Influenciadora é chamada de "homem" por espectadora; confusão gerou vaias, atraso no espetáculo e intervenção policial
por
Carolina Zaterka
Manoella Marinho
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15/04/2025 - 12h

 

Malévola Alves, influenciadora digital e mulher trans, denunciou ter sido vítima de transfobia no Teatro Renault, em São Paulo, no dia 26 de março de 2025, ao ser tratada pelo pronome masculino e chamada de “homem” por uma espectadora. O incidente ocorreu antes do início do musical “Wicked”. Malévola, com mais de 840 mil seguidores, publicou trechos do episódio em suas redes, que rapidamente viralizaram.

Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a confusão começou quando Malévola esperava uma nota fiscal e a mulher atrás dela mostrou impaciência. As duas trocaram palavras e, ao se afastar, a mulher teria gritado "isso é homem ou mulher?" em sua direção. A vítima então se sentiu ofendida e levou a denúncia à plateia, apontando a espectadora como autora do ataque transfóbico, causando um tumulto que paralisou a plateia.

A reação do público foi de imediato apoio a Malévola, com vaias à agressora e pedidos para que ela fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir a um espetáculo que é extremamente representativo para a diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou um dos espectadores durante o protesto.

Diante da pressão da plateia, a apresentação atrasou cerca de 30 minutos. A mulher acusada acabou saindo do teatro sob escolta policial, levada à  delegacia para realizar um boletim de ocorrência, recebendo aplausos e vaias dos demais presentes. Miguel Filpi, presente no evento, celebrou nas redes sociais: “Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse.”

Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium (Produtor do musical), pediu desculpas pelo ocorrido antes de dar início ao espetáculo: “Peço desculpas por esse acontecimento e por esse atraso. Tudo o que a gente pode admitir, é bom que a gente admita na vida, mas transfobia em Wicked, não dá”. A atriz Fabi Bang, também se manifestou durante e após o espetáculo: “Transfobia jamais” - uma improvisação durante a música “Popular”.

 

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Fabi Bang, atriz que interpreta Glinda, em apresentação do musical. Foto: Blog Arcanjo/Reprodução

Viviane Milano, identificada como a espectadora acusada, negou as acusações em um pronunciamento, alegando que a confusão na fila da bombonière não foi sobre identidade de gênero, mas sobre uma tentativa de furar fila. Ela afirmou: “Perguntei em voz alta: ‘Era o homem ou a mulher que estava na fila?’”, dizendo que sua pergunta foi mal interpretada.

A produção de Wicked e membros do elenco reiteraram seu compromisso com a diversidade e repudiaram o incidente. A nota oficial da produção destacou: “Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.”

As últimas apresentações do cantor baiano reunem seus maiores sucessos e participações de grandes artistas brasileiros
por
Davi Rezende
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14/04/2025 - 12h

Tiveram início na última sexta-feira (11) os shows em São Paulo da turnê “Tempo Rei”, de Gilberto Gil, a última da carreira do lendário artista. O evento, que teve início em março, na cidade de Salvador (BA), chegou neste mês à capital paulista com quatro datas, duas neste final de semana e mais duas ao fim do mês.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Aquele Abraço
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende
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Reunindo participações especiais, cenários característicos e grandes sucessos da carreira do cantor, a turnê é uma grande celebração da história de Gil, enquanto seus últimos shows ao vivo. Desde os visuais até a performance do artista, tudo é composto de forma detalhada para transmitir a energia da obra de Gilberto, que se renova em apresentações vívidas e convidados de diversos gêneros musicais brasileiros.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Gil conquistou uma das trajetórias mais consolidadas e respeitadas da música brasileira. Com mais de 50 álbuns gravados, sendo 30 de estúdio, ele se tornou uma lenda da bossa nova e do samba, com produções que se provam atemporais, além de participações em movimentos políticos e artísticos que marcaram o Brasil.

Gilberto Gil agasalhado em exílio nas ruas de Londres
Gilberto Gil no exílio em Londres/ Foto: Reprodução/FFLCH - USP

 

Na década de 60, após se popularizar em meio a festivais, Gil fez grande parte da luta contra as opressões da Ditadura Militar no Brasil, tornando-se peça importante no movimento da Tropicália. Ao lado de artistas como Caetano Veloso e Gal Costa, Gilberto foi protagonista na revolução da arte brasileira, além de compor grandes canções de resistência.

Em 1969, após o lançamento de um de seus maiores clássicos, “Aquele Abraço”, Gil se exilou fora do Brasil para fugir da Ditadura, em Londres. Na Inglaterra, ele seguiu produzindo e performando, ao lado de outros grandes gênios tropicalistas, até retornar em 1971, lançando no ano seguinte o álbum “Expresso 2222” (1972). Três anos após o grande sucesso, Gil lança o álbum “Refazenda” (1975), primeiro disco de uma trilogia composta por “Refavela” (1977) e “Realce” (1979).

Todos os grandes momentos da vida do cantor são representados na turnê, tanto com sua performance, dirigida por Rafael Dragaud, quanto na cenografia, montada pela cineasta Daniela Thomas. Na setlist, Gil ainda presta homenagens a grandes figuras da música, como Chico Buarque (que faz participação em vídeo tocado ao fundo de Gilberto, durante a apresentação) quando interpreta “Cálice”, canção de sua autoria ao lado do compositor carioca, e até Bob Marley, no momento que toca “Não Chore Mais” (versão da música “No Woman, No Cry” do cantor jamaicano) com imagens da bandeira da Jamaica ao fundo.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Não Chore Mais
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

 

Nas apresentações no Rio de Janeiro, o artista convidou Caetano e Anitta para comporem a performance, enquanto em São Paulo, na sexta-feira (11) MC Hariel e Flor Gil, a neta do cantor, deram as caras, além de Arnaldo Antunes e Sandy terem participado do show de sábado (12).

A turnê “Tempo Rei” aproxima Gilberto Gil do fim de sua carreira, celebrando sua história nos shows que rodam o Brasil inteiro. A reunião de artistas já consolidados na indústria para condecorar o cantor em suas apresentações prova a grandeza de Gil e como sua obra é imortal, movimentando a música de todo o país ao seu redor. Sua performance é energética e vívida, como toda a carreira do compositor, fazendo dos brasileiros os súditos do Tempo Rei.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Expresso 2222
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

As apresentações de Gil seguem ao longo do ano, encerrando em novembro, na cidade de Recife (PE). Em São Paulo, o cantor ainda se apresenta em mais duas datas, nos dias 25 e 26 de abril, no Allianz Parque.

