Novo disco da cantora é o primeiro após grande turnê mundial e promete retomar parceria com Max Martin
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Luis Henrique Oliveira
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12/08/2025 - 12h

Na madrugada desta terça-feira (12), Taylor Swift anunciou o lançamento de seu 12º álbum de estúdio, intitulado “The Life of a Showgirl”. A revelação veio após o fim de uma contagem regressiva no site oficial da cantora, acabando exatamente às 00h12 no fuso-horário norte americano, 01h12 no horário de Brasília.

Combinado com o anúncio, um  trecho do podcast New Heights Show, apresentado pelos irmãos Travis e Jason Kelce, namorado e cunhado de Swift, mostra a cantora abrindo uma maleta e apresentando seu novo disco. A capa será revelada apenas nesta quarta-feira (13) durante sua participação especial no programa.

A cantora Taylor Swift no podcast New Heights Show, apresentando a capa de seu novo disco, porém borrada.
Taylor Swift faz anúncio de novo álbum em trecho divulgado de podcast. Foto: Instagram/@taylorswift

Taylor sempre deixou pistas antes de comunicar um novo projeto. No trabalho anterior, “The Tortured Poets Department” (2024), ela posava para fotos fazendo o sinal de dois, revelando mais tarde se tratar de um álbum duplo – e dessa vez não foi diferente.

Os rumores de um novo disco correm no mundo Swiftie (fãs da artista) desde o fim da The Eras Tour, quando a cantora apresentou um novo logotipo e passou a usar 12 letras para estender palavras simples (como prolongar o “d” em “god” nos stories do Instagram, por exemplo).

As especulações ganharam força na segunda-feira quando sua equipe de marketing postou nas redes sociais um carrossel de doze fotos suas usando roupas laranjas durante a última turnê, cor inédita dentre as que compõem a paleta dos álbuns anteriores, junto de uma legenda sugestiva: “lembrando de quando ela disse ‘vejo você na próxima era…'”. 

Após o anúncio, outdoors do Spotify foram colocados em Nova York e Nashville - cidade natal de Taylor -  a fim de divulgar uma playlist em conjunto da cantora, intitulada “And, baby, that’s show business for you” (“e, amor, isso é show business para você”, em tradução livre). Todas as músicas que estão presentes no compilado foram produzidas por Max Martin e Shellback, que trabalharam com Swift nos álbuns Red (2012), 1989 (2014) e Reputation (2017), sendo uma possível pista do que esperar do novo projeto.

Outdoor em Nova York com fundo laranja brilhante, no centro está o código para uma playlist exclusiva da cantora Taylor Swift
Playlist traz 22 faixas, presentes nos álbuns Red, 1989 e Reputation. Foto: Reprodução/X/@TSUpdating

“The Life of a Showgirl” será o primeiro disco da cantora após readquirir os direitos de seus seis primeiros discos, vendidos sem seu consentimento quando sua antiga gravadora, Big Machine Records, foi comprada pelo empresário Scooter Braun, em 2019.

Taylor conseguiu recuperar suas masters em maio deste ano, encerrando não só a luta para consegui-las de volta, mas também o projeto de regravação de suas músicas.

O álbum ainda não tem data de lançamento oficial, entretanto a previsão de entrega dos vinis vai para até o dia 13 de outubro.

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Compositor e cantor vivia com sequelas decorrentes de um AVC que sofreu em março de 2017
por
Bianca Novais
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08/08/2025 - 12h

A família de Arlindo Cruz anunciou a morte do compositor, cantor e instrumentista nesta sexta-feira (8), através das redes sociais do artista. Considerado um dos maiores sambistas do país, Arlindo vivia com a saúde debilitada desde março de 2017, devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico.

“Mais do que um artista, Arlindo foi um poeta do samba, um homem de fé, generosidade e alegria, que dedicou sua vida a levar música e amor a todos que cruzaram seu caminho", diz a nota de falecimento. O sambista morreu no hospital Barra D'Or, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

 

 

Arlindo Domingos da Cruz Filho nasceu na capital fluminense em 14 de setembro de 1958, no bairro de Madureira, Zona Norte da cidade. Em homenagem a ele, escreveu uma de suas canções mais conhecidas, “Meu Lugar”, parte do álbum “Hoje tem samba” (2002).

Tocava cavaquinho, banjo e ainda na juventude começou a se apresentar profissionalmente, enquanto estudava teoria musical na escola Flor do Méier. Nesse período, foi apadrinhado musicalmente por Candeia, outro renomado sambista carioca.

Estudou na escola preparatória para Cadetes do Ar aos 15 anos, em Barbacena (MG), mas logo voltou ao Rio. Passou a frequentar a roda de samba do Cacique de Ramos, onde tocou com Jorge Aragão, Beth Carvalho, Ubirany e Almir Guineto. Lá, conheceu Zeca Pagodinho e Sombrinha, que, à época, também eram revelações no mundo do samba.

Escreveu algumas músicas para outros intérpretes - “Lição de Malandragem” (David Correa), “Grande Erro” (Beth Carvalho), “Novo Amor” (Alcione) - antes de entrar no Grupo Fundo de Quintal, em 1981.

