O crescimento tecnológico não é novidade e cada vez mais as pessoas dependem de ferramentas eletrônicas, como o celular, que exerce a maioria das funções do dia a dia, como ligações de trabalho, entretenimento e compras on-line.
O consumo mundial de aparelhos em 2021 cresceu em 125 milhões de unidades e no Brasil aproximadamente 109 milhões de usuários têm um smartphone, de acordo com um estudo feito em março de 2022 pela consultoria holandesa de dados Newzoo, ficando atrás da Indonésia, Estados Unidos, Índia e China.
Mesmo com uma opção de ótima qualidade, as propagandas fazem com que o público troque seu aparelho cada vez em menos tempo. Marcas como Apple e Samsung tendem a fazer seus lançamentos anuais e preparar eventos de escala global para anunciá-los.
Uma tática desenvolvida pelos fabricantes de eletrônicos é a chamada obsolescência programada, em que o consumidor se sente forçado a comprar novos aparelhos, já que os produtos são produzidos propositalmente com durabilidade e qualidade menores, fazendo, consequentemente, o cliente consumir mais celulares, por exemplo, em curto prazo.
Embora tal descarte tenha ganhado destaque recentemente com os aparelhos eletrônicos, é uma prática que existe desde 1930, uma época em que os Estados Unidos sofreram com a Grande Depressão, portanto, havia um incentivo para o modelo de mercado baseado na produção em série e no consumo, visando recuperar a economia do país.
Ao mesmo tempo que muitos fabricantes buscam encurtar o período de durabilidade, algumas marcas estão tentando alterar a ideia da obsolescência programada, a exemplo da Samsung. A gigante sul-coreana, após lançar os novos celulares Galaxy S22 e Galaxy Tab S8, teve como novidade que as atualizações de sistemas terão como foco afastar o consumo frenético dos aparelhos eletrônicos.
Essa tática adotada pelas marcas faz com que muitas pessoas se policiem em relação ao desuso de aparelhos. Matéria publicada pelo South China Morning Post (SCMP) indica a probabilidade de 6 bilhões de celulares serem descartados até 2025.
Na análise feita pela Global E-waste Statistics Partnership (GESP), entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), o descarte cresceu 21% no período de 2014 a 2019, o que representa 53,6 milhões de toneladas de resíduos. Apenas 17,4% desse material chegou às casas de reciclagem.
Já no cenário brasileiro, que se encontra em quinto lugar no ranking de maior produtor de lixo no mundo, 2,1 mil toneladas de eletrônicos são descartados anualmente e a reciclagem deste material equivale apenas a 3% do total.
Nesta pequena porcentagem existem projetos que estão preocupados com a saúde ambiental, como o da ONG Trocafone, que instalou dois quiosques em São Paulo com objetivo de avaliar e analisar o valor que o usuário pode ter com a venda e entregar o dinheiro no mesmo instante.
Outra iniciativa na mesma linha é a do Instituto Água e Terra (IAT), no Paraná, que está recolhendo equipamentos que já não estão mais em uso. A meta é que a campanha evite que os moradores façam o descarte de aparelhos em locais inadequados, como terrenos abandonados, já que esse tipo de equipamentos possui substâncias tóxicas.
Mas, mesmo com serviços como o do IAT, a atitude mais comum ainda é a compra de novos celulares, e os motivos são os mais diversos. A enfermeira Vitória Guimarães, 26, por exemplo, trocou seu antigo aparelho porque já não atendia às suas necessidades. Já Renato Nascimbeni, 19, estudante de psicologia, troca de celular pelo simples gosto de comprar coisas novas e que proporcionam uma felicidade temporária.
Pesquisa feita na plataforma Go2Mob com consumidores do Brasil revelou que 41,2% dos brasileiros de classe C e D trocaram de celular durante a pandemia. O estudo mostrou que 58,2% adquiriram um aparelho com média de preço de R$ 2.000, mesmo tendo renda inferior a R$ 1.000.
A mídia, querendo ou não, tem grande poder de influência nesse tipo de decisão, já que veicula um bombardeio diário de propagandas dos mais diversos itens. Muitas pessoas já trocaram de celular por receberem um e-mail de um novo aparelho nas lojas. Vitória, por exemplo, admite já ter substituído o celular após a marca ter enviado uma propaganda a ela.
