Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
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Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
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Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

por
Giovanna Linck, Carolina Novaes, Carine Roma, Fernando Netto, Guilherme Menezes e Lucas Estanislau
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28/02/2020 - 12h

A poesia de rua se manifesta em diversas regiões da cidade de São Paulo. Os slams, eventos que reúnem poetas independentes da periferia da cidade, são batalhas de poesias que servem como canal para que marginalizados possam ter um lugar na cena artística da metrópole. O podcast "Vozes da Rua" conversou com especialistas, organizadores, fãs e alguns desses artistas que fazem dos slams um símbolo de arte e resistência na capital.

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por
Carla Matsue, Gabriel Freire, Giovanna Caliope e Marina Monari
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28/02/2020 - 12h

Em três episódios do PodFalá, mães de diferentes perfis contam suas experiências. Por exemplo, Cibele, que tem cinco filhos e é separada há 8 anos, fala das dificuldades financeiras e sociais que enfrenta no episódio “Mãe de Cinco”.
Já a Luana tem 21 anos e uma filha de quatro, e explica, no episódio “Mãe aos 17”, como foi ser mãe tão cedo e as dificuldades no início da carreira profissional. E no terceiro episódio, “Mãe Lésbica”, Lilian diz o que é ser mãe solo e homossexual. Todos os episódios estão disponíeis abaixo:

Episódio 1: Cibele, Mãe de Cinco

 

Episódio 2: Luana, Mãe aos 17

 

Episódio 3: Lilian, Mãe Lésbica

 

Você também acompanha o PodFalá no Instagram:

 

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Karinny Galvão Leite
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20/11/2019 - 12h

O Brasil é repleto de misturas culturais, nas quais boa parte é proveniente da imigração. Uma delas é a arte oriental conhecida como charão, que corresponde à extração da laca para revestir objetos. Poucos sabem que, nos anos 30, houve um forte esforço para que essa técnica se tornasse no país tão conhecida como um dos nossos tesouros, o futebol.

O método chegou pelas mãos do japonês Ryoichi Nakayama, um economista que, cansado das atividades monótonas que a profissão lhe causava, resolveu, diante das dificuldades enfrentadas pelo Japão após a primeira guerra e da crise de 1929, vir com sua família para tentar a sorte de uma vida melhor.

“Quando meu avô veio ao Brasil ele achava que aqui era tudo mato. Então, ele trouxe coisas suficientes [para a sobrevivência] até que os filhos, que eram pequenos na época, completassem 16 anos. Então imagina, por exemplo, ele trouxe uma quantidade de fósforos imensa”, conta Sergio Nakayama, neto de Ryoichi.

Ao pisar em solo brasileiro, Ryoichi Nakayama se deparou com uma realidade muito diferente. Ele não imaginava que aqui não se faziam peças do charão. As que existiam, eram frutos de importação. Assim, voltou ao Japão, aprendeu técnicas com artesãos locais, recolheu ferramentas e retornou ao Brasil trazendo sementes para plantar as árvores e o sonho de prosperar.

Mas, a espécie que ele trouxe não se aclimatou no Brasil. Dessa forma, ele buscou ajuda do então Serviço Florestal, que conseguiu sementes da Indochina Francesa, convencendo Nakayama de que essa técnica artística poderia passar de um interesse próprio para um indústrial, no qual São Paulo seria o palco para o desenvolvimento.

Natália Ferreira de Almeida, que é a responsável pelo Museu Florestal Octávio Vecchi, em São Paulo,  que possui acervos de charão explica: “na verdade, a técnica  pode ser aplicada em diversas superfícies, então tem aplicações em ferro, aço, papelão, madeira”.

Entretanto, para se fazer o charão é preciso muita paciência e tempo.

Basicamente é necessário plantar as sementes, esperar alguns anos para que a árvore atinja o período certo para a extração da laca (que é uma espécie de resina incrustada), passar diversas camadas dessa laca no objeto e, por fim, finalizar com um acabamento, que costuma ser sempre com um desenho artístico.

Exemplo de peças em charão. Foto: Japanese Lacquer “Urushi” (Japanese Culture Book).
   Exemplo de peças em charão.

Foto: Japanese Lacquer “Urushi” 
      ​​​​(Japanese Culture Book).

O charão costuma ser mais visto em utensílios de cozinha “hoje a culinária japonesa está mais que popularizada aqui no Brasil, então, se você vai em um restaurante japonês tem aqueles utensílios pretos, que remetem a estética do charão”, diz Natália Ferreira.

Mas o charão também reveste caixas de músicas, biombos, leques, dentre muitos outros objetos, além de estar presente na moda, como em cintos.

Porém, com a demora em fabricar as peças e com o surgimento de alternativas mais baratas, como é o caso do óleo da semente de caju, contribuíram para que essa arte fosse perdendo o espaço no Brasil e caísse no esquecimento.

A professora de História da Arte da Ásia da UNIFESP, Michiko Okano, conta os motivos pelos quais o charão foi esquecido: “o artesanato no Brasil é muito desvalorizado. As pessoas não conseguem se sustentar da arte. No Japão, as obras que são artesanais, são muito valorizadas. Lá temos artesãos que são considerados patrimônios culturais”, argumenta.

O artista francês Francis Jean Marie, que mora no Brasil há muitos anos, foi até a terra do sol nascente na década de 80 e teve aulas em uma universidade tradicional para aprender a fazer charão.

