O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresenta aumento moderado, com destaque para os grupos de Transportes e Alimentação.
por
Marcello R. Toledo
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15/08/2023 - 12h

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação no Brasil, registrou uma variação de 0,12% no mês de julho. O número representa um acréscimo de 0,20 ponto porcentual em relação à taxa de junho, que havia sido de -0,08%. No acumulado do ano, o IPCA apresenta uma alta de 2,99%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 3,99%, superando os 3,16% registrados nos 12 meses anteriores. Em julho de 2022, a variação havia sido de -0,68%.

O IPCA  é uma ferramenta crucial para avaliar a evolução dos preços de produtos e serviços consumidos por famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, ele serve como um indicador da inflação enfrentada e é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abrangendo diversas regiões metropolitanas do país, além de algumas cidades específicas.

Em linhas mais claras, o IPCA desempenha o papel de espelho do custo de vida experimentado por essa parte da população. Dessa forma, ele captura as variações de preços em uma variedade de produtos e serviços, permitindo que as autoridades econômicas, consumidores e demais interessados compreendam as tendências inflacionárias em diferentes partes do Brasil.
 

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Setores em Destaque

Dos nove grupos de produtos e serviços analisados pelo IPCA, cinco apresentaram alta no mês de julho. O grupo de Transportes teve o maior impacto, com 1,50% de variação e contribuição de 0,31 ponto porcentual. Nesse grupo, os preços da gasolina tiveram um aumento notável de 4,75%, sendo o item com maior contribuição individual para o índice do mês. Itens como gás veicular (3,84%) e etanol (1,57%) também tiveram alta, enquanto o óleo diesel apresentou uma queda de 1,37%. Passagens aéreas (4,97%) e automóveis novos (1,65%) também contribuíram para o aumento no grupo.

Em contrapartida, o grupo de Alimentação e Bebidas apresentou uma queda de 0,46%, com impacto de -0,10 ponto porcentual no índice. Esse resultado foi influenciado, principalmente, pela redução nos preços da alimentação no domicílio (-0,72%), destacando-se quedas em produtos como feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%). Por outro lado, as frutas tiveram aumento de preço, com destaque para banana-prata (4,44%) e mamão (3,25%).

No grupo de Habitação, a taxa de -1,01% impactou o índice em -0,16 ponto porcentual. A maior contribuição para essa variação veio da energia elétrica residencial, que registrou queda de 3,89% devido à incorporação do Bônus de Itaipu (um desconto de até R$ 15 na conta de luz individual em residências de classes residencial e rural, que tiveram ao menos um mês, em 2022, consumo faturado inferior a 350 KWh) nas faturas emitidas em julho. A taxa de água e esgoto (0,18%) registrou alta devido a reajustes em algumas regiões.

Variações Regionais 

As variações regionais também tiveram impacto no IPCA de julho. Porto Alegre foi a região que apresentou a maior variação, com 0,53%, devido ao aumento do preço da gasolina (6,98%). Belo Horizonte teve a menor variação, registrando queda de -0,16%, influenciada pelas quedas nos preços dos ônibus urbanos (-17,50%) e na energia elétrica residencial (-4,23%).

INPC e Outros Indicadores

Além do IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também foi divulgado (o Índice também mede a variação de preço de determinados produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras, entretanto num recorte menor que o IPCA - considera rendimentos de 1 a 5 salários mínimos). O INPC registrou uma variação de -0,09% em julho, mantendo-se próxima à taxa de -0,10% observada no mês anterior. No acumulado do ano, o INPC acumula alta de 2,59%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 3,53%, acima dos 3,00% registrados nos 12 meses anteriores.

Os números do IPCA e INPC demonstram que a economia brasileira segue passando por oscilações, com impactos variados nos diferentes setores e regiões do país. A análise detalhada desses indicadores é essencial para entender as dinâmicas econômicas em curso e tomar decisões informadas sobre investimentos e consumo.

Nota: Os dados e informações presentes nesta matéria foram fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são referentes ao mês de julho de 2023. A análise dos indicadores deve considerar a conjuntura econômica e as possíveis variações ao longo do tempo

Seleção alemã faz 6 a 0 em jogo marcado por erros individuais e aplica maior goleada da Copa do Mundo até o momento.
por
Gusthavo Sampaio
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24/07/2023 - 12h

Na madrugada desta segunda-feira (24), Alemanha e Marrocos estrearam na Copa do Mundo Feminina FIFA 2023, em confronto pelo Grupo H. O primeiro jogo entre as equipes na história ocorreu no Estádio Melbourne Rectangular, na Austrália. A Alemanha, que nunca perdeu em uma estreia de Copa, manteve a marca e atropelou as estreantes marroquinas em um jogo que terminou 6 a 0.

 

Foto do elenco pré-jogo
Foto das jogadoras titulares na estreia alemã homenageando Carolin Simon. Foto: Reprodução/Twitter/DFB_Frauen

 

A seleção alemã iniciou sua jornada na Copa do Mundo homenageando a jogadora Carolin Simon, que foi cortada da convocação final após romper os ligamentos do joelho no último amistoso pré-copa contra a Zâmbia. Na foto em grupo do pré-jogo, as jogadoras posaram segurando uma camisa com o número 2 e o nome Simon.

Após o soar do apito, não demorou para as favoritas abrirem o placar. Com uma marcação alta logo de início, as alemãs não deram fôlego para as marroquinas e, aos 11 minutos, a capitã Alexandra Popp abriu o placar cabeceando livre na entrada da pequena área. A jogada começou com um erro da saída de bola da zagueira de Marrocos, que entregou a bola para a meia Jule Brand. Brand tocou na linha de fundo para a zagueira Hendrich que levantou a bola na área para Popp, de cabeça, mandar a bola para o fundo da rede.

Após o gol, a Alemanha manteve a posse e empurrou as marroquinas para seu campo de defesa, não sofrendo perigo durante a maior parte do primeiro tempo. Aos 39 minutos, após escanteio cobrado por Klara Buhl, Popp, novamente de cabeça e na pequena área, ampliou o placar para as alemãs.