Porém, é preciso tomar cuidado com esse tipo de dívida, pois a longo prazo o que deveria ser uma felicidade se torna um problema. Quase oito em cada dez famílias no Brasil estão com dívidas, em atraso ou não. Essa é a maior proporção de endividados desde o início da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), em 2010, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A pandemia do coronavírus fez com que muitas áreas fossem afetadas, como a da saúde, o saneamento e, sobretudo, da economia. No contexto brasileiro não foi diferente, com impacto sobretudo nos mais pobres. A edição mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), mostra que o número de desempregados atingiu 11,3 milhões entre os meses de fevereiro e abril deste ano. No primeiro trimestre de 2021, quando os efeitos da pandemia eram ainda mais severos, esse contingente era de 15,2 milhões de pessoas — o pico do desemprego —, representando 14,9% dos trabalhadores.
Além disso, houve uma maior informalidade e um aumento de trabalhadores sem carteira assinada. No terceiro trimestre de 2021, o número de trabalhadores por conta própria totalizou 25,5 milhões, um aumento de 3,3% em relação ao terceiro trimestre do ano. Trata-se de um acréscimo de 4 milhões de pessoas entre as que trabalham por conta própria.
A artesã Aparecida de Fátima Costa, 67, moradora de São Bernardo do Campo, conta que quando se aposentou em 2002, deixando o emprego na Telefônica Brasil, queria adotar uma nova atividade para que pudesse passar o tempo. Por isso, começou a fazer artesanato para vender na vizinhança.
Há um mês, ela expõe seus produtos todo domingo na Avenida Paulista. Vai com a irmã, Rita das Graças Costa Salles, que faz toucas e cachecóis junto com a amiga Maria Sebastiana Pires, também artesã. Fátima pontua que a prefeitura autoriza o comércio de artesanatos na avenida, e, por esse motivo, nunca tiveram problemas com a Polícia Militar.
Entretanto, com a pandemia a sua produção foi afetada. “Fiz menos artesanatos, pois perdi um pouco a energia. Isso no começo, por conta das notícias, mas depois fui me adaptando e voltei a produzir”, relembra Aparecida. Porém, mesmo que goste de produzir sua arte, para ela só vender seus artesanatos não ‘quebra o galho’ financeiramente, fazendo com que precise ter outra atividade remunerada nos dias de semana, trabalhando em home office na Via Varejo.
Valéria é outra vendedora de artesanatos que pode ser encontrada na Paulista. A atividade, que já realiza há cinco anos, foi completamente impossibilitada para ela por quase dois anos, e a forma que encontrou de dar continuidade foi migrar para as redes sociais.
Não quis abrir mão do artesanato, porém acabou fazendo outros serviços informais para se manter. “As pessoas não estão pensando em arte por conta da situação ruim, tanto da saúde, ‘de morte’. Por mais que a arte transmita algo bom, financeiramente, para mim, foi muito ruim”, diz Valéria. E completa: “Eu acredito que todos que vendem aqui perto estão da mesma maneira. Quem tá aqui acredita que vai melhorar. Todos têm a mesma sintonia”.
Lucas Silveira, de 25 anos, também descreve sua experiência como vendedor de bebidas na rua. Há mais de cinco anos na atividade, o jovem obtém com as vendas uma renda extra para casa, já que nos dias de semana trabalha de carteira assinada em uma empresa de telemarketing.
Durante a pandemia, Lucas continuou trabalhando com o seu comércio ambulante. Ele cita o auxílio emergencial como fundamental para a sua renda familiar, já que durante o isolamento não estava formalmente contratado.
Dados da Pnad mostram que 70% dos ambulantes receberam o benefício do governo durante os primeiros meses da pandemia. Contudo, com a redução do auxílio e as novas regras criadas em 2021, inúmeros brasileiros dizem que não foi o suficiente para manter a renda familiar, considerando as altas taxas de desemprego e inflação no país.
Como pai de um filho de três anos de idade, a principal preocupação de Lucas e de seus colegas “da rua” é o prejuízo causado pela repressão policial.
“É muito prejuízo, só [a carreta usada] custa mais de R$ 300, o isopor R$ 90, sem contar os produtos.” diz o jovem. O vendedor enxerga a situação dos ambulantes como “normal”, mas reconhece que no início do confinamento houve um grande aumento nos casos de violência policial.
