A festa que enche o Brasil de cores e os comerciantes de oportunidades
por
Nicole Domingos
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12/09/2025 - 12h

Por Nicole Domingos

 

O Carnaval, que se vende como festa e se compra como tradição, não é apenas desfile de rua, batuque de samba ou fantasia improvisada. É também uma virada de chave para o comércio, que transforma a purpurina em faturamento. Em janeiro de 2024, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), publicou que o ano de 2025 movimentaria mais de R$9 bilhões, reforçando seu posto como uma das datas mais rentáveis do calendário econômico. Na contabilidade da festa, cada rua cheia de foliões é também um corredor de consumo. As farmácias que dobram as prateleiras de protetor solar, os supermercados que multiplicam o estoque de bebidas, as lojas de fantasia que expõem brilhos e lantejoulas como se fossem joias de temporada. Roberto Devidis, representante de vendas para armarinhos e lojas de customização na rua 25 de março,  considera que o carnaval é uma espécie de Natal fora de época.

Nos bastidores da festa, empresários calculam margens, fornecedores disputam espaço nas prateleiras e pequenos comerciantes fazem de cada esquina uma oportunidade. Para Marlene Batista, dona de loja de armarinhos, não existe nenhum período em que cresce as vendas como nesse tempo. Ela diz que antes mesmo da virada do ano já recebe pedidos de escolas de samba, tanto de produtos para a confecção dos carros, quanto para as roupas que serão usadas na avenida. Além disso,  o carnaval cria um ambiente de consumo que vai além da festa. Aumenta o fluxo em bares e restaurantes, multiplica reservas em hotéis e aplicativos de hospedagem, movimenta aplicativos de transporte, gera impacto até nos varejos de eletrodomésticos, com vendas de caixas de som, ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. A folia, nesse sentido, extrapola o sambódromo e se infiltra em cada detalhe da vida cotidiana.

O ambulante que vende água, cerveja e todo tipo de bebida no bloco, a costureira que aceita ideias improvisadas de fantasias, o maquiador que tem que sempre ter uma ideia nova e cores vibrantes, todos compõem a cadeia econômica do carnaval. Em uma reportagem postada pelo Ministério da Cultura fica claro como não só os empresários com suas lojas têm a oportunidade de garantir uma boa renda, mas também aqueles que precisam de momentos como esse para sobreviver, como ambulantes que trabalham com eventos sazonais.

Outro ponto relevante é a geração de empregos temporários. Segundo a revista Forbes, a folia deve impulsionar, ainda, o mercado de trabalho, com a criação de 300 mil postos temporários, no interior e no litoral do Estado de São Paulo. O coordenador do Núcleo de Pesquisa da Fhoresp, Luís Carlos Burbano, destaca que esses empregos geram renda imediata para as famílias, contribuindo para a dinamização da economia local. Para muitos trabalhadores, o Carnaval representa a chance de garantir uma renda extra no início do ano. Essa circulação de dinheiro não apenas aquece os centros urbanos, mas sustenta muitas famílias que, durante os quatro dias de festa, encontram mais renda do que em meses inteiros de trabalho formal.

O contraste, no entanto, se mantém: se o brilho é abundante nas grandes cidades turísticas, os municípios sem tradição carnavalesca mal percebem a onda econômica. O comércio local, nesses lugares, vê pouco ou nenhum aumento expressivo nas vendas. Em pesquisas são sempre mostradas locais como o Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Minas Gerais. É como se o Carnaval, enquanto festa, fosse universal, mas enquanto motor econômico fosse seletivo. Ainda assim, mesmo de forma desigual, a festa gera reflexos nacionais, movimentando cadeias de produção que alcançam diferentes regiões.

No fim, a conta é simples: o País veste fantasia, mas o comércio veste números. O carnaval continua sendo um dos maiores espetáculos do mundo, já que a matéria da Forbes explica que lugares com a fama do Rio de Janeiro atraí não só turistas brasileiros como também internacionais para a festa. E de acordo com Enio Miranda, diretor de Planejamento Estratégico do Núcleo de Pesquisa da Federação dos Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp),  o Carnaval está cada vez mais consolidado no calendário de eventos dos turistas estrangeiros.