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Filme brasileiro conta a história de uma senhora que através de uma câmera expôs uma rede de tráfico no Rio de Janeiro
por
Kaleo Ferreira
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14/04/2025 - 12h

O filme “Vitória” lançado no dia 13 de março de 2025, dirigido por Andrucha Waddington e roteirizado por Paula Fiuza, tem como tema a história de Dona Nina (Fernanda Montenegro), uma senhora de 80 anos que sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de drogas em Copacabana, filmando com uma câmera a rotina do mercado criminoso da janela de seu apartamento.

 

Cena do filme ”Vitória” (Foto: CNN Brasil)
Cena do filme ”Vitória”. Foto: CNN Brasil

 

O longa é inspirado no livro “Dona Vitória Joana da Paz”, escrito pelo jornalista Fábio Gusmão e baseado na história verídica de Joana Zeferino da Paz. Grande força do filme vem da atuação de Fernanda, que consegue transmitir a solidão, indignação, determinação e a garra que a personagem teve para confrontar o crime na Ladeira dos Tabajaras.

O filme começa construindo uma atmosfera de grande tensão, claustrofobia e solidão dentro do pequeno apartamento com o reflexo da violência diante dos olhos, assim mergulhando na realidade crua do cotidiano carioca, expondo a fragilidade da segurança pública e o poder que o crime organizado possui. 

Em certos momentos, o ritmo da narrativa se torna um pouco lento e cansativo e a ação do longa começa com a introdução do jornalista Fábio, interpretado por Alan Rocha, que desenvolve uma relação de parceria com Dona Nina. Ele assiste às fitas gravadas por ela, provas de criminosos desfilando com armas à luz do dia, vendendo e utilizando drogas entre crianças e adolescentes, além de ter ajuda dos policiais para o tráfico. E diante de tudo, decide ajudar a senhora, assim escrevendo uma grande reportagem que colocaria os holofotes sobre todo o esquema de tráfico. 

 

Cartaz do filme (Foto: IMDb)
Cartaz do filme. Foto: IMDb

 

O filme tem a participação de outras atrizes, como Linn da Quebrada e Laila Garin, que mesmo em papeis secundários, também merecem destaque por agregar camadas à narrativa e mostrar diferentes facetas de como a comunidade é afetada pela violência.

Em resumo, “Vitória” é um filme emocionante e que faz refletir. Apesar dos problemas no ritmo do filme, a força de uma história real e a grande atuação de Fernanda Montenegro, com seus 95 anos, o consolidam como um filme digno de ser assistido e relevante para o cinema brasileiro. 

É um retrato da realidade brasileira que ao dar voz a uma história de resistência contra o crime, levanta questões importantes sobre segurança, justiça e o papel dos cidadãos contra a violência, dando esperança em resistir a toda criminalidade que a sociedade enfrenta com tanta frequência, além de dar voz a uma mulher que decide não se calar.

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O grupo sul-coreano encerra sua passagem pelo Brasil com o título de maior show de K-pop no país
por
Beatriz Lima
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09/04/2025 - 12h

 

Na primeira semana de abril, São Paulo e Rio de Janeiro foram palco dos shows da DominATE Tour, do grupo de K-pop Stray Kids. Em novembro de 2024, o grupo anunciou sua primeira passagem pela América Latina após sete anos de carreira, com shows no Chile, Brasil, Peru e México, causando êxtase aos fãs do continente.

Stray Kids é um grupo de K-pop composto por oito integrantes, Bang Chan, Lee Know, Changbin, Hyunjin, Han, Felix, Seungmin e I.N. O grupo estreou em 2018, após um programa eliminatório com diversos trainees da JYP Entertainment - empresa que gere o grupo. No dia 8 de julho de 2024, o grupo anunciou sua terceira turnê mundial chamada ‘DominATE Tour’, com shows iniciais pelo Leste e Sudeste Asiático e Austrália. 

A DominATE Tour foi anunciada para a divulgação de seu mais recente álbum, ATE, lançado dia 19 de julho de 2024. Com o sucesso mundial do grupo e da música “Chk chk boom”, com a participação dos atores Ryan Reynolds e Hugh Jackman no clipe, o grupo divulgou datas para a turnê na América Latina, América do Norte e Europa no início de 2025.

Foto de divulgação da turnê DominATE
Imagem de divulgação da turnê DominATE. Foto: Divulgação/JYP Entertainment

No Brasil, o octeto iniciou sua passagem pela cidade do Rio de Janeiro com seu show de estreia dia 1 de abril no Estádio Nilton Santos, com mais de 55 mil pessoas presentes no local. Em sua primeira data na cidade de São Paulo, sábado (5), o grupo sul-coreano teve os ingressos esgotados e, mesmo com chuva e baixas temperaturas, bateu o recorde de maior show de K-pop no Brasil, com um total de 65 mil pessoas no Estádio MorumBIS. No dia seguinte, o grupo teve seu último dia de passagem pelo país e somou no total - nos dois dias de show na capital paulista - 120 mil pessoas.

Show do Stray Kids no Estádio MorumBIS
Primeiro dia de show do Stray Kids em São Paulo. Foto: JYP Entertainment / Iris Alves

 

Os shows contaram com estruturas complexas e atraentes - com direito a fogos de artifícios e explosões de luz a cada performance -, tradução simultânea nos momentos de interação com o público, banda e equipe de dança do próprio grupo, além de estações de água e paramédicos à disposição do evento. Foram três noites marcantes tanto para os fãs brasileiros quanto para os próprios membros do grupo. “Eu sinto que tudo que nós passamos durante esses sete anos foi para encontrar vocês.” diz Hyunjin em seu primeiro dia de show no Brasil. 

Com o recorde de público nos shows e reações positivas na mídia e público brasileiro, o grupo promete voltar ao país em uma nova oportunidade, deixando claro seu amor pelo país e pelos fãs brasileiros. “Bom, é a sensação de que ganhamos uma segunda casa… todos nós [os oito membros]” declara o líder Bang Chan no primeiro show de São Paulo.

