Do pastelzinho com caldo de cana à hora da xepa, as feiras livres fazem parte do cotidiano paulista de domingo a domingo.
por
Manuela Dias
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29/11/2025 - 12h

Por décadas, São Paulo acorda cedo ao som de barracas sendo montadas, caminhões descarregando frutas e vendedores afinando o gogó para anunciar promoções. De norte a sul, as feiras livres desenham um dos cenários mais afetivos da vida paulistana. Não é apenas o lugar onde se compra comida fresca: é onde se conversa, se briga pelo preço, se prova um pedacinho de melancia e se encontra o vizinho que você só vê ali, entre uma dúzia de banana e um pé de alface.

Juca Alves, de 40 anos, conta que vende frutas há 28 anos na zona norte de São Paulo e brinca que o relógio dele funciona diferente. “Minha rotina é a mesma todos os dias. Meu dia começa quando a cidade ainda está dormindo. Se eu bobear, o morango acorda antes de mim”.

Nas bancas de comida, o pastel é rei. “Se não tiver barulho de óleo estalando e alguém gritando não tem graça”, afirma dona Sônia, pasteleira há 19 anos junto com o marido e filhos. “Minha família cresceu ao redor de panelas de óleo e montes de pastéis. E eu fico muito realizada com isso.  

Quando o relógio se aproxima do meio dia, começa o momento mais esperado por parte do público: a famosa xepa. É quando o preço cai e a disputa aumenta. Em uma cidade acelerada como São Paulo, a feira livre funciona como uma pausa afetiva, um lembrete de que existe vida fora do concreto. E enquanto houver paulistanos dispostos a acordar cedo por um pastel quentinho e uma conversa boa, as feiras continuarão firmes, coloridas, barulhentas e deliciosamente caóticas.

Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia.
Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas.
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas. Foto: Manuela Dias/AGEMT
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo.
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores.
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores. Foto: Manuela Dias/AGEMT

 

Apresentação exclusiva acontece no dia 7 de setembro, no Palco Mundo
por
Jalile Elias
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
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26/11/2025 - 12h

Elton John está de volta ao Brasil em uma única apresentação que promete marcar a edição de 2026 do Rock in Rio. O festival confirmou o britânico como atração principal do dia 7 de setembro, abrindo a divulgação do line-up com um dos nomes mais celebrados da música mundial.

A presença de Elton carrega um peso especial. Em 2023, o artista anunciou que deixaria as grandes turnês para ficar mais perto da família. Por isso, sua performance no Rock in Rio será a única na América Latina, transformando o show em um momento raro para os fãs de todo o continente.

Em um vídeo publicado na terça-feira (25) nas redes sociais, Elton John revelou o motivo para ter aceitado o convite de realizar o show em solo brasileiro. “A razão é que eu não vim ao Rio na turnê ‘Farewell Yellow Brick Road’, e eu senti que decepcionei muitos dos meus fãs brasileiros. Então, eu quero compensar isso”, explicou o britânico.

No mesmo dia de festival, outro grande nome da música sobe ao Palco Mundo: Gilberto Gil. Em clima de despedida com a turnê Tempo-Rei, que termina em março de 2026, o encontro dos dois artistas lendários torna a programação do festival ainda mais especial. 

Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Reprodução / Facebook Gilberto Gil)
Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Divulgação)

Além das atrações, o Rock in Rio prepara mudanças importantes na Cidade do Rock. O Palco Mundo, símbolo do festival, será completamente revestido de painéis de LED, somando 2.400 metros quadrados de tecnologia. A ideia é ampliar a imersão visual e criar novas possibilidades para os artistas.

A próxima edição também terá uma homenagem especial à Bossa Nova e um benefício pensado diretamente para o público, em que cada visitante poderá receber até 100% do valor do ingresso de volta em bônus, podendo ser usado em hotéis, gastronomia e experiências turísticas durante a estadia na cidade.

O Rock in Rio 2026 acontece nos dias 4, 5, 6, 7 e 11, 12 e 13 de setembro, no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro. A venda geral dos ingressos começa em 9 de dezembro, às 19h, enquanto membros do Rock in Rio Club terão acesso à pré-venda a partir do dia 4, no mesmo horário.