Na soma final, não se trata apenas de quatro dias de festa, mas de um ciclo econômico que começa semanas, ou até mesmo meses antes, se prolonga depois da Quarta-feira de Cinzas e reafirma a festa como um patrimônio não só cultural, mas também econômico do Brasil.

Indicador registrou crescimento da economia brasileira de 0,3% no segundo trimestre de 2025
por
Marcelo Barbosa
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20/08/2025 - 12h


O Banco Central (BC) divulgou nesta segunda-feira (18) os dados do IBC-BR (Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil) referentes ao mês de junho. Os números mostraram uma queda de 0,1% em relação a maio, mas o resultado do segundo trimestre de 2025 se manteve positivo, com um crescimento de 0,3%. O IBC-BR é um dos indicadores oficiais da economia brasileira. Ele faz uma estimativa de crescimento levando em conta três setores: agropecuária, indústria e serviços. O índice foi criado para trazer números frequentes sobre a atividade econômica do Brasil e tem influência sobre as decisões financeiras do país, servindo de auxílio para políticas monetárias, como a taxa de juros (Selic).

Por exemplo, quando a taxa de juros está em patamares elevados, isso reduz a atividade econômica, o que se reflete nos números do indicador. Por isso, atualmente, ele é lido pelo mercado como a "prévia do PIB".

 
 

Fachada do Banco Central do Brasil em Brasília — Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
IBC-BR: agropecuária, indústria e serviços tem leve alta no segundo trimestre de 2025 (Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)

 

 

Retração da economia

Após quatro meses seguidos de bons resultados, maio registrou a primeira retração do ano, de 0,7% em relação a abril. Em junho, a queda foi de 0,1%. De acordo com o professor de economia Renan Silva, do IBMEC Brasília, "a alta deu-se devido à Selic, que chegou ao patamar de 15%”. Ele explicou que "o que corrobora para essa questão da taxa de juros restritiva é o fato de que os indicadores de inflação vêm arrefecendo. No último relatório Focus, do Banco Central, o IPCA já registra uma inflação, em 2025, de 4,95%, ante os 5,30%, que as projeções vinham indicando”.

 

Os dados oficiais do Banco Central confirmam que a agropecuária foi o principal fator para a retração no trimestre, com uma diminuição de 3,1% no período. Por outro lado, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que o destaque de junho foi o aumento de 0,3% no volume do setor de serviços. A produção industrial teve um recuo de 0,1% no mês, e as vendas no varejo também frustraram as expectativas, recuando 0,1% em comparação a maio. Sob a óptica do professor, o tarifaço de Donald Trump pode trazer efeitos adversos e "provocar uma redução intensa no segundo semestre”.

 

Nos últimos 12 meses, os números ficaram em 3,9%, o que representa uma desaceleração em face ao mesmo período, que marcou uma alta de 4,04%.

 

Para o futuro, Silva acredita que a retração na atividade econômica pode influenciar o COPOM (Comitê de Política Monetária) - órgão responsável por estabelecer as diretrizes da política monetária - a iniciar um novo ciclo na queda dos juros. "Esse ciclo restritivo já teve efeito, o que gerou como resultado a redução na atividade econômica”, conclui. A retração de 0,6% no terceiro trimestre de 2023 havia sido a última queda do indicador antes dos recuos registrados neste ano.

Alimentação e bebidas têm deflação em relação ao mês anterior, enquanto habitação sofreu alta devido ao aumento da conta de luz
por
Marcelo Barbosa P.
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13/08/2025 - 12h

O IBGE divulgou nesta terça-feira (12) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação do país. Os dados apontam que houve um aumento de 0,26% no mês de julho, uma leve alta em comparação com a taxa de 0,24% registrada em junho. No ano, o IPCA já acumula desaceleração de 3,26% e, nos últimos 12 meses, de 5,23%.

De acordo com o gestor de investimentos e especialista financeiro da WFlow, Guilherme Viveiros, a inflação surpreendeu positivamente. "O índice deste mês veio com o valor de 0,26%, enquanto o mercado via uma elevação de 0,36%". O mês de agosto também deve apresentar queda, com índices negativos o que, segundo Viveiros, "fez com que o mercado começasse a sondar uma possível queda dos juros ainda em 2025".