Membros do grupo após o show do Rio de Janeiro.
Foto divulgada após o show do Stray Kids no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/JYP Entertainment

 

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Último dia do festival em São Paulo também reuniu shows de Justin Timberlake, Foster The People e bandas nacionais
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Maria Eduarda Cepeda
Jessica Castro
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09/04/2025 - 12h

 

Neste domingo (30), o Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, recebeu o último dia da edição 2025 do Lollapalooza Brasil. O festival, que reuniu uma diversidade de estilos, contou com apresentações de bandas indies nacionais, como Terno Rei, e gigantes do pop, como Justin Timberlake. Como destaque, tivemos a histórica estreia da banda Tool em solo brasileiro, a volta de Foster The People ao festival e o show emocionante de encerramento do Sepultura, que consagrou sua importância como uma das maiores referências do metal, tanto no Brasil quanto no mundo.

Diferente do primeiro dia, o domingo foi marcado por tempo firme e céu aberto, sem a interferência da chuva. Com condições climáticas favoráveis, o público pôde aproveitar muito seus artistas favoritos ao longo do dia.

As primeiras atrações do dia já davam o tom da despedida do festival: uma mistura de muito indie, rock n’ roll e nostalgia no ar. No palco Budweiser, a cantora pernambucana Sofia Freire abriu os trabalhos com uma estreia marcante, conquistando o público com talento e carisma. E no palco Mike´s Ice, a banda "Charlotte Matou um Cara" chamou atenção por ter a vocalista, Andrea Dip, vestida em uma camisa de força. 

Além de cantora, Andrea é jornalista e faz parte da Agência Pública de Jornalismo Investigativo. Em 2013, recebeu o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo pelo seu trabalho na história em quadrinhos “Meninas em Jogo” e foi premiada pelo Troféu Mulher Imprensa na categoria site de notícias em 2016.

Vocalista da banda "Charlotte Matou um Cara", Andrea Dip, usando uma camisa de força rosa
A banda já dividiu palco com a cantora e atriz Linn da Quebrada. Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

Com músicas que tratam temas como machismo, ditadura militar e a luta contra a violação do corpo feminino, o grupo trouxe para o festival a agressividade e a energia para o "dia do rock". 

Na sequência, o grupo Terno Rei assumiu o palco e transformou a plateia ainda tímida em um coro envolvido por seu setlist, que mesclou sucessos da carreira e novas apostas sonoras. A banda ainda aproveitou o momento para anunciar seu próximo álbum, “Nenhuma Estrela”, com lançamento marcado para 15 de abril.

Depois de 8 anos longe do Brasil, Mark Foster e Isom Innis voltaram pela terceira vez ao Lollapalooza Brasil. As músicas foram de seus sucessos mais recentes às músicas mais queridas pelos fãs, como "Houdini" e "Call It What You Want". Com um público morno, mesmo com a presença dos fãs fiéis, eles não desanimaram e se mostraram contentes por estarem de volta. A música mais famosa, "Pumped Up Kicks", finalizou a apresentação do grupo.

A banda Tool se apresentou pela primeira vez no Brasil após 35 anos de carreira, mas quem compareceu esperando ver o grupo e uma apresentação tradicional teve uma surpresa. Tool fez um show cru, sem pausas e sem momentos emocionados. O visual sombrio e imersão feita pelos visuais espirituais do telão comandaram os espectadores a uma experiência única no festival, sendo o show mais enigmático da noite. A setlist foi variada, com alguns de seus sucessos e músicas de seu álbum mais recente "Fear Inoculum". Apesar da proposta diferenciada, o público pareceu embarcar na viagem sensorial proposta pelo grupo. 

Vocalisa da banda Tool na frente do telão, mas não somos capazes de ver seu rosto, apenas sua silhueta
A presença enigmática do vocalista causou muita curiosidade entre os espectadores. Foto: Sidnei Lopes/ @observadordaimagem

Sepultura está dando adeus aos palcos ao mesmo tempo que celebra seus 40 anos de carreira, assim como o nome de sua turnê, "Celebrating Life Through Death". Fechando a edição de 2025 do festival, a banda teve convidados curiosos para a setlist. Para acompanhar a música "Kaiowas", o cantor Júnior e o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, subiram no palco para integrar o ritmo agressivo dessa despedida. Com uma setlist semelhante a do show feito em setembro do ano passado, também dessa turnê de adeus, o grupo não deixou o clima cair mesmo com os problemas técnicos que enfrentaram. O som estava abafado e baixo comparado ao de outros palcos, a banda Bush enfrentou o mesmo problema em sua apresentação. 

A banda encerrou seu legado no festival com um de seus maiores sucessos internacionais, "Roots Bloody Roots", eternizando seu legado e deixando saudades em seus fãs que se mantiveram devotos até o fim.

No palco ao lado, o grande headliner da noite, Justin Timberlake, mostrou que seu status de popstar segue intacto. A apresentação, que não foi transmitida ao vivo pelos canais oficiais do evento, teve performances energéticas, muita dança e vocais entregues sem base pré-gravada.

Justin Timberlake se apresentando no palco principal do festival
Justin Timberlake encerra a terceira noite do festival Lollapalooza 2025. — Foto: Divulgação/Lollapalooza

Com um show marcado por coros emocionados em “Mirrors” e uma enxurrada de hits como, “Cry Me a River”, “SexyBack” e “What Goes Around... Comes Around”, ele reforçou sua presença como um dos grandes nomes da música pop.

Apesar de definitivamente não estar em sua melhor fase — após polêmicas envolvendo sua ex-namorada Britney Spears, que o acusou de um relacionamento abusivo, e uma prisão em 2024 por dirigir embriagado — Timberlake demonstrou um forte engajamento com o público, que saiu eletrizado do show. 

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A autenticidade da cantora é posta em cheque novamente com o lançamento de seu segundo álbum
por
Bruna Quirino Alves
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18/09/2023 - 12h

O segundo álbum de estúdio de Olivia Rodrigo, a queridinha do pop, foi entregue ao público na última sexta-feira e os números não mentem. O lançamento foi um sucesso, como o de seu antecessor “SOUR”. 

“GUTS” acumulou mais de 60 milhões de plays no Spotify em sua estreia e todas as suas 12 faixas debutaram dentro do top 23 da parada global na plataforma.

