A festa que enche o Brasil de cores e os comerciantes de oportunidades
por
Nicole Domingos
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12/09/2025 - 12h

Por Nicole Domingos

 

O Carnaval, que se vende como festa e se compra como tradição, não é apenas desfile de rua, batuque de samba ou fantasia improvisada. É também uma virada de chave para o comércio, que transforma a purpurina em faturamento. Em janeiro de 2024, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), publicou que o ano de 2025 movimentaria mais de R$9 bilhões, reforçando seu posto como uma das datas mais rentáveis do calendário econômico. Na contabilidade da festa, cada rua cheia de foliões é também um corredor de consumo. As farmácias que dobram as prateleiras de protetor solar, os supermercados que multiplicam o estoque de bebidas, as lojas de fantasia que expõem brilhos e lantejoulas como se fossem joias de temporada. Roberto Devidis, representante de vendas para armarinhos e lojas de customização na rua 25 de março,  considera que o carnaval é uma espécie de Natal fora de época.

Nos bastidores da festa, empresários calculam margens, fornecedores disputam espaço nas prateleiras e pequenos comerciantes fazem de cada esquina uma oportunidade. Para Marlene Batista, dona de loja de armarinhos, não existe nenhum período em que cresce as vendas como nesse tempo. Ela diz que antes mesmo da virada do ano já recebe pedidos de escolas de samba, tanto de produtos para a confecção dos carros, quanto para as roupas que serão usadas na avenida. Além disso,  o carnaval cria um ambiente de consumo que vai além da festa. Aumenta o fluxo em bares e restaurantes, multiplica reservas em hotéis e aplicativos de hospedagem, movimenta aplicativos de transporte, gera impacto até nos varejos de eletrodomésticos, com vendas de caixas de som, ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. A folia, nesse sentido, extrapola o sambódromo e se infiltra em cada detalhe da vida cotidiana.

O ambulante que vende água, cerveja e todo tipo de bebida no bloco, a costureira que aceita ideias improvisadas de fantasias, o maquiador que tem que sempre ter uma ideia nova e cores vibrantes, todos compõem a cadeia econômica do carnaval. Em uma reportagem postada pelo Ministério da Cultura fica claro como não só os empresários com suas lojas têm a oportunidade de garantir uma boa renda, mas também aqueles que precisam de momentos como esse para sobreviver, como ambulantes que trabalham com eventos sazonais.

Outro ponto relevante é a geração de empregos temporários. Segundo a revista Forbes, a folia deve impulsionar, ainda, o mercado de trabalho, com a criação de 300 mil postos temporários, no interior e no litoral do Estado de São Paulo. O coordenador do Núcleo de Pesquisa da Fhoresp, Luís Carlos Burbano, destaca que esses empregos geram renda imediata para as famílias, contribuindo para a dinamização da economia local. Para muitos trabalhadores, o Carnaval representa a chance de garantir uma renda extra no início do ano. Essa circulação de dinheiro não apenas aquece os centros urbanos, mas sustenta muitas famílias que, durante os quatro dias de festa, encontram mais renda do que em meses inteiros de trabalho formal.

O contraste, no entanto, se mantém: se o brilho é abundante nas grandes cidades turísticas, os municípios sem tradição carnavalesca mal percebem a onda econômica. O comércio local, nesses lugares, vê pouco ou nenhum aumento expressivo nas vendas. Em pesquisas são sempre mostradas locais como o Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Minas Gerais. É como se o Carnaval, enquanto festa, fosse universal, mas enquanto motor econômico fosse seletivo. Ainda assim, mesmo de forma desigual, a festa gera reflexos nacionais, movimentando cadeias de produção que alcançam diferentes regiões.

No fim, a conta é simples: o País veste fantasia, mas o comércio veste números. O carnaval continua sendo um dos maiores espetáculos do mundo, já que a matéria da Forbes explica que lugares com a fama do Rio de Janeiro atraí não só turistas brasileiros como também internacionais para a festa. E de acordo com Enio Miranda, diretor de Planejamento Estratégico do Núcleo de Pesquisa da Federação dos Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp),  o Carnaval está cada vez mais consolidado no calendário de eventos dos turistas estrangeiros.

Na soma final, não se trata apenas de quatro dias de festa, mas de um ciclo econômico que começa semanas, ou até mesmo meses antes, se prolonga depois da Quarta-feira de Cinzas e reafirma a festa como um patrimônio não só cultural, mas também econômico do Brasil.