O setor informal, descrito pelo IBGE como as unidades econômicas “com baixo nível de organização, com alguma ou nenhuma divisão entre trabalho e capital como fatores de produção, e em pequena escala, sendo ou não formalmente constituídas”, é o que mais reflete a situação econômica no momento devido à vulnerabilidade de quem atua nele.
Vendendo sua arte desde os 16 anos, Sarah Soares diz que o artesanato é sua principal fonte de renda. Aos 39, ela conta que a pandemia foi complicada para todos os artesãos, já que tal categoria não teve “respaldo algum de nenhum órgão artístico ou governamental”.
Sarah nem sempre trabalhou na rua. Dos 23 anos de seu negócio, sete foram em uma loja localizada em Pinheiros, porém passou por dificuldades com a fiscalização por ser confundida como vendedora de produtos falsificados. Ao retornar às ruas, diz ter sido muito bem recebida. A artesã também ensina arte para jovens de comunidades.
A artista trabalha aos fins de semana na rua, e nos dias da semana cuida de hortas comunitárias, que hoje representam parte dos seus rendimentos. Sarah recorda que, em governos anteriores, ela conseguia trabalhar de domingo a domingo apenas com sua arte. Mesmo assim, é ela que sustenta sua família: hoje a artesã tem três filhas e três casas ao redor do Brasil.
Os vendedores ambulantes e os artesãos, protegidos por iniciativas como a da Avenida Paulista, representam um dos grupos de trabalhadores mais vulneráveis da população, e seu aumento e suas condições de trabalho são reflexos do momento econômico atual.
A partir da segunda metade do século 20, diversos esportes passaram a se preocupar em expandir sua influência mercadológica. Há, inclusive, competição entre campeonatos da mesma modalidade. Parte dessa briga foi trazer maior conforto ao consumidor, o que gerou o processo chamado de “arenização”.
O processo de arenização anda de mãos dadas com questões de segurança e outros aspectos sociais, mas tem um fundo extremamente atrelado à economia, isso por conta de seus impactos diretos no preço do ingresso.
Antes de qualquer coisa, no exterior a existência de ligas é algo comum nos campeonatos de mais alto nível e foi um sistema de organização das competições visando maior equidade na distribuição financeira entre times. Nos Estados Unidos é o padrão, porém na construção da cultura desportiva o futebol é recente, diferentemente da Europa. A grande chave foi a criação da Premier League na Inglaterra em 1992, atualmente a principal liga do esporte no mundo.
A Premier League foi fundamental para uma revolução no futebol disputado na Inglaterra, tanto no jogo em si como nas arquibancadas. Primeiramente, a reputação dos clubes mudou completamente de status ao redor do mundo, tornando-se mais populares ao redor do mundo, atraindo mais astros para um cenário muito briguento e de prática pouco vistosa. Teoricamente, não condizia um esporte com uma melhora tão grande no desempenho com os estádios que recebiam as partidas, além das torcidas vistas como violentas presentes no entorno do espetáculo.
Nasce um movimento de modernização dos estádios, muito aliado também à Copa do Mundo. Em 1994, por exemplo, nos Estados Unidos, boa parte dos estádios sede perderam brilho e caíram no desuso pouco depois, sendo demolidos (caso do Pontiac Silverdome em Detroit) ou foram revitalizados (Stanford em Palo Alto). Em 2002 (no Japão e na Coreia do Sul) e em 2006 (Alemanha) foi perceptível o aumento de arenas no cenário do futebol, que se espalharam pelo mundo.
Não seria diferente nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O Beira-Rio do Internacional, por exemplo, foi completamente reformado, assim como o Maracanã, que perdeu a geral, o setor mais popular do estádio, com ingressos extremamente baratos.
Modernas, as arenas têm custos exorbitantes de construção e operação, o que acaba por diminuir a capacidade de público. Em troca existe um conforto muito maior para quem frequenta, tanto em um sentido de ir e vir, quanto dentro do estádio. Tudo isso contribui para o preço cobrado para um ingresso de jogo.