 

foto da olivia rodrigo deitada em um fundo roxo com anéis escrito GUTS nos dedos
Ensaio feito para a capa do álbum. Foto: Divulgação  

 

Segundo Olivia, o projeto tenta capturar a confusão que vem com o processo de transição de uma jovem adulta, enquanto busca entender sua própria identidade e o seu lugar no mundo. Sua faixa favorita do álbum e uma das suas criações preferidas é “all-american bitch”, a introdução do disco. Para a artista, a faixa descreve muitos sentimentos reprimidos que ela guarda desde os seus 15 anos e nunca teve a coragem de expressar, até agora.

As faixas “all-american bitch”, “ballad of a homeschooled girl” e “get him back!” conversam conceitualmente entre si. Todas partilham batidas fortes, solos de guitarra marcantes e a sensação de estar lendo o diário de Olivia.

“Making the bed” e “the grudge” seguem o mesmo estilo de “drivers license”, famoso single do seu primeiro disco. São baladas melodramáticas do álbum, que são a marca registrada da artista. O tom e a sonoridade no refrão de “making the bed” soam familiares para quem conhece a melancolia de Phoebe Bridgers, principalmente em “Motion sickness”. 

“Teenage dream” encerra o álbum enquanto faz referência ao famoso single de Katy Perry, trazendo uma perspectiva mais confusa e introspectiva sobre a juventude, mostrando que talvez ser jovem não é tão cor-de-rosa. 

Ainda que o álbum represente muito bem a mentalidade de uma jovem de 20 e poucos anos, beirando o impossível não se identificar com a angústia e a ansiedade de suas letras, é perceptível a receita de bolo que a artista usa e abusa, na mesma fórmula pop-rock que vem sido explorada desde os anos 90, por Alanis Morissette, Blondie, The Veronicas que não ultrapassa o limite estabelecido desde o seu primeiro lançamento, Avril Lavigne, Paramore, entre outros. 

A sonoridade de “GUTS” é bem mais ambiciosa do que a que vimos em “SOUR” e é notável um tom confessional mais agressivo, mas as limitações criativas da artista não se ultrapassam desde o seu primeiro lançamento, enquanto se mantém no mesmo eixo temático e conduz a narrativa da mesma forma. 

Com novas acusações de plágio, a autenticidade de Olivia é posta em cheque novamente. O lançamento de “SOUR” foi marcado por acusações de plágio, tanto no projeto gráfico do disco – que supostamente plagiou o grupo independente Pom Pom Squad – quanto na faixa “Good 4 U” que inclui retroativamente Hayley Williams e Josh Farro do Paramore como coautores pela similaridade com o sample de “Misery Business”. 

Infelizmente “GUTS” não fugiu do radar nesse aspecto. A faixa “all-american bitch” apresenta uma melodia muito similar à do single “Start all over”, de Miley Cyrus, lançado em 2007, e como sempre a internet não deixou passar.

Tweet escrito "adoro a olivia rodrigo mas porque ela sempre interpola ou sampleia músicas obviamente famosas e só depois dá os créditos? é pra gerar buzz ou polêmica? ouvi um pedaço de musica nova e é um copia e col de start all over da miley kkk tem nem como fingir não"
Um dos tuítes que apontam o suposto plágio. Foto: Reprodução/Twitter

“GUTS” parece ser sequencial e carrega um sentimento de continuidade em relação ao álbum anterior por narrar os mesmos temas, ainda que a partir de uma perspectiva mais madura e menos passiva. Porém, mesmo sendo mais rock, o álbum é monótono e as faixas se confundem, além do uso exacerbado de samples de outras músicas que empobrecem a originalidade do projeto e roubam o sentimento de estar ouvindo algo novo, de fato. 

Por fim, só resta esperar que o próximo projeto de Olivia se diferencie trazendo uma receita nova e não apenas uma reprodução de tudo que já foi feito pelas estrelas do rock que a antecederam. 

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Premiação contou com performances memoráveis e com o Brasil fazendo história novamente
por
Helena Maluf
Gabriela Jacometto
Victória da Silva
Vitor Nhoatto
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15/09/2023 - 12h

  O Video Music Awards, mais conhecido como VMA, é um evento anual promovido pela MTV onde os principais artistas da indústria musical têm seus trabalhos reconhecidos. A edição deste ano, sediada em Nova Jersey, EUA, aconteceu nesta terça-feira (12).

Com a presença ilustre de grandes nomes, a premiação contou com performances de artistas como Nicki Minaj, apresentadora deste ano, Shakira, homenageada da noite, e Anitta em dose dupla. A edição 2023 do VMA também se destacou pelo aumento da diversidade, tanto nas indicações, quanto nas apresentações.

 

Taylor recebendo o prêmio
Taylor Swift recebendo a estatueta de astronauta em uma das premiações. Foto: Gilbert Flores/Variety/Reprodução.                                                                                                               

 

 Performances 

Abrindo os trabalhos, o rapper Lil Wayne – com o seu novo single "Kat Food" – entregou muita animação. Logo em seguida, a nova estrela do cenário pop internacional, Olivia Rodrigo, iniciou sua performance com a faixa "Vampire" do recém-lançado álbum "GUTS", e engatou "Get Him Back" na sequência. Usando os dois palcos principais, e abusando de artefatos pirotécnicos, o grande show no entanto, não agradou, pelo tom errôneo cantado pela artista.

O evento também foi palco do reencontro dos integrantes da boyband 'N Sync, que há 20 anos atrás ganhou a categoria de Clipe de Pop pela música "Bye bye bye". Apesar de não terem se apresentado, emocionaram a plateia.

Na terceira apresentação da noite com muita coreografia e sensualidade, foi a das rappers Cardi B e Megan Thee Stallion, performando pela primeira vez a recém lançada "Bongos". Tivemos também Demi Lovato com um medley de hits na versão rock, do álbum REVAMPED. Com uma banda só de mulheres, a artista repetiu em certo grau o seu show no The Town mas em menor escala, cantando Heart Attack, Sorry Not Sorry e Cool For The Summer.

Em parceria com a empresa Doritos, a MTV cedeu um pequeno espaço para a apresentação de novos artistas entre os shows principais da noite e o anúncio das categorias. Os artistas Kalii, Rene Rapp e The Warning cantaram pequenos trechos de suas canções duas vezes cada.