 

 

Ganhou notoriedade nacional durante os 12 anos na banda e gravou sucessos como “Só Pra Contrariar”, “O Mapa da Mina” e “Primeira Dama”. Em 1993, seguiu carreira solo e continuou nos holofotes, com várias músicas em parceria com outros gigantes do samba. Entre seus álbuns de maior destaque recente estão “MTV ao Vivo Arlindo Cruz” (2009) e “Batuques do Meu Lugar” (2012).

Sombrinha foi uma de suas parcerias mais frutíferas. Escreveram “O Show Tem Que Continuar” e “Alto Lá", também com Zeca Pagodinho. Com este, assinou a autoria de sucessos atemporais da música brasileira como “Bagaço da Laranja”, “Dor de Amor” e “Camarão que Dorme a Onda Leva".

 

Sombrinha e Arlindo Cruz em apresentação. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Sombrinha e Arlindo Cruz em apresentação. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho cantando juntos. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho cantando juntos. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Arlindo compôs mais de 500 músicas, segundo seu site oficial, incluindo sambas-enredo para escolas de samba do Rio de Janeiro: Grande Rio, Vila Isabel, Leão de Nova Iguaçu e Império Serrano, sua escola de coração e que o homenageou no enredo do carnaval de 2023. Mesmo com a saúde fragilizada, ele participou do desfile no último carro alegórico, com ajuda de amigos e familiares.

Em 2015, ganhou o 26º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Músico de Samba e é reconhecido como um dos responsáveis pela revitalização do gênero nos anos 1980. Seu último lançamento foi ao lado do filho Arlindinho, em 2017, gravado pouco antes de sofrer o AVC.

Arlindo Cruz em carro alegórico da Império Serrano, durante desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no carnaval de 2023. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Arlindo Cruz em carro alegórico da Império Serrano, durante desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no carnaval de 2023. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Ele foi apelidado de “o sambista perfeito” por amigos e admiradores, em referência a uma de suas composições, em parceria com Nei Lopes. O apelido virou o título da biografia do músico, escrita pelo jornalista Marcos Salles e publicada em junho deste ano.

Arlindo Cruz era candomblecista, filho de Xangô, e atuava contra a intolerância religiosa. Ele deixa esposa, Babi Cruz, e três filhos: Arlindinho, Flora e Kauan.

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Banda mineira trouxe show inédito para a capital paulista com mistura de sentimentos e surpresas
por
Giovanna Britto
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06/08/2025 - 12h

No último sábado (02) a banda Lagum se apresentou no Espaço Unimed com a turnê “As cores, as curvas e as dores do mundo”. Com ingressos esgotados, o espetáculo contou com todas as músicas do novo álbum, que dá nome à  apresentação, e com diversos outros hits do grupo, como “Deixa”, “Oi”, “Ninguém me ensinou” e “Bem melhor”.

Banda Lagum no palco do Espaço Unimed
Banda Lagum durante show no Espaço Unimed. Foto: Reprodução/Instagram/@lagum

O quinto disco, lançado em maio de 2025, teve uma recepção calorosa pelos fãs e gerou expectativas em torno da subida de Pedro, Chico, Jorge e Zani ao palco. Cada momento do show condiz com a proposta da nova fase da banda: questionar o mundo moderno, ao mesmo tempo em que aproveita o momento e enxerga a beleza no cotidiano.

Em entrevista à AGEMT, Pedro Calais, o vocalista, comenta sobre a experiência: “A vida é agora, a gente só tem essa chance de viver e não vamos nos privar de fazer uma coisa maneira, de estar com as pessoas que querem o nosso bem e pessoas que queremos o bem, como nossos fãs”.

O pré-show já exalava a energia do que estava por vir, com uma setlist, que ia de Charlie Brown Jr. até Jão. Com a entrada marcada para às 22:30, o grupo manteve a exaltação do público com “Eterno Agora”, “Dançando no escuro” e “Universo de coisas que desconheço”, a última em parceria com a dupla AnaVitória, presente na plateia para apoiar os amigos. 

Atenciosos, os músicos estavam atentos ao bem-estar do público e parando as canções para pedir ajuda aos socorristas quando necessário. Os momentos de conexão foram compostos de falas com piadas internas entre a fanbase - como a ausência do hit queridinho dos fãs “Fifa” - até ao chá revelação de Chico, baixista, que espera uma menina com a esposa e influenciadora Marina Gomes.

Baixista Chico falando ao microfone enquanto coloca a mão na barriga da sua esposa grávida Marina
Foto: Reprodução/Instagram/@portallagum

 

Pedro também comentou sobre essa relação cada vez mais próxima entre os fãs: “De uma hora pra outra, a gente começou a ser visto como artista, como alguém importante. Essa quebra de mostrar para as pessoas que o que a gente tá fazendo é pela essência, é pelo produto musical em si, vai total de encontro com o nosso conceito. É descer um pouco dessa coisa da cabeça de, ‘pô, tamo querendo fazer isso aqui pra tá aqui em cima’, sabe? Vai bem de encontro com o que a gente tá propondo”.