O panorama durante o primeiro tempo foi positivo para a Alemanha, que sofreu somente um chute a gol e dominou a maior parte da posse de bola. Alguns erros na saída de bola geraram contra-ataques para as marroquinas, mas nenhum se concretizou. Apesar do panorama positivo, as germânicas subiram o nível na segunda etapa.

O segundo tempo começou com um gol relâmpago: Klara Buhl roubou a bola logo após um erro de passe segundos depois do apito inicial e finalizou a jogada que ela mesma construiu. O chute acertou na trave e, na sobra Buhl, apareceu e faz o terceiro. Pouco tempo depois do gol, Buhl teve outra chance clara de finalização, mas o chute parou na trave. O começo de segundo tempo alemão foi implacável, com menos de 10 minutos depois do terceiro, saiu o quarto gol. Na sobra de um cruzamento, Svenja Huth levantou na área a bola que foi cabeceada para o gol pela zagueira marroquina Hanane Ait El Haj, marcando contra.

O passeio continuou e a blitz alemã pelo quinto gol não parou até marcar. Aos 34 minutos, em mais um cruzamento alemão, a goleira Khadija Er-Rmich afastou contra a zagueira Yasmin M’Rabet, que marcou o segundo gol contra marroquino, e quinto da Alemanha. Quatro minutos após o gol, a capitã Alexandra Popp foi substituída, na caminhada até o banco de reservas foi ovacionada pelos torcedores. Mesmo com uma ampla vantagem no placar, as alemãs não colocaram o pé no freio. Aos 90 minutos, Lena Lattwein finalizou uma bola que, ao ser defendida pela goleira Er-Rmichi, sobrou nos pés da atacante Lea Schuller, que marcou o sexto e fechou a conta.

Como esperado, a seleção bicampeã do mundo não teve dificuldades em seu primeiro jogo, mas surpreendeu pela elasticidade da vitória. A Alemanha dominou o jogo do início ao fim, e terminou com 74% da posse de bola e 16 chutes no total, 7 desses no gol. Todo esse domínio sem a presença de uma das maiores jogadoras do elenco, Lena Oberdorf, poupada por conta de uma lesão.

 

Disputa de bola entre duas jogadoras durante o jogo
Sara Dabritz (esquerda) e Ghizlane Chebbak (direita) disputando a bola durante o jogo. Foto: Reprodução/Twitter/EnMaroc

 

Por outro lado, as marroquinas viveram um dia para ser esquecido. Em sua estreia pela Copa do Mundo, tiveram uma péssima atuação individual e coletiva, marcada principalmente pelos erros defensivos. Ainda no primeiro tempo, a postura de contra-atacar adotada pela equipe foi completamente suprimida, chutando apenas uma vez ao gol na primeira etapa. No final, quatro gols marcados pela Alemanha tiveram início a partir de erros diretos da defesa marroquina. Com essa derrota, o Marrocos vive uma sequência de 5 jogos sem vencer.

A seleção Marroquina volta a campo no domingo (30), para enfrentar a Coreia do Sul e continuar na luta pela classificação, às 01h30 (horário de Brasília). As alemãs jogam no mesmo dia contra a Colômbia, às 06h30 (horário de Brasília), para tentar garantir a classificação para a fase eliminatória.

Se não fosse sofrido, não era Argentina. Nos pênaltis a albiceleste derrota a França e é campeã mundial pela terceira vez na história
por
Fabrizio Delle Serre
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20/12/2022 - 12h

Após 36 anos de espera, os hermanos enfim comemoraram. A Argentina é tricampeã da Copa do Mundo. No último domingo (18) às 12h, o Lusail Stadium recebeu uma das melhores finais já vistas da história do torneio mundial.

 

Lionel Messi foi decisivo, Kylian Mbappé marcou um hat-trick, porém, não foi suficiente. Nos pênaltis, a Argentina bateu a França e ficou com o troféu mais cobiçado do futebol, que tem uma nova capital pelos próximos 4 anos: Buenos Aires.

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Jogadores argentinos comemorando o tricampeonato mundial. Foto: Divulgação / FIFA

 

A decisão da Copa foi em um jogo eletrizante. Para os amantes do futebol foi mais um motivo para se apaixonar pelo esporte. A raça e a entrega dos argentinos foi recompensada. O mundo é azul e branco.

 

A Copa do Mundo de 2022 acabou. Com direito a um encerramento de gala. Diego Armando Maradona, viu e vibrou lá do céu com os “muchachos”, campeões do mundo. A comando do novo deus albiceleste: Messi.

 

Destaque também para Di Maria. O camisa 11 voltou ao time titular de Lionel Scaloni e correspondeu. Sofreu pênalti e balançou as redes.

Primeiro Tempo

A final iniciou com as equipes tensas e com entradas mais duras por ambos os lados. Os franceses até tiveram certo domínio, porém, erraram passes e estavam nervosos.

 

A Argentina percebeu o abalo emocional do adversário e tomou conta da partida. Os hermanos ditaram o ritmo da primeira etapa. Aos 20 minutos, Dembelé derrubou Di Maria dentro da área e o pênalti foi marcado.

 

Lionel Messi foi para a bola. Respirou, bateu e estufou a rede. Bola para um lado, Lloris para o outro, o placar estava aberto, 1 a 0 Argentina.

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Messi na cobrança de pênalti que abriu o placar da decisão. Foto: @EPA / Toga Bozoglu

Além do gol, Messi naquele momento se tornava o artilheiro da competição com 6 gols, deixando para trás Mbappé.

 

Mesmo com o placar aberto, a França parecia que ainda estava no vestiário. A Argentina continuou dominando a partida. O objetivo era o segundo gol.

 

Aos 35 minutos em um erro de Upamecano os hermanos partiram para o contra-ataque. Uma linda jogada. Mac Allister tocou para Messi que passou para Julián Álvarez. O atacante lançou pelas costas da linha de defesa francesa.

 

Mac Allister recebeu e ajeitou para Di Maria que bateu na saída de Llorris. 2 a 0 e a partida parecia estar definida.