Um dos momentos mais aguardados pelos brasileiros era a performance de Anitta, que pela segunda vez consecutiva estava indicada e iria performar no evento. Vestindo um look com a bandeira do brasil estilizada no peito, representando o nosso país, a brasileira levou o funk para o palco do VMA ao cantar um medley das músicas do projeto Funk Generation: A Favela Love Story, sendo elas, Used To Be, Funk Rave e Casi Casi.

 

Anitta
Anitta e suas dançarinas durante sua apresentação. Foto: Noam Galai/ Getty Images/Reprodução 

 

Seguindo com as apresentações, Doja Cat performou "Attention", "Paint The Town Red" e "Demons", levando a Internet à loucura com uma apresentação intensa e explosiva. Com dançarinas pintadas todas de vermelho, e vestida de terno – o qual foi tirado pela rapper ao decorrer da apresentação –, Doja entregou seu visual “edgy” no evento.

Primeira artista sul-americana a receber o Video Vanguard, Shakira fez uma performance com vários de seus hits, uma grande estrutura, vários dançarinos, coreografia ensaiada, vocais impecáveis e até fogo no palco. A homenageada da noite tocou guitarra, dançou com facas e levou muita latinidade ao VMA. Ela ainda finalizou com o seu sucesso em parceria com Bizarrap, e se jogou no meio da plateia e antes de ser içada a vários metros de altura em uma estrutura no meio do público.

Shakira
Shakira na plateia durante sua performance. Foto: Gilbert Flores/Variety/Reprodução.                                             
 

Após a performance cinematográfica, ao receber a estatueta de astronauta dourada, ela agradeceu a todos que a apoiaram desde o início quando tinha apenas 18 anos, principalmente as mulheres especiais de sua vida e seus dois filhos, que estavam presentes. Finalizou oferecendo o prêmio aos seus fãs, os latinos que sempre a mantiveram firme e determinada.

Outra grande estrela da noite, Nicki Minaj apresentou o programa com um tom leve e brincalhão. "A MTV recebeu mensagem das pessoas com medo do que eu poderia falar", brincou a rapper. Mas além de ter conduzido a premiação com maestria e vários looks, a primeira mulher a ficar no topo das paradas com mais de 100 hits cantou seu último single "Last Time I Saw You ", do aguardado álbum Pink Friday 2. Em uma espécie de pedestal, a rainha do rap entregou vocais incríveis em um look transparente, coberto por um vestido preto. No encerramento, ainda emendou um trecho inédito de uma música que lançará na sexta (15), do supracitado álbum.

Nick Minaj
Nicki Minaj cantando o single "Last Time I Saw You". Dia Dipasupil/Getty Images/Reprodução
 

Estreando na premiação com muita cor, dança e sensualidade, Karol G trouxe "TÁ OK REMIX", sua parceria com Dennis DJ, Maluma e Kevin O Chris. Internautas afirmaram que a colombiana levou mais funk para o palco do VMA do que a nossa garota do rio. 

Recebendo o prêmio Global Icon, outra grande honraria da noite, Diddy performou em seguida vários de seus sucessos e convidou ao palco vários artistas, incluindo Keyshia Cole. O rapper, ao receber a estatueta dourada, fez um discurso emocionante, remontando ao seu passado de entregador de jornais, o sonho de ser jogador de futebol, e como foi para a música, alegando que nunca imaginaria estar onde chegou.

Peso Pluma, STRAY KIDS, e Maneskin, fizeram suas estreias na premiação. A sensação mexicana fez uma apresentação mais acústica, enquanto o grupo de Kpop levou muita dança e intensidade ao palco. Já a banda de rock alternativo, com uma câmera em mãos, agitou o público. 

Metro Boomin também foi uma das atrações da noite, performando vários sucessos de sua carreira, dentre eles a música "Calling" que faz parte da trilha sonora de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, de 2023. Anunciado pela cantora Bebe Rexha, mais um reencontro aconteceu em seguida, a banda de rock Fall Out Boys, após 16 anos, voltou a se apresentar no evento.

Com Sabrina Carpenter anunciando a nossa Anitta como super estrela global, o grupo de Kpop TXT e Anitta fizeram sua aguardada e surpreendente performance, levando os fãs à loucura. Tanto os integrantes do grupo quanto a cantora dançaram e cantaram o pré-release intitulado "Back For More". A brasileira, junto a Nicki Minaj, foram os únicos artistas que se apresentaram duas vezes durante a edição deste ano.

A premiação ainda contou com uma espécie de festa de aniversário. A cantora americana, Kelsea Ballerini, comemorou seu aniversário de 30 anos, visivelmente emocionada, se apresentando com uma orquestra inteira, e uma troca de figurino mágica no palco.

A última apresentação da noite foi em homenagem aos 50 anos do hip hop. Com grandes nomes de várias épocas, incluindo Nicki Minaj e Lil Wayne, a performance foi marcada por vários hits dos rappers, muita emoção e representatividade, tendo sido a mais longa da noite.

Nick Minaj
Performance em comemoração aos 50 anos de hip hop. Foto: Theo Wargo/Getty Images/Reprodução 
 

 Premiações 

Depois de 24 anos com predominância masculina na categoria de "grupo do ano", em 2023 o grupo feminino Blackpink levou o prêmio para casa. 

Mas a noite pertenceu mesmo à Taylor Swift, que levou para casa o cobiçado prêmio de Artista do Ano, entre 8 outros prêmios: “Melhor Vídeo”, ‘Música do Ano”, “Melhores Efeitos Visuais”, “Melhor Vídeo Pop” e “Melhor Cinematografia”, com a música Anti-hero;  “Álbum do Ano”, com Midnights e “Show do Verão”com a The Eras Tour.

Taylor e prêmios
Taylor Swift após a premiação mostrando seus nove prêmios. Foto: getty images.     

Em uma grande surpresa devido aos rivais de peso, Anitta levou pela segunda vez consecutiva a categoria de melhor clipe latino por Funk Rave. A brasileira agradeceu aos seus fãs e gravadora e a si mesma no final, pois trabalhou duro para mais uma vez o funk brasileiro estar na premiação, indicado e performando, mas ganhando também. "Nós estamos aqui de novo Brasil", comentou.

Nicki Minaj levou a categoria melhor hip hop com Super Freaky Girl, e revelou a sua gratidão por tudo e todos.

Apresentada por Rita Ora, a categoria de melhor colaboração foi para Karol G e Shakira pela canção "TQG". As duas de mãos dadas foram ao palco e vibraram pela Colômbia, país de ambas.