O momento mais esperado da noite foi com a penúltima música “A cidade”, terceira faixa do novo álbum, que viralizou  no TikTok com pessoas retratando perdas e saudades de entes queridos. A emoção tomou conta do público, que cantava e chorava por todo o Espaço.

Visão ampla do palco, telões e plateia no espaço Unimed
Visão do fundo na plateia com Pedro interagindo no microfone. Foto: AGEMT/Giovanna Britto

 

Algumas canções, como “Tô de olho”, possuem sonoridades diferentes das gravações divulgadas nas plataformas digitais. Isso complementa a sensação de estar presenciando algo especial, pensado com carinho e a dedo.  Esses aspectos reafirmam mais uma vez a intenção do grupo de fazer com que as pessoas se conectem com o agora, vivenciando momentos marcantes e de forma original.

O show, sem dúvida, é uma experiência emocional e musical única. A escolha das performances e timbres é preparada exclusivamente para cada noite e cidade, de forma a impactar e proporcionar um momento sensorial muito mais imersivo. A Lagum volta à cidade de São Paulo no dia 3 de outubro para uma data extra devido à grande procura de ingressos.

Painel fotográfico com a divulgação da turnê "As cores, as curvas e as dores do mundo" e patrocínios do show.
Painel de divulgação da turnê para tirar fotos. Foto: AGEMT/Giovanna Britto

 

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Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
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Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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Mesmo com garoa e ingressos sobrando, primeiro dia do festival recebeu um público entusiasmado
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Victória da Silva
Vitor Nhoatto
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23/03/2024 - 12h

Em sua décima primeira edição no Brasil, o Lollapalooza 2024 começou nesta sexta (22) no Autódromo de Interlagos, e continua nos dias 23 e 24. Com nomes nacionais e internacionais de peso como Luisa Sonza e Baiana System, Blink-182 e Arcade Fire, o primeiro dia do festival animou, mas algumas reclamações marcaram presença.

Os portões do autódromo foram abertos às 11h, e apesar da grande fila que começou a se formar por volta das nove da manhã, não houveram relatos de incidentes na entrada. Devido a virada no clima de São Paulo, nesta sexta-feira os fãs enfrentaram chuva durante os shows. Além disso, pela primeira vez o público teve acesso a 24 horas de transporte público na cidade, mas tiveram que lidar com a confusão nas linhas de metrô e trem, com circulações interrompidas e superlotação.

Outro ponto a destacar são as reclamações dos fãs sobre a Line-up da edição, considerada uma das mais fracas do festival. Esse ano, nomes de peso foram muito menores do que de edições anteriores, fazendo com que o festival não tivesse tanta adesão. A exemplificar, 2023 foi marcado pelos shows de Billie Eilish, Kali Uchis, Lil Nax X, The 1975, Rosalía, Twenty One Pilots e vários outros grandes nomes da música. Em compensação, esse ano contará apenas com as apresentações de SZA, Blink-182 e Sam Smith como headliners internacionais.

As notícias de vários cancelamentos foi outro gatilho para que as pessoas sentissem menos apreço por essa edição ao ponto de ainda existirem ingressos disponíveis. Por exemplo, a banda Paramore, uma das mais esperadas pelo público e prometida para o sábado, cancelou, decepcionando muitos que aguardavam esse momento.

Os trabalhos começaram com apresentações tímidas mas energéticas de artistas nacionais. A primeira a tocar foi a DJ de Porto Alegre Ella Whatt, ao meio dia, no palco Perry's by Johnnie Walker. Logo em seguida, às 12:45, a banda paulista Rancore se apresentava no palco principal Budweiser, enquanto o grupo de rock originário de Florianópolis, Nouvella, estreava o Palco Alternativo. Cada vez mais grandes festivais internacionais como o Lollapalooza vem dando voz e espaço para artistas emergentes e nacionais, devido a demanda do público e por necessidade de maior representatividade nos line-ups. 

Com temperaturas amenas e garoa, o dia seguiu sem grandes reclamações em relação à infraestrutura do festival e a organização da Live Nation, além de performances que esquentavam o clima. Um dos destaques da tarde de sexta foi Luisa Sonza, entregando um show cheio de sucessos, coreografia e diversão.

Ainda colhendo os frutos do seu último projeto, Escândalo Intimo, a gaúcha levou ao palco Samsung Galaxy uma estrutura bem semelhante a apresentada no The Town no ano passado, e apesar da falta de novidades, fez o público cantar. Usando um chapéu de cowboy, Sonza iniciou cantando a faixa 'Não Sou Demais', liberada no começo desse ano, mas ainda parte do seu álbum recente.

Estiveram presentes também sucessos dos outros discos da cantora, como 'Modo Turbo', 'sentaDONA' e 'Cachorrinhas', mas como já era de se esperar, os pontos altos do show ficaram com as canções do seu último álbum. Apesar do horário ruim para festivais, o hit em referência ao antigo namorado da cantora, 'Chico', ecoou pela plateia em plenos pulmões após Luísa ter cantado alguns versos de 'Folhetim', de Chico Buarque e Gal Costa. Ainda houve homenagem a Marília Mendonça na hora de 'Melhor Sozinha', música em parceria com a cantora falecida, e um encerramento animado com a faixa 'Lança Menina', tributo a Rita Lee.