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Di María aprontou das suas mágicas e só tirou de Lloris para marcar o segundo gol
@FRANCK FIFE / AFP

Ao final dos primeiros 45 minutos, o domínio era total da equipe de Scaloni. Ganhavam nas estatísticas e no placar. Os franceses ainda não haviam finalizado.

Segundo Tempo

O segundo tempo começou e o controle argentino ainda era nítido. Assim como na primeira etapa, as ações ofensivas eram sempre direcionadas ao gol de Llorris.

 

A Argentina teve a chance de ampliar: De Paul de voleio aos 3 minutos e com Julián Álvarez aos 13. Ambas as chances pararam nas mãos do goleiro francês.

 

Aos 22 minutos, a primeira finalização da França foi realizada. Kolo Muani de cabeça. A tentativa não levou perigo algum ao gol de Martinez.

 

O jogo foi avançando e a França parecia estar entregue. Era questão de tempo para o fim da fila de 36 anos dos hermanos longe do topo do mundo.

 

Faltavam 12 minutos para o fim do tempo regulamentar, até que Otamendi derrubou Kolo Muani dentro da área. Pênalti para a França. Tensão total no Lusail Stadium.

Então, a estrela de Kylian Mbappé começou a brilhar.

 

O garoto de 23 anos com muita frieza foi para a cobrança da penalidade máxima. Correu, bateu e diminuiu, 2 a 1.

 

A Argentina entrou em curto-circuito. Após 1 minuto do primeiro gol francês, Kylian Mbappé recebeu um bom passe de Thuram. O camisa 10 em um lindo chute de perna direita balançou a rede novamente. Tudo igual. 2 a 2

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Finalização de Mbappé que colocou a França de volta na final. Foto: @EPA / Toga Bozoglu

 

O juiz apitou o final dos 90 minutos.  Os argentinos estavam tentando entender o que havia acontecido, enquanto os franceses haviam feito uma revolução em menos de 5 minutos.

Empate? Mais 30 minutos!

Haja coração, amigo! A prorrogação foi simplesmente encantadora. Os primeiros 15 minutos foram tensos. Com chances para os dois lados, mas sem efetividade tanto da Argentina quanto da França.

 

A única boa chance dos hermanos no primeiro tempo foi no chute de Lautaro, que foi travado por Upamecano. No rebote Montiel finalizou, mas Varane afastou de cabeça.

 

Lautaro teve nos acréscimos outra oportunidade de desempatar, mas bateu para fora e desperdiçou.

 

Os 15 minutos finais foram emocionantes. Com quase 3 minutos, Lautaro finalizou e Lloris deu o rebote. Lionel Messi estava no lugar certo e na hora certa.  Dessa vez, de perna direita o camisa 10 tirou o empate do placar. 3 a 2, os hermanos estavam de novo na frente.

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Segundo gol de Messi na decisão. Foto: Tarso Sarraf / O Liberal

Os minutos passavam, o fim estava se aproximando e a Argentina estava próxima da tão sonhada conquista da Copa do Mundo. Mas, Mbappé ainda estava em campo e não facilitou para a albiceleste.

 

Há pouco mais de 4 minutos do fim, o garoto bateu e a bola tocou no braço de Montiel que estava dentro da área. Mais um pênalti para a equipe de Deschamps.

 

Novamente, Mbappé na cobrança. O craque do PSG deslocou o goleiro Martínez para empatar a partida, 3 a 3. O futebol viveu naquele momento sua emoção no estado mais puro. Além do gol, o francês se tornou o artilheiro da competição com 8 gols.

 

Na última chance  dos franceses, Kolo Muani ficou cara a cara com Martínez. O goleiro Argentino defendeu com o pé. Dibu foi brilhante e salvou a seleção de mais um vice.

Pênaltis

Com o empate na prorrogação, a Copa foi decidida nas penalidades máximas pela terceira vez em sua história. Os franceses iniciaram a disputa. Mbappé converteu.

 

Na sequência, Lionel Messi abriu as penalidades para os argentinos e também balançou as redes.

 

Martinez pegou a cobrança de Coman, acertando o canto escolhido pelo francês. A taça estava saindo de Paris com rumo a Buenos Aires.

 

Dybala fez o dele, bateu no meio com segurança. O próximo pênalti foi cobrado por Tchouaméni, o meia do Real Madrid bateu pra fora. Comemoração de Dibu com direito a dancinha.

 

Na sequência, Paredes converteu. Kolo Muani não desperdiçou e a França ainda estava viva.

 

29 de junho de 1986. Essa data ficou marcada na história dos Argentinos. Montiel tinha que fazer para acabar com a espera de 36 anos. O Tricampeonato estava próximo.

 

Montiel correu, bateu e fez. Argentina tricampeã do mundo.

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Argentina Campeã do Mundo. @EPA / Friedemann Vogel

A Terceira estrela e Messi

18 de dezembro de 2022. Um novo feriado para os argentinos. Uma data histórica para Lionel Messi que fez a ilusão virar realidade. O ET conquistou o único troféu que faltava em sua vitoriosa carreira.

 

35 anos de idade. Dores de 2014, 2015 e 2016 com 3 vices consecutivos. Acabou. Lionel Messi provou para si e para o mundo que ainda é o melhor.

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Messi levantando a principal taça do futebol. Foto: Divulgação / FIFA

Gênio, divino, predestinado. Como definir quem conseguiu superar Maradona? O mundo é da Argentina pela terceira vez, a estrela de número 3 finalmente foi costurada no escudo albiceleste.

 

Duas delas foram a comanda de D10S, que agora passa seu bastão para um imortal na Argentina e no mundo do futebol: Lionel Messi.

 

1978, 1986, 2022. Tricampeões, os muchachos conseguiram conquistar o mundo. A taça voltou para Buenos Aires. A terra de Diego y Lionel tem o mundo novamente. Os Argentinos não precisam mais “ilusionar”, o título é realidade. 

 

 

Meu pai estava errado sobre muitas coisas, esta é uma delas
por
Bianca Novais
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20/12/2022 - 12h

Na primeira vez que fui ao estádio, eu já era adulta. Para meu pai, o estádio não era lugar de menina. E para nossa situação financeira, o estádio também não era exatamente o lugar do meu pai. Parece um clichê da internet, não é? Tal lugar não é lugar de mulher. O pior é que existe na vida real e a gente acredita. Eu acreditei por muitos anos.