Outros artistas premiados foram: BLACKPINK na categoria “Melhor co Coreografia”; Seven de Jungkook e Latto com “Música do Verão”; S-Class do Stray kids como “Melhor Música Kpop”; Ice Spice como “Artista Revelação”; Lana Del Rey e Jon Baptiste com “Melhor Video Alternativo”; Maneskin com “Melhor Vídeo de Rock”; Anitta com “Melhor Vídeo Latino”; Olivia Rodrigo com “Melhor Edição”; Calm down do Rema e Selena Gomez com “Melhor Afrobeat”; Karol G e Shakira como “Melhor Colaboração”; Candy da Doja Cat com “Melhor Direção de Arte”; Super freaky girl da Nicki Minaj com “Melhor Vídeo Hip-Hop”; Diddy como “Ícone Global”; SZA com “Melhor Vídeo Rythm e Blues”; Dove Cameron com “Video For Good”, ou traduzindo vídeo para o bem; e TXT com “Melhor Performance Inovadora" para Sugar Rush Ride.

 O VMAs 2023 não foi apenas sobre prêmios e a celebração dos artistas premiados e indicados, foi também sobre criatividade e a capacidade única dos videoclipes e, principalmente da música, de impactar a indústria cultural. 

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“Games, competições e novidades, tudo o que vem por aí no maior evento geek do país”
por
Kauã Alves
Leonardo de Sá
Maria Eduarda Camargo
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14/09/2023 - 12h

Um dos maiores eventos de games do Brasil, a 14.ª edição da BGS (Brasil Game Show) ocorre entre os dias 11 a 15 de outubro, na Expo Center Norte, em São Paulo.

Marcelo Tavares, jornalista, empresário brasileiro e idealizador do evento, que nasceu como Rio Game Show em 2009, contou em entrevista ao TechTudo que a ideia surgiu da necessidade de uma feira de jogos no país, inspirada na própria paixão de Tavares por esse universo. “Acredito que a BGS é uma grande vitrine do mercado brasileiro lá fora. O evento ajuda no crescimento do nosso mercado ao promover os games tanto para a imprensa especializada como para a grande mídia”, disse ao veículo.

Já em expansão na América Latina, em 2011, os produtores Yoshinori Ono (Street Fighter) e Zafer Coban (Batman Arkham City) chegaram a comparecer ao evento, junto de 60 mil pessoas. No ano seguinte, a feira passou para a cidade de São Paulo e contou com cerca de 100 mil pessoas.

Com atrações nacionais e internacionais, o evento reúne mais de 400 expositores, dentre eles empresas consagradas como Playstation, Monster, Nintendo e Microsoft. Além disso, para quem quer conhecer seus ídolos de pertinho, a feira contará com grandes nomes da indústria dos games, como Naoki Yoshida, Alexey Pajitnov e Nolan Bushnell. Outro grande atrativo é o acesso antecipado aos lançamentos das desenvolvedoras presentes. Jogos, equipamentos e acessórios serão mostrados em primeira mão nos estandes. 

Além disso, a BGS contará com Concurso de Cosplay, além de apresentações de grandes nomes na indústria. Nesse ano, os fãs de campeonatos de e-sports também poderão assistir à final feminina do campeonato de Counter Strike: Global Offensive (mais conhecido como CS:GO), que rola entre Fúria e B4. O prêmio, além do título, é de 20 mil reais para as ganhadoras e 10 mil reais para as vices.

Palco do campeonato feminino de CS:GO em 2022
Palco do campeonato de CS:GO feminino de 2022. Foto: BGS/Reprodução

Outra promessa do evento é a famosa Sonic Symphony, que reúne musicistas internacionais para reviver as famosas melodias 8-bits e 16-bits da SEGA (produtora de Sonic e Alien: Isolation) – celebrando 30 anos do personagem Sonic The Hedgehog. A orquestra conta com Shota Nakama, que além de idealizador e criador da Video Game Orchestra, também produziu trilhas sonoras para Final Fantasy e Kingdom Hearts.

Os ingressos estão disponíveis no site para todos os dias, exceto, sexta-feira (13) que já estão esgotados. Vale lembrar que todos os que levarem 1kg de alimento não-perecível, tem direito ao valor de meia-entrada do ingresso, assim como, estudantes com carteirinha, idosos com mais de 60 anos e PCDs.

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Álbum estreia batendo o recorde nacional do Spotify
por
Bruna Quirino Alves
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10/09/2023 - 12h

O álbum, intitulado Escândalo Íntimo, apresenta Luísa Sonza em seu estado mais vulnerável enquanto navega pelo seu subconsciente e aborda suas aflições e fragilidades com profundidade e clareza, mostrando suas incoerências e insatisfações consigo mesma e com o mundo à sua volta. Não deixando de lado a sua ousadia e irreverência características ao experimentar com os conceitos sonoros e visuais que incomodam e subvertem os sentidos e réguas morais, te colocando para fora da zona de conforto.

Seu conceito disruptivo e desaforado chama a atenção do público desde o primeiro single lançado. “Campo de Morango” dividiu opiniões e causou diversas polêmicas. O clipe brinca com a sensualidade da fruta ao mesmo tempo que faz a contraposição trazendo visuais vermelhos que remetem à sangue e beiram o perturbador.

Luísa no clipe "Campo de Morango" em cima de uma cama coberta de tinta vermelha com dançarinas ao seu lado
Trecho do clipe de Campo de Morango. Foto: Divulgação

O álbum

O álbum é dividido em quatro blocos marcados pelos interlúdios: “Dão Errado” e “Todas as histórias”

O primeiro bloco apresenta seu manifesto de autoestima e poder com faixas como “Carnificina”, em que Luísa reafirma o seu valor e a sua influência enquanto dá o recado: “Eu tenho números e ainda sou artista” e o hit pop dançante “A Dona Aranha”, que ressignifica a antiga cantiga infantil com elementos do funk, brincando com as palavras e retratando um lado animalesco da cantora como a própria aranha.

O segundo bloco apresenta a parte mais romântica do álbum, enquanto o terceiro e último bloco lançado, que começa a partir do interlúdio “Dão Errado”,  introduz o sample de “Não me deixe só” de Vanessa da Mata e termina com uma alusão à uma crise de ansiedade, com respirações descompassadas e ofegantes, junto de sons angustiantes para quem ouve.