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A socialite continuou tendo sua moral julgada no tribunal, mesmo após ter sido assassinada pelo companheiro
por
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
Jalile Elias
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26/11/2025 - 12h
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz em nova série. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

Figurinha carimbada nas colunas sociais da época, Ângela Diniz virou capa das manchetes policiais após ser morta a tiros pelo então namorado, Doca Street. O feminicídio que marcou o país na década de 1970 ganha agora um novo olhar na série da HBO Ângela Diniz: Assassinada e Condenada.

Na produção, Marjorie Estiano interpreta a protagonista, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. O elenco ainda conta com Thelmo Fernandes, Maria Volpe, Renata Gaspar, Yara de Novaes e Tóia Ferraz.

Sob direção de Andrucha Waddington, a série se inspira no podcast A Praia dos Ossos, de Branca Viana. A obra, que leva o nome da praia onde o crime ocorreu, reconstrói não apenas o caso, mas também o apagamento em torno da própria vítima. Depoimentos de amigas de Ângela, silenciadas à época, servem como ponto de partida para revelar quem ela realmente era.

Seja pela beleza ou pela independência, a mineira chamava atenção por onde passava. Já os relatos sobre Doca eram marcados pelo ciúme obsessivo do empresário. O casal passava a véspera da virada de 1977 em Búzios quando, ao tentar pôr fim à relação, Ângela foi assassinada pelo companheiro.

Por dias, o criminoso permaneceu foragido, até que sua primeira aparição foi numa entrevista à televisão; logo depois, ele se entregou à polícia. Foram necessários mais de dois anos desde o assassinato para que Doca se sentasse no banco dos réus, num julgamento que se tornaria símbolo da luta contra a violência de gênero.

Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, , enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

As atitudes, roupas e relações de Ângela foram usadas pela defesa como supostas “provocações” que teriam motivado o crime. Foi nesse episódio que Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”.

Os advogados do réu recorreram à tese da “legítima defesa da honra” — proibida somente em 2023 pelo STF — numa tentativa de inocentá-lo. O argumento foi aceito pelo júri, e Doca recebeu pena de apenas dois anos de prisão, sentença que gerou revolta e fortaleceu movimentos feministas da época.

Sob forte pressão popular, um segundo julgamento foi realizado. Nele, Doca foi condenado a 15 anos, dos quais cumpriu cerca de três em regime fechado e dois em semiaberto. Em 2020, ele morreu aos 86 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

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Exposição reúne obras que exploram o inconsciente e a natureza como caminhos simbólicos de cura
por
KHADIJAH CALIL
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25/11/2025 - 12h

A Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, apresenta de 14 de novembro a 14 de dezembro de 2025 a exposição “Bosque Mítico: Katia Canton e a Cura pela Arte”, que reúne um conjunto expressivo de pinturas, desenhos, cerâmicas, tapeçarias e azulejos da artista, sob curadoria de Carlos Zibel e Antonio Carlos Cavalcanti Filho. A Fundação que sedia a mostra está localizada no imóvel conhecido como Casarão Branco do Boqueirão em Santos, um exemplar da época áurea do café no Brasil. 

Ao revisitar o bosque dos contos de fadas como metáfora de transformação interior, Katia Canton revela o processo criativo como gesto de cura, reconstrução e transcendência.
 

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       “Casinha amarela com laranja” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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                 “Chapeuzinho triste” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                 “O estrangeiro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.         
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                                                            “Menina e pássaro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                     “Duas casinhas numa ilha” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                             “Os sete gatinhos” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                                         “Floresta” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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Festival celebra os três anos de existência com homenagem ao pensamento de Frantz Fanon e a imaginação radical da cultura periférica
por
Marcela Rocha
Jalile Elias
Isabelle Maieru
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25/11/2025 - 12h

Reconhecido como um dos principais espaços da cultura periférica em São Paulo, o Museu das Favelas completa três anos de atividades no mês de novembro. Para comemorar, a instituição elaborou uma programação especial gratuita que combina memória, arte periférica e reflexão crítica.

Segundo o governo do Estado, o Museu das Favelas já recebeu mais de 100 mil visitantes desde sua fundação em 2022. Localizado no Pátio do Colégio, a abertura da agenda de aniversário ocorre nesta terça-feira (25) com a mostra “ImaginaÇÃO Radical: 100 anos de Frantz Fanon”, dedicada ao médico e filósofo político martinicano.

Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor de “Os condenados da terra” e “Pele negra, máscaras brancas”, Fanon contribuiu para a análise dos efeitos psicológicos do colonialismo, considerando algumas abordagens da psiquiatria e psicologia ineficazes para o tratamento de pessoas racializadas. A exposição em sua homenagem ficará em cartaz até 24 de maio de 2026.

Ainda nos dias 25 e 26 deste mês, o festival oferecerá o ciclo “Papo Reto” com debates entre intelectuais francófonos e brasileiros, em parceria com o Instituto Francês e a Festa Literária das Periferias (Flup). A programação continua no dia 27 com a visita "Abrindo Fluxos da Imaginação Radical”. 

Em 28 de novembro, o projeto “Baile tá On!” promove uma conversa com o artista JXNV$. Já no dia 29, será inaugurada a sala expositiva “Esperançar”, que apresenta arte e tecnologia como forma de mapear territórios periféricos.

O encerramento do festival será no dia 30 de novembro com a programação “Favela é Giro”, que ocupa o Largo Pátio do Colégio com DJs e performances culturais.

 

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Evento continua mobilizando multidões e aposta certo em artistas não-estadunidenses como atrações principais
por
Giulia Fontes Dadamo
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25/04/2023 - 12h
Fogos de artifício sendo liberado do palco do Coachella 2023
Imagem: Getty Images para o Coachella

Nos últimos dois fins de semana, a 22a edição do festival Coachella trouxe cor e música aos desertos da Califórnia. Este ano contou com apresentações de Bad Bunny, BLACKPINK, Rosalía, Frank Ocean e trouxe diversas surpresas como Blink-182 e participações de The Weeknd, Sia, Billie Eilish e Zendaya.

O festival que reúne os amantes de música com as pessoas mais influentes dos Estados Unidos e do mundo não fez diferente neste ano. Em meio a diversos artistas encontrados nas plateias dos shows como Justin Bieber, Kate Hudson e Kendall Jenner (com Bad Bunny), tivemos também o "comeback" do casal que dominou o Billboard Hot 100 por 37 semanas com a música "Señorita", Camila Cabello e Shawn Mendes.

Esta edição não decepcionou no quesito da representatividade. Além de Becky G homenagear Selena - precursora da música latina nos EUA - com um medley de suas canções e a banda indie Boygenius protestar contra a violência armada e leis anti-transgênero que estão se espalhando pelos EUA, o Coachella também contou com dois headliners que fizeram história: Bad Bunny, como o primeiro artista latino a ocupar esse posto, e BLACKPINK, como a primeira banda de K-POP a fazer o mesmo. 

Bad Bunny em apresentação do Coachella 2023
Bad Bunny. Imagem: Getty Images

Mas, boas notícias não poderiam vir sem polêmicas. Durante a apresentação de Bad Bunny na primeira semana do festival, o telão exibiu um tweet que dizia em espanhol: “Boa noite, Benito poderia fazer ‘As It Was’, mas Harry nunca poderia fazer ‘El Apagon’”. Após uma grande repercussão pelos fãs sobre a considerada indireta ao cantor Harry Styles, a assessoria de Bad Bunny fez uma declaração que não trouxe muita justificativa: "A solicitação do artista durante os visuais da performance de ‘El Apagón’ foi usar apenas a imagem e não o texto do tuíte que nos responsabilizamos e corrigimos para a performance [da próxima] sexta-feira. Esses visuais são uma celebração de Bad Bunny e sua dedicação em fortalecer sua ilha natal, Porto Rico”. O cantor, porém, fez um tuíte com a mesma imagem se desculpando para Harry pelo erro. 

Outro imprevisto ocorreu quando Frank Ocean, depois de sugerir que um novo álbum está a caminho na sua apresentação do primeiro dia, teve uma lesão na perna e precisou ser substituído no segundo fim de semana pela banda que era apenas convidada surpresa, Blink-182. Mas quem acabou fechando a noite para preencher o tempo de Frank foi Skrillex que, com um diferente setlist e jogo de "beat drop" contendo músicas como "Love Story" de Taylor Swift e "Call Me Maybe" de Carly Rae Jepsen, fez a plateia ir a loucura e se esquecerem da ausência de Frank.