Entre os setores da economia que apresentaram deflação, ou seja, queda de preços, estão o grupo Alimentação e bebidas (-0,27%), Vestuário (-0,54%) e Comunicação (-0,09%). Em contrapartida, entre os maiores destaques da alta estão os grupos Habitação (0,91%) e Despesas Pessoais (0,76%). A alta do grupo Habitação foi impulsionada pela energia elétrica residencial, com variação de 3,04% - o maior impacto individual no índice do mês. Esse número se deve ao fato de que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) confirmou a bandeira tarifária de agosto, que será a Vermelha patamar 2, a mais cara do sistema. Como consequência disso, haverá um acréscimo de R$ 7,87 para cada 100 kWh consumidos na conta de luz.

O grupo Transportes também teve aceleração, passando de 0,27% em junho para 0,35% em julho, impulsionado pela alta de 19,92% nas passagens aéreas. Por outro lado, os combustíveis tiveram uma queda de 0,64% no mês, com recuos no preço do etanol (-1,68%), do óleo diesel (-0,59%), da gasolina (-0,51%) e do gás veicular (-0,14%).

 Já o grupo Alimentação e bebidas, que tem o maior peso no IPCA, registrou baixa pelo segundo mês consecutivo. A queda em julho foi impulsionada pela alimentação no domicílio, que caiu 0,69% com destaque para redução nos preços da batata-inglesa (-20,27%), da cebola (-13,26%) e do arroz (-2,89%).

 

Reprodução: Tânia Rego/Agência Brasil | Pessoas andando em um mercado
Reprodução: Tânia Rêgo| Pessoas escolhem frutas em um mercado


Rafael Prado, economista e analista de macroeconomia da Go Associados, chama a atenção para o fato de que o valor da inflação deste mês ainda é elevado em relação à meta de 4,5% ao ano. Segundo ele, o resultado deste mês é prova de que a política monetária pode atuar de maneira enfática nos dados. "Quando nós olhamos para os números desagregados do IPCA, vemos que existem grupos, como Habitação que foi impactado pela energia elétrica, que influenciaram para o aumento de julho". Para ele, isso ressalta a importância de "continuar com uma política monetária restritiva, para que a inflação continue caindo e volte ao intervalo de tolerância."

Já o professor de economia João Gabriel Araújo, do Ibmec Brasília, destaca o efeito Trump na economia brasileira. Segundo ele, a guerra tarifária vai ser um dos fatores determinantes para a queda dos preços no Brasil. "Com o anúncio das medidas para o Brasil, especialmente a tarifa de 50% sobre as importações, os produtores nacionais aumentaram os estoques para o mercado interno, reflexo da diminuição das exportações para os Estados Unidos antes da implementação da tarifa e do consequente aumento da oferta de bens no mercado doméstico".

O cálculo do IPCA foi realizado a partir da comparação dos preços coletados entre 1 e 30 de julho de 2025 com os preços vigentes entre 30 de maio e 30 de junho de 2025. O IPCA abrange famílias com rendimento monetário de 1 a 40 salários-mínimos. Já o INPC, que considera famílias com rendimento de 1 a 5 salários-mínimos, teve alta de 0,21% em julho, com acumulado de 3,30% no ano.

A falta de renda fixa, escolaridade e educação financeira empurra jovens para ciclos longos de endividamento.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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24/06/2025 - 12h

Entre boletos parcelados, cartões de crédito e ofertas de empréstimos rápidos, jovens brasileiros têm se tornado protagonistas de um fenômeno crescente: o superendividamento. Sem renda fixa, sem vínculo formal com instituições financeiras e com pouca ou nenhuma educação financeira, parte expressiva dessa população vê no crédito imediato uma resposta à sobrevivência, ainda que, a longo prazo, isso signifique um acúmulo impagável de dívidas.

A especialista em consumo e pesquisa de mercado, Eduarda Barreto, 27, chama atenção para a complexidade do problema. Para ela, não se trata apenas de comportamento individual, mas de um contexto social e estrutural. “Em 2022, uma pesquisa do Banco Central mostrou que 22% dos jovens entre 15 e 29 anos estavam fora da escola e do mercado de trabalho. Isso representa cerca de 11 milhões de jovens sem renda fixa ou escolaridade mínima para acessar melhores oportunidades”, afirma.