Mesmo vendo a Rainha Marta ser a melhor futebolista do mundo cinco vezes seguidas, a maior artilheira das seleções brasileiras, a primeira atleta a marcar gols em cinco edições de Copa do Mundo da FIFA.

Mesmo vendo Formiga ser a única pessoa a ter participado de sete Copas do Mundo e de sete Olimpíadas, a que mais vezes entrou em campo com a amarelinha.

Mesmo vendo Cristiane se tornar a maior artilheira das Olimpíadas, vencer a primeira edição feminina da Libertadores, ao lado de Marta, e ser artilheira também desta competição.

Todas mulheres pretas, como eu.

Apesar de ver, eu não enxergava. Muito por isso fiquei assustada e apreensiva com o convite do amigo Luan Leão para tocar o barquinho da cobertura da Copa do Mundo pela AGEMT, com ele e o inenarrável Bruno Scaciotti.

Se meu lugar não era nem no estádio, imagina em posição de liderança frente a 20 homens falando sobre bola?

Pouco mais de três meses de planejamento, 28 dias de Copa do Mundo, 99 textos no site, 9 episódios do podcast Expresso Catar, 4 episódios do programa Manual de Sobrevivência da Copa do Mundo, 37 edições do boletim diário em vídeo Já É Copa, fora o baile.

Não vi o Brasil ser hexa, mas pude ver Marrocos ser a primeira seleção africana a chegar nas semifinais de uma Copa. Vi Cristiano Ronaldo ser o terceiro atleta a marcar gol em cinco edições do mundial de seleções. Neymar se igualar em gols pela seleção com Pelé. Kylian Mbappé ser o segundo jogador a marcar um hat-trick em final de Copa do Mundo. Messi ser consagrado como um dos deuses do futebol ao conquistar o tricampeonato argentino. E o primeiro trio de arbitragem feminino a apitar um jogo da Copa do Mundo masculina.

Nada mal para quem não está no lugar.

Marta, Cristiane e Formiga, a Santa Trindade do futebol feminino brasileiro. Foto: NICHOLAS KAMM/GettyImages
Marta, Cristiane e Formiga, a Santa Trindade do futebol feminino brasileiro. Foto: Nicholas Kamm/GettyImages

 

Pela terceira vez em sua história, o time xadrez sobe ao pódio e consagra a geração liderada por Modric
por
Arthur Campos
João Victor Fogagnolo
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18/12/2022 - 12h

No último sábado (17), ocorreu a penúltima partida da Copa do Mundo Catar 2022. Croácia e Marrocos estiveram frente a frente no estádio Internacional Khalifa para definir o terceiro e quarto lugar do torneio. 

As seleções se reencontraram 24 dias depois do confronto na primeira rodada do grupo F na fase de grupos. Naquela ocasião o jogo terminou em um 0 a 0 nada saudoso. 

Em lados opostos do chaveamento, os Leões dos Atlas, tal qual Davi, foram desafiados por vários Golias e assim como na passagem bíblica de Samuel 17, triunfaram diante dos gigantes. Posteriormente, sucumbiram apenas perante a atual campeã, França. 

Já a seleção eslava, repetindo o feito de 2018, precisou passar por duas prorrogações para manter-se na competição. Da mesma forma que na edição passada, os embates contra Japão e Brasil chegaram até as penalidades máximas, nas quais as duas saíram derrotadas, com o goleiro Dominik Livakovic sendo o protagonista. Somente a Argentina foi capaz de impedir os croatas de irem a mais uma final. 

Croácia
Foto oficial da seleção croata. Imagem: Reprodução/Twitter/@fifaworldcup_pt

 

Dentro de campo as equipes vieram bem mexidas devido ao desgaste acumulado durante a Copa. O técnico Walid Regragui, que sofreu com desfalques nos duelos contra Portugal e França, promoveu descanso a alguns jogadores. Mais uma vez o comandante não teve a disposição o lateral esquerdo Noussair Mazraoui, que não estava no banco de reservas, cedendo espaço para Yahia Attiyat Allah. Já os atletas Roman Saiss, Nayef Aguerd, Selim Amallah e Azzedine Ounahi foram preservados, sendo substituídos por Achraf Dari, Jawad El Yamiq, Abdelhamid Sabiri e Bilal El Khannouss respectivamente. 

Por motivos semelhantes, o treinador Zlatko Dalic deu oportunidades para outros jogadores do plantel. Em comparação ao confronto anterior, houve três mudanças na linha de defesa, o recuo de Ivan Perisic para variar entre lateral e ala pela esquerda, junto com as entradas de Josip Sutalo e Josip Stanisic, nas vagas de Dejan Lovren e Josip Juranovic, nesta ordem. Na parte ofensiva, Lovro Majer, Mislav Orsic e Marko Livaja também ganharam chances nos lugares de Mario Pasalic, Borna Sosa e Marcelo Brozovic. 

Dado o apito inicial, os 44.137 expectadores viram um começo de partida movimentado. Em jogada ensaiada na cobrança de falta, Majer bateu para dentro da área, Perisic escorou de cabeça e Josko Gvardiol completou para abrir o marcador aos 7 minutos, numa bela trama croata.

Croácia
Gvardiol mergulhou e fez 1x0 para o time xadrez. Foto: Reprodução/Twitter/@FIFAWorldCup

 

No minuto seguinte, novamente em bola parada, o cruzamento de Hakim Ziyech desviou e sobrou para Dari empatar a disputa. Antes do intervalo, aos 42, numa recuperação dos eslavos na zona de ataque, Livaja passou para Orsic finalizar com chapa do pé, e resvalando levemente na trave, morreu dentro das redes do goleiro Bono. 

Na volta para o segundo tempo, o fator físico pesou e o ritmo do jogo caiu. Apesar da posse de bola marroquina, os leões não conseguiram concretizá-la em reais perigos de gol. Sem grandes emoções na etapa final, o placar terminou em 2 a 1, com a Croácia conquistando o terceiro lugar da Copa do Mundo.  