Indicador registrou crescimento da economia brasileira de 0,3% no segundo trimestre de 2025
por
Marcelo Barbosa
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20/08/2025 - 12h


O Banco Central (BC) divulgou nesta segunda-feira (18) os dados do IBC-BR (Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil) referentes ao mês de junho. Os números mostraram uma queda de 0,1% em relação a maio, mas o resultado do segundo trimestre de 2025 se manteve positivo, com um crescimento de 0,3%. O IBC-BR é um dos indicadores oficiais da economia brasileira. Ele faz uma estimativa de crescimento levando em conta três setores: agropecuária, indústria e serviços. O índice foi criado para trazer números frequentes sobre a atividade econômica do Brasil e tem influência sobre as decisões financeiras do país, servindo de auxílio para políticas monetárias, como a taxa de juros (Selic).

Por exemplo, quando a taxa de juros está em patamares elevados, isso reduz a atividade econômica, o que se reflete nos números do indicador. Por isso, atualmente, ele é lido pelo mercado como a "prévia do PIB".

 
 

Fachada do Banco Central do Brasil em Brasília — Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
IBC-BR: agropecuária, indústria e serviços tem leve alta no segundo trimestre de 2025 (Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)

 

 

Retração da economia

Após quatro meses seguidos de bons resultados, maio registrou a primeira retração do ano, de 0,7% em relação a abril. Em junho, a queda foi de 0,1%. De acordo com o professor de economia Renan Silva, do IBMEC Brasília, "a alta deu-se devido à Selic, que chegou ao patamar de 15%”. Ele explicou que "o que corrobora para essa questão da taxa de juros restritiva é o fato de que os indicadores de inflação vêm arrefecendo. No último relatório Focus, do Banco Central, o IPCA já registra uma inflação, em 2025, de 4,95%, ante os 5,30%, que as projeções vinham indicando”.

 

Os dados oficiais do Banco Central confirmam que a agropecuária foi o principal fator para a retração no trimestre, com uma diminuição de 3,1% no período. Por outro lado, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que o destaque de junho foi o aumento de 0,3% no volume do setor de serviços. A produção industrial teve um recuo de 0,1% no mês, e as vendas no varejo também frustraram as expectativas, recuando 0,1% em comparação a maio. Sob a óptica do professor, o tarifaço de Donald Trump pode trazer efeitos adversos e "provocar uma redução intensa no segundo semestre”.

 

Nos últimos 12 meses, os números ficaram em 3,9%, o que representa uma desaceleração em face ao mesmo período, que marcou uma alta de 4,04%.

 

Para o futuro, Silva acredita que a retração na atividade econômica pode influenciar o COPOM (Comitê de Política Monetária) - órgão responsável por estabelecer as diretrizes da política monetária - a iniciar um novo ciclo na queda dos juros. "Esse ciclo restritivo já teve efeito, o que gerou como resultado a redução na atividade econômica”, conclui. A retração de 0,6% no terceiro trimestre de 2023 havia sido a última queda do indicador antes dos recuos registrados neste ano.

Alimentação e bebidas têm deflação em relação ao mês anterior, enquanto habitação sofreu alta devido ao aumento da conta de luz
por
Marcelo Barbosa P.
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13/08/2025 - 12h

O IBGE divulgou nesta terça-feira (12) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação do país. Os dados apontam que houve um aumento de 0,26% no mês de julho, uma leve alta em comparação com a taxa de 0,24% registrada em junho. No ano, o IPCA já acumula desaceleração de 3,26% e, nos últimos 12 meses, de 5,23%.

De acordo com o gestor de investimentos e especialista financeiro da WFlow, Guilherme Viveiros, a inflação surpreendeu positivamente. "O índice deste mês veio com o valor de 0,26%, enquanto o mercado via uma elevação de 0,36%". O mês de agosto também deve apresentar queda, com índices negativos o que, segundo Viveiros, "fez com que o mercado começasse a sondar uma possível queda dos juros ainda em 2025".

Entre os setores da economia que apresentaram deflação, ou seja, queda de preços, estão o grupo Alimentação e bebidas (-0,27%), Vestuário (-0,54%) e Comunicação (-0,09%). Em contrapartida, entre os maiores destaques da alta estão os grupos Habitação (0,91%) e Despesas Pessoais (0,76%). A alta do grupo Habitação foi impulsionada pela energia elétrica residencial, com variação de 3,04% - o maior impacto individual no índice do mês. Esse número se deve ao fato de que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) confirmou a bandeira tarifária de agosto, que será a Vermelha patamar 2, a mais cara do sistema. Como consequência disso, haverá um acréscimo de R$ 7,87 para cada 100 kWh consumidos na conta de luz.

O grupo Transportes também teve aceleração, passando de 0,27% em junho para 0,35% em julho, impulsionado pela alta de 19,92% nas passagens aéreas. Por outro lado, os combustíveis tiveram uma queda de 0,64% no mês, com recuos no preço do etanol (-1,68%), do óleo diesel (-0,59%), da gasolina (-0,51%) e do gás veicular (-0,14%).