Outro grande show foi o da cantora Fletcher, com seus hits atemporais pop, como 'Bitter' e 'girls girls girls'. Com vocais impecáveis e um carisma que animou o público do palco principal, ansioso pelo headliner do dia, Blink-182, a americana entregou presença de palco, e lançou no Lolla o seu novo álbum In Search Of The Antidote, surpreendendo seus fãs.

Cantora americana Fletcher de lado sorrindo com o braço direito para cima segurando o microfone no Lollapalooza Brasil 2024. Ela veste um traje todo preto de mangas compridas
Fletcher performando pela primeira vez em solo brasileiro. Foto: Twitter Lollapalooza Brasil / Reprodução

Enquanto isso, Marcelo D2 agitava o público no palco Alternativo, trazendo muito reggae, samba e hip-hop para Interlagos. Diferente do The Town, em que recebeu muitas críticas por não ter transmitido as apresentações dos palcos secundários em nenhum dos quatro canais da Globo, transmissora oficial de ambos os eventos, todos os shows dos quatro palcos do evento puderam ser acompanhados de casa pelos assinantes do aplicativo GloboPlay. 

Cantor Marcelo D2 de frente sorrindo no Lollapalooza Brasil 2024. Ele veste um terno cinza esverdeado sem mangas, uma gravata colorida, uma camiseta social oversized branca de mangas curtas e luvas de couro pretas.
Marcelo D2 no palco Alternativo do Lollapalooza Brasil 2024. Foto: Isabella Zeminian / Tracklist​​​

As apresentações do dia seguiram com a banda de punk rock, The Offspring, no palco Budweiser no início da noite, agradando os metaleiros de plantão. Na mesma hora, o grupo Baiana System animava muito no palco Alternativo. Mais tarde, a dose roqueira aumentou, com a apresentação animada da banda canadense, Arcade Fire, fechando as atividades de sexta do palco Samsung Galaxy.

Para os menos chegados ao rock, o evento ainda contou com apresentações da dupla parisiense de música eletrônica, The Blaze, que encerrou o primeiro dia do palco alternativo. Além disso, o DJ americano Diplo animou o festival com seus hits globais, como 'Where Are Ü Now' com Justin Bieber e 'Genius', parceria com Sia. Mesmo tendo se apresentado no palco Perry's by Johnnie Walker simultaneamente ao principal headliner do dia, o hit maker levantou uma multidão com seu estilo que mistura pop, alternativo e house.

Fechando o primeiro dia do Lolla, a grande atração da noite, Blink-182, entregou muita emoção e sucessos no palco principal Budweiser em sua primeira vinda ao Brasil. Tendo cancelado seu show em 2023 por causa de uma cirurgia que o baterista Travis Barker teve de fazer após fraturar seu dedo, as expectativas eram altas. Às 21:30 os fãs finalmente puderam matar a vontade e prestigiar os artistas da banda americana de rock, cantando e dançando ao som de hits como 'More Than You Know', 'Feeling This' e 'All The Small Things'. Conectados à plateia, os integrantes se despediram com 'ONE MORE TIME' e muitos aplausos.

O segundo dia do Lollapalooza, sábado (23), manterá os esquemas especiais de transporte público e o clima fresco e chuvoso segundo a previsão do tempo. Estarão presentes em Interlagos nomes como Manu Gavassi, Xamã, Kevin O Chris e Titãs representando o cenário nacional, enquanto as bandas Kings Of Leon, Limp Bizkit e Thirty Seconds To Mars prometem contagiar o público e repetir o sucesso em meio aos roqueiros desse dia de abertura.

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Relembre os momentos marcantes da carreira e vida de um dos maiores compositores brasileiros
por
Catarina Pace
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22/03/2024 - 12h

Jorge Duílio Lima Meneses nasceu em Madureira, no Rio de Janeiro, em 22 de março de 1939. Filho de Augusto Menezes e de Silvia Saint Ben Lima, Jorge queria ser jogador de futebol e chegou a integrar o time infanto-juvenil do Flamengo, mas acabou seguindo o caminho da música, que sempre esteve presente em sua vida. Aos 13 anos ganhou seu primeiro instrumento, um pandeiro, o que o levou a cantar no coro da igreja e a participar como pandeirista nos desfiles de carnaval.

Influenciado por João Gilberto e astros do Rock como Little Richard, o compositor viveu o período da bossa nova, marcado por grandes personalidades e composições da música brasileira. Mesmo com grandes inspirações da época, Jorge Ben, como veio a ser chamado desde o início da carreira, sempre buscou inovar em um ritmo que viria a se tornar uma marca única da sua música. 

Autora: Catarina Pace
Jorge Ben Jor. Imagem: Reprodução/MPB Publicações

Mas Que Nada

Tudo começou em 1963, no Beco das Garrafas, o refúgio das apresentações da Bossa Nova. Jorge subiu ao palco e soltou a voz ao som de seu primeiro grande sucesso, “Mas Que Nada”, sua primeira composição, que já havia sido gravada em 1962 para seu álbum de estreia, “Samba Esquema Novo”. 