 

Skrillex encima do palco do Coachella 2023
Skrillex. Imagem: The New Yorker

O DJ, afinal, já está acostumado a lidar com os imprevistos de outros artistas e aproveitar a oportunidade da melhor maneira. No Lollapalooza Brasil deste ano, por exemplo, Skrillex substitiu o artista Drake com sucesso ao apresentar set um com músicas brasileiras e com suas faixas mais famosas. O festival no Brasil contou com vários cancelamentos pouco esclarecidos de artistas que acabaram se apresentando no Coachella, como Blink-182, Dominic Fike e Willow. 

O inesperado, porém, não age sempre como inimigo. Participações surpresas fizeram barulho nos dois fins de semana do Coachella. Metro Boomin trouxe Future e The Weekend, que quase se queimou com efeitos pirotécnicos e teve sua mão "Lost in the Fire", após apresentar seis das suas mais populares músicas. Mas quem realmente roubou a cena foi Labrinth, que não se contentou em trazer apenas grandes nomes da música como Sia (com sua dançarina de longa data Maddie Ziegler) e Billie Eilish, mas também trouxe Zendaya - a atriz ganhadora de Emmys - para dar um "Replay" na sua carreira de cantora, fazendo sua primeira performance em 8 anos. A ex-estrela da Disney cantou as músicas temas da sua série "Euphoria": "I'm Tired" e "All of Us". 

Labrinth e Zendaya no palco do Coachella 2023
Da esquerda para a direita: Labrinth e Zendaya. Imagem: Getty Images


 

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Do pioneiro Dragon Ball Z a fenômenos mais recentes, como Demon Slayer, brasileiros se interessam cada vez mais por animes e mangás
por
Gabriel Cordeiro
Pedro Lima Gebrath
Pedro Paes Barreto
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25/04/2023 - 12h

A cultura japonesa é muito famosa ao redor de todo mundo e está presente no ocidente de diversas maneiras, com os populares restaurantes, as artes marciais e também com outra forte indústria que vem crescendo bastante nos últimos anos, incluindo em nosso país: os animes/mangás.  

Os mangás são histórias em quadrinhos japonesas com seu estilo próprio de desenho, e que também têm sua tradicional maneira de ser lida “de trás para frente” (da direita para a esquerda). Já os animes são a versão animada dos mangás, exibida em forma de filme ou seriado. 

Análise: TOC Weekly Shonen Jump #06-07 (Ano 2019). - Analyse It 

Capa da revista japonesa Shonen Jump, que contém capítulos de obras famosas, como One Piece, Naruto, Bleach e muitas outras publicações semanais ou mensais.  

Os animes se popularizaram de fato no final dos anos 90, início dos anos 2000, com muitas obras sendo transmitidas na TV aberta em canais como a Rede Globo e SBT, com foco no público infantil, sendo exibidas obras famosas e de muito sucesso como Pokemon, Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e várias outras. Mas recentemente o crescimento vem aumentando de maneira significativa: a indústria de animação japonesa cresceu mais de 13% entre 2021 e 2022, gerando um lucro de 20,6 bilhões de dólares, cerca de 105,5 bilhões de reais, com o anime One Piece sendo a série de maior audiência do serviço de streaming Netflix, superando produções como Wandinha e Stranger Things. A obra de Eiichiro Oda (autor da série japonesa) também bateu um recorde nos quadrinhos, ultrapassando o famoso Batman, atingindo a marca de 490 milhões de exemplares vendidos e se tornando a segunda série de quadrinhos mais vendida da história, atrás apenas de Superman. 

As causas desse crescimento recente são muitas. Para entendê-las, a Agemt  entrevistou o criador de conteúdo Narrativando (do canal Narrativando no YouTube), que faz vídeos assiduamente sobre o assunto e acompanha o cenário desde 1999. De acordo com ele, o crescimento se deu por três motivos principais: maturação da mídia, acessibilidade (com a difusão da internet, por exemplo ) e a qualidade visual dos animes. Outro ponto também é o fato que as pessoas que tiveram o primeiro contato com as animações atualmente são adultas, ajudando assim a consumir e repassar a cultura para as próximas gerações com maior facilidade. 

Outro fator citado por Narrativando são os streamings: “Os streamings ajudaram sim a popularizar, pois é mais fácil de achar conteúdo ficando consolidado em um só lugar, assim não precisando mais usar sites piratas para baixar, como era na minha época”. Essa afirmação também se comprova com dados, pois em 2022 os serviços de streaming relacionados à indústria de animações japonesas registraram um lucro de um bilhão de dólares, um aumento de 65,9% em relação ao ano de 2020.  