Luísa revelou em entrevistas que a construção conceitual do projeto foi pautada em torno de um relacionamento tóxico consigo mesma e uma representação de seu subconsciente, seus pesadelos, aflições e autosabotagens – o que pode ser visto em faixas como “Principalmente me sinto arrasada” e “Não sou demais” – que narram suas angústias e cobranças a si própria, além da visão distorcida com a qual ela se enxerga e os seus discursos controversos e incoerentes.

Trecho do clipe de Luísa onde ela olha sorrindo pra tela
O clipe de "Principalmente me sinto arrasada" exibe um clima de terror. Foto: Reprodução/Youtube

Nas faixas mais sentimentais do disco, a cantora cria uma atmosfera imersiva mais emotiva através dos sons, emulando suas emoções e fazendo com que seus sentimentos se projetem até o ouvinte.

Escândalo Íntimo é um projeto de 26 faixas, porém apenas 18 foram lançadas. Posteriormente, as outras 8 serão liberadas junto com os visuais, que formarão um curta-metragem.

O álbum conta com a participação de artistas como: Baco Exu do Blues, Marina Sena e Duda Beat, porém o maior destaque foi a parceria com a cantora pop norte-americana Demi Lovato que canta em português na faixa “Penhasco 2”. 

É notável a versatilidade do disco em mesclar estilos musicais diversos através das colaborações e referências, enquanto mantém uma sonoridade coesa que se conecta até o final da narrativa.

A faixa “Surreal”, com Baco Exu do Blues, apresenta elementos de R&B ao descrever uma noite de romance tórrida e sensual, com vozes arrastadas, compasso marcado e melodia grave que captura o sentimento de desejo intenso - como em Hotel caro, a outra parceria dos dois, lançada em 2022, que também é referenciada nos versos de Baco: “Hotéis caros, festas na espanha, mistura intensa, somos uísque com tequila".

“Ana Maria” traz a leveza de Duda Beat para o final do disco, quebrando a melancolia e espantando a ansiedade enquanto nos leva para uma atmosfera mais alegre e otimista, além de revisitar a interlude do bloco e responder Vanessa da Mata enquanto anuncia: “Não sinto mais medo do escuro, agora ele tem medo de mim”.

Luísa volta para o sertanejo sofrência, com gaitas ao fundo e vocais fortes em “Onde é que deu errado”. O sertanejo não é estranho para a artista, que já explorou esse gênero no single “Coração Cigano” em parceria com Luan Santana e em “melhor sozinha” com Marília Mendonça para seu álbum anterior, “DOCE 22”.

Já “Iguaria” e “Chico” trazem traços de bossa nova no ritmo enquanto a artista abraça o romantismo se declarando para o companheiro. Em “Iguaria” ela revela quão preciosa é a relação dos dois com trechos cheios de referências à MPB, como: “Deságua em mim como chuva”– referenciando ‘Oceano’, um dos maiores sucessos dos anos 90, composto por Djavan. 

“Chico” narra uma história de romance que se passa no Rio, que como “Garota de Ipanema” do Tom Jobim é ritmado pelas ondas do mar e o seu movimento, mas ao invés de observar Helô Pinheiro caminhar na praia de Ipanema, a serenata de Luísa é para Chico Veiga e se passa em um bar na Lapa. Essa faixa vem para aquecer o coração daqueles que não perderam a fé no amor, apesar das desilusões. Na letra, ela diz: “Chico, se tu me quiseres, sou dessas mulheres de se apaixonar”, uma referência à Folhetim, escrita por Chico Buarque e cantada por Gal Costa.

Em “Outra Vez”, como na canção de Roberto Carlos, Luísa está presa nas memórias de um amor antigo enquanto tenta lidar com o seu fim e seguir em frente. A música traz todas as emoções vividas no processo de superar um término e a vontade agridoce de se apegar à dor quando ela é tudo o que resta. 

Outras alusões à MPB e bossa nova usadas no álbum também não passaram em branco para os ouvintes, como a faixa “Lança-menina” que foi um tributo à rainha do rock, Rita Lee, além do áudio da própria Rita falando no final. Na letra, Luísa exalta a si mesma e a sua própria incoerência, além de ironizar o conceito de ser uma “boa menina”.

A faixa “Luísa Manequim”, conta com o sample de samba-rock do compositor Abílio Manoel durante a música e o trecho que diz “sabor de fruta mordida”, referenciando Cazuza em uma de suas faixas mais famosas, “Todo amor que houver nessa vida”. Nessa faixa, Luísa mostra um pouco da cobrança que vem com a vida sob os holofotes e muda o sentido da música original enquanto se coloca como a garota que está sendo observada, onde tudo e todos querem a sua atenção, tecendo elogios ou criticando. 

Tweet onde Luísa Sonza escreve "gente meu fãs pelo amor de deus comecem a escutar música brasileira, artistas brasileiros Cássia Eller, Cazuza, etc se não vocês não vão me acompanhar nos raciocínios
Tweet da cantora é relembrado nas redes socais. Foto: Reprodução / Twitter

O álbum apresenta uma nova era na carreira de Luísa Sonza e demonstra um vasto repertório e amadurecimento musical, além da experiência audiovisual que virá com o lançamento do curta-metragem.

Escândalo Íntimo está disponível nas plataformas digitais e foi performado pela primeira vez no festival The Town em São Paulo, no primeiro domingo.

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Shows de Ne-Yo, Maria Rita, Maroon 5 e Joss também foram destaque no terceiro dia do festival
por
Bianca Novais
Eduarda Basso
Maria Eduarda Camargo
Vitor Nhoatto
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08/09/2023 - 12h

O festival The Town apresentou seu terceiro dia de shows nesta quinta-feira (7), no autódromo de Interlagos, zona sul de São Paulo. Com Ludmilla, The Chainsmokers e Maroon 5 no palco principal Skyline, o evento contou também com Maria Rita, Ne-Yo e Joss Stone no line-up.

Os portões abriram 1h30min mais cedo, a fim de minimizar a fila — o que não aconteceu. No primeiro fim de semana do festival, a organização foi a principal reclamação dos fãs, que esperavam por melhorias nas operações, mas se decepcionaram.