A campanha coroou um possível fim da brilhante trajetória de Luka Modric na seleção. O camisa 10 foi o destaque desse meio campo e ficará eternizado como o maestro dessa geração.

Croácia
O craque Modric em sua última Copa do Mundo. Foto: Reprodução/Twitter/@FIFAWorldCup

 

Mesmo ficando com a quarta colocação, Marrocos sai do Catar de cabeça erguida e o treinador Regragui fez questão de enaltecer.

“Lembraremos de muitos jogos, voltaremos mais fortes. Unimos o nosso país durante um mês, todos estavam felizes”, enfatizou. 

O comandante também falou sobre o legado que deixaram nessa Copa.

“Eu acho que mostramos nossa força. Mostramos que o futebol africano está preparado para enfrentar os principais times do mundo com eficiência e jogando no nível mais alto”, comentou. 

O técnico marroquino ainda deixou seu recado visando os próximos objetivos da equipe.

“Eu disse aos meus jogadores que não podemos ser reis do mundo antes de sermos reis do continente. Nós vamos trabalhar para ganhar a Copa Africana de Nações”, afirmou Regragui. 

Seleção holandesa reage em momento improvável do jogo, mas param nos pênaltis em atuação de gala do goleiro argentino.
por
Pedro Pina
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13/12/2022 - 12h

Depois de oito anos, a seleção da Holanda voltou a disputar uma partida de quartas de final da Copa do Mundo, a última havia sido no Brasil, em 2014. O confronto na sexta-feira (09) contra a Argentina, no Estádio Lusail, mostrou a força de Louis Van Gaal no comando da Laranja Mecânica. Mas a derrota nos pênaltis vai ser difícil de digerir. 

Nesta edição de Copa, Van Gaal fez algumas apostas na defesa, como o goleiro Andries Noppert como titular - ele estreou pela seleção na Copa -, o meio e o ataque foram motivos de dor de cabeça para o treinador. Apesar de bons jogadores nos dois setores, as combinações não estavam se encaixando e o futebol apresentado pelos holandeses não era bom. 

Por essas razões, o treinador precisou ir mexendo no time no decorrer da competição. Para o jogo contra a Argentina, nas quartas de final, não foi diferente. No meio de campo Davy Klaassen, que havia ganhado a posição de titular na fase de grupos, deu lugar para Steven Bergwijn. A proposta holandesa era clara de fortalecer o meio de campo para controlar o setor criativo argentino e contar com uma dupla de ataque, formada por Bergwijn e Memphis Depay, com velocidade e poder de finalização. 

A entrada de Bergwijn fez Van Gaal recuar um pouco mais o melhor jogador da Holanda na Copa, o jovem Cody Gakpo, para uma função de mais criação. A tentativa não deu muito certo, durante o jogo a Holanda teve problemas para criar e marcou mal as investidas Argentinas ao ataque. 

Aos 35 do primeiro tempo, depois de passe de Lionel Messi, o lateral Molina marcou para abrir o placar para os argentinos. A situação piorou na segunda etapa, quando aos 28 minutos Messi cobrando pênalti ampliou para os sul-americanos. O resultado e a eliminação já pareciam definitivos, até que Van Gaal aposta na artilharia aérea e coloca Luuk de Jong e Wout Weghorst, nos lugares de Daley Blind e Memphis Depay, respectivamente. 

Seleção Holandesa
Atacante Weghorst foi o autor dos gols do empate no tempo regulamentar. Foto: Paul Childs / Reuters 

Sem nada a perder, nos 10 minutos finais de partida a Holanda fez valer a aposta de seu treinador. Aos 38 minutos, apenas 5 minutos depois de entrar em campo, Weghorst aproveitou cruzamento de Berghuis para diminuir o placar, 2 a 1. O jogo que parecia definido ficou aberto e deu esperanças aos holandeses, que tiveram problemas para criar oportunidades durante toda a partida. 

E com emoção, na última bola do jogo, em uma jogada ensaiada de falta na entrada da área, Koopmeiners rolou para Weghorst na pequena área, girar e bater fraquinho para vencer o goleiro Emiliano Martínez. Empate histórico holandês, em um lance que entrou para a história das Copas do Mundo, 2 a 2. 

Na prorrogação, a Holanda continuou com dificuldades para criar chances, mesmo com o empate, e um apagão no plano tático argentino, os holandeses não conseguiam encaixar bons contra-ataques. Pelo contrário, no segundo tempo da prorrogação a Argentina passou quase todos os 15 minutos de jogo no campo ofensivo, impondo dificuldades para os holandeses. No último lance do jogo, Enzo Fernández ainda acertou a trave do goleiro Noppert, mas não teve jeito, o jogo foi decidido nos pênaltis. 

Na marca da cal, o capitão Van Dijk e o atacante Berghuis pararam em uma atuação inspirada do goleiro Dibo Martínez. Koopmeiners, Weghorst e De Jong fizeram o dever de casa e acertaram, mas não foi suficiente. O goleiro Noppert não parou as cobranças de Messi, Paredes, Montiel - o meio-campo Enzo Fernández chutou para fora - e Lautaro Martínez, que converteu a quinta cobrança e decretou a vitória albiceleste, 4 a 3 nos pênaltis. 

Seleção Holandesa
Goleiro argentino defendeu duas cobranças holandesas. Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters 

A eliminação coloca algumas dúvidas para o próximo ciclo holandês. O técnico Van Gaal não tem a garantia de permanência até a próxima Copa, e a rotatividade de técnicos foi um problema nos últimos anos da Laranja Mecânica. O futebol apresentado também é um motivo de atenção da seleção europeia, mesmo com bons jogadores, em alguns momentos da competição o time não mostrou sua superioridade técnica em campo. Para animar até 2026 fica o frescor das boas atuações dos jovens Gakpo e Frenkie De Jong, que podem conduzir a nova geração no próximo ciclo. 

 

Seleção croata chega pela segunda vez seguida às semifinais.
por
Fernando Muro Schwabe
João Victor Martins Fogagnolo
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13/12/2022 - 12h

Nessa sexta-feira (09), o estádio Cidade da Educação recebeu o primeiro confronto válido pelas quartas de final da Copa do Mundo entre Brasil e Croácia. 