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Imagem do anime One Piece. Foto: Shueisha / Toei Animation / Divulgação 

O criador de conteúdo também diz que a cultura nerd no geral também está em alta, se tornando parte da cultura considerada popular e não mais algo de nicho, citando como exemplo a franquia Marvel nos cinemas, com os super-heróis também deixando de ser algo reservado a uma comunidade. Outro exemplo é o dos videogames, como Counter Strike, que assim como os animes tinha uma certa fama nos anos 2000, mas foi recentemente que chegaram a outro patamar de popularidade. 

A tendência é o crescimento continuar, após sucessos de audiência e vendas alcançando diferentes públicos e faixa etárias. Com uma comunidade nas redes sociais ativa e acolhedora, é possível dizer que a indústria dos anime/mangás conquistou de vez seu lugar na cultura brasileira.  

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Perfis do TikTok atraem público com vídeos curtos sobre livros; grandes editoras também investem na plataforma
por
Beatriz Porto
Giovanna Oliveira
Marina Gonçalez
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25/04/2023 - 12h

Segundo a quinta edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada
pelo Instituto Pró Leitura entre 2019 e 2020, é considerado leitor quem leu pelo
menos um livro nos últimos três meses. Ainda de acordo com a pesquisa, a
porcentagem de leitores no país é maior que a de não leitores e o hábito da
leitura é mais frequente entre estudantes.


A principal motivação para a leitura é o gosto, principalmente entre os
estudantes mais jovens. Enquanto isso, os estudantes do ensino superior são
uma parcela significativa dos que leem livros que adicionem ao seu
aprendizado. Da lista dos livros mais lidos pelos brasileiros, se destacam obras
como Diário de um Banana, Turma da Mônica e Harry Potter, voltadas para o
público infanto-juvenil. A internet tem um papel importante no hábito de leitura
dos brasileiros. Mesmo não sendo a principal atividade realizada digitalmente,
a leitura é significativa nesse meio. No caso dos livros digitais, eles são lidos
principalmente nos celulares, baixados gratuitamente, e mais consumidos por
adolescentes e jovens adultos.


Com a possibilidade de leitura on-line, os influenciadores digitais com foco em
literatura ganharam mais espaço com a expansão de redes como o TikTok, em
especial entre o público jovem. Em entrevista, três criadores de conteúdo
literário compartilharam suas experiências e percepções sobre seu nicho de
atuação.

(Jess Martins/ Foto de arquivo pessoal)

(Jess Martins/ Foto de arquivo pessoal)

Jéssica Martins (@surtandonasleituras) começou seu perfil no TikTok em
2020. Em geral, suas leituras são de romances eróticos. Ela escolheu essa
temática por ser maioria entre os livros que consome e por passar, segundo
ela, a mensagem: “Você pode ler o que quiser. Jamais deveríamos ser julgadas
por isso”. Jéssica diz que, apesar da aceitação cada vez maior, ainda existe um
tabu em torno da leitura de livros eróticos. “Muitas pessoas ficam chocadas em
como falamos tão abertamente sobre (livros eróticos) ..., mas as redes estão
ajudando a levantar mais esse tema.”


A criadora de conteúdo conclui dizendo estar feliz com o crescimento do nicho
literário nas redes sociais, pois isso significa um aumento na quantidade de
leitores.

(Leo Alves/ Foto do Instagram)

(Leo Alves/ Foto do Instagram)

Leo Alves (@theleoalves) começou em 2020 o projeto de produzir vídeos
sobre literatura. Leo gera conteúdo para o TikTok, Instagram e YouTube. Seu
critério para a escolha das leituras é ler o que lhe dá prazer. “O principal na
criação é pegar o que eu gosto e elaborar um vídeo que seja diferente e que
seja possível mesclar com outras mídias como as adaptações de filmes e
séries.”


Segundo Leo, seu público hoje é mais de 50% feminino e jovem, que gostam
de sua opinião sobre os romances que viralizam no booktok, como é chamado
o nicho literário da rede. Ele avalia que as redes como as quais trabalha
influenciaram positivamente na leitura entre jovens, “O Booktok está aí como
prova disso. Muita gente está compartilhando como desenvolveu o hábito de
leitura de 2020 para cá. Sem falar nas listas de mais vendidos, que são livros
muito comentados na plataforma”, comenta.