Eduarda Barreto em palestra na FEA-USP
Eduarda Barreto em palestra na FEA-USP 

Esse grupo, segundo Eduarda, é o mais vulnerável a modalidades de crédito como empréstimos emergenciais ou cartões pré-aprovados. Com pouco conhecimento sobre juros e condições, esses jovens recorrem ao que está disponível mesmo que isso signifique aceitar taxas elevadas e prazos inflexíveis. Ela explica que não se trata de crédito para investir, mas para sobreviver. Muitas vezes, o empréstimo serve para pagar contas básicas como luz, gás e alimentação.

Eduarda destaca que esse ciclo é agravado pela ausência de políticas públicas consistentes de educação financeira desde os primeiros anos escolares. Jovens que não estão inseridos no mercado de trabalho ou na escola muitas vezes não têm qualquer orientação sobre orçamento, crédito ou endividamento. O resultado é um cenário em que decisões são tomadas no impulso da necessidade, sem planejamento ou capacidade de negociação com bancos.

A falta de vínculo estável com instituições financeiras também pesa. Quem não tem um histórico com o banco dificilmente acessa linhas de crédito com melhores condições. Barreto observa que, mesmo com juros altos, muitos jovens aceitam a única oferta disponível, pois não têm tempo nem suporte para tomar uma decisão mais estratégica. Eles precisam do dinheiro de forma imediata.

Embora programas de renegociação de dívidas e feirões "limpa nome" tenham ganhado força nos últimos anos, Eduarda pondera que eles não atacam o problema na raiz. O superendividamento juvenil é reflexo direto de um sistema que oferece crédito sem oferecer estabilidade, informação ou perspectivas.

Chris Martin terá apresentação aberta ao público em Belém para promover a COP 30
por
Victória Miranda
Ana Julia Mira
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10/06/2025 - 12h

No dia primeiro de novembro, o cantor do grupo musical Coldplay, estará se apresentando no Mangueirão (Estádio Olímpico do Pará). O estado também será palco da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) e o festival, que contará com outros grandes nomes da música, faz parte da promoção da campanha #ProtejaAAmazônia.

Os shows gratuitos têm sido ferramentas poderosas do governo brasileiro para promover turismo e projetos nacionais. Mesmo sendo totalmente abertos ao público, essas apresentações movimentam a economia brasileira em diversos aspectos. Entenda mais sobre o assunto e confira as falas da doutora em Comunicação e Cultura e professora titular do programa de pós-graduação em Economia Criativa, Lucia Santa-Cruz, em entrevista em vídeo para a AGEMT. 

 

 

Ausência de organização está entre as causas; especialistas dão dicas de planejamento para evitar contas no vermelho
por
João Serradas
Otavio Preto
Thomaz Cintra
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14/04/2023 - 12h

A falta de planejamento financeiro está entre os principais motivos para o endividamento de boa parte da população. Por isso é de extrema importância que as pessoas tenham em mente noções básicas de educação financeira. Com algumas técnicas simples, é possível aprender a gerenciar o dinheiro de maneira eficaz e evitar cair em armadilhas ou situações delicadas. 

Quando se refere a essa população menos favorecida, a educação financeira se torna uma grande ferramenta, os ajudando a lidar com as despesas diárias. Porém, nem tudo é fácil, já que muitas dessas pessoas sofrem certos empecilhos que as impedem de se aprofundarem sobre o tema ou que fazem de suas vidas mais difíceis em relação à prática do estudo financeiro. 

Um dos motivos para esta situação ocorrer é justamente a falta de renda. Muitas pessoas vivem com salários baixos ou irregulares, o que dificulta o pagamento de despesas e a formação de uma reserva financeira. Quando surge uma emergência, como uma doença ou um acidente, muitas pessoas são forçadas a recorrer a empréstimos para cobrir suas despesas, o que pode levar a um endividamento insustentável. A partir desse momento, torna-se quase impossível a chance de poder ter o privilégio de guardar ou investir uma certa quantia de dinheiro. 

E apesar da faixa salarial dos brasileiros ser o grande indicador de dívidas, várias pessoas com diferentes rendas, até mesmo aquelas com uma situação mais favorável, sofreram as consequências do endividamento no último ano. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em março deste ano, cerca de 78,3%de famílias brasileiras estão endividadas. Entre os mais pobres o número é ainda maior, sendo 80%. A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa. A partir disso, é notável o fato de as pessoas enfrentarem desafios em relação à gestão de suas dívidas com as despesas mensais. 