Algo muito perceptível na Neo Química Arena, por exemplo, é a presença em massa da torcida corintiana nos setores Norte (notadamente das torcidas organizadas, sem cadeiras e de preço popular), Sul (evidentemente o lado oposto, atrás do gol e, portanto, o segundo mais barato), Leste (de maior capacidade se comparado aos outros dois e um pouco mais de “luxo”). O mesmo não pode ser dito do setor Oeste, o mais luxuoso da arena e que, se o jogo não for de apelo gigante, se torna um mar de cadeiras brancas, como descreve Martim Moura, estudante de jornalismo da Cásper Líbero e torcedor do Corinthians.
O torcedor relata uma experiência na Arena, mas em jogo de Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2022 quando se deparou: “com um verdadeiro deserto”. Moura lembra que foi sua primeira vez no setor Norte, com o preço inferior, mas na competição estava longe de ser barato. A impressão que ficou foi de: “um público pífio para um jogo importante da Seleção Brasileira e na maior metrópole do país”. De fato, para um estádio com capacidade de 45 mil pessoas, 22.080 é muito pouco. Vale dizer que o número de torcedores presentes foi inflado, já que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), distribuiu 8 mil ingressos para profissionais da saúde.
A razão desse vazio é sem dúvidas o preço cobrado por uma cadeira, especialmente no atual momento de crise econômica. Voltando para o Corinthians, o sócio adimplente do plano “Minha História” (o segundo mais caro do “Fiel Torcedor”, o programa de sócios do clube) teria de desembolsar R$ 100 para uma partida da décima primeira rodada (de trinta e oito jogos, sendo somente dezenove de mando corintiano) do Campeonato Brasileiro no setor oeste inferior lateral. Se optar por uma cadeira central do mesmo setor seriam R$ 400, já que o lugar não foi disponibilizado dentro de seu benefício de assinante. Se aliar aos R$ 240 cobrados na mesma cadeira lateral para a partida da oitava rodada (treze dias de separação), são R$ 340 gastos em somente duas partidas.
Isso considerando o fato de que as partidas do Campeonato Brasileiro são consideravelmente mais baratas que as da Libertadores da América. Para a maioria daqueles que conseguiam acompanhar várias partidas seguidas no estádio, nesta realidade a situação fica inviável.
Se o estádio em favor faz diferença competitiva para o time, com o apoio da torcida sufocando o adversário, por qual motivo os times aceitam cadeiras vazias, lutam firmemente contra os protestos das torcidas e não abaixam o preço para lotar as arenas? Vinícius Sabbag, estudante de economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo e estagiário na S&P Global Ratings, aponta justamente o custo de operação e, além disso, um fator que é muito vinculado ao esporte e ao amor dos torcedores:
“O clube é monopolista, ou seja, só ele é capaz de disponibilizar um certo bem no mercado. Nesse caso é a cadeira do time dele. Não é um produto que várias empresas podem vender, no qual o preço é ditado por uma combinação dessas produções”.
Sendo assim, todos os preços de ingresso (seja de torcedor comum até o plano mais caro de um sócio-torcedor) são pensados para maximizar o lucro. Abaixar o preço, mesmo que para vender mais espaços, representa uma diminuição no potencial de receita. Além disso, o custo de operação das arenas é maior e, quanto mais pessoas presentes, mais caro ainda, devido a itens como segurança, luz, limpeza e serviços de alimentação. “Quanto menor o preço, mais gente vai querer comprar, só que é necessário encontrar um equilíbrio. Será que ele produz mais por um preço menor ou ele produz menos e vende em um preço mais caro? Quanto é necessário abaixar o preço para mudar tanto a demanda?”, reflete Sabbag.
Sempre o dinheiro cobrado por uma entrada em partidas de futebol foi pauta, mas nos últimos anos a discussão se intensificou, considerando a realidade financeira do brasileiro. Por diversas razões econômicas, não só ligadas ao país mas no mercado mundial do futebol, o torcedor está sendo cada vez mais afastado do ambiente que pertence.
