi apressada por conta das eleições neste ano.

Santos disse ainda como o aumento dos preços dificultou suas vendas, já que os ingredientes de qualidade não deveriam ter um preço abusivo. Apesar de seus lucros diminuírem, ela disse que a feira está melhorando aos poucos.

Marlene Martins, 55, disse que, como não teve alternativas para se adequar ao isolamento, como o “Diskfeira”, ferramenta virtual que surgiu para entrega de produtos da feira via delivery. Ela precisou do auxílio emergencial para sobreviver. A vendedora de grãos sentiu uma queda de aproximadamente 80% no movimento e venda com o retorno das feiras. Ela também apontou como a inflação está prejudicando sua renda, já que os preços altos ajudam o movimento a cair. 

Em contrapartida, Eva Cardoso, 42, vendedora de legumes e verduras, não mencionou nenhuma dificuldade durante a pandemia, teve sua renda mantida e disse que o movimento da feira não diminuiu, mesmo com as estatísticas demonstrando o oposto. Mas sobre a inflação, respondeu de forma incisiva que está prejudicando as compras dos seus clientes. 

De acordo com o IBGE, a inflação aumentou em 166,17% o preço dos alimentos nas feiras de todo o Brasil em decorrência à pandemia, às condições climáticas adversas e à crise econômica.