O professor de Economia José Geraldo Portugal, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), diz que administrar as finanças com dívidas já existentes não é uma tarefa fácil, mas existe solução.  “O principal desafio para uma boa administração financeira por parte de uma pessoa é obter a compatibilidade entre despesas e receitas totais, ao longo do tempo. A melhor estratégia é ter sempre presente o grau de comprometimento da nossa renda antes de assumir uma nova despesa.”  Além disso, ele ressalta a importância de as pessoas terem consciência em relação ao que se compra, estando atentas a gastos desnecessários e compras em excesso. “mas, sobretudo, ter uma avaliação clara do que realmente precisamos de modo a evitar compras de impulso.” 

Partindo disso, é necessário que não somente as pessoas de renda mais baixa como toda a população em geral, tenham como foco a execução de um planejamento doméstico em suas vidas,. adotando hábitos financeiros saudáveis e que não pesam em suas rotinas.  Economizar no consumo de gás e luz e reduzir os gastos no mercado, são medidas simples que podem ser implementadas rapidamente e, com o tempo, mostrarão resultados. Desse modo, a consciência financeira tende a mudar, viabilizando planos e estratégias mais elaboradas.  Entretanto, mesmo com algumas pessoas se esforçando e buscando melhorar seus quadros financeiros, existem aquelas que ficam pelo caminho e acabam, uma hora ou outra, retornando ao acúmulo de dívidas e se encontrando novamente em uma situação preocupante. 

Segundo Cristiano Sousa, assessor de planejamento financeiro da Andaluz Investimentos, o pior erro que alguém pode cometer é não conhecer suas finanças, ou seja, não ter os próprios gastos mensais mapeados. Deste modo, as pessoas acabam assumindo prestações que são maiores que a capacidade de honrá-las. Para Cristiano, a divisão ideal da renda seria a seguinte: 50% para os custos fixos, 30% para qualidade de vida e 20% para reserva de emergência e investimentos.  Como qualidade de vida, o assessor se refere a objetivos de longo prazo, como um carro, uma casa própria e outros desejos que cada um possa ter. Já a reserva de emergência, é necessária para imprevistos, como um acidente, uma doença ou qualquer outra situação que não esteja nos planos.  

Segundo Sousa, é necessário realizar investimentos para que o dinheiro renda de alguma maneira. Investimentos em renda fixa, por exemplo, são considerados os mais seguros hoje. Entre as suas possibilidades está adquirir títulos de empresas e, após um período estipulado, receber o dinheiro de volta com alguma rentabilidade. O assessor também recomenda “se pagar primeiro”, ou seja, fazer os investimentos e separar a reserva de emergência logo no início do mês, evitando que os aportes deixem de ser feitos devido a outros gastos.  

Uma grande aliada no processo de educação financeira é a tecnologia. A cada ano que passa, novas ferramentas são desenvolvidas e isso se intensificou após o surgimento do coronavírus, quando  as pessoas tiveram que se adaptar e procurar resolver suas tarefas diárias, como trabalho e estudos, de forma remota, totalmente online. O uso da tecnologia diariamente facilitou muito a vida das pessoas. Utilizar os aparelhos e aplicativos digitais para aprender sobre educação financeira e gerenciar suas contas e gastos, reduz o tempo que necessário para administrar as finanças pessoais, pois muitas tarefas podem ser realizadas com o auxílio de aplicativos.

Outra coisa muito importante é o hábito de usar as ferramentas simples de seu celular, como o bloco de notas. Ter controle das entradas e saídas do  dinheiro, saber onde e como está gastando é essencial, pois num momento de crise será possível identificar quais gastos podem ser cortados e quais não devem ser cortados. Portugal também reforça a importância dos usos da tecnologia nesse processo. Ele defende a ideia de as pessoas utilizarem mecanismos de consulta financeira e aplicativos voltados para a educação financeira, esclarecendo as dúvidas e mostrando os melhores caminhos para o usuário. 

Cristiano Sousa diz que é possível confiar nas ferramentas digitais. Ele destaca a existência de diversos aplicativos que auxiliam a população, como a própria planilha do Google. As planilhas são ótimas aliadas quando se trata de conhecer os próprios gastos, já que, ao anotar os seus custos mensais, como alimentação, vestuário e prestações, a pessoa terá noção de seu poder de compra. “Eu gosto de usar a própria planilha do Google., Eu compartilho com a minha esposa e por lá nós temos um controle maior”, conta o assessor da Andaluz.