Conhecida internacionalmente, a canção, que não se encaixava em nenhum estilo musical da época, só ganhou notoriedade ao ser gravada pelo pianista e compositor brasileiro, Sérgio Mendes. Não era Samba, muito menos Bossa Nova. Assim surgia seu estilo único, uma união de rock and roll, samba, samba rock, bossa nova, jazz, maracatu, funk, ska e até mesmo hip hop. O sambalanço também é um estilo característico nas músicas de Jorge.

Mais tarde, ela se tornou uma das músicas da língua portuguesa mais executadas nos Estados Unidos, assim como “Garota de Ipanema”, foi gravada por várias personalidades importantes da música mundial, como Ella Fitzgerald, Coldplay, Red Hot Chilli Peppers, Black Eyed Peas e Dizzy Gillespie. 

Mas Que Nada!

Vídeo: Reprodução/Youtube/Jorge Ben Jor

Rei do Sambalanço 

Na década de 70, a carreira de Jorge Ben Jor decolou no Brasil. Ele lançou os hits "Cadê Tereza?", "País Tropical", "Que Pena" e "Que Maravilha". Na mesma época venceu o Festival Internacional da Canção, da TV Globo, com "Fio Maravilha", interpretado por Maria Alcina. 

A canção conta a história de um gol feito em 15 de janeiro de 1972, por João Batista de Sales, o Fio Maravilha, jogador do Flamengo, que se tornou um ícone no mundo do futebol pelo gol de placa no Maracanã contra o Benfica. Na época, Zagallo, treinador do Flamengo, foi pressionado pela torcida para a entrada de João ao campo. Na primeira jogada driblou o goleiro e já dentro da área, aos 33 minutos do segundo tempo, fez seu gol. Assistindo ao espetáculo da arquibancada, Jorge Ben Jor imortalizou a jogada na canção. Mas, o jogador chegou a processar o cantor por uso indevido de seu apelido, o que fez com que a música fosse renomeada de “Filho Maravilha”. Mesmo com uma história um tanto quanto curiosa, ainda é um dos fenômenos do carnaval no país.

Filho Maravilha 

Vídeo: Reprodução/Youtube/Jorge Ben Jor

Ainda na década de 1970, Jorge Ben lançou os álbuns “A Tábua de Esmeralda (1974)”, “Solta o Pavão (1975)” e “África Brasil (1976)”, considerados experimentais e esotéricos, ou seja com letras enigmáticas e incomuns, principalmente para a época. Mesmo sem sucesso comercial na época, principalmente por serem muito diferentes do que  a música costumava entregar, hoje, os álbuns são considerados clássicos da música brasileira. 

Em África Brasil, um remake da famosa “Taj Mahal” obteve muito sucesso e foi vítima de plágio pelo cantor Rod Stewart em 1979. Jorge percebeu a semelhança nas notas do refrão com a música “Da Ya Think I’m Sexy” e processou o cantor britânico por plágio, que doou os lucros obtidos com a veiculação da faixa à UNICEF. 

Em sua autobiografia, “Rod. The Autobiography”, o cantor e compositor inglês  assume que cometeu o plágio e que conheceu a canção quando passou o carnaval no Brasil em 1978. “Certo. Tive que dar a mão à palmatória. Mas claro que não cheguei assim no estúdio e falei: ‘Vamos usar a melodia de Taj Mahal no refrão e azar. O compositor mora no Brasil, então nunca descobrirá’. Só que eu tinha ido pro carnaval do Rio, em 1978, com Elton John e Freddie Mercury. E lá duas coisas significativas aconteceram. Me apaixonei por uma estrela de cinema brasileira lésbica, que não deixava me aproximar dela. Depois, 'Taj Mahal', de Ben Jor tocava o tempo inteiro, foi relançada naquele ano, e obviamente a melodia alojou-se na minha memória, e emergiu quando comecei a fazer a música. Puro e simples plágio inconsciente. Abri mão dos royalties, me perguntando se 'Da Ya Think I’m Sexy?' era meio amaldiçoada.”

Este mesmo álbum foi um marco da carreira de Jorge. A partir dele, o compositor trocou seu violão acústico pela guitarra elétrica e inovou seu estilo musical. Com uma mistura de tons e sonoridades, a união de sons afro-brasileiros, afro-latinos, da música negra norte-americana e da própria África, ele reinventou a música brasileira e adicionou aos temas que costuma abordar - amor, raça, futebol e a própria alquimia, - um brilho a mais.

O livro “África Brasil: um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver”, da jornalista Kamille Viola, analisa perfeitamente a trajetória de uma das maiores lendas vivas da música brasileira e como ele se tornou um alquimista do mundo da música. Um dos grandes entrevistados por ela foi Mano Brown, do grupo Racionais MC's. Fã assumido, ele resume em poucas, mas importantes palavras, a grandiosidade de Jorge Ben.

"É um cara que, igual ao James Brown, Marvin Gaye, e esses artistas muito grandes com uma obra muito grande, de tempos em tempos eles vêm em você. A música volta. Eu ouvi o Jorge Ben em várias épocas da minha vida, várias épocas da carreira dele. Eu lembro de muitas fases. [...] Nas rodas de samba, a gente cantava Jorge Ben. Quem soubesse cantar Jorge Ben num ritmo de samba ia bem.”