 Já o grupo Alimentação e bebidas, que tem o maior peso no IPCA, registrou baixa pelo segundo mês consecutivo. A queda em julho foi impulsionada pela alimentação no domicílio, que caiu 0,69% com destaque para redução nos preços da batata-inglesa (-20,27%), da cebola (-13,26%) e do arroz (-2,89%).

 

Reprodução: Tânia Rego/Agência Brasil | Pessoas andando em um mercado
Reprodução: Tânia Rêgo| Pessoas escolhem frutas em um mercado


Rafael Prado, economista e analista de macroeconomia da Go Associados, chama a atenção para o fato de que o valor da inflação deste mês ainda é elevado em relação à meta de 4,5% ao ano. Segundo ele, o resultado deste mês é prova de que a política monetária pode atuar de maneira enfática nos dados. "Quando nós olhamos para os números desagregados do IPCA, vemos que existem grupos, como Habitação que foi impactado pela energia elétrica, que influenciaram para o aumento de julho". Para ele, isso ressalta a importância de "continuar com uma política monetária restritiva, para que a inflação continue caindo e volte ao intervalo de tolerância."

Já o professor de economia João Gabriel Araújo, do Ibmec Brasília, destaca o efeito Trump na economia brasileira. Segundo ele, a guerra tarifária vai ser um dos fatores determinantes para a queda dos preços no Brasil. "Com o anúncio das medidas para o Brasil, especialmente a tarifa de 50% sobre as importações, os produtores nacionais aumentaram os estoques para o mercado interno, reflexo da diminuição das exportações para os Estados Unidos antes da implementação da tarifa e do consequente aumento da oferta de bens no mercado doméstico".

O cálculo do IPCA foi realizado a partir da comparação dos preços coletados entre 1 e 30 de julho de 2025 com os preços vigentes entre 30 de maio e 30 de junho de 2025. O IPCA abrange famílias com rendimento monetário de 1 a 40 salários-mínimos. Já o INPC, que considera famílias com rendimento de 1 a 5 salários-mínimos, teve alta de 0,21% em julho, com acumulado de 3,30% no ano.

A falta de renda fixa, escolaridade e educação financeira empurra jovens para ciclos longos de endividamento.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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24/06/2025 - 12h

Entre boletos parcelados, cartões de crédito e ofertas de empréstimos rápidos, jovens brasileiros têm se tornado protagonistas de um fenômeno crescente: o superendividamento. Sem renda fixa, sem vínculo formal com instituições financeiras e com pouca ou nenhuma educação financeira, parte expressiva dessa população vê no crédito imediato uma resposta à sobrevivência, ainda que, a longo prazo, isso signifique um acúmulo impagável de dívidas.

A especialista em consumo e pesquisa de mercado, Eduarda Barreto, 27, chama atenção para a complexidade do problema. Para ela, não se trata apenas de comportamento individual, mas de um contexto social e estrutural. “Em 2022, uma pesquisa do Banco Central mostrou que 22% dos jovens entre 15 e 29 anos estavam fora da escola e do mercado de trabalho. Isso representa cerca de 11 milhões de jovens sem renda fixa ou escolaridade mínima para acessar melhores oportunidades”, afirma.

Eduarda Barreto em palestra na FEA-USP
Eduarda Barreto em palestra na FEA-USP 

Esse grupo, segundo Eduarda, é o mais vulnerável a modalidades de crédito como empréstimos emergenciais ou cartões pré-aprovados. Com pouco conhecimento sobre juros e condições, esses jovens recorrem ao que está disponível mesmo que isso signifique aceitar taxas elevadas e prazos inflexíveis. Ela explica que não se trata de crédito para investir, mas para sobreviver. Muitas vezes, o empréstimo serve para pagar contas básicas como luz, gás e alimentação.

Eduarda destaca que esse ciclo é agravado pela ausência de políticas públicas consistentes de educação financeira desde os primeiros anos escolares. Jovens que não estão inseridos no mercado de trabalho ou na escola muitas vezes não têm qualquer orientação sobre orçamento, crédito ou endividamento. O resultado é um cenário em que decisões são tomadas no impulso da necessidade, sem planejamento ou capacidade de negociação com bancos.

A falta de vínculo estável com instituições financeiras também pesa. Quem não tem um histórico com o banco dificilmente acessa linhas de crédito com melhores condições. Barreto observa que, mesmo com juros altos, muitos jovens aceitam a única oferta disponível, pois não têm tempo nem suporte para tomar uma decisão mais estratégica. Eles precisam do dinheiro de forma imediata.