Com um jogo travado, uma arbitragem econômica em cartões para os croatas e Livaković parando o ataque brasileiro, os 90 minutos sem gols trouxeram a terceira prorrogação desta copa, sendo a segunda em que a seleção croata participa. Nas oitavas, os europeus eliminaram a seleção japonesa na disputa de pênaltis. 

A seleção brasileira abriu o placar aos 15 minutos do primeiro tempo da prorrogação após grande jogada entre Neymar, Rodrygo e Lucas Paquetá. O camisa 10 do Brasil driblou o goleiro croata para abrir o placar. 

Neymar abriu o placar contra a Croácia (Foto: Reprodução/Twitter/@fifaworldcup_pt)

Na segunda etapa da prorrogação, bastava ao Brasil segurar o resultado para carimbar a vaga nas semifinais pela décima segunda vez em sua história. Entretanto, aos 11 minutos, em contra-ataque rápido, Oršić cruzou para Bruno Petković finalizar. A bola desviou em Marquinhos e deixou Alisson longe de impedir o empate croata.

Petković empatou a partida a cinco minutos do fim. (Foto: Reprodução/Twitter/@fifaworldcup_pt)

Nas penalidades, o goleiro Dominik Livaković brilhou mais uma vez ao defender a cobrança de Rodrygo, sua quarta defesa de cinco penalidades no torneio. Com 100% de aproveitamento das cobranças croatas, e precisando marcar para manter viva a esperança do hexa campeonato, Marquinhos carimbou a trave esquerda e escreveu o ponto final da história dos comandados de Tite no Catar.

Croatas comemoram classificação para as semifinais (Foto: REUTERS/Hannah Mckay)

A Croácia chega pela terceira vez em sua história às semifinais de uma Copa do Mundo. Na primeira, em 1998, foi eliminada pela anfitriã França de virada, por 2 a 1. Em 2018, os croatas derrotaram a seleção da Inglaterra na prorrogação com gol de Mario Mandžukić aos quatro minutos do período adicional. Na final, foram derrotados pela França por 4 a 2.


Durante quase toda a partida a Croácia conseguiu imprimir seu ritmo ao jogo. O trio de meio-campo formado por Luka Modrić, Mateo Kovačić e Marcelo Brozović, mais uma vez, cadenciaram a partida e utilizaram de experiência para manter a equipe competindo a todo momento contra o Brasil. 


Mais uma vez o camisa 10 e capitão Modrić teve uma atuação de gala. Articulando jogadas e em todas as partes do campo, Modrić foi o motor da Croácia, correndo a todo momento e disputando cada jogada. Vem de uma disputa de bola entre Modrić e Casemiro a jogada que inicia o gol.


Para a semifinal, os comandados de Zlatko Dalić chegará com 30 minutos jogados a mais que o adversário, considerando as prorrogações contra Japão e Brasil. O fator físico tem se mostrado ponto forte, mas a intensidade do jogo pode colocar dificuldades para a execução de uma estratégia mais reativa por parte da seleção quadriculada. 


Os croatas enfrentarão a Argentina de Lionel Messi na semifinal. O jogo será no estádio Lusail, na próxima terça-feira (13), às 16h (horário Brasília). 

Com a emoção dos pênaltis e comandados por Lionel Messi, Argentina se classifica e enfrentará a Croácia na semifinal da Copa
por
Fabrizio Delle Serre
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13/12/2022 - 12h

Histórico, emocionante, eletrizante, dramático. São muitos adjetivos para a partida realizada no Lusail Stadium entre Argentina e Holanda. Lionel Messi, mais uma vez, foi o grande nome da classificação Albiceleste. O craque, que atuou com mais liberdade, deu uma linda assistência e de pênalti balançou as redes.

Primeiro Tempo

A pressão Argentina se iniciou assim que a bola começou a rolar. Lionel Scaloni optou por um esquema com três zagueiros, utilizando Lisandro Martínez, Otamendi e Romero.

 

Durante boa parte da primeira etapa as duas equipes apenas se estudaram. O resultado foi um jogo morno, com poucas oportunidades de gol para ambos os lados.

 

Mas, aos 35 minutos a história da decisão começou a ser escrita. Lionel Messi arrancou, atraiu a defesa holandesa para si e deu um passe fenomenal para Molina. O lateral aproveitou a saída do goleiro Noppert e com o bico do pé marcou para os hermanos. 1 a 0 Argentina.

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Molina comemora gol da Argentina contra a Holanda (Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach)

Esse foi o ingrediente que faltava para o caldeirão ferver. Logo após o gol os cartões começaram a ser distribuídos para as duas equipes. A Holanda tentava chegar, mas esbarrava na defesa da Argentina.

 

Segundo Tempo

A segunda etapa iniciou e os argentinos não diminuíram o ritmo. Continuaram a atacar os holandeses. Aos 5 e aos 12 minutos, tiveram chances de ampliar o placar, mas desperdiçaram. Aos 17, Messi, de falta, quase ampliou.

 

Aos 25, Acunã disparou até a linha de fundo. O lateral tentou cortar para o meio, mas foi derrubado por Dumfries. Pênalti para a Argentina. Lionel Messi foi pra bola, e bateu sem chance pro goleiro holandês. 2 a 0. O Lusail Stadium se tornou La Bombonera - também Monumental.

 

Com o gol marcado, Messi empatou com Batistuta como o maior artilheiro da Argentina, com 10 ao total.

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Messi comemora gol de pênalti. Reuters

Depay saiu e o atacante Weghorst, de 1,97m entrou, para pesadelo da seleção albiceleste. Com apenas dois minutos em campo e oito do final do tempo regulamentar, o atacante  de cabeça, diminuiu. 2 a 1.

 

Após o gol sofrido a equipe de Lionel Scaloni trocou passes no seu campo de defesa na tentativa de fazer o tempo passar. E óbvio que não podia faltar a catimba dos argentinos.

 

Léo Paredes, em uma dividida com Aké, chutou a bola no banco dos holandeses. A confusão começou mas pouco durou.