Ele tentou fazer suas obras aqui no Brasil, mas enfrentou dificuldades burocráticas e econômicas, o que fez com que atualmente desenvolvesse outro tipo de arte: “madeiras torneadas são um pouco mais fácil, tem um custo bem inferior e as pessoas tem um pouco mais de afinidade. O charão precisa fazer um curso, ter uma educação para ver como o trabalho é importante”, destaca.

Sérgio Nakayama também contou que ninguém mais da família faz o charão: “eu tenho a missão de fazer o resgate dessa história para passar para os meus filhos, para que eles saibam como o avô foi pioneiro”.

 Apesar das dificuldades, Michiko Okano revela uma vantagem de fazer esse tipo de arte no Brasil: “Aqui, não existe um consenso [tradicionalismo], então as pessoas se sentem com liberdade de fazer novas criações”.

Por mais que as esperanças pareçam acabar, no Instituto Florestal de São Paulo foram encontrados resquícios e novas mudas da espécie que produz a laca, que nasceram em função da própria natureza. Assim, o charão ainda revive. Para que ele esteja presente, basta desejarmos e termos o interesse de que ele renasça.

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Giulia Avventurato e Victória Marques
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14/11/2019 - 12h

Ao chegar na casa de um amigo, se é recebido na porta pelo anfitrião, e não é diferente na portinha da rua Álvaro de Carvalho, que dá acesso à Ocupação 9 de Julho. É de praxe a recepção feita por um dos 500 moradores para o tradicional almoço de domingo. Promovido por moradores e voluntários, o evento que acontece no último final de semana de cada mês tem se tornado ponto do circuito "cult" de São Paulo, servindo desde comida caseira até bebidas alcoólicas, sucos, diversos doces e um ambiente descontraído e amigável.

O prédio tem sido moradia de integrantes do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC) desde 2016. Muito deles vindos da ocupação do Hotel Cambridge, que hoje está desocupado e passa por revitalização. O acordo é que, quando apto para habitação novamente, os apartamentos serão financiados pelo governo federal a valores flexíveis às famílias que lá residiam. Como o prazo para entrega da reforma é somente para 2021, grande parte dos moradores se abrigaram no prédio vizinho, dando início a Ocupação 9 de Julho.

O evento existe há aproximadamente dois anos e se expandiu rápido. Graças a uma rede de moradores, voluntários e ativistas, a abertura da Cozinha Ocupação 9 de Julho ao público é uma forma eficaz de romper a barreira com as pessoas de fora e se consolidar fisicamente. A popularidade vinda dessa interação se tornou também uma proteção. Com a quebra do isolamento, o movimento se integra de fato á sociedade ao invés de ser marginalizado. As pessoas passam a conhecer quem faz parte desse grupo pela convivência durante os fins de semana e assim podem quebrar estereótipos sobre ocupações urbanas.

Além dos tradicionais almoços, o edifício também é aberto para oficinas, palestras, exibição de documentário, e festas típicas, como o "Arraiá da Resistência" em junho com o apoio da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Na ocasião, Felipe Catto, Mariana Aydar, Marcelo Jeneci, Ana Cañas é outros músicos se apresentaram gratuitamente para o público presente. Inclusive, a presença de artistas e personalidades conhecidas é frequente no espaço. O ex-senador Eduardo Suplicy, um dos maiores apoiadores do movimento, escolheu o local para celebração de seu aniversário neste ano.

"O investimento inicial foi de nove mil reais e a receita que circula durante o ano chega a praticamente 90 mil. Não é muita coisa, na verdade, mas é um capital de giro suficiente para continuar fazendo os próximos eventos. A reforma da cozinha também foi feita com esse dinheiro", contou Néle Azevedo, artista plástica e voluntária da ocupação. "Os almoços também ajudam na renda de algumas famílias. São 10 pessoas que trabalham cozinhando e recebem para isso. Além disso, as barraquinhas de fora também são de moradores do prédio".

À exemplo disso, o Coletivo Empodera foi um projeto que nasceu dentro da ocupação, formado essencialmente por mulheres que buscavam independência financeira, e hoje comercializam alimentos regularmente. Um curso profissionalizante foi feito por todas e hoje, elas conseguem vender quiches e alfajores caseiros e veganos sem adição de conservantes.

O prato da casa fica por conta de um grupo específico de moradores, que se organizam na cozinha sempre deixando o espaço de convivência limpo e democrático. No dia 22 deste mês Fernando Goldenstein Carvalhaes e Leonardo Andrade, membros da Companhia dos Fermentados, comandaram a cozinha oferecendo o prato do dia: chucrute, costela de porco, abóbora e arroz integral. Para os veganos, abobrinha, tomate e cebola grelhada também participam do cardápio. Todas as salas do mesmo andar disponibilizam mesas e cadeiras comunitárias e sempre existe fila até a cozinha, das 11 às 16 horas.

Além do espaço externo, onde quase todas as paredes são cobertas de grafites, o prédio fica aberto a visitação guiada e, no último andar, a galeria RE O CUPA fortalece os laços entre a produção artística e movimentos sociais. Inaugurada em outubro do ano passado, a galeria usa do espaço robusto e amplo do que anteriormente era o antigo saguão como forma de potencializar a ocupação e convergir as diversas experiências entre artistas, curadores e arquitetos que são fora do circuito. Acima de tudo, a criação da Ocupação e da galeria são instrumentos de articulação, que participam do meio cultural e já fazem parte da agenda da população de São Paulo.

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