Embora programas de renegociação de dívidas e feirões "limpa nome" tenham ganhado força nos últimos anos, Eduarda pondera que eles não atacam o problema na raiz. O superendividamento juvenil é reflexo direto de um sistema que oferece crédito sem oferecer estabilidade, informação ou perspectivas.

Chris Martin terá apresentação aberta ao público em Belém para promover a COP 30
por
Victória Miranda
Ana Julia Mira
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10/06/2025 - 12h

No dia primeiro de novembro, o cantor do grupo musical Coldplay, estará se apresentando no Mangueirão (Estádio Olímpico do Pará). O estado também será palco da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) e o festival, que contará com outros grandes nomes da música, faz parte da promoção da campanha #ProtejaAAmazônia.

Os shows gratuitos têm sido ferramentas poderosas do governo brasileiro para promover turismo e projetos nacionais. Mesmo sendo totalmente abertos ao público, essas apresentações movimentam a economia brasileira em diversos aspectos. Entenda mais sobre o assunto e confira as falas da doutora em Comunicação e Cultura e professora titular do programa de pós-graduação em Economia Criativa, Lucia Santa-Cruz, em entrevista em vídeo para a AGEMT. 

 

 

Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirma que aumento da faixa de isenção vai dar maior poder aquisitivo à população mais vulnerável
por
Henrique Alexandre
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28/04/2023 - 12h

Depois de meses de debate, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, confirmou nesta sexta-feira, 28, que o governo vai aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda para Pessoas Físicas (IRPF). Anteriormente, quem tinha o direto a isenção eram profissionais que recebiam até R$ 1.903,98. Agora, o valor máximo para a renúncia do imposto é de R$ 2.112,00, mas, para quem recebe o valor de R$ 2.640,00, haverá um desconto de R$ 528 sobre o imposto pago na fonte.

Segundo o governo, essa medida é momentânea e a intenção é de que até o final do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a faixa de isenção chegue em R$ 5.000,00.

“Há o compromisso do presidente Lula de isentar do IR salários de até R$ 5 mil, até o fim do governo. Por enquanto, os salários de até R$ 2.640, a partir de 1º de maio, não terão retenção do IR. Durante o mandato, vamos voltar a falar de isenção quando a condição econômica permitir”, disse o ministro em cerimônia de assinatura do reajuste salarial dos servidores do Executivo Federal.

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Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, diz que a medida “ajudará muito” no poder aquisitivo da classe trabalhadora – José Cruz/Agência Brasil

 

BRASILEIROS BENEFICIADOS

Com a medida, 13,7 milhões de brasileiros já deixarão de pagar o IR a partir do mês que vem, de acordo com informações da Secretaria da Receita Federal. Este número representa  quase 40% dos contribuintes.

O trabalhador não precisará tomar nenhuma medida para garantir a isenção. Isso porque, segundo a Receita Federal, a isenção será concedida de maneira automática.

As projeções do órgão mostram que o governo deixará de arrecadar R$ 3,2 bilhões neste ano. Em 2024, o valor renunciado será de R$ 6 bilhões.

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Presidente Lula tenta colocar em prática promessa de campanha relacionada ao IR - José Cruz/Agência Brasil

 

AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO

Em relação ao salário mínimo, o ministro do Trabalho disse que só falta a assinatura do presidente Lula para o valor de R$ 1.320,00 entrar em vigor – atualmente, a base salarial é de R$ 1.302,00. O aumento foi decidido depois da reunião do atual presidente com centrais sindicais e a equipe econômica, nesta quinta-feira (27).

Segundo Paulo Marinho, o governo conversará com o Congresso para que, a partir de 2024, a valorização do salário mínimo leve em conta a inflação do ano anterior e também a variação do PIB de dois anos antes.

Decisão do Banco Central de manter Selic em 13,75% revela conflito entre duas visões antagônicas
por
Enrico Souto e Thaís Leoni
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28/04/2023 - 12h

“É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha a explicação que deram para a sociedade brasileira”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante posse de Aloizio Mercadante na presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O atual Presidente da República tem assumido com força, desde o início do seu mandato, um tom combativo contra o Banco Central que, através do Comitê de Política Monetária (Copom), decidiu por unanimidade, em duas reuniões consecutivas, manter o nível da taxa Selic em 13,75%, onde se encontra estacionada desde agosto de 2022.  

Quase três meses depois da primeira reunião do Copom, os atritos entre Lula e Roberto Campos Neto, presidente da autoridade monetária, só fizeram piorar. Para Lula, estabilizar a taxa em um patamar tão elevado, em um momento tão crítico para a economia brasileira, é um descaso com a população. Ele chegou, inclusive, a questionar a legitimidade da autonomia do BC, afirmando que seria do interesse de empresários manter os juros altos. 