Um aspecto importante na discografia de Jorge Ben Jor é a exaltação da cultura negra. Autodeclarado negro em muitas músicas, seu primeiro álbum foi lançado em um período que esse orgulho racial não era bem visto, 1963, um ano antes da ditadura militar ser instaurada no Brasil. Ainda assim, o cantor construiu uma identidade negra muito forte em suas criações e também pôde homenagear figuras negras importantes do país, como Xica da Silva e Zumbi dos Palmares, em canções que levam seus nomes. 

Hoje, o Zé Pretinho segue sendo uma das lendas vivas do país, deixando um legado importante na música brasileira. Com 85 anos, ele inspirou e foi inspirado a construir estilos musicais diversos e plurais. Como um dos maiores nomes da música, não só brasileira, mas mundial, Jorge Ben vive e transmite tudo o que construiu durante sua extensa e incrível discografia, sendo símbolo de resistência e talento.

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A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) celebra 70 anos com programação especial de comemoração
por
Beatriz Yamamoto
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21/03/2024 - 12h
Foto: Edson Lopes Jr/Governo do Estado de São Paulo
Foto: Edson Lopes Jr/Governo do Estado de São Paulo

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) comemora uma temporada de marcos históricos em 2024. Celebram seus 70 anos de grupo, 30 anos de atividades do Coro da Osesp e 25 anos desde a inauguração da renomada Sala São Paulo, sua sede aclamada internacionalmente como a melhor sala de concertos da América Latina e listada entre as melhores do mundo.

Thierry Fischer, Diretor Musical e Regente Titular da Osesp, expressou sua emoção: "É uma temporada muito emocionante para nós, mas isso não é importante, o que importa é que nossa empolgação se torne a do nosso público. Esse é nosso verdadeiro desafio e é para isso que estamos trabalhando."

A abertura da Temporada 2024 - Osesp 70 Anos ocorreu entre os dias 7 e 9 de março, na Sala São Paulo. Sob a regência de Fisher, a orquestra, os coros e os solistas da Osesp apresentaram um programa especial, incluindo a execução da Missa em Dó Menor de Beethoven, seguida pela Sinfonia n°1 de Brahms, o grande destaque dessa temporada.

Confira com mais detalhes os comentários do maestro sobre a abertura do programa:

A programação revisita obras de mestres como Schubert e Brahms, além de explorar composições de contemporâneos e representantes da Segunda Escola de Viena, como Arnold Schoenberg, Alban Berg e Anton Webern. Além das celebrações dos marcos históricos, a Osesp também demonstra um olhar para o futuro da música clássica, com esse propósito, encomendou sete obras a compositores contemporâneos, simbolizando cada ano de sua existência. Entre os selecionados estão os nomes Clarice Assad e Felipe Lara do Brasil, Esteban Benzecry da Argentina, Andrew Norman dos Estados Unidos, Usuk Chin da Coreia do Sul e Heinz Holliger, maestro suíço que conduz regularmente a Orquestra. A sétima escolha foi pensada para destacar mulheres da América Latina através do Concurso Compositoras Latino-Americanas, trazendo uma ótima surpresa ao revelar Eva García Fernández e Stephanie Macchi, duas vencedoras argentinas.

No aniversário da Sala São Paulo, a OSESP prepara uma performance especial, reverenciando a história da sala de concertos. Eles apresentarão a Sinfonia nº 2 – Ressurreição, de Gustav Mahler, o mesmo programa que inaugurou a icônica sala em 9 de julho de 1999, um momento simbólico que destaca a importância histórica desse espaço.

As vendas para este evento estarão abertas ao público dia 13 de maio de 2024 no site: https://osesp.byinti.com/#/ticket/

A temporada de 2024 apresentará  uma programação intensa na Sala São Paulo. Serão realizados 27 programas sinfônicos, cada um com três concertos por semana, proporcionando ao público uma ampla variedade de repertório e experiências musicais. Além disso, ao considerar as apresentações na pré-temporada, os Concertos Matinais aos fins de semana, a série do Coro, os recitais e concertos de Grupos de Câmara formados por integrantes da Orquestra, e eventos especiais como o 54º Festival de Inverno de Campos do Jordão, a temporada totalizará quase 120 apresentações ao longo do ano.

Essa ampla programação reflete o compromisso da Osesp em promover a música clássica e oferecer experiências enriquecedoras para seu público,celebrando o passado e olhando para o futuro.

A programação completa pode ser acessada no site: http://salasaopaulo.art.br/concertoseingressos/programacao.aspx 

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A vitória de Oppenheimer como Melhor Filme e a confirmação de que o cinema "mainstream" ainda é próspero
por
Maria Eduarda Camargo
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20/03/2024 - 12h

No primeiro domingo de março (10), ocorreu a 96ª edição do Oscar. A premiação é o reduto dos maiores filmes do ano de 2023, e encerra a disputa anual na corrida do cinema. Oppenheimer, filme de Nolan, emplacou como Melhor Filme, levando o diretor junto em Melhor direção. Mas nem tudo que brilha é ouro.