Grande parte das pessoas que têm problemas financeiros podem ser associadas à falta de educação financeira, e muitos dos indivíduos presentes nesse grupo são representantes da classe de baixa renda no Brasil. Por isso, é de extrema importância que haja investimentos por parte do Estado na área, analisando esse cenário atualmente, essa parece ser a melhor solução. 

Presidência do BC ignora Planalto e descontenta setores industriais
por
Rodrigo Lozano Ferreira
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08/04/2023 - 12h

 

Em 22 de março, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), anunciou a taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75%, mantendo o mesmo valor desde agosto de 2022, apesar da forte pressão de Lula para diminuição da taxa..

 

Por decreto do ex-presidente, Jair Bolsonaro, o Banco Central se tornou autônomo em 2021. Por essa razão, o novo governo não tem autoridade para mudar a presidência da instituição, atualmente ocupada por Roberto Campos Neto, que deverá se manter no cargo até 31 de dezembro de 2024, indicado por Bolsonaro e forte opositor de Lula.

 

Em entrevista à Carta Capital, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), acusa Campos Neto de boicotar o governo de Lula: “É fundamental dizer que o senhor Campos Neto é um bolsonarista. Esse cara está boicotando o governo, essa é que é a verdade”. 

 

“Se o Banco Central não fizer uma redução, mesmo que mínima, vai ser uma decisão não técnica, mas política”, afirma o colunista da UOL e professor de jornalismo na PUC-SP Leonardo Sakamoto à UOL NEWS.

 

O presidente da FIESP (Federação da Indústria do Estado de São Paulo), Josué Gomes, representando o setor industrial brasileiro, já declarou, em fevereiro, apoio a Lula no combate contra a taxa de juros. Com o aumento da taxa de juros, as indústrias recebem menos demanda, ao mesmo tempo em que encarece investimentos. Para manter seus lucros e expandir suas indústrias, a taxa de juros deve baixar.

 

Pequenos empreendedores e empresários, pelo mesmo motivo, perdem com o juros elevado, assim como a classe trabalhadora. “Para quem vive de salário, é predatório, uma barbárie que lembra uma violência escravocrata”, afirma Daniel Calazans, secretário geral da CUT-SP e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

 

A pressão que o governo Lula exerce sobre o BC, no momento, além de uma tentativa de conter a degradação imediata das condições de vida do povo brasileiro, reafirma o desejo do presidente, expresso durante a campanha, de industrializar o Brasil e criar uma economia forte.

 

Diversas fábricas e montadoras automotivas já estão diminuindo a carga de trabalho, antecipando férias, e outras medidas para diminuir os gastos. Em última medida, Calazans acredita  na possibilidade de indústrias fecharem temporariamente e voltarem em outro momento, neste caso, muitos trabalhadores perderiam emprego, como já tem acontecido nos últimos anos. "Agora vemos o impacto do juros, a população está vendo”, afirma o sindicalista, hoje 80% da população brasileira, acredita que Lula age bem ao pressionar pela queda de juros, segundo pesquisa Datafolha (02/04).

Com variação de 0,1% frente ao último trimestre, a taxa de desemprego se mantém estável, mas especialistas alertam sobre a expectativa de aumento nos próximos meses
por
MARIA LUIZA DA CRUZ ARAUJO
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23/03/2023 - 12h

Por Malu Araújo, Sônia Xavier

O aumento de 0,1% representa o número da mão de obra ociosa no Brasil. Imagem- Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo.
O aumento de 0,1% representa o número da mão de obra ociosa no Brasil. Imagem- Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo.

 

O relatório da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar), na última sexta-feira (17), mostrou que a taxa de desemprego no Brasil aumentou para 8,4%, no período de novembro a janeiro. A taxa se encontrava em 8,3% no trimestre anterior, correspondente aos meses de agosto a outubro.

Apesar do acréscimo de 0,1% no índice de desocupação, a taxa foi a menor para o período desde 2015.   Para alguns especialistas da área, o acréscimo viria a ser uma “faca de dois gumes”, porque ao mesmo tempo que ela representa certa estabilidade para o mercado no momento, não deixa de ser uma dado preocupante, uma vez que se trata da mão de obra ociosa no Brasil neste momento.