 

Aliados do presidente reforçaram suas críticas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que “houve uma reação do Banco Central às atitudes do governo anterior no período eleitoral, que ensejou aumento da taxa de juros”. Já Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, fez um apelo ao BC, pedindo por “um gesto positivo, a favor do Brasil” 

 

A taxa Selic 

A Selic, é a taxa básica de juros de economia, sendo um valor referencial para fixação de juros cobrados por instituições financeiras. A sigla remete ao Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Seu sistema é uma plataforma do Banco Central, em que são realizadas as operações de compra e venda de títulos federais. A oferta dos títulos é como se o Estado estivesse pegando empréstimos com investidores (pessoas físicas, bancos ou empresas) para pagar suas dívidas.  

Na prática, a média dos juros cobrados do governo pelo dinheiro que foi emprestado é a taxa Selic. Para o Banco Central, ela é a principal ferramenta para o controle de inflação, e interfere diretamente no uso de crédito e na tomada de empréstimos. Quanto mais alto os juros, maior o custo para pegar dinheiro emprestado, assim, cria-se uma pressão para redução do consumo. 

 

 

 

Se ocorre uma diminuição de demanda pela aquisição de bens e serviços, a tendência é que a inflação caia ou entre em estagnação.  

Apesar do veredito do Copom, que decidiu manter a Selic em 13,75% pela quinta vez consecutiva, Lula declarou que continuará lutando para que não aconteça esse aumento. Ele classifica a taxa como absurda e afirma que o país não tem inflação de demanda, o que impactou no mercado de tal forma que a curva de juros e câmbio se modificou.   

De acordo com o Copom, a decisão de manter a Selic tem se dado porque existe um cenário turbulento na economia e no sistema bancário global, o que pode causar pressão para as questões inflacionárias globais. O arcabouço fiscal e a inflação ao consumidor também são uma preocupação. 

 

Por trás do conflito 

Para Marcos Henrique do Espírito Santo, professor e mestre em economia política, a motivação para a definição da taxa Selic está na visão econômica do Banco Central, que ainda é muito ortodoxa. “A organização se apoia em um receituário monetarista, que enxerga na inflação um dos únicos problemas da economia. Então, com o argumento de conter a inflação, a taxa de juros é elevada, que é um modus operandi posto em prática desde a pandemia”, afirma.  

Entretanto, de acordo com ele, essa não passa de uma falácia. O argumento seria que a taxa de juros controla a inflação que, baseada na demanda, cresce conforme o consumo aumenta e o mercado se aquece. “Mas a inflação com que lidamos no Brasil hoje tem origem em oferta e custos – no choque entre o petróleo e outras commodities, por exemplo – e, nesse caso, o controle que a taxa de juros teria é pequeno”, pontua 

Segundo Marcos, o conflito também revela fortes interesses políticos. “Hoje, o Brasil é o maior pagador de juros do mundo, o que faz com que, para os grandes investidores, o país tenha se tornado um verdadeiro paraíso financeiro. E, como a liderança do BC sempre tem uma relação íntima com os bancos, essa taxa se torna uma conveniência”, acrescenta. 

Sendo assim, a curto prazo, a diminuição da taxa Selic sinalizaria o barateamento do crédito no país, abrindo espaço para que a roda da economia volte a girar, sobretudo no varejo, que é um dos setores mais afetados por este contexto, como mostrou o caso Americanas. “Agora, a longo prazo, aí sim, a diminuição da taxa Selic pode ser um excelente auxiliar para o crescimento econômico”, avalia.  

Marcos conclui reiterando que, dentro da economia, não existem julgamentos morais, como ‘certo’ e ‘errado’, e sim matrizes teóricas diferentes e, a partir do choque entre elas, ditarão quais interesses ganham e quais perdem: “Nesse caso, o conflito se estabelece entre quem está a favor de um diagnóstico que beneficia o mercado financeiro, e quem está a favor do crescimento econômico, da distribuição de renda e de um maior investimento pú

Lojas de fábrica e menores despesas com aluguel e marketing estão entre os fatores que tornam os produtos no bairro mais acessíveis
por
Anna Cecília Nunes
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28/04/2023 - 12h

Os preços das roupas variam de país para país e dependem de uma série de fatores, como a demanda, o custo de produção, os impostos e as políticas de comércio. No entanto, os preços de roupas no Brasil frequentemente são mais  elevados do que em alguns outros países, devido a uma combinação de fatores, como a alta carga tributária, a falta de competitividade no mercado devido à escassez de concorrência em algumas áreas e o custo de transporte e importação.   