O filme Oppenheimer, de Christopher Nolan, levou sete estatuetas do Oscar
O filme Oppenheimer, de Christopher Nolan, levou sete estatuetas do Oscar. Foto: Getty Images

Tendo em vista que a premiação é muito mais do que apenas um “reconhecimento” da indústria para as melhores obras, é importante lembrar como a ela é, na verdade, um aviso para o mercado publicitário. E se a estatueta de Melhor Filme é um aviso coletivo, a de Melhor Direção é um aviso individual.

A verdade é que a vitória de Oppenheimer pouco fala sobre a obra em si. Ela é um aviso para a indústria: guerra, Estados Unidos e masculinidade dão certo. E Nolan, por mais que se destaque em obras anteriores, como Interestelar e A Origem, não deveria ser um exemplo de “prêmio DiCaprio”: ainda há tempo de ganhar com outros longas.

Ao analisar obras um pouco mais antigas, como Túmulo dos Vagalumes e Gen Pés Descalços, exibidos há 30 anos, e que tratam da perspectiva civil japonesa sobre a Segunda Guerra, é possível notar a tendência mercadológica da premiação com o filme. Oppenheimer é uma tentativa de retomada do brilho americano que Rambo entregou ao mainstream de presente, e que vende muito bem.

Um bom exemplo da situação é o fatídico Oscar de 2010, que concedeu a estatueta de Melhor Filme a Guerra ao Terror, deixando para trás dois filmes que valem uma análise mais detalhada: Avatar e Bastardos Inglórios.

O primeiro, sucesso de bilheteria, não emplacou por motivos óbvios: não adianta funcionar com o público, o prêmio vai ao filme que deveria ser um “modelo” para os próximos. É possível comparar a derrota de Avatar, na época, com a não-indicação de Barbie: a Academia não se importa muito com o que o público quer, mas com o que ele deveria querer.

A derrota do segundo, Bastardos Inglórios, dirigido por Quentin Tarantino, é de um estudo um pouco mais detalhado, no entanto. Vale lembrar que em 2008, os Estados Unidos passavam por uma crise econômica. O país do “orgulho capitalista” afundava. O público precisava de um filme “cereja do bolo”: algo que levantasse a moral estadunidense.

E é nesse tipo de momento que as dores do público americano devem ser acalentadas: o 11 de setembro ainda era ferida aberta no imaginário popular. Logo, nada melhor do que um filme sobre a invasão ao Iraque. Guerra ao Terror levantou a bandeira americana de “superação” que o público deveria querer. O resultado? 2011 foi o ano de lançamento do pupilo americano da Marvel: Capitão América. A guerra voltou ao mainstream.

É certo, no entanto, que a temática do americano “dono do mundo” vem sumindo aos poucos, e é aí que mora a cartada final da premiação: quer ganhar? Copie o que dá certo e venda.

Retomando uma última vez o tópico mercadológico do Oscar, é interessante a análise sobre O Menino e a Garça, de Miyazaki. É a segunda vez que o diretor ganha a premiação e se recusa receber o prêmio. A primeira ocorreu em 2003, ano da invasão ao Iraque. Miyazaki condenou a invasão, se recusou a ir ao evento, e deixou Cameron Diaz de braços vazios.

Vale analisar então por que a premiação escolheu este, ao invés de Homem Aranha: Através do Aranhaverso. O primeiro tópico é que a Academia normalmente decide não premiar filmes sem final: se Homem Aranha tivesse sido o último da trilogia das animações, o debate seria outro. Mas existe outro ponto nisso, que é o aviso da Academia com relação ao amor pela animação tradicional. O aviso, dessa vez, vai ao mainstream, que anda escondendo a Inteligência Artificial na porta dos fundos. Quantidade não é qualidade, e a produção fordista dos desenhos atuais não agrada.

Colocando uma lupa sob as outras categorias também, é um pouco contraditório ver o Oscar de Melhor Atriz indo à Emma Stone e o de Melhor Atriz Coadjuvante à Da’Vine. A verdade é que Yorgos, que emplacou Pobres Criaturas em outras categorias mais irrisórias, como maquiagem, logo sofrerá a sina de Scorsese, DiCaprio, e tantos outros: não ganhou quando deveria, e corre contra o tempo.

O espírito jovem de Pobres Criaturas e de Os Rejeitados não passa de uma brisa na tempestade que é o Oscar, isso é fato. Mas, muito além da vitória de Oppenheimer, a derrota de Pobres Criaturas tem a dizer também.

Pobres Criaturas não ter ganhado é, na verdade, um pouco óbvio: a obra não tem aquele formato quadrado que se espera de uma comédia, e decai nos olhos de Hollywood com a duração das cenas de sexo. É fato que entre as prováveis 20 ou 30 cenas sexuais que rolam no longa, a monotonia da sexualização que vemos em filmes como Blonde e o recente Ferrari não acontece: o que incomoda a crítica não é o sexo, mas a falta de sensualidade em Emma Stone.