Foto: https://pxhere.com/pt/photo/67489
Com as restrições de distanciamento social sendo flexibilizadas e os impactos econômicos do período de dois anos da Covid-19 sendo publicados, percebemos que os estúdios de tatuagem vivem um período de crescimento e renovação. Para analisar esta situação, sintetizamos algumas informações colhidas neste podcast. Ouça aqui
Durante a pandemia, os pequenos estabelecimentos comerciais foram os que mais sofreram com a inflação e os impactos econômicos da Covid-19, segundo estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Uma outra pesquisa, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostrou que o aumento no preço de insumos e mercadorias, seguido pela alta dos combustíveis, aluguéis e energia elétrica, são os fatores que mais pressionam os negócios de pequeno porte no país.
“A pesquisa fez uma estimativa de que 50 milhões de brasileiros que ainda não empreendem, mas querem abrir um negócio. Desse total, um terço teria sido motivado pela pandemia”, disse o presidente do Sebrae, Carlos Melles, em entrevista para a CNN.
Ainda segundo o Sebrae, as micro e pequenas empresas (MPE) puxaram a criação de empregos formais em 2021. Dos cerca de 2,5 milhões de postos de trabalho formais criados no Brasil, 1,8 milhão, o equivalente a 71% do total, originou-se em pequenos negócios.
O Brasil registrou um número recorde de abertura de pequenos negócios no ano passado. Foram mais de 3,9 milhões de empreendimentos, aumento de 19,8% em relação a 2020. Do total de Cadastros Nacionais de Pessoas Jurídicas (CNPJs) criados no ano passado, 3,1 milhões optaram por ser Microempreendedor Individual (MEI), o que corresponde a 80% dos negócios abertos.
Os jovens irmãos empreendedores Kaique, 25, e Leonam, 19, criaram um negócio de pasteis durante a pandemia. Localizado no Tucuruvi, Zona Norte de São Paulo, o empreendimento foi inaugurado neste ano e sofreu, de cara, com o aumento dos produtos utilizados nas obras.
“O setor da construção civil cresceu durante a pandemia e não parou, porém o aumento da matéria-prima (ferro, inox, alumínio, areia, pedra, etc) estava crescendo também. O preço desses itens aumentava 5% todo mês, alguns 7%, toda vez que ia atrás comprar”, afirma Kaique.
Segundo ele, os preços subiam muito e atrapalharam a abertura do negócio: “O valor estimado da construção do estabelecimento foi duas vezes maior do que o preço estabelecido no início do projeto, por conta desse aumento das matérias-primas básicas para erguer o local.”
Após erguer o local, que teve de ser aberto antecipadamente por conta da necessidade de fazer o dinheiro girar, para não ficar no prejuízo e se complicar, os irmãos avaliam que será necessário readaptar o preço dos pasteis. Leonam explica o porquê:
“O preço do produto final, o pastel, aumentou muito por conta dos ingredientes usados. O pastel custava sete reais antes da pandemia, agora está em nove e será necessário ir para dez, aumentando cerca de 42% em relação ao que era antes. Então, a pandemia influenciou muito nesse aumento”.
A principal proposta, para se diferenciar dos pasteis da feira, foi a criação de um produto que, mesmo não sendo lucrativo, atrai os clientes para o estabelecimento
“Nossa ideia é equiparar os preços com os da feira, para manter nossos clientes. Abaixamos o preço de algo, mesmo que não nos beneficie. Por exemplo, nossa aposta é o pastel especial, onde você monta o pastel com quantos ingredientes quiser. É um preço maior, mas é personalizado e com o tamanho maior também. É uma forma de manter um cliente pagando dez, onde ele já pagou cinco anteriormente”, explica Kaique.
Por fim, Leonam contou sobre as entregas, que diminuíram por devido aos problemas econômicos que o Brasil vive por causa, entre outros motivos, da inflação:
“Sobre o consumo, é uma média de 270 entregas por final de semana. Nesses últimos meses, abaixou para 180. É uma redução grande, cerca de 30%”.
O Sebrae adverte em seu site sobre os perigos da inflação. Com o aumento de preços nas contas de energia, combustíveis, alimentação, dólar, aluguel e matérias-primas (mencionado pelos irmãos Leonam e Kaique), somado a toda a crise já enfrentada nos últimos anos devido à pandemia, crescem os desafios aos pequenos negócios, o que exige dos empreendedores muito mais cuidado, planejamento e inteligência na gestão.
Por fim, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, ficou em 0,47% em maio, após alta de 1,06% em abril. A inflação atingiu 11,73% no acumulado de 12 meses e 4,78% no acumulado do ano.