Além disso, o valor do dólar em relação ao real também pode afetar o preço das roupas importadas, tornando-as mais caras para os consumidores brasileiros. Na edição mais recente do Índice Zara –  pesquisa realizada pelo banco BTG Pactual que compara os preços de produtos vendidos pela marca Zara em diversos países do mundo –, o Brasil ficou em segundo lugar, perdendo apenas para a Turquia. Algumas regiões, no entanto, continuam sinônimo de roupas acessíveis, como o bairro paulistano do Brás.  

O presidente da Alobrás (Associação de Lojistas do Brás), Fauze Yunes,  explica por que as roupas de lá são mais baratas. Segundo ele, a economia do Brás funciona normalmente, ou seja, dentro da legislação que rege o comércio formal. “De maneira geral, as roupas possuem preço bom, ou mais barato do que na maioria dos lugares, porque muitas lojas do Brás são lojas de fábrica, o que permite praticarmos melhores preços”, diz Yunes. 

Pessoa vendo o preço de uma roupa.
População mais pobre procura alternativas para fugir da inflação das roupas - Créditos: Skaman 306   
 

De acordo com o dirigente, comparadas às roupas da Zara, existem outros fatores que fazem com que seja mais barato comprar no Brás, como as menores despesas dos lojistas em itens como marketing e aluguel. “O Brás massivamente é um comércio popular a céu aberto”, observa Yunes, acrescentando que, por esse motivo, os comerciantes da região não têm os mesmos custos que os instalados em shopping centers.  

Jackson Barbosa de Oliveira, 55, é comerciante no Brás e explica o que permite que os lojistas vendam as peças de roupas mais baratas que em outros lugares. “Os impostos são reduzidos devido à concentração de boxes na mesma região. Lugares que deveriam ser uma loja se transformam em vários boxes.  Isso reduz os impostos, que são divididos entre pequenos empreendedores. 

 

Sociedades anônimas podem contribuir para a melhoria do futebol nacional, embora ainda exibam alguns resultados incertos
por
Pedro Pina
Felipe Albanez
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28/04/2023 - 12h

Os clubes-empresa têm se tornado cada vez mais comuns no futebol mundial. Trata-se de uma forma de gestão que envolve a transformação dos clubes tradicionais em empresas, com o objetivo de torná-los mais eficientes e sustentáveis financeiramente. No futebol brasileiro, a adoção do modelo ainda é pequena, pois esta mudança chegou ao país há pouco tempo. Criada pela Lei 14.193, de 2021, a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) representa um tipo específico de gestão, que incentiva as agremiações a virarem clubes-empresas.  

Algumas equipes, como o Botafogo-SP, Paraná Clube, Figueirense, Red Bull Bragantino, Cuiabá, Audax, Ferroviária, São Bernardo, Vasco, Botafogo-RJ, Bahia e Cruzeiro, já adotaram o modelo. No entanto, essa mudança ainda enfrenta resistência. Há preocupações em relação à perda da identidade e tradição dos clubes, além de questões trabalhistas envolvendo os jogadores e funcionários. Apesar disso, a utilização da SAF tem se mostrado uma ferramenta importante para difusão dos clubes empresas no futebol mundial. 

No Brasil, a adoção do modelo tem gerado resultados mistos em termos de gestão financeira e desempenho em campo. Embora possa ajudar na tomada de decisões mais estratégicas e precisas, a transformação dos clubes em empresas não é garantia de sucesso. Em relação ao aspecto financeiro, a mudança pode trazer benefícios, como a possibilidade de atrair investimentos e gerir melhor as finanças do clube. No entanto, a gestão financeira ainda é um desafio para muitos clubes-empresas, que enfrentam altas dívidas e dificuldades para equilibrar as contas. 

Quanto ao desempenho em campo, a utilização da SAF pode trazer resultados positivos ao permitir uma análise mais precisa dos jogadores e da equipe como um todo. No entanto, os resultados em campo também dependem de outros fatores, como a qualidade do elenco, o planejamento tático, a gestão da comissão técnica e dinheiro investido em jogadores de alto nível, um exemplo bem-sucedido nesse quesito é o Red Bull Bragantino, que desde que foi comprado tem feito boas campanhas no Brasileirão e chegou à final da Sul-americana em 2021. O clube foca principalmente em comprar jovens jogadores, que ganham e depois são vendidos para a Europa por um valor maior. Outro bom exemplo de desempenho é o Cuiabá, que já nasceu como clube-empresa e é a primeira SAF do Brasil. Apesar de viver no vermelho por vários anos, desde 2021 o clube se mantem na Série A do Brasileirão e apresenta saldo positivo. O Vasco da Gama, que teve suas ações compradas pelo grupo americano 777 Partners, também apresentou evolução nos resultados desde a mudança. O time carioca conquistou a volta para a Série A do Campeonato Brasileiro, diminuiu suas dívidas e voltou a ser um clube estável dentro e fora dos gramados. Outra SAF conhecida é o Cruzeiro, que foi comprado por Ronaldo Fenômeno no final de 2021 e, após se consagrar campeão da Série B do Campeonato Brasileiro, começa uma retomada financeira este ano.  