10 minutos foram acrescidos e a Holanda não parava de atacar. Até que no último minuto, uma falta foi marcada na entrada da área dos argentinos. Em jogada ensaiada, Weghorst, fez mais um e deixou tudo igual. 2 a 2. 

Mais 30 minutos

Com o gol no fim, o jogo foi para a prorrogação. Mas, 30 minutos não foram suficientes e o empate persistiu no placar.

 

A Argentina se saiu melhor no tempo extra, tendo algumas oportunidades claras de matar o jogo e fechar o caixão holandês. Já nos acréscimos da segunda etapa, Enzo Fernández de fora da área acertou o travessão. Porém, sem sucesso.

Pênaltis

Empate na prorrogação. Pênaltis a vista. Brilhou a estrela de Emiliano Martínez,  o goleiro da Argentina agarrou duas cobranças de Van Dijk e Berghius, respectivamente.

 

Enzo Fernández desperdiçou uma das cinco penalidades dos hermanos. Lautaro Martinez, no quinto e último pênalti, estufou a rede e colocou a Argentina na próxima fase da Copa do Mundo.

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Emiliano Martínez iniciou a disputa por pênaltis defendendo a cobrança de Van Dijk | Foto: Fifa

Semifinal

A saga pela terceira estrela continua. A Argentina venceu nos pênaltis e está na semifinal. Na próxima terça-feira (13), às 16h, medirá forças contra a Croácia para uma vaga na final da Copa do Mundo.

 

Detalhe interessante é que a Argentina é a vice-campeã de 2014 e a Croácia foi vice em 2018. Na Copa de 2018, ainda na fase de grupos, as duas equipes se enfrentaram e quem se deu melhor foram os croatas, com vitória por 3 a 0.

 

Nessa semifinal, o time de Lionel Scaloni terá o desafio de ditar seu ritmo para conquistar a classificação. Com forte poder ofensivo, a Argentina precisará de alternativas para quebrar a cadência de jogo da Croácia, além de eficiência para vencer o goleiro Dominik Livakovic.

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Jogadores da Argentina comemorando a classificação para a semifinal / AFP
Seleção francesa avança às semifinais após jogo duro contra a Inglaterra.
por
Gusthavo Sampaio
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12/12/2022 - 12h

No sábado (10), a França colocou um fim nas ambiciosas pretensões inglesas, ao vencer por 2 a 1 no confronto pelas quartas de final da Copa do Mundo, no estádio Al Bayt. A vitória foi inédita em confrontos entre as seleções em Copa do Mundo.

Seleção Francesa
Comemoração francesa após gol de Tchouaméni Foto: Reprodução/Twitter/@equipedefrance

 

Apesar de ter dominado a maioria dos jogos até agora, o badalado elenco francês sofreu durante o confronto contra a Inglaterra. Sem alterações na escalação, a França começou a partida sofrendo intensa pressão dos ingleses, e não conseguiu desenvolver seu jogo nos primeiros 10 minutos. Com pouca posse de bola, os franceses apostaram nos cruzamentos na grande área para o atacante Giroud, sem muito sucesso na primeira etapa.

Porém bastou uma chance para o mortífero ataque francês abrir o placar, aos 17 minutos Kylian Mbappé abriu um espaço próximo a meia lua, após jogada individual, e foi o suficiente para o meio-campista Tchouaméni finalizar no canto direito do goleiro Pickford, marcando seu primeiro gol em Copa do Mundo. Mesmo não conseguindo se impor durante o primeiro tempo, a França vai para o intervalo com uma vantagem no placar.

O segundo tempo começou mais intenso, ritmo que seguiu até o fim do jogo. Com apenas 2 minutos de bola rolando, o goleiro Lloris foi acionado duas vezes com defesas cruciais. A pressão inglesa teve resultado, aos 9 minutos, o autor do primeiro gol Tchouaméni derrubou Buyako Saka na grande área, e o o juiz marcou o pênalti.

De um lado, o goleiro e capitão francês Hugo Lloris. Do outro, o também capitão e atacante inglês Harry Kane. Os jogadores são companheiro de time, jogam no Tottenham, da Inglaterra. Apesar do companheirismo, Kane não perdoou e empatou o jogo com uma bomba na cobrança.

Após o empate o ritmo continuou intenso, com a Inglaterra se impondo sobre a França. O maior ponto fraco francês foi a lateral esquerda, Theo Hernandez teve muita dificuldade de acompanhar o ponta inglês Saka. Novamente contra a marcação forte da Inglaterra, a França se utilizou dos cruzamentos para Giroud, e aos 33 minutos do segundo tempo o camisa 9 marcou, cabeceando uma bola cruzada por Griezmann e se isolando como maior artilheiro da história dos Les Bleus.

O lateral Theo Hernandez, que já estava mal no jogo, carimbou a sua péssima atuação ao derrubar Mason Mount na grande área, sendo marcado o segundo pênalti, aos 39 minutos. No segundo confronto entre os capitães, Harry Kane isolou a bola e perdeu o pênalti.

Faltando pouco tempo para o fim do jogo, a Inglaterra pressionou pelo empate. A marcação francesa fez uma falta na entrada da grande área, possibilitando a chance de uma jogada trabalhada de bola parada. Rashford bateu com perigo, fazendo os franceses prenderem a respiração, mas mandou para fora.

Embora a estrela francesa Mbappé não tenha realizado uma performance semelhante aos dos jogos anteriores, a seleção francesa soube sofrer durante o jogo, e as outras estrelas como Griezmann e Giroud apareceram para decidir. É nessa coletividade e alternância de protagonismo que a França chega as semifinais da Copa do Mundo de 2022.

O confronto na semifinal será contra Marrocos, primeira seleção africana a chegar nesse estágio na história da Copa do Mundo. O jogo será realizado novamente no estádio Al Bayt, na quarta-feira (14), às 16h.

Que lições podemos trazer de mais uma eliminação em Copas do Mundo?
por
Matheus Monteiro da Luz
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12/12/2022 - 12h

 


Para muitos chegar nas quartas de final numa Copa do Mundo é uma conquista grandiosa. Ser uma das 8 melhores seleções do planeta, representando o orgulho e esperança de toda uma nação é um feito que só os melhores alcançam.
 