A pesquisa apontou uma queda no número de pessoas desempregadas em cerca de 3 milhões, no ano passado, 12 milhões de brasileiros estavam inativos.

Ainda na comparação anual, o relatório mostrou uma queda de 22,5% na taxa de subutilização - dados que se referem a pessoas desocupadas, subocupadas e desalentadas (quando já desistiram de procurar emprego). Atualmente, cerca de 21,5 milhões de pessoas se enquadram nessa categoria.   

Outro indicador analisado pelo IBGE e que apresentou melhora foi o da Renda Média, razão entre a soma da renda mensal domiciliar per capita e número de residentes, que teve seu rendimento habitual acrescido em 1,6% no trimestre, colocando o salário médio em R $2.835.

Para o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Renan Pieri, é importante ficar atento a essas taxas porque refletem a dinamicidade do mercado. "O número de subutilizados nos ajuda a entender melhor o mercado de trabalho", analisa Renan.

Em paralelo, a professora de economia da PUC-SP, Renata Moura Sena, avalia que o possível aumento  na taxa de desemprego está atrelado tanto ao contexto nacional,  que considera o aumento na taxa de juros, e à inflação crescente, tanto ao global, com as crises nos sistemas bancários dos Estados Unidos e da Europa. "Um eventual aumento na taxa de desemprego com mais restrições de crédito, com empresas investindo menos e, eventualmente, com a quebra de empresas", diz Sena.

A economista também destaca o impacto negativo que isso dá sobre o mercado. "Quando você tem uma redução do consumo, você tem as empresas tendo que produzir menos porque vão vender menos e isso é um ciclo muito negativo para economia", analisa a professora.

Apesar do relatório apresentar essa pequena variação, esse “é um dado que a gente precisa observar atentamente”, finaliza a professora Renata Sena.

 

No País do futebol, plataformas de apostas esportivas dominam os espaços publicitários e crescem exponencialmente, mesmo sem uma regulamentação definida.
por
Bruno Hideki Kawagoe
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30/11/2022 - 12h

Por Bruno Hideki

Já fez seu bet hoje? Nem sabe o que é isso? Não é possível. Se você é brasileiro, com certeza já ouviu muito esse termo. Nos últimos anos, a palavra “Bet” — que significa aposta em português — está cada vez mais presente no vocabulário do brasileiro e propagada em anúncios na mídia. Por aqui, ela define o setor dos variados sites de apostas esportivas, nos quais é possível encontrar múltiplas formas de pagamento e valores bastante acessíveis. As “bets” conquistaram o coração do torcedor brasileiro e movimentaram, em 2020, mais de R$ 7 bilhões, segundo o BNL Data.

Isso só aconteceu porque, em 2018, o então presidente, Michel Temer, assinou o Decreto 13.756/18, no qual estabelece que as apostas esportivas passariam também a ser consideradas como modalidade de loteria. O documento previa, ainda, que o Ministério da Economia regulamentasse as apostas no tempo-limite de quatro anos. O prazo é para 12 de dezembro deste ano.

Mesmo com o texto do projeto de legalização parado no Senado e sem a aprovação do atual presidente, os brasileiros podem apostar tranquilamente, pois os sites de apostas se hospedam em países onde esse tipo de atividade é permitida. Apesar do cenário e a necessidade de regulamentação, as empresas estão apostando em estratégias para atrair cada vez o público, e a paixão pelo futebol tornou-se algo desse plano de marketing.

No Brasil, as casas de apostas já patrocinam 20 times da Série A do Campeonato Brasileiro, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e até a TV Globo. Lá fora, países como a Inglaterra avançam na legislação e calculam os possíveis efeito que essa prática pode gerar. Um projeto, ainda em fase de votação, prevê a retirada ou a minimização dos nomes dos operadores de apostas nos uniformes dos times ingleses, visto que esse tipo de propaganda pode ser nociva aos apostadores e incentivar o vício.