No entanto, há exemplos de clubes-empresas que não têm obtido sucesso, como é o caso do Paraná Clube. Após a transformação em empresa, o clube enfrentou dificuldades financeiras, aumentou suas dívidas e apresentou um desempenho ruim nas competições. Outro que não demonstrou sucesso foi o Botafogo-SP, que virou clube-empresa em 2018, concretizando um acordo com acionistas da Trexx Sports, mas, naquele mesmo ano, caiu para a série C do Campeonato Brasileiro e vem tendo dificuldades para quitar suas dívidas. 

É importante para o crescimento do clube no geral, ainda mais se tratando de um time do Nordeste, sem muita visibilidade ou poder financeiro contra os times do Sul. Então, acredito que é um projeto positivo e que vai trazer grandes alegrias ao Bahia. Disse Emanuel Alves, torcedor do Bahia. 

Depende muito da filosofia de cada SAF. Tem uns que vieram para mudar tudo, outros estão interferindo menos. Falo do Cruzeiro. Ronaldo quis mudar a mascote do clube, que já é de anos. Aqui no Bahia até agora não teve isso, pelo contrário, eles estão ouvindo o torcedor. Inclusive, foi aprovada a retirada do setor norte do estádio, onde fica a organizada, atendendo um pedido da torcida de anos. Então, depende muito da visão da SAF em cada clube. Acrescentou Emanuel.  

 É um tema muito complicado, pois o Vasco teve uma experiência com isso recentemente. Em um jogo da Copa do Brasil, a 777 Partners colocou o preço dos ingressos lá em cima. Um jogo contra o ABC, pela segunda fase da competição, em uma quarta-feira às 22h. Antigamente o ingresso era 10 reais em jogos assim, é luxo para o time ter muita gente no estádio para apoiar em um jogo nessa situação. Inclusive essa foi uma das primeiras vezes que eu vi o estádio São Januário vazio., Eu tenho 20 anos, sempre frequentei os jogos do Vasco e nunca vi o estádio tão vazio, nem nas piores condições possíveis que o clube já vivenciou. Isso já aconteceu com o Botafogo, que também é SAF, então é algo para se preocupar. Temos que lembrar que o futebol é um esporte de massa e aumentar os ingressos absurdamente é uma sacanagem com o torcedor. Alegou Eduardo Machado, torcedor do Vasco. 

Na Europa a situação é um pouco diferente. A maioria dos times que disputam a primeira divisão dos cinco principais campeonatos nacionais da Europa (inglês, espanhol, italiano, alemão e francês) funcionam exatamente nesse esquema de clube-empresa como no Brasil e os principais são o Paris Saint-Germain, que pertence a um fundo de investimentos ligados ao governo do Qatar. O Manchester City tem como proprietário um integrante da família que administra Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. E o Bayern de Munique possui múltiplos acionistas, como Adidas, Audi e Allianz. Todos esses clubes podem receber aportes financeiros periódicos dos seus donos para alavancar o potencial de investimento e, consequentemente, o desempenho dentro de campo. A principal diferença do Velho Continente para o nosso é o Fair Play Financeiro, onde os clubes precisam atender às regras fiscais das competições em que estão inseridos. 

 A consolidação das SAFs vem com o tempo. Na Europa o modelo de clube- empresa é muito mais antigo, então se adquiriu um padrão ao longo dos anos. Os clubes-empresas requerem um tempo grande para a implementação da gestão e, quando é posto em prática, mostrou a melhora que um clube pode ter financeiramente e desportivamente, por isso já virou algo comum nos grandes clubes do mundo. Porém, é importante lembrar que o Brasil é um país em desenvolvimento, então a elitização do futebol pode ser um problema para o futuro. Muitos times, sendo SAF ou não, estão aumentando o valor dos ingressos e produtos ligados ao clube, sem lembrar da condição financeira da maior parte da sociedade brasileira. 

Dos times que disputarão a Série A do Campeonato Brasileiro deste ano, os que mais contrataram são justamente os que viraram SAF. Em parte, esse movimento se justifica pela realidade de alguns deles, como o Cruzeiro (líder, com 13 reforços) e o Bahia (11 novos atletas), que subiram para a primeira divisão e precisam melhorar o nível de seus elencos, mas esse dado mostra que a capacidade de investimento de um clube-empresa é maior que a dos outros times e isso ajuda os campeonatos regionais. Quanto maior a capacidade financeira dos clubes, melhores são os jogadores e isso faz com que o torneio que as equipes disputam seja mais valorizado. É fato que as SAFs podem trazer melhores patrocinadores, melhores investimentos e tudo isso resulta em um aumento no nível do futebol.  