Se tratando de Brasil, a coisa é diferente. Não basta jogar bonito, batalhar em campo, ser melhor, lutar até o fim. Apenas o título importa. Sem a conquista, todo trabalho se torna um fracasso. Os ídolos se tornam vilões. Todo desempenho é colocado em discussão. Qualquer mínimo erro é aumentado na tentativa de encontrar um culpado.
 

Não estamos falando de qualquer seleção, estamos falando da seleção brasileira, pentacampeã do mundo, celeiro de grandes craques, representantes do país do Futebol. Temos que refletir se essa cobrança não é desnecessária. Ninguém tem 5 títulos como nós. Ninguém tem tantos momentos emblemáticos ou jogadores históricos como o Brasil.
 

Sem a amarelinha, a Copa do Mundo seria menos, bem menos do que ela é hoje. É justamente por isso que a cada novo ciclo de Copa, as expectativas sobre a nova seleção que se formará só aumenta. Serão mais 4 anos sem título, sem estar no topo do mundo.
 

Em 2026 igualaremos o nosso maior jejum de títulos, 24 anos. Eu não era vivo no jejum que durou de 1970 até 1994, mas pelos relatos dos meus familiares e de pessoas que viveram na época, foi um período de total descrença com o futebol brasileiro.
 

E esse é o momento que estamos vivendo. Além dessa descrença, nosso cenário político é delicado para não dizer caótico, e a seleção representou uma união entre os aspectos políticos.
 

A visão do nosso futebol perante a comunidade internacional também já teve dias melhores. Uma nova conquista seria muito importante para reafirmar a posição do Brasil no futebol: o topo. Desmistificando a crença da imprensa europeia e de ex-jogadores europeus, de que hoje dominam tudo que diz respeito ao mundo do futebol.
 

Infelizmente, não foi dessa vez. Mais uma eliminação para a seleção europeia. Essa eliminação em especial machuca mais do que as outras. Nunca estivemos tão preparados, o trabalho de Tite tinha sido muito sólido - até então. Neymar estava em ótima forma, nossos craques estavam vivendo momentos de protagonismos em seus clubes e tínhamos pela frente uma seleção que não aparentava ser um desafio grande.
 

É verdade que a Croácia foi finalista na Copa anterior, em 2018, e só tinham sofrido 2 gols até então na competição. Mas se classificaram em segundo do grupo, quase não passando para o mata-mata. Nas oitavas venceram na loteria dos pênaltis contra o Japão, após terem feito uma partida um tanto duvidosa contra a equipe asiática.
 

Contra o Brasil eles tiveram o jogo que pediram a Deus. O Brasil foi melhor, criou mais oportunidades e esteve mais próximo de abrir o placar. Porém, em nenhum momento os croatas se desesperam ou deixaram o ataque brasileiro sufocar sua defesa.
 

A trinca de meio-campistas Modrić, Brozović e Kovacić foi sublime em campo. Controlando o ritmo da partida com passes curtos e triangulações. Em compensação, Ivan Perisić, principal nome do ataque, teve uma noite pouco inspirada, foi anulado por Éder Militão na lateral-direita e pouco fez para os croatas. A defesa brasileira teve mais uma partida sólida, não dando chances para arremates em gol até o final do tempo regulamentar em 0 a 0.
 

Na prorrogação, o jogo caminhava lentamente para as penalidades, até que Neymar no último minuto do primeiro tempo da prorrogação, fez uma jogada que só os gênios da bola executam. Primeiro ele tabelou com Rodrygo, em seguida nova tabela com Lucas Paquetá. Tudo em poucos toques para furar o muro de defesa croata restando apenas o goleiro Dominik Livaković, que Neymar driblou e chutou forte, para estufar a rede. O gol que parecia ser o da classificação.

 

O gol de Neymar é uma resposta a todo mundo que disse que a seleção era melhor sem ele, e que era melhor ele ter se machucado mesmo. O sentimento de “já ganhou” já havia se espalhado por toda a nação e até mesmo pelos jogadores dentro do campo.

 

Faltando 4 minutos para acabar o jogo, os jogadores brasileiros se descuidaram. Sem muita explicação, sete jogadores avançaram para o ataque. A bola foi perdida e Mislav Orsić arrancou pela ala esquerda, cruzou rasteiro e achou Bruno Petković livre na entrada da área para chutar. A bola desviou em Marquinhos tirando qualquer chance do goleiro Alisson de realizar a defesa. Um balde de água fria na festa brasileira, que não teve forças nem tempo de buscar um novo gol que daria a classificação.
 

Nas penalidades, novamente brilhou a estrela do goleiro Livaković, que deu tranquilidade para seus batedores após defender o primeiro pênalti de Rodrygo. Os croatas foram impecáveis e não erraram um, enquanto na quarta cobrança brasileira, Marquinhos chutou na trave e eliminou o Brasil, sem ao menos Neymar, nosso melhor batedor, ter o direito de realizar uma cobrança.
 

Mais uma vez, o Brasil foi refém dos detalhes. Tirando a atípica partida contra a Alemanha. Eu vi o Brasil sofrer um apagão de 5 minutos contra a Holanda em 2010. Um gol contra e um descuido defensivo em 18 contra a Bélgica. E agora uma desatenção em 22 no Catar.
 

A Copa do Mundo é sim muito cruel, mas precisamos ter a cabeça no lugar e foco em todos os momentos. Como exemplo temos a seleção de Marrocos, onde a todo momento toda sabem o que tem que fazer e não desobedecem ao seu esquema tático. Temos também a França que, com 7 lesionados, está em mais uma semifinal. O que eles têm que nós não temos.
 

Nenhuma das duas seleções fizeram jogos brilhantes, mas se atentaram ao que se propuseram a fazer. Tiveram seus descuidos, óbvio, mas é isso que não pode acontecer, ficarmos contando com o acaso ao nosso favor. Temos que eliminar, ou tentar, esses fatores de nosso jogo, porque nessas partidas contra a Croácia, Bélgica, Holanda e até mesmo contra a França, em 2006, poderíamos ter saído vencedores, mas deixamos que os detalhes definissem contra.