Em ano de copa do mundo, o contexto das apostas esportivas ganham força e notoriedade. Mas é preciso também lembrar e ficar atento aos perigos do passado que continuam, até hoje, sendo difíceis de se combater. O mundo das apostas também fomenta uma prática perversa no mundo dos esportes: a manipulação das partidas ou resultados. Nesta copa, por exemplo, já estão sendo analisados relatos sobre a possível articulação de brasileiros para manipular o prêmio “Craque do Jogo” — escolhido por votação popular após a partida — visando lucrar com as apostas.

Claro que em uma competição do calibre da Copa do Mundo é quase impossível acontecer casos como foi a Máfia do Apito, em 2005. Mas é evidente que apostar dinheiro no palpite do acaso pode destinar o esporte à tragédia.

A sexualidade achou seu espaço e descobriu formas de ganhar dinheiro com o conteúdo exibido.
por
Bruno Hideki Kawagoe
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29/11/2022 - 12h

Por Bruno Hideki

 

Receber produzindo para Internet não é uma possibilidade tão recente. O próprio Youtube é considerado o precursor desse movimento. Milhões de internautas ganham a vida se adaptando aos novos modos de criação e emissão, mesmo que boa parte desses ganhos venham de anunciantes — que também percebem e aproveitam o terreno próspero. Entretanto, em muitas plataformas existem restrições para o material a ser compartilhado. E quando se proíbe o erotismo, é como tentar tirar algo inerente ao ser humano. É evidente, portanto, que separar conteúdo adulto do conteúdo para o público geral é algo indispensável, e sites como o Pornhub tentam cumprir essa função.

Porém, mesmo com certa liberdade, muito do que é publicado nesses sites está sob a influência de uma indústria sexista e controladora, a qual é nociva às mulheres — que são maioria nesse sistema perverso e são constantemente tratadas como mero produto ou objeto.

Diante disto, o mundo vem criando novidades que, de certo modo, são promissoras. Você sabe o que é OnlyFans? E Privacy? Para quem nunca ouviu falar, estas são redes sociais com a mesma lógica comum, onde os usuários podem postar fotos, vídeos ou textos. Mas existe uma condição: se quiser ter acesso ao conteúdo, você tem que pagar.

A dinâmica é simples, o usuário cria uma conta gratuitamente e se propõem a compartilhar seu próprio material. O seguidor que quiser ver precisa desembolsar um valor, que é estipulado por quem está ali produzindo. A maioria funciona no esquema de assinatura, e o “influencer” decide quanto cobrar e disponibiliza planos semanais, mensais ou anuais. Mas há também os “packs”, que são como um pacote único, vendidos a um preço fixo com direito ao um material restrito ou personalizado. Outra opção habitual em sites adultos são os chats privados, que são como lives onde é possível interagir ao vivo com as/os modelos caso esteja disposto a pagar por isso também.

A modelo “Yve” — username que usa para preservar sua identidade — conta que começou como Cam Girl em julho de 2021, pois “queria explorar o lance do exibicionismo em uma plataforma segura e feita pra isso, e a venda de conteúdo veio de tabela, porque pediam muito e ofereciam um valor bom por algo que eu já mandava de graça para as pessoas”, conta.

Esta guinada na indústria de imagens tem cada vez mais adeptos que buscam formas de fazer dinheiro, não necessariamente com conteúdo explícito. E o Twitter, devido sua reputação e sua política de restrição, é onde os usuários mais divulgam seus trabalhos e buscam por “clientes”.

Uma usuária do Twitter mais ligada a modalidade dos “packs” — que preferiu também se manter anônima — quando perguntada sobre a quantia que recebe, diz que: “Ganho mais mesmo quando posto alguma foto que tem muito engajamento. Quando é assim, consigo faturar mais de trezentos reais.” E sobre seu conteúdo, confirma que: “São explícitos, vendo semi e nudes, são fotos e vídeos. Tenho Privacy, mas não ajuda muito, pouquíssimas pessoas assinaram.”

Apesar de parecer tranquilo e rentável, ambas as entrevistadas relataram problemas relacionados às formas como são tratadas e aos pedidos inconvenientes. Yve confessa que chegou a receber seis mil dólares em seis meses e se divertiu bastante no processo, mas que o desgaste emocional, psicológico e físico não valeram o dinheiro. Hoje, um pouco fora dos holofotes, faz vídeos de vez em quando por diversão, mas reitera que é preciso estar preparado para tudo ao entrar nesse meio e que não recomenda a ninguém.