 

 

 

 

A cantora Maria Rita abriu o dia no The Town e levou uma roda de samba ao palco The One, onde apresentou clássicos da música brasileira. Sua setlist contou com covers de Beth Carvalho, Elis Regina e Jorge Aragão, além de sua própria discografia.

Como protesto, a cantora bradou a palavra “Democracia” em punho vermelho no telão ao fundo enquanto cantava Cara Valente, um de seus maiores sucessos.

Tentando não se afastar do estilo que a consagrou em 2003 com seu primeiro álbum, Maria Rita entrou também com jazz - com Let’s Do It e Over The Rainbow - e MPB, além da versão jazz do samba Meiga Presença, que saúda Elizeth Cardoso. Neste ano, a cantora completa 20 anos de carreira e prova que existe equilíbrio entre samba e jazz. 

 

Maria Rita provou que dá pra misturar jazz e samba. Foto: Divulgação/The Town.
Maria Rita provou que dá pra misturar jazz e samba. Foto: Divulgação/The Town.

 

Ludmilla estreou sua nova turnê Vilã Live com uma apresentação cinematográfica. A estrela brasileira chegou ao palco em um enorme cofre dourado sustentado por cordas, cantando seu grande sucesso Hoje. Para tanto, o Skyline precisou ter sua estrutura reforçada. O investimento total apenas na apresentação de Lud somou três milhões de reais, segundo apuração da Folha de São Paulo

Foram apresentadas faixas de seu último álbum VILÃ, como Sou má, Socadona e Briga Demais, além dos hits Onda Diferente, Maldivas e Deixa de Onda. O show ainda contou com trocas de figurino, um corpo de baile excepcional e comoção do público durante Sinto Raiva, com direito a um piano no palco.

Com vocais impecáveis da artista, coreografia ensaiada e uma estrutura de dois andares para pole dance, Ludmilla cantou Sintomas de Prazer e protagonizou um momento sensual e carinhoso com sua esposa, Bruna Gonçalves, ao final da canção.

Com referências à turnê Renaissance de Beyoncé, Ludmilla utilizou uma câmera de mão para exibir ângulos mais pessoais no telão do palco, luzes amarelas, figurino dourado, entradas coreografadas com rigor na sincronia e muita presença de palco. Internautas comentaram sobre a influência da cantora brasileira, que se tornou o assunto mais comentado do mundo na plataforma X - antigo Twitter -, mesmo com um horário de show controverso.

 

 

 

 

Lulu Santos foi o convidado especial de Ludmilla no show, que cantou junto a famosa Toda Forma de Amor junto com ela. Mostrando sua versatilidade, transitou por todos os estilos de seu longo portfólio - pop, pagode, MPB - até chegar no funk, sua origem na música.

A Rainha da Favela cantou um medley de seus maiores sucessos do gênero, com 24 Horas Por Dia, Din Din Din e Cheguei. A finalização ficou com Favela Chegou, deixando no ar um clima um clima de "dever cumprido", em referência à gafe da família Medina, organizadores do evento e do festival irmão Rock In Rio, que na edição de 2022 alocou artistas de funk, inclusive Ludmilla, em palcos menores.

Como segunda atração no Skyline, Joss Stone trouxe ao festival um toque de reggae, R&B e soul music, com os sucessos Super Duper Love, Free Me e Right To Be Wrong, além do cover de Say My Name, de Beyoncé.

A cantora britânica se apresentou no lugar do ex-integrante da banda One Direction, Liam Payne, que cancelou sua participação na semana anterior ao início do festival por problemas de saúde. Apesar das baixas expectativas em relação a seu show, a cantora surpreendeu o público com seus vocais e carisma, cativando a plateia. 

 

Joss Stone foi uma grata surpresa para o público. Foto: Juliana Cerdeira/Multishow.
Joss Stone foi uma grata surpresa para o público. Foto: Juliana Cerdeira/Multishow.

 

Mais tarde, a dupla americana The Chainsmokers assumiu o palco principal e suas músicas eletrônicas agitaram o público. Vestindo camisetas da seleção brasileira, eles tocaram hits como Don't Let Me Down, Sick Boy e Something Just Like This, além de trazerem alguns remixes de outros artistas. O vocalista Andrew, que namora a modelo brasileira Marianne Fonseca, ainda apresentou a música inédita 14 Minutes em homenagem a ela. A apresentação terminou com o sucesso Closer, cantada com potência pela plateia.

O cantor Ne-Yo se apresentou neste feriado no palco The One, trazendo hits de sua carreira como Miss Independent, So Sick, e Because of You. Além das músicas de sua discografia, o artista americano incluiu Irreplaceable, de Beyoncé, e Take A Bow, de Rihanna, ambas compostas por ele.

O show proporcionou fortes emoções ao público. Com canções que marcaram os anos 2000 e som puxado para o R&B, Ne-Yo entregou nostalgia para o festival. No hit So Sick, os fãs ligaram a lanterna do celular, marcando uma das cenas mais emocionantes da performance. Em Push Back, o cantor levou fãs para o palco para uma batalha de dança, revelando a estudante Sheila de Oliveira, de 23 anos, que entregou uma performance profissional.

 

 

 

 

A última atração do dia no palco principal do evento foi da banda Maroon 5, que esteve pela última vez no Brasil em 2022. A performance deles, entretanto, não foi a mais emocionante do dia, pois o vocalista, Adam Levine, estava com a voz prejudicada. Além disso, o show não trouxe nada de diferente em comparação às apresentações do ano anterior.

Para quem nunca os viu ao vivo, o apelo de tocar suas músicas mais conhecidas conquista. Mas a mesmice da atração principal da noite acabou deixando o show da banda apagado em comparação às outras atrações do festival.

Mesmo assim, hits como Payphone, One More Night, Animals e She Will Be Loved animaram a plateia, que cantou letra a letra com o grupo. O show se encerrou com Sugar, um de seus maiores sucessos. Na internet, fãs exaltaram os artistas e comentaram positivamente sobre o show, mencionando que são uma “banda coringa”.

 

 

 

 

No próximo sábado (9), o The Town terá apresentação da banda Foo Fighters — que está há 4 anos sem pisar em solo brasileiro. Donos dos sucessos My Hero, The Best Of You e Everlong, eles prometem agitar o público do Rock no palco Skyline. Os fãs aguardam ansiosamente pelo grupo, devido ao cancelamento do show no Lollapalooza, após o trágico falecimento de Taylor Hawkins, baterista da banda.

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