Leo diz que, inicialmente, teve receio de que o booktok fosse apenas uma
tendência rápida. No entanto, ressalta: “De 2019 para cá deu para perceber
como a internet mudou e as tendências vão surgindo. A moda hoje são os
vídeos curtos e rápidos, mas eu acredito que, quando ela se reinventar, o
cenário dos criadores vai junto”.

(Patrick Torres/ Foto de Arquivo Pessoal)

(Patrick Torres/ Foto de Arquivo Pessoal)

Patrick Torres (@patzzic) começou no TikTok em 2020 e utilizava a rede para
produzir vídeos para entreter uma amiga. Certa vez, a amiga demorou para ver
o vídeo, que viralizou na rede. Logo ele se consolidou como influenciador
literário. Patrick usa técnicas como contar a história do livro como se fosse a
sua e só depois revelar a verdade e compartilhar curiosidades sobre a vida dos
autores.


Os livros que Patrick mais lê são os clássicos. A tradução que faz da linguagem
rebuscada desses livros para se aproximar dos jovens ajuda a literatura
brasileira a sair do meio acadêmico para adentrar o cotidiano daqueles que
consomem o conteúdo do influenciador.

As redes sociais revolucionaram a forma de divulgar produtos e com os livros
não foi diferente. Atualmente as redes de mais influência são o TikTok e o
Instagram. “Hoje em dia as editoras estão mirando muito em cima do TikTok
para o público jovem e um pouco no Instagram”, diz o diretor comercial e de
marketing da Rocco, Bruno Zolotar.

Conforme Zolotar, a editora Rocco tem aproximadamente 120 influencers nas
redes. Nem todos são do mesmo gênero. Na Rocco eles mandam dois ou três
livros por mês para os influencers publicarem.

Na editora Aleph, por sua vez, a divulgação funciona diferente. Há um
calendário de publicação com pré-venda e lançamentos. “Nossa principal rede
social é o Instagram, mas nós estamos no Twitter, no Telegram e no TikTok”,
afirma Júlia Serrano, analista de marketing da Aleph.

Júlia acredita ser praticamente impossível fazer marketing sem o apoio de
influenciadores, em especial no mercado editorial com indicações de livros. “Se
você acompanha alguém nas redes sociais, conhece o gosto dela. Então,
quando ela indica um livro, você pensa: ‘eu gosto do mesmo livro que ela,
talvez eu goste deste’”.

Ainda que os influencers ganhem pelas suas publicações, há quem faça de
graça, como aconteceu na Rocco. “Tivemos o Felipe Neto falando de graça de
livro nosso, porque livro é uma causa. Elas falam de graça, elas querem
divulgar por causas importantes, incentivar a leitura”, conta Zolotar.

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Para especialista em televisão, novela das 7 consegue se aproximar do público ao apostar em tramas e personagens cotidianos
por
Isabella Santos
Sophia Pietá Milhorim
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25/04/2023 - 12h

Atualmente, na programação de novelas da Globo, duas se destacam: ‘’Vai na Fé’’, no horário das sete da noite, e ‘’Travessia’’, que ocupa o horário nobre da emissora. As novelas vêm chamando atenção nas redes e mídias sociais, uma vez que ‘’Vai na Fé’’ vem alcançando uma maior visibilidade e repercussão positiva com o público. Com duas tramas muito diferentes e atingindo públicos diversos, a novela das sete conquista o gosto dos telespectadores e alcançando alta audiência, enquanto a do horário nobre é alvo de críticas. 

‘’Vai na Fé’’, escrita por Rosane Svartman, conta a história de Sol, protagonizada por Sheron Menezzes, uma evangélica que foi dançarina e luta para manter sua família em meio a dificuldades, mas sempre com muita esperança. A novela aborda dois núcleos que se conectam, a família e amigos de Sol, que vêm da favela e de uma vida humilde, como sua filha Jenifer, uma estudante universitária bolsista que se insere em uma realidade diferente, com digitais influencers, empresários, cantores e advogados de sucesso. ‘’Acho que é porque é uma novela com cara de novela, ao mesmo tempo que tem um texto muito bem-feito e personagens interessantes. Acredito que ganhe também na questão da diversidade. A protagonista também é um ponto alto. Acho que as questões que ela enfrenta, inclusive as ligadas à religião, são muito reais. É fácil do público se identificar. É uma novela competente ", analisa Larissa Martins, redatora do canal e site Coisas de TV. 