A derrota de Lily Gladstone, portanto, é o aviso da vez na categoria de Melhor Atriz. A Academia não está preparada para “coroar” uma mulher indígena. Emma, apesar da brilhante atuação, foi o tapa-buraco perfeito. 

A conclusão a que se chega é que, independente do gosto do público, a escolha do Oscar é uma montagem muito bem pensada sobre como a indústria cinematográfica deve andar: o que vende, quem vende, como vender e de qual forma. Oppenheimer é, portanto, apenas mais um dos acasos da Academia. 

 

Na sua primeira edição, o I Wanna Be Tour, com falta de segurança, faz sua passagem pelo Brasil com fatalidade durante show.
por
Juliana Bertini de Paula
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16/03/2024 - 12h

 

O festival I Wanna Be Tour passou nos últimos dias pelo Brasil, apesar da grande estrutura, o evento apresentou descaso com o público. Os shows viajaram por São Paulo no dia 2, em Curitiba (3), Recife (6), Rio de Janeiro (9) e terminaram em Belo Horizonte no dia 10, uma nova maneira de realizar esse tipo de evento, já que tipicamente festivais de grande porte são restritos a São Paulo e Rio.

 

10 dias antes da apresentação no Rio de Janeiro, a 30e, empresa responsável pelo evento, alterou o local dos shows. Anteriormente seria no estádio Nilton Santos (Engenhão)  e passou a ser no centro de convenções Riocentro, causando danos financeiros aos fãs que fizeram investimentos em ingressos para setor de cadeira ou pista premium, que chegavam a quase mil reais, mas foram realocados para pista, sem nenhum reembolso. Esse foi um dos diversos desgastes que viriam durante a turnê.

 

Na edição do Rio, uma junção de tempestade com falta de segurança , resultou no falecimento do jovem João Vinícius Ferreira Simões, de 25 anos, que foi eletrocutado. A vítima, por conta das chuvas fortes, estava molhada e encostou em um food truck energizado do evento. 

 

O centro de convenções Riocentro afirma que a equipe de socorro contratada atendeu imediatamente o jovem, o encaminhou para o hospital municipal Lourenço Jorge, mas ele não resistiu. O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro negou ter sido acionado para atender a ocorrência e afirma não ter verificado a parte elétrica do evento. Alegam que essa era responsabilidade do engenheiro, cujo nome não foi divulgado, que assinou as Anotações de Responsabilidade Técnica (ART).

 

Outros participantes do festival relataram problemas. Letícia Azevedo, estudante de jornalismo de 25 anos, relata que decidiu comparecer ao evento por conta da nostalgia que as bandas convidadas traziam. Mas, segundo ela, a organização do evento deixou a desejar “Pessoas estavam passando mal por causa do calor e eu nem pude aproveitar os primeiros shows porque minha pressão caiu no meio do show do Fresno”. Letícia conta que os bebedouros ficavam na entrada do evento e forneciam apenas água quente, para beber gelada, era necessário comprar por 9 reais. 

 

No início da chuva, o público tentou se proteger embaixo de barracas e Letícia notou alguns fios no chão. O responsável da barraca foi retirar, mas tomou um choque intenso que o derrubou.

 

Outra participante também relatou passar mal e choque. Ana Luiza Rocha, psicóloga de 25 anos, reafirma que não havia local para se proteger dos climas extremos. Além disso, Ana relata que não havia nenhum funcionário do evento para auxiliar e orientar o público “Em momento algum até a última música do A Day to Remember, quando a chuva estava muito forte, eles [produção] deram uma direção pra gente. Eu e outras pessoas que estavam comigo decidimos deixar o evento porque não tinha condições de ficar lá”. 

 

Ana e diversos visitantes estão se juntando à família do falecido João Vinicius para ajudar com as investigações e prestar depoimentos às autoridades. De acordo com Ana, houve demora no socorro da vítima por parte do evento e quem realizou os primeiros socorros foi uma das pessoas do público.

 

João Vinícius era estudante de educação física e estava no sétimo período. Era grande fã do rock e já tinha ingresso para outro show do gênero.  Flamenguista de coração, foi enterrado na tarde de segunda-feira (11) com uma bandeira rubro-negra cobrindo o caixão. A mãe da vítima, Roberta Isaac Ferreira afirma que entrou em contato às 21:00 com João, mas que depois das 22:50 ele já não atendia. Quando tentou novamente, foi um funcionário do hospital que atendeu e a informou da situação, avisando para ela comparecer ao local. A empresa 30e entrou em contato com a família apenas 3 dias após a morte do jovem. O evento divulgou uma nota em seu Instagram afirmando o falecimento e alegando que está apurando o acontecimento junto com as autoridades.

 

Até o momento, alguns artistas se pronunciaram sobre o ocorrido, Pitty, Nxzero e Fresno utilizaram o X para prestar condolências à família, a banda canadense Simple Plan utilizou os stories do Instagram para homenagear João Vinícius.

João Vinicius, jovem que faleceu durante show. Foto: Reprodução/Instagram/João Vinicius Ferreira
João Vinicius, jovem que faleceu durante show. Foto: Reprodução/Instagram/João Vinicius Ferreira
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