Embora Brasil e Argentina sejam países vizinhos, os sistemas bancários não são integrados e operações são feitas em dólar, diz economista
por
Luiza Fernandes, Julia Takahashi e Laura Mariano
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28/04/2023 - 12h

Ao subir a Esplanada dos Ministérios pela terceira vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez com que Brasil e Argentina retomassem os laços no comércio e na diplomacia. Na primeira oportunidade, os dois presidentes assinaram uma medida de cooperação internacional para o desenvolvimento da saúde, tecnologia e economia entre os dois países. A retomada da parceria reacendeu uma discussão que já era antiga: a possibilidade de uma moeda única. 

Alberto Fernández foi o primeiro chefe de Estado a visitar Lula após a vitória. Logo em janeiro, o presidente brasileiro fez sua primeira viagem internacional depois de empossado, indo ao país vizinho. Lula explicou, no encontro, que o objetivo dessa moeda não seria substituir o peso e nem o real, mas, sim, diminuir a dependência do dólar em transações de comércio exterior.  

Segundo Rafael Biachini, professor de direito da FGV e doutor em direito comercial pela USP, a motivação da unificação é alterar a forma como acontece o comércio internacional hoje. 

“Mesmo que o Brasil e a Argentina sejam países vizinhos, os nossos sistemas bancários não são integrados e por isso usa-se o do mercado norte-americano. Se um importador argentino precisa fazer compra de um exportador brasileiro, ele vai efetuar essa transação em dólar, em bancos americanos”, afirma Bianchinni. 

A vantagem natural desse processo é que ele fortaleceria diretamente o comércio entre os dois países, como explica o professor:  

 “A grande questão é que fazer transações cambiais encarece o comércio internacional, então, muitas vezes os países deixam de fazer comércio pelo preço que isso representaria. Isso é especialmente prejudicial para pequenos empresários, exportadores e pessoas físicas, portanto, uma moeda única fortaleceria muito o comércio”. 

Experiências com moedas semelhantes a essa já existem. Todas elas são de países parceiros que buscam unificar as moedas para fortalecer o comércio. O continente africano, por exemplo, tem duas moedas unificadas. Uma delas é o Franco CFA, utilizada por um bloco de oito países: Guiné-Bissau, Benin, Burkina Fas, Costa do Marfim, Mali, Níger, Senegal e Togo. A outra moeda também é chamada Franco CFA, porém é adotada por um bloco composto por outras seis nações: Gabão, Chade, República do Congo, República Centro-Africana, Guiné Equatorial e Camarões. 

A moção trabalhada hoje, principalmente por parte dos argentinos, é sobre uma moeda única que poderia ser utilizada no dia a dia de brasileiros e argentinos. O empecilho está na fragilidade das duas economias, especialmente da argentina. 

“Para pensar nos obstáculos dessa proposta podemos pensar em como se deu a consolidação do euro”, diz Bianchini. “Para que ele existisse, houve uma série de pré-requisitos entre os países que colocavam restrições relacionadas à inflação e taxa de juros. No cenário Brasil e Argentina isso se complica, por que os dois países não preenchem esses requisitos. As diferenças de inflação seriam muito determinantes. 

Proposta não ganha força 

 O projeto de uma moeda única entre as nações, que substitua o real e o peso, não existe, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda em janeiro. Num evento com empresários dos dois países em Buenos Aires, o ministro declarou que a única coisa que está em estudo é a viabilidade de uma moeda digital comum que seria usada apenas em trocas comerciais, para reduzir a dependência em relação ao dólar. 

“Recebemos dos nossos presidentes uma incumbência de não adotar uma ideia que era do governo anterior, que não foi levada a cabo, da moeda única. O meu antecessor, Paulo Guedes, defendia muito uma moeda única entre Brasil e Argentina. Não é disso que estamos falando. Isso gerou uma enorme confusão, inclusive na imprensa brasileira e internacional", declarou Haddad. 

De acordo com o ministro, a moeda comum ainda será discutida por um grupo de trabalho, ao longo dos anos do governo. Para Haddad, a ideia dinamizaria o comércio entre os países latino-americanos de forma melhor que outros instrumentos usados no passado, como o Convênio de Pagamento e Créditos Recíprocos (CCR), uma espécie de câmara de compensação entre os países do continente, abolidas pelo Brasil em 2019”,“Trata-se de avançarmos nos instrumentos previstos e que não funcionaram a contento, nem pagamento em moeda local e nem os CCRs dão hoje uma garantia de que podemos avançar no comércio da maneira como pretendem os presidentes”, esclareceu Haddad.