Novela escrita por Glória Perez, estrelada por Jade Picon, Chay Suede, Lucy Alves e Rômulo Estrela, ‘’Travessia’’ sofre com polêmicas antes mesmo de seu lançamento. A escalação da ex-BBB e influencer Jade gerou uma onda de julgamentos por parte do público, por se tratar de uma atriz inexperiente de 21 anos em um papel de protagonismo, enquanto Lucy Alves, cantora e atriz profissional, só conseguiu um papel de destaque aos 37 anos, após diversos trabalhos na TV Globo. A trama explora o universo da inteligência artificial, a ganância dos personagens, assexualidade, o mundo digital e seus perigos, se passando em um ambiente elitizado. 

‘’Acho que 'Vai na Fé' fala muito com o público. 'Travessia' parece desconectada do real", comenta Martins.  

Historicamente, o público brasileiro se identifica mais com novelas que se aproximam de sua realidade, principalmente da população de mais baixa renda, como em ‘’Salve Jorge’’, ‘’A Força do Querer’’, ‘’Pantanal’’ e ‘’Bom Sucesso’’, está escrita pela mesma autora de ‘’Vai na Fé’. Assim, a novela das sete caiu no gosto popular e está sendo aclamada pela crítica e pelo público. Um exemplo foi durante o Carnaval deste ano, em que o ator José Loreto gravou uma cena em cima do trio elétrico de Ivete Sangalo caracterizado como seu personagem, o cantor Lui Lorenzo, e levou a pipoca à loucura cantando seu hit ‘’Pool Party’’.  

Por outro lado, a novela das nove se distancia do público quando a maioria dos seus personagens vive uma realidade diferente da do brasileiro médio, com casas luxuosas, roupas de grife e um lifestyle invejado. A falta de profundidade e discursos sociais na trama abaixou os pontos de audiência em relação à sua antecessora ‘’Pantanal’’, sucesso grandioso da Globo, que manteve uma média de 30 pontos, enquanto ‘’Travessia’’ se estabilizou em 26. Sendo alvo de chacota e rejeição, a novela não se garante como um sucesso e pode cair em esquecimento após seu final.  

O canal de streaming Globoplay é uma ferramenta de alavancamento da audiência e contribuiu para manter o sucesso de novela de Rosane Svartman. ‘’No canal recebemos muitos comentários de pessoas que dizem que não podem ver no horário em que as novelas vão ao ar, mas que assistem ou maratonam no streaming. Acho que influencia muito na repercussão’’, exemplifica Martins. Dessa forma, a viralização de ‘’Vai na Fé’’ nas redes sociais faz com que as pessoas que não conseguem assistir em seu horário de reprodução procurem a plataforma para acompanhar a novela sem perder nenhum capítulo. 

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Sucesso de vendas ganha adaptação para o streaming e tem algumas mudanças no roteiro
por
Bianca Athaide
Helena Cardoso
Khadijah Calil
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23/04/2023 - 12h

Adaptada do livro best-seller de Taylor Jenkins Reid, Daisy Jones & The Six chegou à Amazon Prime Video no início de março deste ano e conta a história de uma banda fictícia que fez sucesso na década de 1970. Em uma série de dez episódios, produzida pela Hello Sunshine (produtora da ilustre atriz de Legalmente Loira, Reese Witherspoon), os fãs conseguiram ouvir as canções originais da banda, disponibilizadas em diversas plataformas de áudio e em versões físicas, no álbum denominado "Aurora". 

Witherspoon teve participação direta no sucesso da obra, já que ele entrou para a lista dos mais vendidos do New York Times após a atriz escolhê-lo para o seu clube do livro. Em entrevista ao The Hollywood Reporter, ela disse que se sentiu como uma “tia orgulhosa”, após o lançamento da série. Publicado em 2019, o livro tem formato de entrevista e está ambientado décadas depois do sucesso e da misteriosa ruptura da banda. Também são usados cartas, e-mails e letras de músicas dos personagens, para compor o enredo. 

A história começa no estado da Filadélfia, com os irmãos Dunne (Billy e Graham). Eles formam uma banda, que algum tempo depois se muda para Los Angeles, na Califórnia, em busca de ascensão na cidade do rock ‘n’ roll. Lá se juntam com Daisy Jones, uma garota envolvida em muitos conflitos, por insistência do empresário Teddy Price, para o lançamento de uma música. A parceria faz mais sucesso que o esperado, e rende um álbum e uma turnê repleta de shows esgotados.

Na série, o elenco conta com Riley Keough - neta de Elvis Presley - dando vida a Daisy Jones e o experiente Sam Clafflin como Billy Dunne, os vocalistas da banda. Suki Waterhouse (Karen), Will Harrison (Graham), Sebastian Chacon (Warren) e Josh Whitehouse (Eddie), completam os “The Six”, e Camila Morrone interpreta Camila, esposa de Billy na trama.     

A adaptação transita entre os trechos das entrevistas e relatos dos personagens, como no livro, mas também mostra os flashbacks do que aconteceu nos anos em que a banda ainda existia. Porém, o roteiro sofreu alterações em relação à referência escrita. A principal delas é o corte de um dos integrantes da banda. No livro, o sexto membro é Pete Loving irmão de Eddie, que na série leva o sobrenome Roundtree , substituindo um antigo guitarrista, que morreu na Guerra do Vietnã; mas Pete não chega a ser mencionado na produção. Na série, o nome The Six se mantém, e para justificá-lo, os produtores afirmam que Camila é a integrante honorária da banda, uma vez que está junto desde a formação, e acompanhou o marido desde os primeiros ensaios e shows.     

Algumas outras mudanças ocorreram, mas não foi necessário realizar outras grandes alterações no roteiro. Neste caso, também houve a suavização na forma em que as drogas foram introduzidas na série, que tem classificação indicativa para maiores de 16 anos. O livro, em contrapartida, expõe explicitamente o uso de diversas substâncias ilícitas pelos personagens, reforçando a ideia de “sexo, drogas e rock and roll” da época. Isso permite uma nova audiência, um público mais jovem entra em cena para acompanhar a série. Will Graham, que dirigiu um dos episódios, também se opôs à ideia de a série buscar apenas o público feminino: “Esta é uma história sobre pessoas que vivem com paixão”, disse em entrevista à Forbes. “Sou não binário e acho que parte do que me atraiu no livro e no que Taylor fala é que Daisy e Billy realmente contrariam todas as nossas contrariam todas as nossas expectativas do que homens e mulheres pareciam naquela época.”, complementou.          

A produção visual permite a adição de elementos à obra que retratam a identidade visual dos anos 70. Os figurinos dos personagens, a fotografia e a trilha sonora permitem que o público seja transportado à badalada Los Angeles de décadas anteriores, sem tirar os olhos da tela. As músicas inéditas, e tão aguardadas pelos fãs, são baseadas nas letras escritas pela autora do livro, que estão no final da obra original e foram produzidas exclusivamente para a série. Compostas por Blake Mills, alguns artistas famosos colaboraram na produção do álbum “Aurora” que fez grande sucesso no Spotify, com pouco mais de 3 milhões de ouvintes mensais.            

De acordo com a própria autora, todo o processo de compra dos direitos de adaptação aconteceu muito rápido em relação a outros projetos. Mas nem todos os livros são traduzidos para a linguagem cinematográfica. Para Brad Mendelsohn, produtor-executivo da série, o que o trabalho de Reid tem de diferente, é que ela cria personagens incríveis e os coloca em situações que todos nós já vivemos ou gostaríamos de viver, independente do período na história. “No fim das contas, ela tem uma visão da condição humana que considero extremamente atraente”, continuou, em entrevista concedida ao site Collider.

A expectativa ao redor de adaptações é muito alta por parte dos fãs. Por esse motivo, a autora reforça a importância de se manter fiel ao material de referência, e entender como fazer a adaptação do roteiro, além de adicionar elementos e expandir a história, que está sendo contada pela segunda vez ao público.             

Autora de romances conhecidos por fazerem sucesso nas redes sociais, Taylor Jenkins Reid terá pelo menos outros dois trabalhos saindo do papel. Até o momento, além de Daisy Jones & The Six, Os sete maridos de Evelyn Hugo (2017) e Amore(s) Verdadeiro(s) (2016) também tiveram seus direitos de adaptação comprados, já estão em produção e devem estrear na TV e no cinema nos próximos anos.

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